© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
"O livro... me fascina. Eu fui criada no mundo. Sem orientação materna. Mas os livros guiou os meus pensamentos. Evitando os abismos que encontramos na vida. Bendita as horas que passei lendo. Cheguei a conclusão que é o pobre quem deve ler.
Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)"
- Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996, p. 167.
Porque o livro, é a bussola que ha de orientar o homem no porvir (...)"
- Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996, p. 167.
Carolina Maria de Jesus (Sacramento MG, ca.1914 - São Paulo SP, 13 de fevereiro de 1977). Autora de diários e romance e também poeta. De
família pobre, composta por mais sete irmãos, trabalha desde a infância. Sua
escolaridade se resume aos dois anos que frequenta o Colégio Allan Kardec,
provavelmente em 1923 e 1924. Neste ano, muda-se com a família para uma fazenda
em Lageado, Minas Gerais, onde trabalham como lavradores. Retorna a Sacramento,
em 1927, e, por causa das dificuldades econômicas, migra para Franca, São
Paulo, em 1930, passando o primeiro ano na fazenda Santa Cruz e, depois, na
cidade, onde trabalha como ajudante na Santa Casa de Franca, auxiliar de
cozinha e doméstica. Com a morte da mãe em 1937, vai para São Paulo em busca de
melhores condições de vida. De 1948 a 1961, reside na favela Canindé,
sobrevivendo como catadora de papel e ferro velho. Em 1958, o jornalista
Audálio Dantas, numa reportagem sobre a inauguração de um playground no
Canindé, conhece Carolina e se interessa pelos seus 35 cadernos de anotações em
forma de diário, e publica um artigo na Folha da Noite. Em 1959, trabalhando na
revista O Cruzeiro, o jornalista divulga trechos dos relatos escritos pela
autora e, posteriormente, empenha-se na publicação que reúne esses relatos,
Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, lançado em 1960, com notável sucesso
editorial. Carolina muda-se para uma casa que consegue comprar no bairro de
Santana e mantém o diário com registros do que lhe acontece ali, depois
editados em Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, em 1961. Em 1963,
publica Pedaços da Fome, seu único romance, que tem pouca repercussão. Em
função dos contínuos desentendimentos com seus editores, bem como das
dificuldades enfrentadas para manter-se em evidência e adaptar-se à vida no
bairro de classe média, muda-se para um sítio no bairro de Parelheiros, São
Paulo, em 1969, onde é praticamente esquecida pelo mercado editorial, apesar de
algumas tentativas de voltar à cena literária. Após sua morte, são editadas
obras escritas entre 1963 a 1977, das quais a mais significativa é Diário de
Bitita, com suas memórias de infância e juventude, inicialmente lançado na
França.
Carolina Maria de Jesus - foto: (...) |
Comentário Crítico
Em Quarto de Despejo, a mulher negra e favelada, com
pouca escolaridade, registra o cotidiano de pobreza que rege seus dias, bem
como a humilhação social e moral a que estão sujeitos os habitantes da favela do
Canindé. As anotações de Quarto de Despejo, embora com descontinuidades
cronológicas, não apresentam quebras na estrutura narrativa: cada dia é igual a
todos os outros, e o que conduz o fluxo da vida é a fome e a luta contra ela.
Nelas se pode constatar que o trabalho, precário, não traz mais do que a
condição mínima da sobrevida e a reprodução da pobreza.
Nos apontamentos de seu dia-a-dia, Carolina Maria de
Jesus oscila entre desânimo e alegria, sentimentos norteados pela carência de
condições materiais para manter-se e a seus filhos em situação digna. Ao tratar
dos outros moradores da favela, Carolina Maria de Jesus busca diferenciar-se e
deixa documentada, em tom de denúncia ou de moralização, a perda da honra
daqueles que, excluídos, estão no "quarto de despejo" da cidade.
Escrever sobre a favela não é apenas uma forma de tentar dar sentido à própria
vida, mas também de revelar a miserabilidade implicada na modernização dos anos
1950.
Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo Jornal Ultima Hora (29.07.1959) |
Fugindo aos cânones do que se considera
"literatura" em meios acadêmicos, Quarto de Despejo é mais do que um
simples depoimento; trata-se de uma obra em que, a despeito das condições
materiais e culturais de sua autora, constrói-se uma forte e única
representação da dinâmica social urbana, vista pelo ângulo dos que são lançados
à margem. Carolina Maria de Jesus escreve para denunciar a favela e para sair
dela; escreve também para, diferenciando-se dos outros moradores, lutar contra
o rebaixamento a que estão sujeitos os miseráveis, num momento em que se
anuncia novo salto modernizador de São Paulo e do Brasil.
Carolina Maria de Jesus - foto: (...) |
Diário de Bitita, publicado após a morte da autora,
resgata a força literária da produção de Carolina Maria de Jesus. Trata-se de
memórias da infância e da adolescência, em Sacramento e nas fazendas onde
trabalha como colona, bem como de seus primeiros tempos em Franca. Nesta obra,
os temas da injustiça social, da opressão, do preconceito contra os negros, dos
abusos dos poderosos são apresentados a partir da perspectiva daquela que os
viveu. Apesar de suas condições materiais, Carolina Maria de Jesus lutou para
conquistar dignidade e para se constituir como alguém que resiste à exploração
e à desumanização. A obra testemunha a história dessa luta e da opressão a que
estão confinados os pobres no Brasil das primeiras cinco décadas do século XX.
:: Fonte: Enciclopédia de Literatura/Itáu Cultural
"A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo", 1960.
