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Manuel Bandeira - estrela da vida inteira

Manuel Bandeira, por Fraga
O impossível carinho
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repo
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 68.



"Quero a delicia de poder sentir as coisas mais simples."
 - Manuel Bandeira, do poema "Belo belo".







Manuel Carneiro de Souza Filho, Recife, 19 de abril de 1886 - Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968 - poeta, cronista, ensaísta, memorialista, tradutor e organizador de antologias. Um dos maiores poetas brasileiros, provavelmente foi à principal figura do Modernismo brasileiro, embora tenha se recusado a participar da Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo.
Manuel Bandeira
Bandeira foi educado no Rio e São Paulo, mas em 1903 a tuberculose forçou-o a abandonar seu sonho de ser arquiteto (o pai era engenheiro). Muitos dos seus anos seguintes ele passou viajando em busca da cura, e durante este período leu extensamente e retomou a produção de poesia (seu primeiro poema, em alexandrinos, tinha saído em 1902).
Seus primeiros livros (A cinza das horas, 1917, e Carnaval, 1919) mostram a influência tardia dos simbolistas e parnasianos, mas alguns poemas de seu livro seguinte (Ritmo dissoluto, 1924) já contemplam a sensibilidade do modernismo emergente, que tentava liberar a poesia do academicismo e da influência européia. Libertinagem (1930) mostra claramente tendências modernistas nos seus versos livres, linguagem coloquial, sintaxe pouco convencional e o uso de temas folclóricos. Seus livros seguintes (Estrela da manhã, 1936, Lira dos cinqüent'anos, 1940, Mafuá do malungo, 1948, Opus 10, 1949, e Estrela da tarde, 1960) consolidaram sua posição como um dos maiores poetas brasileiros. Apesar de sua longa vida como poeta, só começou a ter lucro material com sua produção em 1937, quando ganha o prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira.
Na sua poesia, Bandeira abandonou o tom retórico de seus antecessores e usou a fala coloquial para tratar de temas triviais e eventos do dia-a-dia, com objetividade e humor.
Manuel Bandeira
Em 1935 é nomeado pelo Ministro Capanema inspetor de ensino secundário. Ensinou literatura no Colégio Pedro II, no Rio, de 1938 a 1943 e tornou-se professor na Universidade do Brasil naquele último ano.
Bandeira também traduziu vários poemas de inúmeros autores (Goethe, Jorge Luís Borges, Heine, Cummings, Rilke, Kahlil Gibran, Baudelaire, García Lorca, Elisabeth Browning, Emily Dickinson, Verlaine, etc). Adicionalmente traduziu várias peças de teatro e livros em prosa, entre eles Macbeth (Shakespeare), Maria Stuart (Schiller) e A Prisioneira (de Em busca do tempo perdido, de Proust, em parceria).
Colaborador em vários jornais durante toda sua vida, produziu inúmeras crônicas e crítica artística. Foi ainda antologista (Antero de Quental, Gonçalves Dias), historiador literário (Noções de História das Literaturas) e biografista.



CRONOLOGIA DA VIDA E OBRA DE MANUEL BANDEIRA
Manuel Bandeira, por Cavalcante
1886 - Nasce Manuel Bandeira, no Recife.
1890 - Muda-se com a família para o Rio de Janeiro, depois para Santos, São Paulo e novamente Rio de Janeiro.
1892 - Volta para o Recife e realiza seus estudos primários.
1896 - Transfere-se novamente com a família para o Rio de Janeiro. Realiza o curso secundário, no Ginásio Nacional, atual Pedro II.
1902 - Publica seu primeiro poema na primeira página do jornal Correio da Manhã, um soneto em versos alexandrinos com o pseudônimo de C. Creberquia. Muda-se para São Paulo.
1903 - Ingressa nos cursos de arquitetura, na Escola Politécnica, e desenho ornato, no Liceu de Artes e Ofícios, mas abandona ambos, em decorrência da tuberculose. Trabalha nos escritórios técnicos da Estrada de Ferro Sorocabana.
1904 - De volta ao Rio de Janeiro, principia uma longa peregrinação em busca de cidades de clima serrano, passando por Campanha, Minas Gerais; Teresópolis, Rio de Janeiro; Maranguape, Uruquê e Quixeramobim, Ceará.
1913 - Viaja em junho para a Suíça, para tratamento no sanatório de Clavadel, perto de Davos-Platz. Lá, conhece o poeta francês Paul Éluard (1895 - 1952), e por ele toma contato com a poesia de vanguarda francesa. Tenta publicar seu primeiro livro de poemas, com o título Poemetos Melancólicos, em Coimbra, mas não recebe resposta do poeta português Eugênio de Castro (1869 - 1944). Ao deixar o sanatório, esquece os originais, não podendo jamais refazer integralmente o livro.
1914 - Retorna ao Brasil e volta a morar no Rio de Janeiro.
1916 - Morre sua mãe.
1917 - Publica sua primeira crônica, no jornal carioca Rio Jornal.
1918 - Morre Maria Cândida, sua irmã e enfermeira.
1920 - Morre seu pai.
Manuel Bandeira, por (...)
1921 - Relaciona-se com o grupo integrado pelo compositor Jaime Ovalle (1894 - 1955), pelos poetas Mário de Andrade (1893 - 1945), Ronald de Carvalho (1893 -1935) e Oswald de Andrade (1890 - 1954) e pelo crítico Sérgio Buarque de Holanda (1902 - 1982).
1922 - Apóia os modernistas paulistas, mas não participa da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo. Na noite de 15 de fevereiro, Ronald de Carvalho lê o poema Os Sapos, de Manuel Bandeira, causando protestos do público tradicionalista. Morre seu irmão, Antônio.
1925 - Colabora com artigos para a página Mês Modernista, instituída pelo jornal carioca A Noite, período em que ganha seu primeiro dinheiro com literatura. Escreve crítica musical para a revista A Idéia Ilustrada.
1927 - Viaja para Belém, passando por Salvador, João Pessoa, Fortaleza e São Luís. No ano seguinte vai ao Recife, onde permanece até 1929.
1928 - Trabalha como fiscal de bancas examinadoras de cursos preparatórios de ensino, no Recife.
1929 - Escreve crônicas semanais no jornal paulista Diário Nacional.
1930 - Escreve críticas de cinema para o jornal Diário da Noite, do Rio de Janeiro, e crônicas semanais para o jornal A Província, do Recife.
1935 - Nomeado pelo ministro da Educação, Gustavo Capanema (1900 - 1985), trabalha como inspetor de ensino secundário.
1936 - É publicado no Rio de Janeiro o livro Homenagem a Manuel Bandeira, edição comemorativa dos seus 50 anos de idade, com poemas, estudos, comentários e impressões sobre o poeta.
Manuel Bandeira, por Jack's Arts
1937 - Inicia seus estudos críticos sobre autores de língua portuguesa e historiografia literária. Recebe, no Rio de Janeiro, um prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira. O Ministério da Educação edita a Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica.
1938 - É nomeado, pelo ministro Gustavo Capanema Filho (1900 - 1985), professor de literatura no Colégio Pedro II e membro do conselho consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan. O Ministério da Educação edita a Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana e o Guia de Ouro Preto.
1940 - É eleito, em agosto, para a Academia Brasileira de Letras, e ocupa a cadeira número 24.
1941 - Escreve crítica de artes plásticas no jornal A Manhã, do Rio de Janeiro
1943 - Deixa o Colégio Pedro II e é nomeado professor de literatura hispano-americana na Faculdade Nacional de Filosofia.
1945 - Inicia a organização, para a editora mexicana Fondo de Cultura Económica, de um Panorama de la Poesía Brasileña, publicado em 1951, apenas em espanhol.
1946 - Recebe prêmio do Instituto Brasileiro de Educação e Cultura, Ibec.
1955 - Inicia sua colaboração como cronista no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e Folha da Manhã, de São Paulo.
1956 - Escreve para a Enciclopédia Delta Larousse um estudo sobre Versificação em Língua Portuguesa.
Manuel Bandeira, por Fraga
1959 - Recebe o prêmio de tradução da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, pela peça Maria Stuart, do poeta e dramaturgo alemão Friedrich Schiller (1759 - 1805).
1961 - Escreve crônicas para os programas Quadrante, da Rádio Ministério da Educação, Vozes da Cidade e Grandes Poetas do Brasil, da Rádio Roquette-Pinto
1966 - Recebe, em Brasília, das mãos do presidente da república, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, a Ordem do Mérito Nacional, quando completa 80 anos. O editor José Olympio (1902 - 1990) promove, na sede de sua editora, uma grande festa em homenagem ao poeta, à qual comparecem mais de mil pessoas. Inauguração do busto do poeta, feito pelo escultor Celso Antonio, colocado próximo da casa onde nasce, no Recife. Recebe o Prêmio Moinho Santista.
1968 - Morre no Rio de Janeiro.



