Francisco Fernando Costa Andrade |
Tem colaboração dispersa em várias publicações periódicas. Publicou textos sob vários pseudônimos, sendo o mais recente o heterônimo Wayovoka André. Além de Portugal, fixou residência por longos períodos de tempo do seu exílio em países como Brasil, Yugoslávia e Itália, onde, além de prosseguir os estudos, desenvolveu uma intensa atividade de conferencista. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos. Entre os vários pseudônimos que usou, destacam-se Africano Paiva, Angolano de Andrade, Fernando Emílio, Flávio Silvestre, Nando Angola. A versatilidade de Costa Andrade, confirma-se com a sua já conhecida faceta de artista plástico. Mas tal prova acima de tudo uma personalidade, um escritor, um artista que se encontra em permanente busca de materiais e matérias para o trabalho criativo, avultando na sua história pessoal a arte do compromisso e da ruptura ao mesmo tempo. Da sua bibliografia, em que se inscrevem obras de poesia, ficção e ensaio, destacam-se, entretanto, pelo seu número as obras de poesia. Publicou: Terra de Acácias Rubras, (poesia, 1961) Tempo Angolano em Itália (poesia, 1963); Poesia com Armas (poesia, 1975); O regresso e o canto (poesia,1975); O caderno dos Heróis (poesia, 1977); No velho ninguém toca (texto dramático, 1979); Literatura Angolana ( Opiniões), (ensaio, 1980); No país de Bissalanka (poesia, 1980); Estórias de Contratados (conto, 1980); Cunene corre para sul (poesia, 1984); Ontem e Depois (poesia, 1985) Lenha Seca (versões em português do fabulário de língua Umbundu, 1986); Os sentidos da pedra ( poesia, 1989); Falo de Amor por Amar (poesia), Lwini (poesia) com o heterônimo Wayovoka André, Limos de Lume (poesia, 1989); Irritação (poesia, 1996); Luanda: Poema em Movimento Marítimo (poesia) 1997.
:: Fonte: Embaixada de Angola em Portugal / Nexus (acessado em 9.2.2016).
OBRAS DE COSTA ANDRADE
Poesia
Francisco Fernando Costa Andrade |
:: Tempo Angolano em Itália. São Paulo: Felman-Rego. 1963.
:: Armas com poesia e uma certeza. Cazombo: M.P.L.A. Frente Leste, 1973. (Edição policopiada: 500 exemplares)
:: O regresso e o canto. Lobito: Cadernos Capricórnio, 1975.
:: Poesia com armas. [prefácio Mário Pinto de Andrade]. Lisboa|Luanda: Sá da Costa; U.E.A, 1975, 160p.
:: Caderno dos heróis. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1977.
:: No velho ninguém toca: poema dramático com Jika. [prefácio Basil Davidson]. Lisboa: Sá da Costa, 1979.
:: O país de Bissalanka. [prefácio Aristides Pereira]. Lisboa|Luanda: Sá da Costa; U.E.A, 1980.
:: O cunene corre para o sul: poesia revoltada. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1981.
:: Falo de amor por amar. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1985.
:: Ontem e depois. Lisboa: Edições 70,1985.
:: Os sentimentos da pedra. Lisboa|Luanda: Editora Asa; U.E.A., 1989.
:: Limos de lume. {sob heterônimo Wayovoka André}. Luanda|Porto, Ediçoes ASA; U.E.A., 1989.
:: Memórias de purpura. {sob heterônimo Wayovoka André}. Porto|Luanda Lito Tipo; U.E.A., 1990.
:: Lwini: crónica de um amor trágico. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 1991.
:: Irritação - poesia agora. (poesia e pintura).. {sob heterônimo Wayovoka André}.. [carta-prefácio Rui Duarte Carvalho].Lisboa|Luanda: Reproscan; Sonangol e Lito-Tipo, 1994.
:: Luanda: poemas em movimento marítimo. Luanda: Executive Center, 1997.
