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João Guimarães Rosa - pensares e saberes



João Guimarães Rosa - fonte: acervo JGR

"(...) a linguagem e a vida são uma coisa só. Quem não fizer do idioma o espelho de sua personalidade não vive; e como a vida é uma corrente contínua, a linguagem também deve evoluir constantemente. Isto significa que, como escritor, devo me prestar contas de cada palavra e considerar cada palavra o tempo necessário até ela ser novamente vida. O idioma é a única porta para o infinito, mas infelizmente está oculto sob montanhas de cinzas. Daí resulta que tenha de limpá-lo, e como é a expressão da vida, sou eu o responsável por ele, pelo que devo constantemente umsorgen."
- João Guimarães Rosa, em entrevista a Günter Lorenz - "Dialogo com Guimarães Rosa". Disponível na íntegra AQUI".



"Ando com fome de coisas sólidas e com ânsia de viver só o essencial. Leia o "Time must have a stop", de Huxley. Pessoalmente, penso que chega um momento na vida da gente, em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de "eternidade"."
- João Guimarães Rosa, em carta a Antonio Azeredo da Silveira, Rio de Janeiro, 27-X-45. In: "SILVEIRA, Flavio Azeredo da.(org.). 24 cartas de João Guimarães Rosa a Antonio Azeredo da Silveira. Editionsfads.



ESTAS ESTÓRIAS (CONTOS)

"Vida - coisa que o tempo remenda, depois rasga."
- João Guimarães Rosa, em "Estas Estórias". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.


"Contudo, às vezes sucede que morramos, de algum modo, espécie diversa de morte, imperfeita e temporária, no próprio decurso desta vida. Morremos, morre-se..."
- João Guimarães Rosa, do conto "Páramo", no livro "Estas Estórias". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.



AVE PALAVRA
(crônicas, ficções, anotações sobre zoológicos, poemas, fragmentos de diários e oratórios)

"Em nosso jardim há florestas e pausas."
- João Guimarães Rosa, do conto "Evanira", no livro 'Ave, palavra'.


"Vejo-te, meu íntimo é solúvel em ti."
- João Guimarães Rosa, do conto "Evanira", no livro 'Ave, palavra'.


"Devo adquirir mais silêncio,
mais espera,
mais brancura."
- João Guimarães Rosa, do conto "Evanira"., no livro 'Ave, palavra'.


"Amar é a gente querer se abraçar com um pássaro que voa."
- João Guimarães Rosa, em "Do diário em Paris", do livro 'Ave, palavra'.


"Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?"
- João Guimarães Rosa, do conto "Zoo" - no livro 'Ave, Palavra'. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 122. 


"Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir…"
- João Guimarães Rosa, no livro “Ave, Palavra”. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.


CORPO DE BAILE (NOVELAS)
Guimarães Rosa, por Andre Gigante 
(Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá no Pinhém; e Noites do Sertão)

"Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma." 
- João Guimarães Rosa, na novela "Campo Geral", em "Manuelzão e Miguilim"/ do livro 'Corpo de Baile'. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2001, pg. 148. 



"Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessôas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de um distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe estava assim assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim também carecia de usar óculos (...) O doutor entendeu e achou graça. Tirou os óculos, pôs na cara de Miguilim. E Miguilim olhou para todos, com tanta força. Saiu lá fora. Olhou os matos escuros de cima do morro, aqui em casa, a cerca de feijão-bravo e são-caetano; o céu, o curral, o quintal; os olhos redondos e os vidros altos da manhã. Olhou mais longe, o gado pastando perto do brejo, florido de são-josés, como um algodão. O verde dos buritis, na primeira vereda. O Mutum era bonito! Agora ele sabia."
- João Guimarães Rosa,
da novela "Campo Geral", em "Manuelzão e Miguilim"/ no livro 'Corpo de Baile'. Rio de janeiro: Nova fronteira, 2001, p. 149-152.


