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Poemas de amor - uma seleta

Garden in Montmartre With Lovers,  by Vincent van Gogh 1887
"Talvez o amor não passe de uma deliciosa ilusão que se realiza em momentos sagrados, raros. Quando ele acontece é aquela felicidade imensa, aquela certeza de eternidade. Ah! Como os apaixonados desejam sinceramente que aquela felicidade não tenha fim! Mas o amor, pássaro, de repente bate as asas e voa... Brincando, faz tempo, eu sugeri que um casamento que se baseasse no amor teria de ser efêmero - porque o amor é sentimento, e os sentimentos não podem ser transformados em monumentos."
- Rubem Alves, em "Retratos de amor". Campinas/SP: Editora Papirus, 2002.



ALGUNS POEMAS DE AMOR
The promenade, by Pierre-Auguste Renoir
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e
uma ave de rapina.


Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.
- Carlos Drummond de Andrade, em "Claro enigma". 1951.





Amo-te muito, meu amor, e tanto
Amo-te muito, meu amor, e tanto
que, ao ter-te, amo-te mais, e mais ainda
depois de ter-te, meu amor. Não finda
com o próprio amor o amor do teu encanto.
Que encanto é o teu? Se continua enquanto
sofro a traição dos que, viscosos, prendem,
por uma paz da guerra a que se vendem,
a pura liberdade do meu canto,
um cântico da terra e do seu povo,
nesta invenção da humanidade inteira
que a cada instante há que inventar de novo
tão quase é coisa ou sucessão que passa...
Que encanto é o teu? Deitado à tua beira,
sei que se rasga, eterno, o véu da Graça.

- Jorge de Sena, em "As evidências". 1955.


Lovers of the street, by Pablo Picasso 1900
Amor e seu tempo
Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
- Carlos Drummond de Andrade, em "As impurezas do branco". 1973.



Amor no éter 
Há dentro de mim uma paisagem 
entre meio-dia e duas horas da tarde. 
Aves pernaltas, os bicos mergulhados na água, 
entram e não neste lugar de memória, 
uma lagoa rasa com caniço na margem. 
Habito nele, quando os desejos do corpo, 
a metafísica, exclamam: 
como és bonito! 
Quero escrever-te até encontrar 
onde segregas tanto sentimento. 
Pensas em mim, teu meio-riso secreto 
atravessa mar e montanha, 
me sobressalta em arrepios, 
o amor sobre o natural. 
O corpo é leve como a alma, 
os minerais voam como borboletas. 
Tudo deste lugar 
entre meio-dia e duas horas da tarde.
- Adélia Prado, em "Terra de Santa Cruz". Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 23.



Arte de amar
Quem diz de amor fazer que os actos não são belos
que sabe ou sonha de beleza? Quem
sente que suja ou é sujado por fazê-los
que goza de si mesmo e com alguém?
Só não é belo o que se não deseja
ou que ao nosso desejo mal responde.
E suja ou é sujado que não seja
feito do ardor que se não nega ou esconde.
Que gestos há mais belos que os do sexo?
Que corpo belo é menos belo em movimento?
E que mover-se um corpo no de um outro o amplexo
não é dos corpos o mais puro intento?

Olhos se fechem não para não ver
mas para o corpo ver o que eles não,
e no silêncio se ouça o só ranger
da carne que é da carne a só razão
- Jorge de Sena, em "Exorcismos". 1972.



Ah! Não fosse este rio chamado amor
The Kiss - Gustav Klimt 1908
O rio que conheço
não aprendi de livro nem de mapa inventado
Jamais escrevi em caderno
o nome deste rio
Nunca desenhei a giz
o movimento de suas águas

Sei deste rio
por seu silêncio
deste rio que ninguém me falou
Não surgiu de histórias passageiras
Não precisa de suborno para estar comigo
Nem de mentiras enfeitadas
sequer de afinidades sorrateiras
Este rio vem despojado de intransigências,
preconceitos,
perplexo no eterno desejo
Dádiva e dívida
comigo mesmo
E dos outros homens
                          Também a esmo
Flui em mim este rio sem vulgaridades
Atemporal, flui em mim com sabor de
paciência
e extraordinário sabor de nada
Nem sequer de buscas e tempo perdido
nem sequer de nada

Este rio nome secreto
e não
E corpo de rio
onde outros rios se vão
Porque o rio
é como o homem:
sem nome
mora no esquecimento,
sem corpo
é árvore cortada,
é menos que nada

Ah! Não fosse o amor sempre e de novo
a estação sem fim
Esta eterna duração
onde, quem passa, não passa,
floresce fácil,
              flui
Ah! Não fosse este rio chamado amor
 de peso feito, medida e saudade infinita
Não teria o homem medida
de sua própria medida finita
- Lindolf Bell, em "O código das águas”. 1ª ed., São Paulo: Global editora, 1984.



Lovers in Pink, Marc Chagall 1916
Private Collection
As sem razões do amor
Eu te amo porque te amo. 
Não precisas ser amante, 
e nem sempre sabes sê-lo. 
Eu te amo porque te amo. 
Amor é estado de graça 
e com amor não se paga. 

Amor é dado de graça, 
é semeado no vento, 
na cachoeira, no eclipse. 
Amor foge a dicionários 
e a regulamentos vários. 

Eu te amo porque não amo 
bastante ou de mais a mim. 
Porque amor não se troca, 
não se conjuga nem se ama. 
Porque amor é amor a nada, 
feliz e forte em si mesmo. 

Amor é primo da morte, 
e da morte vencedor, 
por mais que o matem (e matam) 
a cada instante de amor. 
- Carlos Drummond de Andrade, em "O corpo". 1984.



Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
- Mario Quintana, em "Esconderijos do tempo". Porto Alegre: L&PM, 1980.