CRONOLOGIA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Carolina Maria de Jesus, ilustração de Pedro Sobrinho |
ca. 1914 -
Nascimento de Carolina Maria de Jesus, em Sacramento, Minas Gerais;
ca. 1923 -
Matrícula de Carolina Maria de Jesus no Colégio Alan Kardec, em Sacramento;
ca. 1924/1927
- A família e Carolina vivem como lavradores em fazenda em Lageado, Minas
Gerais;
1927 -
Carolina Maria de Jesus e família retornam para Sacramento, Minas Gerais;
1930 -
Muda-se, com a família, para Franca, São Paulo, onde trabalha como lavradora em
uma fazenda e depois, na cidade, como empregada doméstica;
1937 - Morre a
mãe de Carolina Maria de Jesus que, então, em 31 de janeiro, vai para São
Paulo, onde trabalha como faxineira de hotel e empregada doméstica;
1941 - 24 de
fevereiro - Publicação da foto de Carolina Maria de Jesus em Folha da Manhã, ao
lado do jornalista Willy Aureli;
1941 -
Publicação de poema de Carolina Maria de Jesus em louvor a Getúlio Vargas no
jornal Folha da Manhã;
1948 - Muda
para a favela do Canindé;
1948 -
Nascimento do primeiro filho, João, depois do relacionamento com um marinheiro
português, que a abandona;
1950 -
Nascimento do segundo filho, José Carlos, após relacionamento com um espanhol;
1953 -
Nascimento do terceiro filho, Vera Eunice, após relacionamento com um dono de
fábrica e comerciante;
1955 - Em 15
de julho, inicia os registros, em diário, sobre a vida na favela;
1958 -
Primeiro contato do jornalista Audálio Dantas com Carolina Maria de Jesus,
devido à reportagem para Folha da Noite sobre o playground instalado na favela
do Canindé;
1959 - A
revista O Cruzeiro, onde Audálio Dantas passara a trabalhar, publica trechos
dos diários;
1960 -
Publicação de Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, em edição de Audálio
Dantas, com tiragem inicial de dez mil exemplares.Na noite de autógrafos, foram
vendidos 600 exemplares; no primeiro ano, com várias reedições, mais de cem mil
exemplares;
1960 - Sai da
favela do Canindé e muda-se inicialmente para os fundos da casa de um amigo, em
Osasco. Pouco depois, instala-se na casa que comprara, no Alto de Santana;
1960 -
Homenageada pela Academia Paulista de Letras e pela Academia de Letras da
Faculdade de Direito de São Paulo;
1961 - Viaja à
Argentina (onde é agraciada com a "Orden Caballero Del Tornillo"), ao
Uruguai e ao Chile. Viaja também para várias regiões do Brasil. Na Feira do
Livro do Rio de Janeiro desentende-se com Jorge Amado;
1961 -
Publicação de Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada, com apresentação de
Audálio Dantas. Pouca repercussão da obra, que não agradou nem ao público
comum, nem aos setores intelectualizados;
1963 - Pedaços
da Fome, romance, é publicado, com apresentação de Eduardo de Oliveira, tendo
sido recebido com indiferença pela imprensa;
1964 - Jornal
publica foto em que se registra a autora nas ruas, catando papéis;
1965 -
Provérbios é publicado, com edição da autora, e sem nenhuma repercussão;
1969 -
Muda-se, com os filhos, para o sítio em Parelheiros, bairro na periferia de São
Paulo;
1972 - Anuncia
que escreve O Brasil para os Brasileiros, o que é ridicularizado pela imprensa.
Posteriormente, parte desse material é editada como Diário de Bitita;
1975 -
Produção, na Alemanha, de O Despertar de um Sonho (sobre a vida de Carolina
Maria de Jesus), com direção de Gerson Tavares, cuja exibição é proibida no
Brasil;
1976 -
Relançamento, no Brasil, de Quarto de Despejo, pela Ediouro;
1977 - 13 de
fevereiro - morte de Carolina Maria de Jesus;
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Carolina Maria de Jesus, ilustração de Pedro Sobrinho |
1977 - A
Scappelli Film Company propõe a realização de um filme a partir de Quarto de
Despejo, cuja realização, porém, não se efetiva, apesar de ter havido pagamento
parcial de direitos autorais;
1991 - Karen
Brown faz roteiro Passion Flower: The Story of Carolina Maria de Jesus para um
documentário sobre Carolilina Maria de Jesus, Los Angeles;
2004 - Em
comemoração ao Ano Nacional da Mulher, por iniciativa do Senado, a Coordenação
da Mulher da Cidade de São Paulo lança o Calendário "Mulheres que estão no
mapa", com homenagem a Carolina Maria de Jesus exposta no mês de novembro;
2004 - Inauguração
da Rua Carolina Maria de Jesus, no bairro de Sapopemba;
2005 - É
inaugurada a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, com acervo inicial de 2000
livros sobre a formação da identidade nacional com a perspectiva da
participação do negro, no Museu Afro Brasil/Parque do Ibirapuera.
"Fui ver o livro. E pela primeira vêz entrei no barraco número 9 da Rua A, favela do Canindé. E vi os cadernos do guarda-comida escuro de fumaça. Narrativa diária da vida de Carolina e da vida da comunidade-favela. Coisa bem contada, assim como aparece agora em letra de fôrma, sem tirar nem pôr. Eu vi eu senti. Ninguém podia melhor do que a negra Carolina escrever histórias tão negras. Nem escritor transfigurador poderia arrancar tanta beleza triste daquela miséria tôda. Nem repórter de exatidão poderia retratar tudo aquilo no sêco escrever. Foi por isso que eu disse assim para Carolina Maria de Jesus, lá mesmo, na horinha que lia trechos de seu diário:
___ Eu prometo que tudo isto que você escreveu sairá num livro."
- Audálio Dantas, em “Nossa irmã Carolina. Apresentação do livro "Quarto de despejo", São Paulo: Francisco Alves, 1960.
___ Eu prometo que tudo isto que você escreveu sairá num livro."
- Audálio Dantas, em “Nossa irmã Carolina. Apresentação do livro "Quarto de despejo", São Paulo: Francisco Alves, 1960.
OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Carolina Maria de Jesus - foto: Arquivo Ultima Hora (17.06.1960). |
Memórias e diários
:: Quarto de despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1960, 182p.
:: Casa de Alvenaria. Diário de uma ex-favelada. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1961, 183p.
:: Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 203p. [Publicado primeiro na França, sob o título: Journal de Bitita. (Tradução Régine Valbert). Paris: A. M. Métailié, 1982].; 'reedição': Editora SESI, 2014.
:: Meu estranho diário. [organização José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine]. São Paulo: Xamã, 1996.:: Casa de Alvenaria. Diário de uma ex-favelada. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves (Editora Paulo de Azevedo Ltda), 1961, 183p.
:: Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, 203p. [Publicado primeiro na França, sob o título: Journal de Bitita. (Tradução Régine Valbert). Paris: A. M. Métailié, 1982].; 'reedição': Editora SESI, 2014.
Romance
:: Pedaços da fome. [apresentação Eduardo de Oliveira]. São Paulo: Editora Áquila, 1963, 217p.
Aforismos
:: Provérbios. São Paulo: Luzes - Gráfica Editôra Ltda,
1965, 61p.
Poesia
:: Antologia Pessoal.[organização José Carlos Sebe Bom Meihy]. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, 235p.
Contos e memórias
:: Onde estaes felicidade? [organização Dinha e Raffaella Fernandez]. São Paulo: Me Parió Revolução, 2014.
