Pepetela - foto: © (...) |
© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho.
“os raios de sol sempre descobrem as faces escondidas do diamante, mesmo se enterrado na areia. É só preciso saber ver.”
- Pepetela, em "A geração da utopia". Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000, p.101.
Pepetela* (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Benguela, Angola, em 29 de outubro de 1941, onde cursou o Ensino Secundário. Partiu para frequentar a Universidade, em Lisboa, em 1958. Por razões políticas, em 1962, saiu de Portugal para Paris e seis meses depois para a Argélia, onde se licenciou em Sociologia, ao mesmo tempo que trabalhava na representação do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e no Centro de Estudos Angolanos, que ajudou a criar.
Em 1969 foi chamado a participar na luta de libertação angolana, em Cabinda, tendo então adotado o nome de guerra de Pepetela, que mais tarde viria a utilizar como pseudónimo literário. Em Cabinda foi simultaneamente guerrilheiro e responsável do sector da educação.
Em 1972 foi transferido para a Frente Leste de Angola, onde desempenhou a mesma actividade até ao acordo de paz de 1974 com o Governo português.
Em Novembro de 1974 integrou a primeira delegação do MPLA que se fixou em Luanda, desempenhando os cargos de Director do Departamento de Educação e Cultura e do Departamento de Orientação Política.
Em 1975, até à data da independência de Angola, foi membro do Estado-Maior da Frente Centro. No mesmo ano, participou na fundação da União de Escritores Angolanos.
De 1976 a 1982, foi vice-ministro da Educação, passando posteriormente a leccionar Sociologia na Universidade de Luanda. Tem desempenhado cargos directivos na União de Escritores Angolanos. Actualmente é Presidente da Assembleia-Geral da Associação Cultural “Chá de Caxinde” e da Sociedade de Sociólogos Angolanos.
Em 1997 foi galardoado com o Prémio Camões, considerado o mais importante prémio literário para autores de língua portuguesa.
As suas obras publicadas são: "As aventuras de Ngunga" (1973), "Muana Puó" (1978), "A revolta da casa dos Ídolos" (1979), "Mayombe" (1980), "Yaka" (1985), "O cão e os calús" (1985), "Lueji" (1989), "Luandando" (1990), "A geração da utopia" (1992), "O desejo da Kianda" (1995), "Parábola do cágado velho" (1996); "A gloriosa família" (1997); "A montanha da água lilás" (2000), "Jaime Bunda, agente secreto" (2001), "Jaime Bunda e a morte do americano" (2003), "Predadores" (2005), "O terrorista de Berkeley, Califórnia" (2007), "O quase fim do mundo" (2008), "O planalto e a estepe" (2009), "A sul. O sombreiro" (2011), "O tímido e as mulheres" (2013).
* Pepetela em Kimbundu significa Pestana.
"Quando regresso a Benguela, tenho sempre a sensação de entrar no ventre materno. Começa pelo ar. Cada terra tem o seu ar, com consistência própria e sobretudo cheiros particulares. Sinto isso ao chegar, sendo mais acentuado se a viagem é feita de avião, em que não há etapas de transição para adaptação dos sentidos às mudanças... Depois há a cidade e as gentes."
- Pepetela, sobre a sua cidade natal. in: UEA-Bio-quem: Pepetela.
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Fonte: Edições Nelson Matos/UEA/Bio. (editada e atualizada pelos editores deste site)
"Talvez, talvez de velho de kimbo (de aldeia), de sekulo. Esses velhos que desprezamos, imbuídos da nossa cultura citadina judaico-cristã, têm muito a ensinar sobre a gestão do tempo, sobre os ritmos da vida. Beberam isso na fonte da sabedoria. Transmitem esses ensinamentos através de fábulas, de poemas orais, de adivinhas. Apesar de aparecerem em livros, não os sabemos ler. O que eles nos dizem, com as suas palavras, e que não entendemos, é que a natureza tem os seus próprios ritmos com os quais nós devemos conciliar para modificar a natureza. Ora, o que fazemos nós os crioulos de híbridos de duas civilizações? Impomos apenas a componente da industrialização e do desenvolvimento exógeno, quer sejamos socialistas quer capitalista, o que implica outros ritmos. E depois admiramo-nos porque a natureza não os segue, nos prega partida a todos os instantes. Eles sabem isso, e dizem-nos, mas como são analfabetos, o nosso preconceito emudece-os ao nosso entendimento. Nós temos o conhecimento sagrado do marxismo-leninismo ou do ultra-liberalismo do FMI, estudamos nas melhores universidades, como nos vamos rebaixar, perder tempo, a tentar perceber porque nos ensinam? (…) nunca vermos nossa própria cegueira.”
- Pepetela, em "A geração da utopia". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p.262-263.
PRÉMIOS E HOMENAGENS
1980 - Prémio Nacional de Literatura de Angola, da União de Escritores de Angola, pelo romance 'Mayombe';
1985 - Prémio Nacional de Literatura de Angola, da União de Escritores de Angola, pelo romance 'Yaka';
1993 - Prémio especial dos Críticos de São Paulo (Brasil), pelo romance 'A geração da utopia';
"Factos enterrados no esquecimento do tempo, talvez incómodos para os narradores da tradição oral e por isso apagados da História em momentos diferentes de afirmações de poderes, mas que ela fazia renascer para que o mito tivesse corpo e não apenas um esqueleto, deixando assim de ser mito para se tornar realidade presente que a amparasse, a alimentasse dessa fome de certezas no seu mundo de hesitações e dúvidas..."
- Pepetela, em "Lueji, o nascimento de um império". 5ª ed., Lisboa: Dom Quixote, 2008, p. 210.
OBRA DE PEPETELA - PRIMEIRAS EDIÇÕES
Romance
:: As aventuras de Ngunga. Lisboa: Edições 70, 1973.
:: Muana Puó. Lisboa: Edições 70, 1978.
:: Mayombe. União dos Escritores Angolanos, 1979; Lisboa: Edições 70, 1980; 2ª ed., 1982.
:: A revolta da casa dos ídolos. (Colecção Autores Angolanos). Lisboa: Edições 70, 1980.
:: O cão e os caluandas. Lisboa: Dom Quixote, 1985.