OBRA E BIBLIOGRAFIA DE MANUEL BANDEIRA

Poesia

Alumbramentos. Salvador: Dinameme, 1960.
Antologia poética. Rio de Janeiro, Editora do Autor, 1961. Ed. aum. Rio de Janeiro: Editora do Autor, s.d.
Berimbau e outros poemas. Seleção [de] Elias José. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986.
A cinza das horas. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Commercio, 1917.
Carnaval. Rio de Janeiro, Typ. do Jornal do Commercio, 1919. Ed. crítica por Júlio Castañon Guimarães e Raquel Teixeira Valença. Rio de Janeiro, Nova Fronteira/FCRB, 1986.
A cinza das horas, carnaval e O ritmo dissoluto. Edição crítica por Júlio Castañon Guimarães e Rachel T. Valença. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
Estrela da manhã. Rio de Janeiro, s. ed., 1936.
Estrela da tarde. Salvador: Dinamene, 1959.
Estrela da vida inteira. Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. [Reúne toda a produção poética acrescida de Poemas Traduzidos].
Libertinagem. Rio de Janeiro: Pongetti, 1930.
Libertinagem. Estrela da manhã. Edição crítica. Organização Giulia Lanciani. Madrid: ALLCA XX, 1998.
Mafuá do malungo. Jogos Onomásticos e Outros Versos de Circunstância. Barcelona, o Livro Inconsútil, na oficina de João Cabral de Melo Neto, 1948. Ed. aum. Rio de Janeiro: São José, 1955.
O melhor soneto de Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1955.
50 Poemas escolhidos pelo autor. Rio de Janeiro: MEC, 1955. (Os Cadernos de Cultura, 77).
Os melhores poemas de Manuel Bandeira. Seleção e pref. de Francisco de Assis Barbosa. São Paulo: Global, [1984].
A morte. Rio de Janeiro: André Willième e Antônio Grosso, 1965. [Edição especial de 100 exs., com vinhetas e poemas manuscritos por MB; litogravuras de João Quaglia].
Opus 10. Niterói: Hipocampo, 1952.
Pasárgada. Ilustrações por Aldemir Martins. Rio de Janeiro: Sociedade dos Cem Bibliófilos, 1959.
Um poema de Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1956.
Poemas de Manuel Bandeira com motivos religiosos. Seleção e introdução de Edson Nery da Fonseca. Pref. de Gilberto Freire. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1985. (Poesia, sempre, 3).
Poesia. Organização de Alceu Amoroso Lima. Rio de Janeiro: Agir, 1970. (Nossos Clássicos, 100).
Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958. 2 vols., contém estudos críticos e biográficos.
Poesias. Rio de Janeiro, Edição da Revista de Língua Portuguesa, 1924. [Reúne A Cinza das Horas, Carnaval e O Ritmo Dissoluto]. Ed. aum. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955.
Poesias completas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1940. [Reúne A Cinza das Horas, Carnaval, O Ritmo Dissoluto, Libertinagem, Estrela da Manhã e Lira dos Cinqüent'Anos]. Ed. aum. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1948. (Poesia, 1). Ed. aum. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1951. (Obras Poéticas de Manuel Bandeira). Ed. aum. Rio de Janeiro, José Olympio, 1955.
Poesias escolhidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1937. Ed. ampl. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948.
Seleta em prosa e verso. Organização, estudos e notas de Emanuel de Morais. Rio de Janeiro: José Olympio/Brasília, INL, 1971. (Brasil Moço).
Seleta de prosa. Organização Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997
Testamento de Pasárgada. Seleção, organização e estudos críticos de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. (Poiesis).
Vou-me embora pra Pasárgada. Poemas Escolhidos. Organização e estudo de Emanuel de Morais. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.

