Mario Quintana - foto: Dulce Helfer |
II
Dorme,
ruazinha... É tudo escuro...
E os
meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o
teu sono sossegado e puro,
Com teus
lampiões, com teus jardins tranquilos...
Dorme...
Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem
guardas para acaso persegui-los...
Na noite
alta, como sobre um muro,
As
estrelinhas cantam como grilos...
O vento
está dormindo na calçada,
O vento
enovelou-se como um cão...
Dorme,
ruazinha... Não há nada...
Só os
meus passos... Mas tão leves são
Que até
parecem, pela madrugada,
Os da
minha futura assombração...
- Mario
Quintana, in: A Rua dos Cataventos, 1940.
V
Eu nada
entendo da questão social.
Eu faço
parte dela, simplesmente...
E sei
apenas do meu próprio mal,
Que não
é bem o mal de toda a gente,
Nem é
deste Planeta... Por sinal
Que o
mundo se lhe mostra indiferente!
E o meu
Anjo da Guarda, ele somente,
É quem
lê os meus versos afinal...
E
enquanto o mundo em torno se esbarronda,
Vivo
regendo estranhas contradanças
No meu
vago País de Trebizonda...
Entre os
Loucos, os Mortos e as Crianças,
É lá que
eu canto, numa eterna ronda,
Nossos
comuns desejos e esperanças!...
- Mario
Quintana, in: A Rua dos Cataventos, 1940.
X
Eu faço
versos como os saltimbancos
Desconjuntam
os ossos doloridos.
A
entrada é livre para os conhecidos...
Sentai,
Amadas, nos primeiros bancos!
Vão
começar as convulsões e arrancos
Sobre os
velhos tapetes estendidos...
Olhai o
coração que entre gemidos
Giro na
ponta dos meus dedos brancos!
“Meu
Deus! Mas tu não mudas o programa!”
Protesta
a clara voz das Bem-Amadas.
“Que
tédio!” o coro dos Amigos clama.
“Mas que
vos dar de novo e de imprevisto?”
Digo...
e retorço as pobres mãos cansadas:
“Eu sei
chorar... Eu sei sofrer... Só isto!”
- Mario
Quintana, in: A Rua dos Cataventos, 1940.
XXII
Vontade
de escrever quatorze versos...
Pobre do
Poeta!... É só pra disfarçar...
Andam
por tudo signos diversos
Impossíveis
da gente decifrar.
Quem
sabe lá que estranhos universos
Que
navios começaram a afundar...
Olha! os
meus dedos, no nevoeiro imersos,
Diluíram-se...
Escusado navegar!
Barca
perdida que não sabe o porto,
Carregada
de cântaros vazios...
Oh!
dá-me a tua mão, Amigo Morto!
Que
procuravas, solitário e triste?
Vamos
andando entre os nevoeiros frios...
Vamos
andando... Nada mais existe!...
- Mario
Quintana, in: A Rua dos Cataventos, 1940.
XXIII
Cidadezinha
cheia de graça...
Tão
pequenina que até causa dó!
Com seus
burricos a pastar na praça...
Sua
igrejinha de uma torre só...
Nuvens
que venham, nuvens e asas,
Não
param nunca nem um segundo...
E fica a
torre, sobre as velhas casas,
Fica
cismando como é vasto o mundo!...
Eu que
de longe venho perdido,
Sem
pouso fixo (a triste sina!)
Ah, quem
me dera ter lá nascido!
Lá toda
a vida poder morar!
Cidadezinha...
Tão pequenina
Que toda
cabe só num olhar...
- Mario
Quintana, in: A Rua dos Cataventos, 1940.