Campo de flores
Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus — ou foi talvez o Diabo — deu-me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.

Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
In the springtime, by James Jabusa Shannon 1896
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.

Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.

Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer um vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.

E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua côr dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.

Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
e ao vê-los amorosos e transidos em torno,
o sagrado terror converto em jubilação.

Seu grão de angústia amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
à visão extasiada.

Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente. De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde.
- Carlos Drummond de Andrade, em "Claro enigma". 1951.


Da chegada do amor
Sempre quis um amor 
que falasse 
que soubesse o que sentisse. 

Sempre quis uma amor que elaborasse 
Que quando dormisse 
ressonasse confiança 
no sopro do sono 
e trouxesse beijo 
no clarão da amanhecice. 

Sempre quis um amor 
que coubesse no que me disse. 

Sempre quis uma meninice 
entre menino e senhor 
uma cachorrice 
onde tanto pudesse a sem-vergonhice 
do macho 
quanto a sabedoria do sabedor. 

Sempre quis um amor cujo 
BOM DIA! 
morasse na eternidade de encadear os tempos: 
passado presente futuro 
coisa da mesma embocadura 
sabor da mesma golada. 
Birthday, by Marc Chagall 1915

Sempre quis um amor de goleadas 
cuja rede complexa 
do pano de fundo dos seres 
não assustasse. 

Sempre quis um amor 
que não se incomodasse 
quando a poesia da cama me levasse. 

Sempre quis uma amor 
que não se chateasse 
diante das diferenças. 

Agora, diante da encomenda 
metade de mim rasga afoita 
o embrulho 
e a outra metade é o 
futuro de saber o segredo 
que enrola o laço, 
é observar 
o desenho 
do invólucro e compará-lo 
com a calma da alma 
o seu conteúdo. 

Contudo 
sempre quis um amor 
que me coubesse futuro 
e me alternasse em menina e adulto 
que ora eu fosse o fácil, o sério 
e ora um doce mistério 
que ora eu fosse medo-asneira 
e ora eu fosse brincadeira 
ultra-sonografia do furor, 
sempre quis um amor 
que sem tensa-corrida-de ocorresse. 

Sempre quis um amor 
que acontecesse 
sem esforço 
sem medo da inspiração 
por ele acabar. 

Sempre quis um amor 
de abafar, 
(não o caso) 
mas cuja demora de ocaso 
estivesse imensamente 
nas nossas mãos 

Sem senões. 

Sempre quis um amor 
com definição de quero 
sem o lero-lero da falsa sedução. 
Eu sempre disse não 
à constituição dos séculos 
que diz que o "garantido" amor 
é a sua negação. 

Sempre quis um amor 
que gozasse 
e que pouco antes 
de chegar a esse céu 
se anunciasse. 

Sempre quis um amor 
que vivesse a felicidade 
sem reclamar dela ou disso. 

Sempre quis um amor não omisso 
e que sua estórias me contasse. 
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse. 
- Elisa Lucinda, em "Euteamo e suas estréias". 1999.


De longe te hei-de amar
Young Lovers by Robert Archibalt Graafland, 1911
De longe te hei-de amar 
- da tranquila distância 
em que o amor é saudade 
e o desejo, constância. 

Do divino lugar 
onde o bem da existência 
é ser eternidade 
e parecer ausência. 

Quem precisa explicar 
o momento e a fragrância 
da Rosa, que persuade 
sem nenhuma arrogância? 

E, no fundo do mar, 
a Estrela, sem violência, 
cumpre a sua verdade, 
alheia à transparência. 
- Cecília Meireles, em "Canções". Editora Livros de Portugal, 1956.


Espaço-tempo
Quero-te mesmo, amor, na ausência ou na presença,
com rumores de sombra, alarde ou desafios.
―Dormir num chão de luar à sombra de roseiras
ou sob os pirisais na baixada dos rios...

Assim te amo e te sei amando dia-a-dia,
acordada ou dormindo o germinal segredo.
E te abraço sem ter teu corpo ao meu, beijando
a saudade sem ser de quem se tem sem medo.

Amo-te mesmo, amor, no madrigal do tempo,
derrubando androceus e gineceus se amando
nas pálpebras do estio que o sono não acorda.

No teu dorso eu descanso a caminhada enorme
que fiz pra te encontrar ― lábios ardendo em busca
da tua noite azul onde minh'alma dorme.

Amo-te mesmo, amor. Se me vens ou te vais.
Sinto-te à flor da pele e à superfície da água
que dessedenta o bem que nos lava o mal.

Amo-te e não sei quem és ― teu nome nem origem.
Só sei que és homem são e me sabes mulher.
Que beleza este amor sem pranto nem vertigem,
sem princípio nem fim, nem dimensão sequer!
- Adalcinda Camarão, em "Antologia Poética". Belém: CEJUP, 1995.


Hoje te canto
Two lovers embrace, by Albena Vatcheva
Hoje te canto e depois no pó que hei de ser
Te cantarei de novo. E tantas vidas terei
Quantas me darás para o meu outra vez amanhecer
Tentando te buscar. Porque vives de mim, Sem Nome,
Sutilíssimo amado, relincho do infinito, e vivo
Porque sei de ti a tua fome, tua noite de ferrugem
Teu pasto que é o meu verso orvalhado de tintas
E de um verde negro teu casco e os areais
Onde me pisas fundo. Hoje te canto
E depois emudeço se te alcanço. E juntos
Vamos tingir o espaço. De luzes. De sangue.
De escarlate.
- Hilda Hilst, em "Sobre a tua grande face". São Paulo: Massao Ohno, 1986.


Horas rubras
Horas profundas, lentas e caladas 
Feitas de beijos rubros e ardentes, 
De noites de volúpia, noites quentes 
Onde há risos de virgens desmaiadas... 

