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Emiliano Di Cavalcanti – reminiscências líricas e o modernismo


Auto-retrato com mulheres, Di Cavalcanti, 1966-1968
 "Moço continuarei até a morte porque, além dos bens que obtenho com minha imaginação, nada mais ambiciono."
- Di Cavalcanti
  

" - A mulata, para mim, é um símbolo do Brasil.
Ela não é preta nem branca.
Nem rica nem pobre.
Gosta de música, gosta do futebol, como nosso povo. (...)"
- Di Cavalcanti


“O que lemos, ninguém mais tira de nós”
- Di Cavalcanti


Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Rio de Janeiro RJ, em 6 de setembro de 1897 - idem, 26 de outubro de 1976). Pintor, ilustrador, caricaturista, gravador, muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo. Inicia sua carreira artística como caricaturista e ilustrador, publicando sua primeira caricatura em 1914, na revista Fon-Fon. Em 1917, reside em São Paulo, onde frequenta o curso de Direito no Largo São Francisco e o ateliê de Georg Elpons (1865-1939). Convive com artistas e intelectuais paulistas como Oswald de Andrade (1890-1954) e Mário de Andrade (1893-1945), Guilherme de Almeida (1890-1969), entre outros. Em 1921, ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde (1854-1900), e publica o álbum Fantoches da Meia-Noite, editado por Monteiro Lobato (1882-1948). É o idealizador e o principal organizador da Semana de Arte Moderna de 1922, na qual expõe 12 obras. Em 1923, faz sua primeira viagem à França, onde atua como correspondente do jornal Correio da Manhã. Em Paris, freqüenta a Academia Ranson, instala ateliê e conhece obras, artistas e escritores europeus de vanguarda como, Pablo Picasso (1881-1973), Georges Braque (1882-1963), Fernand Léger (1881-1955), Henri Matisse (1869-1954), Jean Cocteau (1889-1963) e Blaise Cendrars (1887-1961). Volta a São Paulo em 1926, trabalha como jornalista e ilustrador no jornal Diário da Noite.
Auto-retrato, Di Cavalcanti, 1969.
[Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ]
A estada em Paris marca um novo direcionamento em sua obra. Conciliando a influência das vanguardas européias com a formulação de uma linguagem própria; adota uma temática nacionalista e preocupa-se com a questão social. No ano de 1928, filia-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 1931, participa do Salão Revolucionário e, no ano seguinte, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho (1899-1973), Antonio Gomide (1895-1967) e Carlos Prado (1908-1992), o Clube dos Artistas Modernos (CAM). Em 1933, publica o álbum A Realidade Brasileira, uma sátira ao militarismo da época. Em 1938 viaja a Paris, onde trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial. Retorna ao Brasil em 1940, trabalha como ilustrador, e publica poemas e memórias de viagem. Em 1972, seu álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti é editado pela Editora Chile.

Comentário Crítico
Di Cavalcanti começa a trabalhar como ilustrador em 1914, no Rio de Janeiro, e publica sua primeira caricatura na revista Fon-Fon. Em 1917, muda-se para São Paulo, onde, além de frequentar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, realiza sua primeira exposição individual de caricaturas e faz ilustrações e capas para a revista O Pirralho.

A efervescência cultural em alguns círculos modernos de São Paulo e a exposição de Anita Malfatti (1889-1964) levam-no a retomar o estudo, iniciado no Rio de Janeiro, de pintura com Georg Elpons. Em suas primeiras obras, utiliza tons pastel e retrata personagens mergulhados na penumbra, misteriosos, como Figura, 1920 e Mulher em Pé, ca.1920, o que faz com que Mário de Andrade o chame de "menestrel dos tons velados".

Auto-retrato, Di Cavalcanti, 1943 [Acervo Particular]
Em 1921, ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde, e publica o álbum Fantoches da Meia-Noite, no qual enfoca o universo boêmio e os tipos da noite: bêbados, vigias e prostitutas. Seu desenho revela a influência do ilustrador inglês Aubrey Vincent Beardsley e caracteriza-se pela linha leve, alongada e sinuosa e pelo uso de elementos decorativos, ao estilo art nouveau.

Nesse período, torna-se amigo de intelectuais paulistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida, sendo sua a idéia da Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual cria o catálogo e o cartaz. Em 1923, viaja para Paris, onde freqüenta a Académie Ranson. A viagem possibilita-lhe o contato com importantes pintores contemporâneos como Pablo Picasso, Georges Braque, Fernand Léger e Henri Matisse, influências que transparecem em suas obras, trabalhadas em uma linguagem muito pessoal.

Retorna ao Brasil em 1925. Passa a apresentar em sua pintura um uso mais acentuado da cor, iluminando a sua paleta. O diálogo intenso com a obra de Pablo Picasso pode ser observado no porte volumoso e monumental dos personagens ou no tratamento dado às mãos e aos pés das figuras, como, por exemplo, em Modelo no Ateliê, 1925 ou Cinco Moças de Guaratinguetá, 1930. O artista revela a formulação de seu estilo na utilização de formas simplificadas e curvilíneas e cores quentes, em especial vários tons de vermelho, trabalhadas em uma poética lírica.

Em 1928, ingressa no Partido Comunista. Nos anos seguintes, demonstra ser um artista inquieto com os problemas sociais. O contato com o expressionismo alemão, com sua ácida crítica social, e principalmente com a obra de George Grosz, pode ser visto em trabalhos, como por exemplo, Mulher Ruiva, 1931 e Retrato de Noêmia, 1936. A vertente social e nacionalista, com temáticas ligadas a um certo cotidiano do povo - a favela, o malandro, o samba, os pescadores, os bares, as prostitutas e a boêmia -, ambientadas no Rio de Janeiro, permanecerá constante em toda sua obra, como em Samba, 1925, Scène Brésilienne [Cena Brasileira], 1937/1938, Três Raças, 1941 e  Carnaval no Morro, 1963.

