© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho.
* Página original JULHO/2016 | ** Publicação revisada, ampliada e atualizada AGOSTO/2021.
ESBOÇO BIOBIBLIOGRÁFICO DE ODETE SEMEDO
Em 1995, foi diretora-geral do Ensino da Guiné, presidente da Comissão Nacional para a Unesco-Bissau, ministra da Educação de seu país entre 1997 e 1999 e Ministra da Saúde, entre 2004 e 2005.
Foi co-fundadora e é membro do Conselho de Redação da Tcholona, Revista de Letras, Artes e Cultura.
Em 2006 mudou-se para o Brasil para realizar o seu doutorado em Letras, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas, em 2010, defendeu a tese "As mandjuandadi – cantigas de mulher na Guiné-Bissau: da tradição oral à literatura".
De volta ao seu país, de 2013 a 2014, Odete Semedo foi Secretária-Geral e uma das fundadoras da Associação de Escritores da Guiné-Bissau. Nessa época também assumiu a reitoria da Universidade Amílcar Cabral, ficando até 20 de setembro de 2014, quando Zaida Correia a substituiu.
Atualmente, Odete Semedo trabalha como investigadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, para as áreas de Educação e Formação, de Bissau.
Obra literária, poética e cultural
Em 1992, traduziu para crioulo o roteiro do filme "Olhos Azuis de Yonta", da cineasta Flora Gomes; participando também das filmagens como assistente de realização.
Em 1994, participou da Anthologie de Literatures Francophones de l'Afrique de l'Ouest (Antologia de literatura francófona da África Ocidental), organizada por Jean Louis Joubert/ Paris, Nathan.
Seu primeiro livro, "Entre o Ser e o amar", uma reunião de poemas, foi publicado em 1996; O segundo livro de poemas "No fundo do canto", publicado em 2003; com 2ª edição em 2007.
Em 2002, publicou ainda, dois livros em prosa "SONNÉÁ histórias e passadas que ouvi contar I" e "SONNÉÁ histórias e passadas que ouvi contar II".
No ano de 2003, recebeu o prêmio, na categoria escritor, de personalidade que contribuiu para o desenvolvimento global da Guiné-Bissau.
Em 2010, publicou um livro de ensaios "Guiné Bissau: história, culturas, sociedade e literatura." .
Tem seus poemas e contos publicados em antologias, jornais e revistas nacionais e estrangeiras.
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"O livro mais triste que alguém haveria de ler na Guiné-Bissau. [...] o livro mais triste da Guiné-Bissau. [...] O espelho da dor de um povo e de tanto quantos se virem nele e através de a silhueta do próprio destino. Deixarei que nele corram todas as lágrimas que não puderam ser choradas. As chagas mal saradas abrirei com o meu bisturi deixando correr todo o pus para que todos possam ver a real podridão e o verdadeiro fingimento."
- Odete Costa Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007, p. 13-14.
OBRAS DE ODETE SEMEDO
Poesia:: Entre o ser e o amar. Odete Semedo. República da Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), 1996.
:: No fundo do canto. Odete Semedo. Viana do Castelo/Portugal: Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2003.
:: No fundo do canto. Odete Semedo. Coleção Para ler África, vol. 1. Belo Horizonte MG: Nandyala, 2007.
Contos
:: SONNÉÁ histórias e passadas que ouvi contar I. Odete Semedo. Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), 2000.
:: DJÉNIA histórias e passadas que ouvi contar II. Odete Semedo. Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), 2000.
Ensaio
:: Guiné Bissau: história, culturas, sociedade e literatura. Odete Semedo. Coleção Repensando África 11. Belo Horizonte MG/Brasil: Nandyala, 2010.
Organização
:: Literaturas da Guiné-Bissau - Cantando os escritos da história. [organização Margarida Calafate Ribeiro e Odete Costa Semedo]. Porto: Edições Afrontamento, 2011.
:: Os meus três amores. O diário de Carmen Maria de Araujo Pereira. Uma visão de Odete da Costa Semedo. [organização Odete da Costa Semedo]. Coleção Keburr II - Série Palavra de Mulher, Bissau: Inep, 2016.
Em antologias - poética, prosa e biográfica (participação)
:: Littératures francophones d'Afrique de l'Ouest: Anthologie. [org. Jean-Louis Joubert]. Paris: Nathan, 1994. {Contém: "Le chanteur de l'âme"/ Odete Semedo, v. 1, p. 132}.