Mario Quintana - foto: Adolfo Gerchmann |
O
milagre
Dias maravilhosos em que
os jornais vêm cheios de poesia... e do lábio do amigo brotam palavras de
eterno encanto... Dias mágicos... em que os burgueses espiam, através das
vidraças dos escritórios, a graça gratuita das nuvens...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Da
paginação
Os livros de poemas
devem ter margens largas e muitas páginas em branco e suficientes claros nas
páginas impressas, para que as crianças possam enchê-las de desenhos – gatos,
homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros,
cavalos, bois, tranças, estrelas – que passarão também a fazer parte dos
poemas...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Epígrafe
As únicas coisas eternas
são as nuvens...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Momento
O homem parou, cheio de
dedos, para procurar os fósforos nos bolsos. A insidiosa frescura do mar lhe
mandou um pensamento suicida. E veio um riso límpido e irresistível – em i, em a, em o – do fundo de um
pátio da infância. Um riso... Senão quando o homem achou os fósforos e a vida
recomeçou. Apressada, implacável, urgente. A vida é cheia de pacotes...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
A
vingança
Se eu fosse Deus, eu
mandava os comendadores mortos (ah, como nos havíamos de rir, ó Walt Disney!),
eu os mandava a todos, com as suas almas graves, encasacadas e de óculos, para
o doido País das Sinfonias Coloridas.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Provérbio
O seguro morreu de
guarda-chuva.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Horror
Com os seus oo de
espanto, seu RR guturais, seu hirto H, HORROR é uma palavra de cabelos em pé,
assustada da própria significação.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Triste
época
Em nossa triste época de
igualitarismo e vulgaridade, as únicas criaturas que mereciam entrar numa
história de fadas são os mestres-cucas, com os seus invejáveis gorros brancos,
e os porteiros dos grandes hotéis, com os seus alamares, os seus ademanes, a
sua indiscutida majestade.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
A
arte de fumar
Desconfia dos que não
fumam: esses não têm vida interior, não têm sentimentos. O cigarro é uma
maneira disfarçada de suspirar...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Do
inédito
E quando, morto de
mesmice, te vier a nostalgia de climas e costumes exóticos, de jornais
impressos em misteriosos caracteres, de curiosas beberagens, de roupas de
estranho corte e colorido, lembra-te que para alguém nós somos antípodas: um
remoto, inacreditável povo de outro mundo, quase do outro lado da vida – uma
gente de se ficar olhando, olhando, pasmado... Nós, os antípodas, somos assim.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Crise
Por causa dos
ilusionistas é que hoje em dia muita gente acredita que poesia é truque...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Meu
trecho predileto
O que mais me comove, em
música, são essas notas soltas – pobres notas únicas – que do teclado arranca o
afinador de pianos...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Paisagem
de após-chuva
A relva, os cavalos, as
reses, as folhas, tudo envernizadinho como no dia inolvidável da inauguração do
Paraíso...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Prosódia
As folhas enchem de ff as vogais do vento.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Clopt!
Clopt!
É a ruazinha que tosse,
tosse, engasgada com o homem da muleta.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Só
para si
Dona Cômoda tem três gavetas.
E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros
tempos, só para si. Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fechada, egoísta.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
A
companheira
A lua parte com quem
partiu e fica com quem ficou. E, pacientemente, consoladoramente, aguarda os
suicidas no fundo do poço.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Viração
Voa um par de
andorinhas, fazendo verão. E vem uma vontade de rasgar velhas cartas, velhos
poemas, velhas contas recebidas. Vontade de mudar de camisa, por fora e por
dentro... Vontade... para que esse pudor de certas palavras?... vontade de
amar, simplesmente.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Carreto
Amar é mudar a alma de
casa.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Os
máscaras
O Homem Invisível via-se
obrigado a botar máscara. Era uma face enganadora, alheia, sinistra,
melancólica...