Oiço olaias em flor às gargalhadas... 
Tombam astros em fogo, astros dementes, 
E do luar os beijos languescentes 
São pedaços de prata p'las estradas... 

Os meus lábios são brancos como lagos... 
Os meus braços são leves como afagos, 
Vestiu-os o luar de sedas puras... 

Sou chama e neve e branca e mist'riosa... 
E sou, talvez, na noite voluptuosa, 
Ó meu Poeta, o beijo que procuras! 

- Florbela Espanca, em "Livro de sóror saudade". Lisboa: Edição da Autora, 1923.


The Lovers, Rene Magritte  1928
O amor
Estou a amar-te como o frio 
corta os lábios. 
A arrancar a raiz 
ao mais diminuto dos rios. 
A inundar-te de facas, 
de saliva esperma lume. 
Estou a rodear de agulhas 
a boca mais vulnerável. 
A marcar sobre os teus flancos 
o itinerário da espuma. 
Assim é o amor: mortal e navegável. 
- Eugénio de Andrade, em "Obscuro domínio". 1972.


Ode ao amor
Tão lentamente, como alheio, o excesso de desejo,
atento o olhar a outros movimentos,
de contacto a contacto, em sereno anseio, leve toque,
obscuro sexo à flor da pele sob o entreaberto
de roupas soerguidas, vibração ligeira, sinal puro
e vago ainda, e súbito contrai-se,
mais não é excesso, ondeia em síncopes e golpes
no interior da carne, as pernas se distendem,
dobram-se, o nariz se afila, adeja, as mãos,
dedos esguios escorrendo trémulos
e um sorriso irónico, violentos gestos,
amor...
ah tu, senhor da sombra e da ilusão sombria, 
vida sem gosto, corpo sem rosto, amor sem fruto, 
imagem sempre morta ao dealbar da aurora 
e do abrir dos olhos, do sentir memória, do pensar
                                                                   [na vida, 
fuga perpétua, demorado espasmo, distracção no auge, 
cansaço e caridade pelo desejo alheio, 
raiva contida, ódio sem sexo, unhas e dentes, 
despedaçar, rasgar, tocar na dor ignota, 
hesitação, vertigem, pressa arrependida, 
insuportável triturar, deslize amargo, 
tremor, ranger, 
arcos, soluços, palpitar e queda.
Distantemente uma alegria foi,
imensa, já tranquila, apascentando orvalhos,
de contacto a contacto, ansiosamente serenando.
obscuro sexo ã flor da pele... amor... amor... 
ah tu senhor da sombra e da ilusão sombria... 
rei destronado, deus lembrado, homem cumprido.
Distantemente, irónico, esquecido.
- Jorge de Sena, em "Pedra filosofal". 1950.



Couple in a garden, by Paul Cezanne
Para ti
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida
- Mia Couto, em  "Raiz de orvalho e outros poemas". Lisboa: Editorial Caminho, 1999.



Passeio ao campo
Louveciennes (detail of lovers), by Camille Pissarro
Meu Amor! meu Amante! Meu amigo!
Colhe a hora que passa, hora divina,
Bebe-a dentro de mim, bebe-a comigo!
Sinto-me alegre e forte! Sou menina!

Eu tenho, Amor, a cinta esbelta e fina...
Pele doirada de alabastro antigo...
Frágeis mãos de madona florentina...
- Vamos correr e rir por entre o trigo! –

Há rendas de gramíneas pelos montes...
Papoilas rubras nos trigais maduros...
Água azulada a cintilar nas fontes...

E à volta, Amor... tornemos, nas alfombras
Dos caminhos selvagens e escuros,
Num astro só as nossas duas sombras!...
- Florbela Espanca, em "Charneca em Flor".  Coimbra: Livraria Gonçalves, 1931.


Soneto da Conciliação
Que o amor não me iluda, como a bruma
que esconde uma imprevista segurança.
Antes, sustente o chão em que descansa
o que se irá, perdido como a espuma.
Veja que eu me elegi, mas sem nenhuma
razão de assim fazer, e sem lembrança
de aproveitar apenas a esquivança
de que o amor não prescinde em parte alguma.
Que também não se alheie ao que esclarece
o motivo real, de uma oferta,
reunir o acessório e o imprescindível.
Antes, atente a tudo o que se tece
distante do seu dia inconsumível
que dá certeza à noite mais incerta.
- Lêdo Ivo, em "Acontecimento do soneto". 1948.



Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
- Vinicius de Moraes, em "Poesia completa e prosa". [organização Afrânio Coutinho]. 3ª ed., Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1981.



Lovers' Tryst, by Richard Borrmeister
Quero
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
- Carlos Drummond de Andrade, em "As impurezas do branco". 1973.



Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.
- Vinicius de Moraes, em "Poesia completa e prosa". [organização Afrânio Coutinho]. 3ª ed., Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1981.



Passion, by Leonid Afremov
Teu corpo de terra e água
Teu corpo de terra e água
Onde a quilha do meu barco
Onde a relha do arado
Abrem rotas e caminho.

Teu ventre de seivas brancas
Tuas rosas paralelas
Tuas colunas teu centro
Teu fogo de verde pinho

Tua boca verdadeira
Teu destino minha alma
Tua balança de prata
Teus olhos de mel e vinho

Bem que o mundo não seria
Se o nosso amor lhe faltasse
Mas as manhãs que não temos
São nossos lençóis de linho
- José Saramago, em "Provavelmente alegria". Lisboa: Editorial Caminho, 1985.


Todas as cartas de amor são ridículas...
Todas as cartas de amor são 
Ridículas. 
Não seriam cartas de amor se não fossem 
Ridículas. 

Também escrevi em meu tempo cartas de amor, 
Como as outras, 
Ridículas. 