:: Contos africanos dos países de língua portuguesa. [org. Albertino Bragança]. Coleção Para gostar de ler, vol. 44. São Paulo: Editora: Ática, 1999. (autores presentes: Ondjaki, Luandino Vieira, Mia Couto, Albertino Bragança, Boaventura Cardoso, Jose Eduardo Agualusa, Teixeira de Sousa, Luis Bernardo Honwana, Nelson Saute e Odete Costa Semedo).. {Contém: "A lebre, o lobo, o menino e o homem do pote" / Odete Semedo. p. 73-94.}.
:: O feminino nas literaturas africanas em língua portuguesa. [organização Fabio Mario da Silva]. Lisboa: CLEPUL, 2014. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
:: Voices, Languages, Discourses: Interpreting the Present and the Memory of Nation in Cape Verde, Guinea-Bissau and São Tomé and Príncipe. [edited by Ana Mafalda Leite, Jessica Falconi, Kamila Krakowska, Sheila Kahn and Carmen Tindó Secco]. Peter Lang Ltd; International Academic Publishers, 2020.
:: Quilombellas amefricanas - coletânea poética. vol. 2. [organização Ana Rita Santiago, Claudia Santos e Mel Adún; apresentação Silvia Regina de Lima Silva e Iya Bunmy; projeto gráfico Guellwaar Adún] direção de arte Dadá Jaques]. Salvador: Ogum’s Toques Editora, 2021. {autoras presentes: Goretti Pina, Luedji Luna, Luz Ribeiro, Marta Quiñónez, Mel Adún, Mel Matsinhe, Odete Costa Semedo, Rita Santana, Sapphire, Shirley Campbell e Tânia Tomé}.
Tese doutorado
SEMEDO, Maria Odete da Costa Soares. As mandjuandadi - cantigas de mulher na Guiné-Bissau: da tradição oral à literatura. (Tese Doutorado Literaturas de Língua Portuguesa). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, 2010. Disponível no link. (acessado em 26.7.2016).
Capítulos de livros
Maria Odete Costa Semedo |
_________ . Ecos da terra. In: MATA, Inocência; PADILHA, Laura Cavalcante. (Org.). A Mulher em África: vozes de uma margem sempre presente. 1ª ed., Lisboa: Edições Colibri, 2007, v. 1, p. 103-133.
_________ . Vento... Chão nosso. In: Alencart, Alfredo Pérez; Salvado; Pedro. (Org.). Os rumos do vento [Los rumbos del viento]. 1ª ed., Salamanca: Trilce Ediciones, 2005, v. 1, p. 106-106.
_________ . Odete Semedo. In: AUGEL, Moema Parente. (Org.). Kebur: barkafon di poesia na kriol (Uma coletânia de poesias na kriol). 1ª ed., Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, 1996, v. 1, p. 129-136.
_________ . Le chanteur de l'âme. In: JOUBERT, Jean Louis. (Org.). Anthologie de literatures francophones de l'Afrique de l'Ouest: Anthologie. 1ª ed., Paris: Nathan, 1994, v. 1, p. 132-132.
Artigos e ensaios
SEMEDO, Maria Odete da Costa Soares. Revisitando a cooperação Brasil/África face aos desafios dos novos tempos. In: Estudos de Sociologia (Recife), v. 15, p. 107-120, 2010.
_________ . As Cantigas Medievais e as Cantigas de Dito: uma leitura comparada possível. In: Scripta (PUCMG), v. 11, p. 57-78, 2007.
_________ . Carta Aberta à Exma. Sra. Dra. Fernanda Cavacas. In: Scripta (PUCMG), v. 11, p. 351-357, 2007.
_________ . As Cantigas de Mandjuandadi na Oratura Guineense. Notas para um trabalho de pesquisa em desenvolvimento. In: Estudos de Literaturas Africanas: Cinco Povos, Cinco Nações “Actas do Congresso Internacional de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa”, Coimbra: Novo Imbondeiro Universitas, p. 644-659, 2006.
_________ . Contributo para o debate sobre o registro de textos da tradição oral. In: Revista Ecos (Cáceres), v. 3, p. 72-75, 2005.
_________ . Contributo para o debate sobre o registro de textos da tradição oral. In: Revista Ecos (Cáceres), v. 3, p. 72-75, 2005.