O poeta, para entrar em
contato com os outros homens, põe-se a fazer poemas.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
O
poema
Uma formiguinha
atravessa, em diagonal, a página ainda em branco. Mas ele, aquela noite, não
escreveu nada. Para quê? Se por ali já havia passado o frêmito e o mistério da
vida...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
A
adolescente
Vai andando e vai
crescendo. É toda esganifrada: a voz, os gestos, as pernas... Antílopes! Vejo
antílopes quando ela passa! Pois deixa, passando, um friso de antílopes, de
bambus ao vento, de luas andantes, mutáveis, crescentes...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Estufa
Que imaginação depravada
têm as orquídeas! A sua contemplação escandaliza e fascina. Vivem procurando e
criando inéditos coloridos, e estranhas formas, combinações incríveis, como
quem procura uma volúpia nova, um sexo novo...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Aparição
Tão de súbito, por sobre
o perfil noturno da casaria, tão de súbito surgiu, como um choque, um impacto,
um milagre, que o coração, aterrado, nem lhe sabia o nome: - a lua! – a lua
ensanguentada e irreconhecível de Babilônia e Cartago, dos campos malditos de
após-batalha, a lua dos parricídios, das populações em retirada, dos estupros,
a lua dos primeiros e dos últimos tempos.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Epílogo
Não, o melhor é não
falares, não explicares coisa alguma. Tudo agora está suspenso. Nada aguenta
mais nada. E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que
derruba um castelo de cartas! Não se sabe... Umas vezes passa uma avalanche e
não morre uma mosca... Outras vezes senta uma mosca e desaba uma cidade.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Mario Quintana, por Joana Heck. |
Envelhecer
Antes, todos os caminhos
iam.
Agora todos os caminhos
vêm.
A casa é acolhedora, os
livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá
para os fantasmas.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Exegese
- Mas que quer dizer
esse poema? – perguntou-me alarmada a boa senhora.
- E que quer dizer uma
nuvem? – retruquei triunfante.
- Uma nuvem? – diz ela.
– Uma nuvem umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Fatalidade
Em todos os velórios há
sempre uma senhora gorda que, em determinado momento, suspira e diz:
- Coitado! Descansou...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Perversidade
Alarmar senhoras gordas
é um dos maiores encantos desta vida e da outra vida.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
O
cachorro
Do quarto próximo, chega
a voz irritada da arrumadeira:
- Meu Deus! A gente mal
estende a cama e já vem esse cachorro deitar em cima! Salta daí pra fora!
E Lili, muito
formalizada:
- Finoca! O cachorro tem nome!
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Da
humilde verdade
O quotidiano é o
incógnito do mistério.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Boca
da noite
O grilo canta
escondido... e ninguém sabe de onde vem seu canto... nem de onde vem essa
tristeza imensa daquele último lampião da rua...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Cozinha
Cada brasa palpita como
um coração...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Hai-kai
A cozinheira preta preta
Preta e gorda
Com seu fresco sorriso
de lua...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Mentira?
A mentira é uma verdade
que se esqueceu de acontecer.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Pés
de fora
A negrinha, essa, tem
medo de fantasmas.
Cada vez que um rato
corre mais depressa, ela tapa a cabeça.
Mas fica com os pés de
fora.
É o medo ridículo,
tocante, desamparado, o medo de pés de fora.
Se eu fosse fantasma,
eu... Não, não lhe faria nada: o melhor do susto é esperar por ele.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Antemanhã
Trotam, trotam,
desbarrancando o meu sono, os burrinhos inumeráveis da madrugada.
Carregam laranjas?
Carregam repolhos? Carregam abóboras?
Não. Carregam cores.
Verdes tenros. Amarelos vivos. Vermelhos, roxos, ocres.
São os
burrinhos-pintores.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
O
despertar do egotista
Os pequeninhos
vendedores de jornais gritam por meu nome.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
O
despertar dos amantes
Quem teria deixado,
enquanto nos amávamos, o tarro da luz à nossa porta?
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Passeio
Oh! não há nada como um
pé depois do outro...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Calçada
de verão
Quando o tempo está
seco, os sapatos ficam tão contentes que se põem a cantar.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Construção
... o dia exato alinha
os seus cubos de vidro...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Da
cor
Há uma cor que não vem
nos dicionários. É essa indefinível cor que têm todos os retratos, os figurinos
da última estação, a voz das velhas damas, os primeiros sapatos, certas
tabuletas, certas ruazinhas laterais: - a cor do tempo...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Viagem
O fim do cigarro tem uma
tristeza de fim de linha...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Pequenos
tormentos da vida
De cada lado da sala de
aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se,
lentas, como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim... Sem
fim é a aula: e nada acontece, nada... Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa
Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse pela outra!
