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2016: 80 anos na literatura

Music and literature, by William Michael Harnett













"A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta. Talhar a obra literária sobre as próprias formas do que não basta é ser impotente para substituir a vida."
- Fernando Pessoa, em "Heróstrato e a busca da imortalidade". 

OBRAS (CLÁSSICOS)

80 ANOS DE 'SOBRADOS E MUCAMBOS' DE GILBERTO FREYRE
Sobrados e Mucambos, edição 1936
:: Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.
Depois de analisar, em 'Casa-grande & senzala', a formação da família e da sociedade brasileira, Gilberto Freyre expõe em 'Sobrados e mucambos', toda a decadência do patriarcado rural entre os séculos XVIII e XIX que, enfraquecida com o declínio da escravidão e pressionada pelas forças da modernidade vindas do exterior, perde espaço, prestígio e poder. A aristocracia se vê obrigada a trocar as casas-grandes por sobrados urbanos, enquanto seus ex-escravos se alojam em casas de pau-a-pique nos bairros pobres da cidade.

:: Obra disponível na Brasiliana no link. (acessado em 12.1.2016).
:: Veja sobre Gilberto Freyre. Acessando AQUI!

Ilustração para o livro "Mocambo", por  Percy Lau



80 ANOS DE 'RAÍZES DO BRASIL', DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
:: Raízes do Brasil. (Coleção Documentos Brasileiros). Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1936.
Capa da 1ª edição de 'Raízes do Brasil', de
Sérgio Buarque de Holanda (1936)
Raízes do Brasil é uma das obras fundadoras da moderna historiografia e das ciências sociais brasileiras. Tanto no método de análise como no estilo claro e despretensioso da escrita, tanto na sensibilidade para a escolha dos temas como na erudição exposta de forma concisa, revela-se o historiador da cultura e ensaísta crítico com talentos evidentes de escritor. A noção do brasileiro como "homem cordial", aquele que age segundo o "coração" - não no sentido de ser bondoso, mas por pautar suas ações pelo afeto e pela intimidade e ser incapaz de separar vida pública de vida privada -, é um dos conceitos fundamentais expostos nesta obra indispensável para se entender o Brasil. Segundo Antonio Candido, este livro é "um clássico de nascença".
Publicada em 1936, Raízes do Brasil aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira. O livro foi escrito na forma de um longo ensaio histórico, tendo sido dividido em sete partes:
1. Fronteiras da Europa
2. Trabalho e Aventura
3. Herança Cultural
4. O Semeador e O Ladrilhador
5. O Homem Cordial
6. Novos Tempos
7. Nossa Revolução
:: Veja sobre Sergio Buarque de Holanda. Acessando AQUI!


ROMANCE
Erico Verissimo - foto: Leonid Streliaev
80 ANOS DE 'UM LUGAR AO SOL', DE ERICO VERISSIMO
:: Um lugar ao sol, de Erico Verissimo. Porto Alegre: Globo, 1936.
A obra reúne vários personagens presentes em seu livro anterior, Musica ao longe, como Clarissa, Vasco, Amaro, Fernanda e Noel. Narra seus sonhos, suas lutas e suas frustações, e critica as tradições políticas do interior do Rio Grande do Sul. 
"Considero o elenco humano que povoa este livro o melhor de toda a minha obra, com exceção talvez de O Tempo e o Vento. Escrevi sobre essa gente com tanta afeição e interesse, com tamanha fé na sua existência, que acabei cometendo o pecadilho de todo o pai vaidoso para qual tudo quanto os filhos dizem e fazem merece ser contado ao mundo."
- Erico Verissimo, no prefácio do livro "Um lugar ao sol". edição de 1963.

:: Veja sobre Erico Verissimo. Acessando AQUI!


INFANTO-JUVENIL - OBRAS

80 ANOS DE 'DOM QUIXOTE DAS CRIANÇAS', DE MONTEIRO LOBATO
:: Dom Quixote das Crianças, de Monteiro Lobato

Dom Quixote das Crianças, de Monteiro Lobato


80 ANOS DE 'MEMÓRIAS DA EMÍLIA', DE MONTEIRO LOBATO
:: Memórias da Emília, de Monteiro Lobato
Memórias da Emília, de Monteiro Lobato


"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."
- Fernando Pessoa, no "Livro do Desassossego". 



80 ANOS DE NASCIMENTO
21 de julho de 1936 - Darcy França Denófrio - poeta e ensaísta brasileira.
30 de julho de 1936 - Adelaide Carraro - escritora brasileira31 de julho de 1936 - Carlos Severiano Cavalcanti - poeta brasileiro.
26 de agosto de 1936 - Alfredo Bosi - professor, crítico, historiador de literatura brasileira.
25 de setembro de 1936 - Astrid Cabral - poeta brasileira.
26 de setembro de 1936 - Luis Fernando Verissimo - escritor brasileiro.


