- Ferreira Gullar, na revista Cult, nº 3, out./1997.
"Eu não quero ter razão, eu quero é ser feliz."
- Ferreira Gullar
Nascido em 10 de setembro de 1930, em São Luis (MA) - 4 de dezembro de 2016, Rio de Janeiro (RJ), Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, é poeta, ensaísta, crítico de arte, autor teatral e tradutor.
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Ferreira Gullar, por Diogo D'Auriol |
Sobre o pseudônimo, o poeta declarou o seguinte:
"Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Airton Dalass Coteg Sousa Ribeiro Dasciqunta Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome."
Ferreira Gullar, filho do comerciante Newton Ferreira e de Alzira Ribeiro Goulart, estuda no Colégio São Luiz de Gonzaga. Aos 18 anos, trabalha como redator no Diário de São Luís, e um ano depois publica seu primeiro livro, Um Pouco Acima do Chão. Em 1951, muda-se para o Rio de Janeiro, onde trabalha como jornalista nas revistas O Cruzeiro, Manchete e no Jornal do Brasil. Em 1954, publica o livro A Luta Corporal e conhece os poetas Augusto de Campos (1931- ), Haroldo de Campos (1929-2003) e Décio Pignatari (1927- ). Gullar participa da fase inicial do movimento concretista, inclusive da Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SPRJ, em 1956. No ano seguinte, rompe com os poetas concretos após ler um artigo de Haroldo de Campos para o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, intitulado "Da psicologia da composição à matemática da composição".
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Ferreira Gullar, por Carval |
Em resposta a esse texto, escreve outro artigo, "Poesia Concreta: experiência fenomenológica", publicado no mesmo jornal, em 1957. Gullar discorda do que considera um racionalismo excessivo da Poesia Concreta e defende uma maior subjetividade, o que resulta na criação do movimento neoconcreto, do qual participam artistas plásticos como Hélio Oiticica (1937 - 1980), Lygia Clark (1920 - 1988) e poetas como Reynaldo Jardim. O Manifesto Neoconcreto é publicado em 1959, no Jornal do Brasil, e nesse mesmo ano é realizada a I Exposição Neoconcreta. As idéias do movimento são expostas na Teoria do Não-Objeto, que Gullar também publica nesse ano. No início da década de 1960, escreve poemas de cordel, como João Boa Morte, Cabra Marcado pra Morrer, em que predomina uma linguagem referencial, de conteúdo político. Em 1962, é eleito presidente do Centro Popular de Cultura - CPC da União Nacional dos Estudantes (UNE) e dois anos depois filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Com a decretação AI-5, em 1968, o poeta é preso, juntamente com o jornalista Paulo Francis e os músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil. Obrigado a exilar-se em 1971, reside em cidades como Paris, Moscou, Santiago, Lima e Buenos Aires, e envia artigos para o jornal O Pasquim. Escreve no exílio o seu livro mais conhecido, o Poema Sujo (1976). Em 1977, retorna ao Brasil, escreve para o teatro e a televisão. Três anos depois, é publicada uma edição de sua poesia completa, com o título de Toda Poesia (reeditada em 1999, com o acréscimo de obras recentes). Gullar é reconhecido também como crítico de artes plásticas, tendo publicado vários títulos nessa área, entre eles Sobre Arte (1983) e Etapas da Arte Contemporânea: do Cubismo à Arte Neoconcreta (1998).
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Ferreira Gullar - foto: (...) |
"A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz."
- Ferreira Gullar, em artigo "Corpo a corpo com a linguagem", publicado em 1999.
CRONOLOGIA DE FERREIRA GULLAR
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Ferreira Gullar, por Dodô |
1943 - Apaixonado por uma menina, Gullar, que tinha o apelido de "Periquito", decide abrir mão de seus dois grandes amigos, "Esmagado" e "Espírito da Garagem da Bosta", e ficar recluso dentro de casa lendo e escrevendo poemas.
1945 - Uma redação sobre o Dia do Trabalho obtém nota nove e a professora diz que só não deu dez porque havia dois erros de português. O menino Gullar acha que descobriu sua vocação e decide estudar português para se tornar escritor. Durante dois anos, só lerá gramáticas. Esta mesma redação será o ponto de partida para o soneto "O trabalho", o primeiro poema de Gullar publicado em jornal.
1948 - Gullar colabora no suplemento literário do "Diário de São Luís".
1949 - "Um pouco acima do chão", seu primeiro livro, é publicado com o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias e com recursos próprios. Mais tarde ele excluiria essa obra da sua bibliografia.
1950 - Gullar vê a polícia matar um operário num comício. Locutor da Rádio Timbira, que era do governo estadual, Gullar nega-se a ler em seu programa uma nota oficial que apontava os comunistas como responsáveis pelo crime. Acaba sendo demitido. No mesmo ano, seu poema "O galo" vence um concurso do "Jornal de letras", cuja comissão julgadora era composta por Manuel Bandeira, Odylo Costa, filho e Willy Lewin.
1951 - Transfere-se para o Rio, adoece de tuberculose, cura-se e passa a trabalhar na revista do Instituto de Aposentadoria dos Comerciários. Torna-se amigo de Mário Pedrosa e dos jovens pintores da época. Começa a escrever sobre arte. Trabalha como revisor de textos na revista "O Cruzeiro".
1954 - Lançado o livro de poemas "A luta corporal", que vinha sendo escrito desde 1950. Seu projeto gráfico inovador rende a Gullar um desentendimento com os tipógrafos. Depois de lerem o livro, os poetas Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, que viriam a criar o concretismo, decidem conhecê-lo. Gullar vai trabalhar como revisor (e depois redator) na revista "Manchete" e casa-se com a atriz Thereza Aragão, com quem teria os filhos Luciana, Paulo e Marcos.
1955 - Depois de trabalhar como redator no "Diário Carioca", Gullar integra a equipe que elabora o "Suplemento Dominical do Jornal do Brasil" e deflagra a renovação do próprio jornal.
1956 - Em dezembro, Gullar participa da I Exposição Nacional de Arte Concreta, aberta no Museu de Arte Moderna de São Paulo e montada depois no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro.
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Ferreira Gullar, por Jorge Inácio |
1958 - Lança o livro "Poemas".
1959 - Gullar escreve o "Manifesto neoconcreto" e a "Teoria do não-objeto", que imprimem um novo rumo à vanguarda brasileira. O manifesto, publicado por ocasião da I Exposição Neoconcreta, foi assinado também por Amílcar de Castro, Aluísio Carvão, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lígia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis.
1961 - Nomeado diretor da Fundação Cultural de Brasília, Gullar começa a ver com outros olhos o experimentalismo que até então marcava sua obra. Começa a construir o Museu de Arte Popular e abandona a vanguarda. Sai da fundação em outubro.
1962 - Ao ingressar no Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gullar assume um trabalho mais engajado politicamente, publicando cordéis inclusive. Trabalha como redator na sucursal carioca de "O Estado de São Paulo", jornal ao qual estaria ligado por quase 30 anos.
1963 - É eleito presidente do CPC.
1964 - Filia-se no dia do golpe militar, 1º de abril, ao Partido Comunista, e a primeira edição de seu ensaio "Cultura posta em questão", publicada no ano anterior, é queimada por militares dentro da sede da UNE. Funda o Grupo Opinião ao lado de Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes, Armando Costa, Thereza Aragão, João das Neves, Denoy de Oliveira e Pichin Pla.
1966 - Escrita em parceria com Oduvaldo Vianna Filho, a peça "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" é encenada no Rio pelo Grupo Opinião e ganha o Molière, o Saci e outros prêmios.
1967 - O Opinião encena outro texto de Gullar, este feito em parceria com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa: "A saída? Onde fica a saída?"
1968 - Sua peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória", escrita com Dias Gomes, é montada pelo Opinião no Rio. Em dezembro é assinado o Ato Institucional nº 5 e Gullar é preso.
1971 - Seu pai morre em São Luís. Após um longo período vivendo na clandestinidade, Gullar parte para o exílio, primeiro em Moscou e depois em Santiago, Lima e Buenos Aires. Enquanto mora fora do país, colabora para "O Pasquim", "Opinião" e outros jornais usando o pseudônimo de Frederico Marques.
1974 - É absolvido pelo Supremo Tribunal Federal da acusação de pertencer ao Comitê Cultural do Partido Comunista Brasileiro.