:: Terra gretada: poesia. Luanda: Chá de Caxinde, 2000.
Prosa
:: Estórias de contratados. (contos).. [prefácio Pepetela]. Lisboa|Luanda: Edições 70; U.E.A., 1980.
:: Lenha seca – fábulas recontadas na noite. Lisboa|Luanda: Sá da Costa; U.E.A., 1986.
Provérbios
:: Dizer assim (versões em português de provérbios da língua Umbundu). 1986.
Ensaio
:: Literatura angolana. (Opiniões).. [prefácio Henrique Abranches]. Lisboa|Luanda: Edições 70; U.E.A., 1980.
:: Com verso comigo. 30º Aniversário da Independência Nacional. Luanda|Angola: Caxinde, 2005, 57p.
Catalogo (exposição)
ANDRADE, Fernando Costa. (Ndunduma). Um rio cheio de sede. Catálogo de exposição de pintura. Luanda: Instituto Camões e Centro Cultural Português, s.d.
Artigos e ensaios em jornais e revistas
ANDRADE, Fernando Costa. A política como poética. in: Lavra & Oficina, Luanda, 10/1985, p. 11.
________ . O grande desafio ganho. in: Lavra & Oficina, Luanda, U.E.A., 10/11/1985, p. 8.
Correspondência e documentos
ARQUIVO Mário Ponto de Andrade - Correspondência: Fernando Costa Andrade. in: Fundação Mário Soares. [Pasta: 04312.002.002 - Pasta: 04333.001.003 - Pasta: 04312.002.001 - Pasta: 04311.002.007 - Pasta: 04311.002.006] Disponível no link. (acessado em 9.2.2016).
________ . Canto de acusação, seguido do o Capim nasceu vermelho. [Pasta: 04312.002.003]. in: Casa Comum. Disponível no link. (acessado em 9.2.2016).
Antologia (participação)
MEA, Giuseppe (org.). Poesia angolana de revolta: antologia. Porto: Paisagem, 1975.
FERREIRA, Manuel (org.). No reino de Caliban: antologia panoramica da poesia africana de expressao portuguesa - Vol. II: Angola e Sao Tome e Principe". Lisboa: Seara Nova, 1976, 489p.
FREUDENHTHAL. A. (org.). Antologias de Poesia da Casa dos Estudantes do Império, 1951-1963. Angola, São Tomé e Príncipe. Lisboa: Edição CEI, vol. I, 1994.
VASCONCELOS, Adriano Botelho de (org.) Todos os sonhos. Antologia da Poesia Moderna Angolana. Luanda: União dos Escritores Angolanos, 2005, 593p.
POEMAS ESCOLHIDOS DE FERNANDO COSTA ANDRADE
A cidade é morena
cor de azeitona
sorriso claro
aberto, quase inocente
- Não chega a ser morena como tu, querida.
Tu és flor de baobá
sombra de obó
e mais ainda
essa força nossa
que primeiro foi mistério
depois exotismo
mais tarde negritude
hoje é terceiro mundo.
Isso é o que tu és e é Luanda, o Huambo, Benguela
mas não pode ser esta cidade.
- Fernando Costa Andrade, em "Tempo Angolano em Itália". São Paulo: Felman-Rego, 1963.
§
A voz da terra
Eu sei irmão que a tua dor
não posso avaliá-la exactamente
mas nasci com um caminho igual ao teu.
Isso me basta
para sentir na carne
as feridas que tu sentes e os anseios.
- Costa Andrade, em "Ontem e depois". Lisboa: Edições 70,1985.
§
É grata
É grata esta certeza de encontrar
Após luas mais pesadas que cidades
Venceremos a palavra escrita em cada tronco do Maiombe.
Caia um braço as pernas fiquem pelas mulolas
Farrapos de pele nas espinheiras
Os olhos não!
Os olhos vejam
a ambicionada luz que se negara
antes de fevereiro
Teus lábios molhados de poesia
Condensada em gotas de cacimbo
cantam com os rios.