_________ . Silhueta da desventura / Silhouette des Ungliicks. In: Sterz (Zeitschrift für Literatur, Kunst und Kulturpolitik), v. 71-72, p. 59-59, 1996.
_________ . Storia da boa nova. In: Tcholona, Revista de Letras, Artes e Cultura, 5 (2), p. 2-5, 1996.
_________ . Aconteceu numa noite em Gã-Biafada. In: Tcholona, Revista de Letras, Artes e Cultura, 2/3 (1), p. 20-22, 1994.
_________ . A problemática do registo na oratura guineense. In: Tcholona, Revista de letras, artes e cultura, 1, p. 9-11, 1994.
_________ . A língua e os nomes na Guiné-Bissau. In: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Disponível no link. (acessado em 26.7.2016).
:: fonte e outras referências em: currículo lattes (acessado em 26.7.2016).
_________ . Aconteceu numa noite em Gã-Biafada. In: Tcholona, Revista de Letras, Artes e Cultura, 2/3 (1), p. 20-22, 1994.
_________ . A problemática do registo na oratura guineense. In: Tcholona, Revista de letras, artes e cultura, 1, p. 9-11, 1994.
_________ . A língua e os nomes na Guiné-Bissau. In: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Disponível no link. (acessado em 26.7.2016).
:: fonte e outras referências em: currículo lattes (acessado em 26.7.2016).
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Odete Semedo - foto: Rafaela Martins/Catarinas
POEMAS SELECIONADOS DE ODETE SEMEDO
A kontrata começara
O grande lugar de rónia
tronco de um velho poilão
aguardava a cerimónia
que abriria o encontro
Os irans chegaram à hora prevista
cada um representando djorson
uns podiam falar
estava à vista
outros não
era a lei entendida por todas
e ninguém devia porfiar
Bissau tomou a palavra
era a anfitriã
kumbu da mufunesa
antro de desespero
Fazia tempo
não sabiam o que era
um pingo de cana derramado
manta e esteira
Fazia tempo não sabiam
o que era ser amado
pelos filhos
Fazia tempo
não sabiam o que era
punhado de arroz
e água fria no chão
Que coisa atroz
tão grande mufunesa
filhos seus corriam
de um lado para outro
Bissau era culpada: concluíam
Não criou bem os seus filhos
largou-os ao léu
mal abençoados
vagueando feito rastilhos
debaixo de sol e serunu
Esses filhos desgraçados
porfiaram as suas raízes
renegaram a verdade
apostaram na mentira
na calúnia e lobo
fez do seu manjar
outro lobo
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
As minhas lágrimas
As lágrimas
escapuliram
esboçaram
no chão do meu rosto
um fio de mágoa profunda
queimando
bem fundo
Nenhum grito...
nenhum gemido...
palavra nenhuma
letra alguma
jamais traduziu
tanto sofrer
os olhos sentiram
a minha gente viu
E eu?
E eu?
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Cogito, ergo sum
Pensa não fala!
aposta na tua existência
Falando... podes quebrar
da vida o encanto
fazer do inferno um teu canto
e inglória
a folia alheia
Continua pensando
segue o exemplo do Vivêncio
filho de Prudêncio
jamais a sua voz se fez ouvir
senão pela boca alheia
Não fala... que a voz ecoa!
não grita... que a garganta irrita
e de rouquidão se inquieta
Não chora... que de soluços
podes morrer
Não discorda... que a corda estrangula
Vai segue o teu caminho
virtual que seja
Poupa a tua fala... pensando sempre
e vive calma(mente)
na paz da discórdia
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Djon gagu
Sintidu ramangam
Korson n djutim
N pirdi susego
Ña sonu bua na bentu
Es i ke nubdadi?
N karga djon gago
Di dufuntu ku n ka n terá
N na iari iari
Sol fitcha pa mi
Ña blaña bida
Lala di ñara sikidu
Nin pa mermeri
Boka ka ten
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
§
Dores s desaires dos caminhantes
Que palavras
poderão espelhar este desaire
ensinaram-me o abc
deram-me a conhecer
letras e sílabas
sentenças e provérbios
ditos e cantigas
Ensinaram-me
que as letras
que as palavras
traduzem
reproduzem
encantam
contam
pensamentos
intentos
devaneios
e sonhos
Para tanta aflição expressar
esta dor queimando
a minha alma
o nosso infortúnio
Este punhal...
cravado no meu chão
maldição de que deuses
para dilacerar
as estranhas da gente?
como aplacar tanta
e tamanha dor
ninguém me desvendou
tal segredo.
