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Fernando Leite Couto - uma voz cheia de vozes

Fernando Leite Couto -foto: (...)
O rumor da água na tua voz
e um fio de música no teu andar.
Indecisa a pele entre o bronze e o cobre
e a terra da tua boca ainda a calcinar.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Fernando Leite Couto, jornalista, poeta, editor e tradutor, nasceu em Rio Tinto, arredores da cidade do Porto, em Portugal, em 16 de abril de 1924 -  faleceu Maputo, Moçambique em de 10 de janeiro de 2013.

Fernando Couto referiu-se a si próprio como "jornalista, e nunca escritor".
Ora este jornalista, que ainda regressou a Portugal depois de 1974 e chegou a trabalhar em O Comércio do Porto antes de voltar novamente para Moçambique, onde foi um dos responsáveis pela Editora Ndjira (do grupo Leya), tem-nos legado uma obra que não se limita ao jornalismo.

É certo que a sua produção jornalística marcou a imprensa escrita, onde assinava muitos dos seus trabalhos com o pseudônimo Pai Fernando, e a produção radiofônica da Beira, mas a sua restante obra não é de menosprezar no contexto moçambicano da época.

Antes de 1971, ano de edição de Feições para um Retrato, Fernando Couto publicara já Poemas Junto à Fronteira (1959), Jangada de Inconformismo (1962) e O Amor Diurno (1962), sendo este último referido numa recensão crítica de Eugénio Lisboa (n. 1930) com transcrição na badana da presente obra.

Em Feições para um Retrato, Fernando Couto anunciava a futura publicação de Monódia (obra de 1964), Um Rosto de Terra e Sombra (obra de 1966/70) e A Voz Incontível (título provisório). De estes títulos apenas se publicou o primeiro, em 1997. Em 2001 publicou-se ainda Olhos Deslumbrados. 


Da presente obra transcrevem-se de seguida dois poemas, uma quadra e uma sextilha, com evocação explícita de África:


Fernando Couto (editora Ndjira)
De súbito,
a tristeza nasce no teu rosto,
suave, densa e silenciosa
– céu da África ainda sem noite nem dia
- Fernando Couto, em "Os olhos deslumbrados". Maputo: Editorial Ndjira, 2001.

A lua,
tua irmã africana,
irrompeu dos teus ombros,
esplendorosa e suave.

E ao gesto diáfano das tuas mãos
incendiou-se a noite.
- Fernando Couto, em "Os olhos deslumbrados". Maputo: Editorial Ndjira, 2001.

Como curiosidade e nota final, registe-se que Fernando Couto é pai de António Emílio Leite Couto (n. 1955), literariamente conhecido como Mia Couto.
:: Fonte: Literatura Colonial Portuguesa.


Autobiografia
«Comecei, como então era costume, por fazer quadras, que, porém ficavam muito longe de ter a esplêndida expressividade e beleza das quadras populares que formam o Cancioneiro Popular Português.
Nasci nos arredores do Porto, um ambiente de arrabalde citadino e ainda de alguma ruralidade, o que me tornou apaixonado da natureza. Estudei no Porto, onde beneficiei daquele ambiente muito vivo que era o dos finais da Segunda Guerra Mundial. A minha adolescência tirou muito proveito do que aprendi nos cafés como complemento do ensino. Foi aí que li a imprensa francesa clandestina que era publicada escapando da censura da ocupação alemã. A poesia de resistência representada por esse mago que foi Aragon, por Éluard, Supervielle e outros seduziu-me a tal ponto, que em 1944, completei o meu primeiro livro, que ficou para sempre inédito e se chama Amada de Nome Indizível. Do conjunto enviei um poema ao Adolfo Casais Monteiro que me escreveu a animar-me e a pedir autorização para publicar um na nova revista denominada Mundo Literário, na qual fui o segundo, logo a seguir a Jorge Sena. Ao mesmo tempo publiquei, poesia de «engagement», como era moda, em jornais de Famalicão e da Póvoa do Varzim.
Capa de José Pádua, livro "Feições
para um retrato", de Fernando Couto

Vivi na Beira durante 20 anos. Era um ambiente cultural interessante e por isso aí publiquei os meus primeiros livros:

Poemas Juntos à Fronteira, respondia a uma crença de que o Mundo vivia um momento de transição que já tardava, já era mais utopia do que crença justificada: não chegou a transpor a fronteira que o levaria a uma vivência de humanidade mais justa, mais fraterna.O desencanto, esse, ganhou voz na Jangada do Incoformismo; o barco tinha naufragado, mas eu, incoformado, navegava ainda numa jangada. Ainda no mesmo ano, ganhei o concurso da Câmara Municipal e, com esse dinheiro, publiquei O Amor Diúrno, um conjunto de poemas sensuais e eróticos. Em notória diferença de conteúdo publiquei Feições Para Um Retrato.