Crônica e Prosa
Andorinha, andorinha. Organização de Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966.
Colóquio unilateralmente sentimental. Crônicas. Rio de Janeiro:, Record, 1968.
Crônicas da província do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1937.
Crônicas inéditas* I - 2008
Crônicas inéditas* II - Ed Cosac Naif- SP- 2009
De poetas e de poesia. Crítica. Rio de Janeiro: MEC, 1954. (Os Cadernos de Cultura, 64).
Flauta de papel. Crônicas. Rio de Janeiro: Alvorada, 1957.
Os reis vagabundos e mais 50 crônicas. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1966.
Poesia e vida de Gonçalves Dias. São Paulo: Editora das Américas, 1962.
Prosa. Organização de Antônio Carlos Vilaça. Rio de Janeiro: Agir, 1983. (Nossos Clássicos, 108).
* Publicação póstuma

Memórias
Itinerário de Pasárgada. [3 edições]. Rio de Janeiro: Jornal de Letras, 1954; Livraria São José - Rio de Janeiro, 1957; e Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1966.


Edições estrangeiras da obra do autor

Espanhol
Evocaciõn a Recife y otros poemas [Antologia].. Tradução, selección y prólogo [de] José Martinez Torres. México: Premia, [1982].
Momento en un café y Otros poemas. Selección, estudio y notas de Santiago Kovadloff. Tradução de Estela dos Santos. [Buenos Aires], Calicanto, [1979].
Panorama de la Poesia Brasileña [Apresentação da Poesia Brasileira]. Tradução de Ernestina de Champourcín. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, [1951].
Poemas de Manuel Bandeira. Tradução por Damaso Alonso y Ángel Crespo. Sep. da Revista de Cultura Brasileña, Madrid, 2, [1962].
Poemas. Presentación de Luis Alberto Sanchez. Tradução de Washington Delgado. Lima, Centro de Estudios Brasileños, [1978].
Tres poetas del Brasil. [Bandeira, Drummond e Schmidt]. Tradução e prólogo de Leonidas Sobrino Porto, Pilar Vásquez Cuesta y Vicente Sobrino Porto. Madrid: Estaees Artes Gráficas, [1950].

Francês
Manuel Bandeira. Étude, choix de textes et bibliographie par Michel Simon. Paris: Pierre Seghers, 1965. (Poétes d'Aujourd'hui, 132). [Textes traduits par Michel Simon].
Poèmes. Préface par Otto Maria Carpeaux. Tradução de Luís Aníbal Falcão, F.H. Blank-Simon e Manuel Bandeira. Paris: Pierre Seghers, [1960].. (Autour du Monde, 58).

Holandes
Gedichten. Keuze, vertaling en narwoord van August WillemsenLeiden, Uitgeverij De Lantaarn, [1982]. (Cahiers van De Lantaam, 14).

Italiano
Poesia di Manuel Bandeira [Antologia]. Tradução Anton Angelo Chiocchio. Roma: Dell'Arco, s/d.


Inglês
Brief History of Brazilian Literature [Apresentação da Poesia Brasileira]. Tradução Ralph Edward Dimmick - Washington: Pan American Union, [1958].
This earth, that sky: poems (Estrela da vida inteira). Tradução, notas e introdução de Candace Slater. Inglês e português, seleção. Berkeley: University of California Press, c1989.

Português/Portugal
Obras poéticas. Lisboa: Editorial Minerva, [1956].


Ensaios, apresentações e palestras
Manuel Bandeira, por (...)
3 Conferências sobre Cultura Hispano-americana. Rio de Janeiro: 22 MEC, s.d. (Os Cadernos de Cultura, 81). [Inclui, também, conferências de Augusto Tamayo Vargas e Cecília Meireles].
A autoria das "Cartas Chilenas". Sep. da Revista do Brasil, Rio de Janeiro: 3 (22):1-25, abr. 1940.
Apresentação da poesia brasileira. Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1946. Ed. aum. Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil, 1954. Ed. atual. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, 1954; 2ªed.Cosac Naif-São Paulo 2009.
Discurso de posse de Manuel Bandeira. Resposta de Ribeiro Couto [na Academia Brasileira de Letras]. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1941.
Francisco Mignone. Rio de Janeiro, Teatro Municipal, s.d. [Palestra realizada no Teatro Municipal, como parte do programa do Festival Francisco Mignone, promovido pela Comissão Artística e Cultural, durante o Festival do Rio de Janeiro de 1955].
Literatura Hispano-americana. Rio de Janeiro: Pongetti, 1949.
Mário de Andrade, Animador da cultura musical brasileira. Rio de Janeiro, Teatro Municipal, s.d. [Conferência proferida no Teatro Municipal, como parte do programa do Festival do Rio de Janeiro de 1954].
Noções de história das literaturas. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1940. Ed. rev. e aum. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1946.
Oração de paraninfo. Rio de Janeiro, Pongetti, 1946. [Discurso proferido em 1945 na cerimônia de colação de grau dos bacharéis da Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil].
Recepção do Sr. Peregrino Júnior na Academia Brasileira de Letras. Discurso dos Srs. Peregrino Júnior e Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1947.