:: Yaka. Ática SA, 1984; Lisboa: Dom Quixote, 1985.
:: Lueji: o nascimento de um império. Lisboa: Dom Quixote, 1990.
:: A geração da utopia. Lisboa: Dom Quixote, 1992; 2ª ed., 1993.
:: O desejo de Kianda. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
:: Parábola do cágado velho: romance. Lisboa: Dom Quixote, 1996.
:: A gloriosa família: o tempo dos flamengos. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
:: A montanha da água lilás: fábula para todas as idades. Lisboa: Dom Quixote, 2000.
:: Jaime Bunda, agente secreto. Lisboa: Dom Quixote, 2001
:: Jaime Bunda e a morte do americano. Lisboa: Dom Quixote, 2003.
:: Predadores. Lisboa: Dom Quixote, 2005.
:: O terrorista de Berkeley, Califórnia. Lisboa: Dom Quixote, 2007.
:: O quase fim do mundo. Lisboa: Dom Quixote, 2008.
:: O planalto e a estepe. Lisboa: Dom Quixote, 2009.
:: A sul. O sombreiro. Lisboa: Dom Quixote, 2011.
:: O tímido e as mulheres. Lisboa: Dom Quixote, 2013.
:: Se o passado não tivesse asas. Luanda: Texto Editores; Lisboa: Dom Quixote, 2016.
Contos
:: Contos de morte. Lisboa: Edições Nelson de Matos, 2008.
Crónica
:: Crónicas com Fundo de Guerra. [As crónicas que compõem o livro foram publicadas no jornal “Público” de 1992 a 1995 e tinham por título genérico “Da Terra dos Mitos”].. (Coleção Mil Horas de Leitura, 14). Lisboa: Edições Nelson de Matos, 2011, 216p.
Peças de teatro
:: A corda. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1978.
:: A revolta da casa dos ídolos. Lisboa: Dom Quixote, 1979.
Antologias [participação]
:: Estórias além do tempo [antologia de contos de autores angolanos: Pepetela, José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Arnaldo Santos, Carmo Neto, Dario de Melo, Fragata de Morais, Henrique Abranches, Henrique Guerra, Isaquiel Cori, João Melo, João Tala, Marta Santos, Luís Fernando, Sónia Gomes, Roderick Nehone e José Samwila].. (Organização Domingas de Almeida sob orientação de Adriano Botelho de Vasconcelos). Luanda: União dos Escritores Angolanos; Lisboa: Editora Leya, 2014.
"A ideia de angolanidade está presente em toda a sua obra mas de forma natural que não a condiciona do ponto de vista literário. Pepetela está a escrever não sobre Angola. Ele está escrevendo Angola, essa que há mas que ainda não existe, a sonhada e a geradora de sonhos."
- Mia Couto, em epígrafe a 'Contos de Morte' de Pepetela.
PUBLICAÇÕES DE PEPETELA EM ANGOLA
:: As aventuras de Ngunga. (Colecção 2K, de Kabinda ao Kunene). 3ª ed., Luanda: UEA, 1977.
:: Mayombe. (Edição de bolso). 2ª ed., Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1980.
:: Yaka. Luanda: União dos Escritores de Angola, 1988.
:: Lueji – o nascimento de um império. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1989.
:: Luandando. Luanda: Elf Aquitaine, 1990.
:: Mayombe. Luanda: Edições Maianga, 2004.
:: Contos de Morte. Luanda: Chá de Caxinde, 2008.
:: O tímido e as mulheres. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2013.
“O povo é como tronco de árvore. Todos se apoiam a ele, sobem por ele, para apanhar os frutos que estão lá em cima. Não é o povo que lhes interessa. Só os frutos.”
- Pepetela, em "A geração da utopia". São Paulo: Editora LeYa Brasil, 2013, p. 212.
PUBLICAÇÕES DE PEPETELA NO BRASIL
:: Mayombe. (Coleção Autores Africanos, 14). São Paulo: Ática, 1982.
:: As aventuras de Ngunga. 3ª ed., São Paulo: Ática, 1983.
:: Yaka. (Coleção Autores Africanos, 23). São Paulo: Ática, 1984.
:: A gloriosa família: o tempo dos flamengos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
:: A geração da utopia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
:: Jaime Bunda - agente secreto. Rio de Janeiro: Record, 2003; 2ª ed., 2010.
:: Mayombe. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 2004.
:: Parábola do cágado velho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
:: Predadores. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2005.
:: A geração da utopia. São Paulo: Editora Leya Brasil, 2013.
:: O tímido e as mulheres. São Paulo: Leya Brasil, 2014.
"[...] Costumo pensar que a nossa geração se devia chamar a geração da utopia. [...] éramos puros e queríamos fazer uma coisa diferente. Pensávamos que íamos construir uma sociedade justa, sem diferenças, sem privilégios, sem perseguições, uma comunidade de interesses e pensamentos, o Paraíso dos Cristãos, em suma. A um momento dado, mesmo que muito breve nalguns casos, fomos puros, desinteressados,
só pensando no povo e lutando por ele. E depois... tudo se adulterou, tudo apodreceu, muito antes de se chegar ao poder. Cada um começou a preparar as bases de lançamento para esse poder, a defender posições particulares, egoístas. A utopia morreu. E hoje cheira mal, como qualquer corpo em putrefacção. Dela só resta um discurso vazio."
- Pepetela, em "A geração da utopia". 2ª ed., Lisboa: Dom Quixote, 1993, p. 202.
"Evidentemente, eu penso que a nossa literatura precisa de ir à tradição- e eu, sempre que posso, tento ir, procurar raízes. Isto é uma sociedade com muitas fontes – não só fontes propriamente africanas, mas que são diversas conforme as regiões, conforme as culturas e etnias; mas, depois toda a influência europeia, quer de Portugal, quer do resto da Europa, quer do próprio Brasil etc. Há um caldear de culturas, aqui, e nós temos de ir procurando raízes daquilo que faz uma certa identidade. E aí, sim, aí é uma busca consciente de ir buscar certos valores, certos referenciais à cultura tradicional."
- Pepetela, apud LABAN, Michel. Angola: Encontro com Escritores In: CHAVES, Rita; MACÊDO, Tania (Orgs.). Portanto... Pepetela. São Paulo: Ateliê, 2009. p. 35.