No total das seis obras, publiquei apenas 183 poemas, Entretanto fiz muitos mais, obedecendo a estados de alma muito variados e um tanto espaçados, mas que me não pareciam dignos de publicação e acabavam no cesto dos papéis

Os dois últimos livros publicados em Maputo: Monódia deveu-se às amizades do António Sopa e do Calane da Silva. É muito resultado de um monólogo que mantinha comigo desde longa data. Já Os Olhos Deslumbrados é a expressão de muitos motivos de deslumbramento que a vida tem proporcionado aos meus olhos.E ainda organizei e encontra-se inédita a antologia Amor Solar, com poemas desde o antigo egípto e de várias culturas até ao século XIX.

Apesar de muito admirar o Octávio Paz, prefiro a definição de Louis Mac Neice: "a poesia é um instrumento de precisão para fixar a reacção de um Homem à vida"


ATUAÇÃO NA ÁREA DE JORNALISMO
Tempo inteiro
:: O Século - Lisboa
:: Notícias - Beira e Maputo
:: O Comércio do Porto - Porto

Correspondente
:: Jornal de Notícias, em Maputo e na área do Douro-Sul
:: O Comércio do Porto, em Maputo

Colaborador
:: Notícias da Beira - Beira
:: Diário de Moçambique - Beira
:: Notícias - Delegação da Beira
:: Europeu - Lisboa
:: Paralelo 20 - Beira
:: Lamego Hoje - Lamego
:: Savana - Maputo
:: Domingo - Maputo

Na Rádio
:: Aero-Clube da Beira
:: Rádio - Clube de Moçambique (Lourenço Marques)
:: Rádio Moçambique - Maputo


OBRA POÉTICA DE FERNANDO LEITE COUTO

Capa do livro Vivências Moçambicanas, 
de Fernando Couto
:: Poemas junto à fronteira. Beira: Edição do autor, 1959.
:: Jangada de inconformismo. [Colecção "Poetas de Moçambique]. Beira: 1962.
:: O amor diurno. [ilustrações José Pádua]. Beira: Edição do autor, 1962.
:: Feições para um retrato. Beira: Edição ATCM, 1971.
:: Monódia. Maputo: Edição AMOLP, 1987.
:: Os olhos deslumbrados. Maputo: Editorial Ndjira, 2001.
:: Rumor de água Antologia Poética de Fernando Couto.. (Organização Ana Mafalda Leite).. [reúne todos os títulos anteriormente publicados, assim como alguns inéditos]. Lisboa/Portugal: Instituto Camões. Maputo/Moçambique: Editorial Ndjira, 2007; 2011.
:: Vivências moçambicanas (crônicas).  Maputo: Editorial Ndjira, 2008.
::  Uma voz cheia de vozes. [prefácio Luís Carlos Patraquim]. Maputo: Editorial Ndjira, 2015.


“É um livro de franca exaltação amorosa, melhor: de exaltação da beleza e do prazer. É um livro de um esteta, de um amante inequívoco da beleza do corpo, das imagens, do gozo sensual…”
- Eugénio Lisboa (escreveu sobre “O Amor Diurno”), na badana de “Feições para um retrato”. Colecção “Vozes de Moçambique” – nº. 1, edição do ATCM, Beira, 1970/71. (fonte: comando de agrupamento).


Traduções realizadas por Fernando Couto

:: Rubayyat, de Omar Khayyam.  1ª ed., Morais editor, 1981; 2ª ed., Estampa, 1990;
:: Ladrões de prazer -Antologia da poesia Hispano-árabe, 1991;
:: Dez poetas espanhóis do século XX. Maputo: Editorial Ndjira,  2003.

Organização
:: Moçambique: imagens da arte colonial. [organização Fernando Couto]. Maputo: Editorial Ndjira, 1998.