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
As
falsas recordações
Se a gente pudesse escolher
a infância que teria vivido, com que enternecimento eu não recordaria agora
aquele velho tio de perna de pau, que nunca existiu na família, e aquele arroio
que nunca passou aos fundos do quintal, e onde íamos pescar e sestear nas
tardes de verão, sob o zumbido inquietante dos besouros...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Ventura
Naquela missa de
Sexta-Feira da Paixão, notei que o velho Ventura rezava assim: - Tchug tchug
tchug tchug amém... Tchug tchug tchug tchug amém... Tchug tchug tchug...
- Assim não vale, seu
Ventura.
- Ora! Ele sabe tudo o que eu quero dizer...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Comentário
ouvido num bonde
Que moça culta, a Maria
Eduarda: usa ponto-e-vírgula!
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
O desinfeliz
Sua vida era um tanto
argentino.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Triste
mastigação
As reflexões dos velhos
são amargas como azeitonas.
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
O
lampião
A janelinha de acetilene
do lampião da esquina tinha uma luz que não era a do dia nem a da noite... a
mesma luz que banhava as pessoas, animais e coisas que a gente via em sonhos...
aquela mesma luz que deveria enluarar, mais tarde, as janelas altas do outro
mundo...
- Mario
Quintana, in: Sapato Florido, 1948.
Há leitores que acham bom tudo o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.
- Mario Quintana, in: Caderno H, 1973.
Família desencontrada
O verão é um senhor gordo sentado na varanda reclamando cerveja. O inverno é o vovozinho tiritante. O outono, um tio solteirão. A primavera, em compensação, é uma menina pulando corda.
- Mario Quintana, in: Caderno H, 1973.
Coexistência Pacífica
Amai-vos uns aos outros é muito forte para nós: o mais que podemos fazer, dentro da imperfeição humana, é suportarmo-nos uns aos outros.
- Mario Quintana, in: Caderno H, 1973.
Mario Quintana - foto: Dulce Helfer |
O silêncio
Há um
grande silêncio que está sempre à escuta...
E a
gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
qualquer
coisa, seja o que for,
desde a
corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a
tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por
todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o
silêncio escuta...
e cala.
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
“Em que
estrela, amor, o teu riso estará cantando?”
- Mario
Quintana, do poema “Eu fiz um poema”, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Dança
A menina
dança sozinha
por um
momento.
A menina
dança sozinha
com o
vento, com o ar, com
o sonho
de olhos imensos...
A forma
grácil de suas pernas
ele é
que as plasma, o seu par
de ar
de
vento,
o seu
par fantasma...
Menina
de olhos imensos,
tu,
agora, paras,
mas a
mão ainda erguida
segura
ainda no ar
o hastil
invisível
deste
poema!
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Bilhete
Se tu me
amas, ama-me baixinho
Não o
grites de cima dos telhados
Deixa em
paz os passarinhos
Deixa em
paz a mim!
Se me
queres,
enfim,
tem de
ser bem devagarinho, Amada,
que a
vida é breve, e o amor mais breve ainda...
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Viagem futura
Um dia
aparecerão minhas tatuagens invisíveis:
marinheiro
do além, encontrarei nos portos
caras
amigas, estranhas caras, desconhecidos tios mortos
e eles
me indagarão se é muito longe ainda o outro mundo...
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Jogos pueris
O que
nos acontece nada tem como a gente
o que
nos acontece
são
simples acidentes que chegam de olhos fechados
num jogo
de cabra-cega
e
mesmo a
morte
é aquela
conhecidíssima, aquela antiga brincadeira
de
fingir de estátuas...
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Evolução
Todas as
noites o sono nos atira da beira de um cais
e
ficamos repousando do fundo do mar.
O mar
onde tudo recomeça...
Onde
tudo se refaz...
Até que,
um dia, nós criaremos asas.
E
andaremos no ar como se anda em terra.
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Os retratos
Os
antigos retratos de parede
não
conseguem ficar longo tempo abstratos.
Às vezes
os seus olhos te fixam, obstinados
porque
eles nunca se desumanizam de todo.