As cartas de amor, se há amor, 
Têm de ser 
Ridículas. 

Mas, afinal, 
Só as criaturas que nunca escreveram 
Cartas de amor 
É que são 
Ridículas. 

Quem me dera no tempo em que escrevia 
Sem dar por isso 
Cartas de amor 
Ridículas. 

A verdade é que hoje 
As minhas memórias 
Dessas cartas de amor 
É que são 
Ridículas. 

(Todas as palavras esdrúxulas, 
Como os sentimentos esdrúxulos, 
São naturalmente 
Ridículas.) 
- Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa]. em "Poesia". [edição Teresa Rita Lopes]. Lisboa: Assírio e Alvim, 2002.



In Bed The Kiss, Henri de Toulouse Lautrec
Um corpo que se ama
Para quem o deseja e quem o ama
um corpo é sempre belo no seu esplendor
e tudo nele é belo porque é sagrado
e, mesmo na mais plena posse, inviolável.

Um corpo que se ama é uma nascente viva
que de cada poro irrompe irreprimível
e toda a sua violência é a energia ardente
que gerou o universo e a fantasia dos deuses.

Tudo num corpo que se ama é adorável
na integridade viva de um mistério
na evidência assombrosa da beleza
que se nos oferece inteiramente nua.

Não há visão mais lucida do que a do desejo
e só para ela a nudez é sagrada
como uma torrente vertiginosa ou uma oferenda solar.
Esse olhar vê-o inteiro na perfeição terrestre.
- António Ramos Rosa, em "Rosa intacta". Editora Labirinto, 2007.


Viajo no teu corpo
Viajo no teu corpo. Só teu corpo?
Mas quão breve seria essa viagem
Se no limite dela a alma nua
Não me desse do teu corpo a certa imagem.
- José Saramago, em "Provavelmente alegria". Lisboa: Editorial Caminho, 1985.



The Happy Lovers, by Gustave Courbet
XIII – Incorporação
Sempre há duas solidões que se aguardam.
Por isso quero estar junto e viver-te
como a sede vive a fonte.
Atenta ao ruído que anoitece (e adentra)
do catavento sobre nenhuma presença
para dar-nos ternura,
nós que tanta ternura presumimos dar.

Sempre há duas solidões que se aguardam.
Por isso quero estar junto
como raiz e tronco
em todas as noites de insuficiência.
Daremos adornos e crepúsculos
aos rostos que nos espiam.
E para tornar-nos serenos
frente ao encontro
esmagaremos corações com nossos corações.

Sempre há duas solidões que se aguardam.
Por isso quero estar junto
como pedra em pedra
ser a sentinela do tempo em sua redoma,
olhar através da redoma os peixes
que plantam luas nas alpondras
e suprem-nos de tanta glória
numa ternura daninha de querer.

Sempre há duas solidões que se aguardam.
prestes a pousar sobre o breve corpo.
- Lindolf Bell, em "Incorporação"/Doze anos de poesia 1962 a 1973. São Paulo: Quíron, 1974.


Afternoon memories, by Hessam Abrishami

ALGUNS AFORISMOS SOBRE O AMOR
"Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.


"Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação.  E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso. De alguma forma a gota da chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora.  Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética divina.  Quem não pode suportar a dor da separação não esta preparado para o amor. Porque amor é algo que não se tem nunca. É o vento de graça.  Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro."
- Rubem Alves, em "Onde mora o Amor", do livro 'Tempus Fugit'. São Paulo: Edições Paulus, 1990. 


“Andávamos sem nos procurar, mas sabendo sempre que andávamos para nos encontrar.”
- Julio Cortázar em "O jogo da amarelinha" (Rayuela). São Paulo: Abril Cultural, 1985. — v. 1, p. 19.


Romantic moment, by Leonid Afremov


Canção do amor sereno
Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.

Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.

Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.

Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.
- Lya Luft, em "Secreta mirada". 1997.



Red Passion, by Hessam Abrishami
Cantas...
Cantas. E fica a vida suspensa. 
É como se um rio cantasse: 
em redor é tudo teu; 
mas quando cessa o teu canto 
o silêncio é todo meu. 
- Eugénio de Andrade, em "As mãos e os frutos". 1948.


ALGUMAS REFERÊNCIAS
:: Leonid Afremov
:: Pierside gallery - Hessam Abrishami


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** Página atualizada em 12.6.2015.



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Adão Ventura - o homem da síntese

Adão Ventura - foto (...)
Das biografias (I)
em negro
teceram-me a pele.
enormes correntes
amarram-me ao tronco
de uma Nova África.

carrego comigo
a sombra de longos muros
tentando impedir
que meus pés
cheguem ao final
dos caminhos.

mas o meu sangue
está cada vez mais forte,
tão forte quanto as imensas pedras
que os meus avós carregaram

para edificar os palácios dos reis.
- Adão Ventura, em "Costura de nuvens" (Antologia poética).. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes]. Sabará, MG: Edições Dubolsinho, 2006.


Adão Ventura Ferreira Reis, poeta e prosador conhecido por Adão Ventura, nasceu em 5 de julho de 1946, em Santo Antônio do Itambé, então distrito do Serro (MG). Filho de Sebastiana de José Teodoro e de José Ferreira dos Reis, e neto de pessoas escravizadas, Adão Ventura viveu em péssimas condições, tendo mudado para Belo Horizonte, em busca de vida melhor, e conseguido se graduar em direito, pela Universidade Federal de Minas Gerais. 

No início da carreira literária, em Minas Gerais, fez parte de uma consagrada geração de escritores, que se revelou pelo Suplemento Literário do Minas Gerais, então dirigido por Murilo Rubião, e da Revista Literária da UFMG.