80 ANOS DO NASCIMENTO DE DARCY FRANÇA DENÓFRIO
A professora Darcy França Denófrio nasceu na fazenda Nova Aurora, município de Jataí, então distrito de Itarumã (GO), em 21 de julho de 1936. Já casada e com três filhas, licenciou-se e bacharelou-se em Letras Modernas Inglês-Português pela UFG, onde também sagrou-se mestre em Teoria da Literatura e tornou-se professora de Língua Portuguesa, Teoria da Literatura e Literatura Brasileira, na graduação, e Teoria da Literatura, na pós-graduação, da Faculdade de Letras.  Autora de duas dezenas de publicações, Darcy França Denófrio é poeta, ensaísta, critica literária.
:: Saiba mais sobre a ensaísta e poeta Darcy França Denófrio (1936-2016). Acessando AQUI!


80 ANOS DO NASCIMENTO DE ADELAIDE CARRARO - A 'ESCRITORA MALDITA'
Adelaide Carraro
Adelaide Carraro (30 de julho de 1936 – São Paulo, 7 de janeiro de 1992) escritora brasileira. Ficou órfã aos sete anos e foi viver em um orfanato na cidade de Vinhedo em São Paulo. Seu primeiro texto que chegou ao conhecimento público foi a crônica Mãe, que lhe rendeu um prêmio aos treze anos de idade.
Adelaide Carraro deixou uma obra bastante extensa, com mais de quarenta edições, tendo mais de dois milhões de exemplares vendidos, entre eles O estudante, O estudante II, O estudante III, Meu professor, meu herói e Eu e o governador. Este último é o seu texto mais polêmico, referente à descrição de um suposto romance com Jânio Quadros em seu período como governador de São Paulo.
Escreveu também outras obras como “Podridão” e “O Mundo Cão de Sílvio Santos.
Era uma escritora que escrevia livros fortes, com temas polêmicos e em plena época da ditadura militar, quando havia muita censura.

Leia mais no link. (acessado em 15.1.2016).
Fontes de pesquisa:
MOREIRA, Carlos André. "Adelaide Carraro: Escritora Maldita?". in: Zero Hora. Disponível no link. (acessado em 15.1.2016).



80 ANOS DO NASCIMENTO DE CARLOS SEVERIANO CAVALCANTI
Carlos Severiano Cavalcanti (Fazenda Monte, Campina Grande, 31 de julho de 1936) poeta brasileiro. Radicado há mais de trinta anos no Recife, bacharel em Comunicação Social / Relações Públicas. Professor universitário de Comunicação Social, aposentado.
Obras
:: Caminhos da vida. Recife: Editora Bagaço, 1997.
:: Reflexos de terra e sol. Recife: CEPE, 2001.
:: Sertanidade. Recife: Edição do Autor, 2004
:: Na ponta da língua (Guia do Escritor). Recife: Novo Estilo, 2007.
:: A gênese do tempo. Recife: Edição do Autor, 2008.
: Histórias sertanejas (contos). Recife: Edições Edificantes, 2008.
:: Tresafio (Motes e Glosas).. [com Paulo Camelo e Rosa Lia Dinelli]. Recife: Paulo Camelo, 2009.

:: Saiba mais sobre o poeta Carlos Cavalcanti no link. (acessado em 15.1.2016).

Apelos 
(a Paulo Dantas e Gilberto de Hazaña de Godoy)

Pelos varais premidos da favela,
retalhos multicores da penúria
tremulam apontando para a incúria
da farta sociedade paralela.

Poderes insensíveis à lamúria
amargam os efeitos da sequela:
fechando porta e sem abrir janela
são vítimas também da imensa fúria.

Esse contraste traz desequilíbrio
na luta desigual entre o ludíbrio
e a dura realidade da carência.

E nos varais as roupas tremulando
são mãos desidratadas apelando
na busca de conter a vioência.
 
- Carlos Cavalcanti, em "A gênese do tempo". Recife: Edição do Autor, 2008.  


A voz do mar
    (a Dirceu Ravelo e Marco Maciel)

Escuto a voz do mar. Ouço o rosnado
das ondas ao fazer tantos saudares
às vagas que provêm dos outros mares,
num linguajar de sal, codificado.

Os ventos trazem brumas seculares
veiculando um vendaval cansado.
Do Pólo Sul, o sopro congelado
transfere ao mar rumores regulares.

As correntes marinhas traçam rotas
sob as lépidas asas das gaivotas
no roteiro diário das jangadas.

Com fala monocórdia o mar não cala,
ouvindo o seu rosnar, lhe entendo a fala,
no silêncio abissal das madrugadas.

 - Carlos Cavalcanti, em "A gênese do tempo". Recife: Edição do Autor, 2008.



80 ANOS DO NASCIMENTO DE ALFREDO BOSI
Alfredo Bosi - foto: (...)
Alfredo Bosi nasceu em São Paulo (SP), em 26 de agosto de 1936. É casado com a psicóloga social, escritora e professora do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi, com quem tem dois filhos: Viviana e José Alfredo. Descendente de italianos, logo depois de se formar em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), em 1960, recebeu uma bolsa de estudos na Itália e ficou um ano letivo em Florença. De volta ao Brasil, assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP. Embora professor de literatura italiana,Alfredo Bosi sempre teve grande interesse pela literatura brasileira, o que o levou a escrever os livros Pré-Modernismo (1966) e História Concisa da Literatura Brasileira (1970).
Em 1970, decidiu-se pelo ensino de literatura brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, da qual é professor titular de Literatura Brasileira. Ocupou a Cátedra Brasileira de Ciências Sociais Sérgio Buarque de Holanda da Maison des Sciences de l’Homme (Paris).
Foi vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP de 1987 a 1997. Nesse último ano, em dezembro, passou a ocupar o cargo de diretor. Entre outras atividades no IEA, coordenou o Programa Educação para a Cidadania (1991-96), integrou a comissão coordenadora da Cátedra Simón Bolívar (convênio entre a USP e a Fundação Memorial da América Latina) e coordenou a Comissão de Defesa da Universidade Pública (1998).
Desde 1989 é editor da revista Estudos Avançados.
Sétimo ocupante da Cadeira nº 12, eleito em 20 de março de 2003, na sucessão de Dom Lucas Moreira Neves e recebido em 30 de setembro de 2003 pelo acadêmico Eduardo Portella.

