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Zbigniew Herbert - poeta, dramaturgo e ensaísta polonês

 
  • Zbigniew Herbert - foto © Janek Skarzynski/AFP

Zbigniew Herbert - Leópolis, Polônia (hoje Ucrânia), 29 de outubro de 1924 - Varsóvia, Polônia, 28 de julho de 1998.


Zbigniew Herbert (1924-1998), poeta, dramaturgo e ensaísta, é um dos grandes nomes da poesia polonesa e um dos mais importantes poetas do séc. XX. Embora tenha iniciado sua carreira literária entre os 19 e 20 anos, só publicou tardiamente, época do lançamento de seu primeiro livro Struna światła (Corda de Luz), em 1956, por se recusar a aderir a estética do realismo socialista, obrigatória na Polônia, na época do stalinismo. Durante o período de maior repressão política na Polônia, opôs-se à censura do regime stalinista, que o afastou da vida pública, e dedicou-se exclusivamente à literatura. O primeiro reconhecimento de sua obra foi através das traduções de Czesław Miłosz e Peter Dale Sco, em 1968. Alcançou reconhecimento internacional nos anos 80, com a tradução do livro Um bárbaro no jardim (Barbarzyńca w ogrodzie), de 1962). Sua poesia dialoga com mitos, com a história, com outras obras literárias. O Senhor Cogito é o retrato de um intelectual nos “tempos de indigência”. (fonte: Demônio Negro)

"Seja pelo fato de poetas gozarem de uma posição privilegiada nos países da Europa Central e Oriental, seja pela qualidade de sua poesia, Zbigniew Herbert conseguiu se tornar na Polônia, sob o domínio soviético, um poeta nacional, cujos versos eram citados por multidões e a muitos traziam ao mesmo tempo um consolo e uma possibilidade de refletir sobre si mesmos, o sistema e o mundo. Embora a Polônia, uma terra de poetas, exiba o privilégio de ter dois entre os quatro grandes nomes de sua poesia da segunda metade do século XX laureados com prêmio Nobel – Czesław Miłosz e Wisława Szymborska – no próprio país era Herbert que contava com maior popularidade. Depois da queda do comunismo, a sua poesia foi (e ainda é) utilizada politicamente pelos partidos que constroem a sua imagem como defensores da polonidade e da resistência nacional no mundo globalizado. Com a morte do poeta em 1998, este procedimento tornou-se até mais abusivo, pois ele já não podia protestar. Diante do uso político da poesia de Herbert, o seu apelo popular diminuiu e a sua face universal ficou em evidência nos estudos e na percepção do universo letrado polonês. Este aspecto universal, que fez com que Herbert ficasse conhecido fora das fronteiras da Polônia, é o testemunho do ser humano preso nas malhas da história, refletindo sobre a própria humanidade e as posturas que podem e devem ser tomadas diante do avanço da desumanização. Entre os vários temas que a obra do poeta descortina, um dos mais importantes é a questão do sofrimento inerente à vivência do ser humano, independentemente da época ou lugar. Para o autor, a experiência do sofrimento provoca a empatia e a solidariedade com os outros seres sencientes. A poesia torna-se uma ponte para o outro e ajuda a superar a deserção do mundo dos valores humanistas e da herança da civilização, oriunda da vida diante do extremo dos totalitarismos e igualmente presente no mundo globalizado. Mais ainda: a poesia que gira em torno de uma das mais viscerais experiências humanas – o sofrimento – transforma-se em uma das formas de resistência do humanismo, um exercício contínuo de empatia. A poesia compreendida assim volta a ter a função de doadora de sentido, volta a ser uma arte que aproxima os seres humanos deles mesmos e dos outros, suprindo os abismos da indiferença por recontar a vivência que é comum a todos." 
- Piotr Kilanowski, In: O Senhor Cogito. Zbigniew Herbert. [apresentação e tradução Piotr Kilanowski]. Demônio Negro, 2019. 
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Informações biográficas adicionais: Zbigniew Herbert: uma apresentação e cinco poemas. por Piotr Kilanowski. In: Suplemento Pernambuco. Recife, 10 de abril, 2019. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)


  • Zbigniew Herbert - foto © Andrzej Rybczyński/PAP


OBRA DE ZBIGNIEW HERBERT EM PORTUGUÊS

No Brasil
:: O Senhor Cogito. Zbigniew Herbert. [apresentação e tradução Piotr Kilanowski]. Edição bilingue. Coleção Plaquete. São Paulo: Editora Demônio Negro, 2019.
:: Um bárbaro no jardim / Barbarzyńca w ogrodzie. Zbigniew Herbert [tradução Henryk Siewierski; capa Julia Geiser]. Coleção das Anderes. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2018; 2ª ed., 2022.
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Publicado na Polônia (em português)
:: A viagem do Senhor Cogito | Podróż Pana Cogito. Zbigniew Herbert. [seleção e organização Danuta Opacka-Walasek e Piotr Kilanowski; tradução de Piotr Kilanowski]. Katowice/Polônia: Gnome, 2016.


Em antologias brasileiras
:: Lira argenta - poesia em tradução. antologia  [seleção e organização Vanderley Mendonça; tradutores Álvaro Faleiros, Augusto de Campos, Claudio Willer, Cide Piquet, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Fernando Klabin, Guilherme Gontijo Flores, Idalia Morejón López, Juliana Di Fiori Pondian, Larissa Peron, Maíra Mendes Galvão, Marcelo Ariel, Matheus Guménin, Monique Maion, Omar Pérez López, Piotr Kilanowski, Reynaldo Damazio, Ricardo Domeneck, Roberto Zular, Ruy Proença, Tatiana Lima Faria, Vanderley Mendonça, Walter Vetor e Willian Zeytounlian]. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017. // {Vários autores: Étienne Dolet, David Lynch, Charles Bukowski, Heiner Müller, Joan Salvat-Papasseit, Hans Arp, Guido Cavalcanti, Ovídio, Basil Bunting, Paul Celan, Victor Hugo, Roberto Juarroz, Boris Vian, Peire Vidal, Sor Juana Inés de la Cruz, Alda Merini, Mina Loy, Arthur Cravan, François Rabelais, William Faulkner, Pier Paolo Pasolini, Vladimir Maiakóvski, Yehuda Amichai, Ingeborg Bachmann, Mitoş Micleuşanu, Nara Mansur Cao, Derek Walcot, Denise Levertov, André Breton, Maria Mercè Marçal, Wisława Szymborska, Czesław Miłosz, Zbigniew Herbert*, Paul Valéry, Emily Dickinson, E. E. Cummings, Meleagro de Gadara, Robert Desnos} // * tradução Piotr Kilanowski.
:: Segunda guerra mundial: uma antologia poética. [organização, seleção, edição e notas Sammis Reachers]. Editora Calameo, 2014. {Zbigniew Herbert - poemas: '17 de setembro', 'Abandonado' e 'Cinco homens' / tradução Danuta Haczynska da Nóbrega e Sylvio Fraga Neto, p. 107-111}. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024).
:: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
:: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996.
:: Quatro poetas poloneses: Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz. [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.
:: Poesia - tradução e versão. [organização, introdução, tradução e notas Abgar Renault]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Record, 1994 // {Vários autoresWilliam Shakespeare, John Keats, Emily Dickinson, Thomas Hardy, Rabindranath Tagore, Stefan George, William Butler Yeats, Rainer Maria Rilke, Wallace Stevens, Ezra Pound, Jorge Luis Borges, Zbigniew Herbert e John Masefield // Traz também versões em inglês de poemas dos poetas brasileiros: Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dora Vasconcellos, Emílio Moura, Manuel Bandeira, Murilo Mendes e Ronald de Carvalho}.
:: Folhetim: poemas traduzidos. Vários autores. [organização Nelson Ascher; apresentação Matinas Suzuki Jr / vários tradutores; inclui biografia dos poetas e tradutores]. São Paulo: Editora da Folha, 1987 // *Zbigniew Herbert - tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik.
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:: Dez poemas mudados para o português. Herberto Helder. Coleção Plaquete. São Paulo: Editora Demônio Negro, 2020.
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Imagem: Zbigniew Herbert - foto © Danuta B. Łomaczewska/East News.

Em revistas (1)
:: Zbigniew Herbert (1924-1998) - poemas. p. 70-86Poesia SemprePolônia. [editor e apresentação Marco Lucchesi; editor adjunto Ruy Espinheira Filho; coordenação editorial Raquel Fábio, Raquel Martins Rêgo e Tarso Tavares; vários tradutores]. In: Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
:: A fidelidade das coisas. Ele me conta casos improváveis tateando meu rosto com dedos cegos de chuva -  Zbigniew Herbert. [Poemas: "Por que os clássicos", "17 de setembro", "Pedra", "Abandonado", "Banquinho", "Cinco homens", "Lamento", "Nosso medo", "Despertando", "A chuva" - tradução Danuta Haczynska da Nóbrega e Sylvio Fraga Neto (1) / Poemas em prosa: "Cubo de madeira", "Bêbados", "Objetos", "Tudo, menos um anjo", "Tentativa de dissolver a mitologia", "No armário", "Suicídio", "Língua" - tradução Paulo Henriques Britto (2)]. In: revista Piauí, edição n. 20, maio 2008. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024). Obs.: Não consta na matéria da revista Piauí (online) o nome dos tradutores, tampouco quem assina a matéria || Fontes adicionais: (1) KILANOWSKI, Piotr. Zbigniew Herbert: uma apresentação e cinco poemas. In: Suplemento Pernambuco. Recife,  10 de abril, 2019. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)  /  (2)  GALINDO, Caetano W.; COSTA, Walter Carlos (org's). Paulo Henriques Britto: entrevista. Coleção palavra de tradutor. Curitiba/ PR: Medusa, 2019.  Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
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(1) ver outras traduções em Fortuna Crítica.

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Em Portugal
:: Natureza Morta com Brida. Zbigniew Herbert. [tradução Teresa Fernandes Swiatkiewicz]. 1ª ed., Lisboa: Cavalo de Ferro, 2020.
:: Um Bárbaro no Jardim. Zbigniew Herbert. [tradução Teresa Fernandes Swiatkiewicz]. 1ª ed., Lisboa: Cavalo de Ferro, 2019.
:: Escolhido pelas estrelas - antologia poética. Zbigniew Herbert. [apresentação, seleção e tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz; revisão Ana Picão Barradas]. Coleção Documenta poética, 133. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

Em antologias portuguesas 
:: Versos polacos. {Tadeusz Rozewicz, Wislawa Szymborska, Ryszard Krinicki e  Zbigniew Herbert}.. [tradução de Maria Teresa Bação Fernandes, Filipa Menezes, Maria Clara Correia, Carlos Santos Pereira, Henryk Siewierski]. Lisboa: Faculdade de Letras, 1985.
:: Ouolof: poemas mudados para português. Herberto Helder. Lisboa: Assírio & Alvim, 1997.

«Num país com uma grande tradição poética, Zbigniew Herbert pertence à mesma geração de Czeslaw Milosz, Tadeusz Rozewicz e Wislawa Szymborska. O Senhor Cogito — uma espécie de anti-herói e o seu alter ego—é uma das grandes criações literárias do século XX. A sua poesia é de uma grande sobriedade, rigorosa e límpida. A sua paixão pela história e literatura clássicas estão presentes em inúmeros poemas. Mas só ilusoriamente a sua poesia é clássica. Zbigniew Herbert é um mestre da ironia histórica. Joseph Brodsky define-a bem quando diz que a “sua poesia acrescenta à biografia da civilização a sensibilidade de um homem que não foi derrotado por um dos séculos mais eficazes na desumanização da espécie. A sua ironia, a sua reserva austera e a sua compaixão, a lucidez do seu lirismo, a intensidade do seu sentimento para com a antiguidade clássica, não são armadilhas de um poeta moderno, mas a armadura necessária—no seu caso bem temperada e sem dúvida brilhante—para que o homem não seja esmagado pela arremetida da realidade"».
- Jorge Sousa Braga, na 'apresentação' do livro "Escolhido pelas estrelas - antologia poética". de Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.


