Czesław Miłosz Poeta, ensaísta, romancista, diplomata, tradutor e professor. Recebeu o prêmio Nobel de literatura em 1980 e a National Medal of Arts em 1989.
Nasceu em 30 de junho de 1911, em Sateiniai, na Lituânia, quando o país pertencia ao império Russo, Milosz cumpriu parte de seus estudos na Polônia e, nos anos 1930, viveu em Paris. Sua obra está totalmente atrelada à história das guerras e ocupações europeias do século XX. O poeta escreveu e viveu em Varsóvia durante a Segunda Guerra, testemunhando o Levante de Varsóvia. Sua poesia é repleta de polaridades e antíteses, o que sempre dificultou as tentativas de defini-la. Milosz foi influenciado por pensadores como Bakhtin, Dostoiévski e Simon Weil. A relação entre o “eu” e os outros assume,em sua obra, aspecto de uma investigação filosófica e moral. Em 1960 o escritor emigrou para os Estados Unidos, onde ensinou literatura polonesa em Berkeley. Em 1980, ganhou o Prêmio Nobel, fato que fez o trabalho de Milosz ser conhecido na Polônia, já que o poeta era censurado no país por conta de sua oposição ao regime comunista. Entre suas principais obras, destacam-se a seleta de poemas The rising of the sun (1985) e o livro de não ficção Zniewolony umysl (1953), sobre a subserviência dos intelectuais poloneses ao Estado comunista. Faleceu em 14 de agosto de 2004, na Cracóvia - Polônia.
- Czesław Miłosz - foto © Keystone Press
OBRA DE CZESŁAW MIŁOSZ PUBLICADO EM PORTUGUÊS
poesia
:: Para isso fui chamado: poemas / Selected Poems. Czesław Miłosz. [seleção, introdução e tradução Marcelo Paiva de Souza; capa Victor Burton]. Edição bilíngue. São Paulo: Companhia das Letras, 2023
:: Não mais. Czesław Miłosz. [seleção, introdução e tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Não Bilíngue. Coleção Poetas do Mundo. Brasília: Editora da UnB, 2003.
romance
:: O Vale do Issa. Czeslaw Milosz. [tradução do inglês de Sonia Yumi Hirae]. Novo Século, 2012 {romance}
:: A tomada do poder. Czeslaw Milosz. [tradução do inglês por Waltensir Dutra, a partir da versão inglesa (1955) de Celina Wieniawska; apresentação Stanisław Barańczak]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988
:: O Vale dos Demônios. Czeslaw Milosz. [tradução do inglês por João Guilherme Linke]. Coleção A Prosa do Mundo - Polônia. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1982
conferências
:: O testemunho da poesia: seis conferências sobre as aflições de nosso século. Czesław Miłosz. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Curitiba: Editora UFPR, 2013.
ensaios
:: A mente cativa. Czeslaw Milosz. [tradução Eneida Favre; ilustração Julia Geiser]. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2022.
:: A mente cativa. Czeslaw Milosz. [tradução do inglês por Dante Nery, a partir da tradução de Jane Zielonko]. Osasco/SP: Novo Século, 2010. *Ver observações sobre a tradução aqui.
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em antologias brasileiras
:: Lira argenta - poesia em tradução. antologia [seleção e organização Vanderley Mendonça; tradutores Álvaro Faleiros, Augusto de Campos, Claudio Willer, Cide Piquet, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Fernando Klabin, Guilherme Gontijo Flores, Idalia Morejón López, Juliana Di Fiori Pondian, Larissa Peron, Maíra Mendes Galvão, Marcelo Ariel, Matheus Guménin, Monique Maion, Omar Pérez López, Piotr Kilanowski, Reynaldo Damazio, Ricardo Domeneck, Roberto Zular, Ruy Proença, Tatiana Lima Faria, Vanderley Mendonça, Walter Vetor e Willian Zeytounlian]. Edição bilíngue. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017. // {autores presentes: Étienne Dolet, David Lynch, Charles Bukowski, Heiner Müller, Joan Salvat-Papasseit, Hans Arp, Guido Cavalcanti, Ovídio, Basil Bunting, Paul Celan, Victor Hugo, Roberto Juarroz, Boris Vian, Peire Vidal, Sor Juana Inés de la Cruz, Alda Merini, Mina Loy, Arthur Cravan, François Rabelais, William Faulkner, Pier Paolo Pasolini, Vladimir Maiakóvski, Yehuda Amichai, Ingeborg Bachmann, Mitoş Micleuşanu, Nara Mansur Cao, Derek Walcot, Denise Levertov, André Breton, Maria Mercè Marçal, Wisława Szymborska, Czesław Miłosz*, Zbigniew Herbert, Paul Valéry, Emily Dickinson, E. E. Cummings, Meleagro de Gadara, Robert Desnos} // *tradução Piotr Kilanowski.
:: Segunda guerra mundial: uma antologia poética. [organização, seleção, edição e notas Sammis Reachers]. Editora Calameo, 2014. {Czeslaw Milosz (1911-2004) - poema: 'Campo di Fiori' - p. 105-106 / sem indicação do tradutor}. Disponível no link. (acessado em 21.1.2024).
:: Noite dilacerada: poezja polaca de guerra. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024) :: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
:: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996.
:: Quatro poetas poloneses: Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz. [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.
:: Folhetim: poemas traduzidos. Vários autores. [organização Nelson Ascher; apresentação Matinas Suzuki Jr / vários tradutores; inclui biografia dos poetas e tradutores]. São Paulo: Editora da Folha, 1987. {Poema: "A condição poética", de Czeslaw Milosz. tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik / p. 181-182}
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:: Poemas da greve e da guerra - de poetas poloneses - [tradução Ana Cristina César e Grazyna Drabik]. In: Polônia o Partido, a Igreja, o Solidariedade [organização Grazyna Drabik, Rubem César Fernandes]. Cadernos do ISER, n. 15. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984. {poetas presentes: Adam Zagajewski, Czesław Miłosz, Anna Kamieńska, Anka Kowalska e Ryszard Krynicki, entre outros}.
em revistas
:: Czeslaw Milosz (1911-2004) - poemas. p. 36-41 / Poesia Sempre - Polônia. [editor e apresentação Marco Lucchesi; editor adjunto Ruy Espinheira Filho; coordenação editorial Raquel Fábio, Raquel Martins Rêgo e Tarso Tavares; vários tradutores]. In: Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15, 2008. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
:: 'Conversa com Jeanne' - de Czesław Miłosz {poema}. tradução de Rubens Figueiredo. In: revista Inimigo Rumor, n. 6, de julho de 1996. (publicado pela editora 7 Letras)
:: Atitudes centro-eutopéias. Czeslaw Milosz{ensaio}. tradução Beatriz Sidou. In: Revista USP, n. 6, 1990. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
:: 'Linhagem' - de Czesław Miłosz {poema}. tradução de Santiago Naud e Henryk Siewierski / 'Anotado de madrugada na Telegraph Avenue. tradução. de Zygfryd Chmielewski. In: Aproximações: Europa de Leste em Língua Portuguesa, Brasília: Lisboa, No. 4, 1990.
:: 'Sortilégio' - de Czesław Miłosz. {poema}. tradução de Carlos Santos Pereira. In: Aproximações: Europa de Leste em Língua Portuguesa, Brasília: Lisboa, No. 1, 1987.
:: 'Veni Creator' e 'Rios' - de Czesław Miłosz. {poemas}.. tradução de Ana César Cristina e Grazyna Drabik]. In: Revista Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, n. 11.01, julho 1984, p. 165-166.
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Publicado em Portugal
romance
:: A tomada do poder. Czeslaw Milosz. [tradução José Jacinto da Silva Pereira]. Colecção Ficção Universal. Lisboa: Dom Quixote, 1987
ensaios
:: A minha intenção - ensaios escolhidos. Czesław Miłosz. [tradução Miguel Romeira]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2019 {Ensaio}
:: A mente aprisionada. Czesław Miłosz. [tradução Miguel Romeira]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2018. {Ensaio}
Em antologias portuguesas
:: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. [seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Edição bilíngue. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
"Czeslaw Milosz, poeta lituano, toma declaradamente o partido daqueles que defendem o ofício poético como mimese e o praticam numa incessante perseguição do real. Seus versos chamam a atenção pela sua densidade e precisão intelectuais, seus variados contextos filosóficos e religiosos, suas intricadas relações intertextuais."
- Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza, no livro "Não mais". Czesław Miłosz. [seleção, introdução e tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Não Bilíngue. Coleção Poetas do Mundo. Brasília: Editora da UnB, 2003.
SELETA DE POEMAS DO POETA POLONÊS CZESŁAW MIŁOSZ - EM EDIÇÃO BILÍNGUE
Esta seleta apresenta alguns poemas repetidos, versados/traduzidos para o português por tradutores diferentes.
Encantação
Bela é a razão humana e invencível.
Nada podem contra ela as grades, o arame farpado,
a queima dos livros, ou o veredicto do exílio.
É ela que estabelece na língua as idéias gerais
e guia nossa mão. Por isso escrevemos Verdade e Justiça
com maiúscula, mentira e dano com minúscula.
Acima do que é, ela dita o que deveria ser.
Inimiga do desespero, amiga da esperança,
não distingue grego ou judeu, escravo ou senhor.
e divide entre todos os governo do mundo.
Retira frases severas e lúcidas
do clamor obsceno das palavras atormentadas.
Insiste que tudo é sempre novo sob o sol
e abre a mão fechada do que já passou.
Filo-Sofia é linda e muito jovem.
Como a poesia, aliada a ela a serviço do Bem.
Ontem mesmo a natureza celebrava o nascimento das duas:
o unicórnio e o eco espalharam nas montanhas a boa nova.
Famosa será esta amizade e existirá para sempre.
Seus inimigos já se entregaram à destruição.
.
[de Cidade sem nome, 1969]
**
Zaklęcia
Piękny jest ludzki rozum i niezwyciężony.
Ani krata, ni druk, ni oddanie książek na przemiał,
Ani wyrok banicji nie mogą nic przeciw niemu.
On ustanawia w języku powszechne idee
I prowadzi nam rękę, więc piszemy z wielkiej litery
Prawda i Sprawiedliwość, a z małej kłamstwo i krzywda.
On ponad to co jest wynosi co być powinno,
Nieprzyjaciel rozpaczy, przyjaciel nadziei.
On nie zna Żyda ni Greka, niewolnika ni pana,
W zarząd oddając nam wspólne gospodarstwo świata.
On z plugawego zgiełku dręczonych wyrazów
Ocala zdania surowe i jasne.
On mówi nam, że wszystko jest ciągle nowe pod słońcem,
Otwiera dłoń zakrzepłą tego, co już było.
Piękna i młoda jest Filo-Sofija
I sprzymierzona z nią poezja w służbie Dobrego.
Natura ledwie wczoraj święciła ich narodziny,
Wieść o tym górom przyniosły jednorożec i echo.
Sławna będzie ich przyjaźń, ich czas nie ma granic.
Ich wrogowie wydali siebie na zniszczenie
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[Miasto bez imienia, Paryż 1969]
- Czesław Miłosz [tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik]. In: Polônia: o Partido, a Igreja, o Solidariedade. organização Grazyna Drabik e Rubem César Fernandes. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984.
Veni Creator
Vem, Espírito Santo,
balançando (ou não balançando) o capim
aparecendo (ou não) acima da cabeça sob forma de chama
no tempo da colheita, ou quando os tratares saem para arar
no vale dos bosques de nogueiras, ou quando as neves
cobrem os pinheiros fustigudos em Sierra Nevada.
Sou apenas humano, preciso então de sinais visíveis,
canso-me rapidamente com a construção de escadas abstraias.
Mais de uma vez pedi, sabes bem, que a estátua na igreja
erguesse a mão para mim, uma vez. uma só vez.
Mas entendo que os sinais somente podem ser humanos.
Acorda então um homem, em qualquer lugar da terra
(não a mim. pois apesar de tudo sou modesto)
e permite que olhando-o possa admirar-Te.
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Veni Creator
Przyjdź, Duchu Święty,
zginając (albo nie zginając) trawy,
ukazując się (albo nie) nad głową językiem płomienia,
kiedy sianokosy, albo kiedy na podorywkę wychodzi traktor
w dolinie orzechowych gajów, albo kiedy śniegi
przywalają jodły kalekie w Sierra Nevada.
Jestem człowiek tylko, więc potrzebuję widzialnych znaków,
nużę się prędko budowaniem schodów abstrakcji.
Prosiłem nieraz, wiesz sam, żeby figura w kościele
podniosła dla mnie rękę, raz jeden, jedyny.
Ale rozumiem, że znaki mogą być tylko ludzkie.
Zbudź więc jednego człowieka, gdziekolwiek na ziemi
(nie mnie, bo jednak znam, co przyzwoitość)
i pozwól, abym patrząc na niego podziwiać mógł Ciebie.
- Czesław Miłosz. [tradução Ana César Cristina e Grazyna Drabik]. In: Revista Religião e sociedade, Rio de Janeiro, n. 11.01, julho 1984, p. 165.
§§
Rios
Sob nomes diferentes louvei somente a vocês, rios!
Vocês são leite e mel. amor e morte, e a dança.
De uma fonte lançando-o entre pedras cobertas de musgo
nas grutas secretas,
Onde a deusa decanta a água viva das suas jarras,
Dos córregos claros cortando o pasto onde murmuram
nascentes sob a grama,
Começa a sua corrida e a minha corrida. o encanto e a passagem.
Nu, eu virava meu rosto para o sol,
Com um mergulho do remo de vez em quando desviava o curso,
E passavam bosques de carvalho, campinas. florestas de pinheiros.
A cada curva abria-se para mim a terra prometida,
Fumaça das aldeias. gado sonolento, vôos dos pardais. barrancos.
Lentamente. passo a passo, entrava nas suas águas
E a corrente enlaçava sile11ciosamente meus joelhos.
Até que me entreguei. e me levou. e nadei
Através do grande céu refletido no meio-dia triunfante.
E sentei nas suas margens no começo da noite de verão
Quando sobe a lua cheia e juntam-se as bocas num ritual.
E ouço em mim, agora como então, o seu murmrírio perto do cais
Para a chamada. o abraço, e para o consolo.
Com o toque de todos os sinos das cidades afundadas partimos.
Esquecidos. acolhem-nos as gerações passadas.
E a sua corrida interminável leva mais e mais longe.
E nem é. nem era. Apenas permanece o momento eterno.
**
Rzeki
Pod rozmaitymi imionami was tylko sławiłem, rzeki!
Wy jesteście i miód i miłość i śmierć i taniec.
Od źródła w tajemnych grotach bijącego spośród omszałych kamieni,
Gdzie bogini ze swoich dzbanów nalewa wodę żywą,
Od jasnych zdrojów na murawach, pod którymi szemrzą poniki,
Zaczyna się wasz bieg i mój bieg, i zachwyt i przemijanie.
Na słońce wystawiałem twarz, nagi, sterujący z rzadka zanurzeniem wiosła,
I mknęły dębowe lasy, łąki, sosnowy bór,
Za każdym zakrętem otwierała się przede mną ziemia obietnicy,
Dymy wiosek, senne stada, loty jaskółek-brzegówek, piaskowe obrywy.
Powoli, krok za krokiem, wstępowałem w wasze wody
I nurt mnie podejmował milcząco za kolana,
Aż powierzyłem się, i uniósł mnie, i płynąłem
Przez wielkie odbite niebo triumfalnego południa.
I byłem na waszych brzegach o zaczęciu letniej nocy,
Kiedy wytacza się pełnia i łączą się usta w obrzędzie.
I szum wasz koło przystani, jak wtedy w sobie słyszę
Na przywołanie, objęcie, i na ukojenie.
Z biciem we wszystkie dzwony zatopionych miast odchodzimy
Zapominanych witają poselstwa dawnych pokoleń.
A pęd wasz nieustający zabiera dalej i dalej.
I ani jest ani było. Tylko trwa wieczna chwila.
.
....................................................... 1980
- Czesław Miłosz. [tradução Ana César Cristina e Grazyna Drabik]. In: Revista Religião e sociedade, Rio de Janeiro, n. 11.01, julho 1984, p. 165-166.
§§
A condição poética
Como se tivesse em vez de olhos binóculos ao contrário, o mundo se distancia e pessoas, árvores, ruas, tudo diminui, mas nada, nada perde a clareza, fica mais denso.
Já tive antes momentos assim, escrevendo poemas; conheço então a distância, a contemplação desinteressada, sei assumir um eu que é não-eu, mas agora é sempre assim e me pergunto o que significa isso, se entrei numa permanente condição poética.
As coisas difíceis antes, agora são fáceis, mas não sinto desejo forte de transmiti-las por escrito.
Só agora estou sadio, e era doente, porque o meu tempo galopava e afligia-me o medo do que viria.
A cada momento o espetáculo do mundo é para mim de novo surpreendente e tão cômico que não entendo como a literatura podia querer dominá-lo.
Sentindo fisicamente, ao alcance da mão, cada momento, amanso o sofrimento e não suplico a Deus que queira afastá-lo de mim: por que o afastaria de mim se não o afasta dos outros?
Sonhei que me encontrava numa estreita borda sobre o oceano onde se viam nadando enormes peixes marítimos. Tive medo que, se olhasse, cairia. Virei então, agarrei-me nas asperezas da parede rochosa, e movendo-me lentamente, de costas para o mar, cheguei a um lugar seguro.
Eu era impaciente e irritava-me a perda de tempo com coisas triviais incluindo entre elas a faxina e a preparação da comida. Agora corto com cuidado a cebola, espremo os limões, preparo vários tipos de molho.
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............................................... Berkeley, 1977 / Em: “Hino à pérola” (1981)
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Stan poetycki
Jakby zamiast oczu wprawiono odwróconą lunetę, świat oddala się i wszystko, ludzie, drzewa, ulice, maleje ale nic a nic nie traci na wyrazistości, zgęszcza się.
Miałem dawniej takie chwile podczas pisania wierszy, więc znam dystans, bezinteresowną kontemplację, przybranie na siebie „ja”, które jest „nie-ja”, ale teraz jest tak ciągle i zapytuję siebie co to znaczy, czyżbym wszedł w trwały stan poetycki.
Rzeczy dawniej trudne teraz są łatwe, ale nie czuję silnej potrzeby przekazywania ich na piśmie.
Dopiero teraz jestem zdrów a byłem chory, ponieważ mój czas galopował i udręczał mnie strach przed tym co będzie.
W każdej minucie widowisko świata jest dla mnie na nowo zadziwiające i tak komiczne, że nie mogę zrozumieć jak mogła chcieć temu podołać literatura.
Czując cieleśnie, dotykalnie, każdą minutę, oswajam nieszczęście i nie proszę Boga żeby zechciał je odwrócić, bo dlaczego miałby odwrócić ode mnie jeżeli nie odwraca od innych?
Śniło mi się, że znalazłem się na wąskim progu nad głębią w której widać było poruszające się wielkie morskie ryby. Bałem się, że jeżeli będę patrzeć, spadnę. Więc odwróciłem się, chwyciłem się palcami chropowatości skalnej ściany i powoli posuwając się tyłem do morza wydostałem się na miejsce bezpieczne.
Byłem niecierpliwy i drażniło mnie tracenie czasu na głupstwa, do których zaliczałem sprzątanie i gotowanie. Teraz z uwagą kroję cebulę, wyciskam cytryny, przyrządzam różne gatunki sosów.
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Berkeley, 1977 / In: “Hymn o perle” (1981)
- Czeslaw Milosz "A condição poética" [tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik]. In: Folhetim: poemas traduzidos. Vários autores. [organização Nelson Ascher; apresentação Matinas Suzuki Jr / vários tradutores; inclui biografia dos poetas e tradutores]. São Paulo: Editora da Folha, 1987.
§§
Prefácio
Tu a quem não pude salvar
Escuta-me.
Tenta compreender este simples discurso porque tenho vergonha de outro.
Juro que em mim não existem as magias do verbo.
Te falo em silêncio como nuvem ou árvore.
O que me fazia forte, para ti foi letal.
Confundiste o adeus a uma época com o começo de outra,
A inspiração do rancor com a beleza lírica,
A força bruta com a forma perfeita.
Eis o vale dos rasos rios polacos. E uma ponte imensa
Furando a neblina branca. Eis a cidade quebrada,
E o vento arrasta o pio das gaivotas sobre o teu sepulcro
Quando eu estou falando contigo.
Que é a poesia que não salva
Nem as nações nem a gente?
Uma trama de mentiras oficiais,
Uma canção de bêbados cujas gargantas podiam ser cortadas de repente.
Uma leitura para meninas de colégio.
Que eu quisesse a boa poesia sem poder fazê-la,
Que eu tardiamente entendesse o seu fim redentor,
Isto e só isto é salvação.
Jogavam-se nas tumbas sementes de painço e papoula
Para nutrir os mortos que chegavam voando — pássaros.
Aqui deponho este livro para ti, ó antepassado,
Para que não voltes mais a visitar-nos.
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Przedmowa
Ty, którego nie mogłem ocalić,
Wysłuchaj mnie.
Zrozum tę mowę prostą, bo wstydzę się innej.
Przysięgam, nie ma we mnie czarodziejstwa słów.
Mówię do ciebie milcząc, jak obłok czy drzewo.
To, co wzmacniało mnie, dla ciebie było śmiertelne.
Żegnanie epoki brałeś za początek nowej,
Natchnienie nienawiści za piękno liryczne.
Siłę ślepą za dokonany kształt.
Oto dolina płytkich polskich rzek. l most ogromny
Idący w białą mgłę. Oto miasto złamane
l wiatr skwirami mew obrzuca twój grób.
Kiedy rozmawiam z tobą.
Czym jest poezja, która nie ocala
Narodów ani ludzi?
Wspólnictwem urzędowych kłamstw,
Piosenka pijaków, którym za chwilę ktoś poderżnie gardła,
Czytanką z panieńskiego pokoju.
To, że chciałem dobrej poezji, nie umiejąc,
To. że późno pojąłem jej wybawczy cel.
To jest i tylko to jest ocalenie.
Sypano na mogiły proso albo mak
Żywiąc zlatujących się umarłych-ptaki.
Tę książkę kładę tutaj dla ciebie, o dawny,
Abyś nas odtąd nie nawiedział więcej.
- Czesław Miłosz "'Prefácio' / 'Przedmowa'". [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 / Originalmente publicado em 'Quatro poetas poloneses'. Curitiba: SECult, 1994.
§§
Canção sobre o fim do mundo
No dia do fim do mundo
Uma abelha circula ao redor da chagueira,
Um pescador remenda uma rede rota.
Feliz o boto salta no mar,
Os pardais pequeninos brincam na calha
E a serpente tem a pele de ouro como devia ter.
No dia em que o mundo se acabe
Mulheres de sombrinha passeiam pelos campos,
Um ébrio com sono resmunga à beira de um prado,
Gritam os verdureiros na rua
E um barco de vela amarela bordeja perto da ilha,
A voz de um violino perdura no ar
E abre uma noite estrelada.
E todos os que esperavam por trovões e relâmpagos
Estão desapontados.
E todos os que esperavam pelos sinais e as trombetas do arcanjo
Não creem que isto esteja agora acontecendo.
Enquanto o sol e a lua perdurem lá em cima,
Enquanto o besouro adeje uma rosa,
Enquanto nascerem criancinhas róseas,
Ninguém acredita que isto esteja acontecendo agora.
Só um velho de cabeleira branca, que bem podia ser um profeta,
Mas não é um profeta, porque está muito ocupado.
Repete enquanto pela os tomates:
Não haverá outro fim do mundo,
Não haverá outro fim do mundo.
**
Piosenka o końcu świata
W dzień końca świata
Pszczoła krąży nad kwiatem nasturcji,
Rybak naprawia błyszczącą sieć.
Skaczą w morzu wesołe delfiny,
Młode wróble czepiają się rynny
l wąż ma złotą skórę, jak powinien mieć.
W dzień końca świata
Kobiety idą polem pod parasolkami,
Pijak zasypia na brzegu trawnika,
Nawołują na ulicy sprzedawcy warzywa
l łódka z żółtym żaglem do wyspy podpływa,
Dźwięk skrzypiec w powietrzu trwa
l noc gwiaździstą odmyka.
A którzy czekali błyskawic i gromów,
Są zawiedzieni.
A którzy czekali znaków i archanielskich trąb,
Nie wierzą, że staje się już.
Dopóki słońce i księżyc są w górze,
Dopóki trzmiel nawiedza różę,
Dopóki dzieci różowe się rodzą,
Nikt nie wierzy, że staje się już.