:: Saiba mais sobre o professor, crítico, historiador de literatura Alfredo Bosi. Acessando AQUI!


80 ANOS DO NASCIMENTO DE ASTRID CABRAL
Astrid Cabral Félix de Sousa (Manaus, 25 de setembro de 1936) é poeta, contista, professora e funcionária pública brasileira. Viúva do poeta Afonso Felix de Sousa. Diplomada em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em língua inglesa e literatura norte-americana pelo Teacher's Training Course do IBEU.
:: Saiba mais sobre a poeta Astrid Cabral (1936-2016). Acessando AQUI!



80 ANOS DO NASCIMENTO DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
Luis Fernando Verissimo nasceu em
26 de setembro de 1936, em Porto Alegre (RS), onde mora até hoje – embora exercite com freqüência sua paixão por conhecer novos países e cidades. Ele viaja, observa, investiga – sempre com muita simpatia e discrição. O que não fala, escreve. Sorte dos leitores, presenteados com seus livros e suas colunas publicadas nos jornais O Globo, O Estado de São Paulo, Zero Hora e Expresso (português), entre outros. Verissimo é dono de uma vasta obra literária – que inclui livros infantojuvenis, de humor, quadrinhos, crônicas e romances – publicados no Brasil e no mundo. Muitos livros seus ganharam adaptações para o cinema, a TV e o teatro.
:: Sabia mais sobre escritor Luis Fernando Verissimo (1936-...). Acessando AQUI!


"A melhor maneira de respeitar um autor é fazer alguma coisa com o que ele fez. Eu adorava que fizessem alguma coisa com o que fiz. Respeitar é continuar, como se fosse um diálogo, uma conversa."
- Gonçalo Tavares, em "Mil Folhas, público" (2005). 


OUTRAS DATAS COMEMORATIVAS EM 2016
2016: centenário da morte de Cervantes e Shakespeare. Acesse AQUI!
- Centenários de 2016. Acesse AQUI!


Literatura classical


© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske

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** Página atualizada em 18.1.2016.



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Luis Fernando Verissimo - o cronista

Luis Fernando Verissimo - foto: (...)
"O perigo afinal não são as palavras, é o sentido que fazem das palavras." 
- Luis Fernando Verissimo (18.10.2001).
 

Luis Fernando Verissimo (nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre (RS), onde mora até hoje. Cronista, contista, romancista, cartunista, jornalista, poeta. Filho do escritor Erico Verissimo (1905 - 1975), vive dos 7 aos 9 anos, entre 1943 e 1945, nos Estados Unidos, em função do trabalho do pai, frequentando escolas em São Francisco e Los Angeles. Pelo mesmo motivo, a família retorna ao país norte-americano em 1953, desta vez a Washington, onde Luis Fernando completa os estudos na Roosevelt High School e estuda música. De volta a Porto Alegre, em 1956, começa a trabalhar na Editora Globo. Entra para o Zero Hora em 1967, jornal em que tem sua primeira coluna diária desde 1969 - interrompida apenas entre 1970 e 1975, quando transfere a colaboração para a Folha da Manhã. A primeira reunião desses textos, O Popular, é publicada em 1973, pela editora José Olympio. A partir de 1975, colabora também para o Jornal do Brasil. Em 1977, é editado o volume As Cobras e Outros Bichos, primeira reunião em livro de As Cobras, tiras que produz por 20 anos. Um de seus mais famosos personagens, o detetive Ed Mort, surge em Ed Mort e Outras Histórias, de 1979. Já a Velhinha de Taubaté e o Analista de Bagé aparecem na década seguinte, em livro lançados respectivamente em 1981 e 1983 - ambos com sucesso imediato de público. Mantém uma página de humor na revista Veja, de 1982 a 1989, ano em que passa a assinar coluna dominical no jornal O Estado de S. Paulo. Seu segundo romance, Borges e os Orangotangos Eternos, sai em 2000, e seus primeiros poemas, Poesia numa Hora Dessas?, em 2002. Desde 2003, quando opta por reduzir sua colaboração para a imprensa, mantém colunas semanais em O Globo e O Estado de S. Paulo.
Luís Fernando Verissimo - foto: Marcelo Curia
Comentário Crítico
Um dos mais populares autores brasileiros, Luis Fernando Verissimo define o escritor como um "gigolô das palavras": deve utilizá-las como lhe convém, sem se importar com os rigores das normas. "Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical de suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel [...]. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção", escreve em uma de suas crônicas.
Esse breve trecho pode ser tomado como uma espécie de programa de seu projeto literário. Mais imediatamente, pela defesa da informalidade na escrita, já que esta obra se fundamenta na linguagem simples e direta, sempre em busca do despojamento. E, ainda, pelo tratamento dado à dimensão metalinguística, pelo efeito humorístico alcançado a partir da comparação e pelo poder de síntese oferecido pela figura do gigolô.
Para Maria da Gloria Bordini, os textos de Verissimo provocam a reflexão e o riso a partir de um efeito de "vertigem": trata-se recorrentemente de um movimento que prepara as expectativas do leitor simplesmente para traí-las. A subversão dos clichês seria, nesse sentido, procedimento exemplar, como no caso da crônica Vivendo e..., em que o narrador conclui: "Na verdade, deve-se revisar aquela frase. É vivendo e desaprendendo".
O mesmo efeito pode ser alcançado pela mescla de tons ou gêneros. Em Ri, Gervásio, por exemplo, a situação é inicialmente cômica: um produtor não consegue dirigir uma claque de humor por sentir a falta de Gervásio, funcionário que havia pedido demissão e cuja risada tornava o conjunto mais contagiante. A razão para que ele tenha deixado o trabalho é inicialmente trágica. O personagem, representante daquela "gente aposentada atrás de um dinheiro extra", está com problemas familiares.