:: Meu sonho é escrever... contos inéditos e outros escritos. [organização de Rafaella Fernandez]. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2018.
Inéditos *
:: Obrigado Senhor vigário (peça de teatro). mimeo, s/d.
:: O escravo (romance).
Em antologias
:: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. (Organização de Eduardo de Assis Duarte).. [vol. 1, Precursores]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
Em antologias
:: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. (Organização de Eduardo de Assis Duarte).. [vol. 1, Precursores]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
:: Vozes insurgentes de mulheres negras. [organização e posfácio Bianca Santana; prefácio Juliana Gonçalves; projeto gráfico Sylvia Vartuli]. Belo Horizonte: Mazza Edições; Fundação Rosa Luxemburgo, 2019. {autoras presentes: Esperança Garcia, Maria Firmina dos Reis, Antonieta de Barros, Eunice Cunha, Maria de Lurdes Valle Nascimento, Laudelina de Campos Mello, Carolina Maria de Jesus, Neusa Maria Pereira, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Lélia Gonzalez, Mãe Stella de Oxóssi, Jovelina Pérola Negra, Beatriz Nascimento, Benedita da Silva, Luiza Bairros, Elisa Lucinda, Nilma Bentes, Sueli Carneiro, Cida Bento, Jurema Werneck, Matilde Ribeiro, Cidinha da Silva, Conceição Evaristo}. Disponível no link. (acessado em 8.3.2022).
:: Extraordinárias mulheres que revolucionaram o Brasil. de Duda Porto e Aryane Cararo.[ilustrações Adriana Komura, Barbara Malagoli, Bruna Assis Brasil, Joana Lira, Helena Cintra, Laura Athayde, Lole, Veridiana Scarpelli e Yara Kono]. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. {autoras presentes: Madalena Caramuru, Dandara, Bárbara de Alencar, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira, Nísia Floresta, Ana Néri, Anita Garibaldi, Maria Firmina dos Reis, Princesa Isabel, Chiquinha Gonzaga, Georgina de Albuquerque, Nair de Teffé, Anita Malfatti, Bertha Lutz, Antonieta de Barros, Carmen Portinho, Laudelina de Campos Melo, Nise da Silveira, Pagu, Ada Rogato, Graziela Maciel Barroso, Carolina Maria de Jesus, Maria Lenk, Dorina Nowill, Cacilda Becker, Dona Ivone Lara, Zuzu Angel, Josefa Paulino da Silva, Niède Guidon, Zilda Arns, Margarida Maria Alves, Leila Diniz, Dinalva Oliveira Teixeira, Marinalva Dantas, Indianara Siqueira, Sônia Guajajara, Djamila Ribeiro, Marta Vieira; e abrasileiradas: Felipa de Souza, Olga Benario Prestes, Carmen Miranda, Lina Bo Bardi e Dorothy Stang}.
:: Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis. de Jarid Arraes. [ilustrações Gabriela Pires]. São Paulo: Editora Pólen, 2017; São Paulo: Companhia das Letras, 2020. {coleção de cordéis dedicado a história de: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba}.
:: Quilombo: cartografía de la autoría negra brasileña [compilación, introducción y notas Lucía Tennina; traducción Lucía Tennina, Adrián Dubinsky y Mara Speranza]. 1ª ed., Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Tinta Limón, 2019; Buenos Aires: Imprenta Dorrego, 2021. {autores presentes: Solano Trindade, Carolina Maria de Jesus, Carlos de Assumpção, Oswaldo de Camargo, Conceição Evaristo, Geni Guimarães, Cuti, José Carlos Limeira, Miriam Alves, Esmeralda Ribeiro, Éle Semog, Eliakin Rufino, Paulo Lins, Márcio Barbosa, Miró de Muribeca, Ricardo Aleixo, Ronald Augusto, Edimilson de Almeida Pereira, Nelson Maca, Cidinha da Silva, Eliane Marques, Tula Pilar, Cristiane Sobral, Allan da Rosa, Mel Adún, Dinha, Tatiana Nascimento, Elizandra Souza, Helena Silvestre, Jenyffer Nascimento, Lubi Prates, Mel Duarte, Kika Sena, Meimei Bastos, Jarid Arraes, Bell Puã. Gabriel Sânpera}.
Biografias e livros biográficos
:: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M.. The life and death of Carolina Maria de Jesus. Albuquerque: University of New Mexico Press, 1995.
:: SANTOS, Joel Rufino dos. Carolina Maria de Jesus - uma escritora improvável. Editora Garamond, 2011.
:: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M.. Cinderela Negra: A Saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1995; 2ª ed., Bertolucci Editora, 2015.
:: FARIAS, Tom. Carolina: uma biografia. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2018.
:: NEVES, Rita Ciotta. Carolina Maria de Jesus: Una biografia ai margini della literratura. Editora Alpes (Itália), 2019.
Carolina Maria de Jesus para crianças
:: PINHEIRO, João; BARBOSA, Sirlene. Carolina. HQ. Editora Veneta, 2016.
:: NILHA, Orlando (autor); MALTESE, Andressa, MEZETTE, Pedro; THERENSE, Fabiana (org's). Carolina - Carolina Maria de Jesus. [Ilustrações: Leonardo Malavazzi, Lucas Coutinho e Kako Rodrigues; Colaboradores: Marcelo Montoza e Nilce Bechara]. Coleção Black Power. Editora Mostarda, 2019.
Outros textos
:: As crianças da favela. Revista do Magistério. São Paulo, n. 24: 8, dez. 1960, p. 18-19.
:: Sócrates africano. (conto). in: São Paulo: Revista Escrita (editada Wladyr Náder), nº 11, 1976, p 5 -6.; e in: MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert M. Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994, p.190-196.
:: Diário de viaje: Argentina, Uruguai, Chile. [Apêndice]. In: JESUS, Carolina Maria de. Casa de ladrillos. Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1963, p. 128-191.
:: Onde estais felicidade?.Movimento, 21 fev. 1977.
Composições/Música
:: LP Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus,
cantando suas canções. Conheça as canções acessando Aqui!
Contracapa do LP Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus, cantando suas composições |
Não digam que fui rebotalho,
que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho,
mas fui sempre preterida.
Digam ao povo brasileiro
que meu sonho era ser escritora,
mas eu não tinha dinheiro
para pagar uma editora.
"Se tem pão, come e dá aos filhos. Se não tem, elas choram, e ela chora também. O pranto é breve, porque ela sabe que ninguém ouve, não adianta nada.”