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Do prenúncio aos factos
tudo virou fumaça
tudo foi virando nada
o feito em coisa alguma
bianda de homens sem rosto
Um mundo de promessas
foi deixando para trás
caminhos tortuosos
abrindo-se em narinas
de outros cheiros
não os da podridão
dos falsários
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
E fez um poema sem palavras
Numa manhã cinza
com nuvens imitando
gente chuva
chorando...
quis fazer um poema,
um poema raiz dos que marcam época
invocar as nharas
e as sinharas
chorar o prenúncio
que marcou o meu povo
denunciar o desequilíbrio
Nessa manhã
- ainda -
de lápis na mão
quis deixar no poema
figura de gente
vivente sem encanto
dos ímpios
o sangue derramado
algures...
que horror:
nasci em tempo de paz!
Na mesma manhã
- que dia teimoso -
sol tímido e mimoso
serkando a chuva
a intenção era fazer
poemas
para não adia a palavra
com ecos do pranto
trasnformados em canto
e gargalhadas alegres
de mantenhas para crianças
... que desilusão:
nem uma palavra apontei
Ea apenas mais um sono
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
E ninguém podia crer
Entre a dor que sinto
e o que pressinto
na alma da minha terra
que caminho trilhar?
Entre a dor que sinto
entre o ser e o estar
venceram a ganância
a violência
e o desespero
E nós?
não acredito
no que os meus olhos vêem
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Eu e a poesia
Eu e a poesia
A confissão
O prazer
O gosto de dizer
Sem reprimir
O prazer de dar
O que se quer
A viagem segura
Num mundo incerto
A magia do som
Da música, do ritmo
O prazer da viagem
A visão da natureza
Pura ou não
A Providência sempre
Ou nunca presente
Poesia amor
Construção
Fuga e reencontro
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
§
Ña rostu
Ña rostu bida lagua
Iagu di mare mansu
Na buska kamiñu di bom turpesa
Salus terbesan garganti
Ña pitu intchi dur
Fala ka pudi tustumuña pa mi
Iagu di mare mansu ku bida makare
Spidju di kasabi
Tustumuñu di ña flema
Tadja pa mi
Dja ku ña fala falsian
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
§
O cantor da alma sentiu o monstro... e disse:
seu eu pudesse...
caminhar entre as nuvens
gritar o meu canto
banhar-me
em teu pranto
Se eu pudesse
Ser carpideira
djamur as minhas mágoas
engodar o desassossego
perder-me no horizonte
libertar o grito
Se eu pudesse...
vencer esta guerra
entre mim e o nada
abrir as asas
da minha desventura
remover a terra vermelha
descobrir o mistério do ser...
Ah, se eu pudesse...!
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
O teu mensageiro
Não te afastes
aproxima-te de mim
traz a tua esteira e senta-te
Vejo tremenda aflição no teu rosto
mostrando desespero
andas
e os teus passos são incertos
Aproxima-te de mim
pergunta-me e eu contar-te-ei
pergunta-me onde mora o dissabor
pede-me que te mostre
o caminho do desassossego
o canto do sofrimento
porque sou eu o teu mensageiro
Não me subestimes
aproxima-te de mim
não olhes estas lágrimas
descendo pelo meu rosto
nem desdenhes as minhas palavras
por esta minha voz trémula
de velhice impertinente
Aproxima-te de mim
não te afastes
vem...
senta-te que a história não é curta
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
O velho poilão
O tempo fez-me vergar
E as minhas raízes saltar
Agarro ao que de mim resta
E tento reconhecer a minha geração
De extrema solidão
No meu reino
Tenho pesadelos
Tractores de dentes aguçados
Ávidos lenhadores
De machado em punho
Meus oradores
Miram o meu tronco
Carcomido pelo tempo
À espera da queda fatal
Angustiado sonho com os belos tempos
Vejo os meus braços verdes
O meu tronco firme
Ostentando uma cabeça frondosa
De cabelos encarapinhados
Simulando perfis ocos
De rostos apinhados
Ainda recordo
De sombras que dei
Histórias de amor, noites de fogueira...
Quantas não assisti?