Tylko siwy staruszek, który byłby prorokiem,
Ale nie jest prorokiem, bo ma inne zajęcie,
Powiada przewiązując pomidory:
Innego końca świata nie będzie,
Innego końca świata nie będzie.
- Czesław Miłosz "'Canção sobre o fim do mundo' / 'Piosenka o końcu świata'". [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 / Originalmente publicado em 'Quatro poetas poloneses'. Curitiba: SECult, 1994.
§§
Leituras
Me perguntaste sobre a vantagem de ler os Evangelhos em grego.
Te respondo que convém percorrermos
Com o dedo letras mais duráveis que as gravadas em pedra,
E pronunciando devagar esses sons
Conhecermos a verdadeira dignidade da fala.
Forçado pela atenção, aquele tempo será
Como o tempo de ontem, apesar das caras de César
Serem hoje outras nas moedas. Tal éon perdura,
Medo e desejo são iguais, azeite, vinho
E pão dizem o mesmo. Também a multidão volúvel
Ávida por milagres como outrora. Até os costumes,
As festas de bodas, os remédios e os lamentos lúgubres
Diferem só na aparência. Por exemplo, naquele tempo
Também houve muitos chamados no texto
Daimonizomenoi, isto é, os que endemoninham
Ou endemoninhados (porque "possessos"
Os denomina nossa língua por fantasia do dicionário).
Espasmos, espuma na boca e ranger de dentes
Não passavam então por sintomas de talento.
Os endemoninhados não dispunham de revistas nem de écrans,
Raramente mexiam com arte e literatura.
Mesmo assim a parábola sobre eles continua vigente:
O espírito que os domina pode entrar nos porcos,
Que desesperados pelo choque repentino
Entre as duas naturezas, a deles e a de Lúcifer,
Atiram-se na água e se afogam. E tudo se repete sem parar.
Assim, em cada página, o leitor persistente
Enxerga os vinte séculos como vinte dias
De um éon que certa vez teve o seu fim.
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Lektury
Zapytałeś mnie, jaka korzyść z Ewangelii czytanej po grecku.
Odpowiem, że przystoi, abyśmy prowadzili
Palcem wzdłuż liter trwalszych niż kute w kamieniu
Jak też abyśmy, z wolna wymawiając głoski,
Poznawali prawdziwe dostojeństwo mowy.
Przymuszony uwagą, nie dalszy niż wczoraj
Wyda się tamten czas, choć twarze cezarów
Inne dziś na monetach. Ciągle trwa ten eon,
Lęki i pragnienia te same, oliwa i wino,
I chleb znaczą to samo. Również chwiejność rzeszy
Chciwej jak niegdyś cudów. Nawet obyczaje,
Uczty weselne, leki, płacze po umarłych
Różnią się tylko pozornie. Na przykład i wtedy
Pełno było tych, których w tekście się nazywa
Daimonizomenoi, czyli biesujących
Albo i biesowatych (gdyż „opętanymi”
Język nasz ich mianuje z fantazji słownika).
Drgawki, na ustach piana, zgrzytanie zębami
Nie uchodziły wtedy za znamię talentów.
Biesowaci nie mieli pism ani ekranów,
Rzadko tykając sztuki i literatury.
Niemniej przypowieść o nich pozostaje w mocy:
Że duch nimi władnący może wstąpić w wieprze,
Które, zdesperowane tak nagłym zdarzeniem
Dwóch natur, swojej własnej i lucyferycznej,
Skaczą w wodę i toną. Co wciąż się powtarza.
I tak na każdej stronie wytrwały czytelnik
Dwadzieścia wieków widzi jako dni dwadzieścia
Kres mającego raz kiedyś eonu.
.
............................................................ Berkeley, 1973
- Czesław Miłosz "'Leitura' / 'Lektury'". [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses: Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz. [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.
§§
Rios
Com nomes diversos só a vós glorifiquei, ó rios!
Vós sois o leite e o mel e o amor e a morte e a dança.
Nas grutas misteriosas, da fonte que lateja entre pedras cobertas de musgo,
Onde a deusa verte o seu jarro cheio de água viva,
Dos mananciais claros na relva, onde os duendes sussurram,
Começa o vosso curso e meu curso, êxtase e transitoriedade.
Desnudo, ergui o rosto para o sol, dirigindo meu rumo o remo compassado,
E passavam florestas de carvalho, as pradarias, o pinhal,
Cada curva abria à minha frente a terra da promessa,
O fumo das aldeias, rebanhos sonolentos, o vôo das andorinhas, escarpas de areia.
Devagar, passo a passo, entrava em vossas águas
E a correnteza enlaçava-me os joelhos quedamente,
E eu me confiava a ela, que me levou, e fui nadando
Pelo grande céu do sul triunfante e espelhado.
Também estive em vossas margens no começo das noites de verão,
Quando surge a lua cheia e os lábios juntam-se no rito.
Ouço em mim como outrora esses murmúrios junto ao cais,
A chamada, um abraço e o alívio.
Partimos com o rebate do sino das cidades inundadas.
Os legados das antigas gerações saúdam os esquecidos.
E o vosso curso incessante leva além e além.
Nem é nem foi. Dura apenas o instante eterno.
**
Rzeki
Pod rozmaitymi imionami was tylko sławiłem, rzeki!
Wy jesteście i miód i miłość i śmierć i taniec.
Od źródła w tajemnych grotach bijącego spośród omszałych kamieni,
Gdzie bogini ze swoich dzbanów nalewa wodę żywą,
Od jasnych zdrojów na murawach, pod którymi szemrzą poniki,
Zaczyna się wasz bieg i mój bieg, i zachwyt i przemijanie.
Na słońce wystawiałem twarz, nagi, sterujący z rzadka zanurzeniem wiosła,
I mknęły dębowe lasy, łąki, sosnowy bór,
Za każdym zakrętem otwierała się przede mną ziemia obietnicy,
Dymy wiosek, senne stada, loty jaskółek-brzegówek, piaskowe obrywy.
Powoli, krok za krokiem, wstępowałem w wasze wody
I nurt mnie podejmował milcząco za kolana,
Aż powierzyłem się, i uniósł mnie, i płynąłem
Przez wielkie odbite niebo triumfalnego południa.
I byłem na waszych brzegach o zaczęciu letniej nocy,
Kiedy wytacza się pełnia i łączą się usta w obrzędzie.
I szum wasz koło przystani, jak wtedy w sobie słyszę
Na przywołanie, objęcie, i na ukojenie.
Z biciem we wszystkie dzwony zatopionych miast odchodzimy
Zapominanych witają poselstwa dawnych pokoleń.
A pęd wasz nieustający zabiera dalej i dalej.
I ani jest ani było. Tylko trwa wieczna chwila.
.
....................................................... 1980
- Czesław Miłosz "'Rios' / 'Rzeki'". [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses: Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz. [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.
§§
Maria Madalena e eu
Os sete espíritos danados de Maria Madalena,
Dela expulsos pela oração do Mestre,
Adejam no ar em vôo de morcego,
Enquanto ela, sentada sobre uma perna
E a outra dobrada no joelho, fica olhando
O dedo maior do pé e a correia da sandália,
Como se visse tal espanto pela primeira vez.
Seu cabelo castanho enrola-se em anéis
E cobre-lhe as costas, fortes, quase másculas,
Pousando no ombro em um vestido azul escuro,
Debaixo do qual fosforece sua nudez.
O rosto algo pesado, e o pescoço preparando
A voz fosca, baixa, como que rouca.
Mas não vai dizer nada. Para sempre entre
O elemento da corporeidade e outro elemento,
O da esperança, assim ficará, e no canto do quadro
As iniciais do pintor que a desejava.
**
Maria Magdalena i ja
Siedem duchów nieczystych Marii Magdaleny
Wygnanych z niej modlitwą przez Nauczyciela
Unosi się w powietrzu lotem nietoperzy,
Podczas gdy ona, z jedną nogą podwiniętą,
Drugą zgiętą w kolanie, siedzi zapatrzona
W wielki palec jej stopy i rzemień sandału
Jak gdyby po raz pierwszy dziw taki widziała.
Jej włos kasztanowaty zwija się w pierścienie
I okrywa jej plecy, silne, prawie męskie,
Kładąc się na ramieniu w ciemnomodrej sukni,
Pod którą nagość jej fosforyzuje.
Twarz jest ciężkawa, szyja głos matowy,
Niski, jakby ochrypły, przygotowująca.
Ale nie powie nic. Na zawsze pomiędzy
Żywiołem cielesności i drugim żywiołem,
Nadzieją, tak zostanie, a w kącie obrazu
Inicjały malarza, który jej pożądał.
...........................................................................................1985
- Czesław Miłosz "'Maria Madalena e eu' / 'Maria Magdalena i ja'". [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses: Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz. [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.
§§
Linhagem
......................................... A Jan Lebestein
Temos decerto muito em comum
Todos nós, que crescemos nas cidades barrocas
Sem indagar do rei fundador da igreja
Que vemos todos os dias, das princesas que moravam no palácio
Ou dos arquitetos e escultores, seus nomes,
Seu lugar e seu tempo, e o quanto foram famosos.
Preferimos jogar bola sob a fila dos pórticos lavrados.
Correr junto às sacadas e escadas de mármore.
Depois, nos eram mais agradáveis os parques sombreados
Do que o amontoado dos anjos de gesso lá em cima, sobre nossas cabeças.
Algo ficou, no entanto: a predileção da linha curva,
Altas espirais de opostos como chama,
E as mulheres enfeitadas em riquíssimos drapejos
Para dar brilho à dança dos esqueletos.
**
Rodowód
......................................... Janowi Lebensteinowi
Na pewno mamy wiele ze sobą wspólnego
My wszyscy, którzy rośliśmy w miastach baroku,
Nie pytając, jaki król ufundował kościół
Mijany co dzień, jakie księżne mieszkały w pałacu
Ani jak nazywali się architekci, rzeźbiarze,
Skąd przybyli i kiedy, czym stali się sławni.
Woleliśmy grać w piłkę pod rzędem strojnych portyków,
Biegać obok wykuszów i schodów z marmuru.
Potem nam były milsze ławki w cienistych parkach
Niż nad głowami gęstwa gipsowych aniołów.
A jednak coś nam zostało; predylekcja do linii krętej,
Wysokie spirale przeciwieństw, płomieniopodobne,
Strojenie kobiet w suto drapowane suknie,
Żeby dodawać blasku tańcowi szkieletów.
- Czesław Miłosz "'Linhagem' / 'Rodowód'". [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. In: Quatro poetas poloneses: Wislawa Szymborska, Tadeusz Rozewicz, Zbigniew Herbert e Czeslaw Milosz. [tradução e prefácio Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura, 1994.
§§
História da Literatura Polonesa
Lá, onde as gaivotas dormindo em névoas nadam sobre
superfícies tranqüilas,
e além, onde navios sobem e descem.
A notícia a esse respeito corre sob a lua da montanha,
mostrando o poeta à mesa,
no quarto frio, numa cidade pouco conhecida,
quando o relógio bate na torre.
Seu lar está nos espinhos do pinheiro, no balido da corça,
Na explosão das estrelas dentro do punho.
O relógio não lhe mede o poema. Ribomba
como a idade do mar na profundeza da concha
que jamais silencia. Dura. E o seu sussurro
que imita os homens é forte.
Feliz o povo que possui poetas
e em seus tormentos não caminha calado.
Apenas os oradores não gostam dos poetas.
**
- Czesław Miłosz [tradução Aleksandar Jovanović]. In: Céu Vazio – 63 poetas eslavos. organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução de Aleksandar Jovanović. São Paulo: Hucitec, 1996.
§§
Pequeno poema sobre o fim do mundo
Quando chegar o fim do mundo,
A abelha estará sobrevoando a espora-de-galo,
O pescador estará consultando a rede brilhante,
Os delfins estarão saltando alegres no mar,
Os pardais estarão a reunir-se sobre o telhado,
A pele da cobra brilhará como sempre.
Quando chegar o fim do mundo,
As mulheres irão para debaixo dos guarda-sóis,
O bêbado adormecerá em algum lugar sobre a relva,
Os verdureiros farão suas vendas gritando,
O barco de vela amarela chegará à ilha,
As violas soarão no ar,
Abrindo a noite estrelada.
Quem esperar raios e trovões
Vai decepcionar-se;
Quem aguardar um sinal e trombetas de anjos,
Nem acreditará que o fim já chegou.
Enquanto o sol e a lua brilharem lá em cima,
Enquanto o insecto visitar a rosa,
Enquanto crianças coradas ainda se alegrarem,
Ninguém acreditará que o fim já chegou.
Até que o velhote grisalho, que poderia ser profeta,
Mas não é profeta, porque o seu trabalho é outro,
Dirá ao amarrar tomates:
Nem haverá um outro fim do mundo.
**
Piosenka o końcu świata
W dzień końca świata
Pszczoła krąży nad kwiatem nasturcji,
Rybak naprawia błyszczącą sieć.
Skaczą w morzu wesołe delfiny,
Młode wróble czepiają się rynny
I wąż ma złotą skórę, jak powinien mieć.
W dzień końca świata
Kobiety idą polem pod parasolkami,
Pijak zasypia na brzegu trawnika,
Nawołują na ulicy sprzedawcy warzywa
I łódka z żółtym żaglem do wyspy podpływa,
Dźwięk skrzypiec w powietrzu trwa
I noc gwiaździstą odmyka.
A którzy czekali błyskawic i gromów,
Są zawiedzeni.
A którzy czekali znaków i archanielskich trąb,
Nie wierzą, że staje się już.
Dopóki słońce i księżyc są w górze,
Dopóki trzmiel nawiedza różę,
Dopóki dzieci różowe się rodzą,
Nikt nie wierzy, że staje się już.
Tylko siwy staruszek, który byłby prorokiem,
Ale nie jest prorokiem, bo ma inne zajęcie,
Powiada przewiązując pomidory:
Innego końca świata nie będzie,
Innego końca świata nie będzie.
- Czesław Miłosz [tradução Aleksandar Jovanović]. In: Céu Vazio – 63 poetas eslavos. organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução de Aleksandar Jovanović. São Paulo: Hucitec, 1996.
§§
Ars poetica?
Sempre aspirei por uma forma mais ampla,
que não fosse nem poesia nem prosa em demasia
e permitisse a compreensão, sem expor ninguém,
nem autor nem leitor, a grandes tormentos.
Em sua essência, a poesia é algo horrível:
nasce de nós uma coisa que não sabíamos que está dentro de nós,
e piscamos os olhos como se atrás de nós tivesse saltado um tigre,
e tivesse parado na luz, batendo a cauda sobre os quadris.
É por isso que se afirma, com razão, que a poesia é ditada por um espírito,
embora haja exagero em afirmar que se trata de um anjo.
É difícil de entender a soberba dos poetas,
por que se envergonham, quando a fraqueza deles acaba descoberta.
Que homem inteligente gostaria de ser o país dos demónios,
que nele se multiplicam como em sua própria casa, falam inúmeras línguas,
e como se não lhes bastasse roubar-lhe a boca e as mãos,
ainda tentam alterar-lhe o destino a seu bel-prazer?
Porque hoje se respeita tudo o que é adoentado,
alguém poderá pensar que estou brincando apenas,
ou que encontrei uma outra maneira
de elogiar a Arte através da ironia.
Houve um tempo em que somente livros sábios eram lidos,
que ajudam a suportar a dor e a desgraça.
Mas isso não é o mesmo que examinar milhares
de obras oriundas directamente das clínicas psiquiátricas.
Mas o mundo é diferente daquilo que nos parece,
e nós próprios somos diferentes dos nossos delírios.
Por isso as pessoas conservam a sua silente cortesia,
para obter o respeito de parentes e vizinhos.
A vantagem da poesia consiste no facto de lembrar-nos
da dificuldade de manter a identidade,
pois a nossa casa está aberta, não há chave na porta,
e hóspedes invisíveis entram e saem.
Concordo, o que estou contando aqui não é poesia.
Poesias devem ser escritas poucas vezes e de má vontade,
sob uma pressão insuportável e apenas na esperança
de que os bons espíritos, e não os maus, tenham em nós o seu instrumento.
**
Ars poetica?
Zawsze tęskniłem do formy bardziej pojemnej,
która nie byłaby zanadto poezją ani zanadto prozą
i pozwoliłaby się porozumieć nie narażając nikogo,
autora ni czytelnika, na męki wyższego rzędu.
W samej istocie poezji jest coś nieprzystojnego:
powstaje z nas rzecz, o której nie wiedzieliśmy, że w nas jest,
więc mrugamy oczami, jakby wyskoczył z nas tygrys
i stał w świetle, ogonem bijąc się po bokach.
Dlatego słusznie się mówi, że dyktuje poezję dajmonion,
choć przesadza się utrzymując, że jest na pewno aniołem.
Trudno pojąć skąd się bierze ta duma poetów
jeżeli wstyd im nieraz, że widać ich słabość.
Jaki rozumny człowiek zechce być państwem demonów,
które rządzą się w nim jak u siebie, przemawiają mnóstwem języków,
a jakby nie dosyć im było skraść jego usta i rękę
próbują dla swojej wygody zmieniać jego los?
Ponieważ co chorobliwe jest dzisiaj cenione,
ktoś może myśleć, że tylko żartuję
albo że wynalazłem jeszcze jeden sposób
żeby wychwalać Sztukę z pomocą ironii.
Był czas, kiedy czytano tylko mądre książki
pomagające znosić ból oraz nieszczęście.
To jednak nie to samo co zaglądać w tysiąc
dzieł pochodzących prosto z psychiatrycznej kliniki.
A przecie świat jest inny niż się nam wydaje
i my jesteśmy inni niż w naszym bredzeniu.
Ludzie więc zachowują milczącą uczciwość,
tak zyskując szacunek krewnych i sąsiadów.
Ten pożytek z poezji, że nam przypomina
jak trudno jest pozostać tą samą osobą,
bo dom nasz jest otwarty, we drzwiach nie ma klucza
a niewidzialni goście wchodzą i wychodzą.
Co tutaj opowiadam, poezją, zgoda, nie jest.
Bo wiersze wolno pisać rzadko i niechętnie,
pod nieznośnym przymusem i tylko z nadzieją,
że dobre, nie złe duchy, mają w nas instrument.
...................................................... Berkeley, 1968
- Czesław Miłosz [tradução Aleksandar Jovanović]. In: Céu Vazio – 63 poetas eslavos. organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução de Aleksandar Jovanović. São Paulo: Hucitec, 1996.
§§
Filho da Europa
1
Nós, que inalamos o que o dia tem de doce,
Que em maio vemos os ramos florescerem,
Somos melhores do que aqueles que morreram.
Nós que degustamos pratos refinados,
Que sabemos fruir dos deleites do amor,
Somos melhores do que quem foi enterrado.
Das fornalhas que ardiam e dos arames entre os quais uivavam
Ventos de outonos sem fim, do ar que gemia ferido nas batalhas,
Nós nos salvamos com saber e astúcia.
Mandando os outros aos lugares mais expostos,
Incitando-os aos gritos a lutarem,
Recuávamos cientes da causa perdida.
Tendo que optar entre nossa morte e a de um amigo,
Escolhíamos a dele, pensando friamente: que assim seja.
Vedávamos as portas das câmaras-de-gás, roubávamos pão,
Certos de que o dia seguinte seria pior que o anterior.
Conhecemos, como cabe aos humanos, o bem e o mal.
Nosso saber maligno é sem rival na Terra.
Aceita que somos melhores do que eles,
Os crédulos, frágeis e impetuosos, mas negligentes com a própria vida.
2
Cuida de teu legado de perícias, filho da Europa,
Herdeiro de catedrais góticas, de igrejas barrocas,
De sinagogas repletas dos lamentos de um povo ultrajado.
Descendente de Descartes, Spinoza, legatário da palavra “honra”,
Filho póstumo de Leônidas,
Cuida das perícias adquiridas nas horas de horror.
Tua mente arguta distingue no ato
os lados bons e ruins do que quer que seja.
Tua mente cética e elegante desfruta prazeres
Insuspeitados pelos povos primitivos.
Guiado por uma mente assim não há como não veres
Quão justo é o conselho que te damos:
Que a doçura do dia te encha os pulmões.
Temos, para tanto, regras severas mas sábias.
3
Nem se cogite que venceu a força.
Vivemos na era do triunfo da justiça.
Não fales nunca em força, ou serás acusado
De professar em segredo doutrinas mortas.
Quem tem poder, deve-o à lógica da história.
Rende a esta lógica a homenagem que lhe cabe.
Que teus lábios, enunciando uma hipótese,
Não saibam da mão que adultera o experimento.
Que tuas mãos, adulterando o experimento,
Não saibam dos lábios que enunciam a hipótese.
Aprende a predizer com infalível precisão o incêndio.
Põe fogo então na casa para que a predição se realize.
4
Cultiva de um grão de verdade a planta da mentira.
Não mintas como os que desdenham o real.
Seja tua mentira mais lógica que os fatos,
Para que nela quem se cansou de peregrinar ache repouso.
Depois do Dia da Mentira, em círculos seletos,
gargalharemos à menção de nossos verdadeiros atos.
Distribuindo elogios como: raciocínio perspicaz.
Ou elogios como: talento insuperável.
Os últimos a haurirmos alegria do cinismo,
Nossa astúcia não se distingue do desespero.
Está surgindo uma nova e sisuda geração
Que leva a sério tudo do que ríamos.
5
Que tuas palavras signifiquem não pelo próprio sentido,
Mas devido a contra quem foram usadas.
Faz das palavras dúbias tuas armas.
Relega às brumas da enciclopédia as claras.
Jamais julgues palavra alguma antes que os funcionários
Verifiquem nos fichários quem a disse.
A voz da paixão supera a da razão.
Os desapaixonados não mudam a história.
6
Não ames pais algum: países somem facilmente.
Não ames cidade alguma: cidades tornam-se entulho facilmente.
Não guardes recordações ou tua gaveta
há de exalar miasmas sufocantes.
Não ames as pessoas: elas perecem depressa.
Ou, quando injustiçadas, pedem tua ajuda.
Não contemples as lagoas do passado: sua superfície ferrugenta
Há de refletir um rosto diferente daquele que esperavas.
7
Quem quer que invoque a história está seguro.
Não se erguerão os mortos para desmenti-lo.
Atribui-lhes as ações que desejares.
Sua resposta será sempre o silêncio.
Seus rostos emergem vazios do fundo das trevas.
Dá-lhes as feições que quiseres.
Orgulhoso do poder sobre gente há muito desaparecida,
Melhora, à tua própria imagem, o passado.
8
O riso nascido do respeito à verdade
É agora o riso dos inimigos do povo.
A era da sátira acabou. Não temos mais que usar
Subentendidos para zombar de tiranos senis.
Severos como convém aos construtores da causa,
Permitir-nos-emos apenas o humor da adulação.
Lábios cerrados, obedecendo a razão,
Entremos cautelosos na era do fogo liberado.
**
Dziecię Europy
1
My, którym słodycz dnia przenika do płuc
I widzimy gałęzie rozkwitające w maju
Jesteśmy lepsi od tych co zginęli.
My, którzy smakujemy długo żując jadło
I oceniamy w pełni igraszki miłości
Jesteśmy lepsi od nich, pogrzebanych.
Z pieców ognistych, zza drutów w których świszcze wiatr
nieskończonych jesieni,
Z bitw kiedy w spazmie ryczy zranione powietrze
Uratowaliśmy się przebiegłością i wiedzą.
Wysyłając innych na miejsca bardziej zagrożone,
Podniecając ich krzykami do boju,
Wycofując się w przewidywaniu straconej sprawy.
Do wyboru mając śmierć własną i śmierć przyjaciela
Wybieraliśmy jego śmierć, myśląc zimno: byle się spełniło.
Uszczelnialiśmy drzwi gazowych komór, kradliśmy chleb,
Wiedząc że dzień następny cięższy będzie od poprzedniego.
Jak należy się ludziom poznaliśmy dobro i zło.
Nasza złośliwa mądrość nie ma sobie równej na ziemi.
Należy uznać za dowiedzione, że jesteśmy lepsi od tamtych,
Łatwowiernych, zapalnych a słabych, mało sobie ceniących życie.
2
Szanuj nabyte umiejętności, o dziecię Europy.
Dziedzicu gotyckich katedr, barokowych kościołów
I synagog w których rozbrzmiewał płacz krzywdzonego ludu,
Dziedzicu Kartezjusza i Spinozy, spadkobierco słowa "honor",
Pogrobowcze Leonidasów,
Szanuj umiejętności nabyte w godzinie grozy.