Jamais
te voltes para trás de repente.
Não, não
olhes agora!
O
remédio é cantares cantigas loucas e sem fim...
Sem fim
e sem sentido...
Dessas
que a gente inventava para enganar a solidão dos caminhos sem lua.
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
O poeta é belo
O poeta
é belo como o Taj-Mahal
feito de
renda e mármore e serenidade
O poeta
é belo como o imprevisto perfil de uma árvore
ao
primeiro relâmpago da tempestade
O poeta
é belo porque os seus farrapos
são do
tecido da eternidade
- Mario
Quintana, in: Esconderijos do Tempo, 1980.
Mario Quintana - foto: Daniel de Andrade Simões |
Inscrição
para um portão de cemitério
A
morte não melhora ninguém...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Adolescência
Idade em que a gente lê
sem estar pensando noutras coisas.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Diálogo
Dois monólogos
intercalados.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Os
grilos
Os grilos são os poetas
mortos...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Covardia
É uma covardia falar mal
dos inimigos: só se deve falar mal dos amigos.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Madrigal
No fim das contas, as
sátiras que a gente faz contra as mulheres são uma espécie de madrigal às
avessas.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Roubo
infinito
O aborto não é, como
dizem, um assassinato. É um roubo. Nem pode haver roubo maior. Porque, ao
malogrado nascituro, rouba-se-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo,
tudo! O aborto é o roubo infinito.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Terapias
Pílulas das mais
variadas cores, cada uma para as diversas horas do dia. Isso não quer dizer que
curasse os velhinhos, não. Mas sempre dava um colorido à mesmice das suas
vidas.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
que o vento não levou
No fim tu hás de ver que
as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um
estribilho antigo, um carinho no momento precioso, o folhear de um livro, o
cheiro que tinha um dia o próprio vento...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Renovação
Em cada Dia Primeiro do
Ano o céu é cuidadosamente repintado de azul.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Uma
bela história
O velho mendigo que
agora mesmo, neste momento, acaba de encontrar num monte de sucata a lâmpada da
Aladim – tão amassada, tão enferrujada e de feitio tão esquisito – eis que ele
a devolve ao lixo e leva em vez dela uma útil chaleira. Uma chaleira sem tampa,
digo eu, para os que gostam de pormenores.
Não é esta a primeira
vez que o acaso, inocentemente, assim estraga uma bela história!
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Antes
e depois
Porto Alegre, antes, era
uma grande cidade pequena.
Agora, é uma pequena
cidade grande.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Isolacionistas?
Nesses desenhos de
criança – vocês também repararam? – há alguns em que não aparece aquela
costumeira estradinha que leva à porta de suas casas...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Trova
Tu me disseste que sim,
Mas teu infiel coração
De um lado a outro a
bater
Está dizendo que não...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
713.789
O bom das
segundas-feiras, do primeiro de cada mês e do Primeiro do Ano é que nos dão a
ilusão de que a vida se renova... Que seria de nós se a folhinha estivesse
marcando hoje o dia 713.789 da Era Cristã?
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
vento
O vento gosta é de
cantar: quem faz uma letra para a canção do vento?
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Atividades
invisíveis
Os anjos deslizam em
invisíveis escadas rolantes.
Os demônios pedalam
bicicletas invisíveis.
E só sabemos da sua
presença por uma leve aragem na face.
Ou por uma dessas
ventanias súbitas que arrepanham as saias, que nos enchem os olhos de poeira e
viram os guarda-chuvas pelo avesso.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
As
horas
Nunca perguntes que
horas são na presença de um defunto.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Nós,
os sapatos
Havia, não me lembro
agora se no País das Maravilhas da Alice ou se na Cidade de Oz, uma velha que
morava num sapato...
E nós, que moramos em
caixa de sapatos!
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Vigilantes
noturnos
Os que fazem amor não
estão fazendo apenas amor: estão dando corda ao relógio do mundo.