1976 - A editora Civilização Brasileira finalmente publica "Poema sujo", lançado no Rio sem a presença de Gullar. Artistas e intelectuais tentam obter dos militares garantias para que ele possa voltar ao Brasil.
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Ferreira Gullar, por Fernandes |
1979 - Grava o disco "Antologia poética de Ferreira Gullar" pela Som Livre. Estréia "Um rubi no umbigo", primeira peça que escreve individualmente, e começa a trabalhar no núcleo de teledramaturgia da Rede Globo. Ganha o prêmio Personalidade Literária do Ano, da Câmara Brasileira do Livro.
1980 - Saem os livros "Na vertigem do dia", de novos poemas, e "Toda poesia", reunindo toda a sua obra para marcar seus 50 anos. "Poema Sujo" é adaptado para o teatro.
1985 - Gullar ganha o prêmio Molière pela sua tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand.
1987 - Lança o livro de poemas "Barulhos".
1988 - Sai o livro de ensaios "Indagações de hoje".
1990 - Lança seu único livro de crônicas, "A estranha vida banal". Morre Marcos, seu filho mais novo.
1992 - Nomeado pelo presidente Itamar Franco diretor do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura (Ibac), Gullar, que permaneceria no cargo até 1995, devolve à instituição seu antigo nome, Funarte.
1993 - Provoca polêmica com o livro "Argumentação contra a morte da arte", em que ataca as vanguardas. Morre Thereza Aragão, esposa de Gullar.
1994 - Durante a Feira do Livro de Frankfurt, conhece a poetisa Cláudia Ahimsa, sua atual companheira.
1997 - Gullar publica "Cidades inventadas", ficção.
1998 - Publica "Rabo de foguete - Os anos de exílio", livro de memórias, e é homenageado no 29º Festival Internacional de Poesia de Roterdã, na Holanda.
1999 - Lança o livro "Muitas vozes" e ganha o Prêmio Jabuti na categoria poesia. Obtém também o Prêmio Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional.
2000 - A exposição "Ferreira Gullar 70 anos" é aberta em setembro no Museu de Arte Moderna do Rio para marcar o aniversário do poeta. A editora José Olympio lança a nona edição de "Toda poesia", reunião atualizada de todos os poemas de Gullar. Ele recebe o prêmio Multicultural 2000, do jornal "O Estado de São Paulo". No final do ano, lança "Um gato chamado Gatinho ", 17 poemas sobre seu felino escritos para crianças.
2001 - É publicado na coleção Perfis do Rio “Ferreira Gullar - Entre o espanto e o poema”, de George Moura. A editora Ática reúne crônicas escritas para o “Jornal do Brasil” nos anos 60 no livro “O menino e o arco-íris”. A editora Global lança numa coleção infanto-juvenil “O rei que mora no mar”, poema dos anos 60 de Gullar.
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Ferreira Gullar, por Baptistão |
2003 - Lança pela Cosac & Naify “Relâmpagos”, reunindo 49 textos curtos sobre artes, abordando obras de Michelangelo, Renoir, Picasso, Calder, Iberê Camargo e muitos outros. Suas traduções e adaptações de “Don Quixote de la Mancha” e “As mil e uma noites” são premiadas, respectivamente, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e pela International Board on Books for Young People.
2004 - Passa a assinar uma coluna semanal de crônicas no caderno Ilustrada, na Folha de São Paulo. Eleito o "Homem de Idéias" do ano pelo Jornal do Brasil. É lançado na Suécia, pela Bokförlaget Tranan, o "Poema Sujo", traduzido por Ulla Gabrielsson.
2005 - É o ganhador de dois importantes prêmios, o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Ciência e Cultura, na categoria Literatura, e o Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras, ambos pelo conjunto da obra. O primeiro oferece R$ 100 mil e o segundo, R$ 75 mil. Publica Dr. Urubu e outras fábulas, livro de poemas para crianças, pela José Olympio, e Melhores crônicas, pela Global Editora, com seleção e prefácio de Augusto Sérgio Bastos. A Editorial Arte e Literatura lança em Cuba a antologia de poemas de Gullar "Todos te buscam". Também em 2005, pela editora Temps de Cérises, de Paris, é editado o Poema Sujo, em tradução de Jean-Michel Beaudet.
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Ferreira Gullar, por Didiu Rio Branco |
2007 - Ferreira Gullar viaja à Espanha para uma conferência sobre sua poesia e leitura de poemas em Madri e Santiago de Compostela. E vence o Prêmio Jabuti pelo livro "Resmungos".
2009 - Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano.
2010 - Recebe o Prêmio Camões, conferido pelos governos de Portugal e do Brasil. Em 15 de outubro, foi contemplado com o título de Doutor Honoris Causa, na Faculdade de Letras da UFRJ. Lança o livro “Em Alguma Parte Alguma” pela editora José Olympio; e o livro “Ossos e vozes” pela editora Contra Capa.
2011 – Recebe o Prêmio Jabuti 2011 na categoria ficção com o livro Em Alguma Parte Alguma. Lança o livro “Bananas Podres”. [com ilustrações do autor], pela editora Casa da Palavra.
2012 - Recebe o Prêmio Moacyr Scliar, por sua obra Em Alguma Parte Alguma, concedido pelo Instituto Estadual do Livro (IEL) do Rio Grande do Sul.
“A arte existe, porque a vida não basta!”
“A arte existe, porque a vida não basta!”
- Ferreira Gullar
"Quando o poema chega, é um acontecimento inusitado, uma erupção, como um vulcão. Está tudo bem e de repente ele começa a colocar fogo pela boca."
- Ferreira Gullar, na revista Cult, nº 3, out./1997.
OBRA DE FERREIRA GULLAR
Poesia
A luta corporal. Edição do autor, 1954. 3ª ed., Civilização Brasileira, 1975; 5ª ed., José Olympio, 2001. In: Toda poesia. José Olympio, 12ª ed., 2002.
Poemas. Edições Espaço, 1958.
João Boa-Morte, cabra marcado pra morrer. [cordel]. CPC-UNE, 1962.
Quem matou Aparecida?. [cordel]. CPC-UNE, 1962.
História de um valente. [cordel]. Assinado pelo pseudônimo José Salgueiro. PCB (na clandestinidade), 1966.
A luta corporal e novos poemas. José Álvaro Editor, 1966.
Por você por mim. Sped, 1968.
Dentro da noite veloz. Civilização Brasileira, 1975; 3ª ed., José Olympio, 1998. e In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Poema sujo. Civilização Brasileira, 1976; 2ª ed., 1977; 3ª ed., 1977; 4ª ed., 1979; 5ª ed., 1983; 9ª ed., José Olympio, 2001. e In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Na vertigem do dia. Civilização Brasileira, 1980. José Olympio, 2ª ed., 2004. e In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
Crime na flora ou Ordem e progresso. José Olympio, 1986; 2ª ed., 1986.
Barulhos. José Olympio, 1987; 2ª ed., 1987; 3ª ed., 1991; 4ª ed., 1997. e In: Toda poesia, José Olympio, 12ª ed., 2002.
O formigueiro. Europa, 1991.
Muitas vozes. José Olympio, 1999; 2ª e 3ª ed., 1999; 4ª ed., 2000. e In: Toda poesia. José Olympio, 12ª ed., 2002.
O rei que mora no mar. Global, 2001.
Dr. Urubu e outras fábulas. [livro de poemas para crianças]. José Olympio, 2005.
Em Alguma Parte Alguma. Editora José Olympio, 1ª ed., 2010.
Ossos e vozes. Editora Contra Capa, 1ª ed., 2010.
Bananas Podres. [com ilustrações do autor]. Editora Casa da Palavra, 1ª ed., 2011.
A estranha vida banal. José Olympio, 1989.
O menino e o arco-íris. Ática, coleção Para Gostar de Ler (volume 31), 2001.
As melhores crônicas de Ferreira Gullar. (Org. e prefácio). Augusto Sérgio Bastos. Global Editora, 2005.
Resmungos. Editora Imprensa Oficial São Paulo, IMESP, 1ª ed., 2006.
Ficção
Gamação. Global, 1996.
Cidades inventadas. José Olympio, 1997; 2ª ed., 1997.
Touro Encantado. Salamandra, 2003.
Ensaio
Teoria do não-objeto. Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, 1959.
Cultura posta em questão. Civilização Brasileira, 1965.
Vanguarda e subdesenvolvimento. Civilização Brasileira, 1969; 2ª ed., 1979, 3ª ed., 1984.