"Uma montanha os separava. Que importava?
Uma montanha é pouco contra a fantasia"
- Pepetela, em "Muana Puó". Lisboa: Edições 70, 1978, p. 24.
FORTUNA CRÍTICA DE PEPETELA
[Estudos acadêmicos - teses, dissertações, ensaios, artigos e livros]
AA.VV.. Homenagem a Pepetela: janeiro de 1999. 1ª ed., Luanda: Instituto Camões – Centro Cultural Português, 2002. 60p.
ABDALA JUNIOR, Benjamin. Notas sobre a Utopia, em Pepetela. In: CHAVES, Rita: MACEDO, Tania. (Org.). Portanto... Pepetela. 2ª ed., São Paulo: Ateliê Editorial, 2009, v. 1, p. 171-178.
ABDALA JUNIOR, Benjamin. Notas sobre a utopia, em Pepetela. In: Chaves, R.; Macedo, T. C.. (Org.). Portanto... Pepetela. Luanda: Chá de Caxinde, 2003, v. , p. 197-204.
ABLAS, Maria de Nazaré Ordonez de Souza. Memorial do Convento e Yaka: A história (re)visitada. Revista do Centro de Estudos Portugueses (USP), S[ao Paulo, v. 1, n.2, p. 135-143, 2000.
ABLAS, Maria de Nazaré Ordonez de Souza. A geração da utopia (resenha). Via Atlântica (USP), São Paulo, v. 2, n.1, p. 258-262, 1999.
ADOLFO, Sérgio Paulo. A ficção de Pepetela e a formação a angolanidade. (Tese Doutorado em Letras). Faculdade de Ciências e Letras Campus de Assis, 1993.
ADOLFO, Sérgio Paulo. Literatura e Reconstrução: um caso exemplar: Lueji de Pepetela. Signum Estudos Literários, Londrina, v. 1, n.1, p. 5-16, 1998.
ALMEIDA, Domingas Econgo de (Org.). Como se viver fosse assim. Luanda: Editora Sete Egos (UEA), 2009.
AMORIM, Claudia Maria de Souza. Estilhaços da guerra na obra de Lobo Antunes e de Pepetela. (Tese Doutorado em Literatura Comparada). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UFRGs, 2006.
ASSIS, Maria Isabel Azevedo. Incidente em Antares e O cão e os caluandas na perspectiva da sátira menipeia. (Dissertação Mestrado em Estudos Lusófonos). Universidade de Évora, UE, Portugal, 2009.
ASSIS, Roberta Guimarães Franco Faria de. Memórias em trânsito: deslocamentos distópicos em três romances pós-coloniais. (Tese Doutorado em Literatura Comparada). Universidade Federal Fluminense, UFF, 2013.
ASSIS, Roberta Guimarães Franco Faria de. Descortinando a inocência - infância e violência em três obras da literatura angolana. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal Fluminense, UFF, 2008.
ASSIS, Roberta Guimarães Franco Faria de. O não lugar de António Oliveira de Cadornega na literatura angolana e a sua recriação no romance de Pepetela.. In: FRANCO, Roberta Guimarães; MELONI, Otavio Henrique; KANO, Ivan Takashi.. (Org.). A mesma palavra outra: ensaios sobre literatura portuguesa e literaturas africanas de língua portuguesa.. Niterói: Vício de leitura, 2011, v. , p. 189-206.
ASSIS, Roberta Guimarães Franco Faria de. Quatro décadas de luta: da fomentação da independência à guerra civil, a infância em Angola.. In: Angelo Adriano Faria de Assis; João Henrique dos Santos; Ronaldo Sávio Paes Alves. (Org.). Tessituras da memória. Niterói: Vício de Leitura, 2011, v. , p. 100-121.
ASSIS, Roberta Guimarães Franco Faria de (Org.); MELONI, Otavio (Org.); KANO, Ivan Takashi (Org.). A mesma palavra outra: ensaios sobre literatura portuguesa e literaturas africanas de língua portuguesa.. Niterói: Vício de leitura, 2011. 222p.
AYOH'OMIDIRE, Félix. Une analyse synthétique de la trilogie des Romans de guerre de Pepetela à la lumière de la théorie littéraire de Frantz Fanon. (Dissertação Mestrado em masters in Foreign Languages - Comparative Literatur). Obafemi Awolowo University, Ile-Ife, 1999.
AYOH'OMIDIRE, Félix. (Re)constructing Feminism: A Feminist (Re)reading of Sembène Ousmane s Les bouts de bois de Dieu and Pepetela s A Revolta na casa dos Ídolos.. NFLV African Literature Series, Badagry, v. 2, p. 119-131, 2002.
AYOH'OMIDIRE, Félix. (R)evolução feminista na obra de Pepetela - Muana Puó, Ngunga e Mayombé. In: 3rd Annual Conference of NUFTA, 2003, Awka. Annals of the 3rd NUFTA Conference. Jos, Nigeria: NUFTA editors, 2001. v. 2. p. 437-452.
AZEVEDO, Claudineia Barboza de. Liberdade e identidade: projeções da utopia de um escritor angolano em suas personagens femininas. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 2001.
BACCEGA, Maria Aparecida. Mayombe: ficção e história (uma leitura em movimento).. (Tese Doutorado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 1985.
BATALHA, Maria Cristina. Ecos da cidade grande: Juan Rulfo, Graciliano Ramos e Pepetela. In: SANTOS, Ana Cristina dos; ALMEIDA, Claudia Maria Pereira; AMORIM, Claudia; BATALHA, Maria Cristina. (Org.). Identidades fora de foco. Rio de Janeiro: de Letras, 2009, v. 1, p. 137-152.
BATALHA, Maria Cristina. Histórias de guerra, sonhos de paz: A Angola de Manuel Rui e Pepetela. Ipotesi (UFJF. Impresso), v. 14, p. 179-187, 2010.
BATALHA, Maria Cristina. O mito revisitado na ficção de Angola: Pepetela. In: Revisitar o mito, 2012, Lisboa. Cadernos de Resumos - Colóquio Internacional Revisitar o Mito. Lisboa: Editora da Universidade de Lisboa, 2012. v. 1. p. 91-92.