  • Zbigniew Herbert - foto © A. Jałosiński

SELETA DE POEMAS DO POETA POLONÊS ZBIGNIEW HERBERT - EM EDIÇÃO BILÍNGUE PORTUGUÊS/POLONÊS // POESIA TRADUZIDA

Esta seleta apresenta alguns poemas repetidos, versados/traduzidos para o português por tradutores diferentes. E para além da seleta abaixo, indicamos uma segunda seleta: Zbigniew Herbert - poemas (em edição bilíngue)


Informe da cidade sitiada
Velho demais para empunhar armas e lutar com os outros
por misericórdia foi me confiado o último papel de cronista
vou anotando – não se sabe para quem – a história do cerco
devo ser exato mas não sei quando o ataque foi iniciado
se há duzentos anos em dezembro quem sabe ontem no anoitecer
aqui todos padecem de perda do senso de tempo
restou-nos apenas o lugar a vinculação ao lugar
estamos ainda controlando ruinas templos visões jardins e casas

nada mais restará se perdermos as ruinas
escrevo como posso no ritmo das semanas infindáveis
segunda-feira: lojas vazias unidade diversionista virou rato
terça-feira provocadores desconhecidos assassinaram o prefeito
quarta-feira: conversações sobre o cessar-fogo o inimigo prendeu os enviados
não sabemos o paradeiro deles quer dizer o local de sua execução
quinta-feira: após tempestuosa reunião a proposta dos comerciantes de  
especiarias para uma capitalação incondicional
acabou sendo rejeitada por maioria de votos
sexta-feira: o começo da peste sábado: N.N. defensor inflexível
cometeu suicídio domingo: falta água rechaçamos
o ataque no portão oriental chamado de Portão da União
sei que isso tudo é monótono pode ser que deixe de emocionar alguém
evito comentários seguro as rédeas das emoções escrevo sobre fatos
dizem que apenas eles têm valor nos mercados externos
mas desejo avisar ao mando com certo grau de orgulho
que graças à guerra conseguimos educar uma nova espécie de crianças
as nossas crianças não gostam de lendas brincam de matar
em vigília e em sonho sonham sopas pão e ossos exatamente como cães e fatos

à noite aprecio vaguear pelas bordas da Cidade
ao longo das fronteiras de nossa liberdade insegura
observo de cima os incontáveis exércitos suas fogueiras
ouço o barulho fragoroso e gritos bárbaros
realmente é inconcebível que a Cidade ainda se defenda
o cerco já dura muito tempo os inimigos se revezam em turnos
nada os une além do desejo de aniquilar-nos

Godos Tártaros Suecos destacamentos Imperadores regimentos as Transfigurações 
do Senhor
quem os contará
a cor das bandeiras muda como o bosque no horizonte
da tênue cor amarela de pássaros primaveris através do verde e do vermelho
ao negro do inverno
assim liberto dos fatos posso refletir à noite
a respeito de coisas antigas distantes por exemplo sobre
os nossos aliados de além-mar francamente sei que têm compaixão por nós
enviam-nos farinha sacos encorajamentos gordura e bons conselhos
aliás nem sabem que os próprios pais nos traíram
eram nossos aliados na época do primeiro Apocalipse
os filhos não têm culpa merecem gratidão e somos gratos
não viveram um sítio longo como a eternidade
os atingidos pela desgraça sempre estão sozinhos
defensores do Dalai-Lama curdos montanheses afegãos
agora que estou redigindo estas palavras os defensores da pacificação
obtiveram certa vantagem sobre o partido dos inflexíveis
simples flutuação de disposições o destino ainda flutua
os cemitérios vão crescendo o número de defensores vai decrescendo
mas a defesa prossegue e continuará até o fim
e se a Cidade cair e apenas um sobreviver
carregará a Cidade dentro de si pelos caminhos do exílio
ele será a Cidade fitamos a face da fome a face do fogo a face da morte
a pior de todas – a face da traição
apenas os nossos sonhos continuam a salvo da degradação

....................................... 1982

**

Raport z oblężonego Miasta
Zbyt stary żeby nosić broń i walczyć jak inni –
wyznaczono mi z łaski poślednią rolę kronikarza
zapisuję – nie wiadomo dla kogo – dzieje oblężenia
mam być dokładny lecz nie wiem kiedy zaczął się najazd
przed dwustu laty w grudniu wrześniu może wczoraj o świcie
wszyscy chorują tutaj na zanik poczucia czasu
pozostało nam tylko miejsce przywiązanie do miejsca
jeszcze dzierżymy ruiny świątyń widma ogrodów i domów

jeśli stracimy ruiny nie pozostanie nic
piszę tak jak potrafię w rytmie nieskończonych tygodni
poniedziałek: magazyny puste jednostką obiegową stał się szczur
wtorek: burmistrz zamordowany przez niewiadomych sprawców
środa: rozmowy o zawieszeniu broni nieprzyjaciel internował posłów
nie znamy ich miejsca pobytu to znaczy miejsca kaźni
czwartek: po burzliwym zebraniu odrzucono większością głosów
wniosek kupców korzennych o bezwarunkowej kapitulacji
piątek: początek dżumy sobota: popełnił samobójstwo
N. N. niezłomny obrońca niedziela: nie ma wody odparliśmy
szturm przy bramie wschodniej zwanej Bramą Przymierza
wiem monotonne to wszystko nikogo nie zdoła poruszyć
unikam komentarzy emocje trzymam w karbach piszę o faktach
podobno tylko one cenione są na obcych rynkach
ale z niejaką dumą pragnę donieść światu
że wyhodowaliśmy dzięki wojnie nową odmianę dzieci
nasze dzieci nie lubią bajek bawią się w zabijanie
na jawie i we śnie marzą o zupie chlebie i kości
zupełnie jak psy i koty

wieczorem lubię wędrować po rubieżach Miasta
wzdłuż granic naszej niepewnej wolności
patrzę z góry na mrowie wojsk ich światła
słucham hałasu bębnów barbarzyńskich wrzasków
doprawdy niepojęte że Miasto jeszcze się broni
oblężenie trwa długo wrogowie muszą się zmieniać
nic ich nie łączy poza pragnieniem naszej zagłady
Goci Tatarzy Szwedzi hufce Cesarza pułki Przemienienia Pańskiego
kto ich policzy
kolory sztandarów zmieniają się jak las na horyzoncie
od delikatnej ptasiej żółci na wiosnę przez zieleń czerwień do zimowej czerni

tedy wieczorem uwolniony od faktów mogę pomyśleć
o sprawach dawnych dalekich na przykład o naszych
sprzymierzeńcach za morzem wiem współczują szczerze
ślą mąkę worki otuchy tłuszcz i dobre rady
nie wiedzą nawet że nas zdradzili ich ojcowie
nasi byli alianci z czasów drugiej Apokalipsy
synowie są bez winy zasługują na wdzięczność więc jesteśmy wdzięczni
nie przeżyli długiego jak wieczność oblężenia
ci których dotknęło nieszczęście są zawsze samotni
obrońcy Dalajlamy Kurdowie afgańscy górale
teraz kiedy piszę te słowa zwolennicy ugody
zdobyli pewną przewagę nad stronnictwem niezłomnych
zwykłe wahanie nastrojów losy jeszcze się ważą
cmentarze rosną maleje liczba obrońców
ale obrona trwa i będzie trwała do końca
i jeśli Miasto padnie a ocaleje jeden
on będzie niósł Miasto w sobie po drogach wygnania
on będzie Miasto

patrzymy w twarz głodu twarz ognia twarz śmierci
najgorszą ze wszystkich – twarz zdrady
i tylko sny nasze nie zostały upokorzone

....................................... 1982
Zbigniew Herbert [tradução Aleksandr Jovanović]. In: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996.

§§

Trenodia de Fortinbras
-- Para Czesław Miłosz --

Agora a sós podemos príncipe falar de homem para homem
se bem que jazas nos degraus e vejas quanto uma formiga morta vê
ou seja um negro sol com raios rotos
Jamais pude sem rir pensar em tuas mãos
que feito ninhos que caíram jazem Sobre a pedra agora
inermes como outrora O fim não passa disso
As mãos jazendo aqui A espada ali A cabeça acolá
e os pés do cavaleiro em chinelas macias

Verás um funeral de soldado sem nunca ter sido um soldado
é o único ritual que mal e mal conheço
Não há de haver círios nem cantos só pavios e estrondos crepe arrastado sobre 
o pavimento elmos botas ferradas cavalos que puxam canhões tambor tambor
eu bem o sei nada de belo
tais hão de ser minhas manobras antes de apossar-me do poder
convém pegar pelo pescoço esta cidade e sacudi-la um pouco

Perecerias Hamlet cedo ou tarde inapto que eras para a vida
acreditavas em ideias de cristal em vez do barro humano
caçavas entre espasmos sempre e como em sonhos mil quimeras

abocanhavas como um lobo o ar só para vomitá-lo
não sabias fazer nada de humano nem ao menos respirar

Agora estás em paz Hamlet cumpriste o teu papel
e estás em paz Não é silêncio o resto mas pertence a mim
a parte que escolheste era a mais fácil uma esplêndida estocada
mas o que a morte heroica é frente à eterna vigilância
do alto de uma cadeira um pomo frio numa mão
um formigueiro sob os olhos e o quadrante do relógio

Adeus príncipe aguarda-me um projeto para esgotos
e algum decreto sobre prostitutas e mendigos
Preciso aperfeiçoar além disto o sistema de prisões
pois como bem disseste a Dinamarca é uma prisão
Prossigo com meus afazeres Hoje à noite nasce
uma estrela chamada Hamlet Nunca nos reencontraremos
o que eu hei de legar não será tema de tragédias

Nem cabe nos saudarmos despedirmo-nos nós habitamos arquipélagos
e essa água estas palavras entre nós de que de que nos valem príncipe.

**

Tren Fortynbrasa
-- Dla M. C. --

Teraz kiedy zostaliśmy sami możemy porozmawiać książę jak mężczyzna z mężczyzną
chociaż leżysz na schodach i widzisz tyle co martwa mrówka
to znaczy czarne słońce o złamanych promieniach
Nigdy nie mogłem myśleć o twoich dłoniach bez uśmiechu
i teraz kiedy leżą na kamieniu jak strącone gniazda
są tak samo bezbronne jak przedtem To jest właśnie koniec
Ręce leżą osobno Szpada leży osobno Osobno głowa
i nogi rycerza w miękkich pantoflach

Pogrzeb mieć będziesz żołnierski chociaż nie byłeś żołnierzem
jest to jedyny rytuał na jakim trochę się znam
Nie będzie gromnic i śpiewu będą lonty i huk
kir wleczony po bruku hełmy podkute buty konie artyleryjskie werbel werbel wiem 
nic pięknego
to będą moje manewry przed objęciem władzy
trzeba wziąć miasto za gardło i wstrząsnąć nim trochę

Tak czy owak musiałeś zginąć Hamlecie nie byłeś do życia
wierzyłeś w kryształowe pojęcia a nie glinę ludzką
żyłeś ciągłymi skurczami jak we śnie łowiłeś chimery
łapczywie gryzłeś powietrze i natychmiast wymiotowałeś
nie umiałeś żadnej ludzkiej rzeczy nawet oddychać nie umiałeś

Teraz masz spokój Hamlecie zrobiłeś co do ciebie należało
i masz spokój Reszta nie jest milczeniem ale należy do mnie
wybrałeś część łatwiejszą efektowny sztych
lecz czymże jest śmierć bohaterska wobec wiecznego czuwania
z zimnym jabłkiem w dłoni na wysokim krześle
z widokiem na mrowisko i tarczę zegara

Żegnaj książę czeka na mnie projekt kanalizacji
i dekret w sprawie prostytutek i żebraków
muszę także obmyślić lepszy system więzień
gdyż jak zauważyłeś słusznie Dania jest więzieniem
Odchodzę do moich spraw Dziś w nocy urodzi się
gwiazda Hamlet Nigdy się nie spotkamy
to co po mnie zostanie nie będzie przedmiotem tragedii

Ani nam witać się ani żegnać żyjemy na archipelagach
a ta woda te słowa cóż mogą cóż mogą książę
- Zbigniew Herbert. "Trenodia de Fortinbras". [tradução Nelson Ascher]. In: ASCHER, Nelson. Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. (tradução e organização). Coleção “Lazuli”. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1998. p. 351-352. 

§§

A viagem
Se está planejando
uma viagem, que seja longa
aparente andança
sem objetivo
errância
às cegas para que não apenas com os olhos 
mas também com o toque
conheça a
aspereza
da terra e para que com 
a pele inteira se
defronte
com o mundo

Descubra a insignificância
da fala o régio poder do gesto 
a inutilidade dos conceitos
a pureza das vogais com as quais
se pode expressar tudo
pesar alegria deleite raiva
mas não tenha raiva aceite

Então se vai ser uma viagem que seja longa 
uma viagem verdadeira da qual não se regressa 
repetição do mundo viagem elementar 
conversação com os quatro elementos pergunta
sem resposta
pacto forçado após a luta
........................... grande reconciliação

** 

Podróż
Jeśli wybierasz się w podróż niech będzie to podróż długa
wędrowanie pozornie bez celu błądzenie po omacku
żebyś nie tylko oczami ale także dotykiem poznał szorstkość ziemi
i abyś całą skórą zmierzył się ze światem  
Odkryj znikomość mowy królewską moc gestu
bezużyteczność pojęć czystość samogłosek
którymi można wyrazić wszystko żal radość zachwyt gniew
lecz nie miej gniewu
przyjmuj wszystko
Więc jeśli będzie podróż niech będzie to podróż długa
prawdziwa podróż z której się nie wraca
powtórka świata elementarna podróż
rozmowa z żywiołami pytanie bez odpowiedzi
pakt wymuszony po walce
...................................... wielkie pojednanie
- Zbigniew Herbert [tradução Piotr Kilanowski]. In 'Lira argenta - poesia em tradução'. antologia [organização Vanderley Mendonça]. Selo Demônio Negro, 2017.

§§

Ao rio
Ó rio – clepsidra de água metáfora da eternidade
entro em ti cada vez tão diferente
que poderia ser nuvem peixe ou rocha
e tu és imutável como o relógio que marca
as metamorfoses do corpo e as quedas do espírito
a lenta decomposição dos tecidos e do amor

eu nascido do barro
quero ser teu aluno
e conhecer a fonte o coração olímpico
ó tocha fresca coluna cantante
rochedo da minha fé e do desespero

ensina-me ó rio a ser teimoso e persistente
para que mereça na última hora
repouso na sombra do delta imenso
no sagrado triângulo do princípio e do fim

**

Do rzeki
Rzeko – klepsydro wody przenośnio wieczności
wstępuję w ciebie coraz bardziej inny
że mógłbym być obłokiem rybą albo skałą
a ty jesteś niezmienna jak zegar co mierzy
metamorfozy ciała i upadki ducha
powolny rozkład tkanek i miłości

ja urodzony z gliny
chcę być twoim uczniem
i poznać źródło olimpijskie serce
chłodna pochodnio szumiąca kolumno
opoko mojej wiary i rozpaczy

naucz mnie rzeko uporu i trwania
abym zasłużył w ostatniej godzinie
na odpoczynek w cieniu wielkiej delty
w świętym trójkącie początku i końca
- Zbigniew Herbert. [tradução Ana Cristina César e Grazyna Drabik]. In: "Folhetim: poemas traduzidos". Vários autores. [organização Nelson Ascher; apresentação Matinas Suzuki Jr / vários tradutores; inclui biografia dos poetas e tradutores]. São Paulo: Editora da Folha, 1987. 

