Auto-retrato
Alguém diz que
sou bondosa:
está tão
enganado que dá pena.
Alguém diz que
sou severa,
e acho graça.
Não sou áspera
nem amena:
estou na vida
como o jardineiro
se entrega em
cada rosa."
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
“A vida é
maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual
a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de
autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais
generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais
senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição,
crença. Não importando nada.”
- Lya Luft, em "O ponto cego".
Quem é Lya Luft? Uma mulher gaúcha, brasileira, que faz,
cada vez mais, o que desde os três ou quatro desejava fazer: jogar com as
palavras e com personagens, criar, inventar, cismar, tramar, sondar o
insondável. "Tento entender a vida, o mundo
e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar
me dá uma enorme alegria. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa,
o amanhecer."
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Lya Luft - foto: Divulgação/O Globo |
Nasceu em Santa Cruz do Sul no dia 15 de setembro de
1938. Professora de Literatura, é Mestre em Lingüística e Literatura
Brasileira. Exerceu o magistério superior, como professora de Linguística. Sua
atividade literária inclui a tradução, principalmente de autores de língua inglesa
e alemã, dentre os quais Brecht, Virginia Woolf, Herman Hesse, Thomas Mann e
Günther Grass. iniciou sua carreira literária escrevendo poemas e crônicas para
o jornal Correio do Povo.
Conheceu seu primeiro marido, Celso Pedro Luft, quando
tinha 21 anos. Com ele teve três filhos: Suzana, em 1965; André, em 1966; e
Eduardo, em 1969.
Os primeiros poemas de Lya Luft foram reunidos no livro
"Canções de Limiar" (1964). Em 1972 lançou o livro de poemas
"Flauta Doce". Em 1976, escreveu alguns contos e enviou para Pedro
Paulo Sena Madureira, que era então editor da Nova Fronteira.
Pedro Paulo respondeu dizendo que os contos eram todos
"publicáveis", mas aconselhou Lya a escrever um romance. Em 1978, ela
lançou seu primeiro livro de contos, "Matéria do Cotidiano".
A ficção entrou em sua vida dois anos depois de um
acidente automobilístico quase fatal em 1979. Como se sentiu próxima da morte,
diz a autora que começou a fazer tudo que evitava. Primeiro foi o lançamento de
"As Parceiras", em 1980, e depois "A Asa Esquerda do Anjo",
em 1981.
Em 1985, aos 47 anos, separou-se de Celso Pedro Luft e
foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos
depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em
1995. A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. Diz
que não escreve exclusivamente sobre mulheres, mas que escreve sobre tudo o que
a assombra.
Em 1982 publicou "Reunião de Família" e em 1984
outros dois livros: "O Quarto Fechado" (lançado nos EUA sob o título
"The Island of the Dead") e "Mulher no Palco".
Em 1987 lançou "Exílio"; em 1989 o livro de
poemas "O Lado Fatal", e em 1996, o premiado "O Rio do
Meio" (ensaios). Em 1997, em "Secreta Mirada", discorreu sobre
temas como a vida, a morte, o medo da perda, o amor e a maturidade. Em 1999, a
escritora lançou o livro "O Ponto Cego". No ano 2000, "Mar de
dentro" e "Histórias do tempo" e, em 2003, tornou-se uma
best-seller com "Perdas e ganhos". Em 2008, publicou "O Silêncio
dos Amantes", volume de contos.
"...Para
viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a
pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer
esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem
demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar
sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo
e à possível dignidade. Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última
claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse
espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no
que for. E que o mínimo que a gente faça, seja, a cada momento, o melhor que
afinal se conseguiu fazer."
- Lya Luft
"Escrevo sobre
o que não sei direito [...], escrevo para entender melhor e para dividir meus
assombramentos com meu leitor."
- Lya Luft
CRONOLOGIA
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Lya Luft - foto: FCW - 2003 |
1954 -
Abandona os estudos por não ter boas notas.
1955 - Muda-se
para Porto Alegre, onde estuda como aluna interna no Colégio Americano.
1957 - Com
saudade da família, retorna à cidade natal, e conclui a escola normal no
Colégio Sagrado Coração de Jesus.
1958 - Volta
para Porto Alegre, estuda pedagogia na Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul - PUC/RS.
1960 - Conclui
a graduação em pedagogia e inicia o curso de letras.
1962 -
Forma-se em línguas anglo-germânicas na PUC/RS. Vence o Concurso Estadual de
Poesias do Instituto Estadual do Livro - IEL, com Canções de Limiar.
1963 - Casa-se
com o linguista Celso Pedro Luft (1921 - 1995), que havia sido seu professor na
faculdade. Escreve crônicas semanais para o jornal Correio do Povo e trabalha
como tradutora para a Editora da Livraria do Globo.
1964 - É
publicado seu primeiro livro de poemas, Canções de Limiar.
1969 - Passa a
dar aulas de linguística na Faculdade Porto-Alegrense de Ciências e Letras.
1973 - Morre
seu pai, a quem é muito ligada.
1974 - Começa
a trabalhar como tradutora para a editora Record.
1975 - Conclui
o mestrado em linguística na PUC/RS.
1977 - Por
causa de um acidente de carro, fica imobilizada por cerca um ano.
1978 - Conclui
o mestrado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul - UFRGS.
1980 - Deixa
de trabalhar como cronista no Correio do Povo.
1984 -
Abandona o magistério.
1985 - Rompe
seu casamento com Celso Pedro Luft. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde vive
com o escritor e psicanalista Hélio Pellegrino (1924 - 1988).
1988 - Morre
Hélio Pellegrino. Volta a viver em Porto Alegre com Celso Pedro Luft.
1995 - Morre
Celso Pedro Luft.
1996 - O Rio
do Meio, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA.
2002 - Ganha o
Prêmio de Tradução Científica e Técnica da União Latina/Câmara Brasileira do
Livro por Lete, de Harald Weinrich (1927).
2003 – Ganha o
Prêmio FCW de Cultura, da Fundação Conrado Wessel (FCW).
2004 - Começa
a escrever na coluna Ponto de Vista da revista Veja.
2006 - A atriz
Cornelia Schönwald grava um áudio-book da tradução alemã de Perdas e Ganhos.
2013 – Ganha o
Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), na categoria
de ficção, romance, teatro e conto, pela obra "O Tigre na Sombra".
"Sou dos
que escrevem como quem assobia no escuro: falando do que me deslumbra ou
assusta desde criança, dialogando com o fascinante – às vezes trevoso – que
espreita sobre o nosso ombro nas atividades mais cotidianas. Fazer ficções é,
para mim, vagar à beira do poço interior observando os vultos no fundo,
misturados com minha imagem refletida na superfície."
- Lya Luft, em “O rio do meio”, 1996, p. 13.
PRÊMIOS
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Lya Luft - foto: (...) |
1980 - Prêmio Alfonsina
Storni de poesia, em Buenos Aires.
1984 - Prêmio Érico
Veríssimo, da Assembleia do Rio Grande do Sul, pelo conjunto de
sua obra.
1996 - Prêmio de melhor
obra de ficção do ano, da Associação Paulista de Críticos de
Artes (APCA), pela obra "O Rio do meio".
2002 - Prêmio União
Latina de melhor tradução técnica e científica, da Câmara
Brasileira do Livro, pela tradução da obra “Lete: Arte e crítica do
esquecimento, de Harald Weinrich (1927)”.
2003 - Prêmio FCW de
Cultura, da Fundação Conrado Wessel (FCW).
2004 - Prêmio Recordista
de Ouro, da Academia Brasileira de Letras (ABL), por ter sido a
maior vendedora – com 580 mil exemplares – da sua editora em 2004.
2013 - Prêmio Machado de
Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), na categoria de
ficção, romance, teatro e conto, pela obra "O Tigre na Sombra".
"Todo
mundo recebe o seu papel ao nascer, antes de nascer. Desempenhá-lo bem é uma
das muitas artes da vida. É preciso compartimentar: aqui ser feliz, ali
desgraçado;com essa pessoa ser eu, com a outra ser inventado; [...].
Compartimentar para perdurar."
- Lya Luft, em “O ponto cego”, 1999, p. 40.
"Todos
somos capazes de exercer a arte da vida e da construção de nós mesmos. Cada um
de nós tem sua parcela de dons: ensinar, contemplar, cozinhar, criar filhos
para a vida, mexer em engrenagens, construir estradas, organizar uma
comunidade, escrever textos, pintar, dançar, fazer música. Ou simplesmente
sonhar para que outros sonhem junto, não é isso boa parte do que fazem os
artistas – o sal da terra, como os loucos?"
- Lya Luft, em excerto "Podemos ser Picasso", do livro 'Em outras palavras', 2006.