 Suplemento Literário do Minas Gerais foi criado em plena Ditadura Militar, tendo agregado nomes como Afonso Ávila, Adão VenturaJaime Prado Gouvea, Luiz Vilela, Duílio Gomes, Luciene Samôr, Angelo Oswaldo, Humberto Werneck, Márcio Sampaio, Sérgio Sant’Anna, Sérgio Tross, Tião Nunes e outros.

Adão Ventura - foto: Arquivo família
Contudo, a época não permitia que fosse desenvolvida a poesia negra, pois os militares haviam criado os chamados crimes de subversão, o que tornava a expressão da cultura e da luta negra em crimes contra a nação.

É quando Ventura denuncia o resultado da repressão militar: "das cabeças nascem os cogumelos, / porque a palha é fosca e o cito / árido, porque o estábulo é a / farsa, e a marca é o malho, por / que escuro é o medo e espúria é / a pele, porque escuso é o encarte / entre o corpo e o chão." (Único poema, sem titulo, da "Unidade Terceira")

Adão Ventura também buscou alfabetizar os próprios pais, registrando no poema “Alfabetização” a situação: “Papai levava tempo para redigir uma carta./ Já mamãe, Sebastiana de José Teodoro/ teve a emoção de assinar seu nome completo/ já quase aos setenta anos”.

Em 1973, foi convidado pela University of New México para lecionar literatura brasileira contemporânea. No mesmo ano, participou do Congresso de Escritores Internacionais (International Writing Program), promovido pelo departamento de Letras da Universidade de Lowa, destinado ao intercâmbio entre escritores jovens. Proferiu ainda, palestras nas Universidades da Flórida e de Bloomington.

Sua volta ao Brasil mostra a guinada dos textos surrealistas para os poemas que tratavam do povo negro e sua luta. Mudança que ficou mais conhecida com a publicação, em 1980, do livro “A cor da pele”: Para um negro/ a cor da pele/ é uma sombra/ muitas vezes mais forte/ que um soco./ Para um negro/ a cor da pele/ é uma faca/ que atinge/muito mais em cheio o coração”.

Outro poema do livro, “Negro Forro”, também mostra a nova faze do escritor, agora dedicado à causa negra: “Minha carta de alforria/ não me deu fazendas/ nem dinheiro no banco/ nem bigodes retorcidos./ Minha carta de alforria/ costurou meus passos/ aos corredores da noite/ de minha pele”.
Depois de exercer várias atividades, mudou-se para Brasília em 1989, onde presidiu a Fundação Palmares - entidade governamental dedicada à cultura negra. Obteve prêmios com a sua poesia e tem obras traduzidas para o inglês, espanhol, alemão e húngaro.

Publicou 5 livros de poesia: 'Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul', 1970; 'As musculaturas do arco triunfo', 1976; 'A cor da pele', 1980; 'Jequitinhonha – poemas do vale', 1980; 'Texturaafro', 1992; 'Litanias de cão', 2002; e um livro infantil 'Pó-de-mico macaco de circo', 1985. O livro A cor da pele, teve sucessivas edições e foi adotado diversas vezes em vestibulares, tornando-se não apenas o seu livro mais famoso, mas colocando-o como um dos maiores poetas brasileiros negros do século XX.

Ainda, foi roteirista e participante do filme "Chapada do Norte", em 1979. E em 2004, participa do documentário "Dançantes", que retrata as festas do Rosário no Serro e em Milho Verde.

Adão Ventura faleceu, vitimado de câncer, em Belo Horizonte, em 12 de junho de 2004, quando preparava a edição de suas obras completas, reunindo todos os livros publicados e dezenas de poemas inéditos.

Em 2006, foi publicado a antologia poética 'Costura de nuvens', pela editora Edições Dubolsinho.
:: Fontes: pco/rede cultura/ane/ufmg/literafro (acessado em 11.6.2015).

Eu, pássaro preto
eu,
pássaro preto,
cicatrizo
queimaduras de ferro em brasa,
fecho o corpo de escravo fugido
e
monto guarda
na porta dos quilombos.
- Adão Ventura, em "Cor da pele". 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988.  


PRÊMIOS
:: Prêmio Cidade de Belo Horizonte, em 1972; 
:: Prêmio da Revista Literária da UFMG, em 1991;
:: Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, em 1991.

Capa de livros do poeta Adão Ventura

OBRAS DE ADÃO VENTURA
Poesia
:: Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte: Edições Oficina; Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1970.
:: As musculaturas do Arco do Triunfo. Belo Horizonte: Editora Comunicação, 1976.
:: Jequitinhonha - poemas do vale. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais; Coordenadoria do Estado de Minas Gerais, 1980; 2ª ed., revista e ampliada. Belo Horizonte: Editora Mulheres Emergentes Edições Alternativas, 1997.
:: A cor da pele. Belo Horizonte: Edição do Autor, 1980; 3ª ed., Edição do Autor, 1984. 
:: Texturaafro (reunião de poemas abordando temas afro-brasileiros).. [ilustrações Naíche Cardoso]. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992, 36p.
:: Litanias de cão. Belo Horizonte: Edição do autor, 2002.

Infantil
:: Pó-de-mico macaco de circo. Belo Horizonte: Edição do autor, 1985.

Antologia
Capa do livro Costura de Nuvens
:: Costura de nuvens. Antologia poética. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes; projeto gráfico de Sebastião Nunes; capa: ilustrações de Jean Baptiste Debret e Johann Moritz]  Sabará, MG: Edições Dubolsinho, 2006.

Organização
:: Cultura afro-brasileira. [Organização Adão Ventura]. Suplemento Literário de Minas Gerais. Número Especial. Belo Horizonte, nº 1033, 26 jul. 1986. 