Augusto do Anjos ou morte e vida nordestina. In: Toda a poesia, de Augusto dos Anjos. Paz e Terra, 1976.
Uma luz do chão. Avenir, 1978.
Sobre arte. Avenir/Palavra e Imagem, 1982; 2ª ed., 1983.
Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta. Nobel, 1985; 2ª ed., Revan, 1998; 3ª ed., 1999.
Indagações de hoje. José Olympio, 1989.
Argumentação contra a morte da arte. Revan, 1993; 2ª ed., 3ª e 4ª ed., s.d; 5ª ed., 1997; 6ª ed., 1998.
O Grupo Frente e a reação neoconcreta. In: Arte construtiva no Brasil - Coleção Adolpho Leirner. (org.). Aracy Amaral. DBA-Melhoramentos, 1998.
Cultura posta em questão/Vanguarda e subdesenvolvimento. José Olympio, 2ª e 4ª ed., 2002.
Relâmpagos. Cosac & Naify, 2003.
Experiência neoconcreta: momento-limite da arte. Editora Cosac Naify, 2007.
Nise da Silveira. Relume-Dumará, coleção Perfis do Rio, 1996.
Memórias
Rabo de foguete. Revan, 1998; 2ª ed., 1998.
Teatro
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. [com Oduvaldo Vianna Filho]. Civilização Brasileira, 1966.
A saída? Onde fica a saída? [com Antônio Carlos da Fontoura e Armando Costa, coleção Espetáculo]. Grupo Opinião, 1967.
Dr. Getúlio, sua vida e sua glória. [com Dias Gomes]. Civilização Brasileira, 1968. Reeditado com novo título: Vargas, o dr. Getúlio, sua vida e sua glória. Civilização Brasileira, 1983.
Um rubi no umbigo. Civilização Brasileira, 1978.
Antologias
Antologia poética. Summus, 1977; 2ª ed., 1977; 3ª ed., 1979; 4ª ed., 1983; 5ª ed e 6ª ed., s.d.
Antologia poética de Ferreira Gullar. [em disco, com a voz do autor e música de Egberto Gismonti]. Som Livre, 1979.
Toda poesia. Civilização Brasileira, 1980; 2ª ed., 1981; 3ª ed., 1983. José Olympio, 4ª ed., 1987; 5ª ed., 1991; 6ª ed., 1997 (em co-edição com o FNDE); 7ª ed., 1999; 8ª ed., 1999; 12ª ed., 2002. Círculo do Livro, 1980; 2ª ed., 1981.
Ferreira Gullar. [Seleção de Beth Brait]. Abril Educação, coleção Literatura comentada, 1981.
Os melhores poemas de Ferreira Gullar. [Seleção de Alfredo Bosi]. Global, 1983; 2ª ed., 1985; 3ª ed., 1986; 4ª ed., 1990; 5ª ed., 1994.
Poemas escolhidos. Ediouro, 1989.
Melhores poemas de Ferreira Gullar. Global Editora, 2004.
"Posso fazer dez poemas por dia, porque eu sei fazer. Mas nunca farei isso. Eu sempre fui assim, sempre escrevi o poema necessário."
- Ferreira Gullar, na revista Cult, nº 3, out./1997.
- Ferreira Gullar, na revista Cult, nº 3, out./1997.
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Ferreira Gullar - foto: (...) |
TRADUÇÕES DA OBRA - EDIÇÕES ESTRANGEIRAS
Alemão
Schmuiziges Gedicht. [Poema sujo]. Tradução Curt Meyer-Clason. Frankfurt: Suhrkamp, 1985.
Faule Bananen und Andere Gedichte. Tradução Curt Meyer-Clason. Frankfurt, Verlag Maus Dieter Vervuert, 1986.
Der Grüne Glanz der Tage. Tradução Curt Meyer-Clason. München: R. Piper Gmbh & Co. Kg, 1991.
Livro-Poema. Franenfeld, Herausgeber Verlag, Suíça, 1965.
Espanhol
Barulhos. [livro de poemas]. Madri/Espanha, Bassarai Ediciones, 2006.
Todos te buscam. [antologia de poemas de Ferreira Gullar]. Cuba, Editorial Arte e Literatura, 2005.
En el Vértigo del Dia. [Na Vertigem do Dia]. México, Editorial Aldus, 1998.
Poema Sucio. [Poema sujo]. Tradução Jorge Timossi. Havana: Casa de las Américas, 2000.
Poema Sucio. [Poema sujo]. Bogotá, Editorial Norma, 1998.
Poema Sucio. [Poema sujo]. Madri, Visor Libros, 1997.
La Lucha Corporal y Otros Incendios. Caracas, Centro Simón Bolívar, 1977.
Poemas. Lima, Tierra Brasileña, 1985.
Hombre Comun y Otros Poemas. Buenos Aires: Calinanto Editorial, 1979.
Francês
Poema Sujo. Tradução de Jean-Michel Beaudet. Paris, Editora Temps de Cérises, 2005.
Holandês
Morgen is Weer Geen Andere Dag. [Amanhã ainda não será outro dia e outros poemas]. Tradução August Willensem. Holanda, Wagner & Van Santen, 2003.
29ª Rotterdamse Schouwburg. Tradução August Willemsen. Roterdam, 1998.
Inglês
Dirty poem. [Poema sujo]. New York: University Press of America, 1991.
Português
Obra poética. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2003.
Sueco
Nagosntans i ingenstans (Em alguma parte alguma).. Tradução de Ulla M Gabrielsson. Editio Diadorim, 2013.
TRADUÇÕES FEITAS POR FERREIRA GULLAR
Rembrandt, de Jean Genet. José Olympio, 2002.
Van Gogh, de Antonin Artaud. José Olympio, 2003.
O paraíso de Cézanne, de Phlippe Sollers. José Olympio, 2004.
Literatura
Fábulas, de La Fontaine. Revan, 1997; 2ª ed., 1998.
As mil e uma noites. Revan, 2000.
Don Quixote de la Mancha, de Cervantes. Revan, 2002.
Poesia
Livro das perguntas, de Pablo Neruda. [tradução Ferreira Gullar, Ilustração Isidro Ferrer]. Prêmio FNLIJ 2009. Editora Cosac Naify, 1ª ed., p. 182, 2009.
Teatro
Ubu rei, de Alfred Jarry. Civilização Brasileira, 1972.
Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand. José Olympio, 1985.
Les pays des éléphants, de Louis-Charles Sirjacq. Paris, L'Avant Scéne, 1989.
"O esplendor das manhãs, o cheiro do tijuco podre, a lama, está tudo impregnado na minha poesia."
- Ferreira Gullar, falando da sua cidade natal São Luís - Maranhão.
- Ferreira Gullar, falando da sua cidade natal São Luís - Maranhão.
Poema Sujo, Ferreira Gullar (Acervo IMS)
FERREIRA GULLAR – CINEMA, TELEVISÃO E TEATRO
DOCUMENTÁRIOS
Filme: São Luís do Maranhão de Ferreira Gullar
O filme mostra as ligações da vida e da obra de Gullar com a cidade em que nasceu e onde morou até os 21 anos.
Direção: Helder Aragão e Marcelo Gomes
Gênero: Documentário
Ano/País: 1997 - Brasil.
Filme: O canto e a fúria
com depoimentos de Ferreira Gullar. Sempre no mesmo cenário, Gullar fala de todas as fases de sua obra: conta casos engraçados como o fracasso do "Poema enterrado", criado com Hélio Oiticica; explica a opção que fez pela poesia política no início dos anos 60; e ainda lê alguns de seus poemas preferidos.
Direção: Zelito Viana.
Gênero: Documentário
Ano/País: 1996 - Brasil.
Filme: Ferreira Gullar - A Necessidade da Arte
Direção: Zelito Viana, Vera Paula, Aruanna Cavalleiro e Cláudio Duarte.
Gênero: Documentário
Filme: Por Acaso Gullar
Direção: Maria Rezende, Rodrigo Bittencourt
Gênero: Documentário, curta-metragem.
Ano: 2006
Duração: 11min.
TELEVISÃO
Telenovelas e minisséries
Dona Flor e seus dois maridos. [Escrita por Ferreira Gullar e Dias Gomes]. Rede Globo, 1998.
O fim do mundo. [Escrita por Ferreira Gullar e Dias Gomes]. Rede Globo, 1996.