Manuel Bandeira

Antologias e biografias organizadas por Manuel Bandeira
Antologia dos poetas brasileiros Bissextos Contemporâneos. Rio de Janeiro: Zélio Valverde, 1946. Ed. rev. aum. Rio de Janeiro, Simões, s.d.
Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1938.
Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1937.
Antologia dos poetas brasileiros da Fase Simbolista. Rio de Janeiro, Ed. de Ouro, 1965.
Antologia dos poetas brasileiros. Fase Moderna. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967. 2 vols. [Em colaboração com Valmir Ayala].
Cartas a Manuel Bandeira, de Mário de Andrade, 1958
Gonçalves Dias. Esboço Biográfico. Rio de Janeiro: Pongetti, 1952.
Gonçalves Dias. na coleção "Nossos Clássicos" da Editora Agir, 1958.
Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire, Castro Alves - Biografias – Editora El Ateneo, 1963.
Manuel Bandeira, por (...)
Meus poemas preferidos. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro, 1966.
Obras poéticas de Gonçalves Dias. Edição Crítica e Comentada. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944.
Obras-primas da lírica brasileira. São Paulo, Martins, 1943. (A Marcha do Espírito, 12). [Em colaboração com Edgar Cavalheiro].
Panorama de la Poesia Brasileña. Acompañado de Breve Antología. Trad. de Ernestina de Champourcín. México: Fondo de Cultura Económica, 1951. (Tierra Firme, 51).
Poesia do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1963. [Em colaboração com José Guilherme Merquior, na Fase Moderna].
Poesias de Alphonsus de Guimaraens. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1938.
Rimas de José Albano. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948.
Rio de Janeiro em Prosa & Verso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1965. (Rio 4 séculos, 5). [Em colaboração com Carlos Drummond de Andrade].
Sonetos completos e poemas escolhidos de Antero de Quental. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1942.

Organização de Guias
Guia de Ouro Preto. Ilustrações por Luís Jardim e Joanita Blank. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Saúde, 1938. Ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Letras e Artes, 1963.
Guide d'Ouro Preto. Trad., notes et bibliographie par Michel Simon. Ilustrations par Luís Jardim. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1948.


Outros textos
ALENCAR, José Almino de. Manuel Bandeira & Ribeiro Couto: correspondência dos anos 20.
HELIO, Mário. A correspondência de Ribeiro Couto e Manuel Bandeira. JC Cultural, Recife, 04.09.2000.
GUIMARÃES, Júlio Castanõn. Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade: o poema do periódico ao livro.
MARTINS, Paulo. Trinta anos sem e com Manuel Bandeira.
PÔRTO, Angela. A vida inteira que podia ter sido e que não foi: trajetória de um poeta tísico. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, VI (3): 523-550, nov. 1999-fev. 2000.
SÜSSEKIND, Flora. A Geléia e o Engenho. Em torno de uma carta-poema de Elizabeth Bishop a Manuel Bandeira. Papéis Colados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.


Em co-autoria
Manuel Bandeira, por Cássio Loredano
Quadrante 1 - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1962 (com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
Quadrante 2 - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963 (com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
Quatro Vozes - Editora Record - Rio de Janeiro, 1998 (com Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz e Cecília Meireles)
Elenco de Cronistas Modernos - Ed. José Olympio - RJ (com Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga
O Melhor da Poesia Brasileira 1 - Ed. José Olympio - Rio de Janeiro (com Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto)


Publicações de ensaios e artigos no exterior
Brief History of Brazilian Literature. Translation, introduction and notes by Ralph Edward Dimmick. Washington: Pan American Union, 1958.
Castro Alves. [Santiago: Centro Brasileiro de Cultura da Embaixada do Brasil no Chile, 1962]. (Cadernos Brasileiros, 2).
Glória de Antero. Lisboa: Cadernos da Seara Nova, 1943. [Em colaboração com Jaime Cortesão].
Der Weg nach Pasárgada. Gedicht und Prosa. Ausgewählt und aus dem brasilianischen Portugiesisch übertragen von Karin von Schweder-Schreiner. S.l., Vervuert, 1985.

Traduções feitas por Manuel Bandeira de autores estrangeiros
Auto sacramental do divino Narciso, de Sor Juana Inés de la Cruz. In: Bandeira, Manuel. Poesia e Prosa. Vol. 2. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958.
Aventuras maravilhosas do Capitão Corcoran, de A. Assolant. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1936. (Terramarear, 49).
Um espírito que se achou a si mesmo. Autobiografia, de Clifford Whittingham Beers. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1942.
Manuel Bandeira, de Cândido Portinari (1936)
[Fotobiografia Manuel Bandeira - Ed. Alumbramento, 1998].
D. Juan Tenório, de Juan Zorrilla de San Martín. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1960.
Macbeth, de William Shakespeare. Rio de Janeiro: José Olympio, 1961. (Rubaiyat).
Maria Stuart, de Johann C. Friedrich von Schiller. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1955. (Obras Imortais, 1).
Minha cama não foi de rosas. Diário de uma mulher perdida, de Marjorie Erskine Smith. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936. (Biblioteca da Mulher Moderna, 3).
Meireille, de Gabriela Mistral. Rio de Janeiro: Delta, 1961.
Poemas traduzidos, de Goethe e outros. Ilustração de Guignard. Rio de Janeiro: Revista Acadêmica, 1945. Edição revisada e aumentada Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. (Rubaiyat).
Prometeu e Epimeteu, de Karl Spitteler. Rio de Janeiro: Delta, 1962.
Rubaiyat, de Omar Khayyam. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro, 1965.
O tesouro de Tarzan, de Edgard Rice Burroughs. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1934. (Terramarear, 25).
Tudo se paga, de Elinor Glyn. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, s.d. (Biblioteca da Mulher Moderna, 1).
Os verdes campos do Éden, de Antonio Gala. Petrópolis: Vozes, 1965.
:: Outras traduções de Manuel Bandeira Aqui! (acessado em 24.7.2015).



Outras traduções
A versificação em língua portuguesa. Sep. da Enciclopédia Delta-Larousse. Rio de Janeiro: Delta, [1956]. Verbete "Versificação".

Multimídia
CD "Manuel Bandeira: O Poeta de Botafogo" - Gravações inéditas feitas pelo poeta e por Lauro Moreira, tendo como fundo musical peças de Camargo Guarnieri interpretadas pela pianista Belkiss Carneiro Mendonça, 2005.
CD "Estrela da Vida Inteira" - gravação de Olivia Hime.