§§

Carroça
O que faz
este ancião centenário
de rosto como um velho livro
de olhos sem lágrimas
de lábios cerrados
que guardam as lembranças
e o balbucio da história

agora que
as montanhas de inverno
se apagam
e o Fujiama entra na constelação de Órion
Hirohito
ancião centenário – imperador deus e funcionário
– escreve

não são atos
de clemência
nem atos de ira
nomeações
de generais
torturas sofisticadas
mas uma obra
para o concurso anual
de poesia tradicional

agora o tema
é a carroça
a forma: o tanka venerável
cinco versos
trinta e um pés

"entrando no trem
da ferrovia estatal
penso no mundo
do meu avô o imperador Meiji"

o poema
de aparência simples
de respiração suspensa
sem rubores artificiais

diverso
das obras dos modernos
impudentemente molhadas
cheias de uivos triunfais

migalha
sobre os trilhos de ferro
desprovida de qualquer melancolia
de pressa antes da longa viagem
e até
de pena e de esperança

penso
com o coração apertado
em Hirohito

em suas costas curvadas
a cabeça imóvel
o rosto de boneca velha

penso em seus
olhos secos as mãos pequenas
o pensamento moroso
como a pausa entre
um e outro
grito do corujão

penso
com o coração apertado
qual será o destino
da poesia tradicional

há de sair
de trás da sombra do imperador

sumida
imponderável

**

Wóz
Co robi
ten stuletni starzec
o twarzy jak stara księga
o oczach bez łez
zaciśniętych wargach
strzegących wspomnień
i mamrotania historii

teraz kiedy
zimowe góry
gasną
a Fudżijama wchodzi w gwiazdozbiór Oriona
Hirohito
stuletni starzec – cesarz bóg i urzędnik
– pisze

nie są to akty
łaski
ani akty gniewu
nominacje
generałów
wymyślne tortury
ale utwór
na doroczny konkurs
poezji tradycyjnej

teraz tematem
jest wóz
forma: czcigodna tanka
pięć wersów
trzydzieści jeden stóp

„wsiadając do pociągu
kolei państwowych
myślę o świecie
mego dziadka imperatora Meiji”

wiersz
z pozoru zgrzebny
o wstrzymanym oddechu
bez sztucznych rumieńców

inny
niż bezwstydnie mokre
pełne tryumfalnego wycia
twory nowoczesnych

okruch
o kolei żelaznej
wyzbyty melancholii
pośpiechu przed daleką drogą
a nawet
żalu i nadziei

myślę
ze ściśniętym sercem
o Hirohito

o jego pochylonych plecach
zastygłej głowie
twarzy starej lalki

myślę o jego
suchych oczach
małych dłoniach
powolnej myśli
jak pauza między
jednym a drugim
nawoływaniem puszczyka

myślę
ze ściśniętym sercem
jak potoczą się losy
poezji tradycyjnej

czy odejdzie
za cieniem cesarza

znikliwa
nieważka
- Zbigniew Herbert. [tradução Fernando Mendes Vianna e Henryk Siewierski / com pequenas modificações]. In: Poesia Sempre - Polônia. [editor e apresentação Marco Lucchesi; editor adjunto Ruy Espinheira Filho; coordenação editorial Raquel Fábio, Raquel Martins Rêgo e Tarso Tavares; vários tradutores]. In: Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. / Originalmente publicado na revista Aproximações, n. 3 - Brasília/Lisboa/Cracóvia, 1989.

§§

Nos portões do vale
Após a chuva de estrelas
na campina de cinzas
juntaram-se todos sob a guarda dos anjos

do outeiro que se salvou
o olhar alcança todo
o choroso rebanho de bípedes

em verdade são poucos
mesmo contando os que virão
das crônicas fábulas e vidas dos santos

mas basta desse assunto
voltemos a vista
para a garganta do vale
donde agora sai um grito

após o sibilo da explosão
o sibilo do silêncio
a voz ressoa qual fonte de água viva

segundo nos explicam é
o grito das mães separadas dos filhos
pois como se vê
cada um será salvo só

os anjos da guarda são intransigentes
e convenhamos têm um trabalho difícil

aquela pede
— me esconda em seu olho
na mão nos braços
sempre estivemos juntos
você não pode me abandonar
depois que morri e preciso de carinho
um anjo mais velho
explica sorrindo o mal-entendido

uma velhinha traz
um canário morto
(todos os animais morreram um pouco mais cedo)
era tão querido — diz em meio ao pranto
entendia tudo
quando eu falei —
sua voz se perde no alarido geral

até um lenhador
de quem custa suspeitar coisa assim
sujeito idoso encurvado
aperta um machado contra o peito
— foi meu a vida toda
vai continuar sendo meu
me sustentou lá
vai sustentar aqui
ninguém tem o direito
— diz —
não dou

os que aparentam
sem dor se haver submetido às ordens
vão de cabeça baixa em sinal de anuência
mas ocultam nos punhos premidos
pedaços de cartas fitas mechas de cabelo
e fotografias
coisas crêem ingenuamente
que não lhes serão tomadas

eis como se mostram
no momento
antes da derradeira divisão
entre os que rangerão dentes
e os que cantarão salmos

**

U wrót doliny
Po deszczu gwiazd
na łące popiołów
zebrali się wszyscy pod strażą aniołów

z ocalałego wzgórza
można objąć okiem
całe beczące stado dwunogów

naprawdę jest ich niewielu
doliczając nawet tych którzy przyjdą
z kronik bajek i żywotów świętych

ale dość tych rozważań 
przenieśmy się wzrokiem
do gardła doliny 
z którego dobywa się krzyk

po świście eksplozji
po świście ciszy
ten głos bije jak źródło żywej wody

jest to jak nam wyjaśniają
krzyk matek od których odłączają dzieci
gdyż jak się okazuje
będziemy zbawieni pojedynczo

aniołowie stróże są bezwzględni
i trzeba przyznać mają ciężką robotę

ona prosi
– schowaj mnie w oku
w dłoni w ramionach
zawsze byliśmy razem
nie możesz mnie teraz opuścić
kiedy umarłam i potrzebuję czułości
starszy anioł
z uśmiechem tłumaczy nieporozumienie

staruszka niesie
zwłoki kanarka
(wszystkie zwierzęta umarły trochę wcześniej)
był taki miły – mówi z płaczem –
wszystko rozumiał
kiedy powiedziałam
głos jej ginie wśród ogólnego wrzasku

nawet drwal
którego trudno posądzić o takie rzeczy
stare zgarbione chłopisko
przyciska siekierę do piersi
– całe życie była moja
teraz też będzie moja
żywiła mnie tam
wyżywi tu
nikt nie ma prawa
– powiada –
nie oddam

ci którzy jak się zdaje
bez bólu poddali się rozkazom
idą spuściwszy głowy na znak pojednania
ale w zaciśniętych pięściach chowają
strzępy listów wstążki włosy ucięte
i fotografie
które jak sądzą naiwnie
nie zostaną im odebrane

tak to oni wyglądają
na moment
przed ostatecznym podziałem
na zgrzytających zębami
i śpiewających psalmy
- Zbigniew Herbert. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: SOUZA, Marcelo Paiva de.. Ao vivo, direto do Vale de Josafá: algumas reflexões sobre a poesia e a tradução da poesia de Zbigniew Herbert. Tradução em Revista (Online), v. 2011, p. 1-12, 2011.

§§

Duas gotas 
Os bosques ardiam –
mas eles
nos pescoços trançavam as mãos
como buquês de rosas

as pessoas corriam para os abrigos –
ele dizia que a esposa tinha cabelos
nos quais era possível se esconder

debaixo de um só cobertor
sussurravam palavras despudoradas
a ladainha dos enamorados

Quando estava muito ruim
saltavam para dentro dos olhos em frente
e os fechavam com força

com tanta força que não sentiram o fogo
chegando às sobrancelhas

até o fim foram corajosos
até o fim foram fiéis
até o fim foram semelhantes
como duas gotas
paradas na borda do rosto

**

Dwie krople
Lasy płonęły –
a oni
na szyjach splatali ręce
jak bukiety róż

ludzie zbiegali do schronów –
on mówił że żona ma włosy
w których się można ukryć

okryci jednym kocem
szeptali słowa bezwstydne
litanię zakochanych

Gdy było bardzo źle
skakali w oczy naprzeciw
i zamykali je mocno

tak mocno że nie poczuli ognia
który dochodził do rzęs

do końca byli mężni
do końca byli wierni
do końca byli podobni
jak dwie krople
zatrzymane na skraju twarzy
- Zbigniew Herbert. [tradução Piotr Kilanoski]. In: KILANOWSKI, Piotr. Vinte e dois poetas poloneses: uma pequena antologia de poesia em tradução. In: Belas Infiéis, Brasília, v. 9 n. 2, 2020.

§§
 
Jonas                      
Deparou pois o Senhor um grande peixe 
para que tragasse a Jonas

Jonas filho de Amithai
fugindo de uma missão perigosa
embarcou numa nau que navegava
de Joppen a Tharsis

depois se deram as coisas sabidas
um grande vento uma tempestade
a tripulação joga Jonas nas profundezas
e o mar se aquieta de seu furor
vem nadando o peixe previsto
três dias e três noites
Jonas ora nas entranhas do peixe
que por fim o vomita
na terra seca

o Jonas contemporâneo
afunda como uma pedra na água
se topa com uma baleia
não tem tempo nem de suspirar

salvo
procede mais astutamente
que o seu colega bíblico
pela segunda vez não aceita
a missão perigosa
deixa a barba crescer
e longe do mar
longe de Nínive
sob um nome falso
é comerciante de gado e antiguidades

os agentes do Leviatã
se deixam subornar
não têm o sentido do destino
são funcionários do acaso

num hospital asseado
morre Jonas de câncer
ele mesmo sem saber bem
quem era na verdade

a parábola
aplicada na sua cabeça
se extingue
e o bálsamo da alegoria
não afeta o seu corpo

**

Jonasz
I nagotował Pan rybę wielką
żeby połknęła Jonasza

Jonasz syn Ammitaja
uciekając od niebezpiecznej misji
wsiadł na okręt płynący
z Joppen do Tarszisz

potem były rzeczy wiadome
wiatr wielki burza
załoga wyrzuca Jonasza w głębokości
morze staje od burzenia swego
nadpływa przewidziana ryba
trzy dni i trzy noce
modli się Jonasz w brzuchu ryby
która wyrzuca go w końcu
na suchą ziemię

współczesny Jonasz
idzie jak kamień w wodę
jeśli trafi na wieloryba
nie ma czasu westchnąć

uratowany
postępuje chytrzej
niż biblijny kolega
drugi raz nie podejmuje się
niebezpiecznej misji
zapuszcza brodę
i z daleka od morza
z daleka od Niniwy
pod fałszywym nazwiskiem
handluje bydłem i antykami

agenci Lewiatana
dają się przekupić
nie mają zmysłu losu
są urzędnikami przypadku

w schludnym szpitalu
umiera Jonasz na raka
sam dobrze nie wiedząc
kim właściwie był

parabola
przyłożona do głowy jego
gaśnie
i balsam przypowieści
nie ima się jego ciała
- Zbigniew Herbert. [tradução Piotr Kilanoski]. In: KILANOWSKI, Piotr. Poemas de Zbigniew Herbert / tradução Piotr Kilanoski. Qorpus, vol. 19, Florianópolis, 2015.

§§

Sobre a rosa
-- para Tadeusz Chrzanowski --

1

A doçura tem nome de flor

Tremem os jardins esféricos
suspensos sobre a terra
o suspiro vira a cabeça
a face do vento perto da paliçada
a relva se estende baixa
o tempo de expectativa
a chegada extinguirá os cheiros
a chegada abrirá as cores

as árvores constroem a abóbada
da quietude verde
a rosa te chama e tem saudade
de ti a borboleta colhida
rompe-se um fio trás o outro
passa um instante trás o outro
ó larva verde de botão
desabroche

a doçura tem um nome: rosa

a explosão
de dentro saem
os porta-estandartes de púrpura
fileiras incontáveis
os trombeteiros das fragrâncias

nas longas trombas de borboletas
proclamam a plenitude

2

as coroações intrincadas
os claustros da oração
as cerimônias cheias de ouro
os candelabros chamejantes
as triplas torres do silêncio
os raios refratados nos cumes
o fundo –

ó fonte do céu na terra
ó constelações de pétalas
*
não pergunte o que é uma rosa 
Um pássaro talvez a narre
a fragrância mata os pensamentos 
a face com o leve roçar apagada
ó cor do desejo
ó cor das pálpebras que choram
a doçura esférica grávida
o vermelho rasgado até as entranhas

3

a rosa inclina a cabeça
como se ombros tivesse

se apoia no vento
mas o vento se vai sozinho

não conseguirá pronunciar uma palavra
não conseguirá pronunciar uma palavra

quanto mais morre a rosa
mais difícil é falar sobre a rosa

**

O róży 
-- Tadeuszowi Chrzanowskiemu --

1

Słodycz ma imię kwiatu -

Drżą kuliste ogrody
zatrzymane nad ziemią
westchnienie odwraca głowę
twarz wiatru przy sztachecie
ścielą się nisko trawy
oczekiwania pora
przyjście zgasi zapachy
przyjście otworzy kolory

drzewa budują kopułę
zielonego spokoju
róża cię woła i tęskni
za tobą zerwany motyl
pęka nitka za nitką
mija chwila za chwilą
pąku zielona larwo
rozchyl

słodycz ma imię: róża

wybuch -
z wnętrza wychodzą
chorążowie purpury
szeregi nieprzeliczone
trębacze zapachów

na długich motylich trąbach
obwołują spełnienie

2

koronacje zawiłe
wirydarze modlitwy
obrzędy pełne złota
płonące kandelabry
potrójne wieże milczenia
promienie załamane na szczytach
dno -

o źródło nieba na ziemi
o konstelacje płatków
*
nie pytaj czym jest róża Ptak ją może
[opowie
zapach zabija myśli twarz lekkim
[muśnięciem starta
kolorze pożądania
kolorze płaczących powiek
brzemienna kulista słodycz
czerwień do wnętrza rozdarta

3

róża pochyla głowę
jakby miała ramiona

opiera się na wietrze
a wiatr odchodzi sam

nie zdoła wyrzec słowa
nie zdoła wyrzec słowa

im bardziej róża umiera
tym trudniej mówić o róży
- Zbigniew Herbert. [tradução Piotr Kilanoski]. In: KILANOWSKI, Piotr. Poemas de Zbigniew Herbert / tradução Piotr Kilanoski. Qorpus, vol. 19, Florianópolis, 2015.