"- A vida é boba. Depois é ruim. Depois, cansa. Depois, se vadia. Depois a gente quer alguma coisa que viu. Tem medo. Tem raiva do outro. Depois cansa. Depois a vida não é de verdade... Sendo que é formosa!"
- João Guimarães Rosa, da novela "Cara-de-Bronze". em "No Urubuquaquá, no Pinhém", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


"Mar a redor, fim afora, iam-se os Gerais, os Gerais do ô e do ao: mesas quebradas e mesas planas, das chapadas, onde há areia; para o verde sujo de más árvores, o grameal e o agreste – um capim rude, que boca de burro ou de boi não quer; e água e alegre relva arrozã, só nos transvales das veredas, cada qual, que refletem, orlantes, o cheiroso sassafrás, a buritirana espinhosa, e os buritis, os ramilhetes dos buritizais, os buritizais, os buritizais, os buritis bebentes."
- João Guimarães Rosa, da novela "Cara-de-Bronze". em "No Urubuquaquá, no Pinhém", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Você é o estado dum perfume. Respirar que forma uma alegria.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Dão-lalalão”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Amor é coragens. E amor é sede depois de se ter bem bebido.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Dão-lalalão”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


"O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos."
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


"Fome de tudo – de conhecer por dentro – fome do miolo todo, do bagaço, da última gota de caldo.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Como surpreender, adivinhar, por detrás do silêncio, cada grão de som?”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“O que a gente deve de deixar para trás é a poeira e as tristezas...”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Meu dever é a alegria sem motivo... Meu dever é ser feliz...”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


"Acho que tudo o que tem, de melhor, é o que a gente não deve de fazer, o que é preciso se aproveitar escondido, escondido...”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“A vontade de não aceitar a tristeza mais fosse um bem valioso, e uma qualidade.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Toda vez que a gente quer alguma coisa, e não sabe o quê, então é porque a gente está é com sede dum bom copo d’água, ou carecendo de ouvir música tocada...”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“E a vida inteira parecia ser assim, apenas assim, não mais que assim: um seguido despertar, de concêntricos sonhos – de um sonho, de dentro de outro sonho, de dentro de outro sonho... Até a um fim?”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão", no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Tem mulheres de lindeza assim, a gente sente a precisão de tomar um gole de bebida antes de olhar outra vez.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Ninguém não paga à gente os tempos passados, e o regalo que se perdeu...”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Mas nuvens que o monte de um vento suspende e faz, assim como todo avo de minuto é igualzinho ao de depois e ao de dantes, e o tempo é um espelho mostrado a balançar.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Caminhando no vau da noite, se chega até na beira do Inferno. As pessoas grandes tinham de repente o ódio uma das outras. Era preciso rezar o tempo todo, para que nada não sucedesse. A noite é triste.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“O mundo era feito para outro viver, rugoso e ingrato, em vão se descobria um recanto de delícia, caminhozinho de todo agrado, suas fontes, suas frondes – e a vida, por própria inércia, impedia-o, ameaçava-o, tudo numa ordem diferente não podia reaver harmonia, congraçar-se.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“Ali no sertão, atribuíam valor aos nomes, o nome se repassava do espírito e do destino da pessoa, por meio do nome produziam sortilégios.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“No que a cidade e o sertão não se dão entendimento: as regalias da vida, que as mesmas não são.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


“A noite é o que não coube no dia, até.”
- João Guimarães Rosa, da novela “Buriti”, em "Noites do Sertão",  no livro 'Corpo de Baile'. 1965.


PRIMEIRAS ESTÓRIAS (CONTOS)
"Esperava o silêncio. Escutava muito ao redor de si. Mas nunca ouvia tudo; não sabia nem podia."
- João Guimarães Rosa, do conto "A benfazeja". no livro "Primeiras estórias". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"Pai, a vida é feita só de traiçoeiros altos-e-baixos? Não haverá, para a gente, algum tempo de felicidade, de verdadeira segurança?"
- João Guimarães Rosa, do conto "Nada e a nossa condição", no livro "Primeiras estórias". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"Tudo não demorou calado, tão fundamente, não existindo, enquanto viviam as pessoas capazes, quem sabe, de esclarecer onde estava e por onde andou o Menino, naqueles remotos, já peremptos anos? Só agora que assoma, muito lento, o difícil clarão reminiscente, ao termo talvez de longuíssima viagem, vindo ferir-lhe a consciência. Só não chegam até nos, de outro modo, as estrelas."
- João Guimarães Rosa, do conto "Nenhum, nenhuma", no livro "Primeiras estórias". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"Cada um de nós se esquecera de seu mesmo, e está-vamos transvivendo, sobrecrentes, disto: que era o verdadeiro viver? E era bom demais, bonito – o mil maravilhoso – a gente voava, num amor, nas palavras: no que se ouvia dos outros e no nosso próprio falar."
- João Guimarães Rosa, do conto "Pirlimpsiquice". no livro 'Primeiras estórias'. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