Túmidos estão os seios das mães e as folhas verdes
os mortos
agora já são vivos para sempre.
- Fernando Costa Andrade, em "Poesia com armas". Lisboa: Sá da Costa, 1975.
§
Limos de lume
conto ainda
e já o conto
ai nos zeros
dos biliões
um milhão trezentos mil
cinco milhões e prossigo
oito milhões
ou dez?
os números também falecem
com o seu tempo a contar
ainda agora há pouco tempo
e tanto tempo passou passa o tempo
passará
passaria doutro modo?
Passe o tempo temporão
somos tantos e tão poucos
vem a paz demora ainda?
Quem espera pela demora?
é tempo de caminha!
- Fernando Costa Andrade, em "Limos de lume". [sob heterônimo Wayovoka André]. Luanda|Porto, Ediçoes ASA; U.E.A., 1989.
§
Luanda é o poeta ou o poema?
Luanda é o poeta ou o poema?
poema que nasce na Mutamba
e se aperta no mais cheio maximbombo
do Cazenga dos Ramiros ou da Funda
que importa a linha e o destino
se Luanda vai no verso
e no canto da sereia?
Luanda é um poema que se canta ou pinta
e se dança em ritmos amantes e viscosos
- Fernando Costa Andrade, em "Luanda: poemas em movimento marítimo". Luanda: Executive Center, 1997.
Fernando Costa Andrade, em "Luanda: poemas em movimento marítimo". Luanda: Executive Center, 1997. fonte: Antonio Miranda |
"Entre a nossa literatura e a vossa, amigos brasileiros, os elos são muito fortes. Experiências semelhantes e influências simultâneas se verificaram. É fácil, ao observador corrente, encontrar Jorge Amado e os seus capitães de areia nos nossos melhores escritores. Drummond de Andrade, Graciliano, Jorge de Lima, Cruz e Sousa, Mário de Andrade e Solano Trindade, Guimarães Rosa, têm uma presença grata e amiga, uma presença de mestres das novas gerações de escritores angolanos. E por isso mesmo, pelo impacto que tem junto do nosso povo, são vetados pelos colonialistas. Eles estão presentes, porém, nas preocupações literárias dos que lutam pela liberdade."
- Costa Andrade, em "Literatura angolana. (Opiniões)". Lisboa|Luanda: Edições 70; U.E.A., 1980, p. 26.
Francisco Fernando Costa Andrade |
FORTUNA CRÍTICA DE COSTA ANDRADE
ABRANCHES, Henrique. Prefácio. in: Literatura Angolana (Opiniões), Lisboa/Luanda, Edições 70/U.E.A., pp. 11-14.
ANDRADE, Mário Pinto de.. O canto armado do povo angolano. In: COSTA ANDRADE, Fernando Poesia com armas. Lisboa: Sá da Costa, 1975, p. 1-18.
PEREIRA, Aristides. À guisa de prefácio. in: O país de Bissalanka, Lisboa/Luanda, Sá da Costa/U.E.A., 1980, p. 3-5.
CARVALHO, Ruy Duarte. Carta-prefácio. in: ANDRÉ, Wayovoka (Fernando Costa Andrade). Irritação. Poesia agora. Lisboa; Luanda: Reproscan; Sonangol e Lito-Tipo, 1994.
CAVACAS, Fernanda; GOMES, Aldónio. Dicionário de Autores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, 1997.
CHALENDAR, Pierrette et Gérard. Politique – La fable comme genre littéraire: À propos de Lenha Seca de Costa Andrade. in: Estudos Portugueses e Africanos, Campinas, n° 16, 1990.
DAVIDSON, Basil. In the Eye of the Storm: Angola’s people. Garden City: Doubleday, 1972, 367p.
DAVIDSON, Basil. Prefácio. in: No velho ninguém toca. Lisboa/Luanda: Sá da Costa/U.E.A., 1978, p.3-9.