Irmãos Coragem. [Escrita por Ferreira Gullar, Dias Gomes, Marcílio Moraes e Lilian Garcia]. Rede Globo, 1995.
As noivas de Copacabana. [Escrita por Ferreira Gullar, Dias Gomes e Marcílio Moraes]. Rede Globo, 1992.
Araponga. [Escrita por Ferreira Gullar, Dias Gomes e Lauro César Muniz]. Rede Globo, 1990.
Ninguém é de ninguém. [Escrita por Ferreira Gullar e Dias Gomes]. Minissérie não realizada.
Um tiro no coração. [Escrita por Ferreira Gullar e Marcílio Moraes], com base na peça "Dr. Getúlio, sua vida e sua glória". Minissérie não realizada.
Texto original para a "Quarta nobre" (Rede Globo, 1983)
Insensato coração
Textos originais para a série "Obrigado, doutor" (Rede Globo, 1981)
Arma branca
Uma bela adormecida
O bode
O comício
A crise
Go home
Textos originais para a série "Carga pesada" (Rede Globo, 1980)
Disputa
Em nome da santa
O foragido
Lance final
Peru de Natal
Texto original para a série "Aplauso" (Rede Globo, 1979)
Dona Felinta Cardoso, a rainha do agreste
Peças adaptadas por Gullar para a série "Aplauso" (Rede Globo, 1979)
O preço, de Arthur Miller.
A lição, de Eugéne Ionesco.
As pequenas raposas, de Lilian Hellman.
Judas em sábado de Aleluia, de Martins Pena.
Só o faraó tem alma, de Silveira Sampaio.
Ilha das cabras, de Ugo Betti.
TEATRO
Adaptação
1967 - A Saída? Onde Fica a Saída?, de Frederick Cock, Adaptação Antonio Carlos da Fontoura, Armando Costa e Ferreira Gullar, Direção João das Neves, Cenografia Gianni Ratto, Direção Musical Geni Marcondes, Produção Grupo Opinião. Local Teatro de Arena, Rio de Janeiro RJ.
Autoria
1966 - Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come. [autores Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho] - Prêmios Molière e Saci. Direção Gianni Ratto. Local Teatro Arena, Rio de Janeiro RJ.
1968 - Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória. [autores Dias Gomes e Ferreira Gullar]. Direção José Renato, Cenografia Fernando Pamplona, Figurino Arlindo Rodrigues, Trilha sonora Silas de Oliveira e Walter Rosa, Coreografia Mary Marinho. Local Teatro João Caetano, Rio de Janeiro RJ.
1968 - Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come. [autores Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho]. Direção José Antônio de Soares, Belo Horizonte MG.
1970 - Brasil & Cia. [autores Armando Costa, Ferreira Gullar, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes]. Direção: Flávio Rangel. Local Teatro da Lagoa. São Paulo SP.
1978 - Dentro da Noite Veloz. [autor Ferreira Gullar]. Direção Mário Prieto. Local Casa do Estudante Universitário, Rio de Janeiro RJ.
1979 - Um Rubi no Umbigo. [autor Ferreira Gullar]. Direção Bibi Ferreira. Local Teatro Casa Grande, Rio de Janeiro RJ.
1980 - Poema Sujo. [autor Ferreira Gullar]. Direção Hugo Xavier, Trilha Sonora Milton Nascimento, Direção Musical Wagner Tiso. Rio de Janeiro RJ.
1983 - Vargas. [autores Ferreira Gullar e Dias Gomes] - Prêmio Oduvaldo Vianna Filho. Direção Flávio Rangel, Direção assistente Ricardo Rangel, Cenografia Gianni Ratto, Adereço e figurino Kalma Murtinho, Direção Musical Edson Frederico, Trilha Sonora Edu Lobo e Chico Buarque. Local Teatro João Caetano, Rio de Janeiro RJ.
1988 - Crime na Flora. [autor Ferreira Gullar]. Adpatação Angélica Satiro e Arlindo Porto Nunes Nunes, Direção Arlindo Porto Nunes, Coreografia Tuca Pinheiro, Grupo Experimental de Teatro Alkathéa. Belo Horizonte MG.
1989 - Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come. [autores Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho]. Direção Amir Haddad - Prêmio Shell, Cenografia e adereço Miriam Obino, Figurino Judith Bellini, Direção Musical Ricardo Pavão. Produção Casa das Artes de Laranjeiras, Local Teatro Cacilda Becker, Rio de Janeiro RJ.
2002 - Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come. [autores Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho]. Direção Antônio Pedro Borges, Local Teatro Casa Grande, Rio de Janeiro RJ.
2011 - Um Rubi no Umbigo. [autor Ferreira Gullar]. Direção André Paes Leme, Local Caixa Cultural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro RJ.
Debatedor
2001 - Esquina da Palavra. Ferreira Gullar: poesia e arte. Local Itaú Cultural, [15/ 10/ 2001]. São Paulo, SP.
2003 - Esquina da Palavra. A Arte na Luta Ideológica. Apresentação Claudiney Ferreira. Local Itaú Cultural, [18/ 6/ 2003]. São Paulo, SP.
Produção
1961 - Apague Meu Spotlight, de Jocy de Oliveira, Direção: Gianni Ratto, Produção Ferreira Gullar. São Paulo SP.
Tradução
1969 - Antígona, de Sófocles. [tradução Ferreira Gullar]. Direção João das Neves, Cenografia Helio Eichbauer - Prêmio Molière, Figurino Helio Eichbauer, Direção musical Geni Marcondes, Produção Grupo Opinião. Local Teatro Opinião, Rio de Janeiro RJ.
1985 - Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand [tradução Ferreira Gullar]. Adaptação e Direção Flávio Rangel, Cenografia Gianni Ratto, Adereço Helô Cardoso, Figurino Kalma Murtinho, Direção musical e trilha sonora Murilo Alvarenga. Produção Companhia Estável de Repertório. Local Teatro Cultura Artística, São Paulo SP.
1989 - O País dos Elefantes, de Louis Charles Sirjacq [tradução Ferreira Gullar]. Direção Alain Millianti, Cenografia e figurino J. C. Serroni, Direção Musical João Carlos Dalgalarrondo, Trilha sonora João Carlos Dalgalarrondo e Milton Nascimento. Produção Association Française d´Action Artistique e Companhia Estável de Repertório. Local Avignon, França.
:: Referência de pesquisa: Enciclopédia Itaú Cultural - Teatro.
"Quando surge uma idéia, vou para a rua. Tenho prazer em conceber o poema no meio das pessoas que passam e nem suspeitam que ali, naquela hora ele está nascendo."
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
POEMAS ESCOLHIDOS
A alegria
O sofrimento não tem
nenhum valor
Não acende um halo
em volta de tua cabeça, não
ilumina trecho algum
de tua carne escura
(nem mesmo o que iluminaria
a lembrança ou a ilusão
de uma alegria).
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
Sofres tu, sofre
um cachorro ferido, um inseto
que o inseticida envenena.
Será maior a tua dor
que a daquele gato que viste
a espinha quebrada a pau
arrastando-se a berrar pela sarjeta
sem ao menos poder morrer?
A justiça é moral, a injustiça
não. A dor
te iguala a ratos e baratas
que também de dentro dos esgotos
espiam o sol
e no seu corpo nojento
de entre fezes
querem estar contentes.
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980
A poesia
Onde está
a poesia? Indaga-se
por toda parte. E a poesia
vai à esquina comprar jornal.
Cientistas esquartejam Puchkin e Baudelaire.
Exegetas desmontam a máquina da linguagem.
A poesia ri.
Baixa-se uma portaria: é proibido
misturar o poema com Ipanema.
O poeta depõe no inquérito:
Meu poema é puro, flor
Sem haste, juro!
Não tem passado nem futuro.
Não sabe a fel nem sabe a mel:
É de papel.
Não é como a açucena
Que efêmera
Passa.
E não está sujeito a traça
Pois tem a proteção do inseticida.
Creia,
O meu poema está infenso à vida.
Claro, a vida é suja, a vida é dura.
E sobretudo insegura:
“Suspeito de atividades subversivas foi detido ontem
o poeta Casimiro de Abreu.”
“A Fábrica de Fiação Camboa abriu falência e deixou
sem emprego uma centena de operários.”
“A adúltera Rosa Gonçalves, depondo na 3ª Vara de Família,
afirmou descaradamente: ‘Traí ele, sim. O amor acaba, seu juiz.’”