Auto-retrato, Di Cavalcanti, 1970
Em 1932, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho, Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos (CAM). No ano seguinte, publica o álbum A Realidade Brasileira, série de 12 desenhos, nos quais enfoca criticamente a sociedade e seus dirigentes. Escreve ainda um artigo para o Diário Carioca sobre a exposição de Tarsila do Amaral (1886-1973), no qual ressalta a relação entre a produção artística e o compromisso social. A década de 1940 marca sua maturidade artística e o reconhecimento público no cenário da arte moderna brasileira. Defensor ardoroso da arte figurativa, em 1948 pronuncia uma conferência no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Os Mitos do Modernismo, publicada na revista Fundamentos, sob o título Realismo e Abstracionismo, posicionando-se a favor de uma arte nacional e contra o abstracionismo, tendência que começava a expandir-se no país.

Di Cavalcanti, entre outros artistas do modernismo, esteve atento, em sua produção, à formação de um repertório visual ligado à realidade brasileira. Apesar do contato com a produção artística contemporânea em sua vivência parisiense e do especial diálogo que mantém com as obras de Paul Cézanne e Pablo Picasso, ele aplaina e nivela as linguagens modernas em seus trabalhos. Entende a arte principalmente como uma forma de participação social. Assim, valoriza em sua produção os temas de caráter realista e voltados à construção da identidade nacional, como a representação das mulatas ou do carnaval. 
Notas
(1) ANDRADE, Mário de. Di Cavalcanti. In: DI CAVALCANTI. Desenhos de Di Cavalcanti na coleção do MAC. Organização Aracy Amaral; introdução Aida Cristina Cordeiro; introdução Sônia Salzstein; comentário Aracy Amaral. São Paulo: MAC, 1985. 221 p., il. p&b color. , p.47.
 
Serenata,  Di Cavalcanti, déc. 40.

"... A arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como seu método de ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que tem sido a linha dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único pintor social militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas dos partidos, um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um elevado nível de consciência artística. Debaixo de aparências ligeiras, a carreira do Di Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama intelectual: este homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de soluções plásticas, políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do Brasil, o caso da anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com outros.
Eis o aparente paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é u m pintor social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos, contradições. Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da alegria brasileira é carregado de tristeza. Em alguns dos melhores momentos de sua carreira Di Cavalcanti atingiu pela força da verdade plástica o cerne da nossa própria verdade metafísica na unificação de seus contrastes: de fato a gente brasileira foi ali recriada em síntese erudita..."
- Murilo Mendes, 1949.
  
Meninas Cariocas, Di Cavalcanti, 1926.

“... Que bom que existas, pintor
Enamorado das ruas
Que bom vivas, que bom sejas
Que bom lutes e construas
Poeta o mais carioca
Pintor o mais brasileiro
Entidade mais dileta
Do meu Rio de Janeiro
- Perdão meu irmão poeta
Nosso Rio de Janeiro”
- Vinícius de Morais, setembro de 1963.