A situação seria apenas típica se não houvesse a amplificação radical do retrato da tragédia. "Gervásio não estava com problemas em casa porque não tinha mais casa. Fora destruída num incêndio, junto com todos os seus bens, inclusive a mãe de 80 anos [...]." Os apelos do produtor para que o protagonista volte ao trabalho tornam-se progressivamente mais desesperados à medida que se somam os traços da desgraça: a morte do genro, cuja família inicia um processo contra a filha de Gervásio; a partida da mulher, com o que sobra de seus pertences; o envolvimento do filho com as drogas. Sendo obrigado a rir, o integrante da claque tem motivos apenas para chorar.
Luis Fernando Verissimo - foto: estadão
Subversão é o que ocorre também quando o autor atribui tratamento cômico a assuntos geralmente abordados com mais rigor - como a política e a economia. Aos olhos do cronista, por exemplo, um fictício combate entre países da América espanhola jamais seria levado adiante. Isso porque, como se retrata em Guerra, os exércitos entenderiam o aviso de mobilização como ordem para depor o governo local vigente, automaticamente se dirigindo ao palácio para derrubar o presidente. Em uma paródia das ditaduras militares estabelecidas no continente durante o século XX, um coronel diz a seu superior: "Brigar com gente de fora... Não sei. Acho até meio falta de ética, general".
A crítica aos economistas surge de maneira despretensiosa, aliada à reflexão metalinguística. É o que ocorre em O Jargão, crônica que também ilustra uma das obsessões do autor, o falseamento do significado das palavras. Após imaginar-se em seu veleiro, dando ordens para a tripulação recolher a "traquineta [...] Quebrar o lume da alcatra e baixar a falcatrua", conclui: "Quem garantiria que o meu enfoque diferente [...] não era uma novidade que mereceria estudo, já que ninguém parece mesmo saber o que é o certo?".

Esse deslocamento dos vocábulos - atitude de quem, como um gigolô, os emprega como deseja, atribuindo-lhes novos significados - tem paralelo no modo como Verissimo se apropria da tradição literária. Em uma paródia do bíblico Cântico dos Cânticos, os atributos típicos da amada são substituídos por lugares-comuns da vida moderna. É o que ocorre, por exemplo, à arquetípica doce respiração da mulher: "O teu hálito é como o monóxido de carbono que sobe das ruas, e eis que desfaleço".
Desse efeito vertiginoso, iniciado na leveza e encerrado com o contraponto entre o efeito risível e o sentimento de melancolia, Luis Fernando Verissimo extrai a crítica ao cinismo e à hipocrisia da classe média, ao autoritarismo, à injustiça social e à corrupção da política brasileira. 

:: Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. (acessado em 16.1.2016).


Luis Fernando Verissimo - foto: (...)
Uma poesia
não é feita com palavras.
A poesia já existe.
A gente só põe as palavras em
volta para ela aparecer
— como as bandagens do

homem invisível, lembra?
- Luis Fernando Verissimo, em "Poesia numa hora dessas?!". Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.


Além da literatura, as viagens, o jazz (ele toca saxofone no grupo Jazz 6), a comida e o futebol estão entre as paixões de Verissimo. Seu amigo, o jornalista Zuenir Ventura escreveu na orelha do livro Conversa sobre o tempo, que fizeram juntos, mediados por Arthur Dapieve: “Tudo em Verissimo – a emoção, o lirismo, o drama e até a erudição de quem leu, viveu, ouviu e assistiu do bom e do melhor – é contido e temperado pela autoironia e por um humor generoso e irresistível”.
:: Fonte: Agência Riff. (acessado em 16.1.2016).



"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda."
 

- Luis Fernando Veríssimo, em "O gigolô das palavras". Porto Alegre: L&PM, 1982.


Luis Fernando Verissimo - foto: (...)