O anel que tu me deste
era vidro e se quebrou
o amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou
Era pouco? Era muito?
Era uma fome azul e navalha
uma vertigem de cabelos dentes
cheiros que traspassam o metal
e me impedem de viver ainda
Era pouco? Era louco,
um mergulho
no fundo de tua seda aberta em flor embaixo
onde eu morria
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Ferreira Gullar - Foto: divulgação |
Branca e verde
branca e verde
branca branca branca branca
E agora
recostada no divã da sala
depois de tudo
a poesia ri de mim
Ih, é preciso arrumar a casa
que André vai chegar
É preciso preparar o jantar
É preciso ir buscar o menino no colégio
lavar a roupa limpar a vidraça
O amor
(era muito? era pouco?
era calmo? era louco?)
passa
A infância
passa
a ambulância
passa
Só não passa, Ingrácia,
A tua grácia!
E pensar que nunca mais a terei
real e efêmera (na penumbra da tarde)
como a primavera.
E pensar
que ela também vai se juntar
ao esqueleto das noites estreladas
e dos perfumes
que dentro de mim gravitam
feito pó
(e um dia, claro,
ao acender um cigarro
talvez se deflagre com o fogo do fósforo
seu sorriso
entre meus dedos. E só).
Poesia – deter a vida com palavras?
Não – libertá-la,
fazê-la voz e fogo em nossa voz.
Poesia – falar
o dia
acendê-lo do pó
abri-lo
como carne em cada sílaba,
deflagrá-lo
como bala em cada não
como arma em cada mão
E súbito da calçada sobe
e explode
junto ao meu rosto o pássaro? O pás...?
Como chamá-lo? Pombo? Bomba? Prombo? Como?
Ele
bicava o chão há pouco
era um pombo mas
súbito explode
em ajas brulhos zules bulha zalas
e foge!
como chamá-lo? Pombo? Não:
poesia
paixão
revolução
- Ferreira Gullar, em "Dentro da noite veloz", 1975.
Aprendizado
Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
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Ferreira Gullar - foto: Gilson Camargo |
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.
- Ferreira Gullar, em "Barulhos", 1987.
Não quero morrer não quero
apodrecer no poema
que o cadáver de minhas tardes
não venha feder em tua manhã feliz
e o lume
que tua boca acenda acaso das palavras
- ainda que nascido da morte -
some-se aos outros fogos do dia
aos barulhos da casa e da avenida
no presente veloz
Nada que se pareça
a pássaro empalhado, múmia
de flor
dentro do livro
e o que da noite volte
volte em chamas
ou em chaga
vertiginosamente como o jasmim
que num lampejo só
ilumina a cidade inteira.
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
Digo sim
Poderia dizer
que a vida é bela, e muito,
e que a revolução caminha com pés de flor
nos campos do meu país,
com pés de borracha
nas grandes cidades brasileiras
e que meu coração
é um sol de esperanças entre pulmões
e nuvens
é uma festa só na voz de
Clara Nunes
no rodar
das cabrochas no carnaval
da Avenida.
Mas não. O poeta mente.
A vida nós amassamos em sangue
e samba
enquanto gira inteira a noite
sobre a pátria desigual. A vida
nós a fazemos nossa
alegre e triste, cantando
em meio à fome
e dizendo sim
- em meio à violência e a solidão dizendo
sim -
pelo espanto de beleza
pela fama de Tereza
pelo meu filho perdido
neste vasto continente
por Vianinha ferido
pelo nosso irmão caído
pelo amor e o que ele nega
pelo que dá e que cega
pelo que virá enfim,
não digo que a vida é bela
tampouco me nego a ela:
- digo sim
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
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Manuscrito do poema Insônia, de Ferreira Gullar |
Madrugada
Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite
a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes
- Ferreira Gullar, em "Dentro da noite veloz", 1975.
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Manuscrito do poema Uma Corola, de Ferreira Gullar |
O que se foi
O que se foi se foi.
Se algo ainda perdura
é só a amarga marca
na paisagem escura.
Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente
ser real.
Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.
Então por que me faz
o coração bater tão forte?
- Ferreira Gullar, em "Em alguma parte alguma", 2010.
Poema
Se morro
universo se apaga como se apagam
as coisas deste quarto
se apago a lâmpada:
os sapatos - da - ásia, as camisas
e guerras na cadeira, o paletó -
dos - andes,
bilhões de quatrilhões de seres
e de sóis
morrem comigo.
universo se apaga como se apagam
as coisas deste quarto
se apago a lâmpada:
os sapatos - da - ásia, as camisas
e guerras na cadeira, o paletó -
dos - andes,
bilhões de quatrilhões de seres
e de sóis
morrem comigo.
Ou não:
o sol voltará a marcar
este mesmo ponto do assoalho
onde esteve meu pé;
deste quarto
ouvirás o barulho dos ônibus na rua;
uma nova cidade
surgirá de dentro desta
como a árvore da árvore.
o sol voltará a marcar
este mesmo ponto do assoalho
onde esteve meu pé;
deste quarto
ouvirás o barulho dos ônibus na rua;
uma nova cidade
surgirá de dentro desta
como a árvore da árvore.
Só que ninguém poderá ler no esgarçar destas nuvens
a mesma história que eu leio, comovido.
a mesma história que eu leio, comovido.
- Ferreira Gullar, em "Dentro da noite veloz", 1975.
Poema obsceno
Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira
Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Martinho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
- e espreitam.
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
Subversiva
A poesia
Quando chega
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos
Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha
Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.
E promete incendiar o país.
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
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Ferreira Gullar - Foto: Gilson Camargo |
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
Um sorriso
Quando
com minhas mãos de labareda
te acendo e em rosa
embaixo
te espetalas
quando
com meu facho aceso e cego
penetro a noite de tua flor que exala
urina
e mel
que busco eu com toda essa assassina
fúria de macho?
que busco eu
em fogo
aqui embaixo?
senão colher com a repentina
mão do delírio
uma outra flor: a do sorriso
que no alto o teu rosto ilumina?
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
Versos de entreter-se
À vida falta uma parte
— seria o lado de fora —
pra que se visse passar
ao mesmo tempo que passa
e no final fosse apenas
um tempo de que se acorda
não um sono sem resposta.
À vida falta uma porta.
- Ferreira Gullar, em "Barulhos", 1987.
Quando
com minhas mãos de labareda
te acendo e em rosa
embaixo
te espetalas
quando
com meu facho aceso e cego
penetro a noite de tua flor que exala
urina
e mel
que busco eu com toda essa assassina
fúria de macho?
que busco eu
em fogo
aqui embaixo?
senão colher com a repentina
mão do delírio
uma outra flor: a do sorriso
que no alto o teu rosto ilumina?
- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980.
Aqui me tenho
Como não me conheço
nem me quis
Como não me conheço
nem me quis
sem começo
nem fim
nem fim
aqui me tenho
sem mim
sem mim
nada lembro
nem sei
à luz presente
sou apenas um bicho
transparente
nem sei
à luz presente
sou apenas um bicho
transparente
- Ferreira Gullar, em "Muitas vozes", 1999.
À vida falta uma parte
— seria o lado de fora —
pra que se visse passar
ao mesmo tempo que passa
e no final fosse apenas
um tempo de que se acorda
não um sono sem resposta.
À vida falta uma porta.
- Ferreira Gullar, em "Barulhos", 1987.
FORTUNA CRÍTICA DE FERREIRA GULLAR
(Bibliografia sobre Ferreira Gullar)
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
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ABRÃO, Daniel. Ferreira Gullar: A razão poética em muitas vozes. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2002.
ALEIXO, Isabel Cristina Pereira. O tempo como unidade na poesia de Ferreira Gullar. PUC/RJ, 1991.
BECKER, Paulo Ricardo. A poesia de Ferreira Gullar: do monólogo ao diálogo. PUC/RS, 1991.
BIANCHI, Marcia. Na origem da verdade a poética de Ferreira Gullar. (Tese Doutorado em Literatura). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2011.
BIANCHI, Marcia. Traços - imagens recorrentes na poesia de Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Literatura). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2002.
BOSI, Alfredo. Roteiro do poeta. In: Os melhores poemas de Ferreira Gullar. Global, 1982.
BRAITH, Beth. Seleção notas, est. biogr. hist. e crít. Ferreira Gullar. [Literatura comentada]. São Paulo: Abril Educação, 1981.