Antologias (participação)
Brasil
:: Cem poemas Brasileiros. [Organização wladir Nader e Y. Fujyama]. São Paulo: Editora Vertente, 1980, 144p.
:: Antologia contemporânea da poesia negra brasileira. [organização Paulo Colima].  São Paulo: Global Editora, 1982, 103p.
:: Momentos de Minas. (Coletânea de textos). Vários autores. São Paulo: Ática, 1984.
:: A razão da chama – antologia de poetas negros brasileiros. [Organização Oswaldo de Camargo]. São Paulo: GRD, 1986. 
:: Axé: antologia de poesia negra brasileira. [Organização Paulo Colina]. São Paulo: Brasiliense, 1986.
:: Antologia da nova poesia brasileira. [organização, seleção, notas e apresentação Olga Savary]. Rio de Janeiro: Fundação Rio; Hipocampo, 1992.
:: Sincretismo: a poesia da Geração 60 – introdução e antologia. [Organização Pedro Lyra]. Rio de Janeiro: Topbopoks, 1995. 
:: Signopse: a poesia na virada do século. [Organização Wagner Torres]. Belo Horizonte: Plurarts, 1995.
:: Belo Horizonte: a cidade escrita. [Organização Wander Melo Miranda]. Belo Horizonte: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, 1996. p. 184.
:: Poesia de Brasília. [organização Joanyr de Oliveira]. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.
:: A poesia mineira no século XX. [organização, introdução e notas Assis Brasil]. Rio de Janeiro RJ: Imago, 1998, 310p. 
:: Cantária. [Organização Wagner Torres]. Belo Horizonte: Plurarts, 2000. p. 11-34.
:: Os cem melhores poemas brasileiros do século. [organização Italo Moriconi]. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001, 350p.
:: Companhia de poetas. [Coordenação José Alberto Pinho Neves]. Juiz de Fora: FUNALFA, 2003. 
:: Roteiro da Poesia Brasileira: Anos 70. [Organização Afonso Henriques Neto]. São Paulo: Global, 2009.
:: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. [Organização Eduardo de Assis Duarte]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. 
:: Literatura Afro-Brasileira: 100 autores do século XVIII ao XXI. [organização Eduardo de Assis Duarte]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2014.

Revista
::Revista Exu, Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador, ano V, n. 25, p. 14-15, jan./fev. 1992.

Exterior
:: Modern Poetry in Translations 19-20 (Uma Antologia de Poetas dos séculos XIX e XX). Edições do International Writing Program – University of IOWA, Iowa city, USA, 1973. 
:: Revista Nova (1) Antologia de poetas do mundo hispano-americano. Portugal: , 1975.
:: Antologia da novíssima poesia brasileira. [organização Gramiro de Matos e Manuel de Seabra]. Lisboa, Portugal: Livros-Horizonte, 1981.
:: Schwarze poesie (Poesia Negra).. [organização Moema Parente Augel]. Edição bilíngue. Berlin: São Paulo: Edition diá, 1988.
:: Brazilia Gyöngyei (Pérolas do Brasil).. [tradução e seleção de Lívia Paulini:. Budapest: Ego, 1993.

“A iniqüidade do mundo e o mistério da vida gritam na sonoridade de seus versos”
Manoel Lobato (escreveu sobre os poemas de Ventura)


POEMAS ESCOLHIDOS DE ADÃO VENTURA


Adão Ventura - foto: Arquivo
da família
Dois
de pés no chão
palmilhei duros eitos
movidos a chuva e sol.

de pé no chão
atravessei frios ghetos
de duras cicatrizes.

de pés no chão
Teodoro, meu avô 
envelheceu mansamente
as suas mãos escravas.
- Adão Ventura, em "Cor da pele". 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988. 


Flash back
áfricas noites viajadas em navios
e correntes,
imprimem porões de amargo sal
no meu rosto,
construindo paredes
de antigas datas e ferrugens,
selando em elos e cadeias,
o mofo de velhos rótulos deixados

no puir dos olhos.
- Adão Ventura, em "Costura de nuvens" (Antologia poética).. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes]. Sabará, MG: Edições Dubolsinho, 2006.


Iam
não sei não. mas aqui a gente
conversa assuntos
que na Capital necas /nadas
lá é aquela gente correndo
— corredeira sem-fim
pra qualquer decá aquela palha.
- Adão Ventura, em "Jequitinhonha: poemas do Vale". Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1980, p. 45. 


Limite
e quando a palavra
apodrece
num corredor
de sílabas ininteligíveis.

e quando a palavra
mofa
num canto-cárcere
do cansaço diário.

e quanto a palavra
assume o fosco
ou o incolor da hipocrisia.

e quando a palavra
é fuga
em sua própria armadilha.

e quando a palavra
é furada
em sua própria efígie.

a palavra
sem vestimenta,
nua,

desincorporada.
- Adão Ventura, em "Costura de nuvens" (Antologia poética).. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes]. Sabará, MG: Edições Dubolsinho, 2006.


Minha avó
vovó justina
preta minas
preta mina
preta forra
preta de forno
& fogão.
vovó justina
preta forró
preta mucama
preta de cama

& cambão.
- Adão Ventura, em "A cor da pele". Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988. 


Natal II
Um menino lerdo
num lençol de embira
mesmo qu’uma fonte
de estimada ira.
um menino lama
num anzol que fira
algum porte e corpo
e alma de safira.
um menino cápsula
de tesoura e crina
– ritual de crisma
sem fé ou parafina.
um menino-corpo
de machado e chão
a arrastar cueiros

de chistes e trovão
- Adão Ventura, em "Jequitinhonha: poemas do Vale". Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1980.