§§

O poder do gosto
- À senhora professora Izydora Dqbska -

Isto de modo algum exigia um grande caráter
a nossa recusa o nosso desacordo e obstinação
tivemos um pouco da coragem indispensável
mas no fundo foi apenas uma questão de gosto
.......................................................................Sim de gosto
no qual se encontram as fibras da alma e as cartilagens da consciência

Quem sabe se a tentação fosse melhor e mais bela
se nos tivessem mandado róseas mulheres finas como hóstia
ou as criaturas fantásticas dos quadros de Jeronimus Bosch
mas o inferno nesse tempo era tal
o fosso úmido o beco dos assassinos a barraca
chamada palácio da justiça
um Mefisto cachaceiro com uma jaqueta à Lênin
mandava para o interior os netos da Aurora
rapazes com cara de batata
moças muito feias de mãos roxas

Na verdade a retórica deles era bem reles
(Marco Túlio ter-se-ia virado no túmulo)
as cadeias da tautologia alguns conceitos como malhos
dialética de carrascos sem qualquer distinção no raciocínio
sintaxe privada da beleza do subjuntivo

Assim a estética pode ser útil na vida
Não se deve menosprezar a ciência do belo

Antes de aderirmos é preciso pesquisar bem
a forma da arquitetura o ritmo dos tambores e das flautas
as cores oficiais o vil ritual dos sepultamentos

Os nossos olhos e ouvidos recusaram-se a obedecer
Os príncipes dos nossos sentidos preferiram o exílio altivo

Isto não exigia um grande caráter
Tivemos um pouco da coragem indispensável
Mas no fundo foi apenas uma questão de gosto
........................................................................Sim de gosto
o qual manda sair fazer careta dizer um escárnio entre dentes
mesmo se por isso tenha de cair o inestimável capitei do corpo
............................................................................ a cabeça

**

Potęga smaku
-- Pani Profesor Izydorze Dąmbskiej --

To wcale nie wymagało wielkiego charakteru
nasza odmowa niezgoda i upór
mieliśmy odrobinę koniecznej odwagi
lecz w gruncie rzeczy była to sprawa smaku
........................................................................Tak smaku
w którym są włókna duszy i chrząstki sumienia

Kto wie gdyby nas lepiej i piękniej kuszono
słano kobiety różowe płaskie jak opłatek
lub fantastyczne twory z obrazów Hieronima Boscha
lecz piekło w tym czasie było jakie
mokry dół zaułek morderców barak
nazwany pałacem sprawiedliwości
samogonny Mefisto w leninowskiej kurtce
posyłał w teren wnuczęta Aurory
chłopców o twarzach ziemniaczanych
bardzo brzydkie dziewczyny o czerwonych rękach

Zaiste ich retoryka była aż nazbyt parciana
(Marek Tulliusz obracał się w grobie)
łańcuchy tautologii parę pojęć jak cepy
dialektyka oprawców żadnej dystynkcji w rozumowaniu
składnia pozbawiona urody koniunktiwu

Tak więc estetyka może być pomocna w życiu
nie należy zaniedbywać nauki o pięknie

Zanim zgłosimy akces trzeba pilnie badać
kształt architektury rytm bębnów i piszczałek
kolory oficjalne nikczemny rytuał pogrzebów

Nasze oczy i uszy odmówiły posłuchu
książęta naszych zmysłów wybrały dumne wygnanie

To wcale nie wymagało wielkiego charakteru
mieliśmy odrobinę niezbędnej odwagi
lecz w gruncie rzeczy była to sprawa smaku
...................................................................Tak smaku
który każe wyjść skrzywić się wycedzić szyderstwo
choćby za to miał spaść bezcenny kapitel ciała
......................................................... głowa
- Zbigniew Herbert. [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses {Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz}..  [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.

§§

Apoio e Mársias
O verdadeiro duelo de Apoio
com Mársias
(ouvido absoluto
contra escala desmedida)
teve lugar ao crepúsculo
quando segundo sabemos
os juizes
deram ao deus a vitória

atado com força a uma árvore
minuciosamente esfolado
iVlársias
grita
antes que o grito
alcance
as suas grandes orelhas
ele descansa na sombra deste grito

agitado pelo tremor do nojo
Apoio limpa o instrumento

aparentemente apenas
a voz de Mársias
é monótona
e composta de uma só vogai
A

na verdade
Mársias
expõe
a inesgotável riqueza
do seu corpo

os montes calvos do fígado
os brancos desfiladeiros da comida
as florestas ruidosas dos pulmões
os doces outeiros dos músculos
juntos bílis sangue e tremores
o vento hibernai dos ossos
sobre o sal da memória

agitado pelo tremor do nojo
Apoio limpa o instrumento

agora ao coro
une-se a espinha de Mársias
no princípio o mesmo A
apenas mais profundo com adição de ferrugem

isso já ultrapassa a resistência
do deus com nervos de plástico

pela trilha escarpada
murada com troncos
se vai o campeão
cismando
se do grito de Mársias
não surgiria com o tempo
um novo ramo
da arte — digamos — concreta

súbito
cai aos seus pés
um rouxinol petrificado

ele olha para trás
e vê
a árvore em que Mársias foi preso
está gris

completamente

**

Apollo i Marsjasz
właściwy pojedynek Apollona
z Marsjaszem
(słuch absolutny
kontra ogromna skala)
odbywa się pod wieczór
gdy jak już wiemy
sędziowie
przyznali zwycięstwo bogu

mocno przywiązany do drzewa
dokładnie odarty ze skóry
Marsjasz
krzyczy
zanim krzyk dojdzie
do jego wysokich uszu
wypoczywa w cieniu tego krzyku

wstrząsany dreszczem obrzydzenia
Apollo czyści swój instrument

tylko z pozoru
głos Marsjasza
jest monotonny
i składa się z jednej samogłoski
A

w istocie
opowiada
Marsjasz
nieprzebrane bogactwo
swego ciała

łyse góry wątroby
pokarmów białe wąwozy
szumiące lasy płuc
słodkie pagórki mięśni
stawy żółć krew i dreszcze
zimowy wiatr kości
nad solą pamięci

wstrząsany dreszczem obrzydzenia
Apollo czyści swój instrument

teraz do chóru
przyłącza się stos pacierzowy Marsjasza
w zasadzie to samo A
tylko głębsze z dodatkiem rdzy

to już jest ponad wytrzymałość
boga o nerwach z tworzyw sztucznych

żwirową aleją
wysadzaną bukszpanem
odchodzi zwycięzca
zastanawiając się
czy z wycia Marsjasza
nie powstanie z czasem

nowa gałąź
sztuki – powiedzmy – konkretnej

nagle
pod nogi upada mu
skamieniały słowik

odwraca głowę
i widzi
że drzewo do którego przywiązany był Marsjasz
jest siwe

zupełnie
- Zbigniew Herbert. [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses {Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz}..  [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.

§§

A pedra
a pedra é criatura
perfeita

igual a si mesma
vigia das suas fronteiras

exatamente repleta
do seu senso de pedra

com aroma que nada recorda
não assusta nada nem desperta o desejo

sua ardência e frieza
são justas e dignas

me acabrunha o remorso
quando a tomo nas mãos
e um falso calor
atravessa o seu corpo sublime

– não se domam as Pedras
até o fim elas nos fitam
com um olho sereno e muito claro


**

Kamyk
Kamyk jest stworzeniem
doskonałym

równy samemu sobie
pilnujący swych granic

wypełniony dokładnie
kamiennym sensem

o zapachu który niczego nie przypomina
niczego nie płoszy nie budzi pożądania

jego zapał i chód
są słuszne i pełne godności

czuję ciężki wyrzut
kiedy go trzymam w dłoni
i ciało jego szlachetne
przenika fałszywe ciepło

– Kamyki nie dają się oswoić
do końca będą na nas patrzeć
okiem spokojnym bardzo jasnym
- Zbigniew Herbert. [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses {Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz}..  [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.

§§

A margem
Aguarda na margem de um rio imenso e moroso
na outra margem Caronte o céu brilha turvo
(não é aliás céu nenhum) Caronte
já está aqui apenas lançou a corda sobre um galho
ela (a alma) retira o óbolo
que por pouco tempo azedou sob a língua
senta na popa da barca vazia
tudo isso sem uma palavra

se ao menos a lua

ou o uivo de um cão

1969

**

Brzeg
Czeka nad brzegiem wielkiej i powolnej rzeki
na drugim Charon niebo świeci mętnie
(nie jest to zresztą wcale niebo) Charon
jest już zarzucił tylko sznur na gałąź
ona (ta dusza) wyjmuje obola
który niedługo kwaśniał pod językiem
siada na tyle pustej łodzi
wszystko to bez słowa

żeby choć księżyc

albo wycie psa

1969
- Zbigniew Herbert. [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses {Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz}..  [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.

§§

A mensagem do Sr. Cogito
Vai aonde os outros até o fim obscuro
atrás do tosão de ouro do nada tua última recompensa

caminha ereto entre os que ficam de joelhos
entre os que viraram as costas e foram reduzidos a pós

sobreviveste não para viver apenas
tens pouco tempo tens de dar testemunho

sê corajoso quando falhe a razão sê corajoso
no final das contas só isto importa

deixa tua ira impotente seja como o mar
sempre que ouças a voz dos oprimidos e espancados

que nunca te abandone o teu irmão Desprezo
para com os delatores os carrascos os covardes – eles vencerão
e virão ao teu funeral e com alívio jogarão um torrão de terra
e um verme escreverá a tua ordenada biografia

e não perdoes verdadeiramente não está em teu poder
perdoar em nome daqueles que foram traídos na alvorada

mas acautela-te do orgulho sem mister
olha no espelho o teu rosto cômico
e repete: eu fui o chamado – não haverá alguém melhor

previne-te contra a aridez do coração ama a fonte matinal
o pássaro ignoto o carvalho de inverno
a lu no muro o esplendor do céu –
eles não precisam do teu hálito quente
eles estão aqui para dizer: ninguém vai te consolar

vela – e quando a luz nos montes der o sinal – ergue-te e caminha
té que o sangue faça rodar no teu peito a estrela obscura

repete os velhos sortilégios do homem as fábulas e as lendas
porque assim conquistarás o bem que não conquistarás
repete as grandes palavras repete-as obstinadamente
como aqueles que transitavam o deserto e pereciam na areia

e serás recompensado por aquilo que eles têm à mão
o açoite do riso o assassinato no monte de lixo

vai porque só assim serás recebido na comunhão dos crânios frios
a comunidade dos teus antepassados: Gilgamesh Heitor Rolando
os defensores do reino sem fim e da cidade das cinzas

Sê fiel Vai


**

Przesłanie Pana Cogito
Idź dokąd poszli tamci do ciemnego kresu
po złote runo nicości twoją ostatnią nagrodę 

idź wyprostowany wśród tych co na kolanach 
wśród odwróconych plecami i obalonych w proch 

ocalałeś nie po to aby żyć 
masz mało czasu trzeba dać świadectwo 

bądź odważny gdy rozum zawodzi bądź odważny 
w ostatecznym rachunku jedynie to się liczy 

a Gniew twój bezsilny niech będzie jak morze 
ilekroć usłyszysz głos poniżonych i bitych 

niech nie opuszcza ciebie twoja siostra Pogarda 
dla szpiclów katów tchórzy – oni wygrają 
pójdą na twój pogrzeb i z ulgą rzucą grudę 
a kornik napisze twój uładzony życiorys 

i nie przebaczaj zaiste nie w twojej mocy 
przebaczać w imieniu tych których zdradzono o świcie 

strzeź się jednak dumy niepotrzebnej 
oglądaj w lustrze swą błazeńską twarz 
powtarzaj: zostałem powołany – czyż nie było lepszych 

strzeż się oschłości serca kochaj źródło zaranne 
ptaka o nieznanym imieniu dąb zimowy 
światło na murze splendor nieba 
one nie potrzebują twego ciepłego oddechu 
są po to aby mówić: nikt cię nie pocieszy 

czuwaj – kiedy światło na górach daje znak – wstań i idź 
dopóki krew obraca w piersi twoją ciemną gwiazdę 

powtarzaj stare zaklęcia ludzkości bajki i legendy 
bo tak zdobędziesz dobro którego nie zdobędziesz 
powtarzaj wielkie słowa powtarzaj je z uporem 
jak ci co szli przez pustynię i ginęli w piasku 

a nagrodzą cię za to tym co mają pod ręką 
chłostą śmiechu zabójstwem na śmietniku 

idź bo tylko tak będziesz przyjęty do grona zimnych czaszek 
do grona twoich przodków: Gilgamesza Hektora Rolanda 
obrońców królestwa bez kresu i miasta popiołów 

Bądź wierny Idź
- Zbigniew Herbert. [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses {Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz}..  [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.