POEMAS ESCOLHIDOS DE FERNANDO LEITE COUTO

Fernando Couto,  painel na Fundação
 Fernando Leite Couto
Canções funambulescas
nº 3

Ao sabor das águas flutuam os juncos:
os mandarins estranhos e reais como algas distantes
não sabem dos homens que morreram afogados
nem dão conta dos dias e das noites
negam-se às notícias dos infortúnios
em êxtase vendo as Salomés dançar
recusam-se ao clamor da ira fermentando
nos homens das margens pedindo estrelas e pão
       nos dias de tédio fazem vir a cabeça dum profeta
       masturbam-se com discursos sobre a ordem
       e procuram saber se o anjo terá os seios túrgidos
acariciam os mastins vigilantes
e desesperam em vão de não terem tapetes de sonhos
tentando apagar dos livros as histórias de naufrágios ...
- Fernando Couto, em "Poemas Junto à Fronteira". Beira: Edição do autor, 1959. 



Impala
Elegância devia ser o teu nome
ou mesmo graça e harmonia
ou ainda leveza, etérea leveza.

Saltas e o arco nasce da terra
com o fulgor do voo do colibri.

O airoso ganha todo o esplendor
no diáfano contorno do teu corpo.

Vestem-se os reflexos do sol
nos vários areais desertos,

os seus variados reflexos.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Manifesto
Poesia não te peço trigo
pois sei que não és seara
e nem ao menos és terra.
Quero-te só cotovia
no espesso dos trigais
e canto da madrugada.
Não podes servir de pão
a quem outro não tiver.
Podes uivar e chorar
ser o grito de esfaimados
bandeira de barricadas
cólera das nossas veias
mas não és terra ou seara
Nem balas nem espingardas.
Quero-te só cotovia
Íntima voz do meu sangue.
- Fernando Couto (1967), em "Uma voz cheia de vozes". Maputo: Editorial Ndjira, 2015.



Na agreste paisagem de dunas
expira a vastidão da savana.
No areal se sepulta o choro do mar
em seu clamor e seu soluço
e a fúria do vento largo
veste de saliva os arbustos sobreviventes.

Mangal de raizes nuas
doí-me o desespero dos teus dedos
ainda longos e cravados à terra.
Na orla do tempo, as aves marinhas
contemplam os despojos com olhos tranquilos 
e nos conturbamo-nos à vista 
dos despojos e do jeito dos pássaros.

Aqui, só nos vemos
a delgada fímbria do encontro
da morte e da vida
e conturbamo-nos.
E, amando-nos,
avivamos o traço esguio e sinuoso
dessa fímbria de encontro de morte e da vida
- Fernando couto, em "Antologia do mar na poesia africana de língua portuguesa do século XX: Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau". [coordenação Carmen Lúcia Tindó Ribeiro Secco]. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1999.


O amor diurno
Em teu sereno rosto
se ergueu o vento
querida
uma leve crispação
corre a sua linha de água
em tuas feições ondulando
querida
Teus olhos se fecharam
querida
lagos sobmersos
pejados de trevas e desejos
de prazer e dor
ó doce querida
Mar nocturno e agitado
e sua audível presença
querida
um grito surdo
túmido e lento agoniza
em tua garganta opressa
ó doce querida
Tuas mãos esguias
minha querida
asas transparentes e brancas
de aves aquáticas
um vento de loucura
as possui e agita
desnorteados barcos
navegando às cegas no meu corpo
minha querida 

Em teu sereno rosto
agora apaziguado
o vento torna a ser brisa
querida
com a quietude das manhãs de verão
e a fadiga
já sobre a areia
depois do naufrágio
ó doce muito doce querida

- Fernando Couto, poema nº 10 de "O amor diurno". Beira: Edição do autor, 1962.



O medo e a esperança
Tranquilo e devagar entro na aldeia
de mão ao alto aberta em sinal de paz
Desertas e contudo palpitantes
se encontram ainda as palhotas 

No único rosto presente é visível
o medo está atento procurando antecipar-se
nos meandros da incómoda adivinha

Falo e sorrio e entreteço pontes de caniço
e não sei estendê-las até à outra margem:
fechado e atento o rosto em frente do meu
entremeia um rio sem vau e sem barcos
de águas opacas e demasiado largo

Procuro na memória de distantes avós
autênticos e críveis sinais de paz
e ao fazê-lo acordo aves de lembranças
de ventres pejados de sangue e ódios
e apenas avivo o rosto em frente as cores do medo