- Audálio Dantas
- Audálio Dantas
TRADUÇÕES E EDIÇÕES ESTRANGEIRAS
Alemão
"Tagebuch der Armut...". Hamburg: Chrstian Wegner Verlag, 1963. |
Tagebuch der
Armut.
Aufzeichnungen einer brasilianischen Negerin. [Quarto de Despejo]. Tradução
Johannes Gerold. Hamburg: Chrstian Wegner Verlag, 1963.
Das Haus aus
Stein. Die Ziet
nach dem Tagebuch der Armut. [Casa de Alvenaria]. Tradução Johannes
Gerold. Hamburg: Chrintian
Wegner Verlag: 1964.
Tagebuch der
Armut: Aufzeichnungen einer brasilianischen Negerin. 2ª ed., Quarto de despejo,
de Carolina Maria de Jesus. Leipzig: Philipp Reclam, 1979.
Catalão
Els mals endreços: Diari d´una dona de les barraques.
Tradução Francesc Vallverdú. Barcelona: Fontanella, 1963.
Dinamarquesa
Lossepladsen. [Quarto de despejo].
Copenhague: Fremad, 1961.
Espanhol
La Favela: Casa de Desahogo. [Quarto de
Despejo] Prólogo de Mario Trejo. Havana: Casa de las Américas, 1965.
Quarto de Despejo. Diario de una mujer que tenía
hambre. Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1962.
Casa de Ladrillos. [Casa de Alvenaria]
Buenos Aires: Editorial Abraxas, 1963.
Las Moradas. Libro de su Vida. Schoenhofs Foreign Books. 1991.
Francês
Le Dépotoir. Tradução Violante Do Canto.
Paris: Stock, 1962.
Ma Vraie Maison. Tradução Violante do
Canto. Prefácio de Alberto Moravia. Paris: Stock, 1964.
Journal de Bitita. Tradução Régine
Valbert. Paris: Editions A. M.
Metailié, 1982.
Lossepladsen [Quarto de despejo]. Copenhague: Fremad, 1961. |
Holandesa
Barak nr 9- dagboek van een braziliaanse negerin. [Quarto de despejo]. Arnhem: Van Loghum Slaterus, 1961.
Húngara
Aki átment a szivárvány alatt- Egy barakklakó naplója. [Quarto de despejo]. Budapeste: Kossuth, 1964 (Hungria)
Inglês
Child of the
Dark. Tradução
David St. Clair. Nova Iorque: Dutton, 1962.
Beyond the Pity.
My life in the slums of São Paulo. Tradução David St. Clair. London: Panther,
1970.
Bitita´ Diary:
The childhood memoirs of Carolina Maria de Jesus. Tradução Emanuelle Oliveira
e Beth Jan Vinkler. Nova Iorque: Armonk/M. E. Sharpe, 1998.
I´m Going to
Have a Little House: The second diary of Carolina Maria de Jesus. Tradução Melvin S.
Arrington Jr e Robert M. Levine. Lincoln: Universidade de Nebraska Press, c.
1997.
The Inedit Diaries of Carolina Maria de Jesus.
Tradução Nancy P. S. Naro e Cristina Mehrtens. New Brunswick: Rutger University Press, c.1999.
Iraniano
Farzande tariki [a partir da edição de
Child of the Dark]. Tradução Simin Dakht Tcheharegasha. Teerã: S. N., 1999.
Italiano
Quarto de despejo. (prefácio do
escritor Alberto Moravia). Milão: Valentino Bompiani, 1962.
Quarto de despejo. Milão: Valentino Bompiani, 1962. |
Japonesa
Karorina no nikki. [Quarto de despejo].
Tóquio: Kawade, 1962.
Polonesa
Życie na Śmietniku. [Quarto de despejo].
Varsóvia: Czytelnik, 1963.
Romeno
São Paulo, Strada A, nr.9. [Quarto de
despejo]. Bucareste: Editura Pentru Literatură Universală, 1962.
Tcheco
Smetiště: Deník ženy z favely. [Quarto
de despejo]. Praga: Nakladatelství Politické Literatury, 1962.
Turca
Çöplük. [Quarto de despejo]. Istambul:
Armoni, 2002.
- Carolina Maria de Jesus, em "
“Inteligentíssima", Carolina de Jesus “tinha essa mistura de raiva e ternura que leva à vã tentativa de cuspir o que bloqueia a garganta e ameaça matar por asfixia, se não for dito.”
- Otto Lara Rezende, em "Luzes no quarto de despejo", jornal O Globo, 15 de fevereiro de 1977.
"Escrevo a
miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em
ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o meu sonho era escrever e o
pobre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque
ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Seja o que Deus quiser. Eu
escrevi a realidade."
- Carolina Maria de Jesus
DOCUMENTÁRIO
Direção: Christa Gottman-Elter
Gênero: Documentário
Formato: 35 mm
Formato: 35 mm
País: Alemanha
Ano: 1971
Duração: 16 min.
Obs. restaurado e legendado
* fonte: IMS
* fonte: IMS
Filme: O despertar
de um sonho
Gênero: Documentário
Formato: 35 mm
Formato: 35 mm
País: Alemanha
Ano: 1975
Direção: Gerson Tavares
Produção: TV alemã
* Obs.: Inédito no Brasil
Produção: TV alemã
* Obs.: Inédito no Brasil
Filme: Carolina
Sinopse: Brasil. Final dos anos 50. Carolina de Jesus
escreve seu diário. Dentro de seu barraco ela denuncia a fome, o preconceito e
a miséria. Publicada, torna-se um sucesso editorial, sendo editada em 13
línguas. Apesar do reconhecimento imediato e explosivo, a “exótica” mulher
negra e ex-favelada falece pobre. Passadas algumas décadas, as palavras de
Carolina continuam a ser uma denúncia contra a miséria em que se encontram
milhões de pessoas.
Gênero: Documentário - formato: 35 mm
País: Brasil
Ano: 2003
Duração: 14 min.
Direção e edição: Jeferson De
Roteiro: Jeferson De e Felipe Berlim
Direção de fotografia: Carlos Ebert, ABC
Elenco: Zezé Motta e Gabrielly de Abreu
Produção executiva: João Marcello Bôscoli, André Szajman
e Cláudio Szjaman
Produzido por: Renata Moura
Consultora do projeto: Carla Esmeralda
Trilha sonora: Max de Castro
Direção de arte: Kelly Castilho
Figurino: Clarissa Steed
Som direto: Gabriela Cunha
Arte: Rita Figueiredo
Cartaz e logo arte: Elisa Cardoso
Coordenação: Núcleo de Moda e Imagem da Trama
Still: Jeyne Stakflett
"Ao transformar a experiência real da miséria na experiência lingüística do diário, [a autora] acaba por se distinguir de si mesma e por apresentar a escritura como uma forma de experimentação social nova."