§§

O senhor Cogito medita sobre o sofrimento
Todas as tentativas de afastar 
o assim chamado cálice de amargura -
pela reflexão
pela frenética ação em favor dos gatos de rua
a respiração profunda
a religião -
fracassaram

é preciso aceitar
baixar manso a cabeça
não torcer as mãos
usar o sofrimento com medida e ternura
como uma prótese
sem falsa vergonha
mas também sem orgulho inútil

nada de brandir os restos da amputação
sobre a cabeça dos outros
nada de bater com uma bengala branca
sobre a janela dos saciados

beber o extrato de ervas amargas
mas não até o fim
guardar por precaução
algumas gotas para o porvir

acolhê-lo
mas ao mesmo tempo
diferenciá-lo em si
e se isso for possível
criar da matéria do sofrimento
uma coisa ou uma pessoa

jogar
com ele
sim
jogar

brincar com ele
com muito cuidado
como se brinca com uma criança doente
para arrancar-lhe por fim
com truques bobos
a sombra
de um sorriso

**

Pan Cogito rozmyśla o cierpieniu
Wszystkie próby oddalenia
tak zwanego kielicha goryczy –
przez refleksję
opętańczą akcję na rzecz bezdomnych kotów
głęboki oddech
religię –
zawiodły

należy zgodzić się
pochylić łagodnie głowę
nie załamywać rąk
posługiwać się cierpieniem w miarę łagodnie
jak protezą
bez fałszywego wstydu
ale także bez pychy

nie wywijać kikutem
nad głowami innych
nie stukać białą laską
w okna sytych

pić wyciąg gorzkich ziół
ale nie do dna
zostawić przezornie
parę łyków na przyszłość

przyjąć
ale równocześnie
wyodrębnić w sobie
i jeśli to jest możliwe
stworzyć z materii cierpienia
rzecz albo osobę

grać
z nim
oczywiście
grać

bawić się z nim
bardzo ostrożnie
jak z chorym dzieckiem
wymuszając w końcu
głupimi sztuczkami
nikły
uśmiech
- Zbigniew Herbert. [tradução Carlito Azevedo e Olga Kempinska]. In: Folha de S. Paulo, caderno Ilustríssima, domingo, 15 de maio de 2011.

§§

O senhor Cogito narra a tentação de Espinosa
Baruch Espinosa de Amsterdã
quis alcançar Deus

polindo lentes
no sótão
varou de súbito a cortina
e achou-se face a face

falou muito
(e enquanto falava
se expandiam seu espírito
e sua alma)
fez perguntas
acerca da natureza do homem
– Deus afagou distraído a barba
perguntou sobre a causa primeira
– Deus olhou para o infinito
perguntou sobre a causa última
– Deus estalou os dedos
pigarreou
quando Espinosa calou
disse Deus
– falas bonito Baruch
gosto do teu latim geométrico
e da sintaxe clara
da simetria dos argumentos

falemos porém
de Coisas Deveras
Grandes 

– olha tuas mãos
machucadas e trêmulas

– destróis a vista
no escuro

– te alimentas mal
andas maltrapilho

– compra uma casa nova
perdoa os espelhos venezianos
por reproduzirem a superfície

– perdoa as flores nos cabelos
a canção bêbada

– cuida dos lucros
como teu colega Cartésio

– sê astuto
como Erasmo

– dedica um tratado
a Luís XIV
jamais o lerá afinal

– aplaca 
a fúria da razão
ela derrubará tronos
e toldará estrelas

– pensa
na mulher
que te dará um filho

– vês Baruch
falamos de Coisas Grandes

– quero ser amado
pelos ignorantes e violentos
são os únicos
que anseiam deveras por mim

agora a cortina cai
Espinosa fica sozinho

não vê uma nuvem dourada
luz nas alturas

vê a escuridão

ouve o ranger dos degraus
passos seguindo para baixo

**

Pan Cogito opowiada o kuszeniu Spinozy 
Baruch Spinoza z Amsterdamu
zapragnął dosięgnąć Boga

szlifując na strychu
soczewki
przebił nagle zasłonę
i stanął twarzą w twarz

mówił długo
(a gdy tak mówił
rozszerzał się umysł jego
i dusza jego)
zadawał pytania
na temat natury człowieka

– Bóg gładził roztargniony brodę

pytał o pierwszą przyczynę

– Bóg patrzył w nieskończoność

pytał o przyczynę ostateczną

– Bóg łamał palce
chrząkał

kiedy Spinoza zamilkł
rzecze Bóg

– mówisz ładnie Baruch
lubię twoją geometryczną łacinę
a także jasną składnię
symetrię wywodów

pomówmy jednak
o Rzeczach Naprawdę
Wielkich

– popatrz na twoje ręce
pokaleczone i drżące

– niszczysz oczy
w ciemnościach

– odżywiasz się źle
odziewasz nędznie

– kup nowy dom
wybacz weneckim lustrom
że powtarzają powierzchnię

– wybacz kwiatom we włosach
pijackiej piosence

– dbaj o dochody
jak twój kolega Kartezjusz

– bądź przebiegły
jak Erazm

– poświęć traktat
Ludwikowi XIV
i tak go nie przeczyta

– uciszaj 
racjonalną furię
upadną od niej trony
i sczernieją gwiazdy

– pomyśl 
o kobiecie
która da ci dziecko

– widzisz Baruch
mówimy o Rzeczach Wielkich

– chcę być kochany
przez nieuczonych i gwałtownych
są to jedyni
którzy naprawdę mnie łakną

teraz zasłona opada
Spinoza zostaje sam

nie widzi złotego obłoku
światła na wysokościach

widzi ciemność

słyszy skrzypienie schodów
kroki schodzące w dół
- Zbigniew Herbert. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: SOUZA, Marcelo Paiva de.. Contra a música? Um poema de Zbigniew Herbert. Contexto, Vitória/ES, v. XII, n.11, 2004.

§§

Aventuras do senhor Cogito com a música
1

há muito
a rigor desde o raiar da vida
o senhor Cogito sucumbiu
aos encantos pérfidos da música

pelas florestas da infância
o levava a voz canora da mãe

amas-secas ucranianas
entoavam-lhe no berço
canções de ninar caudalosas como o Dniepr

envelhecia
como que instigado pelos sons
em acordes
dissonâncias
num vertiginoso crescendo

recebeu uma formação
musical básica
a bem da verdade incompleta
Escola de Piano
(primeiro caderno)

lembra a fome do estudante
mais incômoda que a fome do alimento
quando esperava antes do concerto
pela graça de um ingresso grátis

difícil dizer quando
começaram a importuná-lo
dúvidas
escrúpulos
peso na consciência

ouvia música raramente
não como antes com avidez
com crescente pejo

secou a fonte da alegria

os mestres
do moteto
da sonata
da fuga
"ao eram os culpados
mudaram
as órbitas das coisas
os centros de gravidade
e junto com eles
o eixo interno
do senhor Cogito

não podia
entrar no rio
do enlevo de outrora

2

o senhor Cogito
pôs-se a juntar
argumentos contra a música

como se intentasse escrever
um tratado sobre o desiludido sentimento

abafar a harmonia
com furiosa retórica

atirar o próprio peso
nos braços frágeis dos violinos

na face luminosa
o capuz do anátema

mas sejamos imparciais
ela
também é culpada

seus primórdios pouco louváveis
sons em intervalos
fustigavam ao trabalho
arrancavam suor

os etruscos vergastavam os escravos
sob o acompanhamento de pífaros e flautas

portanto
moralmente insensível
como os lados do triângulo
as espirais de Arquimedes
a anatomia da abelha

recusa as três dimensões
flerta com o infinito
deita no abismo do tempo
fugidios ornamentos

sua força oculta e manifesta
provoca inquietude nos filósofos

o divino Platão advertia -
as mudanças de estilo da música
motivam a revolta social
a derrubada das leis

o suave Leibniz ensinava
no entanto que ordena
e é oculto
exercício
aritmético
da alma

mas o que é
o que é na verdade

metrônomo do universo
exaltação do ar
medicina celeste
zunido vaporoso da emoção

3

o senhor Cogito
suspende sem respostas
as considerações sobre a essência da música

só não lhe dá sossego
o poder tirânico dessa arte

o ímpeto com que invade
nosso íntimo

entristece sem causa
alegra sem motivo

enche do sangue dos heróis
os corações de lebre dos recrutas

absolve muito fácil
purifica de graça

– e quem lhe deu o direito
de puxar assim pelos cabelos
de tirar lágrimas dos olhos
de animar ao ataque
o senhor Cogito
condenado a unia língua de pedra
sílabas ásperas
adora às escondidas
a volátil leviandade

o carnaval as ilhas e bosques
além do bem e do mal

o verdadeiro motivo da separação
é a incompatibilidade de gênios

outra simetria do corpo
outros giros de consciência

o senhor Cogito
sempre se defendeu
da fumaça do tempo

apreciou objetos concretos
calados a um canto no espaço

amou as coisas duráveis
quase imortais

sonhos sobre a língua dos querubins
relegou ao jardim dos sonhos

escolheu
o que se sujeita
às medidas e juízos terrenos

para que chegada a hora
possa aceitar sem um murmúrio

a prova da mentira e da verdade
a prova do fogo e da água

**

Pana Cogito przygody z muzyką 
1

dawno temu
właściwie od zarania życia
Pan Cogito uległ 
zwodniczym urokom muzyki

przez bory niemowlęctwa
niósł go śpiewny głos matki

ukraińskie niańki
nuciły mu do snu
rozlewną jak Dniepr kołysankę

rósł
jakby przynaglany dźwiękami
w akordach
dysonansach
zawrotnym crescendo

otrzymał podstawowe
wykształcenie muzyczne
co prawda niepełne
Szkoła Gry na Fortepianie
(zeszyt pierwszy)

pamięta głody studenckie
dotkliwsze niż głód jadła
gdy czekał przed koncertem
na łaskę darmowego biletu

trudno powiedzieć kiedy
zaczęły go nękać
wątpliwości
skrupuły
wyrzuty sumienia

słuchał muzyki rzadko
nie tak jak dawniej zachłannie
z rosnącym zawstydzeniem

wyschło źródło radości

mistrzowie
motetu
sonaty
fugi
nie byli temu winni

zmieniły się
obroty rzeczy
pola grawitacji
a wraz z nimi
wewnętrzna oś
Pana Cogito

nie mógł
wejść do rzeki
dawnego upojenia

2

Pan Cogito
zaczął gromadzić
argumenty przeciw muzyce

jakby miał zamiar napisać
traktat o zawiedzionym uczuciu

zagłuszyć harmonię
gniewną retoryką

zrzucić ciężar własny
na wątłe ramiona skrzypiec

na jasną twarz
kaptur anatemy

ale zważmy bezstronnie
ona
nie jest bez winy

jej mało chwalebne początki –
dźwięki w interwałach
poganiały do pracy
wyciskały pot

Etruskowie chłostali niewolników
przy wtórze piszczałek i fletów

a zatem
moralnie obojętna
jak boki trójkąta
spirale Archimedesa
anatomia pszczoły

porzuca trzy wymiary
flirtuje z nieskończonością
kładzie na otchłań czasu
znikliwe ornamenty

jej siła ukryta i jawna
budziła niepokój filozofów

boski Platon ostrzegał –
zmiany stylu muzyki
powodują przewrót społeczny
obalenie praw

łagodny Leibniz pocieszał
że jednak porządkuje
i jest ukrytym
arytmetycznym
ćwiczeniem
duszy

ale czym jest
czym jest naprawdę

metronomem wszechświata
egzaltacją powietrza
medycyną niebieską
parowym gwizdkiem emocji

3

Pan Cogito
zawiesza bez odpowiedzi
rozważania nad istotą muzyki

nie daje mu tylko spokoju
tyrańska władza tej sztuki

impet z jakim się wdziera
do naszego wnętrza

zasmuca bez powodu
raduje bez przyczyny

napełnia krwią bohaterów
zajęcze serca rekrutów

rozgrzesza nazbyt łatwo
za darmo oczyszcza

– a któż to dał jej prawo
tak szarpać za włosy
wyciskać łzy z oczu
podrywać do ataku

Pan Cogito
skazany na kamienną mowę
chrapliwe sylaby
adoruje skrycie
ulotną lekkomyślność

karnawał wyspy i gaje
poza dobrem i złem

prawdziwym powodem rozstania
jest niezgodność charakterów

inna symetria ciała
inne obroty sumienia

Pan Cogito
bronił się zawsze
przed dymami czasu

cenił konkretne przedmioty
cicho stojące w przestrzeni

uwielbiał rzeczy trwałe
prawie nieśmiertelne

marzenia o mowie cherubów
zostawiał w ogrójcu marzeń

wybrał
to co podlega
ziemskim miarom i sądom

by gdy nadejdzie godzina
mógł przystać bez szemrania

na próbę kłamstwa i prawdy
na próbę ognia i wody
- Zbigniew Herbert. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: SOUZA, Marcelo Paiva de.. Contra a música? Um poema de Zbigniew Herbert. Contexto, Vitória/ES, v. XII, n.11, 2004.