OBRA
Poesia
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Lya Luft - foto: Dulce Helfer |
Canções de limiar. 1ª ed., IEL - Instituto
Estadual do Livro do Rio Grande do Sul, 1964.
Flauta doce -
Tema e Variações 1965 - 1969. [Coleção Poetas de Hoje], 1ª ed., Porto
Alegre: Editora Sulina, 1972, 52p.
Mulher no palco. 1ª ed., Rio de
Janeiro: Salamandra, 1984, 93p.
O lado fatal. 1ª ed., São Paulo:
Siciliano, 1988.
Secreta mirada. [prosa e poesia]. 1ª
ed., São Paulo: Mandarim, 1997, 262p.
Pra não dizer adeus. 1ª ed., São Paulo:
Editora Record, 2005, 144p.
Romance
As parceiras. 1ª ed., Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1980, 149p.
A asa esquerda do anjo. 1ª ed., Rio de
Janeiro: Guanabara, 1981, 128p.
Reunião de família. 1ª ed., Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1982, 128p.
O quarto fechado. 1ª ed., Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1984, 133p.
Exílio. 1ª ed., Rio de Janeiro:
Guanabara, 1987, 201p.
A Sentinela. São Paulo: Siciliano,
1994, 164 p.
O ponto cego. 1ª ed., São Paulo:
Mandarim, 1999, 144p.
Histórias do tempo. 1ª ed., São Paulo:
Mandarim, 2000, 171p.
O Tigre na sombra. 1ª ed., São Paulo:
Editora Record, 2012, 128p.
Memória/Biografia
Mar de dentro. 1ª ed., São Paulo: Arx,
2002. 154 p.
Contos e Crônicas
Matéria do cotidiano. [reunião de crônicas
publicadas originalmente no jornal Correio do Povo]. 1ª ed., Porto Alegre/RS: Grafosul/
IEL - Instituto Estadual do Livro, 1978, 82p.
Pensar é transgredir. [contos e
crônicas]. São Paulo: Editora Record, 2004, 192p.
Em outras palavras. [contos e
crônicas]. São Paulo: Editora Record, 2006, 224p.
O Silêncio dos amantes. [contos e
crônicas]. São Paulo: Editora Record, 2008, 160p.
O Rio do meio. 1ª ed., São Paulo:
Mandarim, 1996, 149p.
Perdas e ganhos. São Paulo: Editora
Record, 2003, 128p.
Múltipla escolha. São Paulo: Editora
Record, 2010, 192p.
A riqueza do mundo. São Paulo: Editora
Record, 2011, 272p.
Infantil e juvenil
Histórias de bruxa boa. [Coleção
Galerinha]. São Paulo: Editora Record,
2004, 96p.
Criança pensa. [Coleção Galera]. São
Paulo: Editora Record, 2009, 64p.
A volta da bruxa boa. [Coleção Galera].
São Paulo: Editora Record, 2007, 72p.
** Editora Record – catalogo da autora/obras – Link.
“Sinto-me um
pouco intrusa vasculhando a minha infância. Não quero perturbar aquela menina
no seu ofício de sonhar. Não a quero sobressaltar quando se abre para o mundo
que tão intensamente adivinha, nem interromper sua risada quando acha graça de
algo que ninguém mais percebeu.”
- Lya Luft, em “Mar de dentro”, 2002, p. 13.
Entrevistas
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Lya Luft - foto: (...) |
7 perguntas para Lya Luft. Goethe/de.
Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
No mundo da Lya. [especial, por Isabela
Boscov]. revista Veja, edição 1843, 3 de março de 2004. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
Lya Luft: "A cultura alemã me influenciou
muito". DW-World - Especial: entrevistas exclusivas
2002-2006. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
Lya Luft, autora de denúncia.
[entrevista a César Munhoz/Educacional]. Disponível no link. (acessado 27.7.2013).
“E quando tudo
me aborrecer de verdade, quando eu ficar cansada de minhas neuroses e manias,
quando as pessoas estiverem demais distraídas, a paisagem perder a graça, a
mediocridade instalar seu reinado e anunciarem o coroamento da burrice — vou
espiar o letreiro que fala de uma riqueza disponível para qualquer um, e que
botei como descanso de tela no meu eternamente ligado computador: Escute a canção
da vida.”
- Lya Luft, em "A riqueza do mundo",
2011.
Crônicas e outros textos
A embocadura do rio. Revista Veja, 5 de
junho 2013, p 24. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
Lya Luft adverte: "que não comecem entre nós!". Revista VEJA Edição 2190 - 10 de novembro de 2010.Disponível no link. (acessado 27.7.2013).
Lya Luft adverte: "que não comecem entre nós!". Revista VEJA Edição 2190 - 10 de novembro de 2010.Disponível no link. (acessado 27.7.2013).
“Como raramente
cumprimos esses mandados, já ao levantar de manhã nos acompanha a sensação de
que algo está errado conosco: dúvida e frustração. Somos severos cobradores das
nossas próprias ações. No esforço de realizar tarefas que talvez nem nos digam
respeito, tememos olhar em torno e constatar que muita coisa falhou. Se
falharmos, quem haverá de nos desculpar, de nos aceitar, onde nos encaixaremos,
nesse universo de exitosos, bem-sucedidos, ricos e belos? Pois não se permite o
erro, o fracasso, nesse ambiente perfeito. Duro dizer ‘amei torto, ignorei meus
filhos, falhei com minha parceira ou parceiro, votei errado, fracassei na
profissão, não ajudei meu amigo, abandonei meus velhos pais e esqueci meus
sonhos’.”
- Lya Luft, em "Múltipla escolha", 2010.
OBRA PUBLICADA
NO EXTERIOR
Alemão
Wochenende mit Familie [Reunião em
Família]. Tradução Karin von
Shweder-Schreiner. Stuttgart: Klett-Cotta Verlag, 1992.
Die Frau auf der Klippe [As Parceiras].
Tradução Karin von
Shweder-Schreiner. Stuttgart: Klett-Cotta, Stgt., 1994.
Gezeiten des
Glücks [Perdas
e Ganhos]. Tradução Karin von Shweder-Schreiner. Berlin: Marion von
Schröder Verlag, 2005.
Catalão
Pèrdues i Guanys [Perdas e Ganhos].
Tradução Carles Sans. Barcelona: Edicions 62, 2005.
Pérdidas y Ganâncias [Perdas e ganhos].
Tradução Mario Merlino Tornini. Madrid: Aguilar, 2004.
Francês
Pertes et Profits [Perdas e Ganhos].
Tradução Geneviève Leibrich. Paris: Éditions Métailié, 2005.
Inglês
The Island of
The Dead [O
Quarto Fechado]. Tradução C. C. McClendon e B. J. Craige. Athens: University of Georgia Press,
1987.
The Red House [Exílio]. Tradução Giovanni
Pontiero. Manchester: Carcanet Press, 1994.
Holandês
Geven en Nemen [Perdas e Ganhos].
Tradução Maartje de Kort. Amsterdam: de Boekerij, 2005.
Italiano
L'Ala Sinistra dell'Angelo [A Asa Esquerda
do Anjo]. Tradução Maria Teresa Palazzolo. Republica San Marino: AIEP, 1993.
Perdite e Guadagni [Perdas e Ganhos].
Tradução R. Desti. Milano: Bompiani, 2006.
Sérvio
Dobici i Gubici [Perdas e Ganhos].
Tradução Ana Marković de Sanktis. Beograd: Laguna, 2006.
"Há um
duelo permanente entre duas personalidades que habitam, talvez, todo mundo:
uma, a convencional, que faz tudo "direito"; a outra, a estranha,
agachada no porão da alma ou num sótão penumbroso; que é louca, assustadora,
quer rasgar as tábuas da lei, transgredir, voar com as bruxas, romper com o
cotidiano. E, interfere naquela, "boazinha", que todos pensam
conhecer tão bem. Quando escrevi meu primeiro romance, descobri meu jeito de
tentar reunir todas as sombras que se remexiam e chamavam, e de mergulhar, já
sem medo, nesse rio do meio que tudo carrega para o mar definitivo."
- Lya Luft, em "O Rio do meio", 1996.
TRADUÇÕES
REALIZADAS PELA AUTORA
[obs.: não identificamos todas as traduções, a autora
traduziu mais de 100 obras]
BERNHARD,
Thomas. Árvores abatidas: uma provocação.
(Holzfällen: eine Erregung). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco,
1991. 167 p.
BRECHT,
Bertolt. Romance dos três vinténs.
(Die Dreigroschenoper). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1976. 359 p.
BROCH,
Hermann. O encantamento. (Die Verzauberung). [tradução Lya Luft]. Rio de
Janeiro: Rocco, 1990. 343 p.