“O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho que nem tenha ideia do que seja na verdade – um espelho? Demais, decerto, das noções de física, com que se familiarizou, as leis da óptica. Reporto-me ao transcen­dente. Tudo, aliás, é a ponta de um mistério.”
- João Guimarães Rosa, do conto "O espelho", no livro 'Primeiras estórias'. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo."
- João Guimarães Rosa, do conto "O espelho", no livro 'Primeiras estórias'. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"Todos os vivos atos se passam longe demais."
- João Guimarães Rosa, do conto "A menina de lá", no livro 'Primeiras estórias'. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"...e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água, que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio acima, rio adentro-o rio."
- João Guimarães Rosa, do conto "A terceira margem do rio", no livro 'Primeiras estórias'. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


"Sou homem de tristes palavras."
- João Guimarães Rosa, do conto "A terceira margem do rio", no livro 'Primeiras estórias'. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1962.


TUTAMÉIA (TERCEIRAS ESTÓRIAS)

"- A felicidade não se caça. Pares amorosos voltam às vezes a dado lugar, querendo reproduzir êxtases ou enlevos; encontram é o desrequentado, discórdia e arrufo, aquele caminho não ia dar a Roma nenhuma. Outros recebem o dom em momentos neutros, até no meio dos sofrimentos, há as doces pausas da angústia."
- João Guimarães Rosa, trecho do prefácio "sobre a escova e a dúvida"/no livro 'Tutaméia: terceiras estórias'. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.


“— O que é, o que é: que é melhor do que Deus, pior do que o diabo, que a gente morta come, e se a gente viva comer morre?” Resposta: — “É nada”."
- João Guimarães Rosa, em “Aletria e hermenêutica” — 1º prefácio no livro 'Tutaméia'.


"Ando a ver. O caracol sai ao arrebol. A cobra se concebe curva. O mar barulha de ira e de noite. Temo igualmente angústias e delícias. Nunca entendi o bocejo e o pôr-do-sol. Por absurdo que pareça, a gente nasce, vive, morre. Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito, será que basta? Meu duvidar é uma petição de mais certeza." 
- João Guimarães Rosa, no livro 'Tutaméia: terceiras estórias'. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985, p. 166.


"Felicidade se acha é só em horinhas de descuido."
- João Guimarães Rosa, do conto "Barra da Vaca", no livro 'Tutaméia: terceiras estórias'. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.


"Dito: meio se escuta, dobro se entende."
- João Guimarães Rosa, do conto “Curtamão”, no livro 'Tutaméia: terceiras estórias'. 


"Note-se e medite-se. Para mim mesmo, sou anônimo; o mais fundo de meus pensamentos não entende minhas palavras; só sabemos de nós mesmos com muita confusão."
- João Guimarães Rosa, do conto “Se eu seria personagem”, no livro 'Tutaméia: terceiras estórias'. 


SAGARANA (CONTOS)

"Você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria... 
Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua."
- João Guimarães Rosa, do conto "A hora e vez de Augusto Matraga". no livro 'Sagarana'.


"... E é graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhecendo que o mundo é pequeno e, como, sala-de-espera, ótimo, facílimo de se aturar..."
- João Guimarães Rosa, do conto "Minha Gente", no livro 'Sagarana'.


"- Pior, pior... Começamos a olhar o medo...o medo grande e a pressa...O medo é uma pressa que vem de todos os lados, uma pressa sem caminho... É ruim ser boi de carro. É ruim viver perto dos homens... As coisas ruins são do homem: tristeza, fome, calor – tudo pensado é pior..."
- João Guimarães Rosa, do conto “Conversa de Bois”, no livro 'Sagarana'.