§§

— Sobre tradução de poesia —
Como um abelhão desajeitado
pousa numa flor
vergando o frágil caule
abre caminho com os cotovelos
através duma fileira de pétalas
através das folhas de um dicionário
quer chegar
onde se concentram a fragrância e a doçura
e embora esteja constipado
e sem gosto
continua a tentar
até que a cabeça choca
contra o pistilo amarelo

e não consegue ir mais longe
é tão duro
forçar a coroa
até chegar à raiz
por isso levanta voo
emerge pavoneando-se
zumbindo
eu estive lá
e aqueles
que não acreditam nisso
olhem para o seu nariz
amarelo de pólen

**

O tłumaczeniu wierszy
Jak trzmiel niezgrabny
siadł na kwiecie
aż zgięła się łodyga wiotka
przeciska się przez rzędy płatków
podobnych słownikowym kartkom
do środka dąży
gdzie aromat i słodycz jest
i choć ma katar
i brak mu smaku
jednak dąży
aż bije głową
w żółty słupek
 
i tu już koniec
trudno wniknąć
przez kielich kwiatów
do korzeni
więc trzmiel wychodzi
bardzo dumny
i głośno brzęczy:
byłem w środku
 
tym zaś
co mu nie całkiem wierzą
nos pokazuje
z żółtym pyłem 
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

Escolhido pelas estrelas
Ele não é um anjo
é um poeta

não tem asas
tem apenas a mão
direita coberta de penas
agita o ar com ela
levita durante três segundos
e cai de seguida

quando está quase pousado
ganha de novo impulso com as pernas
paira por um instante
agitando a mão coberta de penas

oh se só ele pudesse vencer a atração da terra
poderia viver num ninho de estrelas
poderia saltar de raio em raio
poderia –

mas as estrelas
à simples ideia
de serem a sua terra
quase morrem de medo

o poeta cobre os olhos
com a mão coberta de penas
não sonha mais com voar
sonha com uma queda
aquela que como um relâmpago desenha
o perfil do infinito


**

Wybrańcy gwiazd
To nie anioł
to jest poeta

nie ma skrzydeł
ma tylko upierzoną
prawą dłoń
bije tą dłonią w powietrze
ulatuje na trzy cale
i zaraz znów opada

kiedy jest całkiem nisko
odbija się nogami
na chwilę zawisa w górze
wymachując upierzoną dłonią

ach gdyby oderwać się od przyciągania gliny
mógłby zamieszkać w gnieździe gwiazd
mógłby skakać z promienia na promień
mógłby –

ale gwiazdy
na samą myśl
że byłyby jego ziemią
przerażone spadają

poeta przesłania oczy
upierzoną dłonią
nie marzy już o locie
ale o upadku
co kreśli jak błyskawica
profil nieskończoności
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

Gostaria de descrever
Gostaria de descrever a emoção mais simples
alegria ou tristeza
mas não como os outros fazem
procurando chegar a dardos de chuva ou sol

gostaria de descrever a luz
que está a nascer em mim
mas sei que não se parece
com nenhuma estrela
porque não é tão brilhante
nem tão pura
e é inconstante

gostaria de descrever a coragem
sem arrastar atrás de mim um leão poeirento
e também a ansiedade
sem agitar um copo cheio de água

dizendo de outra maneira
daria todas as metáforas
em troca de uma palavra
arrancada do meu peito como uma costela
por uma palavra
contida dentro dos limites
da minha pele

mas aparentemente isso não é possível

e só para dizer - eu amo
corro em círculos como um louco
apanhando mãos cheias de pássaros
e a minha ternura 
que afinal de contas não é feita de água
pergunta à água por um rosto

e a ira diferente do fogo
pede-lhe emprestada
uma língua loquaz

tudo tão emaranhado
tudo tão emaranhado
em mim
que o senhor de cabelo branco
desfez o emaranhado 
de uma vez por todas
e disse este é o sujeito
e este é o complemento

adormecemos
com uma mão debaixo da cabeça
e com a outra num aterro de planetas

os nossos pés abandonam-nos 
e tocam a terra
com as suas raízes minúsculas
que de manhã
arrancamos dolorosamente

**

Chciałbym opisać
Chciałbym opisać najprostsze wzruszenie
radość lub smutek
ale nie tak jak robią to inni
sięgając po promienie deszczu albo słońca

chciałbym opisać światło
które we mnie się rodzi
ale wiem że nie jest ono podobne
do żadnej gwiazdy
bo jest nie tak jasne
nie tak czyste
i niepewne

chciałbym opisać męstwo
nie ciągnąc za sobą zakurzonego lwa
a także niepokój
nie potrząsając szklanką pełną wody

inaczej mówiąc
oddam wszystkie przenośnie
za jeden wyraz
wyłuskany z piersi jak żebro
za jedno słowo
które mieści się
w granicach mojej skóry

ale nie jest to widać możliwe

i aby powiedzieć - kocham
biegam jak szalony
zrywając naręcza ptaków
i tkliwość moja
która nie jest przecież w wody
prosi wodę o twarz

i gniew różny od ognia
pożycza od niego
wielomównego języka

tak się miesza
tak się miesza
we mnie
to co siwi panowie
podzielili raz na zawsze
i powiedzieli
to jest podmiot
a to przedmiot

zasypiamy
z jedną ręką pod głową
a z drugą w kopcu planet

a stopy opuszczają nas
i smakują ziemię
małymi korzonkami
które rano
odrywamy boleśnie
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

Fábula
O poeta imita a voz dos pássaros
estende o longo pescoço
a maça de Adão saliente
é como um dedo sem graça numa asa de melodia

quando canta acredita profundamente
que adia o crepúsculo
o calor do seu canto depende disso
assim como a pureza das suas notas mais agudas

o poeta imita o sono das pedras
a cabeça encolhida entre os ombros
é como uma peça de escultura
respira rara e dolorosamente

quando acordado acredita que sozinho
conseguirá penetrar o mistério da existência
e levar sem a ajuda de teólogos
a eternidade à sua boca ávida

que seria do mundo
se não estivesse cheio com
a incessante agitação do poeta
entre os pássaros e as pedras

**

Przypowieść
Poeta naśladuje głosy ptaków
wyciąga długą szyję
a wystająca grdyka
jest jak palec niezgrabny na skrzydle melodii

śpiewając wierzy głęboko
że przyspiesza wschód słońca
od tego zależy ciepło śpiewu
i czystość wysokich tonów

poeta naśladuje sen kamieni
z głową w ramionach
jest jak kawałek rzeźby
oddychającej rzadko i boleśnie

śpiąc wierzy że on jeden
zgłębi tajemnicę istnienia
i że bez pomocy teologów
chwyci w spragnione usta wieczność

czym byłby świat
gdyby nie napełniała go
nieustanna krzątanina poety
wśród ptaków i kamieni
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

O Divino Claudio
Dizem que fui
gerado pela Natureza
mas que esta deixou o trabalho por acabar
como uma escultura abandonada
um esboço
o fragmento danificado de um poema

durante anos fingi que era um idiota
os idiotas vivem mais seguros
calmamente pus de lado os insultos
se plantasse todos os buracos
cavados na minha face
um olival teria nascido
um vasto oásis de palmeiras

recebi uma educação complexa
Tito Lívio os retóricos e os filósofos
falava grego como um ateniense
embora só me pareça com Platão
quando estou deitado

completei os meus estudos
nas tavernas da doca e nos bordéis
esses dicionários não escritos de latim vulgar
e vós insondáveis tesouros de crime e luxúria

depois do assassínio de Calígula
escondi-me por detrás de uma cortina
arrastaram-me de lá à força
não consegui adoptar uma expressão inteligente
quando arremessaram aos meus pés o mundo
ridículo e plano

a partir de então tornei-me o mais diligente
imperador da história universal
um Hércules de burocracia
recordo com orgulho 
a minha lei liberal
permitindo que se soltassem gases
do traseiro durante as festas

nego a acusação de crueldade muitas vezes feita contra mim
na realidade estava apenas distraído

no dia do assassínio violento de Messalina —
coitada admito que foi morta às minhas ordens —
perguntei durante o banquete — porque é que Messalina não veio
respondeu-me um silêncio de morte
na verdade tinha-me esquecido

às vezes acontecia-me convidar
o morto para um jogo de dados
punia a falta de comparência com uma multa
sobrecarregado de trabalho
devo ter errado em alguns pequenos detalhes

é o que parece
ordenei que trinta e cinco senadores
e os cavaleiros de cerca de três centuriões
fossem executados
bem e daí

um pouco menos de púrpura
menos anéis de ouro
por outro lado — e isto não é um gracejo —
mais espaço no teatro

ninguém queria compreender
que o objectivo destas medidas era sublime
sempre desejei fazer com que a morte fosse familiar às pessoas
embotar o seu gume
reduzi-la à dimensão banal do dia a dia
de uma leve depressão ou de uma constipação

eis aqui a prova
da delicadeza dos meus sentimentos
retirei a estátua do gentil Augusto
da praça das execuções
para que o mármore sensível
não ouvisse os berros dos condenados

as minhas noites eram dedicadas ao estudo
escrevi a história dos Etruscos
a história de Cartago
uma composição ligeira sobre Saturno
uma introdução à história do jogo
e um tratado sobre o veneno das serpentes

fui eu quem salvou Ostia
da invasão da areia
drenei pântanos
construí aquedutos
desde então tornou-se mais fácil em Roma
lavar o sangue

expandi as fronteiras do império
até à Britânia e à Mauritânia
e se não me engano a Trácia

a minha morte deve-se à minha mulher Agripina
e a uma paixão incontrolável por boletos os cogumelos —
a essência da floresta — tornaram-se a essência da morte

posteridade — recorda com honra e gratidão
pelo menos um mérito do divino Cláudio
acrescentei novos sinais e sons ao nosso alfabeto
expandi os limites da fala isto é os limites da liberdade

as letras que descobri — adoradas filhas — Digama e 
Antisigma
precedem a minha sombra
enquanto com passos titubeantes persigo a sombria terra de Orcus

**

Boski Klaudiusz  
Mówiono o mnie
poczęty przez Naturę
ale nie skończony
jak porzucona rzeźba
szkic
uszkodzony fragment poematu
 
latami grałem przygłupa
idioci żyją bezpieczniej
spokojnie znosiłem obelgi
gdybym zasadził wszystkie pestki
jakie rzucano mi w twarz
wyrósłby gaj oliwny
rozległa palmowa oaza
 
edukację odebrałem wszechstronni
Liwiusz retorzy filozofowie
po grecku mówiłem jak Ateńczyk
ale Platona
przypominałem tylko w pozycji leżącej
 
uzupełniłem studia
w lupanarach i knajpach portowych
o nie spisane słowniki wulgarnej łaciny
i wy przepastne skarbce występku i rozpusty
 
po zabójstwie Kaliguli
ukryłem się za kotarą
wyciągnięty przemoci
nie zniżyłem przybrać mądrego wyrazu twarzy
gdy rzucono mi świat pod nogi
niedorzeczny i płaski
 
odtąd stałem się najbardziej pracowitym
cesarzem historii powszechnej
Heraklesem biurokracji
z dumą wspominam
liberalni ustawę
która zezwala na wypuszczanie odgłosów brzucha
w czasie uczt
 
odpieram stawiany mi często zarzut okrucieństwa
w istocie byłem tylko roztargniony
 
w dniu gwałtownej śmierci Messaliny
na mój - przyznaję - rozkaz uśmiercono biedaczkę
spytałem w czasie biesiady - dlaczego Pani nie przyszła
odpowiedziało grobowe milczenie
naprawdę zapomniałem
 
zdarzało się że zapraszałem
zmarłych na partyjkę kości
absencję karałem grzywną
przeciążony tyloma pracami
mogłem się mylić w szczegółach
 
podobno
kazałem stracić
trzydziestu pięciu senatorów
i jakieś trzy centurie ekwitów
no cóż
 
trochę mniej purpury
mniej złotych pierścieni
za to - co nie jest błahe -
więcej miejsca w teatrze
 
nikt nie chciał zrozumieć
że cel tych operacji był wzniosły
pragnąłem ludzi oswoić ze śmiercią
stępić jej ostrze
sprowadzić do wymiarów banalnych i codziennych
takich jak lekka melancholia albo katar
 
a oto dowód mojej
delikatności uczuć
z placu kaźni
usunąłem posąg łagodnego Augusta
by czuły marmur
nie słuchał ryku skazańców
 
noce poświęcałem studiom
napisałem historię Etrusków
historię Kartaginy
drobiazg o Saturnie
przyczynek do teorii gier
traktat o jadach węży
 
to ja ocaliłem Ostię
przed inwazji piasku
osuszałem bagna
zbudowałem akwedukty
odtąd zmywanie krwi
stało się w Rzymie łatwiejsze
 
rozszerzyłem granice Imperium
o Brytanię Mauretanię
i zdaje się Trację
 
o śmierć przyprawiła mnie żona moja Agrypina
i niepohamowana namiętność do borowików
grzyby esencja lasu - stały się esencji śmierci
 
wspomnijcie - o potomni - z należni czcią i wdzięcznością
choćby jedni zasługę boskiego Klaudiusza
dodałem do alfabetu nowe znaki i dźwięki
rozszerzyłem granice mowy to znaczy granice wolności
 
odkryte przeze mnie litery - ukochane córki - Digamma i Antysigma
wiodły mój cień
gdy chwiejnym krokiem zmierzałem w mroczni krainę Orkus
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

Seixo
O seixo
é uma criatura perfeita

igual a si mesmo
ciente dos seus limites

cheio
de um significado de seixo

não cheira a nada
não ameaça ninguém não inspira desejo

o seu ardor e frieza
são justos e cheios de dignidade

sinto um pesado remorso
quando o seguro na mão
e o seu corpo nobre
absorve um falso calor

 - os seixos não podem ser domesticados
até ao fim hão-de olhar para nós
com um olhar muito calmo e claro

**

Kamyk
Kamyk jest stworzeniem
doskonałym

równy samemu sobie
pilnujący swych granic

wypełniony dokładnie
kamiennym sensem

o zapachu który niczego nie przypomina
niczego nie płoszy nie budzi pożądania

jego zapał i chód
są słuszne i pełne godności

czuję ciężki wyrzut
kiedy go trzymam w dłoni
i ciało jego szlachetne
przenika fałszywe ciepło

– Kamyki nie dają się oswoić
do końca będą na nas patrzeć
okiem spokojnym bardzo jasnym
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

***

As mãos dos meus antepassados
As mãos dos meus antepassados trabalham em mim sem descanso
mãos esguias fortes ossudas hábeis em conduzir um cavalo numa batalha
ou manejar um gládio um sabre uma espada

 - Oh quão sublime é a paz dum golpe mortal

Que me querem dizer as mãos dos meus antepassados
mãos cor de azeitona que eles estendem do além
não cederei provavelmente
então elas trabalham em mim como numa massa
de que se faz pão negro

E - isto ultrapassa a minha imaginação - 
colocam-me brutalmente numa sela
e os meus pés nos estribos

**

Ręce moich przodków
Bez ustanku pracują we mnie ręce moich przodków
wąskie silne kościste
ręce nawykłe do prowadzenia wierzchowca
władania mieczem szablą szpadą

O jaki wzniosły jest spokój śmiertelnego ciosu

Co chcą powiedzieć ręce moich przodków
oliwkowe ręce z zaświatów
pewnie bym się nie poddał
więc pracują we mnie jak w cieście
z którego ma być ciemny chleb

A co już przekracza moją wyobraźnię
wsadzają mnie szorstko na siodło
a stopy w strzemiona 
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

A velhice de prometeu
Escreve as suas memórias. 
Tenta definir o lugar dos heróis no sistema da necessidade, 
de conciliar as noções contraditórias da existência e do destino.

As chamas crepitam alegremente na lareira, a sua mulher agita--se na cozinha 
— exaltada, incapaz de lhe dar um herdeiro, 
mas que se consola com a ideia de que mesmo assim terá o seu lugar na história. 
Está ocupada a preparar uma ceia para o cura da esquina e o farmacêutico, 
actualmente o amigo mais íntimo de Prometeu.