CRONOLOGIA DE VIDA E OBRA
1897 - Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo nasce no Rio de Janeiro RJ, no dia 6 de setembro.
1903/1915 - Rio de Janeiro RJ - Realiza os primeiros estudos no Colégio de Aldéia Noronha e no Colégio Militar.
1900/1914 - Mora no Bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro RJ.
1908 - Recebe aulas do pintor Gaspar Puga Garcia.
1914 - Publica seu primeiro trabalho como caricaturista na Revista Fon-Fon.
Emiliano Di Cavalcanti
1915 - Ilustra a capa da revista A Vida Moderna.
1916 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão dos Humoristas, no Liceu de Artes e Ofícios.
1916 - Rio de Janeiro RJ - Entra para a Faculdade de Direito.
1917 - São Paulo SP - É revisor do jornal O Estado de S. Paulo.
1917/1920 - Mora em São Paulo SP.
1917/1976 - Ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros, entre eles Álvares de Azevedo, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Horácio Andrade, Jorge Amado, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Mário Mariani, Menotti Del Picchia, Newton Belleza, Oscar Wilde, Oswald de Andrade, Ribeiro Couto, Rosalina Coelho Lisboa, Sérgio Milliet.
1917 - São Paulo SP - Transfere-se para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
1917 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na redação da revista A Cigarra.
1918 - São Paulo SP - Freqüenta o ateliê de Georg Elpons, pintor e professor alemão, filiado ao impressionismo europeu.
1918 - São Paulo SP - É diretor artístico da revista Panóplia.
1918 - São Paulo SP - Integra um grupo de artistas e intelectuais de São Paulo com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, entre outros.
1920/1976 - Vive tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, com freqüentes estadas no exterior.
1919 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: pinturas, na Casa Editora O Livro
1920 - Rio de Janeiro RJ - Ilustrador em várias revistas, inclusive na recém-criada revista. Guanabara. Usa o pseudônimo Urbano como cartunista.
1920 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na Casa Di Franco.
1921 - São Paulo SP - Lança o álbum Fantoches da Meia-Noite, prefaciado por Ribeiro Couto e publicado por Monteiro Lobato, e ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde.
1921 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: desenhos, na Casa Editora O Livro
1922 - São Paulo SP - Abandona o curso de direito.
1922 - São Paulo SP - É um dos idealizadores e organizadores da Semana de Arte Moderna. Ilustra a capa do programa e catálogo de exposição, realizada no Teatro Municipal.
1922 - São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal
1923/1925 - Fixa-se em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã, retorna ao Rio de Janeiro, com o fechamento do jornal na Revolução de 1924. Tem contato com Brecheret, Anita Malfatti e Sérgio Milliet.
1923 - Viaja para a Itália com o objetivo de conhecer as obras de alguns mestres italianos como Tiziano, Michelangelo e Leonardo da Vinci.
1923 - Vive em Montparnasse (França), onde monta pequeno ateliê.
Emiliano Di Cavalcanti
1923 - Paris (França) - É correspondente do Correio da Manhã do Rio de Janeiro.
1923 - Paris (França) - Freqüenta a Academia Ranson.
1924 - Paris (França) - Conhece obras, artistas e escritores europeus de vanguarda como Picasso, Cocteau, Blaise Cendrars, Léger, Unamuno, Georges Braque, Henri Matisse e outros.
1925 - Retorna ao Brasil, vive no Rio de Janeiro RJ.
1925 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: na Casa Laubisch & Hirt.
1926 - São Paulo SP - Ilustra a capa da obra O Losango Cáqui, de Mário de Andrade.
1926 - Colabora como jornalista e ilustrador no Diário da Noite.
1927 - Colabora como desenhista no Teatro de Brinquedo, de Eugênia e Álvaro Moreyra.
1928 - Filia-se ao Partido Comunista do Brasil.
1929 - Rio de Janeiro RJ - Decora o foyer do Teatro João Caetano.
1930 - São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista.
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International Art Center, no Roerich Museum.
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba.
1932 - São Paulo SP - É um dos fundadores do CAM, Clube dos Artista Modernos , liderado por Flávio de Carvalho, com a participação de Noêmia Mourão, Antonio Gomide e Carlos Prado.
1932 - São Paulo SP - É preso durante três meses como getulista pela Revolução Constitucionalista.
1932 - São Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti, em A Gazeta.
1933 - São Paulo SP - Casa-se com a pintora Noêmia Mourão, sua aluna.
1933 - São Paulo SP - Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época.
1933 - Rio de Janeiro RJ - Escreve artigo no Diário Carioca, de 15 de outubro, sobre as relações entre o trabalho artístico e a problemática social, a propósito da exposição de Tarsila do Amaral.
1933 - São Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM.
1933 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte, na Enba.
1934 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte, na Enba.
1934 - Mora em Recife PE.
1935 - Rio de Janeiro RJ - Participa do comitê de redação do semanário Marcha, na sala de um edifício na Cinelândia, ao lado de Caio Prado Júnior, Carlos Lacerda, Newton Freitas e Rubem Braga.
1935 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, no Clube de Cultura Moderna do Rio de Janeiro.
1935 - No fim do ano, por razões políticas, refugia-se com a esposa, Noêmia Mourão, e Newton Freitas na casa de Battistelli (exilado no Brasil, antifascista ligado a Plínio Melo e Mário Pedrosa), em Mangaratiba.
1937/1940 - Mora na Europa.
1937 - Paris (França) - Exposição Internacional de Artes e Técnicas, no Pavilhão da Companhia Franco-Brasileira - medalha de ouro.
1938 - Paris (França) - Trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial em língua portuguesa, com Noêmia Mourão.
1938 - São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo.
1939 - Viagem a Espanha.
1939 - São Paulo SP - 3º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo.
1940/1941 - Mora em São Paulo SP.
1942 - Viagem a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina).
1944 - Belo Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no MAP.
1946 - Segue a Paris (França) com o objetivo de encontrar obras e quadros abandonados em 1940.
1946 - Rio de Janeiro RJ - Tem dois poemas publicados na Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira (Ed. Z. Valverde).
1947 - Participa do júri de premiação de pintura na exposição do Grupo dos 19, com Anita Malfatti e Lasar Segall.
1947 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Domus.
1948 - São Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918-1948, no IAB/SP.
Emiliano  Di Cavalcanti pintando com Zuila
1948 - São Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva, no Masp.
1948/1949 - Regressa à Europa por seis meses.
1949/1950 - Viagem ao México - Participa do Congresso de Intelectuais pela Paz,  representando o Partido Comunista.
1950 - São Paulo SP - Separa-se de Noêmia Mourão.
1951 - Rio de Janeiro RJ - Ministra curso de cenografia, no Serviço Nacional de Teatro.
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - artista convidado.
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ.
1952 - São Paulo SP - Doa mais de 550 desenhos, produzidos ao longo de trinta anos de carreira, ao MAM/SP.
1952 - São Paulo SP, Rio de Janeiro RJ - Faz charges para o jornal Última Hora de São Paulo. No Última Hora do Rio de Janeiro, escreve a coluna Preto no Branco e executa cinco painéis para a redação do jornal.
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - prêmio melhor pintor nacional, com Alfredo Volpi.
1954 - São Paulo SP - Cria figurinos para o balé A Lenda do Amor Impossível, encenado pelo Corpo de Baile do 4º Centenário.
1954 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ.
1954 - São Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di CavalcantiI: desenhos, no MAM/SP.
1955 - Viagem a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina).
1955 - Rio de Janeiro RJ - Recebe convite para realizar cenário e figurinos do balé As Cirandas, de Villa-Lobos, pelo Corpo de Baile do Municipal.
1955 - Rio de Janeiro RJ - Publica Viagem da Minha Vida: Memórias (Ed. Civilização Brasileira), primeiro livro de memórias, em três volumes: V.1 O Testamento da Alvorada - V.2 O Sol e as Estrelas - V.3 - Retrato de Meus Amigos e... dos Outros.
1956 - Veneza (Itália) - 28ª Bienal de Veneza.
1956 - Trieste (Itália) - Mostra de Arte Sacra de Trieste - 1º prêmio.
1958 - Paris (França) - Executa cartões para tapeçarias do Palácio da Alvorada (salões de música e de recepção), encomendados por Niemeyer.
1958 - Brasília DF - Pinta a via-sacra para a Catedral de Brasília.
1959 - Rio de Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba.