CAMENIETZKI, Eleonora Ziller. Ao rés da fala: alguns comentários sobre a poesia de Chico Alvim e Ferreira Gullar. Terceira Margem, Rio de Janeiro, v. 12, p. 11-23, 2005.
CAMENIETZKI, Eleonora Ziller. As lições de Ferreira Gullar. In: Coordenadoria de comunicação da UFRJ. (Org.). Aula Magna da UFRJ 2006 Ferreira Gullar/ serie memorabilia. Rio de Janeiro: Serviço de publicações institucionais da UFRJ, 2006, v. 2, p. 59-83.
CAMENIETZKI, Eleonora Ziller. Lírica e sociedade: Ferreira Gullar e o desafio da práxis. In: André Bueno. (Org.). Literatura e sociedade: narrativa, poesia, cinema, teatro e canção popular. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Sete Letras, 2006, v. 1, p. 117-128.
CAMENIETZKI, Eleonora Ziller. Poesia e Política: a trajetória de Ferreira Gullar. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2001.
CAMENIETZKI, Eleonora Ziller. Poesia e política: a trajetória de Ferreira Gullar. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2006. v. 1. 238 p.
CERVI, Paulo Antonio. A voz do povo em Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, 2003.
CORREIA, Paulo André de Carvalho. "Uma fotografia área" de Dentro da noite veloz, de Ferreira Gullar. In: Aleilton Fonseca, Rosana Ribeiro Patrício. (Org.). Cantos e recantos da cidade: Vozes do lirismo urbano. 1 ed. Itabuna: Via Literatum, 2009, v. 1, p. 143-169.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
CORREIA, Wesley Barbosa. Sob a égide do espanto: A poesia de Ferreira Gullar em três tempos. In: Simpósio de Pesquisadores - PpgLDC, 2004, Feira de Santana, 2004.
COSTA, Lúcio Coelho. Cor(p)oralidade em Ferreira Gullar e Hélio Oiticica. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2004.
DAMAZO, Francisco Antonio Ferreira Tito. Ferreira Gullar: uma poética do sujo. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 1997.
DAMAZO, Francisco Antonio Ferreira Tito. Ferreira Gullar: uma poética do sujo. 1ª. ed. São Paulo: Nankin, 2006. v. 1. 96 p.
DUTRA JR., Roberto. A prática que sustenta o relâmpago - A poética de Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC/RJ, 2005.
DUTRA JR., Roberto. Dentro da crítica veloz: a historiografia crítica anotada de Ferreira Gullar. Terra Roxa e Outras Terras, Londrina, v. 4, p. 41-52, 2004.
ENTREVISTA. Ferreira Gullar Conta Tudo!!!. [concedida ao crítico literário Weydson Barros Leal]. Jornal da Poesia. Disponível no link. (31.3.2012).
ENTREVISTA. Ferreira Gullar. [concedida ao crítico literário Weydson Barros Leal - em 12 de julho de 1999, a propósito do livro "Muitas vozes", Ed. José Olympio, 1999]. Jornal da Poesia. Disponível no link. (31.3.2012).
FEITOSA, Dinacy Corrêa; MOREIRA NETO, Euclides Barbosa. O teatro na obra de Ferreira Gullar - Dois enfoques. São Luís, MEC, 1980.
FERREIRA, Izacyl Guimarães. Ferreira Gullar e a poesia necessária. [Homenagem aos 75 anos do poeta, set. 2005]. Jornal da Poesia. Disponível no link. (acessado 31.3.2012).
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
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FINKLER, Gredes Rejane. O resgate da poética do pensamento em Ferreira Gullar e em Luis Felipe Noé. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 2004.
FINKLER, Gredes Rejane. Uma abordagem intertextual da poesia de Glauce Baldovin e de Ferreira Gullar. In: Letras em Diálogo e em Contexto: Rumos e Desafios, 2003, Porto Alegre. Letras em Diálogo e em Contexto: Rumos e Desafios. Porto Alegre: PPGLetras/UFRGS, 2002.
FONSECA, Orlando. Na vertigem da alegoria-militancia poetica de Ferreira Gullar. Santa Maria, Editora UFSM, 1997. 242 p.
FONSECA, Orlando. Na vertigem da alegoria-militancia poética de Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, 1991.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
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HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Apresentação. In: Toda poesia. Civilização Brasileira, 1980.
JARDIM, Jorge Luiz Pastorisa. Ferreira Gullar e o Movimento de Cultura Popular nos Anos 60. Revista Verso Reverso, São Leopoldo, p. 117-134, 1992.
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JUNQUEIRA, Ivan. Gullar e a poesia social. In: O signo e a sibila. Topbooks, 1993.
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LICARI, Luzila Goncalves. A poetica de Ferreira Gullar: uma leitura. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, 1984.
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MARI, Marcelo. Mário Pedrosa e Ferreira Gullar - Sobre o ideário da crítica de arte nos anos 50 e 60. (Dissertação Mestrado em arte e produção simbólica). Escola de Comunicações e Artes da USP, 2001.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
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MONTEIRO, Maria do Socorro Pereira de Assis. Poema sujo de vidas: alarido de vozes. (Tese Doutorado em Lingüística e Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS, 2011.
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MOREIRA, Wilton Cardoso. Lira imanente: Poema sujo & Metaformose. (Tese Doutorado em Letras e Lingüística). Universidade Federal de Goiás, UFG, 2009.
MOURA, George. Ferreira Gullar - Entre o espanto e o poema. Relume-Dumará, 2001.
OLIVEIRA FILHO, Odil José de. José de Ribamar Ferreira Gullar: 80 anos de vida e poesia. Unesp, 18.02.2010. Disponível no link. (acessado 31.3.2012).
OLIVEIRA, Franklin. Itinerário de um poeta. In: Toda poesia, de Ferreira Gullar. José Olympio, 4ª ed., 1987.
PAIVA, Carlyne Cardoso de. As muitas vozes da morte: uma leitura da poesia de Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 2009.
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Ferreira Gullar - Foto: Tomás Rangel |
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PAULA, Marcelo Ferraz de. Retratos Revisitados: a cidade da infância na poesia de Drummond, Campos e Gullar. In: Anais do XXII Congresso da ABRAPLIP, Salvador, 2009. v. 1.
PERES, Lygia Rodrigues Vianna. A dinâmica da vida e o dinamismo para a morte. Universidade Federal Fluminense, 1997.
PILATI, Alexandre Simões. A condição de autor periférico em Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Literatura). Universidade de Brasília, UNB, 2002.
PILATI, Alexandre Simões. A condição de autor periférico em Ferreira Gullar. 1ª. ed. Brasília: CEELL, 2008. 172 p.
PILATI, Alexandre Simões. A representação da condição de autor periférico em Ferreira Gullar. In: Congresso Internacional da ABRALIC, 2002, Belo Horizonte. Anais do Congresso Internacional da ABRALIC, 2002.
PILATI, Alexandre Simões. A representação da condição do autor periférico em Ferreira Gullar. Água Viva (UNB), v. 1, p. 43-50, 2004.
PILATI, Alexandre Simões. Arte e mercadoria na poesia de Ferreira Gullar. In: Sylvia Cyntrão. (Org.). Poesia contemporânea: olhares e lugares. 1 ed. Brasilia: Universidade de Brasilia, 2011, v. 1, p. 10-18.
PINHEIRO, Carlos André. A poesia consciente de Ferreira Gullar. In: Anais do V Seminário Nacional sobre Ensino de Língua Materna e Estrangeira e de Literatura - SELIMEL, 2007. Campina Grande: Bagagem, 2007.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
QUEVEDO, Rafael Campos. Na fronteira das palavras: a teoria de Bakhtin e a poética de Ferreira Gullar como respostas ao problema do formalismo. Contexto (UFES), v. 15, p. 275-289, 2009.
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RICCIARDI, Giovanni. Ferreira Gullar. In: ___. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 263-277.
ROCHA, Wesley Thales de Almeida. Metal vertiginoso: a poesia apaixonada de Ferreira Gullar. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2013.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
SILVA, Adriana Naves. Discurso e subjetividade em 'Poema sujo' de Ferreira Gullar: a fragmentação da identidade expressa através da percepção do espaço e do tempo. In: Anais da II Jornada de Letras e Lingüística. Uberlândia-MG: Universidade Federal de Uberlândia, 2003. v. único.
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TURCHI, Maria Zaira. Ferreira Gullar: a busca da poesia. (Dissertação Mestrado em Letras e Lingüística). Universidade Federal de Goiás, UFG, 1983.