- Carlos Vogt, em " Trabalho, pobreza e trabalho intelectual". Carolina Maria de Jesus. In: SCHWARZ, Roberto (Org.). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Televisão
Especial: Quarto de Despejo - de catadora de papéis a escritora famosa
Série: Caso Verdade
Apresentação: Zé Capeta
Elenco: [...]
Exibição: 7/3 a 11/3/1983
Realização: Rede Globo de Televisão
ADAPTAÇÃO
Teatro
Peça: Quarto de
despejo
Adaptação do livro “Quarto de despejo: diário de uma
favelada”, de Carolina Maria de Jesus.
Direção: Amir Haddad
Adaptação do texto: Edy Lima
Cenografia: Cyro Del Nero - (Prêmios Saci e Associação Paulista de Críticos Teatrais, APCT)
Elenco: Ruth de Souza e Célia Biar
Produção: Companhia Nydia Licia
Local: Teatro Bela Vista, em São Paulo/SP
Estreia: 27 de abril de 1961.
___
** Fonte: KLEMZ, Laura; MENEZES, Julia; BEZERRA, Elvia. Quarto de despejo: a peça. Blog do IMS, 11 de março de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
___
** Fonte: KLEMZ, Laura; MENEZES, Julia; BEZERRA, Elvia. Quarto de despejo: a peça. Blog do IMS, 11 de março de 2014. Disponível no link. (acessado em 3.5.2014).
Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé. São Paulo, 1961 - foto: Acervo Acervo Ruth de Souza |
Carolina Maria de Jesus e Ruth de Souza na Favela do Canindé. São Paulo, 1961 - foto: Acervo Ruth de Souza |
"Quarto de Despejo
Nas folhas brancas que do lixo recolhia
Ela escrevia o drama de sua gente
Sua própria história de tristeza
E a pobreza de todo aquele ambiente
Deus satisfaz o seu desejo
Do teu “Quarto de despejo”
Viu seu dia de ventura
Hoje todo mundo fala nela
Não mora mais na favela
Mora na literatura"
- B. Lobo - samba (gravado por Ruth Amaral).
"A eles eu
falo: grande é a irmã que abriu a porta. Ela é um pouco de vocês todos, na
revelação. É até um pouco-muito do Brasil, que muitos são os quartos de
despejo, sul-norte-leste-oeste, beira de rio, beira de mar, morro e planalto.
Vejam o sol que
entra agora no Quarto de despejo. Aqueçam-se, irmãos, que a porta está aberta.
Carolina Maria de Jesus achou a chave. Aqueçam-se!"
- Audálio Dantas, no "prefácio" do livro
"Quarto de despejo: diário de uma favelada" de Carolina de Jesus.São
Paulo: Livraria Francisco Alves, 1960.
CAROLINA MARIA DE JESUS - FORTUNA CRÍTICA
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XAVIER, Elódia. Quarto de despejo: discurso de uma subalterna. Água Viva. Revista de alunos de pós-graduação de Tel/UnB, Brasília, 1, jul./dez. 2002.
Carolina Maria de Jesus e Audálio Dantas na Favela do Canindé.São Paulo, 1961 - foto: Acervo Acervo Ruth de Souza |
"Ser negra num mundo dominado por brancos, ser mulher num espaço regido por homens, não conseguir fixar-se como pessoa de posses num território em que administrar o dinheiro é mais difícil do que ganhá-lo, publicar livros num ambiente intelectual de modelo refinado, tudo isto reunido fez da experiência de Carolina um turbilhão"
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 63.
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 63.
Da esquerda para a direita: Carolina Maria de Jesus, Audálio Dantas e Ruth deSouza na Favela do Canindé. São Paulo, 1961 - foto: Acervo Ruth de Souza |
"[...] a trajetória de Carolina implica a visão de um lado pouco mostrado da cultura brasileira: a luta quotidiana de uma mulher ‘de cor’, pobre e desprovida de favores do Estado, de organismos sociais, de instituições e até de amigos. Logicamente, isto não remete apenas a ela enquanto indivíduo, mas também a todo o sistema que abriga os despossuídos legados ao anonimato. [...] Rebelava-se sozinha e por isso jamais chegou a ser revolucionária ou heroína permanente. Sequer foi musa de causas coletivas. Houve um momento em que, ainda que de maneiras contraditórias e estranhas, ela cabia em todas as frentes e, ao mesmo tempo, não servia por longo período a nenhuma. Por isso é provável que tenha sido deixada por todos."
- José Carlos S. B. Meihy e Robert Levine, em "Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus". Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994, p. 19.
Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus - foto: (...) |
"Ela escrevia, de fato, um diário em seu barraco, atulhado do lixo que não pudera vender no mesmo dia. Quarto de despejo - Diário de uma favelada vendeu cerca de 100 mil cópias em um ano; 10 mil em três dias, equiparando-se a Jorge Amado e Paulo Coelho. Foi talvez o mais traduzido dos livros brasileiros [...] Grafomaníaca, deixou perto de 140 cadernos, folhas avulsas, pedaços de jornal e papelão anotados que os filhos guardam com orgulho até hoje."
- Joel Rufino dos Santos, em "Os papéis de Carolina Maria". Almanaque Brasil (Curiosidades da literatura).
- Joel Rufino dos Santos, em "Os papéis de Carolina Maria". Almanaque Brasil (Curiosidades da literatura).
POEMAS E TEXTOS ESCOLHIDOS
Poesia
A Rosa
Eu sou a flor
mais formosa
Disse a rosa
Vaidosa!
Sou a musa do
poeta.
Por todos su
contemplada
E adorada.
A rainha
predileta.
Carolina Maria de Jesus - foto: (...) |
Minhas pétalas
aveludadas
São perfumadas
E acariciadas.
Que aroma
rescendente:
Para que me
serve esta essência,
Se a existência
Não me é
concernente...
Quando surgem
as rajadas
Sou desfolhada
Espalhada
Minha vida é um
segundo.
Transitivo é
meu viver
De ser...
A flor rainha
do mundo.
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
Dá-me as rosas
No campo em que eu repousar
Solitária e tenebrosa
Eu vos peço para adornar
O meu jazigo com as rosas
As flores são formosas
Aos olhos de um poeta
Dentre todas são as rosas
A minha flor predileta
Se a afeiçoares aos versos inocentes
Que deixo escritos aqui
E quiseres ofertar-me um presente
Dá-me as rosas que pedi.