Umysł masz wyćwiczony, umiejący rozpoznać natychmiast
Złe i dobre strony każdej rzeczy.
Umysł masz sceptyczny a wytworny, dający uciechy
O jakich nic nie wiedzą prymitywne ludy.
Tym umysłem wiedziony, rozpoznasz natychmiast
Słuszność rad których udzielamy.
Niech dnia słodycz przenika do płuc.
Po to mądre a ścisłe przepisy.
3
Nie może być mowy o triumfie siły
Bowiem jest to epoka gdy zwycięża sprawiedliwość.
Nie wspominaj o sile, by cię nie posądzono
Że w ukryciu wyznajesz doktryny upadłe.
Kto ma władzę, zawdzięcza ją logice dziejów.
Oddaj logice dziejów cześć jej należną.
Niech nie wiedzą usta wypowiadające hipotezę
O rękach które właśnie fałszują eksperyment.
Niech nie wiedzą twoje ręce fałszujące eksperyment
O ustach, które właśnie wypowiadają hipotezę.
Umiej przewidzieć pożar z dokładnością nieomylną.
Po czym podpalisz dom i spełni się co być miało.
4
Z małego nasienia prawdy wyprowadzaj roślinę kłamstwa,
Nie naśladuj tych co kłamią, lekceważąc rzeczywistość.
Niech kłamstwo logiczniejsze będzie od wydarzeń,
Aby znużeni wędrówką znaleźli w nim ukojenie.
Po dniu kłamstwa gromadźmy się w dobranym kole
Bijąc się w uda ze śmiechu, gdy wspomni kto nasze czyny.
Rozdając pochwały pod nazwą bystrości rozumowania
Albo pochwały pod nazwą wielkości talentu.
My ostatni, którzy z cynizmu umiemy czerpać wesele.
Ostatni których przebiegłość niedaleka jest od rozpaczy.
Już rodzi się pokolenie śmiertelnie poważne
Biorące dosłownie co myśmy przyjmowali śmiechem.
5
Niech słowa twoje znaczą nie przez to co znaczą
Ale przez to wbrew komu zostały użyte.
Ze słów dwuznacznych uczyń swoją broń,
Słowa jasne pogrążaj w ciemność encyklopedii.
Żadnych słów nie osądzaj, zanim urzędnicy
Nie sprawdzą w kartotece kto mówi te słowa.
G;os namiętności lepszy jest niż głos rozumu,
Gdyż beznamiętni zmieniać nie potrafią dziejów.
6
Nie kochaj żadnego kraju: kraje łatwo giną.
Nie kochaj żadnego miasta: łatwo rozpada się w gruz.
Nie przechowuj pamiątek, bo z twojej szuflady
Wzbije się dym trujący dla twego oddechu.
Nie miej czułości dla ludzi: ludzie łatwo giną
Albo są pokrzywdzeni i wzywają twojej pomocy.
Nie patrz w jeziora przeszłości: tafla ich rdzą powleczona
Inną ukaże twarz niż się spodziewałeś.
7
Kto mówi o historii jest zawsze bezpieczny,
Przeciwko niemu świadczyć nie wstaną umarli.
Jakie zapragniesz możesz przypisać im czyny,
Ich odpowiedzią zawsze będzie milczenie.
Z głębi nocy wynurza się ich pusta twarz.
Nadasz jej takie rysy jakich ci potrzeba.
Dumny z władzy nad ludźmi dawno minionymi
Zmieniaj przeszłość na własne, lepsze, podobieństwo.
8
Śmiech powstający z szacunku dla prawdy
Jest śmiechem którym śmieją się wrogowie ludu.
Wiek satyry skończony. Odtąd nie będziemy
Podstępną mową szydzić z nieudolnych monarchów.
Surowi jak przystało budowniczym sprawy
Pozwolimy sobie jedynie na pochlebczą żartobliwość.
Z ustami zaciśniętymi, posłuszni rozumowaniu
Wkraczajmy ostrożnie w erę wyzwolonego ognia.
- Czesław Miłosz [tradução Nelson Ascher]. In: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
§§
Para Raja Rao
Raja, quem me dera saber
a causa desta enfermidade.
Não pude anos a fio aceitar
o lugar em que estava.
Sentia que era em outro que devia estar.
Faltava à cidade, às árvores, às vozes
humanas uma qualidade: a presença.
Eu vivia da esperança de mudar-me.
Havia alhures uma cidade de real presença,
com árvores reais e vozes e amizade e amor reais.
Associa, se quiseres, meu caso peculiar
(no limite da esquizofrenia)
à esperança messiânica
da minha civilização.
Pouco à vontade na tirania, pouco à vontade na república,
ansiava, numa, por liberdade e, na outra, pelo fim da corrupção.
Construía em minha mente uma pólis permanente
e livre para sempre do alvoroço sem propósito.
Aprendi enfim a dizer este é meu lar,
aqui, ante o carvão em brasa dos ocasos no oceano,
no litoral que está em frente ao litoral de tua Ásia
numa grande república, moderadamente corrupta.
Raja, isso não curou
minha culpa e vergonha.
Vergonha de não conseguir ser
o que eu deveria ter sido.
Minha própria imagem
se agiganta na parede
e contra ela
minha sombra miserável.
Assim é que comecei a crer
no Pecado Original
que não passa da primeira
vitória do ego.
Torturado, iludido por meu ego, ofereço-te
de mão beijada, conforme vês, um argumento.
Ouço de ti que a libertação é possível
e que a sabedoria socrática
é a mesma que a do teu guru.
Não, Raja: eu devo partir daquilo que sou.
Sou os monstros que, visitando meus sonhos,
revelam-me minha essência oculta.
Se estou doente, não há prova alguma
de que o homem seja uma criatura saudável.
A Grécia tinha que perder e sua consciência clara
tinha que tornar nossa agonia apenas mais aguda.
Precisávamos de Deus amando-nos em nossa fraqueza
e não na glória da beatitude.
Não há remédio, Raja, só me cabe a agonia,
a luta, a abjeção, amar-me e odiar-me,
rezar pelo Reino dos Céus
e ler Pascal.
**
To Raja Rao
Raja, I wish I knew
the cause of that malady.
For years I could not accept
the place I was in.
I felt I should be somewhere else.
A city, trees, human voices
lacked the quality of presence.
I would live by the hope of moving on.
Somewhere else there was a city of real presence,
of real trees and voices and friendship and love.
Link, if you wish, my peculiar case
(on the border of schizophrenia)
to the messianic hope
of my civilization.
Ill at ease in the tyranny, ill at ease in the republic,
in the one I longed for freedom, in the other for the end of corruption.
Building in my mind a permanent polis
forever deprived of aimless bustle.
I learned at last to say: this is my home,
here, before the glowing coal of ocean sunsets,
on the shore which faces the shores of your Asia,
in a great republic, moderately corrupt.
Raja, this did not cure me
of my guilt and shame.
A shame of failing to be
what I should have been.
The image of myself
grows gigantic on the wall
and against it
my miserable shadow.
That's how I came to believe
in Original Sin
which is nothing but the first
victory of the ego.
Tormented by my ego, deluded by it
I give you, as you see, a ready argument.
I hear you saying that liberation is possible
and that Socratic wisdom
is identical with your guru's.
No, Raja, I must start from what I am.
I am those monsters which visit my dreams
and reveal to me my hidden essence.
If I am sick, there is no proof whatsoever
that man is a healthy creature.
Greece had to lose, her pure consciousness
had to make our agony only more acute.
We needed God loving us in our weakness
and not in the glory of beatitude.
No help, Raja, my part is agony,
struggle, abjection, self-love, and self-hate,
prayer for the Kingdom
and reading Pascal.
..............................................................Berkeley, 1969
- Czesław Miłosz [tradução Nelson Ascher]. In: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
§§
No mais
Preciso contar um dia como mudei
Minha opinião sobre a poesia e por que
Me considero hoje um dos muitos
Mercadores e artesãos do Império do Japão
Compondo versos sobre a floração da cerejeira,
Sobre crisântemos e a lua cheia.
Se eu pudesse descrever as cortesãs
De Veneza, como incitam com uma vareta o pavão no pátio
E desfolhar do tecido sedoso, da cinta nacarina
Os seios pesados, a marca
Avermelhada no ventre onde o vestido se abotoa,
Ao menos assim como as viu o dono das galeotas
Arribadas aquela manhã carregando ouro;
E se ao mesmo tempo pudesse encerrar seus pobres ossos
No cemitério, onde o mar oleoso lambe o portão,
Em palavras mais duráveis que o derradeiro pente
Que entre carcomas sob a lápide, só, espera pela luz.
Não duvidaria. Da resistência da matéria
O que se retém? Nada, quando muito o belo.
Então devem nos bastar as flores de cerejeira
E os crisântemos e a lua cheia.
....................................................................... Montgeron, 1957
**
Nie więcej
Powinienem powiedzieć kiedyś jak zmieniłem
Opinię o poezji i jak się stało,
Że uważam się dzisaj za jednego z wielu
Kupców i rzemieślników Cestarstwa Japonii
Układających wiersze o kwitnieniu wiśni,
O chryzantemach i pełni księżyca.
Gdybym ja mógł weneckie kurtyzany
Opisać, jak w podwórzu witką drażnią pawia
I z tkaniny jedwabnej, z perłowej przepaski
Wyłuskać ociężąłe piersi, czerwonawą
Pręgę na brzuchu od zapięcia sukni,
Tak przynajmniej jak widział szyper galeonów
Przybyłych tego ranka z ładunkiem złota;
I gdybym równocześnie mógł ich biedne kości
Na cmentarzu, gdzie bramę liże tłuste morze,
Zamknąc w słowie mocniejszym niż ostatni grzebień
Który w próchnie pod płytą, sam, czeka na światło.
Tobym nie zwątpił. Z opornej materii
Co da się zebrać? Nic, najwyżej piękno.
A wtedy nam wystarczyć muszą kwiaty wiśni
I chryzantemy i pełnia księżyca.
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Janela
Olhei pela janela ao raiar do dia
e vi uma jovem macieira, diáfana em meio à luz.
Quando olhei de novo ao raiar do dia lá estava
uma grande macieira, carregada de fruto.
Passaram-se decerto muitos anos, mas não me
lembro de nada do que aconteceu neste sonho.
................................................. Berkeley, 1965
**
Okno
Wyjrzałem przez okno o brzasku
i zobaczyłem młodą jabłonkę przezroczystą w jasności.
A kiedy wyjrzałem znowu o brzasku
stała tam wielka jabłoń obciążona owocem.
Więc dużo lat pewnie minęło ale nic nie
pamiętam co zdarzyło się we śnie
................................................. Berkeley, 1965
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do
Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
À Senhora Professora em defesa da honra do gato e não só
(Por ocasião do artigo “Contra a crueldade” de Maria Podraza-Kwiatkowska)
.
Meu amável ajudante, pequeno tigrinho,
Dorme docemente sobre a mesa perto do computador
E sequer imagina que a Senhora está ofendendo sua linhagem.
Os gatos brincam com o rato ou a toupeira meio morta,
Mas a Senhora está enganada, não é por crueldade.
Eles simplesmente veem uma coisa que se mexe.
Pois é bom lembrar que só a consciência
Pode por um instante transferir-se para o Outro,
Com-partilhar a dor e o pânico do rato.
E assim como o gato, é toda a natureza,
Infelizmente indiferente ao mal e ao bem,
Receio que aqui se esconde um dilema.
A história natural tem seus museus.
Não levemos ali as crianças. Para que lhes mostrar os monstros,
A terra dos répteis e anfíbios por milhões de anos?
A natureza que devora, a natureza devorada,
Dia e noite aberto o matadouro de sangue.
E quem foi que o criou? Será um deus bonzinho?
Sim, sem dúvida, eles são inocentes:
As aranhas, os louva-a-deus, os tubarões, os pítons.
Só nós dizemos: crueldade.
O nosso saber e a nossa consciência
Solitários num pálido formigueiro de galáxias
Depositam suas esperanças num Deus humano.
Que não pode não sentir e não pensar,
Que nos é familiar, pelo calor e pelo movimento,
Porque a Ele, como declarou, somos semelhantes.
Mas sendo assim, ele se compadece
De cada rato pego, de cada pássaro ferido.
O universo é para Ele como a Crucificação.
Eis aí quanto resulta do ataque ao gato:
Um esgar teológico agostiniano,
Com o qual, a Senhora sabe, não é fácil andar na terra.
........................................................... 1994
**
Do Pani Profesor w obronie honoru kota i nie tylko
(Z okazji artykułu “Przeciw okrucieństwu” Marii Podrazy-Kwiatkowskiej)
.
Mój miły pomocnik, nieduży tygrysek,
Śpi słodko na biurku obok komputera
I nic nie wie, że Pani jego ród obraża.
Koty bawią się myszą czy półżywym kretem,
Myli się jednak Pani, to nie z okrucieństwa.
Po prostu widzą rzecz, która się rusza.
Bo jednak zważmy, że tylko świadomość
Umie na chwilę przenieść się w to Inne,
Współ-odczuć mękę i panikę myszy.
I tak jak kot, jest cała przyroda,
Obojętna niestety na zło i na dobro,
Obawiam się, że kryje się tutaj dylemat.
Historia naturalna ma swoje muzea.
Nie prowadźmy tam dzieci. Po co im potwory,
Ziemia gadów i płazów przez miliony lat?
Natura pożerająca, natura pożerana,
Dzień i noc czynna rzeźnia dymiąca od krwi.
I kto ją stworzył? Czyżby dobry bozia?
Tak, niewątpliwie, one są niewinne:
Pająki, modliszki, rekiny, pytony.
To tylko my mówimy: okrucieństwo.
Nasza świadomość i nasze sumienie
Samotne w bladym mrowisku galaktyk
Nadzieje pokładają w ludzkim Bogu.
Który nie może nie czuć i nie myśleć,
Który jest nam pokrewny i ciepłem i ruchem,
Bo Jemu, jak oznajmił, jesteśmy podobni.
Ale jeżeli tak, to lituje się
Nad każdą schwytaną myszą, skaleczonym ptakiem.
Wszechświat dla Niego jak Ukrzyżowanie.
Oto ile wynika z ataku na kota:
Teologiczny augustiański grymas,
Z którym chodzić po ziemi, wie Pani, jest trudno.
........................................................... 1994
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Mestre do meu ofício
................................................................................À memória de Jciroslaw Iwaszkiewicz
Seus poemas me seduziam pelas cores puras
Ou por sua paixão pela morte?
Porque sem dúvida era apaixonado pela morte.
Era ela a verdade e o conteúdo da ilusão de existir.
Ela toma
o rosa dourado das torres,
o verde pálido dos mármores,
o violeta dos céus,
o vermelho das passagens das flautas.
Ela cala para sempre o grito do amor:
No nevoeiro lilás das cinzas,
Entre restolhos e grises,
Tal como nódoa alaranjada
A sarça ardente de tua nudez.
* * *
Agora vejo que na doçura dionisíaca de morrer há algo de impudente.
A finitude de pessoas e coisas não é o único mistério do tempo.
Que desafia a vencermos a tentação de nossa subserviência.
E à beira mesma do abismo pôr a mesa, sobre ela o copo, o cântaro e duas maçãs.
A fim de que celebrem o inatingível Agora.
.........................................................................................................2002
**
Mistrz mego rzemiosła
................................................................................ Pamięci Jarosława Iwaszkiewicza
Czy w jego wierszach uwodziły mnie czyste kolory
czy też jego zakochanie w śmierci?
Bo niewątpliwie był zakochany w śmierci.
Ona była prawdą i treścią istnieniowej ułudy.
Ona zabiera
różowozłote wieże,
bladozielone marmury,
fioletowe niebiosa,
czerwone pasaże fletów.
Ona ucisza na zawsze krzyk miłosny:
W mgłach liliowych pogorzelisk,
Pośród ściernisk i szarości,
Jak plama pomarańczowa
Ognisty krzak twej nagości.
* * *
Teraz myślę, że w dionizyjskiej słodyczy umierania jest coś nieskromnego.
Przemijanie ludzi i rzeczy nie jest jedyną tajemnicą czasu.
Który wzywa, żeby zwyciężać pokusę naszego poddaństwa.
I na samym brzegu otchłani ustawić stół, na nim szklankę, dzban i dwa jabłka.
Żeby uświetniały niedosiężne Teraz.
......................................................................................................... 2002
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Campo di Fiori
Em Roma no Campo di Fiori
As cestas de limões e azeitonas,
A calçada respingada com vinho
E as flores despedaçadas.
Os frutos do mar rosados,
Os feirantes espalham nas mesas,
As pencas de uvas escuras
Resvalam na penugem dos pêssegos.
Foi aqui, justo nesta praça
Que queimaram Giordano Bruno
O algoz acendeu a pira
Cercado por turba curiosa.
E assim que baixaram as chamas
Já estavam cheias as tabernas,
Levavam nas cabeças, os feirantes,
As cestas de limões e azeitonas.
Lembrei-me do Campo di Fiori
Junto ao carrossel em Varsóvia,
Na tardinha de primavera
Ao som de uma canção saltitante.
As salvas trás o muro do Gueto
A canção saltitante abafava
E casais lá no alto voavam
No céu sereno e limpo.
O vento das casas em chamas
Trazia pipas negras às vezes,
Pegavam no ar os retalhos
Os que iam no carrossel.
As saias, às moças levantava
O vento das casas em chamas,
E ria o povo alegre
No lindo domingo de Varsóvia.
A moral, alguém interpreta,
Que o povo varsoviano ou romano
Negocia, diverte-se, ama
Passando por piras de mártires.
Outro a moral interpreta
Que fugazes são as coisas humanas
Que o esquecimento já cresce
Quando nem se apagaram as chamas
Mas eu naquela hora pensava
Na solidão dos que morrem.
Pensava que quando Giordano
No cadafalso subia,
Não achou em língua humana
Nenhuma palavra adequada,
Pra dar adeus à humanidade,
À humanidade que fica.
Já iam entornar os cântaros,
Vender as estrelas do mar brancas,
As cestas de limões e azeitonas,
Levavam na algazarra alegre.
E ele estava deles distante,
Como séculos tivessem passado,
E eles esperassem um momento
Para vê-lo voando das chamas
E aqueles, morrendo solitários,
Pelo mundo já esquecidos,
Nossa língua agora estranham
Como a língua de um planeta antigo.
Tudo será lenda um dia
E então, muitos anos passados
Causará a palavra do poeta
A rebelião num novo Campo di Fiori
..................................................................... Varsóvia – Páscoa, 1943
**
Campo di Fiori
W Rzymie na Campo di Fiori
Kosze oliwek i cytryn,
Bruk opryskany winem
I odłamkami kwiatów.
Różowe owoce morza
Sypią na stoły przekupnie,
Naręcza ciemnych winogron
Padają na puch brzoskwini.
Tu na tym właśnie placu
Spalono Giordana Bruna,
Kat płomień stosu zażegnął
W kole ciekawej gawiedzi.
A ledwo płomień przygasnął,
Znów pełne były tawerny,
Kosze oliwek i cytryn
Nieśli przekupnie na głowach.
Wspomniałem Campo di Fiori
W Warszawie przy karuzeli,
W pogodny wieczór wiosenny,
Przy dźwiękach skocznej muzyki.
Salwy za murem getta
Głuszyła skoczna melodia
I wzlatywały pary
Wysoko w pogodne niebo.
Czasem wiatr z domów płonących
Przynosił czarne latawce,
Łapali skrawki w powietrzu
Jadący na karuzeli.
Rozwiewał suknie dziewczynom
Ten wiatr od domów płonących,
śmiały się tłumy wesołe
W czas pięknej warszawskiej niedzieli.
Morał ktoś może wyczyta,
że lud warszawski czy rzymski
Handluje, bawi się, kocha
Mijając męczeńskie stosy.
Inny ktoś morał wyczyta
O rzeczy ludzkich mijaniu,
O zapomnieniu, co rośnie,
Nim jeszcze płomień przygasnął.
Ja jednak wtedy myślałem
O samotności ginących.
O tym, że kiedy Giordano
Wstępował na rusztowanie,
Nie znalazł w ludzkim języku
Ani jednego wyrazu,
Aby nim ludzkość pożegnać,
Tę ludzkość, która zostaje.
Już biegli wychylać wino,
Sprzedawać białe rozgwiazdy,
Kosze oliwek i cytryn
Nieśli w wesołym gwarze.
I był już od nich odległy,
Jakby minęły wieki,
A oni chwilę czekali
Na jego odlot w pożarze.
I ci ginący, samotni,
Już zapomniani od świata,
Język nasz stał się im obcy
Jak język dawnej planety.
Aż wszystko będzie legendą
I wtedy po wielu latach
Na nowym Campo di Fiori
Bunt wznieci słowo poety.
..................................................................... Warszawa - Wielkanoc, 1943
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Descrição de si mesmo junto a um copo de whisky no aeroporto, digamos em Minneapolis
Meus ouvidos ouvem cada vez menos das conversas, meus olhos vão ficando mais fracos, mas não se fartaram.
Vejo suas pernas em minissaias, em calças compridas ou tecidos voláteis,
Observo uma a uma, suas bundas e coxas, pensativo, acalentado por sonhos pornô.
Velho depravado, é a cova que te espera, não os jogos e folguedos da juventude.
Não é verdade, faço apenas o que sempre fiz, compondo cenas dessa terra sob as ordens de uma imaginação erótica.
Não desejo a estas criaturas, desejo tudo, e elas são como o signo de uma convivência extática.
Não é minha culpa se somos feitos assim, metade contemplação desinteressada, e metade apetite.
Se após a morte eu chegar ao Céu, lá deve ser como aqui, só que me terei desfeito da obtusidade dos sentidos e do peso dos ossos.
Tornado puro olhar, sorverei ainda as proporções do corpo humano, a cor da íris, uma rua de Paris em junho de manhãzinha, toda a incompreensível, a incompreensível multidão das coisas visíveis.
**
Uczciwe opisanie samego siebie nad szklanką whisky na lotnisku, dajmy na to w Minneapolis
Moje uszy coraz mniej słyszą z rozmów, moje oczy słabną, ale dalej są nienasycone.
Widzę ich nogi w minispódniczkach, spodniach albo w powiewnych tkaninach,
Każdą podglądam osobno, ich tyłki i uda, zamyślony, kołysany marzeniami porno.
Stary lubieżny dziadu, pora tobie do grobu, nie na gry i zabawy młodości.
Nieprawda, robię to tylko, co zawsze robiłem, układając sceny tej ziemi z rozkazu
erotycznej wyobraźni.
Nie pożądam tych właśnie stworzeń, pożądam wszystkiego, a one są jak znak ekstatycznego obcowania.
Nie moja wina, że jesteśmy tak ulepieni, w połowie z bezinteresownej kontemplacji, i
w połowie z apetytu.
Jeżeli po śmierci dostanę się do Nieba, musi tam być jak tutaj, tyle że pozbędę się
tępych zmysłów i ociężałych kości.
Zmieniony w samo patrzenie, będę dalej pochłaniał proporcje ludzkiego ciała, kolor irysów, paryską ulicę w czerwcu o świcie, całą niepojętą, niepojętą mnogość widzialnych rzeczy.
............................................................. (2000)
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
A perda é meu quinhão*
Rajá, se eu soubesse
a causa dessa doença.
Por longos anos não me conformei ao
lugar em que estava.
Tinha a impressão de que deveria
estar alhures.
À cidade, às árvores, vozes humanas
faltava o que chamamos de presença.
Vivia da esperança de ir embora.
Alhures havia uma cidade verdadeiramente presente,
uma cidade de verdadeiras árvores e vozes,
amizades e amores.
Associa, se quiseres, esse meu caso
no limite da esquizofrenia
ao sonho messiânico
de minha civilização.
Sofrendo na tirania, sofrendo na república,
ali queria salvar a liberdade, aqui dar cabo da podridão.
Erigindo na mente cidades eternas
donde para sempre desapareceria a desatinada azáfama.
Aprendi afinal a dizer: aqui é minha casa,
aqui, frente ao carvão em brasa dos crepúsculos oceânicos,
nessa margem que se inclina para as margens da tua Ásia,
numa grande república, comedidamente podre.
Isso não me curou todavia
do sentimento de culpa e vergonha.
Vergonha, porque não me tornei
quem deveria ter sido.
A imagem de mim mesmo
se agiganta na parede
e diante dela
que mísera minha sombra.
Eis então que acreditei
no Pecado Original,
que não é nada mais
do que a primeira vitória do ego.