OBRAS DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
Contos e crônicas

Luís Fernando Veríssimo, por Diogo
:: O popular. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1973.
:: A grande mulher nua. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1975.
:: Amor brasileiro. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1977.
:: O rei do rock. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
:: Ed Mort e outras histórias. Porto Alegre: L&PM, 1979.
:: Sexo na cabeça. Porto Alegre: L&PM, 1980.
:: O Analista de Bagé. Porto Alegre: L&PM, 1981.

:: A mesa voadora. Porto Alegre: Globo,  1982.
:: O gigolô das palavras. [seleção Maria da Glória Bordini]. Porto Alegre: L&PM, 1982.
:: Outras do Analista de Bagé. Porto Alegre: L&PM, 1982.

:: A velhinha de Taubaté. Porto Alegre: L&PM, 1983.
:: A mulher do Silva. Porto Alegre: L&PM, 1984.
:: A mãe de Freud. Porto Alegre: L&PM, 1985.
:: O marido do Doutor Pompeu. Porto Alegre: L&PM, 1987.
:: Zoeira. [seleção Lucia Helena Verissimo e Maria da Glória Bordini]. Porto Alegre: L&PM, 1987.
:: Orgias. Porto Alegre: L&PM, 1989;
São Paulo: Objetiva, 2005, 136p.
:: Pai não entende nada. (coleção jovem). Porto Alegre: L&PM, 1990.

:: Peças íntimas. Porto Alegre: L&PM, 1990.
:: O suicida e o computador. Porto Alegre: L&PM, 1992.
:: Comédias da vida pública. Porto Alegre: L&PM, 1995.
:: A versão dos afogados - novas comédias da vida pública. Porto Alegre: L&PM, 1997.

:: Histórias brasileiras de verão Rio de Janeiro: Objetiva, 278p.
:: Aquele estranho dia que nunca chega. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999, 238p.
:: A eterna privação do zagueiro absoluto.
Rio de Janeiro: Objetiva, 1999, 194p.
Luís Fernando Veríssimo, por Fraga
:: As noivas do Grajaú. (antologia). Porto Alegre: Editora Mercado, 1999.
:: As mentiras que os homens contam.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, 168p.
:: As mentiras que os homens contam. (edição de bolso).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, 166p.
:: A mesa voadora.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, 156p.
:: Sexo na cabeça.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 144p.
:: Todas as histórias do Analista de Bagé.
(antologia). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 80p.
:: Banquete com os Deuses.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2003, 232p.
:: O nariz e outras crônicas. (coleção para gostar de ler). São Paulo: Ática, 2003, 96p.
:: O melhor das comédias da vida privada.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2004, 292p.
:: A mancha. (coleção vozes do Golpe). São Paulo: Companhia das Letras, 2004, 70p.
:: O mundo é bárbaro: e o que nós temos a ver com isso.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, 160p.
:: Comédias brasileiras de verão.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, 192p.
:: Time dos sonhos - paixão, poesia e futebol.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, 144p.
:: Crônicas para se ler na escola. (no prelo).
Rio de Janeiro: Objetiva
:: Ed Mort: todas as histórias.
(antologia). Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, 80p.
:: Em algum lugar do paraíso.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, 200p.
:: Diálogos impossíveis.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, 176p.
:: Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2013, 168p.
:: Amor Verissimo.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, 100p.
:: As mentiras que as mulheres contam.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2015, 176p.
Romances
Luís Fernando Veríssimo, por Novaes
:: O jardim do diabo. Porto Alegre: L&PM, 1987; Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, 184p.
:: Gula: o clube dos anjos. (coleção plenos pecados). Rio de Janeiro: Objetiva, 1998, 132p.
:: Gula: o clube dos anjos. (edição de bolso).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, 142p.
:: O opositor. (coleção cinco dedos de prosa).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2004, 140p.
:: A décima segunda noite. (coleção devorando Shakespeare).
Rio de Janeiro: Objetiva, 2006, 149p.
:: Borges e os orangotangos eternos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, 136p.

:: Os espiões. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2009, 144p.

Poesia
:: Poesia numa hora dessas?!.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 108p.

Biografia

:: Internacional - autobiografia de uma paixão. (coleção Camisa 13). Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, 140p.

Relatos de viagem e culinária
 :: Traçando New York. [ilustrações Joaquim da Fonseca]. Rio de Janeiro: Editora Artes e Ofícios, 1991.
:: Traçando Paris. [
ilustrações Joaquim da Fonseca].
Rio de Janeiro: Editora Artes e Ofícios, 1992.
:: Traçando Porto Alegre. [
ilustrações Joaquim da Fonseca].
Rio de Janeiro: Editora Artes e Ofícios, 1993.
:: Traçando Roma. [ilustrações Joaquim da Fonseca].
Rio de Janeiro: Editora Artes e Ofícios, 1993.
:: América. [ilustrações  Eduardo Reis de Oliveira]. Rio de Janeiro: Editora Artes e Ofícios, 1994.
 :: Traçando Japão. [ilustrações Joaquim da Fonseca]. Rio de Janeiro: Editora Artes e Ofícios, 1995.
:: Traçando Madrid. [
ilustrações Joaquim da Fonseca]. Porto Alegre: Editora Artes e Ofícios, 1997. 

Luís Fernando Veríssimo, por (...)
 
Infantil e juvenil
:: Pof [ilustrações Luis Fernando Veríssimo; concepção e projeto gráfico Rodrigo John].. (Coleção Flip Tum). Porto Alegre: Projeto,  2000.