Negro forro
Minha carta de alforria
Não me deu fazendas,
Nem dinheiro no banco,
Nem bigodes retorcidos.
Minha carta de alforria
Costurou meus passos
Aos corredores da noite de minha pele.
- Adão Ventura, em "Os cem melhores poemas brasileiros do século". [organização Ítalo Moriconi]. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001, p. 275.



Adão Ventura - foto (...)
Paisagem do Jequitinhonha
Quem dança no vento
                     no ventre das águas
                     do Jequitinhonha?

Quem percorre o leve
                      de breves passos
nas margens do Araçuaí?

Quem detém dos pássaros
                      o ziguezaguear de vôos
                      recompondo sombras
                      sobre lixívias e lavras
                      de Chapada do Norte?

Quem imprime
                   em argila
                   a singeleza dos gestos
                   dos artesãos de Minas Novas?
- Adão Ventura, em "Jequitinhonha: poemas do Vale". Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1980.


Papai-moçambique
papai-moçambique
-viola e sapateio
-desafio de versos
fogosos.
papai-moçambique
senta pé na fogueira
&
de um salto
pára o olho
no ar
banzando saudades
d´outras Áfricas.
- Adão Ventura, em "Cor da pele". 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988. 


Para um negro

para um negro
a cor da pele
É uma sombra
muitas vezes mais forte
que um soco
para um negro
a cor da pele
É uma faca
que atinge
muito mais em cheio
o coração
- Adão Ventura, em "Costura de nuvens" (Antologia poética).. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes]. Sabará, MG: Edições Dubolsinho, 2006.


Procissão
Gente
de velas
na mão
vela-se
ao santo.
entre as
curvas
das ruas
curva-se
ao santo.
no dobrar
das esquinas
dobram-se
ao santo
os joelhos genuflexos
e puros para o milagre.
- Adão Ventura, em "Jequitinhonha: poemas do Vale". Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1980,  p. 27.


Quilombo
mundo onde me fecho
eu-zumbi
caçador de capitão do mato,
traço tudo no tiro

e asso em coivaras
- Adão Ventura, em "Texturaafro". Belo Horizonte: Editora Lê, 1992.


Senzala
senzala
é minha carne retalhada
pelo dia-a-dia

senzala
é a sombra que tenho aprisionada
nos ghetos da minha pele.
- Adão Ventura, em "A cor da pele". Belo Horizonte: Edição do Autor, 1980. 


Três
o meu sangue-cachoeira
é terreiro de folia,
dor jogada ao vento,
cachaça engolida inteira,
sapateio de meia-noite,
noite de São João,
-jogo de cartas,
conversas de preto velho.
- Adão Ventura, em "Cor da pele". 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988.  



Adão Ventura - foto: Arquivo EM
Um
em negro
teceram-me a pele.
enormes correntes
amarraram-me ao tronco
de uma Nova África.

carrego comigo
a sombra de longos muros
tentando me impedir
que meus pés
cheguem ao final
dos caminhos.

mas o meu sangue
está cada vez mais forte,
tão forte quanto as imensas pedras
que os meus avós carregaram
para edificar os palácios dos reis. 
- Adão Ventura, em "Cor da pele". 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988. 


Zumbi
Eu-Zumbi
Rei de Palmares
tenho terreiros e tambores
e danço a dança do Sol.

Eu-Zumbi enfrento o vento
que ainda tarda
dessas cartas de alforria.

Eu-Zumbi jogo por terra
a caneta de ouro
de todas as Leis-Áureas.

Eu-Zumbi
Rei de Palmares
Tenho terreiros
e tambores

e danço a dança do Sol
- Adão Ventura, em "Costura de nuvens" (Antologia poética).. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes]. Sabará, MG: Edições Dubolsinho, 2006.