1959 - Recebe de Carlos Flexa Ribeiro o título de O Patriarca da Pintura Moderna Brasileira
1960 - Cidade do México (México) - Realiza painel sobre tela para os escritórios da Aviação Real.
1960 - Cidade do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México, no Palácio de Belas Artes - sala especial - medalha de ouro.
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha.
1961 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual:, na Petite Galeria.
1962 - Viagem à Paris (França) e Moscou (Rússia) - Participa do Congresso da Paz incentivado pelo o amigo Emilio Gustino e logo presenteado com a pintura - Pescadores - de 1948 do proprio Di Cavalcanti.
1962 - Córdoba (Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte.
1962 - Rabat (Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros.
1963 - Paris (França) - Indicado pelo presidente João Goulart para o cargo de adido cultural do Brasil. Não toma posse do cargo em virtude do golpe de 1964.
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala especial.
1964 - Rio de Janeiro RJ - Publica Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (Civilização Brasileira) - ilustrações e texto.
1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, na Galeria Relevo.
1964 - Rio de Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Curitiba PR - 21º Salão Paranaense de Belas Artes .
1964 - Rio de Janeiro RJ - Desenha jóias executadas pelo joalheiro Lucien.
1966 - São Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP – itinerante.
1969 - Ilustra os bilhetes da Loteria Federal das extrações da Inconfidência Mineira, São João, Independência e Natal.
1971 - São Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva Di Cavalcanti, no Masp.
1971 - São Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1971 - Recebe o Prêmio ABCA.
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio.
1972 - Mora em Salvador BA.
1972 - Salvador BA - Publica o álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti, pela Editora Chile, apresentação de Luís Martins.
1972 - Recebe o Prêmio Moinho Santista.
1973 - Salvador BA - Recebe o título de doutor honoris causa pela UFBA.
1974 - São Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp.
A partir da década de 50 Beryl Tucker Gilman passa
a ser a companheira de Di Cavalcanti
1974 - Exposição de obras recentes na Bolsa de Arte, Rio de Janeiro.
1975 - São Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall.
1975 - São Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall.
1976 - São Paulo SP - A prefeitura muda o nome da Rua 4, no Alto da Mooca, para Rua Emiliano Di Cavalcanti.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MNBA.
1976 - São Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall.
1976 - Morre no Rio de Janeiro RJ - 26 de outubro.
1977 - Glauber Rocha realiza o filme - Di - que recebe o Prêmio Especial do Júri, Festival de Cannes 77.
1977 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: 100 obras do acervo, no MAC/USP.
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1980 - Rio de Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici.
1982 - São Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap.
1982 - Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos Costa Pinto.
1982 - São Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP.
1983 - Olinda PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Rio de Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj.
1984 - São Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte brasileira, no MAM/SP.
1984 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão de 31.
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal.
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp.
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1985 - São Paulo SP - Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC, no MAC/USP.
1985 - Rio de Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço Imperial.
1987 - Rio de Janeiro RJ - Entre Dois Séculos: arte brasileira do século XX na Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ.
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris.
1987 - São Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc.
1987 - Rio de Janeiro RJ - Publicação de livro com as cartas escritas pelo artista, Cartas de Amor à Divina / E.Di Cavalcanti. Rio de Janeiro: Cor Editores, 5ª ed.
1988 - Rio de Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício Gilberto Chateaubriand.
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP.
1989 - Lisboa (Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho, na Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna.
1991 - São Paulo SP - 21ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1991 - Santos SP - 3ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão.
1991 - Belo Horizonte MG, Brasília DF, Curitiba PR, Porto Alegre RS, Recife PE, Rio de Janeiro RJ, Salvador BA e São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAP, no Palácio Itamaraty, na Fundação Cultural de Curitiba, no Margs, no Museu do Estado de Pernambuco, no MAM/RJ, no Museu de Arte da Bahia e no MAC/USP.
1992 - Paris (França) e Sevilha (Espanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century.
1992 - São Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade.
1992 - São Paulo SP - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte, na Grifo Galeria de Arte
Di Cavalcanti e Solo- Vernissage - Rio de Janeiro - Março de 1974,
Foto do Livro 'As Noites dos Vernissages' de P. Solo
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, no Kunsthaus .
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP.
1993 - São Paulo SP - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros, na Dan Galeria.
1993 - Rio de Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna: Coleção Sérgio Fadel, no MNBA.
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura de Poços de Caldas.
1993 - Rio de Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB.
1993 - Nova York (Estados Unidos) e Colônia (Alemanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no The Museum of Modern Art.
1993 - São Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria de Arte do Sesi.
1993 - São Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB/Faap.
1993 - São Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956-1967, no MAM/SP.
1994 - São Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no Masp.
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal.
1994 - Poços de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, na Casa de Cultura de Poços de Caldas.
1994 - Rio de Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ.
1994 - São Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria de Arte do Sesi.
1995 - Rio de Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco, no MAM/RJ.
1995 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados, na Galeria Sinduscon.
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970, no MAC/USP.
1996 - São Paulo SP - 1ª Off Bienal, no MuBE.
1996 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ.
1997 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: As Mulheres de Di, no CCBB.
1997 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: Di, Meu Brasileiro, no MAM/RJ.
1997 - Santiago (Chile) - Di Cavalcanti, no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago.
1997 - São Paulo SP - Exposição Oficial de Abertura dos Eventos Comemorativos do Centenário de Di Cavalcanti, na Dan Galeria.
1997 - São Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte.
1997 - São Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp.
1997 - São Paulo SP - O Jovem Di: 1917-1935, no IEB/USP.
1997 - Uma obra de Di Cavalcanti, "Flores", alcança o lance de R$ 724.500,00 (US$ 677,100) em Leilão da Bolsa de Arte, no Rio de Janeiro.
1998 - São Paulo SP - A Coleção Constantini no MAM, no MAM/SP.
Emiliano Di Cavalcanti
1998 - São Paulo SP - Coleção MAM da Bahia: pinturas, no MAM/SP.
1998 - São Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles.
1998 - São Paulo SP - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário, no Sesc.
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp.
1999 - Porto Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul - sala especial.
1999 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap.
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Acervo Banerj, no Museu Histórico do Ingá.
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA.
1999 - São Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria.
2000 - São Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural.
2000 - São Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap.
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna e Negro de Corpo e Alma, na Fundação Bienal.
2000 - Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto Cultural da Caixa.