Fui símbolo de amor proibido
Refúgio de namorados
Hoje é isto o que de mim resta
Tudo que em mim presta
O tempo levou
E o chão aprovou
Mas não choro
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
§
Perdidos, desnorteados
decapitado
o meu corpo rola
e deambula pelo mundo
os meus membros se entrelaçaram
buscando protecção fora do tempo
O meu tronco sangrando quieto
protrado
num terra sem chão
lembra uma res
abatida
A minha cabeça
o meu corpo desbaratado
os meus membros entrelaçados
minha Guiné
minha terra
porra...
rolam... rolam e deambulam
em movimentos incertos
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Poemar
Poemar é amar o mar
Poemar é revestir o ser
Com o próprio pensamento
É trazer à superfície
O subconsciente
É ser vidente
É ser viandante
É amar a dor
E dar calor
Ao frio da noite.
Poemar é dar prazer ao ser
É estar contente
Por poder amar
E poemar é amor
Poemar é amar
Quando ao luar
O mar e a mente se entrelaçam
Quando a dor e o calor se confundem...
Poemar é amor
É amar
É mar
E é dor também
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
§
Por isso... silêncio!
Silêncio!
Vem aí o grande bandlulho
cabeça de aço
gigante das sete gargantas
Desembarcou
na terra prometida:
nos tentáculos
pequenos obstáculos
nos pés de barro
botas de melaço
para línguas de pelica
De bandulho vazio
quis encher a pança
com poupança
Mais quilos arrecadar
era a esperança
engordar era o sonho
do gigante
das sete gargantas
Noite vai
dia vem
cresceu a pança
e as gargantas
eram já quantas?
perdeu-se a conta
e dos tentáculos também
Tomou-se surdo
aumentou de peso
de olhos
pés enormes
corpo disforme
vai o gigante
tentar um passo
dois
e três
e era uma vez...
partiram-se os pés
do gigante
das sete gargantas
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Sou a sombra dum corpo que não existe
Sou o choro desesperado
Sou o eco de um grito articulado
Numa garganta sem forças
Sou um ponto no infinito
Silhueta da desventura
Perdida neste espaço
Vagueando... finjo existir
Insistem chamar-me criança
E eu insisto ser
A esperança do incerto
O meu tantã é de outros tempos
A melodia que oiço
É o crepitar de chamas
Confundindo-se com o roncar da fome
E o chão onde piso
É uma ilha de fogo
A minha nuvem é a fumaça
Da bala disparada
Gotas salgadas orvalham
O meu pequeno rosto
Enquanto choro
Na esperança do incerto
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
§
Tanta súplica evocou os Irans
Tanta súplica e chamamento...
tamanha invocação
tantas fantasias desfeitas
pela dor
irans e defuntos se reuniram
não resistindo ao veneno
de tantos corpos perdidos
Há culpados...
Que não fiquem mudos
nem impunes
pois o concílio vai reunir-se
os irans vão falar
é hora de ouvir a nossa djorson
e os nossos defuntos
Irans de Bissau
de Klikir a Bissau bedju
de N’ala e de Rênu
de Ntula e de Kuntum
de Ôkuri e de Bandim
de Msurum
Varela e do Alto Krim
de Klelé e de Brá
As sete djorson de Bissau
estarão presentes
as almas das katanderas
estarão presentes
Testemunharão o acto
os irans de João Landim
de Bula e de Farim
Os de Geba e Cacheu
Wendu Leidi e Bruntuma
não faltarão
Os irmãos de Pecixe e de Jeta
juntarão os seus caminhos
com os de Caió e Calequisse
Os de Canchungo e Batucar
tomarão a bênção em Bassarel
Cô será o ponto de encontro
dos que sairão de Bula e Binar
Hóspedes de Bolor e de Bufa
serão recebidos
mas não terão palavra
nem os de Banta
de Bessassema
Cacine e de Caur
e nem as velhas almas de Kansala
É assim a lei
no consílio dos irans
Será aceite por todos?
- Odete Semedo, no livro "No fundo do canto". Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
§
Voz
Olhos que falam por mim
Com voz de benjamim
Mãos de gestos seguros
Perturbando a insegurança
Da mente
Do espírito
E da alma desventurada
Pés que caminham
A passos largos
Desafiando o tempo
Caminhando...