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Ferreira Gullar - foto: (...) |
VIEIRA, Thaís Leão. O Poema-Artefato na Lírica de Ferreira Gullar. ArtCultura (UFU), Uberlândia-MG, v. 3, n. 3, p. 48-54, 2001.
VIEIRA, Thaís Leão; RAMOS, Rosangela Patriota. Ferreira Gullar: Poesia e Política Dentro da Noite Veloz. Horizonte Científico, Uberlândia - UFU, v. 2, 2003.
VILLAÇA, Alcides Celso Oliveira. Em torno do Poema Sujo. Encontros Com a Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, n. 9, 1979.
VILLAÇA, Alcides Celso Oliveira. Gullar: a luz e seus avessos. Cadernos de Literatura Brasileira, São Paulo, n. 6, p. 88-107, 1998.
VILLAÇA, Alcides Celso Oliveira. Poesia de Ferreira Gullar. (Tese Doutorado em Literatura Brasileira). Universidade de São Paulo, USP, 1984.
"A vida é chata pra casseta, o homem inventou a arte, pra tornar a vida menos maçante, menos insuportável."
- Ferreira Gullar
SOBRE FERREIRA GULLAR NA IMPRENSA
"Nada é intocável e indiscutível", diz Gullar, de Luiz Fernando Vianna. Folha de S. Paulo, 02/01/05.
Homem de Idéias, de Álvaro Costa e Silva e Paulo Celso Pereira. Jornal do Brasil, 26/12/04.
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Ferreira Gullar e o gato - Foto: (...) |
Relâmpagos de poesia e arte, de Flávio Pinheiro. No Mínimo, maio/03.
Experiência de descoberta da arte com Gullar, de Daniela Birman. O Globo, 27/3/03.
Dilemas sociais da criação artística, de Fernando Marques. O Globo, 8/3/03.
Ferreira Gullar – O poeta e o crítico, de Valéria Lamego e Helena Aragão. Veredas, março/03.
A arte na medida de Gullar, de Cassiano Elek Machado. Folha de S. Paulo, 7/12/02.
Gullar é inscrito para concorrer ao Nobel, de Cecília Costa. O Globo, 7/2/02.
A vanguarda, a vida e o verso de Ferreira Gullar, de Maria do Rosário Caetano. O Estado de S. Paulo, 2/12/01.
O jovem Gullar, de Daniela Name. O Globo, 2/9/2000.
O jovem Gullar, de Daniela Name. O Globo, 2/9/2000.
A turva mão do sopro contra o muro, de Eduardo Prado Coelho. Suplemento Leituras, Público, Lisboa, 20/5/2000.
O conhecimento da morte, de Maurício Santana Dias. Mais!, Folha de S. Paulo, 5/6/99.
O melhor livro de poesia da década, de Daniel Piza. Gazeta Mercantil Fim de Semana, 4/6/99.
Vibra o drama da poesia, de Bruno Tolentino. Bravo, nº 21, São Paulo, junho/99.
Un relámpago en la memoria, de Juan Cobos Wilkins. Babelia, El País, Espanha, 8/5/99.
Memórias do exílio, de Fernando Py. Jornal Popular, Petrópolis, 3/12/98.
Tudo é exílio, de Davi Arrigucci Jr. Jornal de Resenhas, Folha de S. Paulo, 14/11/98.
La áspera voz de Marañón, de Wladir Dupont. Reforma, Hoja, Cidade do México, 11/7/98.
Entrevista com Ferreira Gullar, de Antonio Carlos Secchin, Ivan Junqueira, Adriano Espínola, Jorge Wanderley, Moacyr Félix, Neide Archanjo e Suzana Vargas. Poesia Sempre, março/98.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
Ferreira Gullar, poeta neoconcretista brasileño, de Alma Velasco. Alforja (revista de poesia), Cidade do México, 1997.
A luta com o anjo, de Wilson Martins. Jornal do Brasil, 7/1/95.
Vidraça no papel de estilingue, de Claudio Uchoa. O Globo, 12/1/94.
Gullar enterra arte contemporânea, de Daniel Piza. Folha de S. Paulo, 18/4/93.
A estranha vida banal, de Elisa Guimarães. O Estado de S.Paulo, novembro/90.
Gullar's modern criticism, de Luzia Navas-Toríbio. Papers Skills, Nova York, 1990.
Memory and History in Ferreira Gullar's Poema sujo, de Ricardo da Silveira Lobo Sternberg. Revista Canadiense de Estudios Hispánicos, vol. XIV, nº 1, Toronto, 1989.
Duram-se com um barulho destes, poeta!, de Severino Francisco. Correio Brasiliense, 13/12/87.
O que nos move, de Alfredo Bosi. Leia, São Paulo, novembro/87.
Entre o lírico e o social, de Orides Fontela. O Estado de S. Paulo, 8/11/1987.
Um cheiro de tangerina e morte, de Magda de Almeida. O Estado de S. Paulo, 8/11/87.
Je dois écrire pour continuer a vivre, de Michel Riaudel. La Quinzaine Littéraire, abril/87.
Breves notes pour une lecture de Poema sujo, de Ferreira Gullar, de Richard Roux. Cahiers d'Études Romanes, Université de Provence, Aix-en-Provence, França, 1987.
No ermo da linguagem, de Gilberto Mendonça Telles. Jornal de Letras, Rio de Janeiro, 1986.
Von der Korperlichkeit im Gedicht, de Von Hugo Loetscher. Neue Burcher Zeitung, Zurique, 24/10/86.
Nachwort, de Curt Meyer-Clason. Veuvert Verlag, Frankfurt, 1986.
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Ferreira Gullar - Foto: Eder Chiodetto |
Resgatado por seu passado, de Paulo Leminski, Istoé, 10/9/86.
Poema-livro - Solução ou busca?, de Toni Marques. Rio 1000'S, 15/8/86.
Os escravos, que dizem?, de Franklin de Oliveira. Senhor, São Paulo, 15/7/86.
Uma temporada no inferno da linguagem, de Gilberto Mendonça Telles. O Globo, 19/6/86.
Tentativa de volta à juventude?, de João Luiz Lafetá. O Estado de S. Paulo, 15/6/86.
Gullar: obra poética, de Luzilá Gonçalves Ferreira. Diário de Pernambuco, 28/6/85.
A cidade no poema - a fala íntima do tempo coletivo, de Ângela Maria Dias. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, janeiro-março/85.
O precário consciente de Gullar, de Donaldo Schuler. O Estado de S. Paulo, 28/1/82.
Ferreira Gullar: teórico da literatura, de Donaldo Schuler. Zero Hora, 12/12/81.
Um poeta político, de Wilson Martins. Jornal do Brasil, 17/1/81.
Trinta anos de trabalho neste livro de Gullar, de Fernando Py. O Estado de S. Paulo, 10/1/81.
Um murro no muro, de Tristão de Athayde. Módulo, Rio de Janeiro, 1980.
O corpo-a-corpo de uma luta: uma síntese do tempo, de Carlos Augusto Corrêa. Revista Vozes, Rio de Janeiro, dezembro/80.
A volta do poema, de José Guilherme Merquior. Jornal do Brasil, 22/11/80.
Gullar - Uma antologia poética gravada em dois discos, de Fernando Py. Correio do Povo, Porto Alegre, 5/10/80.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
Toda poesia, de Franklin de Oliveira. Istoé, 24/9/80.
Os grandes temas de um poeta visceral, de Flávio Moreira da Costa. O Globo, 21/9/80.
Gullar 50, de Paulo Francis. Folha de S. Paulo, 20/9/80.
Um grande poeta entre a rima e a solução, de Josué Montello. Jornal do Brasil, 16/9/80.
Poeta maior e grande dramaturgo, de Armindo Blanco. O Dia, 16/9/80.
Ferreira Gullar - Aos 50 anos o valor reconhecido, de Eduardo San Martin. Correio do Povo, Porto Alegre, 14/9/80.
Brilho sujo, de Claudio Bojunga. Veja, 13/8/80.
Um belo Poema sujo, de Flávio Marinho. O Globo, 9/8/80.
Gullar: a poesia do cotidiano áspero, de Gastão de Holanda. O Globo, 13/7/80.
Ferreira Gullar revida em reversos, de Tetê Catalão. Correio Brasiliense, 22/6/80.
Paradoxos da poesia, de Wilson Martins. Jornal do Brasil, 21/7/79.