Paralisado por meu ego,
perseguindo suas miragens,
dou a ti, como vês,
um ótimo argumento.
Ouço o que dizes agora,
que a libertação é possível
e a sabedoria socrática
e a sabedoria do teu guru
são um e o mesmo.
Não, Rajá, preciso começar do que sou.
Sou esses monstros que me visitam em sonhos
e revelam
minha encoberta essência.
Se estou doente, falta no entanto uma prova
de que o homem pode se considerar são.
A Grécia tinha de sucumbir, sua límpida consciência
acabaria apenas aguçando nossa angústia.
Era-nos necessário um Deus que nos amasse em nossa fraqueza,
Não na glória da perfeita unidade.
Debalde, Rajá, a perda é meu quinhão,
o combate, a infâmia, o egoísmo de odiar-se,
a prece pela iminência do Reino —
e os pensamentos de Pascal.
.........................................................................Berkeley, 1969
**
To Raja Rao
Raja, I wish I knew
the cause of that malady.
For years I could not accept
the place I was in.
I felt I should be somewhere else.
A city, trees, human voices
lacked the quality of presence.
I would live by the hope of moving on.
Somewhere else there was a city of real presence,
of real trees and voices and friendship and love.
Link, if you wish, my peculiar case
(on the border of schizophrenia)
to the messianic hope
of my civilization.
Ill at ease in the tyranny, ill at ease in the republic,
in the one I longed for freedom, in the other for the end of corruption.
Building in my mind a permanent polis
forever deprived of aimless bustle.
I learned at last to say: this is my home,
here, before the glowing coal of ocean sunsets,
on the shore which faces the shores of your Asia,
in a great republic, moderately corrupt.
Raja, this did not cure me
of my guilt and shame.
A shame of failing to be
what I should have been.
The image of myself
grows gigantic on the wall
and against it
my miserable shadow.
That's how I came to believe
in Original Sin
which is nothing but the first
victory of the ego.
Tormented by my ego, deluded by it
I give you, as you see, a ready argument.
I hear you saying that liberation is possible
and that Socratic wisdom
is identical with your guru's.
No, Raja, I must start from what I am.
I am those monsters which visit my dreams
and reveal to me my hidden essence.
If I am sick, there is no proof whatsoever
that man is a healthy creature.
Greece had to lose, her pure consciousness
had to make our agony only more acute.
We needed God loving us in our weakness
and not in the glory of beatitude.
No help, Raja, my part is agony,
struggle, abjection, self-love, and self-hate,
prayer for the Kingdom
and reading Pascal.
......................................................................... Berkeley, 1969
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
-----------------
* Depois de uma longa conversa do poeta polonês Czesław Miłosz — um dos poetas mais “queridos” para mim — com o filósofo e escritor hindu Raja Rao, Czesław envia uma carta ao hindu com um poema no final. Escrito originalmente em inglês, ele depois o reescreveu em polonês.
§§
Dádiva
Um dia tão feliz.
A névoa baixou cedo, eu trabalhava no jardim.
Os colibris se demoravam sobre a flor de madressilva.
Não havia coisa na terra que eu quisesse possuir.
Não conhecia ninguém que valesse a pena invejar.
O que aconteceu de mau, esqueci.
Não tinha vergonha ao pensar que fui quem sou.
Não sentia no corpo nenhuma dor.
Me endireitando, vi o mar azul e velas.
.............................................. Berkeley, 1971
**
Dar
Dzień taki szczęśliwy,
Mgła opadła wcześnie, pracowałem w ogrodzie.
Kolibry przystawały nad kwiatem kaprifolium.
Nie było na ziemi rzeczy, którą chciałbym mieć.
Nie znałem nikogo, komu warto byłoby zazdrościć.
Co przydarzyło się złego zapomniałem.
Nie wstydziłem się myśleć, że byłem, kim jestem.
Nie czułem w ciele żadnego bólu.
Prostując się, widziałem niebieskie morze i żagle.
.............................................. Berkeley, 1971
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Parábola sobre o grão de papoula
Fica a casinha no grão de papoula,
para a lua de papoula latem os cachorros
e nunca pensaram os cães de papoula
que há um mundo maior trás os morros.
A Terra não é mais que um grãozinho,
outros grãozinhos – planetas e astros,
e nem que fossem quase um milhãozinho,
em cada cabe uma casinha com horto.
E tudo está na cabeça de papoula,
que no jardim com os passos balança
e, vindo a noite, quando a lua rola
ladram os cães, ora alto, ora manso.
**
Przypowieść o maku
Na ziarnku maku stoi mały dom,
Pieski szczekają na księżyc makowy
I nigdy jeszcze tym makowym psom,
Że jest świat większy, nie przyszło do głowy.
Ziemia to ziarnko – naprawdę nie więcej,
A inne ziarnka – planety i gwiazdy.
A choć ich będzie chyba sto tysięcy,
Domek z ogrodem może stać na każdej.
Wszystko w makówce. Mak rośnie w ogrodzie,
Dzieci biegają i mak się kołysze.
A wieczorami, o księżyca wschodzie
Psy gdzieś szczekają, to głośniej, to ciszej.
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Um pobre cristão olha para o gueto
As abelhas circundam o fígado vermelho
As formigas circundam o osso negro
Começa o rasgar, o pisotear das sedas,
Começa o quebrar de vidro, madeira, cobre, niquel, prata, espumas
De gesso, latão, cordas, trompetas, pencas, esferas, cristais –
Crac! O fogo fosfórico das paredes amarelas
Devora o pelo humano e animal.
As abelhas circundam os favos dos pulmões
As formigas circundam o osso branco,
Rasga-se papel, borracha, pano, pele, linho
Fibras, tecidos, celulose, cabelo, escama de serpente, fios
Desaba no fogo o telhado, a parede e
a brasa toma o fundamento
Só existe a arenosa, pisoteada, com apenas uma árvore sem folhas,
Terra
Lentamente, cavando o túnel, move-se o guardião – toupeira
Com uma pequena lanterna vermelha presa na testa.
Toca os corpos sepultados, conta, desbrava o caminho adiante,
Diferencia as cinzas humanas pelo halo iridescente,
As cinzas de cada ser humano pela cor diferente do arco-íris.
As abelhas circundam o rastro vermelho,
As formigas circundam o lugar que foi do meu corpo.
Temo, sim, temo muito o guardião – toupeira.
Sua pálpebra túrgida como a de um patriarca,
Que se sentava amiúde ao brilho das velas
Lendo o grande livro da espécie.
O que lhe direi, eu, o Judeu do Novo Testamento
Que espera há dois mil anos o retorno de Cristo?
Talvez o corpo dilacerado me entregue à sua mirada
E ele me contará entre os ajudantes da morte:
Os Incircuncidados.
**
Biedny chrześcijanin patrzy na ghetto
Pszczoły obudowują czerwoną wątrobę
Mrówki obudowują czarną kość
Rozpoczyna się rodzieranie, deptanie jedwabi,
Rozpoczyna się tłuczenie szkła, drzewa, miedzi, niklu, srebra, pian
Gipsowych, blach, strun, trąbek, kiści, kul, kryształów -
Pyk! Fosforyczny ogień z żółtych ścian
Pochłania ludzkie i zwierzęce włosie.
Pszczoły obudowują plastry płuc
Mrówki obudowują białą kość,
Rozdzierany jest papier, kauczuk, płótno, skóra, len
Włókna, materie, celuloza, włos, wężowa łuska, druty
Wali się w ogniu dach, ściana i żar ogarnia fundament.
Jest już tylko piaszczysta, zdeptana z jednym drzewem bez liści
Ziemia
Powoli, drążąc tunel posuwa się strażnik – kret
Z małą czerwoną latarką przypiętą na czole
Dotyka ciał pogrzebanych, liczy, przedziera się dalej
Rozróżnia ludzki popiół po tęczującym oparze
Popiół każdego człowieka po innej barwie tęczy
Pszczoły obudowują czerwony ślad
Mrówki obudowują miejsce po moim ciele.
Boję się, tak się boję strażnika - kreta.
Jego powieka obrzmiała jak u patriarchy,
Który siadywał dużo w blasku świec
Czytając wielką księgę gatunku.
Cóż powiem mu, ja, Żyd Nowego Testamentu
Czekający od dwóch tysięcy lat na powrót Jezusa?
Może rozbite ciało wyda mnie jego spojrzeniu
I policzy mnie między pomocników śmierci
Nieobrzezanych.
- Czeslaw Milosz, no livro 'Não mais'. [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Retrato grego
Tenho a barba espessa, os olhos velados
Pelas pálpebras, como nos que sabem o preço
Das coisas que viram. Me calo como convém
A um homem ciente de que no coração humano
Cabe mais do que na fala. Deixei o país
Natal, o lar e o serviço público
Não porque buscasse lucro ou aventuras.
Não sou um estrangeiro dos navios.
O rosto comum, o do cobrador de impostos,
Do comerciante, do soldado, não me distingue na multidão.
Nem me recuso a prestar a devida homenagem
Aos deuses locais. E como o que se come.
É quanto basta dizer sobre si mesmo.
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Portret grecki
Brodę mam gęstą, oczy przesłonięte
Powieką, jak u tych co znają cenę
Rzeczy widzianych. Milczę jak przystoi
Mężowi, który wie, że ludzkie serce
Więcej pomieści niż mowa. Rodzinny
Kraj, dom i urząd publiczny rzuciłem
Nie żebym szukał zysku albo przygód.
Nie jestem cudzoziemcem na okrętach.
Twarz pospolita, poborcy podatków,
Kupca, żołnierza, nie różni mnie w tłumie.
Ani się wzbraniam oddać cześć należną
Miejscowym bóstwom. I jem to co inni.
Tyle wystarczy powiedzieć o sobie.
- Czesław Miłosz "'Retrato grego' / 'Portret grecki'". [tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 // Originalmente publicado no livro 'Não mais'. Czeslaw Milosz [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
§§
Terra
Doce pátria minha europeia,
A borboleta que pousa em tuas flores mancha as asas de sangue,
O sangue escorre das presas das tulipas,
Esboça uma estrela no bojo das convulvuláceas
E lava messe de teus grãos.
Tua gente aquece as mãos lívidas
Junto à vela benta de prímula
E ouve nos campos o pranto
Do redemoinho nos canos da arma engatilhada.
És uma terra onde não é vergonha sofrer,
Pois hão de trazer a taça de fluidos amargos
No fundo da qual repousa o veneno dos séculos.
Em tua noite dilacerada de folhas úmidas
Sobre as águas em que ainda flutua
A ferrugem da remota panóplia dos centuriões,
Ao pé das torres destroçadas,
À sombra dos arcos como sombra de arquedutos
Sob o sereno baldaquim das asas da coruja,
Uma papoula vermelha, álgida na geada de lágrimas.
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Ziemia
Słodka moja europejska ojczyzno,
Motyl siadając na twoich kwiatach plami skrzydła krwią,
Krew się zbiera w paszczy tulipanów,
Gwiazdą mieni się na dnie powojów
I spłukuje ziarna twego zboża.
Twoi ludzie grzeją sine ręce
Przy woskowej gromnicy pierwiosnka
I na polach słyszą jak zawodzi
Wicher w lufach ustawionej broni.
Ziemią jesteś gdzie nie wstyd jest cierpieć,
Bo usłużą szklanką gorzkich płynów
W której na dnie jest trucizna wieków.
W twój rozdarty wieczór mokrych liści,
Nad wodami w których dotąd płynie
Rdza zapadłej zbroi centurionów,
U podnóża potrzaskanych wieżyc,
W cieniu przęseł jak cień akweduktów,
Pod spokojnym baldachimem skrzydeł sowy,
Mak czerwony, ścięty szronem łez.
- Czesław Miłosz "'Terra' / 'Ziemia'". [tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 // Originalmente publicado no livro 'Não mais'. Czeslaw Milosz [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
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Nunca de ti, cidade
Nunca de ti, cidade, eu pude partir.
Foram longas milhas mas algo me detinha qual a uma peça de xadrez.
Ia fugindo pela terra que girava cada vez mais depressa
E sempre estive ali: com meus livros na bolsa de pano,
Olhando o marrom das colinas atrás das torres de São Jacó
Enquanto se movem pequeninos um cavalo e um homem ao arado,
Que certamente há muito já não vivem.
Sim, de fato, ninguém entendeu a sociedade nem a cidade,
Os cinemas Lux e Helios, os letreiros Halpern e Segal,
A calçada Świętojerska na chamada Mickiewicz.
Não, ninguém entendeu. Ninguém conseguiu.
Mas quando a vida se consome numa única esperança:
De que algum dia só nitidez e transparência,
É, não raro, pena.
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Nigdy od ciebie, miasto
Nigdy od ciebie, miasto, nie mogłem odjechać.
Długa była mila ale cofało mnie jak figurę w szachach.
Uciekałem po ziemi obracającej się coraz prędzej
A zawsze byłem tam: z książkami w płóciennej torbie,
Gapiący się na brązowe pagórki za wieżami Świętego Jakuba
Gdzie nisza się drobny koń i drobny człowiek za pługiem,
Najoczywiściej od dawna nieżywi.
Tak, to prawda, nikt nie pojął społeczeństwa ni miasta,
Kin Lux i Helios, szyldów Halperna i Segala,
Deptaku na Świętojerskiej nazwanej Mickiewicza.
Nie, nikt nie pojął. Nikomu się nie udało.
Ale kiedy życie się strawi na jednej nadziei:
Że w jakiś dzień już tylko ostrość i przezroczystość,
To, bardzo często, żal.
- Czesław Miłosz "'Nunca de ti, cidade' / 'Nigdy od ciebie, miasto'". [tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 // Originalmente publicado no livro 'Não mais'. Czeslaw Milosz [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
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Conjuro
Bela é a razão humana e invencível.
Nem grades, nem arame farpado, nem trituração de livros,
Nem a condenação ao exílio nada podem contra ela.
Ela instala nas línguas ideias universais
E guia nossa mão, de sorte que escrevemos com maiúscula
Verdade e Justiça, e com minúscula mentira e iniquidade.
Acima do que é ela ergue o que deveria ser,
Inimiga do desespero, amiga da esperança.
Ela não conhece judeu nem grego, servo ou senhor,
Confiando a nosso governo o ofício comum do mundo.
Da vil balbúrdia das palavras atormentadas
Ela salva as frases severas e claras.
Ela nos diz que tudo é sempre novo sob o sol,
Abre a mão petrificada do que já foi.
Bela e muito jovem é a Philo-Sophia
E a poesia, sua aliada a serviço do Bem.
A natureza ainda ontem festejou seu nascimento,
O licorne e o eco trouxeram a notícia às montanhas.
Gloriosa será esta amizade, seu tempo não tem fim.
Seus adversários fadaram-se à destruição.
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Zaklęcie
Piękny jest ludzki rozum i niezwyciężony.
Ani krata, ni drut, ni oddanie książek na przemiał,
Ani wyrok banicji nie mogą nic przeciw niemu.
On ustanawia w języku powszechne idee
I prowadzi nam rękę, więc piszemy x wielkiej litery
Prawda i Sprawiedliwość, a z małej kłamstwo i krzywda.
On ponad to co jest wynosi co być powinno,
Nieprzyjaciel rozpaczy, przyjaciel nadziei.
On nie zna Żyda ni Greka, niewolnika ni pana,
W zarząd oddając nam wspólne gospodarstwo świata.
On z plugawego zgiełku dręczonych wyrazów
Ocala zdania surowe i jasne.
On mówi nam, że wszystko jest ciągle nowe pod słońcem,
Otwiera dłoń zakrzepłą tego co już było.
Piękna i bardzo młoda jest Filo-Sofija
I sprzymierzona z nią poezja w służbie Dobrego.
Natura ledwo wczoraj święciła ich narodziny,
Wieść o tym górom przyniosły jednorożec i echo.
Sławna będzie ich przyjaźń, ich czas nie ma granic.
Ich wrogowie wydali siebie na zniszczenie.
- Czesław Miłosz "'Conjuro' / 'Zaklęcie'". [tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 // Originalmente publicado no livro 'Não mais'. Czeslaw Milosz [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
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Œconomia divina
Não achei que viveria momento tão singular.
Quando o Deus dos trovões e cumes rochosos,
O Senhor dos Exércitos, Kyrios Sabaoth,
Humilhasse mais duramente os homens,
Permitindo que agissem como bem quisessem,
Deixando-lhes as conclusões e não dizendo nada.
O espetáculo não lembrava, com efeito,
O ciclo de séculos das tragédias da realeza.
Estradas sobre vigas de concreto, cidades de vidro e ferro fundido,
Aeroportos inda maiores que territórios tribais
De súbito careceram de fundamento e ruíram.
Não em sonho, mas à luz do dia, porque amputados de si
Duravam como só dura o que não deveria durar.
Das árvores, pedras do campo, até dos limões na mesa
Fugiu toda a matéria e seu espectro
Não era mais que o vazio, fumaça numa película.
Deserdado dos objetos pululava o espaço.
Toda parte era parte alguma e parte alguma, toda parte.
As letras dos livros se apagavam, vacilavam e sumiam.
A mão não lograva traçar o signo da palmeira, o signo do rio, nem o signo do íbis.
Num alarido de muitas línguas era anunciada a morte da palavra.
O lamento era proibido, porque só lamentava a si mesmo.
Acometidas de inexplicável tormento as pessoas
Despiam-se nas praças, para que sua nudez intimasse o juízo.
Mas em vão ansiavam por horror, piedade e fúria.
Pouco fundamentados
Eram o trabalho e o descanso
E o rosto e os cabelos e os quadris
E toda e qualquer existência.
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Œconomia divina
Nie myślałem, że żyć będę w tak osobliwej chwili.
Kiedy Bóg skalnych wyżyn i gromów,
Pan Zastępów, Kyrios Sabaoth,
Najdotkliwiej upokorzy ludzi,
Pozwoliwszy im działać jak tylko zapragną,
Im zostawiając wnioski i nie mówiąc nic.
Było to widowisko niepodobne, zaiste,
Do wiekowego cyklu królewskich tragedii.
Drogom na betonowych słupach, miastom ze szkła i żeliwa,
Lotniskom rozleglejszym niż plemienne państwa
Nagle zabrakło zasady i rozpadły się.
Nie we śnie ale na jawie, bo sobie odjęte
Trwały jak trwa to tylko, co trwać nie powinno.
Z drzew, polnych kamieni, nawet cytryn na stole
Uciekła materialność i widmo ich
Okazywało się pustką, dymem na kliszy.
Wydziedziczona z przedmiotów mrowiła się przestrzeń.
Wszędzie było nigdzie i nigdzie, wszędzie.
Litery ksiąg srebrniały, chwiały się i nikły.
Ręka nie mogła nakreślić znaku palmy, znaku rzeki, ni naku ihisa.
Wrzawą wielu języków ogłoszono śmiertelność mowy.
Zabroniona była skarga, bo skarżyła się samej sobie.
Ludzie, dotknięci niezrozumiałą udręką,
Zrzucali suknie na placach żeby sądu wzywała ich nagość.
Ale na próżno tęsknili do grozy, litości i gniewu.
Za mało uzasadnione
Były praca i odpoczynek
I twarz i włosy i biodra
I jakiekolwiek istnienie.
- Czesław Miłosz "'Œconomia divina' / 'Œconomia divina'". [tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 // Originalmente publicado no livro 'Não mais'. Czeslaw Milosz [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
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Depois da penitência
A hipótese da ressurreição,
Que um cientista deduziu da mecânica quântica,
Prevê o retorno aos lugares e pessoas de que gostamos
Em um ou dois bilhões de anos terrenos
(O que no além-do-tempo é igual a um instante).
Estou contente por estar vivo quando se cumpre a profecia
Sobre a possível aliança entre a ciência e a religião,
Preparada por Einstein, Planck e Bohr.
Não levo muito a sério as fantasias científicas,
Embora respeite as fórmulas e gráficos.
Pedro Apóstolo foi mais conciso
Dizendo: A p o k a t a s t a s i s p a n t o n,
A renovação de todas as coisas.
Porém isso ajuda: poder imaginar
Que cada um de nós, em vez da vida, tem um código
Guardado num depósito para a eternidade, o supercomputador do universo.
Nos desmanchamos em podridão, cinzas, microadubo,
Mas aquela cifra, ou seja, a essência, permanece
E espera, até que por fim se reveste de corpo.
E se esta nova corporeidade
Precisa ser lavada do mal e da doença,
A ideia do Purgatório também entra na equação.
Não é outra coisa que os fiéis numa igreja de aldeia
Repetem em coro, pedindo a vida eterna.
E eu com eles. Sem entender
Quem serei, quando acordar depois da penitência.
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Po odcierpieniu
Hipoteza zmartwychwstania,
Którą pewien uczony wywiódł z mechaniki kwantowej,
Przewiduje powrót do bliskich nam miejsc i ludzi
Za miliard albo dwa miliardy ziemskich lat
(Co w pozaczasie równa się jednej chwili).
Rad jestem, że dożyłem spełnienia się przepowiedni
O możliwym aliansie religii i nauki,
Który przygotowali Einstein, Pianek i Bohr.
Nie biorę zbyt poważnie naukowych fantazji,
Mimo że respektuję wzory i wykresy.
To samo ujął krócej Piotr Apostoł,
Mówiąc: A p o k a t a s t a s i s p a n t o n,
Odnowienie wszechrzeczy.
Jednakże to pomaga: móc sobie wyobrazić,
Że każda osoba ma kod zamiast życia
W przechowalni na wieczność, nadkomputerze wszechświata.
Rozpadamy się w zgniliznę, proch, mikronawozy,
Ale zostaje ten szyfr czyli esencja,
I czeka, aż nareszcie obleka się w ciało.
Jak również, skoro ta nowa cielesność
Powinna być obmyta ze zła i choroby,
Idea Czyśćca ma udział w równaniu.
Nie co innego wierni w wiejskim kościele
Chóralnie powtarzają, prosząc o żywot wieczny.
I ja z nimi. Nie rozumiejący
Kim będę, kiedy zbudzę się po odcierpieniu
- Czesław Miłosz "'Depois da penitência' / 'Po odcierpieniu'". [tradução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. In: 'Noite dilacerada: poezja polaca de guerra'. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; vários tradutores]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010 // Originalmente publicado no livro 'Não mais'. Czeslaw Milosz [seleção, tradução e introdução Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza]. Coleção Poetas do Mundo. Editora UnB, 2002.
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A assim chamada vida
A assim chamada vida, quer dizer
tudo o que é assunto de telenovela
não lhe parecia digno de relatar.
Mesmo que quisesse falar, não o sabia.
Admiravam-no as histórias intrincadas de homens e mulheres
que se iam arrastando até à deslembrança coruscante.
Ele próprio só sabia cerrar os dentes, aguentar e
esperar que a velhice inviabilizasse os dramas,
que a novela de amores, ódios, tentações e traições
rebentasse como uma bola de sabão.
....................................... ISTO, 2000
**
Tak zwane życie
Tak zwane życie:
wszystko, co dostarcza tematów operze mydlanej,
nie wydawało mu się godne opowieści,
czy też chciałby mówić, ale nie umiał.
Dziwiły go poplątane historie mężczyzn i kobiet,
ciągnące się aż po migotliwą niepamięć.
Sam umiał tylko zaciskać zęby i znosić,
czekając, aż starość odbierze dramatom znaczenie
i pryśnie opera mydlana
miłości, nienawiści, pokus i zdrad.
....................................... TO, 2000
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
§§
Onde quer que esteja
Onde quer que esteja, em qualquer lugar
na Terra, escondo dos outros a certeza de
que n ã o s o u d a q u i.
Como se tivesse sido enviado para absorver
o máximo das cores, sons, cheiros, sabores,
provar de tudo o que é
reservado ao Homem, converter o vivido
num registo mágico e levá-lo para lá, de onde
parti.
..................................... ISTO, 2000
**
Gdziekolwiek
Gdziekolwiek jestem, na jakimkolwiek miejscu
na ziemi, ukrywam przed ludźmi przekonanie,
że n i e j e s t e m s t ą d.
Jakbym był posłany, żeby wchłonąć jak najwięcej
barw, smaków, dźwięków, zapachów, doświadczyć
wszystkiego, co jest
udziałem człowieka, przemienić co doznane
w czarodziejski rejestr i zanieść tam, skąd
przyszedłem.
....................................... TO, 2000
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
§§
Tu que desgraçaste
Tu que um homem humilde desgraçaste,
rindo-te da sua desgraça,
tu que cercado por um bando de palhaços,
o bem com o mal misturaste.