BAYER, Adriana Elisabete. Pepetela e Ondjaki: com a juventude, a palavra faz o sonho. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS, 2008. Disponível no link. (acessado em 10.5.2015).
BAYER, Adriana Elisabete. Entre gesto e palavra, o percurso de um pioneiro: As aventuras de Ngunga, de Pepetela. Signos (Lajeado), v. 1, p. 83-100, 2008.
BERGAMO, Edvaldo Aparecido; OLIVEIRA, Maria Aparecida Cruz de. A visão dessacralizante do narrador-editor em Pepetela: aproximações e distanciamentos do romance histórico lukácsciano em A sul. O sombreiro. Contexto - Revista semestral do Programa de Pós-graduação em Letras - UFES, v. 26, p. 108-127, 2014.
BERGAMO, Edvaldo Aparecido. Fazendo História nos dois lados do Atlântico: Ana Miranda e Pepetela. In: Selma Pantoja; Edvaldo Aparecido Bergamo; Ana Cláudia da Silva. (Org.). África contemporânea em cena: perspectivas interdisciplinares. 1ª ed., São Paulo: Intermeios, 2015, v. 1, p. 1-.
BERGAMO, Edvaldo Aparecido. Ficção literária e história atlântica: A gloriosa família, de Pepetela. In: XVI Congresso Internacional de Humanidades, 2013, Brasília/DF. Palavra e cultura na América Latina: heranças e desafios. O poder da comunicação em contextos latino-americanos. Brasília/DF: Editora do Instituto de Letras/UnB, 2013. v. 1. p. 147-148.
BERGAMO, Edvaldo Aparecido. Fazendo história dos dois lados do Atlântico: Ana Miranda e Pepetela. In: AFROLIC 2013 - V Encontro de Professores de Literaturas Africanas, 2013, Porto Alegre/RS. Caderno de Resumos AFROLIC 2013. Porto Alegre: Gráfica do Instituto de Letras da UFRGS, 2013. v. 1. p. 10-11.
BIO- QUEM. Pepetela. União dos Escritores Angolanos. Disponível no link. (acessado em 10.5.2015).
BOZ, Sidnei. O teatro político de Chico Buarque, Ruy Guerra e Pepetela: Calabar e A corda. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT, 2013.
BOZ, Sidnei. O distanciamento entre arte, história e militância no teatro político angolano: A Corda e A Revolta na Casa dos Ídolos de Pepetela. Revista Ecos, v. 17, p. 170-176, 2014.
BOZ, Sidnei. A Corda e o nacionalismo em Angola. In: Agnaldo Rodrigues da Silva; Marinês da Rosa. (Org.). Trilhos e desvios da linguagem: saberes em conexão. 1ª ed., Tangará da Serra - MT: Gráfica e Editora Diário da Serra Ltda, 2012, v. único, p. 175-189.
BOZ, Sidnei. A arte e a militância em Calabar e A corda. In: Agnaldo Rodrigues da Silva. (Org.). Escritos culturais: literatura, arte e movimento. Cáceres: Ed. UNEMAT; Editora de Liz, 2011, v. , p. 247-260.
BRANDILEONE, Ana Paula Franco Nobile. 'A gloriosa família', de Pepetela: o outro lado da história. Scripta UNIANDRADE, v. 11, p. 42-53, 2013.
- Pepetela, em "A geração da utopia". Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000, p.101.
Em 1969 foi chamado a participar na luta de libertação angolana, em Cabinda, tendo então adotado o nome de guerra de Pepetela, que mais tarde viria a utilizar como pseudónimo literário. Em Cabinda foi simultaneamente guerrilheiro e responsável do sector da educação.
Em 1972 foi transferido para a Frente Leste de Angola, onde desempenhou a mesma actividade até ao acordo de paz de 1974 com o Governo português.
Pepetela - foto: © (...) |
Em 1975, até à data da independência de Angola, foi membro do Estado-Maior da Frente Centro. No mesmo ano, participou na fundação da União de Escritores Angolanos.
De 1976 a 1982, foi vice-ministro da Educação, passando posteriormente a leccionar Sociologia na Universidade de Luanda. Tem desempenhado cargos directivos na União de Escritores Angolanos. Actualmente é Presidente da Assembleia-Geral da Associação Cultural “Chá de Caxinde” e da Sociedade de Sociólogos Angolanos.
Em 1997 foi galardoado com o Prémio Camões, considerado o mais importante prémio literário para autores de língua portuguesa.
As suas obras publicadas são: "As aventuras de Ngunga" (1973), "Muana Puó" (1978), "A revolta da casa dos Ídolos" (1979), "Mayombe" (1980), "Yaka" (1985), "O cão e os calús" (1985), "Lueji" (1989), "Luandando" (1990), "A geração da utopia" (1992), "O desejo da Kianda" (1995), "Parábola do cágado velho" (1996); "A gloriosa família" (1997); "A montanha da água lilás" (2000), "Jaime Bunda, agente secreto" (2001), "Jaime Bunda e a morte do americano" (2003), "Predadores" (2005), "O terrorista de Berkeley, Califórnia" (2007), "O quase fim do mundo" (2008), "O planalto e a estepe" (2009), "A sul. O sombreiro" (2011), "O tímido e as mulheres" (2013).
* Pepetela em Kimbundu significa Pestana.
"Quando regresso a Benguela, tenho sempre a sensação de entrar no ventre materno. Começa pelo ar. Cada terra tem o seu ar, com consistência própria e sobretudo cheiros particulares. Sinto isso ao chegar, sendo mais acentuado se a viagem é feita de avião, em que não há etapas de transição para adaptação dos sentidos às mudanças... Depois há a cidade e as gentes."
- Pepetela, sobre a sua cidade natal. in: UEA-Bio-quem: Pepetela.