BÜHLER,
Charlotte Malachowski. Vida psíquica do adolescente: análise experimental e
teoria do psiquismo da puberdade. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Mestre Jou,
1980. (Das Seelenleben des Jugendlichen).
CLARKE,
Gerald. Capote - uma biografia.
(Capote: A Biography). Biografia e memória. [tradução Lya Luft. Porto
Alegre: Editora Globo, 1993, 536 p.
DÖBLIN,
Alfred. Berlim Alexanderplatz: a história
de Franz Biberkopf. (Berlin Alexanderplatz: Die Geschichte von Franz
Biberkopf). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. 432 p.
DÜRRENMATT,
Friedrich. Grego procura grega. (Grieche sucht Griechin). Romance. [tradução
Lya Luft]. Porto Alegre: Globo, 1966. 125 p.
DÜRRENMATT,
Friedrich. Grego procura grega; A pane:
uma história ainda possível. (Grieche sucht Griechin; Die Panne). Romance. [tradução Lya Luft; e Stella Altenbernd]. Porto
Alegre: Globo, 1986. 176 p.
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Lya Luft - Foto: (...) |
GRASS, Günter
Wilhelm. Anos de cão. (Hundejahre). Romance. [tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco, 1989. 604 p.
GRASS, Günter
Wilhelm. Um campo vasto. (Ein weites
Feld). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1998. 612 p.
GRASS, Günter
Wilhelm. A ratazana. (Die Rättin). Romance. [tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 2002. 417 p.
HANDKE, Peter.
A mulher canhota; Breve carta para um
longo adeus. (Die
Linkshändige Frau; Der kurze Brief zum langen Abschied). Romance. [tradução Lya Luft e posfácio Marília
Pacheco Fiorillo]. São Paulo: Brasiliense, 1985. 202 p.
HANDKE, Peter.
A Ausência. (Die Abwesenheit). Romance. [tradução
Lya Luft]. Rocco, 1987.
HÄRTLING, Peter. A
sombra de Schumann. (Schumanns Schatten). Romance. [tradução Lya Luft].
Rio de Janeiro: Record, 1999. 332 p.
HESSE,
Hermann. Sobre a guerra e a paz. (Krieg
und Frieden). Ensaio. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1974.
HESSE,
Hermann. Pequenas alegrias. (Kleine
Freuden). Prosa
breve. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1977. 317 p.
HESSE,
Hermann. Vivências. (Erzählungen). Novelas. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1977.
HESSE,
Hermann. Narrativas: textos escolhidos.
(Erzählungen). [tradução e prefácio Lya
Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1981. 299 p.
HESSE,
Hermann. Transformações. (Piktors
Verwandlungen). Conto. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1984. 100 p.
HESSE,
Hermann. Felicidade. (Sammlung). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 1999. 157 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Amor de cossaco. (Kosakenliebe).
Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1979. 187 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. O anjo dos esquecidos.
(Engel der Vergessenen). Romance. tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1979. 295 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Quente como o vento das
estepes. (Heiß wie der
Steppenwind). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1979. 398 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Ninotchka: a heroína das
estepes. (Ninotschka: die
Herrin der Taiga). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1981. 190 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. O médico de Stalingrado.
(Der Arzt von Stalingrad). Romance. [tradução Lya Luft; Erica Bier]. Rio de
Janeiro: Record, 1981.
KONSALIK,
Heinz Günther. Casamento por procuração.
(Eine glückliche Ehe). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1982. 253 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Manobras de outono. (Manöver
im Herbst). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1981. 334 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Ninguém vive de seus
sonhos. (Niemand lebt von
seinen Träumen). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1982. 204 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Amor em São Petersburgo.
(Liebe in St. Petersburg). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1980. 203 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. A casa dos corações
perdidos. (Das Haus der verlorenen Herzen). Romance. [tradução Lya Luft].
Rio de Janeiro: Record, 1983. 271 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Expresso transiberiano.
(Transsibirien-Express). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1982. 205 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. O coração do 6º exército.
(Das Herz der 6. Armee). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1982. 281 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. Os amantes de Sotschi.
(Die Liebenden von Sotschi). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1985. 208 p.
KONSALIK,
Heinz Günther. O amor floresce na
primavera. (Liebe lässt
alle Blumen blühen). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record,
1983. 239 p.
LESSING, Doris
May. O eco distante da tormenta. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1984. 264 p. (A ripple from the storm).
Romance.
LESSING, Doris May. Exilada em seu país. (Landlocked). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio
de Janeiro: Record, 1984. 269 p.
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Lya Luft - Foto: (...) |
MANN,
Heinrich. A juventude do rei Henrique IV.
(Die Jugend des Königs Henri Quatre). Romance. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Editora
Ensaio, 1993. 528 p.
MANN, Thomas. Confissões do impostor Felix Krull: memórias.
(Bekenntnisse des Hochstaplers
Felix Krull). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1981.
MANN, Thomas. Os famintos e outras histórias.
(Erzählungen). Contos. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
328 p.
MANN, Thomas. O eleito. (Der Erwählte). Romance.
[tradução Lya Luft]. São Paulo: Mandarim, 2000. 271 p.
MANN, Thomas. Sua Alteza Real. (Königliche Hoheit). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 339 p.
MANN, Thomas. Duas novelas: A lei e A enganada. (Das
Gesetz. Die Betrogene ). Novela. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Mandarim,
2001. 174 p.
MÜLLER, Herta.
O compromisso. (Heute wäre ich mir lieber nicht begegnet). Romance.
[tradução Lya
Luft]. São Paulo: Globo, 2004. 204 p.
MUSIL, Robert.
Três mulheres. (Drei Frauen). Contos. [tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 135 p.
MUSIL, Robert.
O jovem Törless. (Die Verwirrungen des Zöglings Törless). Coleção Grandes
Romances. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 193
p.
PLATH, Sylvia.
A redoma de vidro. (The Bell Jar). Romance.
[tradução de Lya Luft]. Porto Alegre: Editora Globo, 1992. 221 p.
PLATH, Sylvia.
Amarga fama - uma biografia de Sylvia
Plath. (Bitter Fame - The
life of Sylvia Plath, by Anne Stevenson). Biografia. [tradução Lya Luft]. Rio
de Janeiro: Editora Rocco. 1992. 483 p.
RILKE, Rainer
Maria. Os cadernos de Malte Laurids
Brigge. (Die
Aufzeichnungen des Malte Laurids Brigge). Romance. [tradução Lya Luft].
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979. 146 p.
SAFRANSKI, Rüdiger.
Heidegger: um mestre da Alemanha entre o
bem e o mal. (Ein Meister aus Deutschland: Heidegger und seine Zeit). Biografia. [tradução
Lya Luft]. São Paulo: Geração Editorial, 2000. 518 p.
SAFRANSKI,
Rüdiger. Nietzsche: biografia de uma
tragédia. (Nietzsche: Biographie seines Denkens). Biografia. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Geração
Editorial, 2001. 364 p.
SEBALD,
Winfried G. Os emigrantes. (Die
Ausgewanderten). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 2002. 236 p.
SEBALD, Winfried G. Os anéis de Saturno. (Die Ringe des Saturn: eine englische
Wallfahrt). Romance. [tradução Lya
Luft]. Rio de Janeiro: Record, 2002. 300p.
SIMMEL,
Johannes Mario. A terra ainda é jovem.
(Die Erde bleibt noch lange
jung). Contos. [tradução Lya Luft].
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 364 p.
SIMMEL,
Johannes Mario. Ninguém quer um coração. (Zweiundzwanzig Zentimeter
Zärtlichkeit). Romance. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Círculo do Livro, 1983.
304 p.
SIMMEL,
Johannes Mario. Não matem as flores. (Bitte lasst die Blumen leben). Romance. [tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 626 p.
SIMMEL,
Johannes Mario. Viver é amar. (Wir heißen euch hoffen). Romance. [tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 610 p.
STRAUSS,
Botho. Um homem jovem. (Der junge
Mann). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 372 p.
![]() |
Lya Luft - Foto: Victor Soares/AB |
WOOLF,
Virginia. O quarto de Jacob. (Jacob's
room). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 206 p.
WOOLF,
Virginia. Passeio ao farol. (To the lighthouse). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
WOOLF, Virginia.
As ondas. (The waves). Coleção Grandes Romances. [tradução Lya Luft]. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. 222 p.
WOOLF,
Virginia. Entre os atos. (Between the acts). Romance.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. 156 p.
ZWEIG, Stefan.
Vinte e quatro horas na vida de um
mulher, e outras novelas. (Vierundzwanzig Stunden aus dem Leben einer
Frau). Contos.
[tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1999. 238 p
ZWEIG, Stefan.
O mundo que eu vi. (Die Welt von Gestern). Autobiografia. [tradução
Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1999. 527p.