Embora, perante ti, todos se inclinassem
atribuindo-te virtude e sabedoria,
e medalhas de ouro em tua homenagem cunhassem,
contentes por terem vivido mais um dia.
Não estejas seguro. O poeta lembrar-se-á.
Podes matá-lo, outro nascerá.
Actos e conversas assentes por escrito ficarão.
Melhor te seria a alvorada invernosa,
a corda e o ramo curvado pelo peso.
**
Który skrzywdziłeś...
Który skrzywdziłeś człowieka prostego
Śmiechem nad krzywdą jego wybuchając,
Gromadę błaznów koło siebie mając
Na pomieszanie dobrego i złego.
Choćby przed tobą wszyscy się skłonili
Cnotę i mądrość Tobie przypisując,
Złote medale na twoją cześć kując,
Radzi, że jeszcze jeden dzień przeżyli,
Nie bądź bezpieczny. Poeta pamięta
Możesz go zabić - narodzi się nowy.
Spisane będą czyny i rozmowy.
Lepszy dla ciebie byłby świt zimowy
I sznur i gałąź pod ciężarem zgięta.
................................................ Washington D.C., 1950
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
§§
Fé
Fé, é quando vemos
A gota de orvalho ou a folhinha pelo rio fluir
E sabemos que existem pois têm de existir.
E ainda que de olhos fechados nos deixemos sonhar
Só haverá no mundo o que havia
E as águas do rio a folhinha vão levar.
Fé, é quando ferimos
O pé na pedra e sabemos que as pedras
Lá estão para que os pés nos firam.
Vejam quão grande é a sombra das árvores,
Assim como a nossa e a das flores,
O que não tem sombra, não tem força para existir.
............................................... SALVAÇÃO, 1945
**
Wiara
Wiara jest wtedy, kiedy ktoś zobaczy
Listek na wodzie albo krople rosy
I wie, że one są - bo są konieczne.
Choćby się oczy zamknęło, marzyło,
Na świecie będzie tylko to, co było,
A liść uniosa dalej wody rzeczne.
Wiara jest także, jeżeli ktoś zrani
Nogę kamieniem i wie, że kamienie
Są po to, żeby nogi nam raniły.
Patrzcie, jak drzewo rzuca długie cienie,
I nasz, i kwiatów cień pada na ziemie:
Co nie ma cienia, istniec nie ma siły.
........................................ OCALENIE, 1945
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
§§
Esperança
Esperança surge, quando se acredita
Que a Terra não é um sonho, mas um corpo vivo,
Que não mentem o ouvido, o tacto, a visão
E que todas as coisas que aqui conhecias
São como um jardim visto do portão.
Entrar lá não se pode. Mas ele existe com rigor.
Se melhor olhássemos e com mais sabedoria,
No jardim do mundo uma nova flor
E mais do que uma estrela se avistaria.
Há quem diga que os olhos nos iludem
E que nada existe, apenas aparenta,
Mas justamente esses não têm esperança.
Pensar que ao virar as costas
O mundo desaparecerá de repente
Como que roubado por um delinquente.
.......................................... OCALENIE, 1945
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Nadzieja
Nadzieja bywa, jeżeli ktoś wierzy,
Że ziemia nie jest snem, lecz żywym ciałem,
I że wzrok, dotyk ani słuch nie kłamie.
A wszystkie rzeczy, które tutaj znałem,
Są niby ogród, kiedy stoisz w bramie.
Wejść tam nie można. Ale jest na pewno.
Gdybyśmy lepiej i mądrzej patrzyli,
Jeszcze kwiat nowy i gwiazdę niejedną
W ogrodzie świata byśmy zobaczyli.
Niektórzy mówią, że nas oko łudzi
I że nic nie ma, tylko się wydaje,
Ale ci właśnie nie mają nadziei.
Myślą, że kiedy człowiek się odwróci,
Cały świat za nim zaraz być przestaje,
Jakby porwały go ręce złodziei.
.......................................... OCALENIE, 1945
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
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Amor
Amor significa olharmo-nos
Como se olha as coisas não familiares,
Pois somos apenas uma entre milhares.
E quem assim se olha, mesmo sem saber,
De muitas mágoas o coração vai proteger.
E chama-no de antigo o pássaro e a árvore.
Então sim, quer desfrutar de si e de tudo
Para que tudo brilhe no clarão da plenitude.
E não importa não saber ao que servir,
Nem sempre serve melhor quem sabe.
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Miłość
Miłość to znaczy popatrzeć na siebie,
Tak jak się patrzy na obce nam rzeczy,
Bo jesteś tylko jedną z rzeczy wielu.
A kto tak patrzy, choć sam o tym nie wie,
Ze zmartwień różnych swoje serce leczy,
Ptak mu i drzewo mówią: przyjacielu.
Wtedy i siebie, i rzeczy chce użyć,
Żeby stanęły w wypełnienia łunie.
To nic, że czasem nie wie, czemu służyć:
Nie ten najlepiej służy, kto rozumie.
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
§§
Campo di fiori
Em Roma, em Campo di Fiori
Cabazes de limões e azeitonas,
O pavimento salpicado de vinho
E de restos de flores.
Os feirantes despejam nas bancas róseos mariscos,
Braçadas de uva preta
Caem sobre a penugem dos pêssegos.
Justamente aqui, nesta praça,
Foi queimado Giordano Bruno.
O carrasco acendeu a fogueira
No meio da gentalha curiosa.
E mal o lume se apagou,
Tornaram a encher-se as tabernas,
Os cabazes de limões e azeitonas
De novo à cabeça dos feirantes.
Recordei Campo di Fiori
Junto de um carrossel em Varsóvia,
Numa serena tarde primaveril,
Ao som da música saltitante.
A melodia saltitante abafava
As salvas por trás do muro do ghetto.
E os casais voavam alto
No céu limpo.
O vento das casas em chamas
Trazia negros papagaios de papel,
Apanhava pétalas no ar
Quem ia no carrossel.
Levantava as saias às raparigas
Este vento das casas em chamas
E riam-se as multidões alegres
Num lindo domingo de Varsóvia.
Talvez se tire por moral da história
Que o povo romano ou varsoviano
Negoceia, diverte-se e ama
Enquanto ardem piras martirizantes.
Talvez haja outra moral
Que são fugazes as coisas humanas
Que o esquecimento surge,
Mesmo antes do fogo se apagar.
Mas eu pensava então
Na solidão dos que pereciam
E em Giordano
Que ao subir para o estrado
Não encontrou na língua humana
Nem uma palavra que fosse
Com que se despedir da humanidade,
Desta mesma que perdura.
Já corriam a beber o vinho,
A vender as estrelas do mar,
A carregar na balbúrdia alegre
Os cabazes de limões e azeitonas.
Ele já estava muito distante deles,
Como se tivessem passado séculos,
Porém, apenas demorou um instante
Vê-lo voar entre as chamas.
Aqueles que morrem, solitários,
Já esquecidos pelo mundo,
Estranham a nossa língua,
Como se fosse de um planeta antigo.
Mas um dia tudo será lenda,
E então, muitos anos volvidos,
Num novo Campo di Fiori
A palavra do poeta ateará a revolta.
............................................................ Varsóvia – Páscoa, 1943
**
Campo di Fiori
W Rzymie na Campo di Fiori
Kosze oliwek i cytryn,
Bruk opryskany winem
I odłamkami kwiatów.
Różowe owoce morza
Sypią na stoły przekupnie,
Naręcza ciemnych winogron
Padają na puch brzoskwini.
Tu na tym właśnie placu
Spalono Giordana Bruna,
Kat płomień stosu zażegnął
W kole ciekawej gawiedzi.
A ledwo płomień przygasnął,
Znów pełne były tawerny,
Kosze oliwek i cytryn
Nieśli przekupnie na głowach.
Wspomniałem Campo di Fiori
W Warszawie przy karuzeli,
W pogodny wieczór wiosenny,
Przy dźwiękach skocznej muzyki.
Salwy za murem getta
Głuszyła skoczna melodia
I wzlatywały pary
Wysoko w pogodne niebo.
Czasem wiatr z domów płonących
Przynosił czarne latawce,
Łapali skrawki w powietrzu
Jadący na karuzeli.
Rozwiewał suknie dziewczynom
Ten wiatr od domów płonących,
śmiały się tłumy wesołe
W czas pięknej warszawskiej niedzieli.
Morał ktoś może wyczyta,
że lud warszawski czy rzymski
Handluje, bawi się, kocha
Mijając męczeńskie stosy.
Inny ktoś morał wyczyta
O rzeczy ludzkich mijaniu,
O zapomnieniu, co rośnie,
Nim jeszcze płomień przygasnął.
Ja jednak wtedy myślałem
O samotności ginących.
O tym, że kiedy Giordano
Wstępował na rusztowanie,
Nie znalazł w ludzkim języku
Ani jednego wyrazu,
Aby nim ludzkość pożegnać,
Tę ludzkość, która zostaje.
Już biegli wychylać wino,
Sprzedawać białe rozgwiazdy,
Kosze oliwek i cytryn
Nieśli w wesołym gwarze.
I był już od nich odległy,
Jakby minęły wieki,
A oni chwilę czekali
Na jego odlot w pożarze.
I ci ginący, samotni,
Już zapomniani od świata,
Język nasz stał się im obcy
Jak język dawnej planety.
Aż wszystko będzie legendą
I wtedy po wielu latach
Na nowym Campo di Fiori
Bunt wznieci słowo poety.
............................................................ Warszawa - Wielkanoc, 1943
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
§§
Descrição honesta de mim próprio bebendo um whisky no aeroporto, digamos de Mineápolis
Os meus ouvidos escutam cada vez menos as conversas, os meus olhos enfraquecem, continuando porém insaciados.
Vejo as pernas delas de mini-saia, de calças, ou de tecidos vaporosos,
Espreito cada uma, os seus rabos e coxas, pensativo, embalado por sonhos porno.
Ó lascivo velho jarreta, estás com os pés para a cova e não para os jogos e brincadeiras da juventude.
Mas não é verdade, faço apenas aquilo que sempre fiz, compondo as cenas desta terra, movido pela imaginação erótica.
Não desejo justamente estas criaturas, desejo tudo, e elas são como um sinal de convívio extático.
Não tenho culpa de sermos feitos assim, metade de contemplação desinteressada e metade de apetite.
Se depois de morrer for para o Céu, lá, terá de ser como aqui, apenas hei-de livrar-me dos sentidos entorpecidos e dos ossos pesados.
Transformado em puro olhar, continuarei a absorver as proporções do corpo humano, a cor dos lírios, a rua parisiense na madrugada de Junho.
Enfim, toda a inconcebível, a inconcebível pluralidade das coisas visíveis.
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Uczciwe opisanie samego siebie nad szklanką whisky na lotnisku, dajmy na to w Minneapolis
Moje uszy coraz mniej słyszą z rozmów, moje oczy słabną, ale dalej są nienasycone.
Widzę ich nogi w minispódniczkach, spodniach albo w powiewnych tkaninach,
Każdą podglądam osobno, ich tyłki i uda, zamyślony, kołysany marzeniami porno.
Stary lubieżny dziadu, pora tobie do grobu, nie na gry i zabawy młodości.
Nieprawda, robię to tylko, co zawsze robiłem, układając sceny tej ziemi z rozkazu
erotycznej wyobraźni.
Nie pożądam tych właśnie stworzeń, pożądam wszystkiego, a one są jak znak ekstatycznego obcowania.
Nie moja wina, że jesteśmy tak ulepieni, w połowie z bezinteresownej kontemplacji, i
w połowie z apetytu.
Jeżeli po śmierci dostanę się do Nieba, musi tam być jak tutaj, tyle że pozbędę się
tępych zmysłów i ociężałych kości.
Zmieniony w samo patrzenie, będę dalej pochłaniał proporcje ludzkiego ciała, kolor irysów, paryską ulicę w czerwcu o świcie, całą niepojętą, niepojętą mnogość widzialnych rzeczy.
- Czesław Miłosz [tradução Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve]. In: Alguns gostam de poesia - antologia / autores: Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. seleção, introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neve; revisão Vasco Renato]. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2004.
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Parábola sobre o grão de papoula
Fica a casinha no grão de papoula,
Para a lua de papoula latem os cachorros
E nunca pensaram os cães de papoula
Que há um mundo maior trás os morros.
A Terra não é mais que um grão,
Astros, planetas são outros grãozinhos,
E nem que sejam quase um milhão,
Em cada cabe uma casinha com hortinho.
E tudo está na cabeça da papoula,
Que no jardim com os passos balança.
E, vindo a noite, quando a lua rola
Ladram os cães, ora alto, ora manso.
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Przypowieść o maku
Na ziarnku maku stoi mały dom,
Pieski szczekają na księżyc makowy
I nigdy jeszcze tym makowym psom,
Że jest świat większy, nie przyszło do głowy.
Ziemia to ziarnko – naprawdę nie więcej,
A inne ziarnka – planety i gwiazdy.
A choć ich będzie chyba sto tysięcy,
Domek z ogrodem może stać na każdej.
Wszystko w makówce. Mak rośnie w ogrodzie,
Dzieci biegają i mak się kołysze.
A wieczorami, o księżyca wschodzie
Psy gdzieś szczekają, to głośniej, to ciszej.
- Czesław Miłosz [tradução Piotr Kilanowski]. In: Lira argenta - poesia em tradução. antologia. vários autores [organização Vanderley Mendonça; vários tradutores]. Edição bilíngue. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017.
***
Conversa com Jeanne
Não vamos mais falar de filosofia, Jeanne, chega.
Tantas palavras, tanto papel, quem aguenta?
Falei a você a verdade, quanto ao meu alheamento.
Parei de me preocupar com minha vida malformada.
Não é melhor nem pior do que as tragédias humanas comuns.
Durante mais de trinta anos travamos esse nosso debate.
Como agora, na ilha sob os céus dos trópicos.
Fugimos de um pé-d’água, logo depois abre o sol, outra vez,
E fico aturdido, deslumbrado, com a essência esmeralda das folhas.
Submergimos na espuma, onde as ondas quebram,
Nadamos para longe, para onde o horizonte é um emaranhado de bananeiras,
E palmeiras erguem pequenos moinhos de vento.
Estou sendo acusado: de que não me ponho à altura da minha obra,
Não exijo o bastante de mim mesmo,
Como podia ter aprendido com Karl Jaspers,
Que meu desprezo pelas opiniões desta época vem ficando mais frouxo.
Deslizo em uma onda e olho para as nuvens brancas.
Tem razão, Jeanne, não sei como me interessar pela salvação da minha alma.
Alguns são chamados, outros se viram como podem.
Eu aceito: o que coube a mim está bem.
Não me arrogo a dignidade de um velho sábio.
Intraduzível em palavras, escolho meu lar no que é agora,
Em coisas deste mundo, que existem e, por isso, nos encantam:
A nudez das mulheres na praia, os cones cor de cobre de seus seios,
Hibiscos, alamandas, um lírio vermelho, devorar
Com meus olhos, lábios, língua, o suco de goiaba, o suco de la prune de Cythère,
Rum com gelo e melaço, orquídeas trepadeiras
Em uma floresta tropical, onde as árvores se sustentam nas hastes de suas raízes.
A morte, você me diz, a minha e a sua, anda cada vez mais perto,
Sofremos e este pobre mundo ainda não foi o bastante.
A terra negra e púrpura das hortas
Estará aqui, quer alguém a veja, quer não.
O mar, como hoje, vai exalar seu hálito das profundezas.
Diminuindo, desapareço na imensidão, cada vez mais livre.
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A Conversation With Jeanne
Let us not talk philosophy, drop it, Jeanne.
So many words, so much paper, who can stand it.
I told you the truth about my distancing myself.
I've stopped worrying about my misshapen life.
It was no better and no worse than the usual human tragedies.
For over thirty years we have been waging our dispute
As we do now, on the island under the skies of the tropics.
We flee a downpour, in an instant the bright sun again,
And I grow dumb, dazzled by the emerald essence of the leaves.
We submerge in foam at the line of the surf,
We swim far, to where the horizon is a tangle of banana bush,
With little windmills of palms.
And I am under accusation: That I am not up to my oeuvre,
That I do not demand enough from myself,
As I could have learned from Karl Jaspers,
That my scorn for the opinions of this age grows slack.
I roll on a wave and look at white clouds.
You are right, Jeanne, I don't know how to care about the salvation of my soul.
Some are called, others manage as well as they can.
I accept it, what has befallen me is just.
I don't pretend to the dignity of a wise old age.
Untranslatable into words, I chose my home in what is now,
In things of this world, which exist and, for that reason, delight us:
Nakedness of women on the beach, coppery cones of their breasts,
Hibiscus, alamanda, a red lily, devouring
With my eyes, lips, tongue, the guava juice, the juice of la prune de Cythère,
Rum with ice and syrup, lianas-orchids
In a rain forest, where trees stand on the stilts of their roots.
Death, you say, mine and yours, closer and closer,
We suffered and this poor earth was not enough.
The purple-black earth of vegetable gardens
Will be here, either looked at or not.
The sea, as today, will breathe from its depths.
Growing small, I disappear in the immense, more and more free.
**
Rozmowa Z Jeanne
Nie zajumjmy siź filozofią, zostaw to, Jeanne.
Tyle słow i papieru, któż to zniesie.
Powiedziałem ci prawdź o moim oddalaniu siź.
Nie tak znów bardzo mnie martwi moje koślawe życie,
Nie lepsze i nie gorsze od zwyklych ludzkich tragedii.
Lat już ponad trzydzieści toczy siź nasza dysputa.
Tak jak teraz, na wyspie pod niebem tropików.
Uciekamy przed ulewą, chwila i pełne słońce,
I niemijź, olśniony szmaragdową esencją zieleni.
Zanurzamy siź w piany na linii przyboju,
Płyniemy daleko, tam skąd horyzont w sklźbieniu
bananowców, z pierzastymi wiatraczkami palm.
A ja pod oskarżeniem: że nie wzniosłem siź na
na wysokośž mego dziela,
ře nie wymagam od siebie, jak mógl nauczyž mnie Jaspers,
ře słabnie moja pogarda dla opinii, byle jakich, wieku.
Kołyszź siź na fali i patrzź w obłoki.
Masz rację, Jeanne, nie umiem troszczyž się o zbawienie duszy,
Jedni są powolani, inni radzą sobie, jak umieją.
Przyjmujź, co mnie spotkalo, bylo sprawiedliwe.
Nie udajź dostojeństwa rozważnej starości.
W rzeczach tego świata, które są i dlatego cieszą:
Nagośž kobiet na plaży, mosiźżne stożki ich piersi,
Hibiskus, alamanda, czerwona lilia, pochłanianie
Oczami, usta, język, sok guawy, sok prune de Cynthere,
Rum z lodem i syropem, liany-orchidee
W mokrym lesie, gdzie drzewa stoją na szczudłach korzeni.
ţmierž, powiadasz, moja i twoja, coraz bliżej, blisko.
I cierpieliśmy, i nie wystarczała nam biedna ziemia.
Fioletowo-czama ziemia warzywnych ogrodów
Bździe tutaj, widziana albo nie widziana.
Morze bździe jak dzisiaj oddychaž głźbinowow.
Malejący znikam w ogromie, coraz bardziej wolny.
- Czesław Miłosz [tradução Rubens Figueiredo]. In: revista Inimigo Rumor, n. 6, de julho de 1996.
§§
“Para Heráclito” (1984-1985)
Essas vozes que falavam através de mim
São as minhas e não são as minhas, ouvidas de longe.
Mas quem sou agora, eu, o verdadeiro eu,
Outro que os coros gregos e os ecos devolvidos?
Assim devo eu começar pelo começo,
Libertar-me dos sonhos, ilusões do século?
Nestas margens onde se cala a disputa e o alarido dos juízes
E eu retorno entre as pessoas há muito esquecidas
...................................... Cronikas, do ciclo “Para Heráclito” (1984-1985)
**
Dla Heraklita (1984–1985)
Te głosy, które przeze mnie mówiły,
Są moje i nie moje, słyszane z daleka.
Ale kim jestem teraz ja sam, ten prawdziwy,
Inny niż greckie chóry i odbite echa?
Więc znowu mam zaczynać od początku,
Uwalniać się od snów, którymi wiek nasz łudził?
Na tych brzegach, gdzie milknie spór i wrzawa sądu
I wracam między dawno zapomnianych ludzi.
...................................... Kroniki, cykl Dla Heraklita (1984-1985)
- Czesław Miłosz [tradução Wladimir Krysinski]. In: KRYSINSKI, Wladimir. As vozes inseparáveis de Czeslaw Milosz. Organon, Porto Alegre, v. 19, n. 38-39, 2005.
§§
Sentido
– Uma vez morto, verei o forro do mundo.
O outro lado, atrás do pássaro, do morro e do pôr-do-sol.
Pedindo leitura, o significado certo.
O que não se ajustava, ajustar-se-á.
O inconcebível será concebível.
– E se o forro do mundo não existe?
Se o tordo no galho não é signo
E sim um tordo no galho, se o dia
E a noite se sucedem sem cuidar do sentido
E na Terra não há nada além dessa terra?
Ainda assim, permanecerá
A palavra acordada pelos frágeis lábios
Que corre e corre, incansável mensageiro
Nos campos estelares, na roda das galáxias,
E protesta, chama, grita.
**
Sens
– Kiedy umrę, zobaczę podszewkę świata.
Drugą stronę, za ptakiem, górą i zachodem słońca.
Wzywajace odczytania prawdziwe znaczenie.
Co się nie zgadzało, będzie sie zgadzało.
Co było niepojęte, będzie pojęte.
– A jeżeli nie ma podszewki świata?
Jeżeli drozd na gałęzi nie jest wcale znakiem
Tylko drozdem na gałęzi, jeżeli dzień i noc
Następują po sobie nie dbając o sens
I nie ma nic na tej ziemi, prócz tej ziemi?
Gdyby tak było, to jednak zostanie
Słowo raz obudzone przez nietrwałe usta,
Które biegnie i biegnie, poseł niestrudzony,
Na międzygwiezdne pola, w kołowrót galaktyk
I protestuje, woła, krzyczy.
................................................ Berkeley, 1988
- Czesław Miłosz [tradução Olga Kempinska]. In: KEMPINSKA, Olga. A reversibilidade da imagem e a definição da poesia. Revista Remate de Males, Campinas-SP, v.39, n.1, pp. 321-336, jan./jun. 2019.
§§
Cabeças
O homem de três cabeças parou
na beira do mato. Nos dois ombros
pousaram seus pescoços a má e a boa.
O rosto do meio estava turvado e ele,
calado, brilhava como um candelabro de três braços.
O homem escreveu na areia os nomes.
A má cabeça sussurrou: Impuro,
de coração seco, você ninguém ama.
Mas a boa voltou seu olhar:
– Ah, qual amor carrega mais puro pesar
do que a pena de não se ter bastante amado.
**
Głowy
Na skraju lasu zatrzymał się człowiek
a miał trzy głowy. Na ramionach obu
oparły szyje zła głowa i dobra.
Twarz ta pośrodku była zamącona
i milczał, błyszcząc jak świecznik trójzębny.
Człowiek wypisał na piasku imiona.
Zła głowa wtedy szepnęła: — Nieczysty,
serca oschłego, nie kochasz nikogo.
A głowa dobra zwróciła wejrzenie:
— Ach, jakaż miłość czystsze nosi brzemię,
niż rozpacz, że się nie dosyć kochało.
................................................................................ 1937
- Czesław Miłosz [tradução Olga Kempinska]. In: KEMPINSKA, Olga. O expressionismo e a poética do lixo. Revista Farol, v. 17, n. 24, 2021.
§§
A queda
A morte de um homem é como a queda de uma poderosa nação
Que teve valentes exércitos, capitães e profetas,
E ricos portos e barcos em todos os mares,
Mas agora não socorrerá nenhuma cidade sitiada,
Não entrará em nenhuma aliança,
Porque suas cidades estão vazias, sua população dispersa,
Sua terra que certa vez proveu de colheitas está saturada de cardos,
Sua missão olvidada, sua língua perdida,
O dialeto de um povo posto sobre inacessíveis montanhas.
**
Upadek
Śmierć człowieka jest jak upadek państwa potężnego,
Które miało bitne armie, wodzów i proroków,
I porty bogate, i na wszystkich morzach okręty,
A teraz nie przyjdzie nikomu z pomocą, z nikim nie zawrze przymierzy,
Bo miasta jego puste, ludność w rozproszeniu,
Oset porósł jego ziemie kiedyś dającą urodzaj,
Jego powołanie zapomniane, język utracony,
Dialekt wioski gdzieś daleko w niedostępnych górach.