PRÊMIOS
1937 - Recebe o prêmio da Sociedade Filipe de Oliveira por conjunto de obra.
1946 - Recebe o prêmio de poesia do IBEC por conjunto de obra.


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - ABL
Em 1940 é eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Luís Guimarães Filho. Toma posse em 30 de novembro, sendo saudado por Ribeiro Couto.


POEMAS SELECIONADOS DE MANUEL BANDEIRA

Manuel Bandeira, na sala do seu
apartamento, final da década de 40.

fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira -
Edições Alumbramento, 1998.
Auto-Retrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural, 
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.
- Manuel Bandeira [Mafuá do Malungo, 1948], em "Fotobiografia Manuel Bandeira", Ed. Alumbramento, 1998, pág.105.


O último poema
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais

Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas

Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos

A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 70.


Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa e Manuel Bandeira [Rio, déc. 1960]
Fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira, Edições Alumbramento, 1998, pág. 137.

Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.


Canção da Pipa
Voa, pequena pipa, voa,
Eleva-te com vontade aos ares
Empina, pequena coisa azul, empina,
Sobre a nossa catacumba de casas!

Se nós te seguramos pela linha
Tu te manténs nos ares
Escravo dos sete ventos
A levantar-te os obrigarás.

E nós ficamos a teus pés!
Voa, voa, pequeno ancestral

De nossos grandes aeroplanos
Olha ao teu redor para saudá-los!

- Manuel Bandeira



Manuel Bandeira, por Carlos Drummond de Andrade

Ternura
Enquanto nesta atroz demora, 
Que me tortura, que me abrasa, 
Espero a cobiçada hora 
Em que irei ver-te à tua casa; 

Por enganar o meu desejo 

De inteira e descuidada posse, 
Ai de nós! que não antevejo 
Uma só vez que ao menos fosse; 

Sentindo em minha carne langue 

Toda a volúpia do teu sonho, 
Toda a ternura do teu sangue, 
Minh'alma nestes versos ponho; 

Por que os escondas de teu seio 

No doce o pequenino vale, 
— Por que os envolva o teu enleio, 
Por que o teu hálito os embale; 

E o meu desejo, que assim foge 

Ao pé de ti e te acarinha, 
Possa sentir que minha és hoje, 
E és para todo o sempre minha... 
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.


Renúncia
Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.

Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...

A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.

Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...
- Manuel Bandeira, [Teresópolis, 1906. - De Carnaval (1919)].


Manuel Bandeira e Cecília Meireles [Rio, déc. 1960]
Fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira - Edições Alumbramento, 1998, pag. 136.


Belo belo
Belo belo belo 
Tenho tudo quanto quero, 
Tenho o fogo de constelações extintas há milênios, 
E o risco brevíssimo — que foi? Passou — de tantas estrelas cadentes. 

A aurora apaga-se, 
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora. 

O dia vem, e dia a dentro 
Continuo a possuir o segredo grande da noite. 

Belo belo belo, 
Tenho tudo quanto quero. 

Não quero o êxtase nem os tormentos, 
Não quero o que a terra só dá com trabalho. 

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis: 
Os anjos não compreendem os homens. 

Não quero amar, 
Não quero ser amado. 
Não quero combater, 
Não quero ser soldado. 

— Quero a delicia de poder sentir as coisas mais simples. 
- Manuel Bandeira, em "Lira dos cinquent’anos", 1940.



Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
- Manuel Bandeira, em "Belo belo", 1948.



retrato Manuel Bandeira, por Cândido Portinari
O Charadista
Amas palavras cruzadas
e também os logogrifos,
pois a poesia, bem sabes,
é emoção filtrada em signos
de grifos e de hipogrifos,
e te divertes buscando
a chave obscura do verbo,
a chave esconsa do amor,
a chave enigma - do ser.
- Manuel Bandeira, em "Fotobiografia Manuel Bandeira", Edições Alumbramento, 1998, pág. 21.



Andorinha
Andorinha lá fora está dizendo:
- "Passei o dia à toa, à toa!"

Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...
- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 54.



Madrigal Melancólica
O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza
O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é a vida!
- Manuel Bandeira


Manuel Bandeira, por Lasar Segall
O rio
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.
- Manuel Bandeira, em "Belo belo", 1948.


Versos escritos n'água
Os poucos versos que aí vão,
Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.
Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo, e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...
Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou.

- Manuel Bandeira, em "A Cinza das Horas", 1917.


Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 32-33.



Jose Lins do Rego, Carlos Drummond de Andrade, Cândido Portinari,
 Jose Olympio e Manuel Bandeira (Acervo CDA/IMS)

Ao crepúsculo
O crepúsculo cai, tão manso e benfazejo 
Que me adoça o pesar de estar em terra estranha. 
E enquanto o ângelus abençoa o lugarejo, 
Eu penso em ti, apaziguado e sem desejo, 
Fitando no horizonte a linha da montanha. 

A montanha é tranqüila e forte, e grande e boa. 

Ela afaga o meu sonho. E alegra-me pensar 
(Tanto a saudade a um tempo acalenta e magoa!) 
Que tu, na doce paz da tarde que se escoa, 
Teces o mesmo sonho, ouvindo e vendo o mar. 

Embalada na voz do grande solitário, 

Tu mortificarás teu casto coração 
Na dor de revocar o noivado precário. 
(Ah, por que te confiei o meu desejo vário? 
Por que me desvendaste a tua sedução?) 

Se nos aparta o espaço, o tempo — esse nos liga. 

A lembrança é no amor a cadeia mais pura. 
Tu tens o grande Amigo e eu tenho a grande Amiga: 
O mar segredará tudo o quanto eu te diga, 
E a montanha, dir-me-á tua imensa ternura.
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.


Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Mário de Andrade
na fazenda de Tarsila do Amaral em Santa Teresa do Alto, São Paulo, 1927.

Fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira, Edições Alumbramento, 1998, pág. 86.


Embalo
Ao balanço das águas, 
Ao trépido pulsar 
Da máquina, embalar 
As persistentes mágoas 
Das peremptas feridas... 
Beber o céu nos ventos 
Sabendo a sonolentos 
Sais e iodados relentos. 
Anseios de insofridas 
Esperas e esperanças 
Diluem-se na bruma 
Como na vaga a espuma 
— Flores de espumas mansas — 
Que a um lado e outro abotoa 
Da cortadora proa. 
Azuis de águas e céus... 
Sou nada, e entanto agora 
Eis-me centro finito 
Do círculo infinito 
De mar e céus afora. 
— Estou onde está Deus. 
- Manuel Bandeira, em "Estrela da tarde", 1960.


Contrição
Quero banhar-me nas águas límpidas
Quero banhar-me nas águas puras
Sou a mais baixa das criaturas
Me sinto sórdido

Confiei às feras as minhas lágrimas

Rolei de borco pelas calçadas
Cobri meu rosto de bofetadas
Meu Deus valei-me

Vozes da infância contai a história

Da vida boa que nunca veio
E eu caia ouvindo-a no calmo seio
Da eternidade.
- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 88.


No almoço em homenagem a Pablo Neruda, da esquerda para a direita:
 João Condé, Lia Correia Dutra, Manuel Bandeira e Astrojildo Pereira, Rio, 1945.
Fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira, Edições Alumbramento, 1998, pág. 115.


Plenitude
Vai alto o dia. O sol a pino ofusca e vibra. 
O ar é como de forja. A força nova e pura 
Da vida embriaga e exalta. E eu sinto, fibra a fibra, 
Avassalar-me o ser a vontade da cura. 

A energia vital que no ventre profundo 
Da Terra estuante ofega e penetra as raízes, 
Sobe no caule, faz todo galho fecundo 
E estala na amplidão das ramadas felizes, 

Entra-me como um vinho acre pelas narinas... 
Arde-me na garganta... E nas artérias sinto 
O bálsamo aromado e quente das resinas 
Que vem na exalação de cada terebinto. 

O furor de criação dionisíaco estua 
No fundo das rechãs, no flanco das montanhas, 
E eu absorvo-o nos sons, na glória da luz crua 
E ouço-o ardente bater dentro de minhas entranhas. 

Tenho êxtase de santo... Ânsias para a virtude... 
Canta em minhalma absorta um mundo de harmonias.
Vêm-me audácias de herói... Sonho o que jamais pude
— Belo como Davi, forte como Golias... 

E neste curto instante em que me exalto 
De tudo o que não sou, gozo o que invejo, 
E nunca o sonho humano assim subiu tão alto 
Nem flamejou mais bela a chama do desejo. 

E tudo isso me vem em vós, Mãe Natureza! 
Vós que cicatrizais minha velha ferida... 
Vós que me dais o grande exemplo de beleza 
E me dais o divino apetite da vida. 
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.



A minha irmã
Depois que a dor, depois que a desventura
Caiu sobre o meu peito angustiado,
Sempre te vi, solícita, a meu lado,
Cheia de amor e cheia de ternura.

É que em teu coração inda perdura,
Entre doces lembranças conservado,
Aquele afeto simples e sagrado
De nossa infância, ó meiga criatura.

Por isso aqui minh'alma te abençoa:
Tu foste a voz compadecida e boa
Que no meu desalento me susteve.

Por isso eu te amo, e, na miséria minha,
Suplico aos céus que a mão de Deus te leve
E te faça feliz, minha irmãnzinha...
- Manuel Bandeira, in "A cinza das Horas", 1917.



Manuel Bandeira (3º da esquerda para direita em pé),
Alceu Amoroso Lima (5ª posição) e Dom Hélder Câmara (7ª)
e sentados (da esquerda para direita), Lourenço Filho,
Roquette-Pinto e Gustavo Capanema - Rio de Janeiro, 1936.


Nu
Quando estás vestida, 
Ninguém imagina 
Os mundos que escondes 
Sob as tuas roupas. 

(Assim, quando é dia, 
Não temos noção 
Dos astros que luzem 
No profundo céu. 

Mas a noite é nua, 
E, nua na noite, 
Palpitam teus mundos 
E os mundos da noite. 


Manuel Bandeira, em Petrópolis/RJ.
Brilham teus joelhos, 
Brilha o teu umbigo, 
Brilha toda a tua 
Lira abdominal. 

Teus seios exíguos 
— Como na rijeza 
Do tronco robusto 
Dois frutos pequenos — 

Brilham.) Ah, teus seios! 
Teus duros mamilos! 
Teu dorso! Teus flancos! 
Ah, tuas espáduas! 

Se nua, teus olhos 
Ficam nus também: 
Teu olhar, mais longe, 
Mais lento, mais líquido. 

Então, dentro deles, 
Bóio, nado, salto 
Baixo num mergulho 
Perpendicular. 

Baixo até o mais fundo 
De teu ser, lá onde 
Me sorri tu’alma 
Nua, nua, nua… 
- Manuel Bandeira, em "Estrela da tarde", 1960.


ESTRELA DA MANHÃ
Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã

Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa? Eu quero a estrela da manhã

Manuel Bandeira

Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras

Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
eu quero a estrela da manhã.
- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 73-74.



Manuel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes
Déc. 1960, foto: Pedro de Moraes (Acervo Inst. Tom Jobim)

Paisagem noturna
A sombra imensa, a noite infinita enche o vale . . .
E lá do fundo vem a voz
Humilde e lamentosa
Dos pássaros da treva. Em nós,
— Em noss'alma criminosa,
O pavor se insinua . . . 
Um carneiro bale.
Ouvem-se pios funerais.
Um como grande e doloroso arquejo
Corta a amplidão que a amplidão continua . . .
E cadentes, metálicos, pontuais,
Os tanoeiros do brejo,
— Os vigias da noite silenciosa,
Malham nos aguaçais.