"O
silêncio nos assusta por retumbar no espaço vazio dentro de nós. Quando nada se
move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas
incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. (...) No
susto que essa idéia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos em casa e
ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou a pasta. Não é para assistir a
um programa: é pela distração."
- Lya Luft, em "Pensar é transgredir",
2004.
ADAPTAÇÕES
Teatro
Título: Reunião de família
(adaptação do romance de Lya Luft)
Ano: 1984
Adaptação: Caio Fernando Abreu
Direção: Luciano Alabarse
Local: Clube da Cultura, em Porto Alegre/RS
Comentário:
Caio Fernando Abreu faz ainda a adaptação para teatro do livro Reunião de
Família, da escritora gaúcha Lya Luft. O texto apresenta os dramas individuais
e os conflitos familiares que afloram durante um encontro em um fim de semana.
"A adaptação de Caio foi magnífica, a peça, montada, foi um sucesso, e a
partir dali acho que passei a entender melhor meus personagens, com seus
labirintos e dramas existenciais, agora vistos em carne e osso", escreve
Lya Luft. Para o crítico Cláudio Heemann, o espetáculo destoa da exuberância
dos trabalhos anteriores do grupo, "a peça define-se como obra de
atmosfera, mais evocativa do que explosiva".
Notas:
LUFT, Lya. Caio, amado amigo. Veja, São Paulo,
8 mar. 2006. Disponível no link. (acessado
27.07.2013).
HEEMANN, Cláudio. Reunião de família. Zero Hora, Porto
Alegre, 19 jun. 1984.
Fonte: Enciclopédia do Teatro Brasileiro Itaú Cultural
Episódio: Minha mãe
O universo da escritora Lya Luft
[Série “Escritores Gaúchos”].
Adaptação: Fabiano de Souza e Manoela Sawitzki
Direção: Marta Biavaschi
Produção executiva: Surreal
Realização: RBS TV de Porto Alegre/RS
Exibição (data/ano): 26 de agosto de 2007
Coordenação de produção: Zanza Pereira
Direção geral: Gilberto Perin
BARBOSA,
Cleusa Salvina Ramos Maurício. O caráter
utópico da busca identitária em duas autoras contemporâneas: Lya Luft e Bharati
Mukherjee. (Dissertação Mestrado em Letras e Linguística). Universidade
Federal de Alagoas, UFAL, 2005.
FONSECA, Ciro
Leandro Costa da. O perfil feminino na
crônica contemporânea de Arnaldo Jabor e Lya Luft. In: VI Semana de Estudos
Linguísticos e Literários de Pau dos Ferros - VI SELLP, 2008, Pau dos Ferros -
RN. VI Semana de Estudos Linguísticos e Literários de Pau dos Ferros - VI
SELLP. Mossoró - RN: Queima-Bucha, 2008. p. 475-482.
LIMA, Eliane
Ferreira de Cerqueira. O encontro com o
arquétipo materno: imaginário e simbologia em Lya Luft. (Tese de Doutorado
em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2006. Disponível no
link. (acessado 25.7.2013).
RIBEIRO, Maria
Goretti. A via crucis da alma: leitura
mítico-psicológica da trajetória da heroína em As parceiras, de Lya Luft.
(Tese Doutorado em Letras e Linguística). Universidade Federal de Alagoas,
UFAL, 2003.
RIBEIRO, Maria
Goretti. Imaginação de mulher e
imaginário do Feminino na literatura de Lya Luft. In: Antônio de Páduas
Dias da Silva. (Org.). Identidades de Gênero e Práticas Discursivas. Campina
Grande: Editora da Universidade Estadual da Paraíba, 2008, v., p. 347-354.
TOMAZ, Jerzuí
Mendes Tôrres. Marcas Corporais no
Universo Feminino de Lya Luft. In: Izabel F. O. Brandão. (Org.). O corpo em
revista: olhares interdisciplinares. 1ª ed., Maceió: Edufal, 2005, v. 192, p.
123-142.
Estranho também
esse amor,
© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
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"Fazer ficção é vagar à beira do poço interior observando os vultos no fundo, misturados com minha imagem refletida na superfície."
- Lya Luft, in “O rio do meio”, 1996.
Aviso
Se me quiserem
amar, terá de ser agora:
depois, estarei
cansada.
Minha vida
foi feita de
parceria com a morte:
pertenço um
pouco a cada uma,
para mim sobrou
quase nada.
Ponho a máscara
do dia,
um rosto cômodo
e fixo:
assim garanto a
minha sobrevida.
Se me quiserem
amar, terá de ser hoje:
amanhã, estarei
mudada.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Canção a medo
Esse teu
silêncio, essa voz
que murmura
brevemente
em horas
improváveis,
esse castigo de
não te alcançar
me assusta:
de que tamanho
este iniciante amor
que já me
invade tanto, e aonde me leva?
De tal modo
me torna parte
de ti
que não sei mas
quem sou, que faço,
de que lado me
volto para te ver
de longe ao
menos, os olhos de promessa
e as mãos que,
mal tocando as minhas,
conformam os
meus dias.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Canção da
entrega
Uma cavala de
flancos intensos,
patas rebeldes,
sem dono nem domação,
rebenta espumas
no galope, namora
o amor e
desafia a sorte.
Cavala dourada
e sensual, crinas de leite,
talvez
centaura: marcado no lombo um nome,
uma audácia e
uma ausência.
Beijos na
memória como cicatrizes,
a espera e a
entrega:
desabalada
cavala, na sua danação
e sua glória.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
O sonho na prateleira
me olha com seu
ar
de boneco
quebrado.
Passo diante
dele muitas vezes
e sorrimos um
para o outro,
cúmplices de
nossos desastres cotidianos.
Mas quando o
pego no colo
(como às
bonecas tão antigamente)
para avaliar se
tem conserto
ou se ficará
para sempre como está,
sinto sem
estranheza
que dentro dele
ainda bate
um pequeno
tambor obstinado
e marca –
timidamente –
um doce ritmo
nos meus passos.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Canção da
imortalidade
Os filhos que
tive são adultos,
com filhos que
também tiveram: sangue
e cílios,
jeito de andar,
gesto
e gosto nesta
vida estão nessas carnes que pari.
Através delas
olham-me o amado morto, o pai morto,
a avó perdida,
e o mistério de tudo
que sempre me
assombrou. Rosa de espantos,
cata-vento de
traços espalhados
como num
milagre de multiplicação,
cheio de
surpresas: porque ali
naquele olho
azul me vejo, naquela fina mão te vejo,
amado meu, como
eles se verão futuramente
quando nós
formos apenas sombra
na memória.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção da
mirada secreta
Foram-se os
amores que tive
ou me tiveram.
Partiram
num cortejo
silencioso e iluminado.
A solidão me
ensina
a não acreditar
na morte
nem demais na
vida: cultivo
segredos num
jardim
onde estamos
eu, os sonhos idos,
os velhos
amores e os seus recados,
e os olhos
deles que ainda brilham
como pedras de
cor entre as raízes.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Canção da vez
primeira
Guardei-me para
ti como um segredo
que eu mesma
não desvendei:
há notas na minha
viola
que não toquei,
há praias na
minha vida
que não andei.
É preciso que
me tomes
além do riso e
do olhar
naquilo que não
conheço
e adivinhei;
é preciso que
me cantes
a canção do que
serei
e me cries com
teu gesto
que nem sonhei.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Canção desse
Rumor
Quem - estando
ausente - entra no quarto
Quem deita ao
lado meu, quem passa
No meu coração
seus lábios quentes, quem
Desperta em mim
as feras todas
Quem me rasga e
cura
Quem me atrai?
Quem murmura na
treva e acende estrelas
Quem me leva em
marés de sono e riso
Quem invade meu
dia após a noite
Quem vem –
estando ausente -
E nunca vai?
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção do amor
sereno
Vem sem receio:
eu te recebo
Como um dom dos
deuses do deserto
Que decretaram
minha trégua, e permitiram
Que o mel de
teus olhos me invadisse.
Quero que o meu
amor te faça livre,
Que meus dedos
não te prendam
Mas contornem
teu raro perfil
Como lábios
tocam um anel sagrado.
Quero que o meu
amor te seja enfeite
E conforto,
porto de partida para a fundação
Do teu reino,
em que a sombra
Seja abrigo e
ilha.
Quero que o meu
amor te seja leve
Como se
dançasse numa praia uma menina.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Quando achei
que era tempo de sossego
jorraste nas
minha veias
como um vento
sagrado, um mar perdido.
Quando esperei
que tudo tivesse sido
vivido, sofrido
e chorado,
amadureceu esta
fruta em meu deserto.