Auto retrato, de Di Cavalcanti, 1947.
LIVROS, ENTREVISTAS E ARTIGOS DE DI CAVALCANTI
DI CAVALCANTI, Emiliano. Fantoches da Meia-Noite. [Álbum], Editora Monteiro Lobato, 1922.
 ___________. Viagem da minha vida - O testamento da alvorada. [memórias], Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1955.
___________. Reminiscências líricas de um perfeito carioca. [poemas], Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
___________. Definindo posição contra o abstracionismo. Entrevista. Folha da Noite,
21 de outubro de 1948. 
___________. Realismo e abstracionismo. Fundamentos, nº 3. São Paulo, agosto de 1948.



Uma Flor para Di Cavalcanti
Esta é uma flor para Di,
uma flor em forma diferente: de flor-mulher,
desabrochada onde quer que exista amor e verão.
Verão como a cor cintila nas curvas, e sorri
nesse púrpuro arrebolque Di tirou do seu Rio
coado de mel e sol.
Uma flor-pintura, zinindo o canto de amor
que acompanhou toda a vida do pincel, o gozo-dor
de criar e de sentir, divina e tão sensual ração
que coube, na Terra, a Di.
- Carlos Drummond de Andrade, in Andrade, Carlos Drummond de . Discurso de primavera e algumas sombras. In: ______ . Poesia e prosa. 8ª ed., pág.813.


Mulheres, Flores e Arara, Di Cavalcanti,1966.


EXPOSIÇÕES
Exposições Individuais
1917 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: caricaturas, redação da revista A Cigarra.
1919 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: pinturas, Casa Editora O Livro.
1920 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: caricaturas, Casa di Franco.
1921 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: desenhos, Casa Editora O Livro.
Gente do Morro,  Di Cavalcanti, 1951.
1925 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Casa Laubisch & Hit.
1932 - São Paulo SP - Individual, A Gazeta.
1947 - São Paulo SP - Individual,  Galeria Domus (janeiro).
1947 - São Paulo SP - Individual, Galeria Domus (maio).
1948 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: retrospectiva, Masp.
1948 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918 - 1948, Instituto de Arquitetos do Brasil. Departamento de São Paulo.
1954 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu de Arte Moderna.
1954 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos, Museu de Arte Moderna.
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Petite Galerie.
1964 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, Galeria Relevo.
1964 - São Paulo SP - 50 Desenhos e Guaches do Jovem Di Cavalcanti: coleção MAC/USP, MAB/Faap.
1971 - São Paulo SP - Retrospectiva Di Cavalcanti, Museu de Arte Moderna.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu de Arte Moderna.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu Nacional de Belas Artes.
Exposições Coletivas - acesse o link
Exposições Póstumas - acesse o link



"Criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe."
- Di Cavalcanti


Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Piccia,
Oswald de Andrade e Helios Sellinger
[Grupo de Modernistas]

“Ao longo deste meio século transcorrido, Di Cavalcanti ocupou um lugar de 1º plano nas artes plásticas do Brasil. Além de idealizar a Semana de 1922, foi ainda o principal responsável pelo surto de uma pintura temática nacional, dominante após aquele movimento. Apesar de suas ligações com a Escola de Paris e o Cubismo, é um pintor profundamente carioca e brasileiro. A sua obra reflete como nenhuma outra, pela extensão no tempo, a vida do nosso povo. O carnaval, o ritmo e a ginga dos sambistas, as baianas, as mulatas capitosas, as mulheres da vida, os passistas, os malandros, os seresteiros, os bailes de gafieira, os trabalhadores, a paisagem, enfim a própria vida do País está presente em sua pintura, que é sempre vigorosa. A sensualidade brasileira está nas linhas, formas e cores, expressionistas de suas telas. E durante o fastígio da abstração, ele foi aqui o seu maior contestador, sendo também o primeiro a viticinar-lhe a próxima decadência.”

- Antonio Bento, Rio – 1973.

  
Carnaval, Di Cavalcanti, 1965.



"No carnaval eu sempre senti em mim a presença de um demônio incubo que se desvendava como um monstro, feliz por suas travessuras inenarráveis. É uma das formas de meu carioquismo irremediável e eu me sinto demasiadamente povo nesses dias de desafogo dos sentimentos mais terrivelmente terrenos de meu ser..."
- Di Cavalcanti

Ciganos, Di Cavalcanti, 1940. [Museu Nacional de Belas Artes - IBRAM/MinC - Rio de Janeiro, RJ] 


"Talvez mais do que a sua própria obra de pintor e desenhista, observada isoladamente, é a totalidade do ser humano que passou um dia, muito cedo na vida, a assinar-se Di Cavalcanti, que se instaura como símbolo no modernismo brasileiro. Isso se acentua pelo fato de sua presença nunca ter-se restringido à área exclusiva das artes visuais, abrangendo também a prosa e a poesia, a ponto de ele preferir que o considerassem não como um pintor, mas como um intelectual que pintava. Por pretender agir sobre o mundo como algo mais do que as tintas e os pincéis, foi que ele logo se integrou, cabeça e mãos, na inteira militância contra o academismo amorfo na pintura e contra a rigidez parnasiana na literatura (...)."
- Roberto Pontual, in PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987. 
 

"Di Cavalcanti usava então de preferência o suavíssimo pastel, em místicas fugas da realidade. Mas nessa criação dum mundo feminino muito irreal, já permanecia nele, aquele senso de observação crítica do nosso mundo, aquela fidelidade à realidade, que seria o caráter mais permanente da arte dele, a sua melhor significação em nossa arte moderna. E foi também o que lhe deu a inesperada finalidade adquirida em tempo com as pinturas e desenhos de ordem pragmática.
De fato: Di Cavalcanti pretendia criar mulheres de angelitude então em voga, nascidas das criaturas extravagantes (pra nós, latinizados) que assombrava os livros de Maeterlink, de Ibsen e Dostoiewisky. Mas Di Cavalcanti maltratava as suas mulheres. Também passara já pela experiência dos desenhistas franceses e belgas, as dançarinas de Degas e as chanteuses de Toulouse-Lautrec. Nada inicialmente, nos seus pastéis de então, no meio dos tons velados com que cantarolava a sua cantiguinha artificial, punha já em valor certos caracteres depreciativos do corpo feminino, denunciava nos seus tipos uma psicologia mais propriamente safada que extravagante, com uma admirável acuidade crítica de desenho.
Também essa fidelidade ao mundo objetivo, e esse amor de significar a vida humana em alguns dos seus aspectos detestáveis, salvaram Di Cavalcanti de perder tempo e se esperdiçar durante as pesquisas do Modernismo. As teorias cubistas, puristas, futuristas passaram por ele, sem que o descaminhassem."
- Mário de Andrade, in ANDRADE, Mário. Di Cavalcanti. São Paulo, Diário Nacional, 8 mai. 1932. Citado por AMARAL, Aracy (org.). Desenhos de Di Cavalcanti na coleçao do MAC. São Paulo: MAC, 1985, p. 47.