A passos largos e firmes
Olhos
Mãos
Pés
Olhos meus
Sonhos teus
Que firmes
Descompassam
E fogem à desventura
Olhos, pés, mãos
Mãos e olhos
Num conjunto seguro
Insurgem
No desassossego do ser
- Odete Semedo, no livro "Entre o ser e o amar". Guiné-Bissau: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, 1996.
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Odete Semedo, por Christian Fischgold / Literaturas africanas 1. v. 2 (2018)
FORTUNA CRÍTICA DE ODETE SEMEDO
[Odete Semedo - teses e dissertações; livros, ensaios e artigos em revistas e jornais (impresso e online)]AUGEL, Moema Parente. O desafio do escombro: nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Editora Garamond Universitária, 2007.
BADINCA, Mairra Augusto. Feito três pedras de fogão: afirmação da identidade nacional sob o olhar dos escritores guineenses. In: UNILAB, 2017. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
BARTH, Pedro Afonso. A voz da mulher, a voz da nação, a voz possível: ecos plurais na poesia de Odete Semedo. In: Revista de Estudos de Literatura, Cultura e Alteridade – Igarapé. Porto Velho, v. 14, n. 2, p. 178-191, 2021. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
BISPO, Érica Cristina. Gestos e Vozes de papel: Odete Semedo e a reinvenção de passadas e estórias da tradição oral guineense. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2005.
BISPO, Érica Cristina. Gestos e Vozes de papel: Odete Semedo e a reinvenção de passadas e estórias da tradição oral guineense. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2005.
BISPO, Érica Cristina. A poesia de Odete Semedo: uma introdução. In: Mulemba - Revista de Estudos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, v. 11, p. 90-106, 2019. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
BISPO, Érica Cristina. Odete Semedo: oralidade e tradição. In: Mulemba, v. 8, n. 15, jul-dez 2016. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
BISPO, Érica Cristina. Trilhas e rumos das letras guineenses. In: Revista Signótica, v. 26, p. 81-104, 2014. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
CÁ, Ianes Augusto. 'No fundo do canto' reverberam os sons da violência: uma análise da poesia de Odete Semedo. In: Revista Crátilo, v. 9, p. 1-8, 2016. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
CALADO, Karina de Almeida. Memórias da guerra: Um diálogo entre poemas de Odete Semedo e o registro fotográfico do conflito armado de 1998-1999, na Guiné-Bissau. In: Scripta, v. 20, p. 117-129, 2016. Disponível no link. (acessado em 27.8.2021).
CALADO, Karina de Almeida; FONSECA, Maria Nazareth Soares. Identidade, subjetividade e nação guineense na poesia de Odete Semedo. In: II Encontro Nacional e Internacional de Linguístico e Literatura: O Canto da Palavra, Garanhuns, 2013. p. 530-542.
CALADO, Karina de Almeida; FONSECA, Maria Nazareth Soares. Identidade, subjetividade e nação guineense na poesia de Odete Semedo. In: II Encontro Nacional e Internacional de Linguístico e Literatura: O Canto da Palavra, Garanhuns, 2013. p. 530-542.
CAMPATO JR., João Adalberto. Manual de Literaturas de Língua Portuguesa: Portugal, Brasil, África Lusófona e Timor-Leste. 1ª ed., Curitiba/ Rio de Janeiro: CRV/ OPLOP, 2016.
CAMPATO JR., João Adalberto. A poesia da Guiné-Bissau: história e crítica. São Paulo: Editora Arte & Ciência, 2012.
CANJA, Antonia Edivânia Lima da Silva. A cidade de Bissau em No fundo do canto, de Odete Semedo. (Monografia Graduação em Letras). Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, 2019.
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Maria Odete Costa Semedo |
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Odete Costa Semedo |
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FEIÇÕES
No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a 8 de março de 2021, o Camões - Centro Cultural Português (CCP) em Bissau apresenta “Feições” – um livro de Manuel Júlio com poemas de Odete Costa Semedo - através de um vídeo de apresentação da obra, divulgado nas plataformas digitais Facebook e Youtube, que contou com a edição, texto e locução do artista plástico Rui Cambraia.
“Feições” é uma iniciativa do CCP em Bissau, que conta com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura da Guiné-Bissau e da União Europeia.