Adão Ventura - foto: Arquivo EM
FORTUNA CRÍTICA DE ADÃO VENTURA
[Estudos acadêmicos - teses, dissertações, ensaios, artigos e livros]
ALMEIDA, Márcio. Alguns Aspectos da poesia de Adão Ventura. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 800, p. 3-4, jan.1982.
ALVES, Guilherme L. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 743, p. 8, 1980.
ALVES, Guilherme L..  Adão: uma aventura da cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 813, p. 8, 1982.
BARRETO, Lázaro. Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 197, p. 7, jun.1970.
BRANCO, Wilson Castelo. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 736, p. 3, nov. 1980.
CHAMA, Fred Castro. A questão do duplo. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 813, p. 9,1982.
DAMASCENO, Benedita Gouveia. Poesia negra no modernismo brasileiro. Campinas, São Paulo: Pontes Editores, 1988. p. 117-121.
EVARISTO, Conceição. Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 17-31, 2º sem. 2009. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015). 
FILHO,Campomizzi. Ventura e Desventura. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 233, p. 7, fev. 1971.
NUNES, Sebastião. Adão Ventura, poemas inéditos. Suplmento Literário, Belo Horizonte, Setembro/outubro, 2012. p. 18-23. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015).
LACERDA, Dayse. O arco do Adão. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 598, p. 4, 1978.
LOPES, Elisângela; PEREIRA, Maria do Rosário Alves. Adão Ventura. In: DUARTE, Eduardo de Assis. (Org.). Literatura Afro-Brasileira: 100 autores do século XVIII ao XXI. 1ª ed., Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2014, v. 1, p. 140-142.
Adão Ventura - foto: Arquivo Psiu Poético
MACIEL, Luiz Carlos Junqueira. A cor da pele/ Juca mulato. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, p. 6-7, 1983.
OLIVEIRA, Anelito. O drama da expressão. Rascunho - jornal de literatura do Brasil, maio de 2015. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015).
PEREIRA, Edgard. Adão Ventura. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Poesia brasileira contemporânea: invenção e liberdade na tradição cultural afro-brasileira. Verbo de Minas: Letras, Juiz de Fora, 2006. Disponível no link. (acessado em 11.06.2015).
PEREIRA, Édimo de Almeida. Metamorfoses do abutre: a diversidade como eixo na poética de Adão Ventura. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2004.
PEREIRA, Édimo de Almeida. Metamorfoses do abutre: a diversidade como eixo na poética de Adão Ventura. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
PEREIRA, Édimo de Almeida. Texturas da linguagem: surrealismo e cultura popular na poética de Adão Ventura. In: Edimilson de Almeida Pereira. (Org.). Um tigre na floresta de signos: estudos sobre poesia e demandas sociais. 1ª ed., Belo Horizonte: Mazza Edições Ltda, 2010, v. Único, p. 438-459.
PEREIRA, Édimo de Almeida. Adão Ventura: o poeta e sua linguagem. Suplemento Literário do Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, v. 1264, 2004.
PEREIRA, Maria do Rosário Alves. Adão Ventura: a consciência da negritude na literatura afro-brasileira. (Graduação em Letras). Universidade Federal de Minas Gerais, 2204.
PEREIRA, Maria do Rosário Alves. A poesia de Adão Ventura. MARRECO, Maria Inês de Moraes; PEREIRA, Maria do Rosário Alves. Linhas cruzadas: literatura, arte, gênero e etnicidade. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2011. p. 154-162.
PROENÇA FILHO, Domício. A trajetória do negro na literatura brasileira. Estudos Avançados, vol.18 nº 50, São Paulo Jan./Abr 2004. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015).
RIBEIRO, Patrícia. O olhar de Minas: diálogo entre Conceição Evaristo e Adão Ventura. Cadernos CESPUC, Belo Horizonte, nº 20, 2010. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015).
REIS, Edgar Pereira dos. Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 197, p. 7, junho 1970.
SÁBER, Rogério Lobo. Adão Ventura: uma poesia-alarme.. In: I Simpósio "Espaço, Sociabilidade e Ensino", 2011, Pouso Alegre. I Simpósio "Espaço, Sociabilidade e Ensino" - Anais de artigos completos. Pouso Alegre: Universidade do Vale do Sapucaí, 2011. v. 1. p. 263-272.
SALLES, Fritz Teixeira de. O dono da metáfora. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 231, p. 7, 1971.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Comentário. In: VENTURA, Adão. As musculaturas do arco do triunfo. (Prosa poética). Belo Horizonte: Editora Comunicação, 1976.
SANTIAGO, Silviano. A cor da pele. In: _____. Vale quanto pesa: ensaios sobre questões político-sociais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
SANTOS, Carlos Alberto dos. Aspectos estilísticos dos poemas de A cor da pele. (Dissertação de Mestrado em Letras). Universidade Federal Fluminense, UFF, 1994.
SANTOS, Joaquim Felício dos. Memórias do Distrito Diamantino. 4ª ed., Belo Horizonte: Itatiaia, 1976. 
 SANTOS, Jussara. Afrodicções: identidade e alteridade na construção poética de três escritores negros brasileiros. (Dissertação de Mestrado em Letras). Pontifícia Universidade Católica, PUC Minas, 1998.
SANTOS, Jussara. A não cor do poema ou uma escrita acima de qualquer suspeita?. Boletim do CESP – v. 20, n. 27 – jul./dez. 2000, p.123-130.
SOUTO, Maria Generosa Ferreira; BRANDÃO, Carlos Alberto Ferreira; RODRIGUES JUNIOR, Francisco. Literatura das “bordas” do São Francisco. Revista Litteris, nº 6, novembro de 2010. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015). 
SOUZA, Ângela Leite de. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 816, p. 2, 1982.
SOUZA, Gustavo Tanus Cesário de.. Constelações do poeta negro: imagens de Adão Ventura no arquivo literário. (Dissertação Mestrado em Estudo Literários). Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras, 2017. Disponível no link. (acessado em 30.3.2022).
SOUZA, Gustavo Tanus Cesário de.. Panorama da fortuna crítica de Adão Ventura. Literafro, UFMG, Belo Horizonte. Disponível no link. (acessado em 11.6.2015).


ENTREVISTA COM O POETA ADÃO VENTURA
Programa "Vereda Literária, entrevista o poeta Adão Ventura
Data: 7 de maio de 1996
Pesquisa e apresentação: Helton Gonçalves de Souza.
Direção: Melquíades Lima
Produção: Abel Amâncio Silva

Entrevista com o poeta Adão Ventura


DOCUMENTÁRIO
Filme: Dançantes
Sinopse: O envolvimento de personagens do congado na tradicional festa de Nossa Sra do Rosário no Serro, e em Milho Verde. Dança, música, histórias, representações e fé são apresentados pelos dançantes e por Adão Ventura - poeta nascido na região do Serro. 
Ficha técnica
Ano/país: 2004, Brasil
Duração: 23 min.       
Formato: Vídeo, colorido
Gênero: Documentário 
Direção e roteiro: Elisa Tostes Gazzinelli
Fotografia: Elisa Gazzinelli, Sávio Leite  
Elenco e música: Dançantes do Serro/MG
Som direto: Gustavo Campos 
Direção de arte: Elisa Gazzinelli 
Montagem: Angela Maris 
Produção: Olhar XXI
:: Fonte: Portal Curtas


"A história
do negro
é um traço
num abraço
de ferro e fogo."
- Adão Ventura, em "Texturaafro". Belo Horizonte: Editora Lê, 1992.


Adão Ventura - foto (...)
AFRICA EM PAUTA
:: África em Pauta - memória, história, arte 


OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Antonio Miranda
:: Geledes
:: Literafro
:: Mallarmargens
:: Revista Modo de Usar


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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Adão Ventura - o homem da síntese. Templo Cultural Delfos, março2022. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 30.3.2022.
* Página original JUNHO/2015.



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