As chamas crepitam na lareira. 
Na parede estão penduradas uma águia empalhada 
e uma carta de agradecimento assinada por um tirano caucasiano 
que graças à descoberta de Prometeu pôde reduzir a cinzas uma cidade revoltada.

Prometeu ri para si próprio. 
Não tem outro meio para exprimir 
o seu desacordo com o mundo.

**

Stary Prometeusz
pisze pamiętniki.
Próbuje w nich wyjaśnić
miejsce bohatera w systemie konieczności,
pogodzić sprzeczne ze sobą pojęcie
bytu i losu...
Ogień buzuje wesoło na kominku,
w kuchni krząta się żona- egzaltowana dziewczyna,
która nie mogła urodzić mu syna, ale pociesza się,
że i tak przejdzie do historii.
Przygotowanie do kolacji na którą ma przyjść
miejscowy proboszcz i aptekarz
najbliższy teraz przyjaciel
Prometeusza.
Ogień buzuje na kominku,
na ścianie wypchany orzeł i list dziękczynny tyrana Kaukazu,
któremu dzięki wynalazkowi Prometeusza
udało się spalić zbuntowane miasto.
Prometeusz śmieje się cicho.
Jest to teraz jednyny sposób
wyrażenia niezgody na świat.
- Zbigniew Herbert. [tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz]. In: Escolhido pelas estrelas: antologia poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.

§§

Por que os clássicos

no quarto livro da Guerra do Peloponeso
Tucídides nos conta entre outras coisas
a história de sua expedição fracassada

entre longos discursos de comandantes
pragas invasões batalhas
densas intrigas diplomáticas
o episódio é quase insignificante

a colônia grega Anfípolis
caiu nas mãos de Brásidas
porque Tucídides não chegou a tempo

por isso ele ofereceu à sua cidade natal
o autoexílio eterno

exilados de todos os tempos
conhecem esse preço

2
generais de guerras mais recentes
se algo parecido lhes acontece
imploram de joelhos diante da posteridade
exaltam a si próprios, juram inocência

acusam subordinados
colegas invejosos
ventos traiçoeiros

Tucídides diz apenas
que tinha sete navios
era inverno
e navegou depressa

3
se a arte, por seu objeto,
tiver um vaso quebrado
uma alma pequena despedaçada
com pena de si própria

o que restará depois de nós
será como o choro de amantes
num hotel vagabundo
quando as paredes amanhecem

**

Dlaczego klasycy
-- dla A. H.--

1

w księdze czwartej Wojny peloponeskiej
Tukidydes opowiada dzieje swej nieudanej wyprawy

pośród długich mów wodzów
bitew oblężeń zarazy
gęstej sieci intryg
dyplomatycznych zabiegów
epizod ten jest jak szpilka
w lesie

kolonia ateńska Amfipolis
wpadła w ręce Brazydasa
ponieważ Tukidydes spóźnił się z odsieczą

zapłacił za to rodzinnemu miastu
dozgonnym wygnaniem

egzulowie wszystkich czasów
wiedzą jaka to cena

2

generałowie ostatnich wojen
jeśli zdarzy się podobna afera
skomlą na kolanach przed potomnością
zachwalają swoje bohaterstwo
i niewinność

oskarżają podwładnych
zawistnych kolegów
nieprzyjazne wiatry

Tukidydes mówi tylko
że miał siedem okrętów
była zima
i płynął szybko

3

jeśli tematem sztuki
będzie dzbanek rozbity
mała rozbita dusza
z wielkim żalem nad sobą

to co po nas zostanie
będzie jak płacz kochanków
w małym brudnym hotelu
kiedy świtają tapety
- Zbigniew Herbert. [tradução Sylvio Fraga Neto e Danuta Haczynska da Nóbrega]. Revista Piauí, nº 20, maio de 2008; republicado Revista Piauí, edição n. 73, Outubro 2012.

§§

— Sobre tradução de poesia —
Zumbindo um besouro pousa
numa flor e encurva
o caule delgado
e anda por entre filas de pétalas folhas
de dicionários
e vai direito ao centro
do aroma e da doçura
e embora transtornado perca
o sentido do gosto
continua
até bater com a cabeça
no pistilo amarelo
e agora o difícil o mais extremo
penetrar floralmente através
dos cálices até
à raiz e depois bêbado e glorioso
zumbir forte:
penetrei dentro dentro dentro
e mostrar aos cépticos a cabeça
coberta de ouro
de pólen

**

O tłumaczeniu wierszy
Jak trzmiel niezgrabny
siadł na kwiecie
aż zgięła się łodyga wiotka
przeciska się przez rzędy płatków
podobnych słownikowym kartkom
do środka dąży
gdzie aromat i słodycz jest
i choć ma katar
i brak mu smaku
jednak dąży
aż bije głową
w żółty słupek
 
i tu już koniec
trudno wniknąć
przez kielich kwiatów
do korzeni
więc trzmiel wychodzi
bardzo dumny
i głośno brzęczy:
byłem w środku
 
tym zaś
co mu nie całkiem wierzą
nos pokazuje
z żółtym pyłem 
- Zbigniew Herbert. [tradução Herberto Helder]. In: HELDER, Herberto. Ouolof: poemas mudados para português. Lisboa: Assírio & Alvim, 1997, p. 9-10. 

§§

Envio do Sr. Cógito 
Vá pra onde foram aqueles até o confim escuro
atrás do velo de ouro do nada sua última recompensa 
vá de cabeça erguida entre os que estão de joelhos
os que dão as costas e os que jazem no pó 
não foi pra viver que você se salvou
o tempo é curto você tem de testemunhar
coragem quando a razão malogra coragem
no final é só isto que importa
e que ao ouvir a voz dos humilhados dos pisoteados
sua Raiva impotente seja como o mar 
que nunca o deixe sua irmã a Ojeriza
a covardes algozes delatores – eles vão ganhar
irão ao seu enterro com alívio jogarão terra no caixão
o caruncho é que escreverá sua biografia expurgada
e não perdoe na verdade não lhe é dado
perdoar em nome de quem foi traído ao cantar do galo
cuidado com a frívola vaidade
olhe sempre no espelho sua cara de palhaço 
e repita: fui chamado – será que não havia ninguém melhor
cuidado com a aridez do coração ame a fonte matinal
o pássaro de nome desconhecido o carvalho no inverno
luz numa parede o esplendor do céu
eles prescindem de seu hálito quente
existem pra dizer: ninguém vai consolá-lo
vigie - assim que nas montanhas a luz der o sinal, erga-se e vá
enquanto o sangue ainda animar a estrela escura no seu peito
repita as antigas invocações da humanidade as fábulas e lendas 
é assim que você vai obter o bem que não vai nunca obter
repita as palavras grandiosas repita-as com a obstinação 
dos que cruzavam o deserto e morreram na areia
por isso tudo vão recompensá-lo com o que  tenham à mão
com o açoite do riso o assassinato num monturo 
vá porque é só assim que o aceitarão entre as caveiras frias
na companhia de seus antepassados: Gilgámesh Heitor Rolando
paladinos do reino sem confins e da cidade das cinzas
Seja fiel e Vá

**

Przesłanie Pana Cogito
Idź dokąd poszli tamci do ciemnego kresu
po złote runo nicości twoją ostatnią nagrodę 

idź wyprostowany wśród tych co na kolanach 
wśród odwróconych plecami i obalonych w proch 

ocalałeś nie po to aby żyć 
masz mało czasu trzeba dać świadectwo 

bądź odważny gdy rozum zawodzi bądź odważny 
w ostatecznym rachunku jedynie to się liczy 

a Gniew twój bezsilny niech będzie jak morze 
ilekroć usłyszysz głos poniżonych i bitych 

niech nie opuszcza ciebie twoja siostra Pogarda 
dla szpiclów katów tchórzy – oni wygrają 
pójdą na twój pogrzeb i z ulgą rzucą grudę 
a kornik napisze twój uładzony życiorys 

i nie przebaczaj zaiste nie w twojej mocy 
przebaczać w imieniu tych których zdradzono o świcie 

strzeź się jednak dumy niepotrzebnej 
oglądaj w lustrze swą błazeńską twarz 
powtarzaj: zostałem powołany – czyż nie było lepszych 

strzeż się oschłości serca kochaj źródło zaranne 
ptaka o nieznanym imieniu dąb zimowy 
światło na murze splendor nieba 
one nie potrzebują twego ciepłego oddechu 
są po to aby mówić: nikt cię nie pocieszy 

czuwaj – kiedy światło na górach daje znak – wstań i idź 
dopóki krew obraca w piersi twoją ciemną gwiazdę 

powtarzaj stare zaklęcia ludzkości bajki i legendy 
bo tak zdobędziesz dobro którego nie zdobędziesz 
powtarzaj wielkie słowa powtarzaj je z uporem 
jak ci co szli przez pustynię i ginęli w piasku 

a nagrodzą cię za to tym co mają pod ręką 
chłostą śmiechu zabójstwem na śmietniku 

idź bo tylko tak będziesz przyjęty do grona zimnych czaszek 
do grona twoich przodków: Gilgamesza Hektora Rolanda 
obrońców królestwa bez kresu i miasta popiołów 

Bądź wierny Idź
- Zbigniew Herbert [tradução Nelson Ascher]. Publicado originalmente em seu perfil no facebook, 10 de abril 2016.

§§

Relatório do paraíso 
No paraíso se trabalha trinta horas por semana
o salário é mais alto os preços caem sempre
o trabalho braçal não cansa (graças à baixa gravidade)
cortar árvores é tão fácil como datilografar
há um sistema social estável dirigentes esclarecidos
de fato o paraíso é mais feliz do que qualquer outro país

De início era para ter sido diferente
coros rodeados de luz gradientes de abstração
mas como não deu para separar direito
carne e espírito chegava-se aqui
com uma gota de gordura um fiapo de músculo
foi preciso considerar as consequências
mesclar um grão de absoluto com um grão de argila
mais um desvio da doutrina um último desvio
apenas João o anteviu: ressuscitareis em carne e osso

Poucos vêem Deus
ele é só para os que são 100% pneuma
os demais ouvem boletins  sobre milagres e dilúvios
um dia Deus será visto por todos
mas quando ninguém sabe 
Por enquanto todo sábado ao meio-dia
sirenes uivam suavemente
e saindo das fábricas os proletários celestiais 
sobraçam desajeitados suas asas que nem violinos

**

Sprawozdanie z raju 
W raju tydzień pracy trwa trzydzieści godzin
pensje są wyższe ceny stale zniżkują
praca fizyczna nie męczy (wskutek mniejszego przyciągania)
rabanie drzewa to tyle co pisanie na maszynie
ustrój społeczny jest trwały a rządy rozumne
naprawdę w raju jest lepiej niż w jakimkolwiek kraju
 
Na początku miało być inaczej –
świetliste kręgi chóry i stopnie abstrakcji
ale nie udało się oddzielić dokładnie
ciała od duszy i przychodziła tutaj
z kroplą sadła nitką mięśni
trzeba było wyciągać wnioski
zmieszać ziarno absolutu z ziarnem gliny
jeszcze jedno odstępstwo od doktryny ostatnie odstępstwo
tylko Jan to przewidział: zmartwychwstaniecie ciałem
 
Boga oglądają nieliczni
jest tylko dla tych z czystej pneumy
reszta słucha komunikatów o cudach i potopach
z czasem wszyscy będą oglądali Boga
kiedy to nastąpi nikt nie wie
 
Na razie w sobotę o dwunastej w południe
syreny ryczą słodko
i z fabryk wychodzą niebiescy proletariusze
pod pachą niosą niezgrabnie swe skrzydła jak skrzypce
- Zbigniew Herbert [tradução Nelson Ascher / revisão Henryk Siewierski]. Publicado originalmente em seu perfil no facebook, 12 de abril de 2012
----------
*Nota de Nelson Ascher: O polonês Zbigniew Herbert foi, com Paul Celan, o maior poeta europeu da segunda metade do séc. 20. Ele foi também o poeta dotado do senso mais original, abrangente e agudo de história desde Kaváfis. (Agradeço a meu amigo Henryk Siewierski a revisão da trad. acima.)