:: Comédias para se ler na Escola.Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, 142p.
:: Festa de criança. [ilustrações Caulos].. (coleção para gostar de ler Junior). São Paulo: Ática, 2001, 134p.

:: O santinho. Porto Alegre: L&PM, 1991, 44p.; reedição [ilustrações Glenda Rubinstein]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, 64p.
:: O arteiro e o tempo. [ilustrações Glauco Rodrigues]. São Paulo: Berlendis & Vertecch, 2006, 54p.
:: Mais comédias para Ler na Escola
.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, 144p.
:: O cachorro que jogava na ponta esquerda. São Paulo: Rocco, 2010, 80p.

Cartuns e histórias em quadrinhos - HQ
:: As cobras. Porto Alegre: Editora Milha, 1975.
:: As cobras e outros bichos. Porto Alegre: L&PM, 1977.
:: As cobras do Verissimo. Porto Alegre: Editora Codecri, 1978.
:: O Analista de Bagé em quadrinhos. [ilustrações e cartuns Edgar Vasques]. Porto Alegre: L&PM, 1983.

:: Aventuras da família Brasil. Porto Alegre: L&PM, 1985; Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, 76p.
Luis Fernando Veríssimo, por André Luicci
 :: Ed Mort em Procurando o Silva. [ilustrações Miguel Paiva]. Porto Alegre: L&PM, 1985.
:: As cobras. Vols I, II e III. Rio de Janeiro: Editora Salamandra, 1987.
:: Ed Mort em Disneyworld Blues. [ilustrações Miguel Paiva]. Porto Alegre: L&PM, 1987.
:: Ed Mort em com a mão no Milhão. [ilustrações Miguel Paiva]. Porto Alegre: L&PM, 1988.
:: Ed Mort em Conexão Nazista. [ilustrações Miguel Paiva]. Porto Alegre: L&PM, 1989.

:: Ed Mort em o sequestro do Zagueiro Central. [ilustrações Miguel Paiva]. Porto Alegre: L&PM, 1990. 
:: A família Brasil. Porto Alegre: L&PM, 1993.
:: As cobras em se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 1997. 
:: Aventuras da família Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, 76p.
:: As melhores do Analista de Bagé. [ilustrações e cartuns Edgar Vasques].
Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, 88p.
:: As cobras – antologia definitiva.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, 196p.

Áudio-livro
:: As mentiras que os homens contam. (duração 3h00). São Paulo: Plugme, 2008.
:: Todas as histórias do Analista de Bagé. (duração 2h00). São Paulo: Plugme, 2010.


Em parceria - crônica e ensaio
:: Humor nos tempos do Collor. [com Millôr Fernandes e Jô Soares]. Porto Alegre: L&PM, 1992.
:: Pega pra Kaputt!. [com Moacyr Scliar, Josué Guimarães e Edgar Vasques]. Porto Alegre: L&PM, 1978; 2004, 134p.
:: Conversa sobre o tempo. [com Zuenir Ventura e Arthur Dapieve]. São Paulo: Agir, 2010, 254p.

Luis Fernando Veríssimo, por Wemerson Diniz
Antologias e coletâneas (participação)
:: QI 14. [Edgar Vasques; Borges; Juska; Verissimo; Santiago et Al].. (coleção Guaipeca). Garatuja, 1975.
:: O tubarão. Porto Alegre: L&PM, 1976.
:: Antologia brasileira do humor. [vários autores]. 2 vols. Porto Alegre: L&PM, 1976.
:: Humor de sete cabeças (charges e cartuns). Porto Alegre: Sulbrasileiro Seguros Gerais, 1978.
:: Condomínio (Revista Oitenta nº 2). Porto Alegre: L&PM, 1980.
:: Toda a verdade sobre Brigitte D’Anjou (Revista Oitenta nº 3). Porto Alegre: L&PM, 1980.
:: Para gostar de ler. volume 7 - Crônicas. São Paulo: Ática, 1981.
:: Temporal na Duque (Revista Oitenta nº 5). Porto Alegre: L&PM, 1981.
:: Memórias (Revista Oitenta nº6). Porto Alegre: L&PM, 1982.
:: Rodízio de contos. [organização Arnaldo Campos]. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
:: O novo conto brasileiro. [organização Malcom Silverman]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
:: Sombras e luzes - um olhar sobre o século. [organização Hélio Nardi Filho]. Porto Alegre: L&PM, 1989.
:: Crônicas de amor. Porto Alegre: Ceres, 1989.
:: A palavra é humor. São Paulo: Scipione, 1990.
:: Cronistas do Estadão. [organização Moacir Amâncio]. São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1991.
:: Nós, os gaúchos. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1992.
:: Para gostar de ler. volume 13 - Histórias divertidas. São Paulo: Ática, 1993.
:: Separatismo - Corta essa! (cartuns). Porto Alegre: L&PM, 1993.
:: A cidade de perfil. [organização Sérgio Faraco]. Porto Alegre: Centro Cultural Porto Alegre, 1994.
:: Amigos secretos. Rio de Janeiro: Artes e Ofícios, 1994.
:: E o Bento levou (charges). Porto Alegre: Mercado Aberto, 1995.
:: Passeios pela Zona Norte. Rio de Janeiro: Centro Cultural Gama Filho, 1995.
:: O Rio de Janeiro continua lindo. [organização Adam Grzybowski]. Rio de Janeiro: Memória Viva, 1995.
:: Continente Sul/Sur. Porto Alegre: IEL, 1996.