― Czesław Miłosz [tradução Pedro Gonzaga]. In: singularidade – poesia e etc., edição Nelson Santander, 7 de julho 2019.
§§
Este mundo
Parece que foi tudo um mal-entendido.
Aquilo que era apenas um teste foi levado a sério.
Os rios regressarão à sua nascente.
O vento deixará de rodopiar.
As árvores, em vez de florescerem, cuidarão das suas raízes.
Os velhos correrão atrás de uma bola, uma olhadela no espelho –
serão crianças de novo.
Os mortos vão acordar, sem compreenderem.
Até que tudo o que aconteceu tenha desacontecido.
Que alivio! Respira livremente, tu que tanto sofreste.
**
This World
It appears that it was all a misunderstanding.
What was only a trial run was taken seriously.
The rivers will return to their beginnings.
The wind will cease in its turning about.
Trees instead of budding will tend to their roots.
Old men will chase a ball, a glance in the mirror–
They are children again.
The dead will wake up, not comprehending.
Till everything that happened has unhappened.
What a relief! Breathe freely, you who have suffered much.”
― Czesław Miłosz [tradução Jorge Sousa Braga a partir da tradução de Robert Hass / 'Facing the River' (1996]. In: Correio do Porto, 23 de dezembro 2023.
***
DUAS VERSÕES DO MESMO POEMA POR NELSON ASCHER
............DÁDIVA
Que dia mais feliz.
A bruma dissipou-se cedo. Trabalhei no meu jardim.
Beija-flores pairavam sobre as madressilvas.
Nada havia no mundo que eu quisesse ter.
Ninguém que eu conhecesse era digno de inveja.
O que de ruim me acontecera, eu esqueci.
Ter sido quem sou não me envergonhava .
Nada no corpo me doía.
Endireitando-me, vi o mar azul e velas.
........................(Berkeley, 1971)
- Czeslaw Milosz "Dádiva". [tradução Nelson Ascher]. Publicado originalmente no perfil do seu facebook, 1 de junho de 2017.
§§
............DÁDIVA
Que dia mais feliz.
A névoa se foi cedo. Cuidei do jardim.
Beija-flores pairavam sobre a madressilva.
Nada no mundo havia que eu quisesse ter.
Ninguém que eu conhecesse era digno de inveja.
O que de ruim me acontecera, eu esqueci.
Ter sido quem sou não me envergonhava .
Nada no corpo me doía.
Endireitando-me, vi o mar azul e velas.
........................ (Berkeley, 1971)
**
............DAR
Dzień taki szczęśliwy.
Mgła opadła wcześnie, pracowałem w ogrodzie.
Kolibry przystawały nad kwiatem kaprifolium.
Nie było na ziemi rzeczy, którą chciałbym mieć.
Nie znałem nikogo, komu warto byłoby zazdrościć.
Co przydarzyło się złego, zapomniałem.
Nie wstydziłem się myśleć, że byłem kim jestem.
Nie czułem w ciele żadnego bólu.
Prostując się, widziałem niebieskie morze i żagle.
- Czeslaw Milosz "Dádiva". [tradução Nelson Ascher]. Publicado originalmente no perfil do seu facebook, 7 de agosto de 2021.
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SELETA II - POEMAS DE CZESŁAW MIŁOSZ - EM EDIÇÃO BILÍNGUE
O que eu escrevia
O que eu escrevia de súbito pareceu
ridículo. Eu não era capaz de exprimir.
Olhei para o mundo imenso, pulsante,
os cotovelos apoiados em um corrimão de pedra.
Rios corriam, velas rasgavam nuvens,
poentes desmaiavam. Todos os belos países,
todos os seres que desejei
se ergueram no céu como grandes luas.
Olhar fixo nesses estranhos lumes moventes,
contando seus arcos astrológicos,
sussurrei: mundo, cessa, piedade, eu me afogo.
Palavra nenhuma basta para a beleza.
Eu enxergava dentro de mim extensos vales
e podia, o passo alado e brônzeo,
lançar-me acima deles em muletas de ar.
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To co pisałem
To co pisałem, nagle się wydało
błazeństwem. Znaleźć nie mogłem wyrazów.
Patrzyłem na świat olbrzymi, tętniący,
z łokciami o kamienną poręcz opartymi.
Płynęły rzeki, pruły chmurę żagle,
mdlały zachody. Wszystkie piękne kraje,
wszystkie istoty, których pożądałem,
wzeszły na niebo jak wielkie księżyce.
W te lampy dziwne ruchome wpatrzony,
licząc ich łuki astrologiczne,
szeptałem: świecie, giń, litości, tonę.
Żadna na piękność nie wystarczy mowa.
Widziałem w sobie rozległe doliny
i mogłem stopą brązem uskrzydloną
iść ponad nimi na szczudłach z powietrza.
Ale to gasło, noc niespamiętana.
................................ Paryż, 1934
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Um pobre poeta
O primeiro movimento é o canto,
A voz livre preenchendo montanhas e vales.
O primeiro movimento é a alegria,
Mas ela é tomada.
E quando os anos mudaram o sangue
E mil sistemas planetários nasceram e se extinguiram no corpo,
Eu me sento, poeta ardiloso e irado,
Com os olhos maldosamente cerrados,
E pesando a pena entre os dedos
Planejo vingança.
Molho a pena e repontam nela brotos e folhas, se cobre de flores,
E o perfume dessa árvore é impudente, porque lá, na terra real,
Árvores assim não crescem e é como um insulto
A toda a gente que sofre o perfume dessa árvore.
Uns se protegem no desespero, que é doce
Como o tabaco forte, o trago de vodca na hora da perdição.
Outros têm a esperança dos tolos, rósea como um sonho erótico.
Outros ainda encontram paz na idolatria da pátria,
Que pode durar muito,
Mas não muito mais do que perdure ainda o século xix.
A mim, porém, foi dada uma esperança cínica,
Pois desde que abri os olhos nada vi senão clarões e carnificinas,
Senão dano, humilhação e a irrisória infâmia dos soberbos.
Me foi dada a esperança da vingança contra os outros e contra mim mesmo,
Pois eu fui aquele que sabia
E não tirou disso para si qualquer proveito.
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Biedny poeta
Pierwszy ruch jest śpiewanie,
Swobodny głos napełniający góry i doliny.
Pierwszy ruch jest radość,
Ale ona zostaje odjęta.
I kiedy lata odmieniły krew,
A tysiąc systemów planetarnych urodziło się i zgasło w ciele,
Siedzę, poeta podstępny i gniewny,
Z przymrużonymi złośliwie oczami,
I ważąc w dłoni pióro
Obmyślam zemstę.
Stawiam pióro, i puszcza pędy i liście, okrywa się kwiatem,
A zapach tego drzewa jest bezwstydny, bo tam, na realnej ziemi
Takie drzewa nie rosną i jest jak zniewaga
Wyrządzona cierpiącym ludziom zapach tego drzewa.
Jedni chronią się w rozpacz, która jest słodka
Jak mocny tytoń, jak szklanka wódki wypita w godzinie zatraty.
Inni mają nadzieję głupich, różową jak erotyczny sen.
Jeszcze inni znajdują spokój w bałwochwalstwie ojczyzny,
Które może trwać długo,
Chociaż niewiele dłużej, niż trwa jeszcze dziewiętnasty wiek.
Ale mnie dana jest nadzieja cyniczna,
Bo odkąd otworzyłem oczy, nie widziałem nic prócz łun i rzezi,
Prócz krzywdy, poniżenia i śmiesznej hańby pyszałków.
Dana mi jest nadzieja zemsty na innych i na sobie samym,
Gdyż byłem tym, który wiedział
I żadnej z tego dla siebie nie czerpał korzyści.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Para Robinson Jeffers
Se você não leu os poetas eslavos,
tanto melhor. Não tem o que procurar ali
um peregrino irlandês-escocês. Eles viveram uma infância
estendida de século a século. O sol para eles era
o rosto corado do lavrador, a lua olhava do alto das nuvens
e a Via Láctea dava tanta alegria quanto uma estradinha ladeada de bétulas.
Ansiavam pelo reino sempre próximo,
sempre logo ali. Então, entreabrindo os galhos
das macieiras, surgirão anjos com vestes de aniagem
e, em toalhas de mesa de colcozes, haverá banquetes
de cordialidade e ternura (às vezes até debaixo da mesa).
E você, de rochedos chicoteados pela arrebentação. De charnecas
onde o guerreiro, posto na sepultura, tinha os ossos quebrados
para que não visitasse os vivos. Da noite marítima
com que seus ancestrais se cobriam, em silêncio.
Sobre a sua cabeça nenhum rosto, nem do sol nem da lua,
apenas a contração e a expansão das galáxias, a impassível
violência de novos começos, nova destruição.
A vida toda à escuta do oceano. Negros dinossauros
avançam ali onde se eleva e baixa nas ondas um cinturão púrpura
de caules fosforescentes, como em um sonho. E Agamemnon
navega por sobre as profundezas até a escadaria do palácio
para que seu sangue jorre no mármore. Até que a humanidade passe
e o oceano continue a açoitar a terra, pétrea, límpida.
Boca estreita, olhos azuis, privado da graça e da esperança
diante de um Deus Terribilis, o corpo do mundo.
Não se ouvem preces. Basalto e granito,
sobre eles um pássaro de rapina. A única beleza.
E o que tenho a ver com você? De pequenas trilhas em pomares,
de um coral inculto e das irradiações de um ostensório,
de canteiros de arruda, colinas à beira dos rios, dos livros
de um lituano fervoroso que anunciava a fraternidade, eu venho.
Ó essas consolações dos mortais, crenças inúteis!
E, no entanto, você não sabia o que eu sei. A terra ensina
mais que a nudez dos elementos. Ninguém dá a si mesmo,
impunemente, os olhos de um deus. Tão viril, no vazio,
você fez oferendas a demônios: estavam lá Wotan e Thor,
o grasnido das Erínias pelo ar, o pavor dos cães
quando Hécate se avizinha com o séquito dos mortos.
Antes esculpir um sol nas juntas da cruz,
como faziam em meu distrito. Dar a bétulas e abetos
nomes femininos. Invocar proteção
contra uma força muda e astuta
do que, como você, proclamar uma coisa não humana.
...................................................................................... 1968
**
Do Robinsona Jeffersa
Jeżeli nie czytałeś słowiańskich poetów
to i lepiej. Nie ma tam czego szukać
irlandzko-szkocki wędrowiec. Oni żyli w dzieciństwie
przedłużanym z wieku w wiek. Słońce dla nich było
rumianą twarzą rolnika, miesiąc patrzył zza chmury
i Droga Mleczna radowała jak wysadzany brzozami trakt.
Tęsknili do królestwa, które zawsze blisko,
zawsze tuż-tuż. Wtedy pod jabłonie
wejdą, rozchylając gałęzie, anioły w płótniankach
i ucztować przy białych kołchoźnych obrusach
będą serdeczność i tkliwość (czasem spadając pod stół).
A ty z grzechoczących od przyboju skał. Z wrzosowisk,
gdzie składając wojownika do grobu, łamano mu kości,
żeby nie nawiedzał żywych. Z morskiej nocy,
którą twoi przodkowie okryli się, milcząc.
Nad twoją głową żadnej twarzy, ni słońca ani księżyca,
tylko skurcz i rozkurcz galaktyk, niewzruszona
gwałtowność nowych początków, nowego zniszczenia.
Całe życie słuchający oceanu. Czarne dinozaury
brodzą, gdzie wznosi się i opada na fali purpurowy pas
fosforycznych łodyg, jak ze snu. I Agamemnon
żegluje po wrzącej toni do schodów pałacu,
żeby na marmur trysła jego krew. Aż ludzkość minie
i w ziemię, kamienną, czystą, będzie bił dalej ocean.
Wąskousty, niebieskooki, bez łaski i nadziei,
przed Bogiem Terribilis, ciałem świata.
Nie wysłuchuje modlitw nikt. Bazalt i granit,
nad nim drapieżny ptak. Jedyne piękno.
A mnie co do ciebie? Z drobnych steczek w sadach,
z nieuczonego chóru i jarzeń monstrancji,
z grządek ruty, pagórków nad rzekami, ksiąg,
w których gorliwy Litwin wieścił braterstwo, przychodzę.
O, te pociechy śmiertelnych, wierzenia daremne!
A jednak nie wiedziałeś, co wiem. Ziemia uczy
więcej niż nagość żywiołów. Nie daje się sobie
bezkarnie oczu boga. Tak mężny, w pustce,
składałeś ofiary demonom: był Wotan i Tor,
skrzek Erynii w powietrzu, przerażenie psów,
kiedy z orszakiem umarłych nadciąga Hekate.
Raczej wyrzeźbić słońca na spojeniach krzyża,
jak robili w moim powiecie. Brzozom i jedlinom
nadawać żeńskie imiona. Wzywać opieki
przeciwko niemej i przebiegłej sile,
niż tak jak ty oznajmiać nieczłowieczą rzecz.
...................................................................................... 1968
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Minha fiel língua
Minha fiel língua,
Eu servi a você.
Toda noite eu punha na sua frente tigelinhas com tintas,
para que você tivesse a bétula e a cigarra e o dom-fafe
guardados na minha memória.
Isso durou muitos anos.
Você era a minha pátria, porque faltou outra.
Achei que você seria também uma intermediária
entre mim e as pessoas boas,
mesmo que fossem vinte, dez
ou que não tivessem nascido ainda.
Agora admito minhas dúvidas.
Há momentos em que parece que desperdicei a vida.
Porque você é uma língua de gente aviltada,
de gente insensata e que odeia
a si mesma talvez mais do que a outras nações,
uma língua de alcaguetes,
uma língua de aturdidos,
enfermos da própria inocência.
Mas sem você quem eu sou.
Apenas um acadêmico em um país distante,
a success, sem medo e humilhações.
Sim, quem sou eu sem você.
Um filósofo como qualquer outro.
Eu entendo, isso deve ser um aprendizado:
a glória da individualidade subtraída,
diante do Pecador da moralidade
o Grande Renome estende um tapete vermelho
e ao mesmo tempo uma lanterna mágica projeta
no pano de fundo imagens do tormento humano e divino.
Minha fiel língua,
quem sabe entretanto eu deva salvar você.
Vou então continuar a pôr na sua frente tigelinhas com tintas
claras e puras, se possível,
pois no infortúnio é necessária alguma ordem ou beleza.
.......................................................................................Berkeley, 1968
**
Moja wierna mowo
Moja wierna mowo,
służyłem tobie.
Co noc stawiałem przed tobą miseczki z kolorami,
żebyś miała i brzozę, i konika polnego, i gila
zachowanych w mojej pamięci.
Trwało to dużo lat.
Byłaś moją ojczyzną, bo zabrakło innej.
Myślałem że będziesz także pośredniczką
pomiędzy mną i dobrymi ludźmi,
choćby ich było dwudziestu, dziesięciu
albo nie urodzili się jeszcze.
Teraz przyznaję się do zwątpienia.
Są chwile, kiedy wydaje się, że zmarnowałem życie.
Bo ty jesteś mową upodlonych,
mową nierozumnych i nienawidzących
siebie bardziej może niż innych narodów,
mową konfidentów,
mową pomieszanych,
chorych na własną niewinność.
Ale bez ciebie kim jestem.
Tylko szklarzem gdzieś w odległym kraju,
a success, bez lęku i poniżeń.
No tak, kim jestem bez ciebie.
Filozofem takim jak każdy.
Rozumiem, to ma być moje wychowanie:
gloria indywidualności odjęta,
Grzesznikowi z moralitetu
czerwony dywan podścieła Wielki Chwał,
a w tym samym czasie latarnia magiczna
rzuca na płótno obrazy ludzkiej i boskiej udręki.
Moja wierna mowo,
może to jednak ja muszę ciebie ratować.
Więc będę dalej stawiać przed tobą miseczki z kolorami
jasnymi i czystymi, jeżeli to możliwe,
bo w nieszczęściu potrzebny jakiś ład czy piękno.
....................................................................................... Berkeley, 1968
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Elegia para N. N.
Diga se acha que é distante demais.
Você poderia vir pelas mansas ondas do Báltico
E depois dos campos da Dinamarca, e de um bosque de faias,
Seguiria rumo ao oceano, dali pouco faltando
Para Labrador, todo branco nessa época do ano.
E se a você que sonhava com uma ilha solitária
Fazem medo cidades e faróis lampejando nas estradas,
Há um caminho em meio ao sossego das florestas
Pelo azul roxeado das águas do degelo, entre rastros de alce e caribu,
Até Sierras, minas de ouro abandonadas.
Você seria levada pelo rio Sacramento
Através de colinas cobertas de carvalhos espinhosos.
Então só uns poucos eucaliptos e teria chegado.
É verdade, quando a manzanita floresce
E se vê a baía nas manhãs de primavera
Eu penso a contragosto na casa entre os lagos
E nas redes de pesca puxadas sob o céu lituano.
A barraca em que você deixava o vestido antes do mergulho
Transformou-se para sempre em um cristal abstrato.
Resta ali uma penumbra de mel perto da varanda
E corujinhas engraçadas e cheiro de couro.
Como era possível viver então, eu não sei.
Estilos e roupas bruxuleiam, indistintos,
Inautônomos, acercando-se do fim.
E daí que ansiamos pelas coisas em si mesmas.
O saber do tempo fugaz deitou sua chama nos cavalos diante da ferraria
E nas magras colunas do mercado da cidadezinha,
Nas escadas e na peruca da mama Fliegeltaub.
Aprendemos tanto, você sabe, tanto.
Como aos poucos o que não se poderia tirar de nós
É tirado, pessoas, arredores.
E o coração não falece quando se pensa que deveria,
Sorrimos, há pão e chá sobre a mesa.
E só remorso por não termos amado
Aquelas pobres cinzas em Sachsenhausen
Com um amor absoluto, para além da medida humana.
Você se acostumou a novos invernos, úmidos,
A uma casa de cujas paredes foi lavado o sangue
Do proprietário alemão e aonde ele nunca voltou.
Eu também levei apenas o que era possível, cidades e países,
Não se entra duas vezes no mesmo lago
Pisando o fundo recoberto de folhas de amieiro
Rompendo um estreito fio de sol.
Culpas suas e minhas? Não grandes culpas.
Segredos seus e meus? Pequenos segredos.
A mandíbula presa com um lenço, nos dedos uma cruz
E mais além um cão late e brilham as estrelas.
Não, não foi por causa da distância
Que você não me visitou aquele dia ou noite.
De ano a ano ela cresce até tomar conta de nós,
Assim como você, eu entendi: indiferença.
.............................................................................................Berkeley, 1962
**
Elegia dla N. N.
Powiedz, czy to dla ciebie za daleko.
Mogłabyś biec tuż nad małą falą Bałtyckiego Morza
I za polem Danii, za bukowym lasem,
Skręcić na ocean, a tam już niedługo
Labrador, biały o tej porze roku.
A jeżeli ciebie, co marzyłaś o wyspie samotnej,
Straszą miasta i migot światełek na szosach,
Miałaś drogę samym środkiem leśnej głuszy,
Nad sinizną odtajałych wód ze śladem łosia i karibu,
Aż do Sierras, opuszczonych kopalń złota.
Zaprowadziłaby ciebie rzeka Sacramento
Między pagórki porosłe kolczastą dębiną.
Jeszcze gaj eukaliptusów i trafiłabyś do mnie.
To prawda, kiedy kwitnie manzanita,
A zatoka jest niebieska w wiosenne poranki,
Myślę niechętnie o domu między jeziorami
I o niewodach ciągnionych pod litewskim niebem.
Budka kąpielowa, gdzie składałaś suknię,
Zmieniła się na zawsze w abstrakcyjny kryształ.
Jest tam ciemność miodowa koło werandy
I śmieszne małe sowy, i zapach rzemiani.
Jak można było wtedy żyć, sam nie wiem.
Style i stroje wibrują, niewyraźne,
Niesamoistne, zmierzające do finału.
Coż z tego, że tęsknimy do rzeczy samych w sobie.
Wiedza mijającego czasu osmaliła konie przed kuźnią
I kolumienki na rynku miasteczka,
I schodki, i perukę mamy Fliegeltaub.
Uczyliśmy się, sama wiesz, tak wiele.
Jak zostaje kolejno odjęte,
Co odjęte być nie mogło, ludzie, okolice.
A serce nie umiera, kiedy, zdawałoby się, powinno,
Uśmiechamy się, jest herbata i chleb na stole.
I tylko wyrzut sumienia, że nie kochaliśmy jak należy
Biednego popiołu w Sachsenhausen
Miłością absolutną nad miarę człowieka.
Przyzwyczaiłaś się do nowych, mokrych, zim,
Do willi, gdzie krew niemieckiego właściciela
Zmyto ze ściany i nie wrócił nigdy.
Ja też wziąłem tylko co można, i miasta, i kraje.
Nie wstępuje się dwa razy w to samo jezioro
Po dnie wysłanym olchowymi liśćmi,
Łamiąc jedną wąską pręgę słońca.
Winy twoje i moje? Nieduże winy.
Sekrety twoje i moje? Drobne sekrety.
Kiedy podwiązują chustką szczękę, w palce wkładają krzyżyk
I gdzieś tam szczeka pies, i błyszczy gwiazda.
Nie, to nie dlatego że daleko
Nie odwiedziłaś mnie tamtego dnia czy nocy.
Z roku na rok w nas dojrzewa, aż ogarnie,
Tak jak ty ją zrozumiałem: obojętność.
............................................................................................. Berkeley, 1962
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Sobre os anjos
Tiraram suas vestes brancas,
Suas asas e até sua existência,
Eu, no entanto, acredito em vocês,
Emissários.
Ali onde se desdobra o avesso do mundo,
Tecido grosso bordado de estrelas e de bichos,
Vocês passeiam, observando o feitio veraz dos pontos da costura.
É breve sua visita aqui,
No alvorecer, talvez, se o céu está limpo,
Na melodia repetida pelo pássaro
Ou no cheiro das maçãs ao cair da noite,
Quando a luz enfeitiça os pomares.
Dizem que alguém inventou vocês,
Mas isso não me convence.
Porque as pessoas também inventaram a si mesmas.
A voz — essa é talvez uma prova,
Pois pertence a seres indubitavelmente claros,
Leves, alados (mas por que não?),
Cingidos de relâmpago.
Ouvi essa voz muitas vezes no sono
E, o que é mais estranho, eu entendia mais ou menos
A ordem ou apelo em uma língua de além da terra:
já, já, é dia
mais um
faça quanto possa
....................................................................................................outubro de 1969
**
O aniołach
Odjęto wam szaty białe,
Skrzydła i nawet istnienie,
Ja jednak wierzę wam,
Wysłańcy.
Tam gdzie na lewą stronę odwrócony świat,
Ciężka tkanina haftowana w gwiazdy i zwierzęta,
Spacerujecie, oglądając prawdomówne ściegi.
Krótki wasz postój tutaj,
Chyba o czasie jutrzennym, jeżeli niebo jest czyste,
W melodii powtarzanej przez ptaka
Albo w zapachu jabłek pod wieczór,
Kiedy światło zaczaruje sady.
Mówią, że ktoś was wymyślił,
Ale nie przekonuje mnie to.
Bo ludzie wymyślili także samych siebie.
Głos — ten jest chyba dowodem,
Bo przynależy do istot niewątpliwie jasnych,
Lekkich, skrzydlatych (dlaczegóż by nie),
Przepasanych błyskawicą.
Słyszałem ten głos nieraz we śnie
I, co dziwniejsze, rozumiałem mniej więcej
Nakaz albo wezwanie w nadziemskim języku:
zaraz dzień
jeszcze jeden
zrób co możesz.
.................................................................................................... październik 1969
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Annalena
Acontecia às vezes de eu beijar nos espelhos o reflexo do meu rosto; como o acarinhavam as mãos, os lábios e as lágrimas de Annalena, ele me parecia divinamente belo e como que iluminado por uma celeste doçura.
.......................................................... L’amoureuse initiation, O. V. de L.-Milosz
Eu adorava tua veludosa yoni, Annalena, as longas viagens no delta das tuas pernas.
Subir o rio rumo a teu coração palpitante, por correntezas cada vez mais selvagens, impregnadas de uma luz de lúpulo e negras convolvuláceas.
E nosso arrebatamento, e o riso triunfante, e as roupas vestidas às pressas em meio à noite, para seguir pelas escadas de pedra da cidade alta.
A respiração presa de admiração e silêncio, a porosidade das rochas desgastadas e o portal da catedral.