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Fonte: Edições Nelson Matos/UEA/Bio. (editada e atualizada pelos editores deste site)
Pepetela - foto: © (...) |
"Talvez, talvez de velho de kimbo (de aldeia), de sekulo. Esses velhos que desprezamos, imbuídos da nossa cultura citadina judaico-cristã, têm muito a ensinar sobre a gestão do tempo, sobre os ritmos da vida. Beberam isso na fonte da sabedoria. Transmitem esses ensinamentos através de fábulas, de poemas orais, de adivinhas. Apesar de aparecerem em livros, não os sabemos ler. O que eles nos dizem, com as suas palavras, e que não entendemos, é que a natureza tem os seus próprios ritmos com os quais nós devemos conciliar para modificar a natureza. Ora, o que fazemos nós os crioulos de híbridos de duas civilizações? Impomos apenas a componente da industrialização e do desenvolvimento exógeno, quer sejamos socialistas quer capitalista, o que implica outros ritmos. E depois admiramo-nos porque a natureza não os segue, nos prega partida a todos os instantes. Eles sabem isso, e dizem-nos, mas como são analfabetos, o nosso preconceito emudece-os ao nosso entendimento. Nós temos o conhecimento sagrado do marxismo-leninismo ou do ultra-liberalismo do FMI, estudamos nas melhores universidades, como nos vamos rebaixar, perder tempo, a tentar perceber porque nos ensinam? (…) nunca vermos nossa própria cegueira.”
- Pepetela, em "A geração da utopia". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p.262-263.
PRÉMIOS E HOMENAGENS
Pepetela, por Fabiana Miraz de Freitas Grecco |
1985 - Prémio Nacional de Literatura de Angola, da União de Escritores de Angola, pelo romance 'Yaka';
1993 - Prémio especial dos Críticos de São Paulo (Brasil), pelo romance 'A geração da utopia';
1997 - Prémio Camões, pelo conjunto de sua obra;
1999 - Prémio Prinz Claus (Holanda), pelo conjunto da obra;
2002 - Prémio Nacional de Cultura e Artes, pelo conjunto da obra;
2007 - Prémio Escritor galego universal 2007, atribuído pela Associação de Escritores de Língua galega, AELG, pelo conjunto da obra;
2014 - Prémio Rosália de Castro do Centro PEN Galiza (Espanha), pelo conjunto da obra;
2014 - Personalidade do Ano na categoria escritor pelo semanário "Angolense".
1999 - Prémio Prinz Claus (Holanda), pelo conjunto da obra;
2002 - Prémio Nacional de Cultura e Artes, pelo conjunto da obra;
2007 - Prémio Escritor galego universal 2007, atribuído pela Associação de Escritores de Língua galega, AELG, pelo conjunto da obra;
2014 - Prémio Rosália de Castro do Centro PEN Galiza (Espanha), pelo conjunto da obra;
2014 - Personalidade do Ano na categoria escritor pelo semanário "Angolense".
"Factos enterrados no esquecimento do tempo, talvez incómodos para os narradores da tradição oral e por isso apagados da História em momentos diferentes de afirmações de poderes, mas que ela fazia renascer para que o mito tivesse corpo e não apenas um esqueleto, deixando assim de ser mito para se tornar realidade presente que a amparasse, a alimentasse dessa fome de certezas no seu mundo de hesitações e dúvidas..."
- Pepetela, em "Lueji, o nascimento de um império". 5ª ed., Lisboa: Dom Quixote, 2008, p. 210.
Livros de Pepetela |
OBRA DE PEPETELA - PRIMEIRAS EDIÇÕES
Romance
:: As aventuras de Ngunga. Lisboa: Edições 70, 1973.
:: Muana Puó. Lisboa: Edições 70, 1978.
:: Mayombe. União dos Escritores Angolanos, 1979; Lisboa: Edições 70, 1980; 2ª ed., 1982.
:: A revolta da casa dos ídolos. (Colecção Autores Angolanos). Lisboa: Edições 70, 1980.
:: O cão e os caluandas. Lisboa: Dom Quixote, 1985.
Pepetela - foto: ©Jorge Nogueira/Divulgação |
:: Lueji: o nascimento de um império. Lisboa: Dom Quixote, 1990.
:: A geração da utopia. Lisboa: Dom Quixote, 1992; 2ª ed., 1993.
:: O desejo de Kianda. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
:: Parábola do cágado velho: romance. Lisboa: Dom Quixote, 1996.
:: A gloriosa família: o tempo dos flamengos. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
:: A montanha da água lilás: fábula para todas as idades. Lisboa: Dom Quixote, 2000.
:: Jaime Bunda, agente secreto. Lisboa: Dom Quixote, 2001
:: Jaime Bunda e a morte do americano. Lisboa: Dom Quixote, 2003.
:: Predadores. Lisboa: Dom Quixote, 2005.
:: O terrorista de Berkeley, Califórnia. Lisboa: Dom Quixote, 2007.
:: O quase fim do mundo. Lisboa: Dom Quixote, 2008.
:: O planalto e a estepe. Lisboa: Dom Quixote, 2009.
:: A sul. O sombreiro. Lisboa: Dom Quixote, 2011.
:: O tímido e as mulheres. Lisboa: Dom Quixote, 2013.
:: Se o passado não tivesse asas. Luanda: Texto Editores; Lisboa: Dom Quixote, 2016.
Contos
:: Contos de morte. Lisboa: Edições Nelson de Matos, 2008.
Crónica
:: Crónicas com Fundo de Guerra. [As crónicas que compõem o livro foram publicadas no jornal “Público” de 1992 a 1995 e tinham por título genérico “Da Terra dos Mitos”].. (Coleção Mil Horas de Leitura, 14). Lisboa: Edições Nelson de Matos, 2011, 216p.
Peças de teatro
:: A corda. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1978.
:: A revolta da casa dos ídolos. Lisboa: Dom Quixote, 1979.
Antologias [participação]
:: Estórias além do tempo [antologia de contos de autores angolanos: Pepetela, José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Arnaldo Santos, Carmo Neto, Dario de Melo, Fragata de Morais, Henrique Abranches, Henrique Guerra, Isaquiel Cori, João Melo, João Tala, Marta Santos, Luís Fernando, Sónia Gomes, Roderick Nehone e José Samwila].. (Organização Domingas de Almeida sob orientação de Adriano Botelho de Vasconcelos). Luanda: União dos Escritores Angolanos; Lisboa: Editora Leya, 2014.
"A ideia de angolanidade está presente em toda a sua obra mas de forma natural que não a condiciona do ponto de vista literário. Pepetela está a escrever não sobre Angola. Ele está escrevendo Angola, essa que há mas que ainda não existe, a sonhada e a geradora de sonhos."