Luís Fernando Veríssimo, por Cavalcante
:: Democracia: cinco princípios e um fim. [ilustrações Siron Franco; organização Carla Rodrigues].. (Coleção Polêmica). São Paulo: Moderna, 1996.
:: Contos brasileiros. [organização Sérgio Faraco]. Porto Alegre: L&PM, 1996.

:: Contos para um Natal brasileiro. [vários autores]. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996.
:: Porto Alegre - memória escrita. [organização Zilá Bernd]. Porto Alegre: Universidade Editorial, 1998.
:: Para gostar de ler. volume 22 - Histórias de amor. São Paulo: Ática, 1999.
:: Os cem melhores contos brasileiros do século. [organização Ítalo Moriconi]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
:: O desafio ético. [Organização Ari Roitman]. São Paulo: Garamond, 2000.
:: Para entender o Brasil. [organização Luiz Antonio Aguiar]. São Paulo: Alegro, 2001. 


Algumas crônicas na rede de Luis Fernando Verissimo
VERISSIMO, Luis Fernando. Millôr: Palavras, palavras. in: blog do IMS. Disponível no link. (acessado em 16.01.2016). 
VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: ______. Para gostar de ler; Luis Fernando Verissimo: o nariz e outras crônicas. 10ª ed. v. 14. São Paulo: Ática, 2002. p. 77 e 78. Disponível em Ensino Medio Digital/FGV. (acessado em 16.1.2016). 

Entrevistas com Luis Fernando Verissimo
Luis Fernando Verisssimo - foto: Revista Rolling Stone Brasil/divulgação
AZAREDO, Marina. "Já escrevi muita porcaria", diz Luis Fernando Verissimo. [entrevista]. in: Diversão - Portal Terra, 20 de julho de 2012. Disponível no link. (acessado em 17.1.2016).
FONSECA, Eder. “O importante é escrever com clareza”. [entrevista]. in: Panorama Mercantil, 14 de janeiro de 2015. Disponível no link. (acessado em 17.01.2016).
LUCCHESE, Alexandre. Luis Fernando Verissimo: "Há gente pedindo a volta da ditadura. Isso é inconcebível". [entrevista]. in: Zero Hora, 5 de outubro de 2015. Disponível no link. (acessado em 17.1.2016).
MOREIRA, Carlos André. Luis Fernando Verissimo fala da literatura como um mistério a ser solucionado. in: Zero Hora, 4.1.2014. Disponível no link. (acessado em 17.1.2016).
RIBEIRO, Matheus. Entrevista com Luis Fernando Verissimo. [entrevista]. in: Terceiro Tempo, 6 de abril de 2014. Disponível no link. (acessado em 17.1.2016).
STABILE, Luciana. Luis Fernando Verissimo fala sobre o ofício de escritor e seu novo livro de crônicas. [entrevista]. in: Saraiva Conteúdo, 16.11.20111. Disponível no link. (acessado em 17.1.2016). 
VASSALO, Márcio. Luis Fernando Verissimo - Com uma vida rodeada de poesia. [entrevista]. in: Agência Riff, 29.11.2011. Disponível no link. (acessado em 16.1.2016).


AFORISMOS E EXCERTOS DA OBRA DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
"A multiplicidade humana é isso. A tragédia é essa. Dois nunca são só dois, são dezessete de cada lado. E quando você pensa que conhece todos, aparece o décimo oitavo." 
— Luis Fernando Verissimo, no livro “Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. 


"Minha defesa: nunca na história do mundo o amor corrompeu alguém. Pode ter aleijado, pode ter matado, mas nunca sujou" 
— Luis Fernando Verissimo, no livro “Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. 


"Mas a culpa mesmo, delegado, não é do nariz, não é dela e não é minha. A culpa é da inconstância humana. Ninguém é uma coisa só, nós todos somos muitos. E o pior é que de um lado da gente não se deduz o outro, não é mesmo?" 
— Luis Fernando Verissimo, no livro “Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.


"A Bíblia tem tudo para acompanhar uma insônia: enredo fantástico, grandes personagens, romance, o sexo em todas as suas formas, ação, paixão, violência — e uma mensagem positiva. Recomendo “Gênesis” pelo ímpeto narrativo, “O cântico dos cânticos” pela poesia e “Isaías” e “João” pela força dramática, mesmo que seja difícil dormir depois do Apocalipse."
— Luis Fernando Verissimo, no livro “Banquete com os deuses”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.


POEMAS DE LUIS FERNANDO VERISSIMO

Limpeza pública
O poeta é um reciclador
Das palavras de todo dia
Do verbo de toda hora
Que se usa e bota fora
Separa o descartável
Do reaproveitável
E o bonito da bobagem.
A poesia
É o lixo limpo
Da linguagem.

- Luis Fernando Verissimo, em "Poesia numa hora dessas?!". Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.