Construção, Di Cavalcanti

FORTUNA CRÍTICA
ALMEIDA, Marina Barbosa de. As mulatas de Di Cavalcanti: representação racial e de gênero na construção da identidade brasileira (1920 e 1930). (Dissertação Mestrado em História). Universidade Federal do Paraná, UFPR, 2007. Disponível no link. (acessado em 12.5.2013).
ALMEIDA, Marina Barbosa de. Encontros e desencontros: Di Cavalcanti e o movimento modernista brasileiro. In: III Simpósio Nacional de História Cultural Mundos da Imagem do Texto ao Visual. Florianópolis: GT História Cultural Núcleo Santa Catarina ANPUH-SC/ Clicdata Multimídia, 2006. p. 3251-3260.
ALMEIDA, Sullivan Bernardo de. Cartas de Amor à Divina: uma leitura imagético-verbal sobre a produção oficiosa de Di Cavalcanti. (Tese Doutorado em Educação, Arte e História da Cultura). Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012.
ALMEIDA, Sullivan Bernardo de. Di Cavalcanti e os fantoches da modernidade: uma leitura semiótica. (Dissertação Mestrado Educação, Arte e História da Cultura). Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2008.
ALMEIDA, Sullivan Bernardo de. Di Cavalcanti e os fantoches da modernidade: uma leitura semiótica.. 1ª ed., São Paulo: BH Studio Books, 2008. v. 1000. 148p.
AMARAL, Aracy (org.). Desenhos de Di Cavalcanti na coleção do MAC. [Introdução Aida Cristina Cordeiro e Sônia Salzstein; comentário Aracy Amaral]. São Paulo: MAC, 1985. 221 p., il. p.b. color.
AMARAL, Aracy. Arte para quê?: a preocupação social na arte brasileira 1930-1970: subsídio para uma história social da arte no Brasil. São Paulo: Nobel, 1984. 435 p., il. PeB.
AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. 5ª ed., rev. ampl. São Paulo: Editora 34, 1998. 335 p., il. p&b.
ANDRADE, Carlos Drumond de. Uma flor para Di Cavalcanti. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Carlos Drummond de Andrade: poesia e prosa. Introdução Afrânio Coutinho. 8ª ed., Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. 2019 p., fotos p&b. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira, 6).
ANDRADE, Mário de. Di Cavalcanti. Diário Nacional, São Paulo, 8 maio 1932.
ARAÚJO, Olívio Tavares de. Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes. Rio de Janeiro: 4 Estações, 1998. 120 p., il. color.
ARTE no Brasil. [Prefácio Pietro Maria Bardi; introdução Pedro Manuel]. São Paulo: Abril Cultural, 1979. v. 1.
AVANCINI, José Augusto Costa. A Pintura Modernista e o Problema da Identidade Cultural Brasileira: Estudo Comparado da Obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Rego Monterio, 1911- 1933. (Dissertação Mestrado em Filosofia). Universidade de São Paulo, USP, Brasil, 1983.
Di Cavalcanti em caricatura de Appe, 1972.
BAGGIO, Eduardo Tulio. O cinema verdade de jean rouch no filme Di Cavalcanti Di Glauber. R.cient./FAP, Curitiba, v.4, n.2, p.166-179, jul./dez. 2009. Disponível no link. (acessado 12.5.2013).
BENTO, Antonio. Di do carnaval e das mulatas, o Rio colorido que passou. In: Arte Hoje. Rio de Janeiro: Rio Gráfica e Editora. Ano I, 1 de julho de 1977, p. 44-53.
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MORAES, Vinicius. Balada de Di Cavalcanti. Disponível no link. (acessado em 12.5.2013).
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PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. [Prefácio Gilberto Chateaubriand; apresentação M. F. do Nascimento Brito]. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987. 585 p., il. color.
RIBEIRO, Maria Izabel Meirelles Reis Branco. Emiliano Di Cavalcanti. (Catálogo), USP. São Paulo: MAC/USP, 1992.
SABINO, Fernando. Fernando Sabino: obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, v.2, 1996.
SILVEIRA, Éder. Di Cavalcanti memorialista – boemia, arte e política. V Encontro de História da Arte – IFCH / Unicamp, 2009. Disponível no link. (acessado em 12.5.2013).
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Di ilustrador: trajetória de um jovem artista gráfico na imprensa (1914-1922). São Paulo: Editora Sumaré, 2002. 160 p.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. O Jovem Di Cavalcanti: trajetória de um artista gráfico na imprensa carioca e na paulistana, 1914-1921. (Dissertação Mestrado em Sociologia). Universidade de São Paulo, USP, Brasil, 1999.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. A Trajetória Particular de um Modernista na República das Letras: o caso de Di Cavalcanti. XXIV Encontro Anual da ANPOCS. Grupo de Trabalho: Pensamento Social Brasileiro (n.10), sessão 3ª. Disponível no link. (acessado em 12.5.2013).
TÉO, Marcelo. Di Cavalcanti: entre a crônica e o retrato. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2001. Disponível no link. (acessado em 12.5.2013).
TÉO, Marcelo. O tocador pelo pincel: o sonoro, o visual e a sensorialidade do modernismo à Era Vargas. (Tese Doutorado em História Social), Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 2011.
VELLOSO, Mônica Pimenta. Imaginário Humorístico e Modernidade Carioca. (Tese Doutorado em Historia Social). Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 1995.
ZILIO, Carlos Augusto da Silva. A querela do Brasil: a questão da identidade da arte brasileira: a obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari: 1922-1945. 2ª ed., Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997. 139 p., il. p&b., color.
ZILIO, Carlos Augusto da Silva. A questão da identidade brasileira: a obra de Tarsila do Amaral , Di Cavalcanti e Portinari - 1922/1945. (Tese Doutorado em Doctorat de 3éme Cycle Em Artes Plásticas). Université Paris 8 Vincennes-Saint-Denis, PARIS 8, França, 1981.