Olho o meu braço estendido e nu
inofensivo e pronto à espera do acolhimento
e no rosto em frente projecta-se uma sombra
a dolorosa sombra-lembrança de um chicote
E o medo ganha relevo no rosto escuro
atento e vigilante à porta da palhota:

pergunto aos teus olhos e às tuas costas
à tua carne e ao abismo dos teus olhos
onde e quando brotou a fonte desse medo
— como se eu fosse o deus vivo do raio
e fizesse empalidecer o teu rosto cor de noite
a ti que nunca me viste e contudo és valente
e já viste de perto a fome de feras em liberdade

Quero perguntar de frente aos teus olhos
e a tua cabeça pende como um ramo
ameaçado de morte com o peso dos frutos
prestes a perderem-se inúteis em chão batido
Quero perguntar-te e não sei os gestos
nem as palavras mágicas ou compreensíveis
para conjurar a mancha de medo
que ensombra o teu rosto esculpido em negro

Não sei os gestos e as palavras mágicas
e todavia não desisto e procuro
certo de haver uma ponte praticável
entre os meus e os teus olhos erguidos.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Praia do savane
Tu apenas tu e rodeando-te
a imensidão do mar
e a savana imensa
e o céu abrindo e fechando
todo o horizonte à sua volta.

O bramido oceânico
e o fundo silêncio da savana.
E a solidão a solidão
e as aves marinhas
confirmando a solidão ...

Livre te sentes é verdade
mas também perdido
e inútil esta liberdade
Adão que és agora ínfimo
desolado e inquieto
contemplando o mar perplexo
contemplando-o como se as ondas
te pudessem decifrar o mistério
desta absurda criação
de deserto de mar e de terra
de silêncio de vento e de aves ...
- Fernando Couto (1985), em "Monódia". Maputo: Edição AMOLP, 1987.



Capa do livro Rumor de água,
de Fernando Couto
Paisagem africana
Em chamas de amarelo e rubro íntimos
inquietas deliram as flores de acácia

fofas e tépidas as dunas impudentes
imitam feminis curvas em consentimento

da terra solta-se o hálito escladantes
de sequisoas bocas em beijo interrompido

Verdes-escuras as folhas dos arvoredos
turvas pesam como um desejo insatisfeito

denas as florestas odorantes a húmus
respiram o ácido cheiro do suor de cópula

crestado o capim estremece compacto
como a epiderme ocorrida por um frémito

brutais os rios rasgam a carne das planícies
como soldados invasores às filhas dos vencidos

e à brutal excitação de um sol desumano

a terra de África abre a flor de duas pétalas rosáceas
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Passagem da fronteira
Ou exortação a Hamlet

Alto vai o cheiro a podre
no reino da Dinamarca.
Mataram o velho rei
e é perdido o tempo de carpir.
Ei-la urgente toda imperiosa
a hora terrível da decisão.
E nem sequer se pode pensar
no aliciante do não-ser:
não faz ninho a cobardia
nos jovens corações.
Com a lucidez de quem inteiro avista
o escabroso caminho além,
afastada por agora a dúvida,
vamos, Hamlet, para a decisão de ser
afrontar os riscos.
E o resto não será silêncio.
- Fernando Couto, em "Poemas Junto à Fronteira". Beira: Edição do autor, 1959. 


Quero-te poesia
O rumor audível
de um fio de água
deslizando breve.
A leve carícia
aflorando o rosto
com pudor de ternura.
A melancolia do adeus
inevitável e definitivo.
O bramido da cólera
dos ofendidos e humilhados
com vigor do vento
nos altos montes
ou tão só o choro silencioso.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Raiz de labareda flameja
e crepita em sua cor e chama —
a flor de acácia rubra te copia,
ó meu amor do instante do cio
solto e aberto.
E o delido rendado da folhagem
imita as frescas carícias dos teus dedos.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Tempo Africano
Sem dimensão
é rio deslisando
lento, lento, lento
sem caudal, sem margens,
mais lago do que rio.

Ao calor diurno

as conversas mansas
no terreiro calmo.
Ao luar e à fogueira,
histórias sem fim
e sem fim os mistérios,
sensuais as danças
e os rituais do sexo.
- Fernando Couto, em "Os olhos deslumbrados". Maputo: Editorial Ndjira, 1001, p. 69. 


Tempo das glicínias
Rejuvenescia o granito
do muro tão antigo
sob a luz das glicínias!

Adoçava a austeridade
do granito a suavidade
da cor das glicínias.