Veja o vídeo de apresentação da obra:
Língua esvoaçante
A língua nasceu solta e desenvolta. Nasceu virada para fora de si, irmanada com os lábios, os dentes e as cordas vocais que lhe deram a fala, a música, o grito e o silêncio, próprio da caverna onde livremente se encontra enclausurada. A língua serve-se dos olhos, de tudo ao seu alcance e fora dele para, sem papas, testemunhar a nossa relação com a vida. A língua é assim aquela coisa que nos permite, dentro do nosso silêncio, dizer tudo sem nada ter dito. Pois em língua e só nela carpimos os nossos mortos, contamos as nossas histórias e estórias, cantamos as nossas noivas quando rumo à casa do futuro marido deixa para trás a casa que a viu nascer e crescer. E só a língua permite a cada um dizer tudo, menos aquilo que se pensa, num jogo social em que cada um, munido do disfarce que julgar ideal, vai passando pelos círculos que a teia tece.
A língua, essa coisa esguia, nem sempre severa, guiada pela mente, vestida de uma mão ou, por vezes, de apenas três dedos — que podem ser de conversa —, vai dando largas às fantasias e aos sonhos.
A língua, na sua fantasia, tem vestidos: vestidos requintados e com enfeites de lantejoulas; vestidos com contornos de emoção, roupa de mendigo com remendos - mas nada para botar defeito; vestidos com bordados e afrontas que para muitos são heranças que os séculos lhe foram juntando num pé-de-meia. E com todos estes vestidos chega a bifurcar-se em língua do coração, do sentir, da alma e língua de contacto com o resto do mundo. Mas como a dificuldade é um mal dividido pelas aldeias, as línguas não são excepções à regra, lá têm elas o seu estilo de cooperação: a língua de viagens, a do contacto, acaba pedindo emprestadas as roupas de emoção da língua do sentimento; esta por sua vez vai deixando que a língua do sentimento faça uso de suas letras - com a permissão alfabetizada, é claro, de quem dita as regras do jogo.
Apesar de ter nascido solta e desenvolta, livre, ainda há quem pense ser dela o dono policiando no escuro a língua, não vá um mal-intencionado beliscar um acento ou acrescentar uma abertura em lugar incerto ou, ainda, quem sabe?, virgular o que deve ser pontofinalizado. Mas a língua não se importa que a façam voar em vozes e falas, que a enrolem em pergaminhos, folhas simples ou papel reciclado; o certo é que em silêncio ela grita e mesmo quando, inseguros, nela deitamos a mão... questionando... a língua é sempre testemunha.
Em que língua escrever
As declarações de amor?
Em que língua cantar
As histórias que ouvi contar?
Em que língua escrever
Contando os feitos das mulheres
E dos homens do meu chão?
Como falar dos velhos
Das passadas e cantigas?
Falarei em crioulo?
Mas que sinais deixar
Aos netos deste século?
Ou terei de falar
Nesta língua lusa
E eu sem arte nem musa
Mas assim terei palavras para deixar
Aos herdeiros do nosso século
Em crioulo gritarei
A minha mensagem
Que de boca em boca
Fará a sua viagem
Deixarei o recado
Num pergaminho
Nesta língua lusa
Que mal entendo
Ou terei de falar
Nesta língua lusa
E eu sem arte nem musa
Mas assim terei palavras para deixar
Aos herdeiros do nosso século
Em crioulo gritarei
A minha mensagem
Que de boca em boca
Fará a sua viagem
Deixarei o recado
Num pergaminho
Nesta língua lusa
Que mal entendo
E ao longo dos séculos
No caminho da vida
Os netos e herdeiros
Saberão quem fomos
E, assim, as mensagens vão passando porque a língua também vai permitindo, assumindo-se como portador de mensagens, voando nos ecos dos que ainda podem gritar pela liberdade, deslizando nas lágrimas invisíveis dos que apenas com seus olhares denunciam a pobreza extrema.
- Maria Odete da Costa Soares Semedo
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A língua nasceu solta e desenvolta. Nasceu virada para fora de si, irmanada com os lábios, os dentes e as cordas vocais que lhe deram a fala, a música, o grito e o silêncio, próprio da caverna onde livremente se encontra enclausurada. A língua serve-se dos olhos, de tudo ao seu alcance e fora dele para, sem papas, testemunhar a nossa relação com a vida. A língua é assim aquela coisa que nos permite, dentro do nosso silêncio, dizer tudo sem nada ter dito. Pois em língua e só nela carpimos os nossos mortos, contamos as nossas histórias e estórias, cantamos as nossas noivas quando rumo à casa do futuro marido deixa para trás a casa que a viu nascer e crescer. E só a língua permite a cada um dizer tudo, menos aquilo que se pensa, num jogo social em que cada um, munido do disfarce que julgar ideal, vai passando pelos círculos que a teia tece.