O corpo e a mente
têm biografias separadas,
cada um sua memória própria,
seu próprio jogo de charadas.
Meu corpo tem lembranças
— cheiros, tiques, andanças —
que a mente não registrou
e o corpo não tem as marcas
de metade do que a mente passou.
(Pior que uma mente insana
num corpo sem muito assunto
é um corpo que já foi ao Nirvana
sem que a mente tenha ido junto.)
Cada um tem um passado
do qual o outro não tem pista
(como um bilhete amassado)
e nem o Mahabarata
explica uma mente anarquista
num corpo socialdemocrata.
Compartilham bioplasmas
e o gosto por certas atrizes,
mas não têm os mesmos fantasmas
nem as mesmas cicatrizes.
Das duas, uma, gente:
ou toda mente é de outro corpo
— ou todo corpo mente.

- Luis Fernando Verissimo, em "Poesia numa hora dessas?!". Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.


Tu e eu
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.

Luís Fernando Veríssimo, por Fraga
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobo
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.

És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu, ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu, multo.
Eu, carístico.

És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu, cano.
Eu, clidiano.

Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu, tano.

Eu, femismo. 
- Luis Fernando Verissimo, em "Poesia numa hora dessas?!". Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

  

Luis Fernando Verissimo - foto: Eduardo Nicolau/Estadão

FORTUNA CRÍTICA DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
ANTONIO, Andréia Simoni Luiz. Mosaicos da memória: estudo da crônica humorística de Luís Fernando Veríssimo. (Tese Doutorado em Estudos Literários). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, 2006. Disponível no link. (acessado em 16.1.2016).
AUTORES GAÚCHOS. Luís Fernando Veríssimo. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro, 1984.
BATALHA, M. M.; PINTO, M. da C. A armadilha ficcional de Luís Fernando Veríssimo. Revista Cult, ano IV, p. 4-9, abr. 2001.
KONZEN, Paulo Cezar. Crônica e crítica: comicidade e contestação em Luis Fernando Verissimo. (Dissertação  Mestrado em Letras).  Universidade Estadual  de  Londrina, UEL, 2000.
Luís Fernando Veríssimo, por Baptistão
LUFT, Celso Pedro. Língua & Liberdade: O gigolô das palavras. Por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. 
MADEIRA, Ana Maria Gini. Da produção à recepção: Uma análise discursiva das crônicas de Luis Fernando Veríssimo. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2005. Disponível no link. (acessado em 16.1.2016).  
OLIVEIRA, Daniele de.. A construção discursiva da ironia em crônicas políticas de Luis Fernando Verissimo. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, 2006. Disponível no link. (acessado em 16.1.2016).
PEREIRA JR., L. C.. Figura da Linguagem – Luís Fernando Veríssimo. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 2, nov. 2005, p.12-15.
SANTOS, Nathália Rocha dos.. Luis Fernando Verissimo: estudo das estratégias argumentativas nas crônicas publicadas no jornal O Globo. Cadernos do CNLF, Vol. XIV, Nº 4, t. 3. Disponível no link. (acessado em 16.1.2016). 
TEIXEIRA, Tatiana Gonçalves. A ironia do efêmero: análise das crônicas políticas de Carlos Heitor Cony, Machado de Assis e Luiz Fernando Veríssimo. (Tese Doutorado em Comunicação e Cultura). Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2003.
TEIXEIRA, Tatiana Gonçalves. A crônica política no Brasil –um estudo das características e dos aspectos históricos a partir da obra de Machado de Assis, Carlos Heitor Cony e Luis Fernando Veríssimo. in: BOCC.UBI/PT. Disponível no link. (acessado em 16.1.2016).
TORERO, J. R.. Veríssimo entra duro nas divididas. Folha de S. Paulo , São Paulo, 8 jan. 2000, p. 10.
VIEIRA, M. Z. M.. A função da polissemia em “Pontos”, de Luís Fernando Veríssimo. Revista Uniletras. Paraná/UEPG, n.16, 1994, p. 37-48.

FAMÍLIA
Erico Verissimo com os filhos, Clarissa e Luis Fernando

Erico Verissimo ao lado da esposa Mafalda e dos filhos Clarissa e Luis 
Fernando no aeroporto de Miami, em 1943.


AMIGOS
Luis Fernando Verissimo,  Millôr Fernandes e Ariano Suassuna - foto: José Paulo Cavalcanti Filho


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AGENCIA
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EDITORAS
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:: Ática - São Paulo (SP) 
:: Berlendis - São Paulo (SP)
:: Companhia das Letras - São Paulo (SP)
:: Editora Objetiva - Rio de Janeiro (RJ)
:: Epu - São Paulo (SP)
:: Globo - Porto Alegre (RS)
:: José Olympio - Rio de Janeiro (RJ)
:: LP&M Editores - Porto Alegre (RS)
:: Mercado Aberto - Porto Alegre (RS)
:: Projeto - Porto Alegre (RS) 


LUIS FERNANDO VERISSIMO NOS JORNAIS
:: Coluna - O Globo
:: Coluna - Estadão
 

OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Acervo do Estadão
:: Conto Brasileiro
:: Editora Objetiva - Luis Fernando Verissimo
:: Enciclopédia Itaú Cultural 
:: Releituras



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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Luis Fernando Verissimo - o cronista. Templo Cultural Delfos, janeiro/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 17.1.2016.



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