Transpondo a portinhola para a casa paroquial, pedaços de tijolo e ervas daninhas; na escuridão, o toque áspero dos contrafortes do muro.
E depois olhar da ponte, lá embaixo, os pomares, quando sob a lua cada árvore se inclina em seu genuflexório e, no recôndito interior dos choupos entre as sombras, ecoa o rumor da turbina d’água.
A quem contamos o que nos aconteceu na terra, Annalena, para quem deixamos em toda parte grandes espelhos, na esperança de que se preencham e assim isso permaneça?
Sempre incertos se fomos eu e tu, Annalena, ou amantes sem nome das fábulas das plaquinhas esmaltadas.
...................................................................................................... 1967
**
Annalena
Zdarzało mi się niekiedy całować w lustrach odbicie mojej twarzy; ponieważ pieściły ją ręce, usta i łzy Annaleny, twarz moja wydawała mi się bosko piękna i jakby prześwietlona niebiańską słodyczą.
..................................................................... L’Amoureuse Initiation, O. Miłosz
Lubiłem twoją aksamitną yoni, Annalena, długie podróże w delcie twoich nóg.
Dążenie w górę rzeki do twego bijącego serca przez coraz dziksze prądy sycone światłem chmielu i czarnych powojów.
I naszą gwałtowność, i triumfalny śmiech, i pośpieszne ubieranie się w środku nocy, żeby iść kamiennymi schodami górnego miasta.
Oddech wstrzymany z podziwu i ciszy, porowatość zużytych głazów i portal katedry.
Za furtką do plebanii ułamki cegieł i chwasty, w ciemności dotyk szorstkich oskarpowań muru.
I później patrzenie z mostu w dół na sady, kiedy pod księżycem każde drzewo osobne na swoim klęczniku, a z tajemnego wnętrza przyćmionych topoli stuka echo wodnej turbiny.
Komu opowiadamy, co zdarzyło się nam na ziemi, dla kogo ustawiamy wszędzie wielkie lustra w nadziei, że napełnią się i tak zostanie?
Zawsze niepewni, czy to byliśmy ja i ty, Annalena, czy kochankowie bez imion na tabliczkach z baśniowej emalii.
...................................................................................................... 1967
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
De Walt Whitman: Ó viver sempre
e sempre morrer
Ó viver sempre e sempre morrer!
Ó enterros de mim mesmo de antes e de agora,
Ó eu que avanço, material, visível, imperioso como sempre,
Ó eu e o que fui por anos, agora, um cadáver. (Não chorem por mim, estou contente,)
Ó livrar-me desses restos mortais de mim, que vejo quando me volto para lá onde os joguei,
Ir adiante (Ó viver sempre!) e deixar esses restos para trás.
.
................................... tradução de Marcelo Paiva de Souza
.................................... (a partir da tradução de Czesław Miłosz)
**
Z Walta Whitmana: O, żyć zawsze
i zawsze umierać
O, żyć zawsze i zawsze umierać!
O, pogrzeby mnie dawnego i teraźniejszego,
O, ja kroczący naprzód, materialny, widzialny, władczy jak zawsze,
O, ja i to, czym byłem latami, teraz umarły. (Nie płaczcie po mnie, bo jestem zadowolony,)
O, uwolnić się od tych zwłok mnie samego, na które odwracając się patrzę tam, gdzie je rzuciłem,
Iść dalej (O, żyć zawsze!) i zostawiać zwłoki za sobą.
............................................ Przełożył Czesław Miłosz
§§
Mas os livros
Mas os livros estarão nas estantes, seres verdadeiros,
Que surgiram certa vez, frescos, úmidos ainda,
Como castanhas lustrosas sob a árvore no outono,
E tocados, acarinhados, perduraram,
Apesar dos lampejos no horizonte, dos castelos voando pelo ar,
Das tribos em marcha, dos planetas em movimento.
Somos — diziam, mesmo quando suas páginas eram arrancadas
Ou suas letras lambidas pela chama ávida.
Ó quão mais duráveis do que nós, cujo calor precário
Se extingue junto com a memória, dissipa, morre.
Imagino a terra quando eu não existir mais
E nada, nenhuma perda, o mesmo estranho espetáculo,
Os vestidos das mulheres, o jasmim molhado, a canção no vale.
Mas os livros estarão nas estantes, bem-nascidos,
Mas os livros estarão nas estantes, bem-nascidos,
De estirpe humana, embora também da claridade, da altura.
............................................... 1986
**
Ale książki
Ale książki będą na półkach, prawdziwe istoty,
Które zjawiły się raz, świeże, jeszcze wilgotne,
Niby lśniące kasztany pod drzewem w jesieni,
I dotykane, pieszczone, trwać zaczęły
Mimo łun na horyzoncie, zamków wylatujących w powietrze,
Plemion w pochodzie, planet w ruchu.
Jesteśmy — mówiły, nawet kiedy wydzierano z nich karty
Albo litery zlizywał buzujący płomień.
O ileż trwalsze od nas, których ułomne ciepło
Stygnie razem z pamięcią, rozprasza się, ginie.
Wyobrażam sobie ziemię, kiedy mnie nie będzie,
I nic, żadnego ubytku, dalej dziwowisko,
Suknie kobiet, mokry jaśmin, pieśń w dolinie.
Ale książki będą na półkach, dobrze urodzone,
Z ludzi, choć też z jasności, wysokości.
............................................... 1986
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Forja
Eu gostava do fole movido pelo cordame.
Acionado pela mão, por um pedal, talvez, não me lembro.
Mas aquele sopro, aquele crepitar do fogo!
E o pedaço de metal nas chamas, na ponta da tenaz,
Rubro, já maleável, pronto para a bigorna,
Batido pelo martelo, tomando a forma da ferradura,
Sua queda no balde d’água, o sibilo e o vapor.
E os cavalos presos, que logo serão ferrados,
Sacodem as crinas e na grama à beira do rio
Relhas, lâminas, grades para o conserto.
Na entrada, sentindo o chão na planta do pé descalço.
Aqui, as lufadas de calor e atrás de mim, as nuvens.
E eu olho, olho. Para isso fui chamado:
.... Para louvar as coisas, porque são.
**
Kuźnia
Podobał mi się miech, poruszany sznurem.
Może ręka, może nożny pedał, nie pamiętam.
Ale to dmuchanie, rozjarzanie ognia!
I kawał żelaza w ogniu, trzymany cęgami,
Czerwony, już miękki, gotów do kowadła,
Bity młotem, zginany w podkowę,
Rzucany w kubeł z wodą, syk i para.
I konie uwiązane, które będą kuć,
Podrzucają grzywami i w trawie nad rzeką
Lemiesze, płozy, brony do naprawy.
U wejścia, czując bosą podeszwą klepisko.
Tutaj bucha gorąco, a za mną obłoki.
I patrzę, patrzę. Do tego byłem wezwany:
.... Do pochwalania rzeczy, dlatego że są.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Cardo, urtiga
…le chardon et la haute
........................................... Ortie et l’ennemie d’enfance belladonna
O. V. de L.-Milosz
Cardo, urtiga, bardana, beladona
Têm futuro. São delas os descampados
E as ferrovias enferrujadas, o céu, o silêncio.
Quem serei para as pessoas muitas gerações depois de mim,
Quando, cerrada a algazarra das línguas, o prêmio couber ao silêncio?
Devia me remir o dom de compor as palavras,
Mas tenho de estar pronto para uma terra-sem-gramática.
De cardo, urtiga, bardana, beladona
E sobre elas a brisa, uma nuvem sonolenta, silêncio.
**
Oset, pokrzywa
…le chardon et la haute
........................................... Ortie et l’ennemie d’enfance belladonna
O. Miłosz
Oset, pokrzywa, łopuch, belladonna
Mają przyszłość. Ich są pustkowia
I zardzewiałe tory, niebo, cisza.
Kim będę dla ludzi wiele pokoleń po mnie,
Kiedy po zgiełku języków weźmie nagrodę cisza?
Miał mnie okupić dar układania słów,
Ale muszę być gotów na ziemię bez-gramatyczną.
Z ostem, pokrzywą, łopuchem, belladonną,
Nad którymi wietrzyk, senny obłok, cisza.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Uma aranha
O fio em que vinha aterrissando grudou na banheira
E ela tenta desesperadamente subir a lisa brancura,
Mas nenhuma das pernas que se debatem encontra apoio
Em uma superfície que inexiste na Natureza.
Não gosto de aranhas. Há hostilidade entre mim e elas.
Já li muito sobre seus hábitos,
Que acho repulsivos, e aconteceu de eu ver
Na teia a rápida corrida, o ataque
À mosca aprisionada, a picada mortal
Com um veneno também para nós perigoso
Em algumas espécies. Agora olho para ela
E deixo como está. Em vez de abrir a torneira
E acabar com esse incômodo. Que se esforce,
Dou a ela uma chance. Porque enfim nós,
Humanos, podemos no máximo não fazer mal.
Não pôr veneno na trilha frequentada pelas formigas,
Salvar as tolas mariposas que se atiram na luz,
Separando-as com um vidro da lamparina a querosene
Junto da qual eu escrevia. Diga, afinal —
Falo comigo mesmo agora: o impensado
É a salvação de quem vive. A plena consciência
Seria capaz de suportar o que a cada segundo,
Simultaneamente, se passa na terra?
Não fazer mal. Parar de comer peixe e carne.
Ser castrado, como Tiny, gato sem culpa
Por nenhum dos gatinhos afogados em nossa cidade.
Os cátaros estavam certos: evitar o pecado da concepção
(Porque ou você mata um feto e enfrenta remorsos,
Ou é responsável por uma vida de sofrimento).
Minha casa tem dois banheiros. Deixo a aranha
Na banheira não usada e volto às minhas ocupações,
Que consistem em fazer pequenos barcos,
Mais eficientes e ágeis que aqueles de quando criança,
Bons para navegar além da fronteira do tempo.
No dia seguinte, dou uma espiada em minha aranha.
Morta, uma bolinha negra na cintilante brancura.
Penso com inveja na dignidade de Adão,
Até o qual vinham os animais da floresta e do campo,
Para dele receberem seus nomes. Quão alto ele foi elevado
Acima de tudo que corre e voa, e rasteja.
**
Pająk
Nitka, na której lądował, przylgnęła do dna wanny
I rozpaczliwie próbuje iść po gładkiej bieli,
Ale żadna z miotających się nóg nie znajduje uchwytu
Na powierzchni, której nie ma w Naturze.
Nie lubię pająków. Pomiędzy nimi i mną jest nieprzyjaźń.
Czytałem dużo o ich obyczajach,
Które są dla mnie wstrętne, i w pajęczynie
Zdarzało mi się widzieć szybki bieg, atak
Na uwikłaną muchę, śmiertelne ukłucie
Jadem i dla nas niebezpiecznym
U niektórych gatunków. Teraz na niego patrzę
I zostawiam go tak. Zamiast puścić wodę
I zakończyć tę przykrość. Niech stara się,
Daję mu szansę. Bo, ostatecznie, my,
Ludzie, możemy najwyżej nie szkodzić.
Nie sypać trucizny na szlak wędrownych mrówek,
Ratować głupie ćmy rwące się do światła,
Odgradzając je szybą od lampy naftowej,
Przy której kiedyś pisałem. Nazwij wreszcie —
Mówię teraz do siebie — niedomyślenie do końca
Jest ratunkiem dla żywych. Czyż pełna świadomość
Mogłaby unieść to, co równocześnie
W każdej sekundzie dzieje się na ziemi?
Nie szkodzić. Zaprzestać jedzenia ryb i mięsa.
Dać się wykastrować, jak Tiny, kot niewinny
Żadnego z utopionych w naszym mieście kociąt.
Mieli rację katarzy: unikać grzechu poczęcia
(Bo albo zabijesz płód i dręczyć będzie sumienie,
Albo za żywot cierpień będziesz odpowiedzialny).
Mój dom ma dwie łazienki. Zostawiam pająka
W nie używanej wannie i wracam do moich zajęć,
Które polegają na budowaniu niedużych okrętów
Bardziej sprawnych i lotnych niż te w dzieciństwie,
Dobrych do żeglowania za granicę czasu.
Nazajutrz zaglądam do mego pająka.
Martwy, zwinięty w czarną kulkę na lśniącej bieli.
Myślę z zazdrością o dostojeństwie Adama,
Do którego przychodziły zwierzęta leśne i polne,
Żeby dostać od niego imiona. Jakże był wywyższony
Nad wszystko, co biega i lata, i pełza.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Para Allen Ginsberg
Allen, bom sujeito, grande poeta de um século assassino, você que, teimando na loucura, chegou à sabedoria.
A você eu confesso que minha vida não foi como eu queria.
E agora que passou, aí está ela, como um pneu velho à beira da estrada.
Foi como a vida de milhões, contra a qual você se rebelou em nome da poesia e de um deus onipresente.
Submetida aos hábitos, sabendo que são absurdos, e à necessidade, que acorda a gente toda manhã mandando sair para o trabalho.
Com anseios não realizados, inclusive a vontade não realizada de gritar e bater a cabeça na parede com a proibição sempre repetida para si mesmo: “Não”.
Não ser indulgente consigo mesmo, não se permitir não-fazer-nada, não refletir sobre a própria dor, não buscar ajuda no hospital e no psiquiatra.
Não, porque há obrigações, mas também o medo de forças que, tão logo à solta, eis aí descoberto todo o nosso ridículo.
E fui vivendo na América do Moloch, de cabelo curto e barba feita, engravatado, bebendo um bourbon na frente da televisão noite após noite.
Os gnomos diabólicos dos desejos dando cambalhotas dentro de mim, eu, consciente deles, dando de ombros: com a vida, isso passa.
A angústia bem ali, furtiva, eu sempre fingindo que nem sinal dela e que estou ligado aos outros por uma bendita normalidade.
Também pode ser assim a escola da visão, sem narcóticos e sem a orelha cortada de van Gogh e a irmandade das melhores mentes atrás das grades de hospícios.
Fui um instrumento, ouvi, fisguei vozes do coro balbuciante, traduzindo-as em frases claras, com vírgulas e ponto-final.
Invejo em você a coragem do desafio absoluto, das palavras incandescentes, do anátema obstinado do profeta.
Os sorrisos acanhados dos ironistas foram parar nos museus e não são grande arte, só uma lembrança da descrença.
Enquanto seu uivo blasfemo ainda reverbera no deserto de neon pelo qual segue errante a tribo humana, condenada à irrealidade.
Walt Whitman escuta e diz: Sim, assim é preciso para conduzir os corpos dos homens e das mulheres até lá, onde tudo é plenitude e passarão a viver cada instante transfigurado.
E suas banalidades jornalísticas, sua barba e seus colares de contas, e suas roupas de rebelde daquela época serão perdoados.
Pois não buscamos o que é perfeito, buscamos o que resta da incessante procura.
Lembrando quanto significam o acaso feliz, a coincidência das palavras e circunstâncias, a manhã coberta de nuvens que, depois, parecerá inevitável.
Não exijo de você uma obra que seja um monumento, como uma catedral medieval em uma planície francesa.
Eu mesmo tive essa esperança e me esforcei, de antemão, porém, já sabendo quase ao certo que o extraordinário se torna comum.
E na mistura planetária de crenças e línguas, não somos mais lembrados do que os inventores da roca ou do transístor.
Aceite esta homenagem de mim, que fui tão diferente, mas, como você, prestei este mesmo serviço inominado.
Na falta de definições melhores, referido apenas como a atividade de fazer poemas.
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Do Allena Ginsberga
Allen, dobry człowieku, wielki poeto morderczego stulecia, ty, który upierając się w szaleństwie doszedłeś do mądrości.
Tobie wyznaję, moje życie nie było takie, jak bym chciał.
I teraz, kiedy minęło, leży jak niepotrzebna opona na skraju drogi.
Było takie jak życie milionów, przeciwko któremu buntowałeś się w imię poezji i wszechobecnego Boga.
Poddane obyczajom, z wiedzą, że są absurdalne, i konieczności, która zrywa co ranka i każe jechać do pracy.
Z nie spełnionymi pragnieniami, nawet z nie spełnioną chęcią krzyku i bicia głową w ścianę, z powtarzanym sobie zakazem „Nie wolno”.
Nie wolno pobłażać sobie, pozwalać na nic-nierobienie, rozmyślać o swoim bólu, nie wolno szukać pomocy w szpitalu i u psychiatry.
Nie wolno dlatego, że obowiązek, ale także dlatego, że strach przed siłami, którym tylko popuścić, a pokaże się nasze błazeństwo.
I żyłem w Ameryce Molocha, krótkowłosy i ogolony, wiążąc krawaty, pijąc bourbon przed telewizją co wieczór.
Diabelskie karły pożądań koziołkowały we mnie, byłem ich świadomy i wzruszałem ramionami: razem z życiem to minie.
Trwoga skradała się tuż tuż, musiałem udawać, że nigdy jej nie ma i że z innymi mnie łączy błogosławiona normalność.
Taka też może być szkoła wizji, bez narkotyków i odciętego ucha van Gogha i braterstwa najlepszych umysłów za kratami szpitali.
Byłem instrumentem, słuchałem, wyławiając głosy z bełkotliwego chóru, tłumacząc na zdania jasne, z przecinkami i kropką.
Zazdroszczę tobie odwagi absolutnego wyzwania, słów gorejących, zaciekłej klątwy proroka.
Wstydliwe uśmiechy ironistów zachowano w muzeach i nie są wielką sztuką, ale pamiątką niewiary.
Podczas kiedy twój wrzask bluźnierczy dalej rozlega się w neonowej pustyni, po której błądzi ludzkie plemię skazane na nierzeczywistość.
Walt Whitman słucha i mówi: Tak, tak właśnie trzeba, żeby ciała mężczyzn i kobiet zaprowadzić tam, gdzie wszystko jest spełnieniem i gdzie żyć odtąd będą w każdej przemienionej chwili.
A twoje dziennikarskie banały, twoja broda i paciorki, i strój buntownika tamtej epoki zostają wybaczone.
Albowiem nie szukamy tego co doskonałe, szukamy tego, co zostaje z nieustannego dążenia.
Pamiętając, ile znaczy traf szczęśliwy, zbieg słów i okoliczności, ranek z obłokami, który później wyda się nieuchronny.
Nie żądam od ciebie monumentalnego dzieła, które byłoby jak średniowieczna katedra nad francuską równiną.
Sam miałem taką nadzieję i trudziłem się, już jednak na wpół wiedząc, że niezwykłe zmienia się w powszednie.
I w planetarnej mieszaninie wyznań i języków jesteśmy nie bardziej pamiętani niż wynalazcy kołowrotka albo tranzystora.
Przyjm ten hołd ode mnie, który byłem tak inny, ale w tej samej służbie nienazwanej.
W braku lepszych określeń podając ją jedynie za czynność pisania wierszy.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Os pastéis de Degas
Essas costas. Coisa erótica imersa na duração,
E as mãos se enredaram em tranças ruivas,
Tão exuberantes que, penteadas, puxam a cabeça para baixo.
A coxa e, debaixo dela, o pé da outra perna,
Porque está sentada, abrindo os joelhos dobrados,
E o movimento dos braços descobre o contorno de um seio.
Aqui, indubitável, em século e ano
Que passaram. Como alcançá-la?
E como alcançar aquela, de penhoar amarelo?
Pinta os cílios de preto diante do espelho, cantarolando.
A terceira está deitada na cama, fuma um cigarro,
Olha uma revista de moda. A camisa
De musselina, curvas de abundante brancura, translúcida,
E os mamilos rosados. O chapéu do pintor
Dependurado entre vestidos na sobreloja.
Gostava de ficar aqui, conversar, desenhar.
Tem um gosto acre nosso convívio humano,
Consequência do conhecido toque, da boca ávida,
Da forma dos quadris e das lições sobre a alma imortal.
Vem e se vai. Onda, lã, dédalo.
E só uma ruiva cabeleira refulgiu no abismo.
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Pastele Degasa
Te plecy. Rzecz erotyczna zanurzona w trwaniu,
A ręce uwikłały się w rudych splotach,
Tak bujnych, że czesane, ściągają w dół głowę.
Udo i pod nim stopa drugiej nogi,
Bo siedzi, rozchylając zgięte kolana,
I ruch ramion odsłania linię jednej piersi.
Tu, niewątpliwie, w stuleciu i roku,
Które minęły. Jakże ją dosięgnąć?
I jak dosięgnąć tamtą, w żółtym peniuarze?
Czerni rzęsy przed lustrem, podśpiewując.
Trzecia leży na łóżku, pali papierosa
I ogląda żurnal mody. Jej koszula
Z muślinu, biel obfita okrągło prześwieca
I różowawe sutki. Kapelusz malarza
Wisi między sukniami na antresoli.
Lubił tutaj siadywać, rozmawiać, rysować.
Cierpkie w smaku jest nasze ludzkie obcowanie
Z powodu znajomego dotyku, ust chciwych,
Kształtu bioder i nauk o duszy nieśmiertelnej.
Przybiera i odchodzi. Fala, wełna, wilna.
I tylko ruda grzywa błysnęła w otchłani.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
Uma frase
O espelho esperando o reflexo da face humana, sempre tão incerta da sua imagem
....................................................... Julia Hartwig, “Nowe błyski”,
...................................................... Zeszyty Literackie, n. 78, 2002
Sobre esta frase vale meditar por muitas semanas.
O espelho espera pela face: a minha, a dela, a dele, de nós
todos divididos em homens e mulheres, velhos e crianças.
E isso tudo é um nós, ou seja, um eu no plural,
sempre incerto de seu reflexo no poço do espelho,
Inclinando-se como criança na mureta do poço
E lá no fundo, pequenininha, uma face, não de todo conhecida.
E justamente a incerteza do que sou me liga
à próxima pessoa diante do espelho.
Por exemplo, a dama elegante que agora mesmo fez uma cara
antes de partir para a conquista.
O espelho e nossas caras, todo o registro delas.
Talvez pena, talvez compaixão
Pela nossa tolice, e cada uma é a minha própria.
E atrás de mim as muitas faces dos que viveram outrora aparecem
e somem no poço, o espelho.
...............................................................................[2002]
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Jedno zdanie
Lustro czekające na odbicie ludzkiej twarzy, tak zawsze niepewnej swojego obrazu
............................................................. Julia Hartwig, Nowe błyski,
..........................„................................. Zeszyty Literackie” nr 78, 2002
Nad tym zdaniem warto rozmyślać przez wiele tygodni.
Lustro czeka na twarz: moją, jej, jego, nas
podzielonych na mężczyzn i kobiety, starców i dzieci.
I to wszystko my czyli ja w liczbie mnogiej,
zawsze niepewny swego odbicia w studni lustra,
Pochylający się jako dziecko przez cembrowinę studni
I tam głęboko maleńka niezupełnie znana twarz.
I właśnie niepewność tego czym jestem łączy mnie
z następną osobą przed lustrem.
Na przykład strojną damą, która właśnie robi sobie twarz,
nim wyruszy na podbój.
Lustro i nasze miny, cały ich rejestr.
Chyba litość, chyba współczuwanie
Z naszą głupotą, a każda moja własna.
I za mną wiele twarzy tych, co kiedyś żyli, pojawia się
i znika w studni, lustrze.
............................................................................... [2002]
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
§§
A tartaruga
O sol sai de trás da névoa como um animal dourado,
A juba vermelha, com os raios desgrenhados.
Mas ela não vê. Nunca olha para o céu.
Cobertos por pálpebras bojudas, seus olhos
Miram apenas a terra ou as placas do piso,
Como aqui, na casa de Janek e Nela, em Menton.
Somos uma espécie de um andar de cima,
Nosso olhar arranha o céu e permeia as nuvens.
Observamos compadecidos
Como ela marcha desengonçada sob as cadeiras
E como saboreia a folha verde da alface.
Que ideia do demiurgo! Enfiar entre
Dois escudos um corpo de lagarto, para lhe proteger
A vida dos ataques dos grandes dinossauros!
Mas falar com ela não dá certo.
Quando de repente começa a correr em uma afobação frenética,
Inútil explicar a ela que o sapato do Janek
Não é uma parceira digna de tanto ardor.
Com certo embaraço, espiamos
Seus movimentos de macho na cópula, semelhantes aos humanos,
E o líquido que se espalha lentamente
Enquanto ela se mantém imóvel.
A comunhão dos vivos, mas não completa:
Como podem se conciliar consciência e inconsciência?
Janek e Nela não compreendiam a tartaruga.
Os dois queriam ser pura inteligência.
Pouco depois morreram e, em suas cadeiras, ninguém.