GRANDE SERTÃO: VEREDAS (ROMANCE)

"O que eu queria era ser menino, mas agora, naquela hora, se eu pudesse possível. Por certo que eu já estava crespo da confusão de todos. Em desde aquele tempo, eu já achava que a vida da gente vai em erros, como um relato sem pés nem cabeça, por falta de sisudez e alegria. Vida devia de ser como na sala do teatro, cada um inteiro fazendo com forte gosto seu papel, desempenho." 
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas". 


"De primeiro, eu fazia e mexia e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp‟ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos desassossegos, estou de range rede. E me inventei nesse gosto, de especular idéia."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas". 


"Não por orgulho meu, mas antes por me faltar o raso da paciência, acho que sempre desgostei de criaturas que com pouco e fácil se contentam. Sou deste jeito."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas". 


"Ah, para o prazer e para ser feliz, é que é preciso a gente saber tudo, formar alma, na consciência; para penar, não se carece: bicho tem dor, e sofre sem saber mais porquê. Digo ao senhor: tudo é pacto. Todo caminho da gente é resvaloso."
- João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas. 


“O que houve que se deu. Que vi. Com a sede sofrida, um incha, padece nas vistas, chega fica cego. Mas vi. Foi num átimo. Como que por distraído: num dividido de minuto, a gente perde o tino por dez anos. Vi: ele – o chapéu que não quebrava bem, o punhal que sobressaia muito na cintura, o monho, o mudar das caras... Ele era o demo, de mim diante... O Demo!... Fez uma careta, que sei que brilhava. Era o Demo, por escarnir, próprio pessoa!...”
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"Mas o sertão era para, aos poucos e poucos, se ir obedecendo a ele; não era para à força se compor. Todos que malmontam no sertão só alcançam de reger em rédea por uns trechos; que sorrateio vai virando tigre da sela." 
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"— Pois é, Chefe. E eu sou nada, não sou nada, não sou nada... Não sou mesmo nada, nadinha de nada, de nada... Sou a coisinha nenhuma, o senhor sabe? Sou o nada coisinha nenhuma mesma nenhuma de nada, o menorzinho de todos. O senhor sabe? De nada. De nada... De nada..." 
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas". 


"Eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente. Queria entender do medo e da coragem, e da gã que empurra a gente para fazer tantos atos, dar corpo ao suceder."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas". 


"Contar é muito, muito dificultoso. Não pelos anos que se já passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas – de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. O que eu falei foi exato? Foi. Mas teria sido? Agora acho que nem não. São tantas horas de pessoas, tantas coisas em tantos tempos, tudo miúdo recruzado."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"Que isso foi o que sempre me invocou, o senhor sabe: eu careço de que o bom seja bom e o ruim, ruim. Que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! ...Como é que posso com esse mundo? (...) Ao que, esse mundo é muito misturado."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"– “Ei, Lúcifer! Satanás, dos meus Infernos!”
Voz minha se estragasse, em mim tudo era cordas e cobras.
E foi aí. Foi. Ele não existe, e não apareceu nem respondeu – que é um falso imaginado. Mas eu supri que ele tinha me ouvido. Me ouviu, a conforme a ciência da noite e o envir de espaços, que medeia. Como que adquirisse minhas palavras todas; fechou o arrocho do assunto. Ao que eu recebi de volta um adejo, um gozo de agarro, daí umas tranqüilidades-de pancada. Lembrei dum rio que viesse adentro a casa de meu pai. Vi as asas. Arquei o puxo do poder meu, naquele átimo. Aí podia ser mais? A peta, eu querer saldar: que isso não é falável. As coisas assim a gente mesmo não pega nem abarca. Cabem é no brilho da noite.
Aragem do sagrado. Absolutas estrelas!"
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"Ah, as coisas influentes da vida chegam assim sorrateiras, ladroalmente."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"Pois ainda tardei, esbarrado lá, no burro do lugar. Mas como que já estivesse rendido de avesso, de meus íntimos esvaziado. – “E a noite não descamba!...” Assim parava eu, por reles desânimo de me aluir dali, com efeito; nem firmava em nada minha tenção. As quantas horas? E aquele frio, me reduzindo. Porque a noite tinha de fazer para mim um corpo de mãe – que mais não fala, pronto de parir, ou, quando o que fala, a gente não entende? Despresenciei. Aquilo foi um buracão de tempo."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"Desentendi os cantos com que piam, os passarinhos na madrugança. Eu jazi mole no chato, no folhiço, feito se um morcegãocaiaria me tivesse chupado. Só levantei de lá foi com fome. Ao alembrável, ainda avistei uma meleira de abelha aratim, no baixo do pau-de-vaca, o mel sumoso se escorria como uma mina d’água, pelo chão, no meio das folhas secas e verdes. Aquilo se arruinava, desperdiçado. Senhor, senhor – o senhor não puxa o céu antes da hora! Ao que digo, não digo? [...] Assim eu estava desdormido, cisado. Aí mesmo, no momento, fui ecogitando: que a função do jagunço não tem seu que, nem p’ra que. Assaz a gente vive, assaz alguma vez raciocina. Sonhar, só, não. O demônio é o Dos-Fins, o Austero, o Severo-Mor. Aporro!"
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas".