- Mia Couto, em epígrafe a 'Contos de Morte' de Pepetela.
Capa do livro "Lueja..", Pepetela |
:: As aventuras de Ngunga. (Colecção 2K, de Kabinda ao Kunene). 3ª ed., Luanda: UEA, 1977.
:: Mayombe. (Edição de bolso). 2ª ed., Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1980.
:: Yaka. Luanda: União dos Escritores de Angola, 1988.
:: Lueji – o nascimento de um império. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1989.
:: Luandando. Luanda: Elf Aquitaine, 1990.
:: Mayombe. Luanda: Edições Maianga, 2004.
:: Contos de Morte. Luanda: Chá de Caxinde, 2008.
:: O tímido e as mulheres. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2013.
“O povo é como tronco de árvore. Todos se apoiam a ele, sobem por ele, para apanhar os frutos que estão lá em cima. Não é o povo que lhes interessa. Só os frutos.”
- Pepetela, em "A geração da utopia". São Paulo: Editora LeYa Brasil, 2013, p. 212.
PUBLICAÇÕES DE PEPETELA NO BRASIL
Pepetela - foto: © (...) |
:: As aventuras de Ngunga. 3ª ed., São Paulo: Ática, 1983.
:: Yaka. (Coleção Autores Africanos, 23). São Paulo: Ática, 1984.
:: A gloriosa família: o tempo dos flamengos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
:: A geração da utopia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
:: Jaime Bunda - agente secreto. Rio de Janeiro: Record, 2003; 2ª ed., 2010.
:: Mayombe. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 2004.
:: Parábola do cágado velho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
:: Predadores. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2005.
:: A geração da utopia. São Paulo: Editora Leya Brasil, 2013.
:: O tímido e as mulheres. São Paulo: Leya Brasil, 2014.
"[...] Costumo pensar que a nossa geração se devia chamar a geração da utopia. [...] éramos puros e queríamos fazer uma coisa diferente. Pensávamos que íamos construir uma sociedade justa, sem diferenças, sem privilégios, sem perseguições, uma comunidade de interesses e pensamentos, o Paraíso dos Cristãos, em suma. A um momento dado, mesmo que muito breve nalguns casos, fomos puros, desinteressados,
só pensando no povo e lutando por ele. E depois... tudo se adulterou, tudo apodreceu, muito antes de se chegar ao poder. Cada um começou a preparar as bases de lançamento para esse poder, a defender posições particulares, egoístas. A utopia morreu. E hoje cheira mal, como qualquer corpo em putrefacção. Dela só resta um discurso vazio."
- Pepetela, em "A geração da utopia". 2ª ed., Lisboa: Dom Quixote, 1993, p. 202.
"Evidentemente, eu penso que a nossa literatura precisa de ir à tradição- e eu, sempre que posso, tento ir, procurar raízes. Isto é uma sociedade com muitas fontes – não só fontes propriamente africanas, mas que são diversas conforme as regiões, conforme as culturas e etnias; mas, depois toda a influência europeia, quer de Portugal, quer do resto da Europa, quer do próprio Brasil etc. Há um caldear de culturas, aqui, e nós temos de ir procurando raízes daquilo que faz uma certa identidade. E aí, sim, aí é uma busca consciente de ir buscar certos valores, certos referenciais à cultura tradicional."
- Pepetela, apud LABAN, Michel. Angola: Encontro com Escritores In: CHAVES, Rita; MACÊDO, Tania (Orgs.). Portanto... Pepetela. São Paulo: Ateliê, 2009. p. 35.
Pepetela - foto © Luísa Barragon |
"Uma montanha os separava. Que importava?
Uma montanha é pouco contra a fantasia"
- Pepetela, em "Muana Puó". Lisboa: Edições 70, 1978, p. 24.
FORTUNA CRÍTICA DE PEPETELA
[Estudos acadêmicos - teses, dissertações, ensaios, artigos e livros]
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ABDALA JUNIOR, Benjamin. Notas sobre a Utopia, em Pepetela. In: CHAVES, Rita: MACEDO, Tania. (Org.). Portanto... Pepetela. 2ª ed., São Paulo: Ateliê Editorial, 2009, v. 1, p. 171-178.
ABDALA JUNIOR, Benjamin. Notas sobre a utopia, em Pepetela. In: Chaves, R.; Macedo, T. C.. (Org.). Portanto... Pepetela. Luanda: Chá de Caxinde, 2003, v. , p. 197-204.
ABLAS, Maria de Nazaré Ordonez de Souza. Conflito de identidades em O esplendor de Portugal e A geração da utopia. (Tese Doutorado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 2003.
ABLAS, Maria de Nazaré Ordonez de Souza. História e histórias: um estudo comparatvo entre os romances Memorial do Convento, de José Saramgo e Yaka, de Pepetela. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 1998.ABLAS, Maria de Nazaré Ordonez de Souza. Memorial do Convento e Yaka: A história (re)visitada. Revista do Centro de Estudos Portugueses (USP), S[ao Paulo, v. 1, n.2, p. 135-143, 2000.
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ADOLFO, Sérgio Paulo. A ficção de Pepetela e a formação a angolanidade. (Tese Doutorado em Letras). Faculdade de Ciências e Letras Campus de Assis, 1993.
Pepetela - foto: © (...) |
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"Yaka, mbayaka, jaga, imbangala? Foram uma mesma formação social? Nação? – aos antropólogos de esclarecer. Certo é que agitaram a já tremeluzente História de Angola, com as sua incursões no Reino do Congo (...). Foi o princípio do que se sabe."
- Pepetela, em "Yaka". Lisboa: Dom Quixote, 1985.
"Até que o pressentiu a seu lado. Bastaria virar-se prà direita, atravessar a montanha que os separava, e encontraria os seus olhos. Estremeceu. Não teve coragem de vencer a montanha, rompendo a igualdade de todos os dias. Sentia o abismo perto, ao lado da montanha. Nesta vertente, a tranquilidade e a monotonia. No cimo da montanha, onde o Sol brilhava em turbilhão de cores impossíveis, a angústia do desconhecido, a aurora."