Um travo triste por trás do riso selvagem, de Zuenir Ventura. Veja, 25/4/79.
Gullar, erro e acerto, de Eliana Bueno Ribeiro. Folha de S.Paulo, 8/4/79.
Um rubi no umbigo, de Hélio Pellegrino. Revista Encontros com a Civilização Brasileira, nº 9, Rio de Janeiro, março/79.
Em torno do Poema sujo, de Alcides Villaça. Revista Encontros com a Civilização Brasileira, nº 9, Rio de Janeiro, março/79.
Ferreira Gullar, o fogo solidário, de Santiago Kovadloff. Revista Encontros com a Civilização Brasileira, nº 9, Rio de Janeiro, março/79.
Ferreira Gullar - Antologia Poética, de Klaus Muller-Bergh. World Literature Today, University of Oklahoma, EUA, 1978.
Vanguarda e artes de massa: exercícios de incompreensão, de Álvaro Mendes. O Globo, 28/5/78.
Considerações em torno do Poema sujo, de José Louzeiro. Diário de S. Paulo, 10/3/78.
Ferreira Gullar - Poema sujo, de Donaldo Schuler. Colóquio Letras, nº 41, Lisboa, janeiro/78.
Poema sujo, de Klaus Muller-Bergh. World Literature Today, University of Oklahoma, EUA, 1977.
Uma nova canção do exílio, de Assis Brasil. Jornal de Letras, Rio de Janeiro, outubro/77.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
Quem tem medo de Ferreira Gullar?, de Armindo Blanco. Pasquim, 19/10/77.
Da plenitude poética ao exílio da poesia, de Ivan Junqueira. O Globo, 9/10/77.
Gullar: um dia do poeta pela cidade, de Paulo Moreira Leite. Folha de S. Paulo, 1/10/77.
As marés de Gullar, de Rubem Braga. Veja, 28/9/77.
Poema sujo de Ferreira Gullar: a carne, o homem e a cidade, de Reinério Simões. Estado de Minas, 23/7/77.
A expressão universal da coisa particular, de Marco Aurélio Nogueira. Folha de S. Paulo, 1/5/77.
Gullar, de Glauber Rocha. Folha da Manhã. São Paulo, março/77.
Poema sujo, de Assis Brasil. Última Hora, Rio de Janeiro, 5/11/76.
Lendo o Poema sujo, de Carlos Maurício Perigord. Istoé, outubro/76.
O sentimento poético da marginalidade, de Antônio Hohlfeldt, Correio do Povo, Porto Alegre, 18/9/76.
Ferreira Gullar - o Poema sujo, a pátria distante, de Paulo Mendes Campos. Jornal do Brasil, 14/9/76.
A velocidade do novo, de Fritz Teixeira de Salles. Estado de Minas, 15/6/76.
Gullar, uma poesia de corpo inteiro, de Assis Brasil. Jornal do Brasil, 24/1/76.
Poema sujo de vida, de Vinicius de Moraes. Manchete, 1976.
O salto para a claridade, de Hélio Pólvora. Jornal do Brasil, 1975.
O calor da voz, de Affonso Romano de Sant'Anna. Veja, 10/12/75.
O último poeta poeta, de Pedro Dantas. O Globo, 19/10/70.
Arte - Vanguarda e subdesenvolvimento, de Nelly Novaes Coelho. Diário de Pernambuco, 9/8/70.
A luta corporal e novos poemas, de Roberto Pontual. Revista Civilização Brasileira, nº 8, Rio de Janeiro, junho/66.
Gullar concreto, de Manuel Bandeira. Jornal do Brasil, 1958.
A luta corporal, de Reinaldo Dias (Antônio Houaiss). Última Hora, Rio de Janeiro, 1954.
Notas sobre os livros de poesia, de João Cabral de Melo Neto. A Vanguarda, Rio de Janeiro, 1954.
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Ferreira Gullar - Foto: (...) |
A luta corporal de Ferreira Gullar, de José Geraldo Vieira. Letras e Artes, Rio de Janeiro, 15/6/54.
A reivindicação ética (III), de Oliveira Bastos. Diário Carioca, 12/6/54.
A reivindicação ética (II), de Oliveira Bastos. Diário Carioca, 6/6/54.
A reivindicação ética, de Oliveira Bastos. Diário Carioca, 30/5/54.
A contemplação do trabalho das coisas (II), de Oliveira Bastos. Diário Carioca, 23/5/54.
A contemplação do trabalho das coisas, de Oliveira Bastos. Diário Carioca, 16/5/54.
Ferreira Gullar - A luta corporal, de Carlos Castelo Branco. Diário Carioca, 9/5/54.
A experiência Ferreira Gullar, de Oliveira Bastos. Diário Carioca, 9/5/54.
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.
Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o quarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino.
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau-de-arara.
Quero, por isso, falar com você,
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe o meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí, matando.
Que o tempo é pouco
e aí estão o Chase Bank,
a IT & T, a Bond and Share,
a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton,
e sabe-se lá quantos outros
braços do polvo a nos sugar a vida
e a bolsa
Homem comum, igual
a você,
cruzo a Avenida sob a pressão do imperialismo.
A sombra do latifúndio
mancha a paisagem
turva as águas do mar
e a infância nos volta
à boca, amarga,
suja de lama e de fome.
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.
- Ferreira Gullar (Brasília 1963), em "Toda poesia", 1980.
O silêncio habitava
o corredor de entrada
de uma meia morada
na rua das Hortas
o corredor de entrada
de uma meia morada
na rua das Hortas
o silêncio era frio
no chão de ladrilhos
e branco de cal
nas paredes altas
no chão de ladrilhos
e branco de cal
nas paredes altas
enquanto lá fora
o sol escaldava
o sol escaldava
Para além da porta
na sala nos quartos
o silêncio cheirava
àquela família
na sala nos quartos
o silêncio cheirava
àquela família
e na cristaleira
(onde a luz
se excedia)
cintilava extremo:
(onde a luz
se excedia)
cintilava extremo:
quase se partia
Mas era macio
nas folhas caladas
do quintal
vazio
nas folhas caladas
do quintal
vazio
e
negro
no poço
negro
negro
no poço
negro
que tudo sugava:
vozes luzes
tatalar de asa
vozes luzes
tatalar de asa
o que
circulava
no quintal da casa
circulava
no quintal da casa
O mesmo silêncio
voava em zoada
nas copas
nas palmas
por sobre telhados
até uma caldeira
que enferrujava
na areia da praia
do Jenipapeiro
voava em zoada
nas copas
nas palmas
por sobre telhados
até uma caldeira
que enferrujava
na areia da praia
do Jenipapeiro
e ali se deitava:
uma nesga dágua
uma nesga dágua
um susto no chão
fragmento talvez
de água primeira
de água primeira
água brasileira
Era também açúcar
o silêncio
dentro do depósito
(na quitanda
de tarde)
o silêncio
dentro do depósito
(na quitanda
de tarde)
o cheiro
queimando sob a tampa
no escuro
queimando sob a tampa
no escuro
energia solar
que vendíamos
aos quilos
que vendíamos
aos quilos
Que rumor era
esse ? barulho
que de tão oculto
só o olfato
o escuta ?
esse ? barulho
que de tão oculto
só o olfato
o escuta ?
que silêncio
era esse
tão gritado
de vozes
(todas elas)
queimadas
em fogo alto ?
era esse
tão gritado
de vozes
(todas elas)
queimadas
em fogo alto ?
(na usina)
alarido
das tardes
das manhãs
das tardes
das manhãs
agora em tumulto
dentro do açúcar
dentro do açúcar
um estampido
(um clarão)
se se abre a tampa.
(um clarão)
se se abre a tampa.
- Ferreira Gullar, em "Muitas vozes", 1999.
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Ferreira Gullar - entre o lírico e o social. Templo Cultural Delfos, abril/2012. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Ferreira Gullar - entre o lírico e o social. Templo Cultural Delfos, abril/2012. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Feliz aniversário Gullar!!! Abraço desse admirador.
ResponderExcluirConhecendo sua obra e ficando em estado de admiração e encantamento!
ResponderExcluirAcho que mais me imagino do que sou
ResponderExcluirou o que sou não cabe no que consigo ser
Parabéns, Gullar! Felicidades, poemas, razão ( se for possível ) muito amor e muitos anos de vida!
De seu fã incondicional...Lino.
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ResponderExcluirUm dos ampanhados mais cuidadosos que já vi.
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