Quando pensei
chegar no fim
de todos os
corredores,
esta porta se
abriu: sei que estás ali
a desenhar
paisagens novas
plantar árvores
e deitar rios
onde eu
imaginava haver sabedoria
e um corpo
apaziguado,
nada mais.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção do
recomeço
A casa que
voltei depois de tantos anos
bóia como uma
ilha de aguapés na noite
presa por uma
raiz a um tempo doce e dolorosa,
que me define.
Na madrugada,
caminho pela casa como no fundo do mar
onde essa raiz
se finca.
Pelas vidraças,
o jardim são algas;
meus filhos
dormem em seus quartos como quando
eram meninos:
nossas
respirações, como sentimento, fundem-se
neste bojo.
Este é meu
lugar aonde voltei depois de tantos anos
como quem,
misturando peças dos enigmas mais
arcaicos,
montasse laboriosamente o seu quebra-cabeça.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Canção do rio
do meio
Um rio jorra
entre o porão e o sótão:
leva dores e
amores, e nosso último riso
há tanto tempo.
Mas numa curva
qualquer, porque de novo amamos,
tudo pulsa e
brilha de ousadia,
sabendo que
temos pela frente
esse calor,
esse rumor de águas na areia.
Passa no meio
de nós, entre o sonho do sótão
e o medo dos
porões, o rio da vida:
que me leve
para ti ainda uma vez e muitas,
que venhas até
mim antes daquela curva
com a audácia e
o fervor que tínhamos perdido.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção como
aviso
As minhas
emoções estão intactas
como antes de
acordar: serenas
nesta solidão,
nem sei se esperam.
Será preciso
alimentar de novo
a chama
adormecida
do amor que
armou incêndios na penumbra
e me apagou.
Estou aqui ainda,
enriquecida a mais
com as memórias
doces da alegria.
Para me
alumiar, quem venha agora
terá de
compreender o meu receio
de que seja
longa só a fantasia
e breve a
permanência de quem veio.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção em
outras palavras
O melhor
cuidado com o amor
é deixar que
floresça,
pois amor não
se cultiva: é flor
selvagen, bela
por ser livre.
Como as
estações do ano, ele se abre,
dorme, e volta
a perfumar a vida.
Amor é dom que
se recebe
com ternura,
para que não pereça
sua delicadeza
em nossa angústia.
O amor não deve
encerrar a coisa possuída,
mas ser
parapeito de janela, ou cais
de onde se
desprendam os revôos
e partam os
navios da beleza
para voltar ou
não, conforme amarmos:
nem de menos
nem demais.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção em campo
vasto
Deixa-me
amar-te com ternura, tanto
que nossas
solidões se unam
e cada um
falando em sua margem
possa escutar o
próprio canto.
Deixa-me
amar-te com loucura, ambos
cavalgando
mares impossíveis
em frágeis
barcos e insuficientes velas
pois disso se
fará a nossa voz.
Deixa-me
amar-te sem receio, pois
a solidão é um
campo muito vasto
que não se deve
atravessar a sós.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.
Canção em
segredo
Dentro desta
mulher
um anjo menino
brinca de
ciranda na calçada
e tem fome de
futuro.
Dentro desta
mulher
uma criança se
debruça na janela
vendo chegar o
amor
e se julga
imortal.
Dentro desta
mulher
uma guerreira
constrói sua vida
depois de parir
filhos para o mundo.
Dentro desta
mulher
outra mulher
enterra o seu amor perdido
e mesmo assim
espera.
Dentro desta
mulher
o mistério das
coisas
finge dormir.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Canção na
plenitude
Não tenho mais
os olhos de menina
nem corpo
adolescente, e a pele
translúcida há
muito se manchou.
Há rugas onde
havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos
anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei
muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso
dar é mais que tudo
o que perdi:
dou-te os meus ganhos.
A maturidade
que consegue rir
quando em
outros tempos choraria,
busca te
agradar
quando
antigamente quereria
apenas ser
amada.
Posso dar-te
muito mais do que beleza
e juventude
agora: esses dourados anos
me ensinaram a
amar melhor, com mais paciência
e não menos
ardor, a entender-te
se precisas, a
aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço
de amante e colo de amiga,
e sobretudo
força — que vem do aprendizado.
Isso posso te
dar: um mar antigo e confiável
cujas marés —
mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes
ocultas não levam destroços
mas o sonho
interminável das sereias.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", Editora
Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.
Um toque da
solidão, e um dedo
severo me traz
à realidade: não depender
dos meus
amores, não me enfeitar
demais com sua
graça, mas ver
que cada um de
nós é um coração sozinho.
Cada um de nós
perenemente
é um espelho a
se mirar, sabendo
que mesmo se
nesse leito frio e branco
um outro amor
quer derramar-se em nós,
entre gélido
cristal e alma ardente
levanta-se
paredes para sempre.
(E para sempre
a amante
solidão nos chama e abraça.)
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Círculo
Na vida na
morte
esta chama,
esta fonte,
esta noite
invadida:
seus panos na
cama
seus passos na
casa
sua voz ao meu
lado,
meu bem no seu
mundo
varando meu
peito:
me povoa, me
coroa
de beijos e
mágoas
me prende em
sua rede,
me define, me
redime
me inventa e
desinventa
me habita e
transfigura,
no ritmo das
águas
deste rio sem
fundo
que chama na
fonte
da morte, na
vida.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Convite
Não sou a areia
onde se desenha
um par de asas
ou grades
diante de uma janela.
Não sou apenas
a pedra que rola
nas marés do
mundo,
em cada praia
renascendo outra.
Sou a orelha
encostada na concha
da vida, sou
construção e desmoronamento,
servo e senhor,
e sou
mistério
A quatro mãos
escrevemos este roteiro
para o palco de
meu tempo:
o meu destino e
eu.
Nem sempre
estamos afinados,
nem sempre nos
levamos
a sério.
- Lya Luft, em "Perdas e Ganhos",
2003, pág. 12.
Dádiva
Derrama sobre
mim tua esperança de homem,
tanto tempo
contida:
planta em meu
solo a árvore da renovação,
mais alta do
que noite escura.
Larga a
solidão, apaga a desesperança,
inventa um novo
reino
onde as águas
não são naufrágio,
nem o amor
desengano.
Vem para esta
enseada, onde há ventania
e risco, mas
podes ancorar teu coração
depois da longa
procura,
para que ele
pouse e pulse e brilhe
como a
estrela-do-mar em seu fundo
de oceano.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Dança lenta
Não somos nem
bons nem maus:
somos tristes.
Plantados entre chão
e estrelas,
lutamos com sangue,
pedras e paus,
sonho
e arte.
Nem vida nem
morte:
somos lúcida
vertigem,
glória e
danação. Somos gente:
dura tarefa.
Com sorte, aqui
e ali a ternura
faz parte.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Dizendo adeus
Estou sempre
dando adeus:
também ao
desencontro e ao
desencanto.
Estou sempre me
despedindo
do ponto de
partida que me lança de si,
do porto de
chegada que nunca é
aqui.
Estou sempre
dizendo adeus:
até a Deus,
para o
reencontrar em outra esquina
de adeuses.
Estarei sempre
de partida,
até o momento
de sermos deuses:
quando me
fizeres dar adeus à solidão
e à sombra.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Então algo
mudou
Então algo
mudou: o tom de voz, o olhar que se
esquiva, a mão
que se afasta.
A porta precisa
ser fechada, a ponte levantada,
queimados os
navios. Levaremos meses, anos estendendo
as mãos para um
vazio, interrogando uma
ausência.
Encarar a
realidade é um modo de morrer. Mas sem
isso, não
haverá renascimento.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Apesar do medo
escolho a
ousadia.
Ao conforto das
algemas, prefiro
a dura
liberdade.
Vôo com meu par
de asas tortas,
sem o tédio da
comprovação.
Opto pela
loucura, com um grão
de realidade:
meu ímpeto
explode o ponto,
arqueia a
linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas
devo dizer:
eu quero o
delírio
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.
Essa máscara
Essa máscara de
placidez
tanto me
absorveu, que hoje
não há
distância entre eu e ela:
revela a minha
face,
suave e sutil,
e que me torna
amiga.
Sou ela, ou
serei eu?
Talvez, por tão
antiga,
seja ela o meu
rosto e seja máscara
esse outro
perfil que olha para dentro.
Mansa por fora:
dentro uma floresta escura,
poço de paixão,
abismo e arremesso.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Estou sempre
nos limiares
Estou sempre
nos limiares:
sou sempre esta
pausa antes
do início de
uma canção,
sou um momento de
espera,
quase um fim de
solidão.
Sou margem de
caminho para a morte,
gesto que
pressente atrás do véu:
promessa de
chuvas sob o céu,
e vôo que antes
de partir
repousa...