- Pepetela, em "Muana Puó". Lisboa: Dom Quixote, 1978.
"[Lueji, uma] soberana de tanta grandeza, realçada agora pelo bailado que a ia imortalizar, arrancada das cinzas da História e das falas locais dos mais-velhos para ser conhecida do grande público, espantado com a revelação, afinal este País teve gente assim e nós nem sabíamos, despojados que fomos da nossa História por séculos de obscurantismo, muitas vezes nos sonhando iguais aos outros mas sempre temerosos da comparação, nada igualava as tradições da Europa a que tínhamos de ficar para sempre agradecidos porque das trevas nos tirou, quando afinal as trevas vinham de lá e nos
escondiam de nós próprios, órfãos de passado, sem saber que também é glorioso..."
- Pepetela, em "Lueji, o nascimento de um império". 5ª ed., Alfragide: Dom Quixote, 2008, p. 479.
"O mais importante para uma geração é dar qualquer coisa de bom à seguinte, um projeto, uma bandeira. No fundo, é o pai a deixar uma herança para o filho. E é triste sentir que a nossa geração, que vos deu apesar de tudo a independência, logo a seguir tirou a capacidade de a gozar. Como o pai que, ao oferecer um brinquedo ao filho, o monopoliza, só ele brinca com ele, com o pretexto de que o filho vai estragar…"
- Pepetela, em "A geração da utopia". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 361.
"As árvores enormes, das quais pendiam cipós grossos como cabos, dançavam em sombras com os movimentos das chamas. Só o fumo podia libertar-se do Mayombe e subir, por entre as folhas e as lianas, dispersando-se rapidamente no alto, como água precipitada por cascata estreita que se espalha num lago."
- Pepetela, em "Mayombe". Lisboa: Dom Quixote, 1997 p. 13.
"Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura de café, vinda da mãe, misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante português. Trago em mim o inconformismo inconciliável e este é o meu motor. Num Universo de sim ou não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não para quem quer ouvir sim e significa sim
para quem quer ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam as combinações? Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raro são os outros, o Mundo é geralmente manisqueísta."
- Pepetela, em "Mayombe". Lisboa: Dom Quixote, 1997 p. 14.
"– Tu, Lutamos, és um burro! – disse Sem Medo. – Quem não quer estudar é um burro e, por isso, o Comissário tem razão. Queres continuar a ser um tapado, enganado por todos... As pessoas devem estudar, pois é a única maneira de poderem pensar sobre tudo com a sua cabeça e não com a cabeça do outros. O homem tem de saber muito, sempre mais e mais, para poder conquistar a sua liberdade, para saber julgar. Se não percebes as palavras que eu pronuncio, como podes saber se estou a falar bem ou não? Terás de perguntar a outro. Dependes sempre do outro, não és livre. Por isso toda a gente deve estudar, o objetivo principal duma verdadeira Revolução é fazer toda a gente estudar. Mas aqui o camarada Mundo Novo é um ingênuo, pois acredita que há quem estuda só para o bem do povo. É essa cegueira, esse idealismo, que faz cometer os maiores erros. Nada é desinteressado."
- Pepetela, em "Mayombe". São Paulo: Ática, 1982, p. 79.
"Provocaram o caos! Deus mandará o raio e o mundo
terminará! – grasnavam os corvos, aterrorizados.
O sacrilégio fora cometido: os morcegos viam o céu
por baixo deles e o Mundo a seus pés.
Os morcegos então compreenderam que Deus era
uma invenção dos corvos, com que os tinham desde
sempre subjugado, pra terem o mel sem trabalhar"
- Pepetela, em "Muana Puó". Lisboa: Edições 70, 1978, p. 48.
“Ora, as versões são contraditórias [...] São ideológicas?
[...] Então, não tenho direito, eu também, de inventar a
minha própria versão? Quem te garante que é mais falsa
que a que tu escreverias?A tua também seria ideológica ....”
- Lu, em "Lueji - O nascimento dum Império", de Pepetela. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
EDITORAS QUE PUBLICAM A OBRA DE PEPETELA
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REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
:: Casa África
:: Embaixada de Angola (autores)
:: Minha Angola - Pepetela
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"A vida nunca se escreve em linha reta e toda a gente sabe. Poucos se lembram disso nos momentos decisivos."
- Pepetela
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Pepetela - foto: © José Sérgio |
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SOUZA, Waldelice Maria Silva de. A Rotação das Identidades: o transe como dínamo da arquitetura das personalidades dos oríkìs e dos personagens da obra de Pepetela. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2014.
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VECCHI, Roberto. Resenha a Pepetela, A geração da utopia. Rassegna Iberistica, Roma, v. 47, p. 77-80, 1993.
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Pepetela - foto: © (Arquivo Pessoal do autor) |
VIDAL, Francisco Elder Freitas. Identidade e mobilidade angolanas na ficção de Pepetela. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Ceará, UFC, 2013. Disponível no link. (acessado em 10.5.2015).
VIDAL, Francisco Elder Freitas. Áfricas de papel: uma análise da identidade nacional angolana na obra de Pepetela. 1ª ed., Fortaleza: Premius, 2014. v. 1000. 196p.
VIDAL, Francisco Elder Freitas; LIMA, Stélio Torquato. Da estepe ao planalto: a crise da identidade nacional angolana na ficção de Pepetela. In: IX Encontro Interdisciplinar de estudos Literários, 2013, Fortaleza. Amor, morte, origens e identidades na literatura. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2013. v. 1. p. 201-225.
VIEIRA, Maria Agripina Ferreira Carriço Lopes. Construção da Identidade na Ficção de Luandino, Pepetela e Agualusa. (Dissertação Doutoramento em Estudos Literários e Literatura Comparada). Faculdade de Letras da Universidade Lisboa, Portugal, 2011. Disponível no link. (acessado em 9.5.2015).
"Yaka, mbayaka, jaga, imbangala? Foram uma mesma formação social? Nação? – aos antropólogos de esclarecer. Certo é que agitaram a já tremeluzente História de Angola, com as sua incursões no Reino do Congo (...). Foi o princípio do que se sabe."
- Pepetela, em "Yaka". Lisboa: Dom Quixote, 1985.