Mario Quintana, por Henrique Rodrigues Pinto. |
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
A
indumentária
- Por que os fantasmas
sempre aparecem vestidos? Sendo a morte um segundo nascimento, por que não
surgem ao natural, tal como vieram a este mundo? Será que o Outro Mundo tem
desses puritanismos? Nada disso! É que os fantasmas ficam com vergonha de que a
gente descubra que as almas não têm sexo.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Pulgas
A coisa mais triste
deste mundo é um cachorro sem pulgas.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Imaturidade
Ah! esses buzinadores...
Permitir que eles guiem um carro é o mesmo que dar um apito para uma criança.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
A
saudade
O que faz as coisas
pararem no tempo é a saudade.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Da
solidão
O problema da solidão
não consiste em saber como solucioná-la, mas em saber como conservá-la.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Os
puritanos
... a depravada
imaginação dos puritanos...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Neutralidade
Só Deus é imparcial –
quando, como por exemplo, abençoa as bandeiras dos dois exércitos contrários.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
As
duas molas da vida
É preciso amar, é
preciso odiar – são as duas molas da vida.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Agressões
O ataque de uma
borboleta agrada mais do que todos os beijos de um cavalo.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Visitas
Não é só quando eu estou
trabalhando que as visitas importunam: é quando não estou fazendo nada.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Cão
Amigo e grande puxa-saco
do homem.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Eternidade
A eternidade é um
relógio sem ponteiros.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Vocês
já repararam?
Nos salões do sonho não
há espelhos...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
A
vez da maça
Não, Newton, não era a
maça que estava a cair de madura: era a lei da gravidade.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Os
crocodilos
Pior, mas muito pior
mesmo do que as lágrimas de crocodilo, são os sorrisos de crocodilo.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Ao
pé da letra
Enforcar-se é levar
muito a sério o nó na garganta.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
suicida
O último bilhete deixado
por um obstetra: Parto sem dor.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
verdadeiro suicida
... Mas um verdadeiro
suicida, um suicida que se preza, não deixa declarações...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
café e o chá
O café é mais intelectual
– o chá, mais espiritual.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Quem
ama...
Camões escreveu: “Quem
ama inventa as penas em que vive”. ”Quem ama inventa as coisas a quem ama”,
acrescentaria eu, se a tanto me atrevesse...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Vale a pena estar vivo –
nem que seja para dizer que não vale a pena.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Trova
Os poetas jogam os
poemas
por sobre as águas do
mar.
Na praia do Mar do Tempo
que versos irão chegar?
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Segredos
da natureza
Nunca se sabe se uma
formiga extraviada está extraviada mesmo... ou o quê.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Linha
curva
O caminho mais agradável
entre dois pontos.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Linha
reta
Linha sem imaginação.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Intruso
Indivíduo que chega
exatamente na hora em que não devia. Exemplo: o marido...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
K
Letra caminhante.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Verso
avulso
... O luar é a luz do
sol que está dormindo...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
As
ilusões perdidas
Fumar é um jeito
discreto de ir queimando as ilusões perdidas. Daí, esse ar entre aliviado e
triste dos fumantes solitários. Vocês já perceberam que nenhum deles fuma
sorrindo?
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
tempo
O tempo é um ponto de
vista. Velho é quem é um ano mais velho que a gente.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
O
eterno espanto
Que haverá com a lua que
– sempre que a gente a olha – é como o súbito espanto da primeira vez?
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
É
isso mesmo
Quem nunca se contradiz
deve estar mentindo.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Diálogo
bobo
- Abandonou-te?
- Pior ainda:
esqueceu-me...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Leituras
Não leia romances, leia
poesias. Ou melhor, leia dicionários. Se poesia é sugestão – semente que
germina e floresce na alma do leitor – vá lendo ao acaso um dicionário e nem
pode imaginar o que lhe acontece. Ler um dicionário é até mais variado, poético
e inspirativo do que olhar uma vitrine de bric.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Eles
Nada mais natural que
eles façam propaganda de uma arte coletiva, de uma poesia coletiva: os rebanhos
desconhecem a primeira pessoa do singular.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Intemporalidade
Poderá imaginar-se coisa
mais ridícula do que um deus vestido no rigor da moda?