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Homens são
passos
Homens são passos;
mulheres são perfumes
que se
aproximam, param e se esquivam
sem lançar
raízes nessa treva.
Beijam-se às
vezes, como num murmúrio,
e eu abro meus
lábios tão precários,
para depois,
num mundo só de beijos,
pousar a mão
sobre meus olhos mortos,
como se
baixasse nesses entrevados
o teu carinho,
a medo.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Inútil espera
O rumor de uns
passos enérgicos,
a voz me
chamando no jardim, na sala
rosas com nomes
secretos, e um perfume
igual ao dela.
Legou-me sua alegria
inesperada,
o amor à vida,
e algo do
perfil. Não sua beleza:
essa ficou nos
retratos.
Nada lhe
significo mais:
quando me vê
enxerga outros rostos,
mais reais do
que eu na sua ilha.
É minha mãe e
não é,
vive e não
vive, na clausura da mente
adormecida.
Mas eu,
a cada visita
espero o impossível:
que ainda uma
vez o seu olhar me alcance,
e por um
momento ame, nesta mulher, a sua filha.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005, p. 44.
Lembro-me de ti
Lembro-me de ti
Nesse instante
absoluto,
A vida
conduzida por um fio de música.
Intenso e
delicado, ele vai-nos fechando num casulo
Onde tudo será
permitido.
Se é só isso
que podemos ter,
Que seja forte.
Que seja único.
Tão íntimo
quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo -
esplêndido - pensamento.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Havia um mar,
e ali brotava
uma ilha
povoada de
lobos e de pensamentos.
Havia um fundo
escuro e belo
onde os
náufragos dançavam com sereias.
Havia ansiedade
e abraço.
Havia âncora e
vaguidão.
Brinquei com
peixes e anjos,
fui menina e
fui rainha,
acompanhada e
largada,
sempre a meia
altura
do chão.
A vida um
barco, remos ou ventos,
tudo real e
tudo
ilusão.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005, p. 37.
Maturidade
Caminho entre
as minhas perdas
que são insetos
escuros,
e os meus
ganhos: douradas borboletas.
A luz de uma
paixão, o dedo da morte,
o grave pincel
da solidão
desenharam meus
contornos, firmaram
meu chão.
Que liberdade,
não precisar pensar;
que alívio não
ter de administrar
minha vida:
apenas andar, e
olhar,
apenas ouvir
essas vozes
que vêm de
longe, passam por mim
e não me dão
importância.
Porque no vasto
oceano,
a minha
eventual desarmonia
é só uma gota
desafinada.
Mais nada.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Meu jeito
Se te pareço
ausente, não creias:
Hora a hora o
meu amor agarra-se aos teus braços,
Hora a hora o
meu desejo revolve estes escombros
E escorrem dos
meus olhos mais promessas.
Não acredites
neste breve sono;
Não dês valor
maior ao meu silêncio;
E se leres
recados numa folha branca,
Não creias
também: é preciso encostar
Teus lábios em
meus lábios para ouvir.
Nem acredites
se pensas que te falo:
Palavras
São o meu jeito
mais secreto de calar.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Ônus
A esperança me
chama,
e eu salto a
bordo
como se fosse a
primeira viagem.
Se não conheço
os mapas,
escolho o
imprevisto:
qualquer sinal
é um bom presságio.
Seja como for,
eu vou,
pois quase
sempre acredito:
ando de olhos
fechados
feito criança
brincando de cega.
Mais uma vez
saio ferida
ou quase
afogada,
mas não
desisto.
A dor eventual
é o preço da vida:
passagem,
seguro e pedágio.
- Lya Luft, em “Para não dizer adeus”, 2005. p. 33
O rio do tempo
O tempo não existe,
nem dentro nem
fora.
Esses peixes de
opala
são nomes que
nadam na memória:
são rostos. são
risos, são prantos,
são as horas
felizes.
O tempo não
existe,
pois tudo
continua aqui, e cresce
como se
arredonda uma árvore
pesada de
frutos que são peixes,
que são nomes,
são rostos
com máscaras.
O tempo não
existe. Sou apenas
o aqui e o
presente, e o atrás disso,
como um rio que
corre mas não passa
- pois ele é
sempre, em mim, agora.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Perder, ganhar
Com as perdas,
só há um jeito:
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é
saborear cada um
como uma fruta
boa da estação.
A vida, como um
pensamento,
corre à frente
dos relógios.
O ritmo das
águas indica o roteiro
e me oferece um
papel:
abrir o coração
como uma vela
ao vento, ou
pagar sempre a conta
já vencida.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Revelação
Quando
chegaste,
redescobri em
mim inocência e alegria.
Removi a
máscara que sobrava:
nada havia a
esconder de ti,
nem medo - a
não ser partires.
Supérfluas as
palavras,
dispensada a
aparência, fiquei eu,
sem prumo,
como antes da
primeira dúvida
e do último
desencanto.
Quando
chegaste,
escutei meu
nome como num outro tempo.
o meu lado da
sombra entregou
o que ninguém
via:
as feridas sem
cura e a esperança sem rumo.
Começa a crer,
por mim, que o amor é possível,
e que a vida
vale a pena e o pranto
de cada dia.
- Lya Luft, em "Perdas e ganhos", 2003.
Renuncio às
palavras
e às
explicações.
Ando pelos
contornos,
onde todos os
significados
são sutis, são
mortais.
Não quero
perder o momento
belo. Quero
vivê-lo mais,
com a
intensidade que exige a vida:
desgarramento e
fulguração.
Então me corto
ao meio e me solto
de mim:
a que se prende
e a que voa,
a que vive e a
que se inventa.
Duplo coração:
a que se
contempla e a que nunca
se entende,
a que viaja sem
saber se chega
– mas não
desiste jamais.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Semântica
Não se enganem
comigo:
se digo sul
pode ser norte,
chego mas fico
ausente,
o triste é
também o belo,
procuro o que
não se perde
nem se pode
encontrar.
Buscar resposta
nos livros
é esconder-se
entre linhas.
Não creio no
que se enxerga,
mas nisso que
se disfarça
por mais que se
tente olhar:
assim me tem
seduzida.
Eis o jogo que
eu persigo,
meu jeito de
ser feliz,
o desafio que
me embala:
sempre que
escrevo "morte"
estou falando
da vida.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
Tanto
[para Lygia Fagundes Telles]
Nada entendo de
signos:
se digo flor é
flor, se digo água
é água. ( Mas
pode ser disfarce de um segredo.)
Se não podem
sentir, não torçam
a
arvore-de-coral do meu silêncio:
deixem que eu
represente meu papel.
Não me queiram
prender como a um inseto
no alfinete da
interpretação:
se não me podem
amar, me esqueçam.
Sou uma mulher
sozinha num palco,
e já me pesa
demais todo esse ofício.
Basta que a
torturada vida das palavras
deite seu fogo
ou mel na folha quieta,
num texto
qualquer com o meu nome embaixo.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Tão sutilmente
em tantos breves anos
Tão sutilmente
em tantos breves anos
foram se
trocando sobre os muros
mais que
desigualdades, semelhanças,
que aos poucos
dois são um, sem que no entanto
deixem de ser
plurais:
talvez as asas
de um só anjo, inseparáveis.
Presenças,
solidões que vão tecendo a vida,
o filho que se
faz, uma árvore plantada,
o tempo
gotejando do telhado.
Beleza
perseguida a cada hora, para que não baixe
o pó de um
cotidiano desencanto.
Tão fielmente
adaptam-se as almas destes corpos
que uma em
outra pode se trocar,
sem que alguém
de fora o percebesse nunca.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Todas as águas
Quando pensei
que estava tudo cumprido
havia outra
surpresa: mais uma curva
do rio, mais
riso e mais pranto.
Quando calculei
que tudo estava pago,
anunciaram-se
novas dívidas e juros,
o amor e o
desafio.
Quando achei
que estava serena,
os caminhos se
espalmaram
como dedos de
espanto
em cortinas
aflitas. E eu espio,
ainda que o
olhar seja grande
e a fresta
pequena.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
A vida chega em
silêncio;
desenvolve
reflexos,
interroga
esfinge
que responde ou
nega
num espelho
baço.
(A resposta
nunca é clara
nem é pequena.)
Não é a mim que
vejo:
é o outro, num
misto de incerteza
e esperança de
que não seja
mais um rosto
virado,
uma boca
cerrada
- mais um
desgosto
a cada passo.
Desejo, sonho e
medo,
o amor é salto
em rede
entre a razão e
a magia,
(E só assim
vale a pena.)
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.
Ter um colo
Ter um colo
para os desamados,
os lúcidos,
terríveis loucos,
que varam as
noites rasgando a alma
e sentindo na
boca o gosto do próprio sangue:
mas não posso.