 
Carnaval no Morro, Di Cavalcanti, 1963.
 
Carnaval
Gosto do povo. Música de povo.
Música sem alegria, Ingênua e triste...
Tudo é mau gosto
Tudo é péssimo gosto
Tudo é banal, banal maravilhoso
A gente come o Carnaval...
As estrelas são confetes dourados
Guardados nas costas de uma negra.
Serpentinas de ouro da aurora
Aturdir de sonho,
Aturdir de éter,
Os estandartes são monstros dourados
Que desceram do céu...
- Di Cavalcanti, do livro "Viagem de minha vida".

 
Cinco Moças de Guaratinguetá, Di Cavalcanti, 1930.
[Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - SP]

“Gosto muito de Emiliano, de sua arte, de sua inteligência, de sua cultura e de sua juventude. É um homem que não cede ao menor e ao pior em nenhum momento da vida. Alegra-me o seu desprezo pelas pessoas a quem desprezo. Sua sensualíssima devoção pelas coisas e pessoas física ou espiritualmente belas. Além disso, é, como eu, um homem que chora, se sente com razão. Já o vi em todas as alegrias e em todas as desgraças. Num caso e noutro, sua felicidade estava intacta. Sua constante felicidade, que independe de sua alegria e de sua dor."
- Antonio Maria, jornalista carioca.

 

"Di tinha um senso de humor muito rico, e muito sutil também. Em todos os momentos ele utilizava as circunstâncias como uma forma de exprimir o seu humor. Com isso ele foi, de certo modo, o precursor de algumas tendências muito modernas da antiarte, se bem que esse aspecto da sua obra tenha passado muitas vezes despercebido. Fazia por exemplo esse quadro propositadamente 'matado' em que a finalidade não era o quadro, era o gesto; e essa importância do gesto na sua atividade está muito relacionada com certos aspectos da arte conceitual. (...) Para uma avaliação da obra pictórica de Di Cavalcanti talvez ainda nos falte uma perspectiva histórica. Na minha opinião, uma das coisas mais importantes em Di foi a sua contínua preocupação em fazer uma arte brasileira, ligada aos aspectos cotidianos da vida brasileira e procurando através deles definir a nossa identidade cultural. Esta tendência foi tão forte nele que não conheço qualquer trabalho de Di Cavalcanti que não a reflita, não reflita esta preocupação. Qualquer trabalho de Di, bom ou ruim, é um trabalho brasileiro."
- Mario Schenberg, in SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988.

 
Mulheres Protestando, Di Cavalcanti, 1941. [Coleção Particular].

"Tinha prazer com o ato de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a obra-prima; queria basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é mais homogênea; nos 40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos 60 em diante, elas se tornam raridade.
Apesar disso, Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre como um dos maiores pintores brasileiros, e o que melhor captou um determinado lado do país: o amoroso, o sensual. O largo predomínio da figura humana em sua arte é também uma manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo que o levou a ser um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista partidário. Como Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de sua atenção."
- Olívio Tavares de Araújo, in ARAÚJO, Olívio Tavares de. Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes. Rio de Janeiro: Editora 4 Estações, 1998. Pág.46-48.

 
Pescadores, Di Cavalcanti, 1951. [Coleção Museu de Arte Contemporânea da USP - 
Doação Museu de Arte Moderna de São Paulo]

"Em EMILIANO DI CAVALCANTI encontrou a pintura um de seus maiores e mais originais intérpretes: sensual e expressivo, o fabuloso artista - numa carreira de mais de 50 anos -, vem criando mitos visuais que hão de permanecer como outros tantos pontos altos da arte nacional. Nessas poucas linhas, que não pretendem ser de modo algum uma análise, apenas quero expressar a admiração pelo pintor e o privilégio, que me coube, de Ter por vezes podido desfrutar de sua companhia."
- José Roberto Teixeira Leite, Rio - 1973. 

 
Devaneio, Di Cavalcanti, 1927. [Coleção Particular]

“Já a brasilidade de Di Cavalcanti  é, sobretudo, temática, até certo ponto regional e popular. É o que ele afirmara implicitamente, quando falou da necessidade de dar fisionomia própria à arte brasileira: "A nossa arte tem de ser como a nossa comida, o nosso ar, o nosso mar. Tem de ser reveladora da nossa cultura, pois a boa arte é sempre cultural e sua dimensão própria a de antecipar um momento cultural. O artista verdadeiro torna-se moderno para a sua época: ele traz o novo, é arauto de uma nova era". Assim, Di mergulha no que há de mais tipicamente popular de sua cidade natal, o Rio de Janeiro, como o samba, a vida dos favelados e dos subúrbios, da Lapa, do Mangue, onde flagra as figuras dos boêmios e das prostitutas."
- Ferreira Gullar, in GULLAR, Ferreira. "A modernidade em Di Cavalcanti". In: Di Cavalcanti (1897-1976). GULLAR, Ferreira (org.). Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2006, p. 12.
   
O Grande Carnaval, Di Cavalcanti, 1953. 
[Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo, SP]

“Do carnaval carioca eu tirei o amor à cor, ao ritmo, a sensualidade de um Brasil virginal; do bairro de São Cristovão a permanência do romanesco, o familiar gênero Machado de Assis, a preocupação politica aprendi nas charges do velho "Malho", do Nordeste de meus parentes paraibanos e pernambucanos vinha meu aventurismo, minha ousadia que aumentara depois do contato com a zona agrícola do interior de São Paulo, revelação da existência de um Brasil de colonização italiana, industrializando a produção cafeeira, criando cidades.  E essa presença de uma multiforme nação real, diante dos meus olhos ingênuos e fascinados, fizeram-me logo rir às gargalhadas do carrancismo da velha academia do Largo de São Francisco com seus ilustres juristas fabricando juízes, promotores, advogados cautelosos e políticos reacionários. Larguei o estudo de Direito."
- Di Cavalcanti, in “Viagem da minha vida“, 1955, p.110.

Mangue, Di Cavalcanti, 1929 [Coleção Particular].