"No real da vida, as coisas acabam com menos formato, nem acabam. Melhor assim. Pelejar por exato, dá erro contra a gente. Não se queira. Viver é muito perigoso..."
- João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão Veredas". 


MAGMA (POESIA)

Música de Schubert
Sombras de amores
em bailado longínquo, num palco sem fundo
com um fundo de espelho...
- João Guimarães Rosa, em "Magma". Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1997.



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** Página atualizada em 1.7.2016.



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Carlos Machado - o poeta

Carlos Machado - foto: Editora Abril/divulgação

Carlos Machado, nasceu em 1951, em Muritiba (BA). Jornalista, reside em São Paulo desde 1980. Cursou engenharia mecânica na UFBA e, em São Paulo, fez jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Edita na internet o boletim quinzenal poesia.net. Tem poemas publicados em revistas e jornais literários. Como jornalista especializado em informática, é também autor de livros técnicos publicados pela Editora Campus (RJ).


Carlos Machado - capas dos livros de poesia
OBRA DE CARLOS MACHADO
Obra poética
:: Pássaro de vidro. [capa Rodrigo Maroja]. São Paulo: Hedra, 2006.
:: Mané Ventura, Gonçalo e eu - uma história de Cordel. São Paulo: Editora do autor, 2012.
:: Tesoura cega[fotografia da capa Mario Rui Feliciani]. São Paulo: Dobra Editorial, 2015.

Infanto-juvenil
:: Cada bicho com seu capricho. (poemas para crianças).. [ilustrações Geraldo Valério]. São Paulo: MOV Palavras, 2015.

Antologias [participação]
BERND, Zilá (org.). Antologia de poesia afro-brasileira — 150 anos de consciência negra no Brasil. Belo Horizonte: Mazza, 2011.
DAMAZIO, Reynaldo; PROENÇA, Ruy; MELO, Tarso de (orgs.). Outras ruminações – 75 poetas e a poesia de Donizete Galvão. São Paulo: Dobra, 2014.
PORTOCARRERO, Celina (org.). Amar, verbo atemporal — 100 poemas de amor. Rio de Janeiro: Rocco, 2012. 
RAMOS, Inês (org.). Os dias do amor — Um poema para cada dia do ano. Portugal: Ministério dos Livros, 2009.

Artigos e ensaios
MACHADO, Carlos. Passos de ternura. Um até breve ao poeta Donizete Galvão. in: Kultme, 5.2.2014. Disponível no link. (acessado em 25.12.2015).
______ . O dia em que Fernando Brant me mandou e-mail. in: Kultme, 16.7.2015. Disponível no link. (acessado em 25.12.2015).
______ . Sob a pele das palavras. in: Germina, revista de literatura & arte, agosto|2006. Disponível no link. (acessado em 26.12.2015).
______ . Escândalo: Rimas de luxo na canção popular. in: Kultme, 09.11.2015. Disponível no link. (acessado em 26.12.2015).

Entrevista
KULTMEO que não tem tradução – entrevista com o poeta Carlos Machado. [entrevista]. in Kultme, 1.12.2014. Disponível no link. (acessado em 25.12.2015).


“A poesia de Carlos Machado se insere no conjunto de propostas da grande linha da poesia universal: o discurso do homem no mundo e sua condição existencial.”
- Ronaldo Costa Fernandes, no ensaio "Tesoura cega: a poesia afiada de Carlos Machado". in: MACHADO, Carlos. 'Tesoura cega - poemas'. São Paulo:  Dobra Editorial, 2015, p. 101.