Pouco a pouco, porém, a muralha de treva

Vai perdendo a espessura, e em breve se adelgaça
Como um diáfano crepe, atrás do qual se eleva
A sombria massa 
Das serranias.

O plenilúnio via romper . . . Já da penumbra

Lentamente reslumbra
A paisagem de grandes árvores dormentes.
E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,
Tintas deliqüescentes
Mancham para o levante as nuvens langorosas.

Enfim, cheia, serena, pura,

Como uma hóstia de luz erguida no horizonte, 
Fazendo levantar a fronte 
Dos poetas e das almas amorosas,
Dissipando o temor nas consciências medrosas 
E frustrando a emboscada a espiar na noite escura,
— A Lua
Assoma à crista da montanha.
Em sua luz se banha
A solidão cheia de vozes que segredam . . .

Em voluptuoso espreguiçar de forma nua

As névoas enveredam 
No vale. São como alvas, longas charpas
Suspensas no ar ao longe das escarpas.
Lembram os rebanhos de carneiros 
Quando, 
Fugindo ao sol a pino,
Buscam oitões, adros hospitaleiros
E lá quedam tranqüilos ruminando . . . 
Assim a névoa azul paira sonhando . . .
As estrelas sorriem de escutar
As baladas atrozes
Dos sapos.

                                            E o luar úmido . . . fino . . .

Amávico . . . tutelar . . .
Anima e transfigura a solidão cheia de vozes . . ."
- Manuel Bandeira [Teresópolis, 1912].


Manuel Bandeira

Alumbramento
Eu vi os céus! Eu vi os céus! 
Oh, essa angélica brancura 
Sem tristes pejos e sem véus! 

Nem uma nuvem de amargura 

Vem a alma desassossegar. 
E sinto-a bela... e sinto-a pura... 

Eu vi nevar! Eu vi nevar! 

Oh, cristalizações da bruma 
A amortalhar, a cintilar! 

Eu vi o mar! Lírios de espuma 

Vinham desabrochar à flor 
Da água que o vento desapruma... 

Eu vi a estrela do pastor... 

Vi a licorne alvinitente! 
Vi... vi o rastro do Senhor!... 

E vi a Via-Láctea ardente... 

Vi comunhões... capelas... véus... 
Súbito... alucinadamente... 

Vi carros triunfais... troféus... 

Pérolas grandes como a lua... 
Eu vi os céus! Eu vi os céus! 

— Eu vi-a nua... toda nua! 

- Manuel Bandeira [Carnaval, 1919], em "Fotobiografia Manuel Bandeira", Edições Alumbramento, 1998, pág.1126



O bicho
Vi ontem um bicho 
Na imundície do pátio 
Catando comida entre os detritos. 

Quando achava alguma coisa, 
Não examinava nem cheirava: 
Engolia com voracidade. 

O bicho não era um cão, 
Não era um gato, 
Não era um rato. 

O bicho, meu Deus, era um homem. 
- Manuel Bandeira, em "Belo belo", 1948. 




Volta
Manuel Bandeira, no quarto do seu apartamento na
Avenida Beira-Mar, Rio, década de 1950.
Enfim te vejo. Enfim no teu 
Repousa o meu olhar cansado. 
Quanto o turvou e escureceu 
O pranto amargo que correu 
Sem apagar teu vulto amado. 

Porém já tudo se perdeu 
No olvido imenso do passado: 
Pois que és feliz, feliz sou eu. 
Enfim te vejo! 

Embora morra incontentado, 
Bendigo o amor que Deus me deu. 
Bendigo-o como um dom sagrado. 
Como o só bem que há confortado 
Um coração que a dor venceu! 
Enfim te vejo! 
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.



Antologia
A vida 
Com cada coisa em seu lugar. 
Não vale a pena e a dor de ser vivida. 
Os corpos se entendem mas as almas não. 
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. 

Vou-me embora p’ra Pasárgada! 

Aqui eu não sou feliz. 
Quero esquecer tudo: 
— A dor de ser homem... 
Este anseio infinito e vão 
De possuir o que me possui. 

Quero descansar 

Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei... 
Na vida inteira que podia ter sido e não foi. 

Quero descansar. 

Morrer. 
Morrer de corpo e alma. 
Completamente. 
(Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.) 

Quando a indesejada das gentes chegar 

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa. 
A mesa posta, 
Com cada coisa em seu lugar. 
- Manuel Bandeira, em "Estrela da tarde", 1960.


Vou-me embora pra Pasárgada 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada 

Manuel Bandeira [São Lourenço, 1938]
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que nunca tive 


E como farei ginástica 

Andarei de bicicleta 
Montarei em burro brabo 
Subirei no pau-de-sebo 
Tomarei banhos de mar! 
E quando estiver cansado 
Deito na beira do rio 
Mando chamar a mãe-d’água. 
Pra me contar as histórias 
Que no tempo de eu menino 
Rosa vinha me contar 
Vou-me embora pra Pasárgada 


Em Pasárgada tem tudo 

É outra civilização 
Tem um processo seguro 
De impedir a concepção 
Tem telefone automático 
Tem alcaloide à vontade 
Tem prostitutas bonitas 
Para a gente namorar 


E quando eu estiver mais triste 

Mas triste de não ter jeito 
Quando de noite me der 
Vontade de me matar 
— Lá sou amigo do rei — 
Terei a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei 
Vou-me embora pra Pasárgada. 
- Manuel Bandeira, em "Libertinagem", 1930.


Manuel Bandeira, Mario Quintana e Paulo Mendes Campos
na casa do cronista Rubem Braga (1966).