Um me escreve
cartas lancinantes,
outro quer se
matar, outro ainda
ficou cego de
amor e já não pode viver.
Fico diante da
lareira toda a noite
olhando o fogo
que não devora o mundo.
O amor, todo o
amor, no fundo
é cinza.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Última canção
Deus,
eu faço parte
do teu gado:
esse que
confinas em sonho e paixão
e às vezes em
terrível liberdade.
Sou, como
todos, marcada neste flanco
pelo susto da
beleza, pelo terror da perda
e pela funda
chaga dessa arte
em que pretendo
segurar o mundo.
No fundo,
Deus,
eu faço parte
da manada
que corre para
o impossível,
vasto povo
desencontrado
a quem tanges,
ignoras
ou contornas
com teu olhar
absorto.
Deus,
eu faço parte
do teu gado
estranhamente
humano,
marcado para
correr amar morrer
querendo colo,
explicação, perdão
e permanência.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.
Um anjo vem
Um anjo vem
todas as noites:
senta-se ao pé
de mim, e passa
sobre meu
coração a asa mansa,
como se fosse
meu melhor amigo.
Esse fantasma
que chega e me abraça
(asas cobrindo
a ferida do flanco)
é todo o amor
que resta
entre ti e mim,
e está comigo.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.
Viagem
Não é preciso
morar na esquina
nem ser jovem
ou belo:
o amor melhor é
sempre dentro
e perto.
Chega
inesperado,
vem forte vem
doce, acalma
e desatina.
Se está na
minha rua ou vem de fora,
ele ignora o
tempo e a idade:
o amor é sempre
agora.
É vento sutil e
mar sem beira:
o amor é
destino de quem está aberto,
e dói sem
remissão quando negado.
O melhor amor
sacia a fome inteira:
mas tem de ser
aceito,
tem de ser
ousado, tem de ser
navegado.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus",
2005.
"A vida é
uma tapeçaria que elaboramos, enquanto somos urdidos dentro dela. Aqui e ali
podemos escolher alguns fios, um tom, a espessura certa, ou até colocar no
desenho. Linhas de bordado podem ser cordas que amarram ou rédeas que se deixam
manejar: nem sempre compreendemos a hora certa ou o jeito de as segurarmos. Nem
todos somos bons condutores; ou não nos explicaram direito qual desenho a
seguir, nem qual a dose de liberdade que podíamos – com todos os riscos
assumir."
- Lya Luft, em "O Rio do meio", 1996,
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Lya Luft - Foto: Fernando Malungo |
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"A
infância é o chão sobre o qual caminharemos o resto dos nossos dias. Se for
esburacado demais vamos tropeçar mais, cair com mais facilidade e quebrar a
cara - o que pode até ser saudável, pois nos dará chance de reconstruirmos
nosso rosto."
- Lya Luft, em “Perdas e danos”, p.26.
"Não
existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta
que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma
mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita
de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres
frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso
entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita
vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com
isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever
como homem."
- Lya Luft (fonte Releituras).
"Predomina
a idéia de que a velhice é uma sentença da qual se deve fugir a qualquer custo
– até mesmo nos mutilando ou escondendo. No espírito de manada que nos
caracteriza, adotamos essa hipótese sem muita discussão, ainda que seja em
nosso desfavor. Isso se manifesta até na pressa com que acrescentamos, como
desculpa: "Sim, você está, eu estou, velho aos 80 anos, mas... jovem de
espírito." Por que ser jovem de espírito seria melhor do que ter um
espírito maduro ou velho? Ter mais sabedoria, mais serenidade, mais elegância
diante de fatos que na juventude nos fariam arrancar os cabelos de aflição, não
me parece totalmente indesejável. Vou detestar se, ficando velha, alguém quiser
me elogiar dizendo que tenho espírito jovem. Acho o espírito maduro bem mais
interessante do que o jovem. Mais sereno, mais misterioso, mais sedutor. Assim
como não gostei quando certa vez pensando me agradar um crítico escreveu que
embora sendo mulher eu escrevia 'com mão de homem'."
- Lya Luft, em "Perdas e Ganhos".
"Palavras
gastam-se como pedras de rio: mudam de forma e significado, de lugar, algumas
desaparecem, vão ser lama de leito das águas. Podem até reaparecer renovadas
mais adiante.
Felicidade é
uma delas.
Banalizou-se
porque vivemos numa época de vulgarização de grandes emoções e desejos, tudo
fast-food, prêt-à-porter, pronto para o microondas, fácil e rápido... e tantas
vezes anêmico."
- Lya Luft, em "Perdas e ganhos", p. 91.
"A vida
que imaginamos é uma casa transparente sem janelas nem saídas. A gente a
constrói com palavras e silêncios, abraços e afastamentos, uma vida paralela a
isso que parece o concreto cotidiano. Ali o amado não entra, a amada fica de
fora, sombras e luzes como espectros dançam e acenam. Fora dessa casa de vidro
existe outra vida, que chamamos real. Com pão e manteiga, aroma de café,
lençóis úmidos de sexo, filhos correndo, pais envelhecendo, contas a pagar,
cargos a ocupar, nomes e marcas e tráfegos e sonhos e consumo, e sonhos de
consumo. E dor."
- Lya Luft, em "O tigre na sombra", 2012.
O lado fatal
I
andei pelo
quarto sozinha repetindo baixo:
"Não
acredito, não acredito."
Beijei sua boca
ainda morna,
acarinhei seu
cabelo crespo,
tirei sua
pesada aliança de prata com meu nome
e botei no
dedo.
Ficou larga
demais, mas mesmo assim eu uso.
II
Muita gente
veio e se foi.
Olharam, me
abraçaram, choraram,
todos com ar de
uma incrédula orfandade.
III
Aquele de quem
hoje falam e escrevem
(ou aos poucos
vão-se esquecendo)
é muito menos
do que este, deitado em meu coração,
meu amante e
meu menino ainda.
IV
Deus
(ou foi a
Morte?)
golpeou com sua
pesada foice
o coração do
meu amado
(não se vê a
ferida, mas rasgou o meu também).
Ele abriu os
olhos, com ar deslumbrado,
disse bem alto
meu nome no quarto do hospital,
e partiu.
Quando se foram
também os médicos e suas
[ máquinas
inúteis,
ficamos sós: a
Morte (ou foi Deus?)
o meu amado e
eu.
Enterrei o
rosto na curva do seu ombro
como sempre
fazia,
disse as
palavras de amor que costumávamos trocar.
O silêncio dele
era absoluto: seu coração emudecido
e o meu,
varados por essa dourada foice.
Por onde vou
deixo o rastro de um sangue denso
[e triste
que não
estancará jamais.
V
Insensato eu
estar aqui, e viva.
O rosto dele me
contempla
vincado e
triste no retrato sobre minha mesa;
em outros,
sorri para mim, apaixonado e feliz.
Insensato, isso
de sobreviver:
mas cá estou,
na aparência inteira.
Vou à janela
esperando que ele apareça
e me acene com
aquele seu gesto largo e generoso,
que ao acordar
esteja ao meu lado
e que ao
telefone seja sempre a sua voz.
Sei e não sei
que tudo isso é impossível,
que a morte é
um abismo sem pontes
(ao menos por
algum tempo).
Sobrevivo, mas
pela insensatez.
VI
Pensei que
estávamos apenas no começo:
a casa
mal-e-mal nos alicerces.
Mas
provavelmente estava concluída
e eu não sabia.
Tínhamos
erguido em nossos poucos anos
as paredes
necessárias;
o telhado se
inclinava ao jeito certo,
e havia
vidraças nas janelas.
(Éramos felizes
ali dentro
mesmo com as
tempestades de fora.)
Tudo se
construiu num lapso tão curto:
até a porta de
entrada, por onde ele saiu
casualmente
como quem vai comprar jornal.A porta está apenas encostada
embora pareça
alta, dura, intransponível:
do lado de lá,
o meu amor vê as maravilhas
que tanto nos
intrigavam nesta vida.
VII
em livros e
poemas nesses anos:
sempre achei
que a entendia um pouco.
Mas agora que
ela me dilacerou a vida,
me rasgou o
peito,
me levou o
amado,
sinto que mal
começo a compreender
sua mensagem:
tirando-o de
mim, a morte o devolve
para que seja
mais meu.
Dentro de mim
um quebra-cabeças, e nele
[o meu amado.
Nem Deus o
tirará daqui.
VIII
O meu amado
morreu:
viver sem ele,
como dói.
Não tivemos
filhos juntos,
nosso passado
foi tão breve que era sempre
[presente.
Um dia ele
mandou fazer um par de alianças
de pesada
prata, parecendo antigas;
gravou apenas
nossos nomes, sem data, e disse:
"Somos um
só desde sempre."
Ainda não
acreditei em sua morte,
e talvez isso
me salve por enquanto.