Carlos Machado - fonte: Kultme
POEMAS ESCOLHIDOS DO POETA CARLOS MACHADO

A caça insubmissa
Nada possuis do outro
nem corpo nem asa
nem mesmo o sopro
morno da palavra

teu é apenas o perfume
de carne e cedro
que aspiras na pele
da caça insubmissa

nada é teu: dorme
e inventa no sonho
outra forma de laço
caça sem caçador
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 90.


Água e sal
digo que foi o vento:
inundou meus olhos
de sal

(esse vento do mar
você sabe...)

mas é mentira:
não são lágrimas
de sal
é a pungência do azul
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 67.


Anatomias
anatomia de coisas

desnudar
o pássaro de vidro
e ver em seu lado
oculto
o outro lado
de seu vulto

dissecar
vozes
sombras descalças
e perquirir
a substância
escassa que principia
na polpa
branca do dia

flagrar a ânsia
do relógio
e a cadência
dessa máquina
humana

fotografar
a permanência
da chama

anatomia do gesto

dobrar a esquina
de mim mesmo
olhar pra trás
e ainda
enxergar
o resto de
meu gesto
tonto
- Carlos Machado, em "Pássaro de vidro". São Paulo: Hedra, 2006.


As coisas
As coisas não têm culpa.
São apenas testemunhas
de nossas comédias.

As coisas não abraçam causas.
É inútil acusá-las
de qualquer inclinação,
lealdade ou felonia.

Substantivos neutros,
são apenas coisas:
este botão descosturado de tua blusa
este chinelo ao pé da cama
um folha de papel em branco 
- e nenhum drama.

As coisas não guardam segredos
nem remorsos.
Assistem caladas
e resistem
vestidas de cal e silêncio.

As coisas não têm quereres
nem poderes.

Mas, desassombradas, 
exibem sempre
o semblante estoico da pedra.

Nisso as coisas são todas iguais

— todas indiferentes. 
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 13-14.



Baobá
Vontade de fazer
uma coisa grande
de futuro imenso:
plantar um pé
de jacarandá
um baobá
e deixá-lo aí
para beijar 
a cumeeira
dos séculos,
zombar de tudo
que é breve
e que, como nós,
se consome 
no atrito das
horas, na
vertigem
incontrolável
das coisas miúdas.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 79.


Caminhada
Consente o caminhar
com passo
de não chegar
a lugar algum:
anda porque andas,
pelo simples
prazer de ter o 
vento na pele
e o olha na flor
vadia da beira
do caminho.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 81.


Certo
as coisas não dão certo
nunca deram certo
não foram feitas para dar certo

nós é que temos a ambição
do alinhamento e da simetria

e até inventamos deuses perfeitos
construídos à imagem
e semelhança do que sonhamos

as coisas não dão certo
nós é que cerzimos o pano
obturamos o dente
remendamos a fronteira no mapa

e inauguramos
na estátua de chumbo
um simulacro de ave

queremos crer
que as coisas dão certo
as coisas agora estão dando certo
e — se deus quiser —

sempre darão
- Carlos Machado, em "Pássaro de vidro". São Paulo: Hedra, 2006.


Entre ave e réptil
interessa-me
entre ave e réptil
a condição 
ambígua

confesso meu
fascínio por
essa corda estendida
entre uma e outra
palavra
e sua falsa noção
de equilíbrio

trago na raiz
do gesto o alvoroço
do circo

nervo reteso
lanço-me no ar
risco a 
superfície do inútil — e vôo!

por vezes 
uma palavra mais ágil 
me subtrai
do precipício

mas quase sempre 
me esborracho 
no chão 
em meu vôo solo
sem tambor nem
auxílio

reconfirmado
sísifo 
— amador de seu ofício —
alço-me outra vez
ao risco dos trapézios
- Carlos Machado, poema publicado na revista Cacto nº 3, dezembro|2003.