Agradeço-lhe com fervor
Desde já o meu obrigado
Se me levares esta flor
No dia dos finados.
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.169.
Humanidade
Depôis de conhecer a humanidade
suas perversidades
suas ambições
Eu fui envelhecendo
E perdendo
as ilusões
o que predomina é a
maldade
porque a bondade:
Ninguem pratica
Humanidade ambiciosa
E gananciosa
Que quer ficar rica!
Quando eu morrer...
Não quero renascer
é horrivel, suportar a humanidade
Que tem aparência nobre
Que encobre
As pesimas qualidades
Notei que o ente humano
É perverso, é tirano
Egoista interesseiros
Mas trata com cortêzia
Mas tudo é ipocresia
São rudes, e trapaçêiros
- Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996. (grafia original)
Muitas fugiam
ao me ver
Pensando que eu
não percebia
Outras pediam
pra ler
Os versos que
eu escrevia
Era papel que
eu catava
Para custear o
meu viver
E no lixo eu
encontrava livros para ler
Quantas coisas
eu quiz fazer
Fui tolhida
pelo preconceito
Se eu extinguir
quero renascer
Num país que
predomina o preto
Adeus! Adeus,
eu vou morrer!
E deixo esses
versos ao meu país
Se é que temos
o direito de renascer
Quero um lugar,
onde o preto é feliz.
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
Sonhei
Sonhei que estava morta
Vi um corpo no caixão
Em vez de flores eram Iivros
Que estavam nas minhas mãos
Sonhei que estava estendida
No cimo de uma mesa
Vi o meu corpo sem vida
Entre quatro velas acesas
Ao lado o padre rezava
Comoveu-me a sua oração
Ao bom Deus ele implorava
Para dar-me a salvação
Suplicava ao Pai Eterno
Para amenizar o meu sofrimento
Não me enviar para o inferno
Que deve ser um tormento
Ele deu-me a extrema-unção
Quanta ternura notei
Quando foi fechar o caixão
Eu sorri... e despertei.
- Carolina Maria de Jesus, em "Antologia pessoal". (Organização José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996, p.174.
Quarto de Despejo
Quando infiltrei na literatura
Sonhava so com a ventura
Minhalma estava chêia de hianto
Eu nao previa o pranto. Ao publicar o Quarto de Despejo
Concretisava assim o meu desejo.
Que vida. Que alegria.
E agora... Casa de alvenaria.
Outro livro que vae circular
As tristêsas vão duplicar.
Os que pedem para eu auxiliar
A concretisar os teus desejos
Penso: eu devia publicar...
– o ‘Quarto de Despejo’.
No início vêio adimiração
O meu nome circulou a Nação.
Surgiu uma escritora favelada.
Chama: Carolina Maria de Jesus.
E as obras que ela produz
Deixou a humanidade habismada
No início eu fiquei confusa.
Parece que estava oclusa
Num estôjo de marfim.
Eu era solicitada
Era bajulada.
Como um querubim.
Depôis começaram a me invejar.
Dizia: você, deve dar
Os teus bens, para um assilo
Os que assim me falava
Não pensava.
Nos meus filhos.
As damas da alta sociedade.
Dizia: praticae a caridade.
Doando aos pobres agasalhos.
Mas o dinheiro da alta sociedade
Não é destinado a caridade
É para os prados, e os baralhos
E assim, eu fui desiludindo
O meu ideal regridindo
Igual um côrpo envelhecendo.
Fui enrrugando, enrrugando...
Petalas de rosa, murchando, murchando
E... estou morrendo!
Na campa silente e fria
Hei de repousar um dia...
Não levo nenhuma ilusão
Porque a escritora favelada
Foi rosa despetalada.
Quantos espinhos em meu coração.
Dizem que sou ambiciosa
Que não sou caridosa.
Incluiram-me entre os usurários
Porque não critica os industriaes
Que tratam como animaes.
– Os operários...
- Carolina Maria de Jesus, em "Meu estranho diário". São Paulo: Xamã, 1996, p. 151-153. (grafia original)
Carolina Maria de Jesus, por Mário? (Tribuna de Minas) |
Citações, provérbios e aforismos
"Ah! São
Paulo rainha que ostenta vaidosa a tua coroa de ouro que são os arranha-céus.
Que veste viludo e seda e calça meias de algodão que é a favela."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de
despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960.
"Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludo, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo."
- Carolina Maria de Jesus , em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 37.
"Contemplava extasiada o céu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no início da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas estão aplaudindo este meu gesto de amor a minha Pátria. [...] Toquei o carinho e fui buscar mais papéis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casimiro de Abreu, que disse: “Ri criança. A vida é bela”. Só se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a época está apropriada para dizer: “Chora criança. A vida é amarga".”
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 53.
"Mas eu já observei os nossos políticos. Para observá-los fui na assembleia. A surcusal do purgatório, porque a matriz é a sede do Serviço Social, no palácio do Governo. Foi lá que eu vi o ranger de dentes. Vi os pobres sair chorando. E as lágrimas dos pobres como os poetas. Não comove os poetas de salão. Mas os poetas do lixo, os idealistas das favelas, um expectador que assiste e observa as tragédias que os políticos representam em relação ao povo."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 54.
"[...] Deixei o leito para escrever vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades. [...] É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela. / Fiz o café e fui carregar água. Olhei o céu, a estrela Dalva já estava no céu. Como é horrível pisar na lama./ As horas que sou feliz é quando estou residindo nos castelos imaginários."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 59–60.
"Mas eu já observei os nossos políticos. Para observá-los fui na assembleia. A surcusal do purgatório, porque a matriz é a sede do Serviço Social, no palácio do Governo. Foi lá que eu vi o ranger de dentes. Vi os pobres sair chorando. E as lágrimas dos pobres como os poetas. Não comove os poetas de salão. Mas os poetas do lixo, os idealistas das favelas, um expectador que assiste e observa as tragédias que os políticos representam em relação ao povo."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 54.
"[...] Deixei o leito para escrever vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades. [...] É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela. / Fiz o café e fui carregar água. Olhei o céu, a estrela Dalva já estava no céu. Como é horrível pisar na lama./ As horas que sou feliz é quando estou residindo nos castelos imaginários."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 59–60.
"O homem
que cultiva o ódio racial é um imbecil"
- Carolina Maria de Jesus, em "Provérbios". São Paulo: Editor Áquila, 1963.
“Quem inventou
a fome sao os que comem.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011.