FERREIRA, Manuel. Literaturas de expressão portuguesa, Vols.1 e 2, Venda Nova, Amadora, Portugal: Instituto de Cultura Portuguesa, 1977. 142 p. (vol.1) e 152p. (vol 2). Disponível no link o vol. II. (acessado em 9.2.2016).
MATA, Inocência. A Casa dos Estudantes do Império e o lugar da literatura na consciencialização política. Coleção Autores da Casa dos Estudantes do Império. Lisboa: União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), 2015.
MARTIN, Vima Lia; MORAES, Anita Martins Rodrigues de.. O Brasil e a poesia africana de língua portuguesa. in: SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 15, n. 29, p. 69-84, 2º sem. 2011. Disponível no link. (acessado em 9.2.2016).
MELO, João de (org.). Os anos da guerra 1961-1975: os portugueses em África - crónica, ficção e história. Lisboa: Dom Quixote, 1988; 2ª ed., 1998.
MOREIRA, Maria Luci De Biaji. Tempo histórico, espaço e resistência no corpo da linguagem poética de Costa Andrade. Revista Língua & Literatura, v. 16, n. 27, p. 9-29, dez. 2014.
MOREIRA, Maria Luci De Biaji. Costa Andrade. In: Monica Rector e Richard Vernon (edis). African Lusophone Writers. Farmington Mills, MI: Gale - Cengage Learning, 2012. Vol. 367. p. 42-44.
MOSER, Gerald; FERREIRA, Manuel. Bibliografia das literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1983, 405p.
OLIVEIRA, Vera Lúcia de. Fernando Costa Andrade: poeta angolano em luta. In: Via Atlântica, n.3, v. 1, 1999, p. 70-88.
PADILHA, Laura Cavalcante. Guerra, poesia, estilhaç[ament]os - um olhar para Angola. in: Mulemba - n.1 - UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil - Outubro de 2009. Disponível no link. (acessado em 10.2.2016).
PAPPEN, Paulo Henrique. Um angolano na Itália e um italiano em Angola: diferentes formas de ser estrangeiro. (Monografia Graduação em Letras). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFGRS, 2013. Disponível no link. (acessado em 9.2.2016).
PEPETELA, . Prefácio. in: Estórias de contratados. Lisboa/Luanda, U.E.A./Edições 70, 1980, pp.11-l4.
RUI, Manuel. Requiem para um homem. in: Lavra & Oficina, Luanda, n.1, 2 e 3, Luanda, 1981, p. 8.
SECCO, Carmen Lucia Tindó. Costa Andrade e o lapidar da pedra da memória: enlaces entre poesia e pintura. in: ABRIL - Revista do Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF, Vol. 3, n° 5, Novembro de 2010. Disponível no link. (acessado em 9.2.2016).
SIMÕES, Manuel G.. Formas de transmissão oral em ‘Estórias de Contratados’. in: Jornal de Angola, 18/7/1989, p. 11.
TAVARES, Ana Paula. in: ANDRADE, Fernando Costa (Ndunduma). Um rio cheio de sede. Catálogo da exposição de pintura de Fernando Costa Andrade Ndunduma. Luanda: Instituto Camões; Centro Cultural Português, s.d., p.16.
TORIELLO, Fernanda. Poesia angolana moderna. Bari, Italia: Adriatica Editrice, 1981, 467p.
Fernando Costa Andrade, em "Luanda: poemas em movimento marítimo". Luanda: Executive Center, 1997. fonte: Antonio Miranda |
"Juntei na mão
os meus poemas
e lancei-os ao deserto
para que as areias
se transformem em protesto."
- Costa Andrade, no poema "Motivo", em "Poesia com armas". Lisboa: Sá da Costa, 1975, p. 21.
Francisco Fernando Costa Andrade |
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OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Antonio Miranda
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Costa Andrade - poesia e política. Templo Cultural Delfos, fevereiro/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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