VÍDEO DOCUMENTÁRIOS  E POEMAS

"O Habitante de Pasárgada", sobre o poeta Manuel Bandeira.
O documentário faz parte do DVD "Encontro Marcado" 
com o cinema de Fernando Sabino e David Neves

Manuel Bandeira - Vou-me embora pra pasárgada

Desencanto - Manuel Bandeira



O Bicho - Manuel Bandeira

Estrela da manhã - Manuel Bandeira

FORTUNA CRÍTICA DE MANUEL BANDEIRA
[Biografia sobre Manuel Bandeira]
Manuel Bandeira, por Cavalcante
AGUIAR, Joaquim Alves de. Do palácio à pensão. in: Pizarro, Ana (org.). América Latina: palavra, literatura e cultura. Vol.3: Vanguarda e modernidade. São Paulo/Campinas, Memoriasl/Unicamp, 1965.
AGUIAR, Sergio Roberto Moneteiro. Manuel Bandeira - operador de cultura hispano-americana. São Paulo, FFLCH-USP, 1962. (Dissertação de Mestrado)
AITA, Giovanna. "Manuel Bandeira". In: _____. Due Poeti Brasiliani Contemporanei. Napoli: Libr. Scientifica Editrice, 1953.
_____. Un Poeta Brasiliano di Oggi. Poesia di Manuel Bandeira. Modena, Societá Modenese, 1942.
ALVARENGA, Otávio Melo. Mitos e valores. Rio de Janeiro: s. ed., 1956.
ANAN, Sylvia Tamie. Crônica da vida inteira - Memórias da Infância nas Crônicas de Manuel Bandeira. São Paulo/ USP, 2006. (Dissertação de Mestrado)
ANDRADE, Carlos Drummond de. Bandeira, a vida inteira. Brasília: INL/Rio de Janeiro: Alumbramento, 1986.
_____. A lição do amigo: cartas de Mário de Andrade a Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: J. Olímpio, 1982.
_____. O Poeta se diverte. In: _____. Passeios na Ilha. Rio de Janeiro: Simões, 1952.
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ANDRADE, Mário de. Parnasianismo. In: _____. O Empalhador de Passarinho. São Paulo: Martins, 1946.
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ANSELMO, Manuel. A Poesia psicológica de Manuel Bandeira. In: _____. Família literária luso-brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1943.
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Manuel Bandeira e José Lins do Rego
Monólogo
[por Mário de Andrade].

"Oh não! muito obrigado!
Pra depois outro e mais outro...
Basta o que me vai por dentro,
Amargo de alma de moço
Deste século safado.
Cigarro? Para que cigarro?
Basta Mussolini, Trotsky,
A Neoescolástica, Freud,
Crise, mulheres, cinema
E a p... que te pariu.
Não insista mais, ouviu?
Sou desgraçado. Não fumo."
O engraçado é que eu fumo e muito. 
Mas o poema é sinceríssimo.
- em "Carta a Manuel Bandeira", em 1929. 


Manuel Bandeira, fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira - Edições Alumbramento, 1998.

Assim, na companhia paterna ia-me eu
embebendo dessa idéia que a poesia está em
tudo - tanto nos amores como nos chinelos,
tanto nas coisas lógicas como nas disparatadas.
O próprio meu pai era um grande improvisador
de nonsense líricos, o seu jeito de dar expansão
ao gosto verbal nos momentos de bom humor.
- Manuel Bandeira, in "Itinerário de Pasárgada", 1954.

Manuscrito do Poema "Tu", de Manuel Bandeira
dedicado a Fernando Sabino



Desalento
Uma pesada, rude canseira 
Toma-me todo. Por mal de mim, 
Ela me é cara... De tal maneira, 
Que às vezes gosto que seja assim... 
É bem verdade que me tortura 
Mais que as dores que já conheço. 
E em tais momentos se me afigura 
Que estou morrendo... que desfaleço... 

Lembrança amarga do meu passado... 

Como ela punge! Como ela dói! 
Porque hoje o vejo mais desolado, 
Mais desgraçado do que ele foi... 

Tédios e penas cuja memória 

Me era mais leve que a cinza leve, 
Pesam-me agora... contam-me a história 
Do que a minhalma quis e não teve... 

O ermo infinito do meu desejo 

Alonga, amplia cada pesar... 
Pesar doentio... Tudo o que vejo 
Tem uma tinta crepuscular... 

Faço em segredo canções mais tristes 

E mais ingênuas que as de Fortúnio: 
Canções ingênuas que nunca ouvistes, 
Volúpia obscura deste infortúnio... 

Às vezes volvo, por esquecê-la, 

A vista súplice em derredor. 
Mas tenha medo de que sem ela 
A desventura seja maior... 

Sem pensamentos e sem cuidados, 

Minhalma tímida e pervertida, 
Queda-se de olhos desencantados 
Para o sagrado labor da vida... 
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.


Manuel Bandeira [desenho a nanquim], de Cícero Dias,
Rio, 1930
Fonte: Fotobiografia Manuel Bandeira - Edições Alumbramento, 1998.


Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei

Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo

Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos

Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo

Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo

Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
- Manuel Bandeira, no livro "Libertinagem e Estrela da Manhã". 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, pág. 55-56.



Manuel Bandeira, por Cândido Portinari


A vida assim nos afeiçoa
Se fosse dor tudo na vida, 
Seria a morte o grande bem. 
Libertadora apetecida, 
A alma dir-lhe-ia, ansiosa: — “Vem! 

Quer para a bem-aventurança 

Leves de um mundo espiritual 
A minha essência, onde a esperança 
Pôs o seu hálito vital; 

Quer no mistério que te esconde, 

Tu sejas, tão-somente, o fim: 
— Olvido, imperturbável, onde 
Não restará nada de mim!” 

Mas horas há que marcam fundo... 

Feitas, em cada um de nós, 
De eternidades de segundo, 
Cuja saudade extingue a voz. 

Ao nosso ouvido, embaladora, 

A ama de todos os mortais, 
A esperança prometedora, 
Segreda coisas irreais. 

E a vida vai tecendo laços 

Quase impossíveis de romper: 
Tudo o que amamos são pedaços 
Vivos do nosso próprio ser. 

A vida assim nos afeiçoa, 

Prende. Antes fosse toda fel! 
Que ao se mostrar às vezes boa, 
Ela requinta em ser cruel... 
- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.



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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Manuel Bandeira - estrela da vida inteira. Templo Cultural Delfos, março/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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gina atualizada em 22.3.2021.
Postagem original de fevereiro/2011.



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