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Percalços
da posteridade
O mais irritante de nos
transformarem um dia em estátuas é que a gente não pode coçar-se.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Avareza
Os momentos mais belos
de nossa vida, desconfio que ficam para sempre esquecidos, porque a memória,
essa velha avarenta, os rouba e guarda a sete chaves no seu baú.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
A
harmonia das formas
Antes, elas eram
violões. Hoje viraram violinos. Naturalmente, continuam raríssimos os
Stradivarius...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Mau
humor
Os que metem uma bala na
cabeça retiram-se deste mundo batendo com a porta.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
A
bem-amada na praia
Sua bundinha
Deixou na areia
A forma exata
De
um coração...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Tão
simples
A verdadeira coragem
consiste, apenas, em não nos importarmos com a opinião dos outros... Mas como
custa!
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Ah!
Ah! esses moralistas...
Não há nada que empeste mais que um desinfetante.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Tentativa
de definição
O homem é o animal que
pensa noutras coisas.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Liberdade
O preço da poesia é a
eterna liberdade...
E aderir a determinada
escola poética é o mesmo que internar-se, voluntariamente, num asilo de
incuráveis.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Das
viagens
O encanto de viajar está
na própria viagem.
A partida e a chegada
são meras interrupções num velho sonho atávico de nomadismo.
Por outro lado, dizem
todas as religiões que estamos apenas de passagem no mundo. E isto é que faz
querermos tanto a esta vida passageira.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Pergunta
- Mas afinal, meu velho,
por que nunca pensaste em casamento?
- Prefiro a solidão
propriamente dita.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Coisas
que andam no ar
“Foi uma coisa que me
passou pela cabeça”, costuma-se dizer. E agrada-me esta expressão. Uma coisa
que nos passa pela cabeça me parece muita mais universal e portanto mais
verdadeira do que uma coisa que nos saem da cabeça.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Outra
estatística
Leio que certa cidade,
e olhe que não da
maiores,
tem quatro milhões de
almas...
Mas isso deve ser para
atenuar a situação.
O que a cidade tem, no
duro,
são quatro milhões de
bocas!
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Pausa
Na pausa das horas há um
instante de grave, serena pausa...
É quando o último grilo
parou de cantar...
E ainda não começou o
canto do primeiro pássaro...
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Girassóis
Os girassóis parecem
flores de retórica.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Por
dentro e por fora
Mario Quintana - foto: Dulce Helfer |
A coisa mais parecida
com a Censura é certa crítica que andam fazendo por aí. Um poema trata da
questão social? Ótimo! Ótimo! Não trata? Alienação! Eu só pediria licença para
lembrar que os alienados são precisamente os que têm uma ideia fixa.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Fisiognomia
Há longos narizes
pensativos que parecem estar pescando. São uns introvertidos, uns
inofensivos... O diabo são esses narizinhos arrebitados, sempre se dando conta
de tudo.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Dos
elefantes
O único defeito dos
elefantes é não serem portáteis.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
Crimes
passionais
Os verdadeiros crimes
passionais são os sonetos de amor.
- Mario
Quintana, in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.
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Página atualizada em 8.5.2014.
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Gostei muito da seleção publicada. Boa escolha. Se bem que com Quintana é fácil.
ResponderExcluirObrigada Maysa,
ExcluirQue bom que gostastes dos poemas.
Volte sempre, abraços
Adorei!!!Quintana é muito especial,e,a escolha dos poemas excelente!!!!
ResponderExcluirOlá Márcia,
Excluirfico feliz que tenha gostado.
É um dos meus poetas preferidos, amo os poemas dele. :)
Abraços e volte sempre!
Agradecido pela dose de Quintana! Muito bom.
ResponderExcluirLegal
ResponderExcluirQue beleza ! Parabéns pelas escolhas. . .
ResponderExcluirAmei estar aqui! Obrigada pela bela página!
ResponderExcluirTenho aqui uma frase que aparece em vários sites como sendo do Quintana. Mas gostaria de saber qual poema, qual livro, enfim... Cá está, se souber me dizer as referências, serei muito grato! “Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.”
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