Eram frescura e colorido
a primavera e as flores.
Banhavam de luz e de ternura
as glicínias do velho muro.

Era o tempo das glicínias,
era o tempo da primavera,
era a primavera da tua vida,

o seu insuspeitado começo.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Tronco de palmeira
Tronco de palmeira,
ó frágil e comovente negação
do deserto em volta.

Aprumado grito,
apesar da fúria dos ventos,
alto e límpido,
apesar da solidão.

A copa se rasga em desespero
em suas folhas palpitando
aos mais delido bafo de brisa
no seu reflexo do sol e do luar.
Por isso te chamo,
enternecido,
minha palmeira do deserto
e banho num olhar de nostalgia

a tua desesperada floração.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.


Verão africano
A plácida cor deste hálito envolvente,
a tangível paz de calor e da savana,
o céu enfeitiçado de azul sem mácula,
a modorra só quebrada pelo canto

e o mar - um velho cão adormecido.
- Fernando Couto, em "Rumor de água" (antologia poética).. [Organização Ana Mafalda Leite]. Maputo: Editorial Ndjira, 2007.

Fernando Leite Couto

BIBLIOGRAFIA SOBRE FERNANDO COUTO
SECCO, Carmen Lucia Tindó Ribeiro. Sonhos, paisagens e memórias na poesia moçambicana contemporânea. UEA - Angola/ ensaios. Disponível no link. (acessado em 4.5.2015).


Fernando Couto e a esposa Maria de Jesus - foto: acervo pessoal

Fernando, Armando e Mia Couto
- foto: Acervo FFLC

FUNDAÇÃO FERNANDO LEITE COUTO
O escritor Mia Couto e dois irmãos Fernando e Armando Jorge inauguraram dia 16 de abril de 2015, em Maputo a Fundação Fernando Leite Couto, em homenagem ao trabalho desenvolvido pelo pai a favor das crianças e da literatura.


Mia Couto e  dois irmãos Fernando e Armando Jorge inauguram,
em Maputo a Fundação Fernando Leite Couto
“O nosso pai foi defensor de um jornalismo livre, o que lhe custou  dissabores. Foi detido pela Polícia.  Sempre esteve atento à transmissão do saber, e fê-lo na  Escola de Jornalismo. E a Fundação vai auxiliar na expressão da liberdade. Queremos ser um sujeito participativo na sociedade moçambicana”, explica Mia Couto.

Segundo Mia Couto, a Fundação "pretende ser um espaço para a promoção das artes moçambicanas e vai dinamizar o debate sobre as artes em Moçambique". 

No campo da literatura irá apoiar novos autores, promover e patrocinar ações de formação, intercâmbios culturais, estando ainda prevista a criação de uma biblioteca.

A Fundação Fernando Leite Couto pretende, no entanto, alargar as suas atividades a outras áreas, organizando exposições de pintura, conferências, debates e colóquios.


Fundação Fernando Leite Couto
Presidida pelo escritor Mia Couto e administrada pelos seus dois irmãos – Fernando Amado e Armando Jorge -, a instituição deverá apoiar ações culturais também na cidade da Beira, de onde é originária a família.

A Fundação Fernando Leite terá uma comissão de honra e que será constituída por Graça Machel, José Luís Cabaço, Luís Bernardo Honwana, Lourenço do Rosário, Rui Fernandes, Francisco Noa, Zeferino Coelho, Paulina Chiziane, Manuel Tomé, José Eduardo Agualusa, Naguib Elias, Rita Chaves, Maria Pinto de Sá, Tomás Vieira Mário e Carmen Lúcia.
Site Oficial: Fundação Fernando Leite Couto.
Fanpage: Fundação Fernando Leite Couto




Fernando, Mia e Armando - os irmãos na inauguração da Fundação Fernando Leite Couto


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REFERÊNCIAS E FONTES DE PESQUISA
:: Fernando Leite Couto, na Editora Ndjira/Moçambique
:: Editorial Ndjira (Moçambique)

Obervação: 
:: A ortografia aqui utilizada é do 'Português de Moçambique/e Portugal'
:: O título da página "uma voz cheia de vozes", homônimo do último livro publicado em 2015.

© Direitos reservados ao autor/e ou ao seus herdeiros

© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske

Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Fernando Leite Couto - uma voz cheia de vozes. Templo Cultural Delfos, maio/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
** Página atualizada em 8.7.2015.



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