Paulo Freire, Pepetela ... (agosto 1976) |
"Até que o pressentiu a seu lado. Bastaria virar-se prà direita, atravessar a montanha que os separava, e encontraria os seus olhos. Estremeceu. Não teve coragem de vencer a montanha, rompendo a igualdade de todos os dias. Sentia o abismo perto, ao lado da montanha. Nesta vertente, a tranquilidade e a monotonia. No cimo da montanha, onde o Sol brilhava em turbilhão de cores impossíveis, a angústia do desconhecido, a aurora."
- Pepetela, em "Muana Puó". Lisboa: Dom Quixote, 1978.
Pepetela e Mia Couto, em Ouro Preto/MG (2010) |
"[Lueji, uma] soberana de tanta grandeza, realçada agora pelo bailado que a ia imortalizar, arrancada das cinzas da História e das falas locais dos mais-velhos para ser conhecida do grande público, espantado com a revelação, afinal este País teve gente assim e nós nem sabíamos, despojados que fomos da nossa História por séculos de obscurantismo, muitas vezes nos sonhando iguais aos outros mas sempre temerosos da comparação, nada igualava as tradições da Europa a que tínhamos de ficar para sempre agradecidos porque das trevas nos tirou, quando afinal as trevas vinham de lá e nos
escondiam de nós próprios, órfãos de passado, sem saber que também é glorioso..."
- Pepetela, em "Lueji, o nascimento de um império". 5ª ed., Alfragide: Dom Quixote, 2008, p. 479.
"O mais importante para uma geração é dar qualquer coisa de bom à seguinte, um projeto, uma bandeira. No fundo, é o pai a deixar uma herança para o filho. E é triste sentir que a nossa geração, que vos deu apesar de tudo a independência, logo a seguir tirou a capacidade de a gozar. Como o pai que, ao oferecer um brinquedo ao filho, o monopoliza, só ele brinca com ele, com o pretexto de que o filho vai estragar…"
- Pepetela, em "A geração da utopia". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 361.
"As árvores enormes, das quais pendiam cipós grossos como cabos, dançavam em sombras com os movimentos das chamas. Só o fumo podia libertar-se do Mayombe e subir, por entre as folhas e as lianas, dispersando-se rapidamente no alto, como água precipitada por cascata estreita que se espalha num lago."
- Pepetela, em "Mayombe". Lisboa: Dom Quixote, 1997 p. 13.
"Nasci na Gabela, na terra do café. Da terra recebi a cor escura de café, vinda da mãe, misturada ao branco defunto do meu pai, comerciante português. Trago em mim o inconformismo inconciliável e este é o meu motor. Num Universo de sim ou não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não para quem quer ouvir sim e significa sim
para quem quer ouvir não. A culpa será minha se os homens exigem a pureza e recusam as combinações? Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raro são os outros, o Mundo é geralmente manisqueísta."
- Pepetela, em "Mayombe". Lisboa: Dom Quixote, 1997 p. 14.
"– Tu, Lutamos, és um burro! – disse Sem Medo. – Quem não quer estudar é um burro e, por isso, o Comissário tem razão. Queres continuar a ser um tapado, enganado por todos... As pessoas devem estudar, pois é a única maneira de poderem pensar sobre tudo com a sua cabeça e não com a cabeça do outros. O homem tem de saber muito, sempre mais e mais, para poder conquistar a sua liberdade, para saber julgar. Se não percebes as palavras que eu pronuncio, como podes saber se estou a falar bem ou não? Terás de perguntar a outro. Dependes sempre do outro, não és livre. Por isso toda a gente deve estudar, o objetivo principal duma verdadeira Revolução é fazer toda a gente estudar. Mas aqui o camarada Mundo Novo é um ingênuo, pois acredita que há quem estuda só para o bem do povo. É essa cegueira, esse idealismo, que faz cometer os maiores erros. Nada é desinteressado."
- Pepetela, em "Mayombe". São Paulo: Ática, 1982, p. 79.
"Provocaram o caos! Deus mandará o raio e o mundo
terminará! – grasnavam os corvos, aterrorizados.
O sacrilégio fora cometido: os morcegos viam o céu
por baixo deles e o Mundo a seus pés.
Os morcegos então compreenderam que Deus era
uma invenção dos corvos, com que os tinham desde
sempre subjugado, pra terem o mel sem trabalhar"
- Pepetela, em "Muana Puó". Lisboa: Edições 70, 1978, p. 48.
Paulina Chiziane, Ondjaki, Pepetela e Luandino Vieira |
“Ora, as versões são contraditórias [...] São ideológicas?
[...] Então, não tenho direito, eu também, de inventar a
minha própria versão? Quem te garante que é mais falsa
que a que tu escreverias?A tua também seria ideológica ....”
- Lu, em "Lueji - O nascimento dum Império", de Pepetela. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
EDITORAS QUE PUBLICAM A OBRA DE PEPETELA
:: Dom Quixote (Portugal)
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:: Editora Língua Geral (Brasil)
:: Editora Nova Fronteira/Ediouro (Brasil)
:: União dos Escritores Angolanos - UEA (Angola)
PEPETELA NA REDE
Pepetela - foto: © Gustavo Scatena/Imagem Paulist |
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"A vida nunca se escreve em linha reta e toda a gente sabe. Poucos se lembram disso nos momentos decisivos."
- Pepetela
Pepetela, por Loredano |
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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Pepetela - identidade e resistência. Templo Cultural Delfos, fevereiro/2023. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Pepetela - identidade e resistência. Templo Cultural Delfos, fevereiro/2023. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 2.2.2023.
Como estávamos todos enganados...mas se voltássemos atrás, faríamos tudo, da mesma maneira. É a partir da Utopia que a "viagem" se avalia. Seriamos outros e não aquilo que somos; seriamos seres sem sonhos ou sonhos por nascer...mas um dia haveremos de melhorar. LuísM
ResponderExcluirGostaria de corrigir o anos da 1ª edição de Mayombe que foi em 1979 e não 1980, pela União dos Escritores Angolanos. O mesmo acontece com a Obra Yaka que foi publicado pela 1ª vez pela Ática SA em 1984 e não em 1985 pela Dom Quixote, como refere a biografia.
ResponderExcluircumprimentos
Rui Jorge
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