Ferreiro
malhar o ferro frio
até que do bruto
metal desponte
o fio da navalha

malhar até que o aço
rubro de cansaço
se renda ao sopro
de um calafrio

e que da matéria
distante e alheia
salte faiscante

uma centelha
- Carlos Machado, publicado na revista eletrônica italiana "Fili d'aquilone" n. 7, iuglio/settembre 2007.


Luas 
todo pretérito
é sempre
mais que perfeito

nenhum soluço
cabe inteiro
dentro do peito

emanações do 
passado 
despertam luas

lindas e nuas
que só se despem
do outro lado
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 69.


Mapa
De certo, apenas a incerteza.
O copo branco sobre a mesa
e esta aspiração de domingos.
De certo, a morte e seus respingos.

O menino azul quer um mapa,
carta de agir, segura e exata.
Quer seguir rijo, reto e justo
para justíssimo lugar.

O que, então, responder? Desiste,
esse lugar não há e – triste –
não há mapa, nem portulano,
nem porto lhano onde ancorar?

Como dizer? Menino, os mapas
não são roteiros de achamento,
mas tênues direções de vento
para quem só busca o buscar.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 9.


Ofício
Constróis com empenho
teu artefato de sílabas

Enuncias a noite
alcanças o feminino 
das coisas sem gênero
vagueias no campo branco
do que não se diz.

Relojoeiro, numismata
colecionador de conchas do mar
gastas o olho
e a alma 
nesse ofício minúsculo.

Tua ração é o tempo
o tempo e seu estandarte
de sustos
paisagem sem freios
à janela do trem.

Mas sabes: 
depois de tantos incêndios
luas novas e paixões
o que se aprende é bem pouco.

Bastaria dizer:
os espinheiros florescem
na varanda.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 94-95.


Paixões
Uma paixão minúscula. 

Colecionar conchas do mar
visitar o delta do Parnaíba
ou, glória do carbono,
montar um esguio exército
de lápis coloridos. 

Paixão invisível
a olho nu
indetectável pelos radares
do trânsito
ou pelos cães farejadores da polícia. 

Paixão de lupa
desvio de rota
mania encarapitada
na garupa da alma.

Exercício vadio
só para quem sabe
que mais vale
um gosto

que duas ou três moedas sem brilho.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 82.


Ponto final
O mundo acaba? Talvez sim.
Porém não como supõem
poetas e profetas. Quem 
treme de medo diante dos 
círculos infernais de Dante;
quem teme as trombetas
do Apocalipse; quem geme
de pânico ao pensar nas geenas
e nos seres estrambóticos
de Hieronymus Bosch. Não, 
a ciência é mais sutil e cruel.
Nenhum temor ou tremor
pressupõe o que pode vir
das sinistras conjecturas
dos cosmólogos. Nem água
nem fogo nem horror dantesco.
Colapso universal e absurdo.
O Big Bang ao avesso.
Todas as dimensões contraídas
num ponto único. Ponto
monstruosamente final.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 57.


Xeque-mate
Quando menos se espera, já são horas.
A dama de espadas perde o gume
e o pássaro pousado vai embora. 

Quando menos se espera, o que se anuncia
não é a sorte grande, a estrela Aldebarã
ou a sagração da primavera.
São tempos de abutre
e o coração, músculo bélico, fraqueja. 

De repente, já é sábado,
há uns assuntos desagradáveis para resolver
e, sobre a pele confusa da alma,
uma densa crosta de óxido e desalento.

Quando menos se espera, o rei está em xeque,
e é dezembro.
Há uma complicação de trânsito
na avenida
uma artéria que não dá passagem.
Quando menos se espera, já é tarde.
- Carlos Machado, em "Tesoura cega". São Paulo: Dobra Editorial, 2015, p. 20.


FORTUNA CRÍTICA
MACHADO, Luiz Alberto. O Pássaro de Vidro de Carlos Machado. In. Sobresites. Disponível no link. (acessado em 25.12.2015).
OLIVEIRA, Vera Lúcia de..Vidro vida que reflete: a poesia de Carlos Machado. in:revista eletrônica italiana "Fili d'aquilone, nº. 7, iuglio/settembre 2007. Disponível no link. (acessado em 26.12.2015).



Carlos Machado - fonte: Kultme
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Carlos Machado - o poeta. Templo Cultural Delfos, dezembro/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em: 25.12.2015.


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