A língua, essa coisa esguia, nem sempre severa, guiada pela mente, vestida de uma mão ou, por vezes, de apenas três dedos — que podem ser de conversa —, vai dando largas às fantasias e aos sonhos.
A língua, na sua fantasia, tem vestidos: vestidos requintados e com enfeites de lantejoulas; vestidos com contornos de emoção, roupa de mendigo com remendos - mas nada para botar defeito; vestidos com bordados e afrontas que para muitos são heranças que os séculos lhe foram juntando num pé-de-meia. E com todos estes vestidos chega a bifurcar-se em língua do coração, do sentir, da alma e língua de contacto com o resto do mundo. Mas como a dificuldade é um mal dividido pelas aldeias, as línguas não são excepções à regra, lá têm elas o seu estilo de cooperação: a língua de viagens, a do contacto, acaba pedindo emprestadas as roupas de emoção da língua do sentimento; esta por sua vez vai deixando que a língua do sentimento faça uso de suas letras - com a permissão alfabetizada, é claro, de quem dita as regras do jogo.
Apesar de ter nascido solta e desenvolta, livre, ainda há quem pense ser dela o dono policiando no escuro a língua, não vá um mal-intencionado beliscar um acento ou acrescentar uma abertura em lugar incerto ou, ainda, quem sabe?, virgular o que deve ser pontofinalizado. Mas a língua não se importa que a façam voar em vozes e falas, que a enrolem em pergaminhos, folhas simples ou papel reciclado; o certo é que em silêncio ela grita e mesmo quando, inseguros, nela deitamos a mão... questionando... a língua é sempre testemunha.
Em que língua escrever
As declarações de amor?
Em que língua cantar
As histórias que ouvi contar?
Em que língua escrever
Contando os feitos das mulheres
E dos homens do meu chão?
Como falar dos velhos
Das passadas e cantigas?
Falarei em crioulo?
Mas que sinais deixar
Aos netos deste século?
Ou terei de falar
Nesta língua lusa
E eu sem arte nem musa
Mas assim terei palavras para deixar
Aos herdeiros do nosso século
Em crioulo gritarei
A minha mensagem
Que de boca em boca
Fará a sua viagem
Deixarei o recado
Num pergaminho
Nesta língua lusa
Que mal entendo
Ou terei de falar
Nesta língua lusa
E eu sem arte nem musa
Mas assim terei palavras para deixar
Aos herdeiros do nosso século
Em crioulo gritarei
A minha mensagem
Que de boca em boca
Fará a sua viagem
Deixarei o recado
Num pergaminho
Nesta língua lusa
Que mal entendo
E ao longo dos séculos
No caminho da vida
Os netos e herdeiros
Saberão quem fomos
E, assim, as mensagens vão passando porque a língua também vai permitindo, assumindo-se como portador de mensagens, voando nos ecos dos que ainda podem gritar pela liberdade, deslizando nas lágrimas invisíveis dos que apenas com seus olhares denunciam a pobreza extrema.
- Maria Odete da Costa Soares Semedo
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Odete Costa Semedo - ancestralidade e a poética do desassossego. Templo Cultural Delfos, agosto/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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beleza de página. gratíssima pelo envio.
ResponderExcluirGRANDE ESCRITORA DESEJO .....
ResponderExcluirGostei de a conhecer... É um prazer ler a sua poesia...
ResponderExcluir~~~~~~~~~~~~~
Muito bem elaborado parabéns
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho!!
ResponderExcluirMeus parabéns tia 🎊🎉
ResponderExcluirGostei deste trabalho que a própria Professora Odete Semedo partilhou comigo ainda esta manhã. A par dos outros, ela foi e sempre a nossa guia.
ResponderExcluirParabéns ao/à organizador/a!
Águia não voa com pardais!!! Essa è a minha tia , um exemplo de mulher para todos nós! Bom trabalho, parabéns.
ResponderExcluirA nossa Doutora Odete Semedo. A mulher com dimensão transversal de conhecimento. Ela que é a fonte de inspiração de muitos que procuram o saber a cada amanhecer.
ResponderExcluirAbraços da terra! Akssumi Luís Có
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