"... Quando estou com pouco dinheiro procuro não pensar nos filhos que vão pedir pão, pão, café. Desvio meu pensamento para o céu. Penso: será que lá em cima tem habitantes? Será que eles são melhores que nós? Será que o predomínio de lá suplanta o nosso? Será que as nações de lá é variada igual aqui na terra? Ou é uma nação única? Será que lá existe favela? E se lá existe favela será que quando eu morrer eu vou morar na favela?"
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960
“Antigamente o
que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário.”
- Carolina Maria de Jesus
“O maior
espetáculo do pobre da atualidade é comer.”
- Carolina Maria de Jesus
“Eu sou negra, a fome é amarela e doi muito”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011.
“Triste glória que não me deixa ter vontade própria. Quero ser eu. Fizeram-me desviar de tudo que pretendia quando morava na favela e ansiava de deixar o barraco. O que sou agora? Um boneco explorado e me recuso a isso."
- Carolina Maria de Jesus, em "depoimento a Ignácio Loyola", em 1961.
"- Eles falava que eu sendo poetisa era para estar entre os fidalgos. Que os poetas são pessoas finas que andam com as unhas esmaltadas e luvas. Sorri. Pórque eles não conhecem os poetas. - O poeta é um infeliz conhece so agruras do roteiro neste hemisfério."
- Carolina Maria de Jesus
“As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinqêdos periletos. E as crianças pobres, acompanham as maes a pedrirem esmolas pelas ruas. Que desiguladades tragicas e que brincadera do destino.”
- Carolina Maria de Jesus, em "depoimento a Ignácio Loyola", em 1961.
"- Eles falava que eu sendo poetisa era para estar entre os fidalgos. Que os poetas são pessoas finas que andam com as unhas esmaltadas e luvas. Sorri. Pórque eles não conhecem os poetas. - O poeta é um infeliz conhece so agruras do roteiro neste hemisfério."
- Carolina Maria de Jesus
“As crianças ricas brincam nos jardins com seus brinqêdos periletos. E as crianças pobres, acompanham as maes a pedrirem esmolas pelas ruas. Que desiguladades tragicas e que brincadera do destino.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". [textos inéditos e sem cortes e sem correção de grafia]. Revista da História, 7.2.2011.
"Quem escreve pode passar fome de comida mas tem o pao da sabedoria e pode gritar com suas palavras sabias."
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011.
“Quem nao tem amigo mas tem um livro tem uma estrada.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011.
“Quem nao tem amigo mas tem um livro tem uma estrada.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011.
“A amizade do analffabeto é sincera. E o ódio também.”
- Carolina Maria de Jesus - em "Carolina sem cortes". Revista da História, 7.2.2011.
Casa de Carolina Maria de Jesus, no Canindé foto: Arquivo Jornal Ultima Hora (27.5.1952) |
"É apanhadora de papel, passa fome com os filhos pequenos, mora num barracão infecto, mas sabe “ver” além da lama do terreiro e do zinco da favela – A miséria desperta o espírito – Cadernos cheios de “poesias”, “contos” e “romances” – Peregrinação (inútil) pelas editoras – A narrativa da vida na favela, num impressionante “diário” – Repórteres das FOLHAS editarão Carolina."
- Audálio Dantas, O drama da favela escrito por uma favelada: Carolina Maria de Jesus faz um retrato sem retoque do mundo sórdido em que vive. Folha da Noite. São Paulo, ano XXXVII, n.10.885, 9 maio 1958.
"O livro se constitui em depoimento cruciante sobre as condições de vida de favelados que vivem à margem da grande cidade. [...] É também um livro de advertência, um livro de reivindicações, estas não bem formuladas, mas tocantemente implícitas no diário"
- Folha da Manhã. "Êxito amplo de Quarto de despejo". 22 ago. 1960.
- Audálio Dantas, O drama da favela escrito por uma favelada: Carolina Maria de Jesus faz um retrato sem retoque do mundo sórdido em que vive. Folha da Noite. São Paulo, ano XXXVII, n.10.885, 9 maio 1958.
- Folha da Manhã. "Êxito amplo de Quarto de despejo". 22 ago. 1960.
Carolina Maria de Jesus, concedeu entrevista ao jornalista Hamilton Trevisan, em 1976 - [parte I] |
Carolina Maria de Jesus, concedeu entrevista ao jornalista Hamilton Trevisan, em 1976 - [parte II] |
O Sócrates africano (conto), Carolina de Jesus. revista Escrita, nº 11, Set./1976, p. 5. [parte I]. |
O Sócrates africano (conto), Carolina de Jesus. revista Escrita, nº 11, Set./1976, p. 6. [parte II]. |
ACERVO DE CAROLINA MARIA DE JESUS (IMS)
O Instituto Moreira Salles (IMS) é o guardião de pequena
parte do arquivo da escritora Carolina Maria de Jesus: dois cadernos
manuscritos, cujo conteúdo está parcialmente publicado. A um dos cadernos a
escritora intitulou Um Brasil para os brasileiros: contos e poemas. O outro é
coletânea do mesmo gênero, sem título.
E um raro LP de Carolina Maria de Jesus, pelo selo da RCA 1961, pertence ao Acervo José Ramos Tinhorão, sob a guarda do IMS, pode ser ouvido integralmente na rádio Batuta.
E um raro LP de Carolina Maria de Jesus, pelo selo da RCA 1961, pertence ao Acervo José Ramos Tinhorão, sob a guarda do IMS, pode ser ouvido integralmente na rádio Batuta.
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** Fonte: IMS
Transcrição do manuscrito
15 de julho 1955
15 de julho aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Êle ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi em 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açucar e sis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.
Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Êle estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho [...]
- Carolina Maria de Jesus em "Quarto de despejo. Diário de uma favelada".
Carolina Maria de Jesus, é patrona da biblioteca do Museu Afro Brasil, que abriga seus manuscritos, parte já digitalizados.
A biblioteca
A biblioteca possui cerca de 10.000 itens, incluindo livros, revistas e outros tipos de periódicos, teses, posters e material multimídia, com uma coleção especializada em escravidão, tráfico de escravos, abolição da escravatura, da América Latina, Caribe e Estados Unidos. Recebe anualmente aproximadamente 1.200 visitantes.
Estão disponíveis 20 títulos de obras raras digitalizadas no Catálogo online da Biblioteca "Carolina Maria de Jesus".
Serviço
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral - Parque Ibirapuera, portão 10 - São Paulo/SP
Horário de funcionamento: é de terça a domingo das 10h às 17hs, com permanência até às 18h. Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs.