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Żółw
Słońce zza mgieł wychodzi jak złotawe zwierzę,
Rudowłose i z grzywą skłębionych promieni.
Ale on go nie widzi. Nigdy nie patrzy w niebo.
Jego oczy przykryte wypukłą powieką
Patrzą tylko ku ziemi albo ku taflom posadzki
Jak tutaj, w domu Janka i Neli w Mentonie.
My jesteśmy gatunek wysokiego piętra,
Ze spojrzeniem niebosiężnym i międzyobłocznym.
Obserwujemy z politowaniem
Jego niezdarne marsze pod krzesłami
I jak spożywa zielony liść sałaty.
Co za pomysł demiurga! Między dwie tarcze
Wtłoczyć kształt jaszczurczy, żeby chronić życie
Przed atakami większych dinozaurów!
Ale przemówić do niego nie sposób.
Kiedy nagle zaczyna biegać w żarliwym pośpiechu
Na próżno mu tłumaczyć, że but Janka
Nie jest partnerką godną jego zapału.
Jakby zażenowani, przyglądamy się
Jego ruchom kopulacyjnym podobnym do ludzkich
I strudze cieczy, która rozszerza się powoli,
Podczas gdy on nieruchomieje.
Wspólnota żywych, ale niezupełna:
Jak pogodzić się mogą świadomość i nieświadomość?
Janek i Nela nie pojmowali żółwia.
Poniżało ich jego pokrewieństwo z nimi.
Chcieli być czystymi inteligencjami.
Wkrótce potem umarli i na ich krzesłach nikogo.
- Czesław Miłosz, no livro "Para isso fui chamado: poemas". [tradução Marcelo Paiva de Souza]. Companhia das Letras, 2023
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CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE TRADUZIDO POR CZESŁAW MIŁOSZ
NO MEIO DO CAMINHO*
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
................. (ANDRADE, 1967, p. 61-625)
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NA ŚRODKU DROGI
Na środku drogi był kamień
kamień był na środku drogi
był kamień
na środku drogi był kamień.
Nigdy nie zapomnę tego wydarzenia
w życiu moich zmęczonych źrenic.
Nigdy nie zapomnę, że na środku drogi
był kamień
kamień był na środku drogi
na środku drogi był kamień.
.
(MIŁOSZ, 1994, p. 21.)
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* Em Wypisy z ksiąg użytecznych (Excertos de livros úteis; 1994), pessoalíssima antologia comentada da poesia mundial, com organização, prefácio e, em grande parte, traduções de sua própria lavra (a obra colige também versões de outros tradutores, assim como poemas poloneses), o Nobel de Literatura polonês, de 1980, Czesław Miłosz incluiu um único texto de um único confrade brasileiro: “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade. Reescrito e relido em língua polonesa, o poema exibe facetas pouco familiares – e talvez tanto mais interessantes – de Drummond, além de descortinar uma visão reveladora da obra do próprio Miłosz, como poeta e como crítico da poesia moderna.
- Marcelo Paiva de Souza. In: SOUZA, Marcelo Paiva. Um diálogo no meio do caminho: Czesław Miłosz leitor e tradutor de Carlos Drummond de Andrade. Cadernos de Tradução, Florianópolis, v. 35, nº especial 1, p. 146-172, jan/jun. 2015
MIŁOSZ, Czesław. Wypisy z ksiąg użytecznych. Kraków: Znak, 1994.
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FORTUNA CRÍTICA DO POETA POLONÊS CZESŁAW MIŁOSZ
A VISITA de um exilado. Entrevista com Czesław Miłosz. tradução Grazyna Drabik. In: revista Religião e Sociedade, Cadernos do ISER, nº 9 , Rio de Janeiro, junho, 1983, pp. 73-76. Disponível no link. (acessado em 6.2.2024).
ASCHER, Nelson. Literatura polonesa é uma das glórias secretas da cultura europeia. In: Folha de S. Paulo, Ilustrada, 17 de outubro 2000. Disponível no link. (acessado em 1.2.2024)
ASCHER, Nelson. Poesia é o que se ganha na tradução. In: Folha de São Paulo, Ilustrada, 23 de abril de 2003. Disponível no link. (acessado em 5.3.2024)
BEAUREPAIRE, Luiz Guilherme de.. O Vale do Issa {resenha}. In: Bons Livros para Ler, 8 agosto 2016. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
COSTA, Nathalia Carias Gonçalves da.. O poder de preservar: uma reflexão da história na poesia de Wislawa Szymborska. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2014. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
ENTREVISTA. País da poesia. {c/ Marcelo Paiva de Souza}. In: Ciência Hoje, s/data. Disponível no link. (acessado em 22.1.2024)
FAVARI, Odair. Czesław Miłosz: autor necessário ao Brasil. In: Diário do Rio Claro, 15 de janeiro de 2020. Disponível no link. (acessado em 24.1.2024).
GAGLIANONE, Isabela. Lúcido catastrofismo {resenha/poesia}. In: O Benedito, 15 de janeiro 2014. Disponível no link. (acessado em 21.1.2024)
GERCKE, Karina Regedor; FERREIRA, Gabriela Semensato. Análise comparativa dos poemas de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Vasco Popa, Czeslaw Milosz, Francis Ponge. In: Literatura Comparada. 1ed., Porto Alegre: SAGAH Educação S.A., 2017, v. 1, p. 207-222.
GONZAGA, Pedro. Poesia em Casa – Especial Polônia: Czesław Miłosz e Wislawa Szymborska. In: Estadão Arte, 3.9.2017. Disponível no link. (acessado em 25.1.2024).
JOVANOVIC, Aleksandar. As temerárias aventuras de um tradutor não-nativo nos jardins da poesia polonesa. In: Revista X, ano v. 15, n. 6, p. 612-618, 2020. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
KALEWSKA, Anna. Czesław Miłosz (1911-2004) 0 poeta do `êxtase e transitoriedade' na tradução luso-brasileira. In: Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, v. 5, dezembro 2002, p. 7-23. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
KEMPINSKA, Olga Donata Guerizoli. O imaginário gótico de um emigrante. Uma reflexão sobre a poesia de Czeslaw Milosz. In: Anuário de Literatura, v. 28, p. 1-11, 2023. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
KEMPINSKA, Olga. O expressionismo e a poética do lixo. In: Revista Farol, v. 17, n. 24, 2021. Disponível no link. (acessado em 1.2.2024)
KEMPINSKA, Olga. 'Nunca de ti, cidade, eu pude partir': a experiência da emigração e a desterritorialização na poesia de Czesław Miłosz. In: Contraponto, v. 7, p. 103-116, 2020. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
KEMPINSKA, Olga Donata. A reversibilidade da imagem e a definição da poesia. In: revista Remate de Males, Campinas-SP, v.39, n.1, pp. 321-336, jan./jun. 2019. Disponível no link. (acessado em 1.2.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Vinte e dois poetas poloneses: uma pequena antologia de poesia em tradução. In: Belas Infiéis, Brasília, v. 9 n. 2, 2020. Disponível no link. (acessado em 21.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Três poemas de Czesław Miłosz. In: Qorpus, vol.16, Florianópolis/SC, 2015. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. O poeta como testemunha. Uma brevíssima reflexão sobre dois poemas de Czesław Miłosz. In: Qorpus , v. 16, p. 7, 2015. Disponível no link. (acessado em 25.1.2024).
KRYSINSKI, Wladimir. As vozes inseparáveis de Czeslaw Milosz. In: Organon, Porto Alegre, v. 19, n. 38-39, 2005. Disponível no link. (acessado em 24.1.2024).
LITERATURA. Morre, aos 93, o poeta Czeslaw Milosz. In: Folha de S. Paulo - Ilustrada, 15 de agosto de 2004. Disponível no link. (acessado em 31.1.2024)
LUCI. R. M.. Não mais (Czesław Miłosz). {Resenha}. In: Posfácio, 25 de dezembro 2011. Disponível no link. (acessado em 25.1.2024).
MATUSZEWSKI, Ryszard. "Czeslaw Milosz, Prémio Nobel de Literatura em 1980". In: Revista Colóquio/Letras. Ensaio, n.º 60, mar. 1981, p. 15-22.
MACHADO, Carlos. Um poeta da realidade. Czeslaw Milosz {poemas}. In: Poesia Net, n. 112, n. 3. 13 de abril de 2005. Disponível no link. (acessado em 24.1.2024).
MENDONÇA, Kátia Marly Leite. Czeslaw Milosz: Entre o Testemunho e a Profecia. In: Avanca Cinema International Conference 2023, v. 1, p. 126-132, 2023. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
MENDONÇA, Kátia Marly Leite. A simbólica do absinto na teopoética de Dostoievski, Tarkovsky e Czeslaw Milosz. In: Reflexão v. 47, p. 1-17, 2022. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
MENTE cativa, de Czeslaw Milosz. {resenha}. In: Letras, In.Verso e Re.Verso, 7 de abril de 2011. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
NOGUEIRA, Paulo. Czeslaw Milosz narra a perseguição aos intelectuais em 'A Mente Cativa'. In: Estadão, 1.8.2022. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
NUTO, João Vianney Cavalcanti. Opção pelas aproximações - Entrevista com Henryk Siewierski, por João Vianney Cavalcanti Nuto. In: Tradução em Revista 10, 2011/1. Disponível no link / em polonês - link. (acessado em 20.1.2024).. {Inclui um "Apêndice" - Aproximações: Europa de Leste em Língua Portuguesa, Brasília: Lisboa, No. 1-4, 1987-1990, com a relação dos poemas publicados e os tradutores}.
OLIVEIRA, Franklin. A elegia lituana de Czeslaw Milosz. In: Musu Lietuva n. 18, (1757), v. 6, 1982, p. 5. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
PAIVA, João Guilherme. Miłosz contra a poesia da Bohème. In: Revista A! n. 3, 2015/01 . Disponível no link. (acessado em 24.1.2024).
PETERLE, Patricia. Pelo que viver - O tema principal da poesia de Czesław Miłosz é o mal do mundo — o fato de se sentir culpado diante da dor do outro {resenha}. In: Rascunhos, edição 283, novembro de 2023. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
PRZYBYCIEN, Regina Maria. Não mais de Czeslaw Milosz. In: Revista letras, Curitiba, v. 62, p. 141-143, 2004. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
SIEWIERSKI, Henryk. História da Literatura Polonesa. Brasília: UnB, 2000.
SIEWIERSKI, Henryk. Czeslaw Milosz i Carlos Drummond de Andrade: spotkanie na srodku drogi. In: Aleksander Fiut; Artur Grabowski; Lukasz Tischner. (Org.). Milosz e Milosz. 1ª ed., Kraków: Ksiegarnia Akademicka, 2013, v. 1, p. 645-652.
SIEWIERSKI, Henryk. Despedida de Czeslaw Milosz (1911-2004). In: Projeções (Curitiba), v. IV, n.1-2, p. 11-13, 2004.
SIEWIERSKI, Henryk. O vasto mundo da poesia de Czeslaw Milosz. In: Projeções (Curitiba), Curitiba, v. 1, p. 34-42, 1999.
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Dialog na środku drogi: Czesław Miłosz czyta i tłumaczy Carlosa Drummonda de Andrade. In: Władysław Miodunka; Anna Seretna. (Org.). Język, literatura i kultura polska w świecie. 1ed., Cracóvia: Księgarnia Akademicka, 2016, v. 1, p. 87-101.
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Um diálogo no meio do caminho: Czesław Miłosz Leitor e tradutor de Carlos Drummond de Andrade. In: Caderno Tradução, Florianópolis, v. 35, nº especial 1, p. 146-172, jan/jun. 2015. Disponível no link. (acessado em 23.1.202)
SOUZA, Marcelo Paiva de.. No inferno do séc. XX: algumas reflexões sobre O testemunho da poesia, de Czesław Miłosz. In: XII Congresso Internacional da ABRALIC - UFPR – Curitiba/PR, Brasil, 18 a 22 de julho de 2011. Disponível no link. (acessado em 20.1.2024)
SWIATKIEWICZ, Maria Teresa Faria Aguilar Bação Fernandes. Normas, estratégias e técnicas na tradução literária direta do polaco para o português europeu (1990-2010).. (Tese Doutorado em Estudos de Tradução). Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras, 2017. Disponível no link. (acessado em 1.2.2024)
ENSAIO DE CZESŁAW MIŁOSZ SOBRE ALBERTO CAMUS
O interlocutor fraterno - Czesław Miłosz escreve sobre Albert Camus
O ensaio a seguir é do poeta polonês Czesław Miłosz em homenagem a Albert Camus, por ocasião do autor de 'O estrangeiro'.
A CORAGEM DE DIZER COISAS ELEMENTARES
Tentarei explicar por que aqueles que, como eu, vêm do Leste Europeu têm por Albert Camus tanta gratidão. Ele nos era mais próximo - e creio que posso falar por outros além de mim - do que quase todos os escritores franceses contemporâneos. É que o paralelismo histórico não é um fator negligenciável. Ora, os intelectuais franceses dos anos quarenta e cinquenta, na sua maioria, foram fascinados pela História. Nós também - mas de uma maneira diferente. Eles aspiravam a um tipo de saturação pessoal pela historicidade; nós estávamos saturados até a moela dos ossos e, por isso mesmo, passávamos, por assim dizer, para o outro lado. Todos os discursos sobre a História que ouvíamos na França nos pareciam suspeitos, pois neles era evocada uma imagem, uma ideia, e não essa realidade que havíamos conhecido nas suas formas mais cruéis, o nazismo e o stalinismo. Ignoro o que protegia Albert Camus contra uma moda difundida entre os intelectuais parisienses, tão conformistas. Eram as praias da África, sua origem popular que o preservavam de uma "má consciência" burguesa? Como quer que seja, ele tratava os ídolos do momento com uma desconfiança cujo preço ele pagava, pois os intelectuais não perdoam uma tal falta de respeito pelas especulações pós-hegelianas.
Está na moda o deboche, já tradicional, dirigido contra as boas maneiras das classes congeladas em sua moral estreita; ele tem suas causas profundas no passado francês e na estrutura social do país. Quanto a mim, estrangeiro, o deboche sempre me entediou. No Leste, nunca tivemos burguesia digna desse nome. Debochar é muito bom, mas é preciso, para se permitir isso, ter atrás de si alguns séculos de vida ordenada. Vindos da intelligentsia (essa camada muito especial) ou do povo, fomos jogados em uma comoção, um caos em que tudo caía por terra. Todas as portas já estando abertas, era inútil força-las mais uma vez. Ao contrário, tínhamos necessidade de entusiasmo e de ímpeto para escapar à fluidez. As zombarias, na Polônia, são no mais das vezes um meio de defesa do indivíduo contra o poder. Camus não debochava, o que o tornava vulnerável ao extremo aos ataques aplaudidos por um público bem treinado - e que vê no riso forçado o sinal de um espírito superior. É por essa razão que sempre estive no campo de Camus.
O que me surpreende nos intelectuais franceses é sua fé em ideias gerais: eles creem bastar que um homem se feche no seu quarto e pense com lógica para que ele consiga compreender tudo, por exemplo, sobre os conflitos que ocorrem em Gana, na Hungria, na Polônia ou na Rússia. Os resultados de um tal esforço me fizeram rir frequentemente - quando eles concernem aos países que conheço, pois, quanto ao resto, ficava, como todo mundo, repleto de um santo respeito. Entretanto, aprendi, e não sem sofrimento, que é arriscado pronunciar-se sobre os assuntos internos de um país cuja língua não se fala - o mínimo insuficiente, mas necessário. Surpreendia-me com a facilidade e a pretensa competência com que se discutia sobre a China em Paris, enquanto me era difícil desembaraçar algumas complexidades políticas do Leste Europeu, pois o húngaro, por exemplo, era-me inacessível. Tinha a impressão de que Camus pertencia a uma espécie bem diferente da dos grandes especialistas que têm a ciência infusa e que resolvem problemas do Texas ou da Indonésia como se se tratasse de um subúrbio. Essa característica de Camus, que era considerada em Paris como um defeito, era explicada por sua falta de treinamento filosófico. Mas o que se entende, em primeiro lugar, por filosofia? Para alguns, como Camus, a filosofia exige um alimento quase carnal e eles se recusam a falar de outra coisa senão do que os toca pessoalmente.
Isso nos leva diretamente à questão argelina. Eu não aprovava inteiramente sua posição sobre o problema. Mas um estrangeiro que assiste a essa tragédia é levado a julgamentos um pouco apressados. A posição de Camus me lembrava certos tormentos interiores que muitos experimentaram entre nós antes da Segunda Guerra. A capital da Galícia oriental, Ló, era uma cidade polonesa (há muitos séculos), mas cercada de campos com uma grande população ucraniana, o que gerava ódios que se exprimiram cruelmente por 1942-1943, quando se deu o massacre das populações polonesas por tropas ucranianas armadas pelos alemães. Tirar daí a conclusão de que os poloneses são anjos e que os ucranianos são demônios, ou o contrário, seria um erro. Mesmo nos piores momentos, e em ambas as partes, seres humanos foram desesperados pela intensidade do ódio e ao menos reticentes em louvar o nacionalismo de seus compatriotas ou, ao contrário, o de seus adversários. Dou-me conta de que minha analogia não é perfeita. Entretanto, o imbróglio étnico do Leste Europeu me serviu a entender as dificuldades de Camus.
Quanto a sua obra literária, confesso que nunca me agradou seu estilo. Estou separado do francês por um véu e seria ridículo erigir-me em especialista. A distância provem das aventuras muito particulares da minha língua natal. Rico em substantivos e em verbos que se relacionam às cores, aos sons, aos ruídos, aos odores, cheirando ao terror, o polonês, por sua natureza mesma, e malgrado a influência da sintaxe latina, pende a um lirismo preocupante. A meu entender, ele deve tender somente a um ideal: o da simplicidade funcional, como contrapeso à carga de sensualidade. O exemplo do francês clássico pode nos ser útil, mas o francês de hoje parece buscar exatamente aquilo de que nos esforçamos em escapar. A destilação altiva das frases nos choca. O estilo de Camus é típico? Não, para os franceses, que lhe opõem outros procedimentos e outras maneiras de escrever. Sim, para os estrangeiros cuja orelha registra uma tonalidade própria a toda uma época na história da língua.
Mas já ao primeiro contato, a obra de Camus tinha para mim algo de familiar. Mencionarei aqui um autor que a ela me tinha preparado. Era Joseph Conrad, que todos da minha geração leram nas excelentes traduções feitas por sua prima, Aniela Zagorska. Não gostaria de exagerar a comparação entre Conrad e Camus, mas ambos se comportavam como hidalgos. O paralelo não daria conta do lugar e do tempo e seria perigoso. No entanto, Conrad era obcecado pela moral sem sanção, pela solidão do homem lutando contra o destino cego sob o céu mudo e postulando a fraternidade humana. Mas nunca levou sua inquietação até po-la em equações. Nem sua formação pela literatura polonesa na sua primeira juventude nem sua "anglicidade" inclinavam-no a escrever um "mito de Sísifo". Preferia propor ao leitor a contemplação de um universo impassível; depois ele se refugiava no silêncio, evitando qualquer comentário. Camus trazia aos mesmos problemas seu temperamento jansenista, ou mais bem cátaro. Parece-me que suas raízes, através de uma longa tradição cristã, mergulhavam no maniqueísmo dos bogomilos da Bulgária, que ia reviver nas "seitas" russas e, transplantado no Ocidente, entre os albigineses. Camus era fascinado por Dostoiévski, esse herdeiro das seitas da cristandade oriental. E, assim como Dostoiévski, tinha coragem de abordar temas de "mau gosto". Pois é de bom gosto meditar hoje sobre o enigma apresentado já no Livro de Jó? Não se é então, em literatura, um ingênuo, um príncipe Michkin disfarçado de escritor parisiense? A peste é o melhor livro sobre o flagelo totalitário dos tempos modernos. Mas, em primeiro lugar, é uma meditação sobre a desgraça dos inocentes, logo sobre o Livro de Jó. "Ele zomba da desgraça dos inocentes". Quem? Jeová, o demiurgo mau dos maniqueus.
Na sua juventude, na Universidade de Argel, Camus apresentou um trabalho sobre Santo Agostinho, e pergunto-me se toda a sua obra não é, no fundo, teológica. Interpretaria de bom grado A queda como um tratado sobre a Graça (ausente), cuja chave estaria nesta frase: "As pombas esperam lá no alto, elas esperam o ano todo. Giram acima da terra, olham, desejariam descer. Mas não há nada além do mar e dos canais, tetos cobertos de insígnias, e nenhuma cabeça onde pousar". Creio também que o apego tocante de Camus à memória de Simone Weil, a quem ele chamava de "o único grande espírito de nosso tempo", radica no fervor bem albiginês dessa herege.
Não era fácil para mim aceitar o Ocidente. Carregava um rancor e provavelmente mantive vestígios dele. Pensava, após a guerra: "Eles não aprenderam nada, sua vida corre seu curso, recomeçam seu jogo estúpido como se nada tivesse acontecido." Pode ser que tampouco tenhamos aprendido muita coisa, mas, queiramos ou não, não reencontramos nossos hábitos de antes de 1939. Para nós, ver o Ocidente, com suas ideias, sua história (nem tão rosa quando se consegue deslizar nos seus bastidores), sua "vista total" em que um milhão de cadáveres a mais ou a menos não contam, sua arte de revolta com responsabilidade limitada, tudo isso era recuar em cinquenta ou cem anos. Apenas homens tais como Albert Camus pesavam na balança, pois se adivinhava neles uma verdadeira dor. Nenhum dentre nós, que sobrevivemos à vergonha da impotência, pode se livrar desse sentimento de culpa expresso por um dos personagens de Camus: "Ah! Quem poderia acreditar que o crime não está tanto em fazer morrer quanto não se deixar morrer!" Descubro agora o que permitia ao escritor Camus encarar o desafio da época dos fornos crematórios e dos campos de concentração: ele tinha a coragem de dizer coisas elementares.
Camus era um desses intelectuais ocidentais, pouco numerosos, que me estenderam a mão quando deixei a Polônia stalinista, em 1951, ao passo que outros me evitavam considerando-me como um pestilento e como um pregador contra o Futuro. É bem triste, para um pobre diabo que nunca teve outra fortuna além de sua pele e de sua pluma, ser representado na imprensa como um burguês enfarado em fuga da pátria socialista. Não me pouparam tais elogios, e esse período foi bem duro. À direita, não havia linguagem comum; à esquerda, um mal-entendido completo, pois minhas opiniões políticas estavam avançadas em alguns anos quanto ao que se tornou moeda corrente depois de 1956. Em uma situação tão incômoda, a amizade reconforta e dá esse mínimo de segurança sem o qual somos expostos às tentações niilistas. Nunca os intelectuais hegelianos compreenderão quais consequências no plano das relações humanas puderam ter suas argúcias e quantos abismos escavam entre eles e os habitantes do Leste Europeu, informados ou não sobre Marx. A filosofia é algo de muito carnal: ele resfria o olhar ou, como em Camus, ela introduz no homem a cordialidade de um irmão.
A amizade de Camus era um dos fios que me permitiam me conduzir no labirinto ocidental. Seguindo-o, percebi que estava errado, que o rancor não é o melhor guia, e que é possível viver e trabalhar em Paris sem bajular Saint-Germain-des-Prés. A França é impressionante por aquilo que tem de inesperado, pela multiplicidade de germes que se encontram sob uma superfície por demais unida. Já que estou satisfeito com o meu destino, já que fui moldado e fecundado pela França, expresso aqui meu reconhecimento a um dos que me fizeram aceitar esses país.
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Czesław Miłosz (1911 - 2004), poeta polonês vencedor do Prêmio Nobel de Literatura (1980), publicou este ensaio em homenagem a Albert Camus na revista Preuves em abril de 1960.
Tradução: Rodrigo de Lemos / tradução publicado originalmente em Estado da Arte, 16.11.2017.
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« Le courage de dire des choses élémentaires ». l’hommage de Czeslaw Milosz à Camus, dans la revue Preuves datée du mois d’avril 1960
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- Zbigniew Herbert, Leopold Łabędź i Czesław Miłosz. Paryż, ok. 1958 r. (fot. Archiwum Zbigniewa Herberta, Biblioteka Narodowa)
OUTRAS REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Perfil no sítio oficial do Nobel de Literatura 1980 (em inglês)
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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da.. (pesquisa, seleção, edição e organização). Czesław Miłosz - poeta, ensaísta, romancista e tradutor polonês. In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
** Página atualizada em 23.3.2024.____
* Postagem original de JANEIRO 2024
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