***

Notícias do Paraíso
No paraíso a semana de trabalho é de trinta horas
os salários são elevados e os preços descem regularmente
o trabalho manual não é cansativo (devido à reduzida gravidade)
derrubar árvores não é mais pesado do que dactilografar
o sistema social é estável e as leis são sábias
na verdade no paraíso vive-se melhor do que em qualquer outro lado

A principio era para ter sido diferente
círculos luminosos coros e graus de abstracção
mas não foram capazes de separar completamente
o espirito da carne de tal modo que quem chega
traz sempre uma gota de gordura uma fibra de músculo
foi necessário enfrentar as consequências
misturar um grão de absoluto com um grão de argila
mais um desvio da doutrina o ultimo desvio
só o apostolo João o entreviu: ressuscitaremos na carne

São poucos os que acreditam em Deus
isso é só para aqueles cem por cento pneuma
os outros ouvem os comunicados sobre milagres e dilúvios
um dia Deus revelar-se-á a todos
quando irá isso acontecer ninguém sabe

Como agora todos os sábados ao meio-dia
as sirenes tocam docemente
e das fábricas saem os proletários celestes
envergonhados debaixo dos braços carregam as suas asas como violinos

**

Report from Paradise *
In paradise the work week is fixed at thirty hours
salaries are higher prices steadily go down
manual labour is not tiring (because of reduced gravity)
chopping wood is no harder than typing
the social system is stable and the rulers are wise
really in paradise one is better off than in whatever country

At first it was to have been different
luminous circles choirs and degrees of abstraction
but they were not able to separate exactly
the soul from the flesh and so it would come here
with a drop of fat a thread of muscle
it was necessary to face the consequences
to mix a grain of the absolute with a grain of clay
one more departure from doctrine the last departure
only John foresaw it: you will be resurrected in the flesh

not many behold God
he is only for those of 100 per cent pneuma
the rest listen to communiques about miracles and floods
some day God will be seen by all
when it will happen nobody knows

As it is now every Saturday at noon
sirens sweetly bellow
and from the factories go the heavenly proletarians
awkwardly under their arms they carry their wings like violins

**

Sprawozdanie z raju 
W raju tydzień pracy trwa trzydzieści godzin
pensje są wyższe ceny stale zniżkują
praca fizyczna nie męczy (wskutek mniejszego przyciągania)
rabanie drzewa to tyle co pisanie na maszynie
ustrój społeczny jest trwały a rządy rozumne
naprawdę w raju jest lepiej niż w jakimkolwiek kraju
 
Na początku miało być inaczej –
świetliste kręgi chóry i stopnie abstrakcji
ale nie udało się oddzielić dokładnie
ciała od duszy i przychodziła tutaj
z kroplą sadła nitką mięśni
trzeba było wyciągać wnioski
zmieszać ziarno absolutu z ziarnem gliny
jeszcze jedno odstępstwo od doktryny ostatnie odstępstwo
tylko Jan to przewidział: zmartwychwstaniecie ciałem
 
Boga oglądają nieliczni
jest tylko dla tych z czystej pneumy
reszta słucha komunikatów o cudach i potopach
z czasem wszyscy będą oglądali Boga
kiedy to nastąpi nikt nie wie
 
Na razie w sobotę o dwunastej w południe
syreny ryczą słodko
i z fabryk wychodzą niebiescy proletariusze
pod pachą niosą niezgrabnie swe skrzydła jak skrzypce
- Zbigniew Herbert [tradução Jorge Sousa Braga**]
-------
**Escolhido pelas estrelas - antologia poética. Zbigniew Herbert. [apresentação, seleção e tradução de Jorge Sousa Braga a partir da versão inglesa de Czeslaw Milosz; revisão Ana Picão Barradas]. Coleção Documenta poética, 133. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.
*Zbigniew Herbert Selecyed Poems [polish; translated by Czeslaw Milosz & Peter Dale Scott; with an introduction by A. Alvarez]. Penguin Books, 1968. {Collection Penguin modern European poets}
----------------------
LEIA TAMBÉMZbigniew Herbert - poemas (outra seleta de poemas em edição bilíngue)


  • Zbigniew Herbert - photo: ©Michał Kapitaniak / Archive

FORTUNA CRÍTICA DE ZBIGNIEW HERBERT

ASCHER, Nelson. Autora mescla lirismo e antipoesia. In: Folha de S. Paulo, 4 de outubro de 1996. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)
ASCHER, Nelson. Literatura polonesa é uma das glórias secretas da cultura européia. In: Folha de S. Paulo, Ilustrada, 17 de outubro 2000. Disponível no link. (acessado em 1.2.2024)
DUARTE, João Oliveira. Poeta polaco com pouca expressão em Portugal, Zbigniew Herbert chega agora com um conjunto de ensaios históricos onde o rigor histórico se conjuga com um olhar paciente sobre as coisas. In: Jornal N, 10.12.2019. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
HEISE, Pedro Falleiros. Notas de leitura sobre "elegia para a partida" de Zbigniew Herbert. In: Revista X, v. 15, p. 468-483, 2020. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
FALEIROS, Álvaro; CESARINO, Pedro. Herberto Helder Tradutor de Poéticas Não-Europeias. In: Cadernos de Tradução,  v. 39 n. esp. 2019. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
FERREIRA, Vítor Bruno Dantas Ramalhosa. Não sei se a culpa é minha ou de ninguém: a poesia política de José Miguel Silva (Dissertação Estudos Literários, Culturais e Interartes). FLUP - Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2016. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
FLORES, Guilherme Gontijo. Poesia e tradução - zbigniew herbert. In: Escamandro, 19.10.2012. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
GALINDO, Caetano W.; COSTA, Walter Carlos (orgs). Paulo Henriques Britto: entrevista. Coleção palavra de tradutor. Curitiba/ PR: Medusa, 2019. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
ILUSTRÍSSIMA. Imaginação - prosa, poesia e tradução / Senhor Cogito e a longevidade, de Zbigniew Herbert - tradução Carlito Azevedo e Olga Kempinska. In: Folha de S. Paulo - Ilustríssima, 15 de maio de 2011. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024) 
JOVANOVIĆ, Aleksandar. Cinco poetas da Europa Centro-Oriental: forja mágica de metáforas e temas. In: Cadernos de Literatura em Tradução, n. 17, p. 130-149. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
JOVANOVIC, Aleksandar. As temerárias aventuras de um tradutor não-nativo nos jardins da poesia polonesa. In: Revista X, ano v. 15, n. 6, p. 612-618, 2020. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
KEMPINSKA, Olga. Atravessando fronteiras: as imagens demoníacas da tradução. In: Todas as Letras, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 179-189, maio/ago. 2018. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Queria permanecer fiel à clareza incerta... - Sobre poesia de Zbigniew Herbert (Tese Doutorado em Literatura - Teoria Literária). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2018. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024) 
KILANOWSKI, Piotr. 'Onde estou eu mesma?': Corpo e mente diante dos espelhos poéticos de Paulo Leminski, Cecília Meireles, Zbigniew Herbert, Anna Świrszczyńska e Aleksander Wat. In: Drozdowska-Broering, Izabela; Markendorf, Márcio; Oliveira, Geovana Quinalha. (Org.). Memórias do corpo: Apagamentos. 1ª ed., Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2022, v. 1, p. 151-174.
KILANOWSKI, Piotr. Co w trawie piszczy, czyli rozważania tłumacza o ośmiu świerszczach w wierszach Zbigniewa Herberta. In: Józef Maria Ruszar; Justyna Pyzia. (Org.). Jakże samotny na niepewnej drodze! O tłumaczeniach literatury polskiej. 1ed.Kraków - Warszawa: Instytut Literatury/ Wydawnictwo Naukowe UKSW, 2019, v., p. 45-76.
KILANOWSKI, Piotr. Z zamorskich wojaży Pana Cogito? o recepcji twórczości Zbigniewa Herberta w Brazylii. In: Józef Maria Ruszar; Dorota Siwor. (Org.). Świat piękny i bardzo różny Szkice o wojażach Pana Cogito. 1ed., Cracóvia: JMR Transatlantyk/ Instytut Myśli Józefa Tischnera, 2018, v. , p. 91-108.
KILANOWSKI, Piotr. W poszukiwaniu zródel poezji. "Las Ardenski" Zbigniewa Herberta. In: Ruszar, Józef Maria; Siwor Dorota. (Org.). Zemsta reki smiertelnej. 1ed.Cracóvia (Polônia): JMR Transatlantyk/Instytu Myśli Józefa Tischnera, 2017, v. 1, p. 39-55.
KILANOWSKI, Piotr. Na margem do rio. Diálogos com a morte nos versos de quatro poetas poloneses: Apresentação e tradução do polonês Piotr Kilanowski. {Os poemas de Jarosław Iwaszkiewicz, Tadeusz Różewicz, Aleksander Wat e Zbigniew Herbert em tradução de Piotr Kilanowski}. In: Revista Piparote, 7 de julho de 2022. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Vinte e dois poetas poloneses: uma pequena antologia de poesia em tradução. In: Belas Infiéis, Brasília, v. 9 n. 2, 2020. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Sobre os monstros do senhor Cogito - uma reflexão sobre a história e serviços secretos na vida e na obra de Zbigniew Herbert. In: Revista X, v. 15, p. 446-467, 2020. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Zbigniew Herbert: uma apresentação e cinco poemas. In: Suplemento Pernambuco. Recife,  10 de abril, 2019. . Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Poesia: sussurro, grito e silêncio ? sobre três poemas de Iossif Brodskii, Aleksander Wat e Zbigniew Herbert. In: Qorpus, v. 24, p. 10, 2017. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Poesias de Zbigniew Herbert. In: Qorpus, vol. 19, Florianópolis, 2015. Disponível no link. e link. (acessado em 17.1.2024)
KLEIN, Kelvin dos Santos Falcão. A arte vista a partir da ética e da estética: Ensaios do poeta polonês Zbigniew Herbert. In: Suplemento Pernambuco, Recife, p. 7 - 7, 3 dez. 2018. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
LYCHOWSKI, Tomasz. Poesia da Polônia: Ewa Lipska, Ryszard Krynicki. In: Revista Brasileira, vol. 89, Rio de Janeiro, 2016.
MARYJKA, Wojciech. Teste do carvalho, de Janusz Szuber, como uma “parábola sobre a existência”. In: Revista X, v. 15, n. 6, p. 484-496, 2020. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
NOGUEIRA, Paulo. Polonês Zbigniew Herbert exibe erudição em livro de viagens culturais. In: Estadão, 2.3.2019. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
NUTO, João Vianney Cavalcanti. Opção pelas aproximações - Entrevista com Henryk Siewierski, por João Vianney Cavalcanti Nuto. In: Tradução em Revista 10, 2011/1. Disponível no link / em polonês - link. (acessado em 20.1.2024).. {Inclui um "Apêndice" - Aproximações: Europa de Leste em Língua Portuguesa, Brasília: Lisboa, No. 1-4, 1987-1990, com a relação dos poemas publicados e os tradutores}.
PALAVRA DE VIAJANTE. 'Um Bárbaro no Jardim', do polaco Zbigniew Herbert, não é um livro de viagens qualquer. É Literatura em estado puro. In: Jornal Econômico, 21 Setembro 2019. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
POESIA. A fidelidade das coisas. Ele me conta casos improváveis tateando meu rosto com dedos cegos de chuva. [Poemas de Zbigniew Herbert: "Por que os clássicos", "17 de setembro", "Pedra", "Abandonado", "Banquinho", "Cinco homens", "Lamento", "Nosso medo", "Despertando", "Bebados", "Objetos", "Tudo, menos um anjo", "Tentativa de dissolver a mitologia", "No armário", "Suicídio", "Língua"]. In: revista Piauí, edição n. 20, maio 2008. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024).
QUESTÕES CINEMATOGRÁFICAS. Cosmópolis - o poeta traído. In: Revista Piauí, 20 set 2012. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
QUESTÕES POÉTICAS"Por que os clássicos". Um poeta explica as razões de seu poema Zbigniew Herbert. In: Revista Piauí, edição n. 73, Outubro 2012. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
SIEWIERSKI, Henryk. História da Literatura Polonesa. Brasília: UnB, 2000.
SIEWIERSKI, Henryk; SOUZA, Marcelo Paiva de.. A moderna poesia da Polônia (antologia). In: Poesia Sempre, v. 30, Rio de Janeiro, 2009, p. 31-92.
SILVA, Marco André Fernandes da.. Entre a tradução e a criação: Herberto Helder e os Poemas mudados para Português. In:  Revista de Letras da Universidade Católica de Brasília, vol. 5 – n. 1 – Ano V – jul/2012. Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Pedra e horizonte: visitando -Siciliana?, de Murilo Mendes, com Zbigniew Herbert. In: Texto Poético, v. 15, p. 98, 2019.  
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Kamień i horyzont: spojrzenie na Sicilianę Murilo Mendesa w kontekście twórczości Zbigniewa Herberta. In: Postscriptum Polonistyczne, v. 1, p. 97-112, 2018.
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Ao vivo, direto do Vale de Josafá: algumas reflexões sobre a poesia e a tradução da poesia de Zbigniew Herbert. In: Tradução em Revista (Online), v. 2011, p. 1-12, 2011. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Contra a música? Um poema de Zbigniew Herbert. In: Contexto, Vitória/ES, v. XII, n.11, p. 211-224, 2004. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)
TARRÍO, Ana María Sánchez. O presente que cega. In: Ítaca, n. 3, maio de 2011.  Disponível no link. (acessado em 18.1.2024)
VOIGT, Rafael. Zbigniew Herbert: um bárbaro no jardim. In: revista Voz Literária, 22 de dezembro de 2018. Disponível no link. (acessado em 17.1.2024)

  • Zbigniew Herbert, Leopold Łabędź i Czesław Miłosz. Paryż, ok. 1958 r. (fot. Archiwum Zbigniewa Herberta, Biblioteka Narodowa)


"Quanto a mim, não sei línguas. Trata-se da minha vantagem. Permite-me verter poesia do Antigo Egito desconhecendo o idioma, para português. Pego no Cântico dos Cânticos, em inglês ou francês, como se fosse um poema inglês ou francês, e, ousando, ouso não só um poema português como também, e, sobretudo, um poema meu. Versão direta, diz alguém. Recriação pessoal, diz alguém. Diletantismo ocioso, diz alguém. Não digo nada, eu. Se dissesse, diria: prazer. O meu prazer é assim, deambulatório, ao acaso, por súbito amor, projetivo. Não tenho o direito de garantir que esses textos são traduções. Diria: são explosões velozmente laboriosas. O meu labor consiste em fazer com que eu próprio ajuste cada vez mais ao meu gosto pessoal o clima geral do poema já português: a temperatura da imagem, a velocidade do ritmo, a saturação atmosférica do vocábulo, a pressão do adjetivo sobre o substantivo. Uma pessoa pergunta: e a fidelidade? Não há infidelidade. É que procuro construir o poema português pelo sentido emocional, mental, linguístico que eu tinha, subrepticiamente, ao lê-lo em inglês, francês, italiano ou espanhol. É bizarramente pessoal. Mas não há infidelidade que não o seja. Senão, claro, a ainda mais bizarra fidelidade gramatical que, de tão neutra, não pode ser fidelidade."
- Herberto Helder. Photomaton & Vox. 3.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim, 1995, pp. 71-72. 




  • Zbigniew Herbert (1924-1998) - autoria não identificada

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© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
© Seleção e organização dos poemas: José Alexandre da Silva


© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros

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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da. (pesquisa, seleção, edição e organização). Zbigniew Herbert - poeta, dramaturgo e ensaísta polonês. In: Templo Cultural Delfos, janeiro/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 19.2.2024.
Postagem original de JANEIRO 2024


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