Tel.: 55 11 3320 8900
Site oficial: Museu Afro Brasil
15 de julho 1955
15 de julho aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Êle ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi em 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açucar e sis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.
Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Êle estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho [...]
- Carolina Maria de Jesus em "Quarto de despejo. Diário de uma favelada".
BIBLIOTECA "CAROLINA MARIA DE JESUS" DO MUSEU AFRO BRASIL
Biblioteca Carolina Maria de Jesus do Museu Afro Brasil - foto: Museu Afro Brasil/divulgação |
A biblioteca
A biblioteca possui cerca de 10.000 itens, incluindo livros, revistas e outros tipos de periódicos, teses, posters e material multimídia, com uma coleção especializada em escravidão, tráfico de escravos, abolição da escravatura, da América Latina, Caribe e Estados Unidos. Recebe anualmente aproximadamente 1.200 visitantes.
Estão disponíveis 20 títulos de obras raras digitalizadas no Catálogo online da Biblioteca "Carolina Maria de Jesus".
Serviço
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral - Parque Ibirapuera, portão 10 - São Paulo/SP
Horário de funcionamento: é de terça a domingo das 10h às 17hs, com permanência até às 18h. Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs.
Tel.: 55 11 3320 8900
“As flores também são de cores variadas. E entre elas não existe o preconceito. É que o homem raciocina, e as flores não. Mas o raciocínio do homem é tolice.”
- Carolina Maria de Jesus
:: Fan page Carolina Maria de Jesus (A mulher na literatura - UFSC)
:: Fan page Ano Centenário de Carolina Maria de Jesus (editora Ciclo Contínuo)
"A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro."
- Carolina Maria de Jesus, em "Quarto de despejo". São Paulo: Francisco Alves, 1960, p. 160.
:: Letras/UFMG - literatura afro
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Trabalhos sobre o autor:Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina.
Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Carolina Maria de Jesus - a voz dos não têm a palavra. Templo Cultural Delfos, abril/2023. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Carolina Maria de Jesus - a voz dos não têm a palavra. Templo Cultural Delfos, abril/2023. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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:: Página atualizada em 7.4.2023.
Emocionante saber da existência dessa mulher incrível! Terminei a faculdade de letras e não a conheci por lá, é uma pena! Precisamos valorizar os nossos talentos.
ResponderExcluir.Os mansos da terra... que fazem o lado triste da história!
ResponderExcluirSalve, Carolina Maria de Jesus!!! Lutemos juntos hoje, para que SEU ideal também se torne cada vez mais NOSSO. RECONHECIMENTO à Carolina e LUTA à nossa sociedade!
ResponderExcluirObrigado, Elfi, por publicar esse artigo sobre Carolina Maria de Jesus.
ResponderExcluirGostei muito do poema "Dá-me as rosas".
Parabéns pelo trabalho de compilação de todas as referências à vida e obra de Carolina de Jesus! Josefina Neves Mello
ResponderExcluirReferência completa:
ResponderExcluirGUIMARÃES, Fernando. Carolina. A miséria revivida. Jornal do Brasil, 6 jul. 1966.
JNM
Interessantíssimo.
ResponderExcluirMUDAS MUDANÇAS POR MEIO DOS MEADOS SEM MIUDEZAS...
ResponderExcluirObrigada;)
ResponderExcluirNossa, como um ícone desse passa quase que desapercebido no cenário literário brasileiro? Feliz demais por esta grande descoberta.
ResponderExcluirFeliz por saber que escritores de origem afro estão tendo visibilidade acadêmica e social. Parabéns pelo riquíssimo trabalho!
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirQue trabalho maravilhoso desse site! Carolina de Jesus é um ser fora do comum!
ResponderExcluirQue trabalho maravilhoso desse site! Carolina de Jesus é um ser fora do comum!
ResponderExcluirO preto também é luz! Te admiro luz preta!
ResponderExcluirMuito bom!!!
ResponderExcluirEmocionante a vida e obra de Carolina Maria de Jesus.
ResponderExcluirMaravilhoso!!!
ResponderExcluirSou fã e recomendo si vc ler verá, o mundo com outros olhos, e principalmente a do preconceito.
ResponderExcluirUma bela obra.
ResponderExcluirElogios, elogios e elogios, onde não conseguem enxergar além.
ResponderExcluirMaria Carolina de Jesus, escritora NEGRA, chamada pelos outros de ESCRITORA FAVELADA, uma mulher que não era bem vista, que fez parte da luta.
Engraçado falar sobre uma emocionante história, mas ela não é contada nas escolas.
O racismo reina em nós quando só conseguimos olhar para "uma história emocionante" e não entendemos que isso ainda acontece em nossa sociedade a todo instante.
Aplausos para nossa hipocrisia, que reina mais do que devia, e transforma a nossa superficialidade em uma superficialidade profunda.
Maria Carolina de Jesus, uma poeta negra que fez da luta e do sofrimento de um povo uma guerra de versos.
Ai fica a pergunta, pessoas fazem faculdade de letras e não conhecem esse nome, será que era porque ela era uma mulher? Uma favelada? Uma pessoa de fama odiada? Ou será que era porque ela era negra?
É por causa de tudo isso
ExcluirMaterial muito completo, gostei muito do conteúdo, compartilhei o endereço e o material em uma palestra que realizei este ano. Super indico a leitura.
ResponderExcluirA escola, os cursos etc. não falam dessa magnífica autora por que ela faz parte dos 70% de pobres abandonados e esquecidos, que, quando lembrados, são pelas páginas policial. Somos invisibilizados mesmo quando deveríamos sem lembrados.
ResponderExcluirDetalhes, importante só falamos de celebridades esquecemos tem realmente fez à história e um absurdo ,temos que conviver com isso no dia Internacional da mulher vamos lembrar dessas grandes almas
ResponderExcluirObrigada, poetiza afrobrasileira. Seu nome não será esquecido <3
ResponderExcluirObrigada, poetiza afrobrasileira. Seu nome não será esquecido <3
ResponderExcluirMaravilhada com essa artista! Acaso descoberta! Viva a sua obra!
ResponderExcluirFascinante história de uma grande artista brasileira!
ResponderExcluirNinguém conseguirá apagar o que Carolina escreveu. Fico muito agradecida por tudo que essa mulher escreveu. Também sou grata pelo esforço dos pesquisadores em divulgar pelo mundo a obra de tão estimada escritora. Tenho orgulho de você, Carolina.
ResponderExcluirHistória bonita e triste ao mesmo tempo.
ResponderExcluirObrigado pela publicação de tanta qualidade. Sempre venho aq, hj por Carolina. Gratidão!
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