Levantar-me da
cama cada dia é um ato heróico,
acender o
cigarro, atender o telefone, tomar café.
Mas faço tudo
isso:
falo, ando,
recebo visitas.
Compro móveis
para a casa onde moro sem ele,
imaginando:
será que ele vai gostar?
De algum
secreto lugar me vem a força
para erguer a xícara,
acender o cigarro,
até sorrir
quando alguém me diz:
"Você hoje
está com a cara ótima",
quando penso se
não doeria menos
jogar-me de um
décimo-primeiro andar.
XIX
postado do lado
de lá da fronteira que nos seduzia,
mudo e quedo
como se não existisses:
eu sei que
existes,
intensamente,
ardentemente existes,
feito e
desfeito no fogo de um amor maior que
[o nosso
mas que nos
abrange.
Amado meu,
morto agora e para sempre vivo,
hás de ter
ainda o intenso olhar que me entendia,
as curvas
amorosas da boca que chamou meu nome,
as belas,
inquietas mãos que ardiam nas minhas.
Ajuda-me agora,
silencioso que estás,
a suportar a
sobrevida
e a decifrar
esse alto, intransponível muro que me
[cerca.
X
Nunca tivemos
filhos juntos, e ele reclamava:
"Nosso
amor merecia um filho ao menos.
"Nosso
filho é a minha dor de hoje,
é a fulguração
que nos deixava tontos,
é o novelo da
memória que teço e reteço
nas minhas
insônias.
Nosso filho é o
meu tempo de agora
para falar do
meu amado:
da sua força e
sua fragilidade,
da sua
indignação e seus prantos,
da sua
necessidade de ser amado e aceito
como finalmente
deve estar sendo, por inteiro,
na realização
de todos os seus vastos desejos.
XI
O meu amor
enveredou por sua morte
como quem vai a
um encontro de amor:
impaciente.
Deixou-me este
coração golpeado,
esta derrota.
Mas também
ficou a claridade desses anos
e a sensação de
que ele finalmente
vive o encontro
de amor
que toda a
devoção de minha vida não lhe poderia
[dar.(Um dia,
celebraremos juntos.)
XII
Se me tivessem
amputado braços e pernas
e furado o
coração com frias facas
e cegado meus
olhos com ganchos
e esfolado a
minha pele como a de um podre bicho
- nada doeria
mais
que te saber
morto, amado meu,
depositado
nesse
irremediável poço de silêncio de onde não
[respondes.(A
não ser em sonho, quando me olhas
e tuas mãos
tocam as minhas espalmadas,
abertas,
feridas, vazias.)
XIII
O meu amado
morreu:
preciso viver
sua morte até o fim.
Morreu sem que
se instalasse entre nós cansaço e
[banalidade.
Talvez tenha
morrido na medida certa
para nada se
desgastar.
Dele me vem a
dor, mas também a ternura,
a claridade que
me permite ver
em todos os
rostos o seu rosto
em todos os
vultos o seu vulto
e ouvir em
todos os silêncios
o seu
inesperado riso de criança
XIV
Estranha a
vida:
fico tangendo
meus dias
como um rebanho
de ovelhas desordenadas
nessa triste e
fria cidade de Porto Alegre
onde ele
gostava de estar
olhando o
pôr-do-sol e vendo amigos.
"Morrer é
tomar um porre de não-desejo"
dizia o meu
amado, que era um homem desejoso:
desejava a
vida, desejava a morte, desejava
[a justiça,
desejava a
eternidade e a paz.
quando releio
uma frase sua,
"viver é
modular a morte",
em sangue e dor
preparo a minha ida.
com hora marcada
para a mutilação
da morte, o
minuto acertado,
e o fim
consultando o relógio
para nos
golpear.
Estranho esse
amor de agora,
com meu amado
atrás de um espelho baço
onde às vezes
penso divisar seu vulto
como num
aquário.
Enrolado em
silêncio,
mais que nunca
o meu amor comanda a minha vida.
XV
Não falem alto
comigo:
andem sempre na
ponta dos pés.
Principalmente,
não me toquem.
Finjam que não
vêem se tenho um jeito absorto,
se nem sempre
entendo as perguntas
com a rapidez
de antigamente,
se pareço
fatigada
e sem graça
como nunca fui.
Façam silêncio
ao meu redor.
Não me
interessa nada o cotidiano nem o místico.
Não quero
discutir o preço do mercado
nem os grandes
mistérios da eternidade.
XVI
Levo meu amado
no peito
como quem
carrega nos braços para sempre
uma criança
morta.
XVII
Amado meu, que
tanto ensinaste
de mim a mim
mesma, e do mundo
a quem o
conhecia pouco:
quando se
desfizer escura a noite desta perda,
quero enxergar
pelos teus olhos,
amar através do
teu amor
as coisas que
me restaram.
Amado meu, vivo
em mim para sempre,
apesar da ruga
a mais
e do olhar mais
triste,
devo-te isto:
voltar a amar a
vida
como agora
amas, inteiramente,
a tua morte.
- Lya Luft, em “O
lado fatal”. 1988.
"A chegada
da velhice não precisa enferrujar a alma. Sendo inevitável, ela devia ser
aguardada e recebida como uma amiga há muito anunciada. E ela vem aos poucos,
vem mansa. Não precisamos pedir desculpas quando ela chega, inventando para os
outros que temos menos idade do que temos. (...) O espírito é mais importante do
que rugas, manchas, andar lento e corpo encolhido: não o espírito jovem, mas um
espírito próprio de cada idade, aberto e gentil."
- Lya Luft, em "Múltipla Escolha".
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Enciclopédia Literatura Brasileira/Itaú Cultural - Lya Luft
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Lya Luft - senhora absoluta de um universo. Templo Cultural Delfos, julho/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Lya Luft - senhora absoluta de um universo. Templo Cultural Delfos, julho/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Abismado e sobretudo muito surpreso. Lya talento nato.Nota-se a clareza e destreza das palavras. Valor a ser reverenciado,aprender a gostar das letras, educação e cultura.Jovens deveriam ler mais e cutivar a esta maravilha.
ResponderExcluirOlá Carlos,
Excluirobrigada pela visita, fico feliz que tenhas gostado do post.
Volte sempre,
abraços
Simplismente Fantastico...
ResponderExcluirEm resposta ao Carlos, tenho 16 e gosto muito de ler, uma pena que jovens da minha idade pensem apenas em futebol e festa...
Lya Luft está na minha vida desde sempre. Uma conversa de almas durante, praticamente, toda minha vida. Quando ela vinha com o Hélio em BH, eu sempre ia ouvi-la. Tenho todos seus livros e releio-os sempre.
ResponderExcluirExcelente matéria. A melhor reportagem que li sobre ela. Parabéns!
obrigado!
ResponderExcluirConheci Lya Luft quando comecei a ler "Perdas&Ganhos" que minha ex-mulher ganhou de Dia das Mães. Achei interessante o título, comecei a ler e fiquei cada vez mais fisgado, atraido e quando acabei de ler esta obra prima, resolvi comprar outros livros dela e, em breve, já tinha um monte de livros dela. Hoje em dia, tenho TODOS seus livros, inclusive os infantis. E sempre que consigo, afano, as crônicas que ela escreve para a revista Veja. Já assisti algumas noites de autografo, onde peço autografo e tenho um ligeiríssimo papo com ela e,hoje em dia, tenho no escritório da minha casa, fotos tiradas ao lado da maravilhosa Lya Luft. Para mim, ela é a escritora maxima da nossa lingua. Sempre me encantou ela colocar no início de cada capítulo, em cada um dos seus livros, um poema, sempre lindo. Adoro ver sempre seu lado de Poeta intimamente ligado ao seu lado de escritora. Adorei este trabalho primoroso aqui apresentado e vou voltar outras vezes visto que é um material tão extenso, que é quase um livro. Parabens a FENSKE, Elfi Kürten pelo primoroso trabalho aqui apresentado.
ResponderExcluirFaço das suas palavras, Ribamar, se me permitires, as minhas. Lya Luft encanta!
ExcluirLucia Maria, é um prazer notar que alguém apreciou o que eu escrevi sobre uma grande escritora brasileira, que une a poesia com a prosa, em todos os livros dela. Além disso é uma pessoa extremamente simpática, afável, muito doce. Como disse já estive em várias noites de autografos dela aqui no Rio. Não sei de onde vc é. E sempre que ela voltar para apresentar suas novas maravilhas pretendo comparecer, a não ser que seja num lugar totalmente fora de rumo para mim. Fiquei curioso e entrei na sua página que irei visitar com mais calma. Eu estou no facebook como Ribamar Oliveira, o do gato bonito com a charmosa gravatinha borboleta vermelha. Abçs
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