Estampa do Mangue
Na porta os olhos parados
Não eram daquele corpo impuro
Que se ofertava ao vício.
O que ele dava aos que passavam
Era pouco.
Para os poetas
Sua nudez ornamentava-se de flores,
Seus olhos nada explicavam,
Permaneciam na infância.
Seu corpo envelhecia na porta.
- Di Cavalcanti, in “Reminiscências líricas de um perfeito carioca”, 1964, p. 71.

Moças com Violões, Di Cavalcanti, 1937. [Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ]

“Em nenhum outro artista brasileiro, a mulata recebeu tratamento pictórico tão alto e tão digno. Sem paternalismos, sem menosprezo. Di deu-lhe a dignidade da madona renascentista, madonizou a nossa mulata, o que não é o mesmo que mulatizar a madona, como o fez Athayde no céu barroco de Minas. (…) Altaneiras, monumentais quase sempre, alegres ou sonhadoras, em devaneios - o gato no colo, a flor sobre o busto - apenas por alguns momentos o olhar parece triste ou vago. Porque, hedonista nato, amoroso da vida e das pessoas, Di não se deixa abater pelos problemas existenciais, pela inquietação política ou social.“
- Frederico Morais, crítico.


Ali ela morava
A virgem morena
Pedia pecado.

Na noite do mêdo,
No lago das cobras,
Os olhos de fôgo
Da virgem morena
Queriam desgraças,
Queriam paixão…
O vento açoitava;
As flores dolentes
Mulata em Rua Vermelha, Di Cavalcanti, 1960.
[Coleção Particular] 
De espasmo murchavam
A virgem morena
Pedia pecado.

As pernas molhadas
De água cheirosa
Abriam-se em galho
No negro do céu.
Os seios da virgem,
O’ seios da virgem!
Dois lírios de ouro.

A virgem morena
Pedia pecado.

A virgem morena
É a deusa do mal?

Assim contaram-me no barranco
do Rio Grande…

É aquela que mata
Os homens fogosos
Que tentam beijá-la?
É a morta viva dos infernos?
Não tem coração nem alma
Aquela que só deseja o dia
E vive na treva?
É ela a rainha de mil desejos flagelada?

A virgem morena
Pedia pecado.

Caiam dos ramos
Os frutos de sangue
Corujas e bruxas
Dançavam no ar,
As pombas noturnas
Morriam de amor.

A virgem morena
Pedia pecado.

Porque essa angústia
Na incompreendida virgem?
Êste céu negro
E o visgo verde das folhas venenosas?
Porque tanta coisa maldita
Cercando o corpo da virgem?

A virgem morena
Pedia pecado.

A morte beijou a virgem;

Gritavam caiporas
Uivavam as antas,
As onças hurlavam,
As cobras mordiam
As ancas das éguas.
O’ gritos de corvos!
O’ risos de loucos!

A morte beijou a virgem;

Nunca ninguém soube seu nome,
Seu corpo virou terra,
A erva daninha,
Nasceu pela terra
Com espinhos ferindo os pés dos homens.

A virgem morena
Pedia pecado.
- Emiliano Di Cavalcanti. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos. 1a edição. Rio de Janeiro: Livraria Editora Zelio Valverde, 1946. p.51,53.

Di Cavalcanti - Capa do catálogo da exposição
 da Semana de Arte Moderna , 1922.

[Acervo do IEB-USP - Arquivo Anita Malfatti]

“O que há em Di Cavalcanti de intrinsecamente brasileiro, ou melhor, de carioca, levou-o a uma interpretação pessoal, a uma espécie de tradução para o mulato das mulheres clássicas e um pouco olímpicas de Picasso, dando-lhes um frêmito, uma languidez e uma indolência que elas não tinham.”
- Luis Martins, crítico


OBRAS ESCOLHIDAS


Cais, Di Cavalcanti, 1952-1954. [Coleção Particular].


Mulheres com Frutas, Di Cavalcanti, 1932. [Coleção Particular].

Mulher com Gato, Di Cavalcanti, 1966. [Coleção Particular] 

As Bodas do Poeta, Di Cavalcanti, 1941.
[Acervo MASP, São Paulo]

Samba, Di Cavalcanti, 1928.

Favela, Di Cavalcanti, 1958.

Maternidade, Di Cavalcanti, 1949.

O Beijo, Di Cavalcanti, ca. 1923. 
[Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo]


Figura, Di Cavalcanti, déc. 60 [Coleção João Condé]

Vaso de Flores, Di Cavalcanti, 1929. 
[Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo]

Mesa de Bar, Di Cavalcanti, 1929. 
[Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ]

Mulher de Chapéu, Di Cavalcanti, 1952.

Paisagem de Subúrbio, Di Cavalcanti, 1930. 
[Coleção Maria do Carmo Carvalho]

Poeta com flor, desenho de Di Cavalcanti
publicado na revista ‘Para Todos’,
ilustrando poema de Oswald de Andrade

Garota de Ipanema, Di Cavalcanti, 1970.

Retrato de Maria, Di Cavalcanti, 1927. 
[Coleção Particular]

Mulher e Gatos, Di Cavalcanti, 1959.

Mulher na Varanda, Di Cavalcanti, 1955.

Pierrete, Di Cavalcanti, 1922.

Modelo no Atelier,  Di Cavalcanti, 1925.

Paquetá, Di Cavalcanti, 1928. [Coleção Domingos Giobbi, São Paulo]

Natureza-Morta, Di Cavalcanti, 1971. [Coleção Particular] 


DOCUMENTÁRIO
Título: "Di Cavalcanti Di Glauber"
Titulo Original: "Ninguém Assistiu ao Formidável Enterro de sua Quimera, Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira Inseparável."

Ficha técnica
Não-ficção, curta-metragem, 35mm, colorido, 480 metros, 18 minutos.
Rio de Janeiro, 1977.
Companhia produtora: Embrafilme;
Distribuição: Embrafilme;
1ª exibição: 11 de março de 1977, Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro; Lançamento: 11 de junho de 1979, Rio de Janeiro (Roma-Bruni, Rio Sul, Bruni-Copacabana, Bruni-Tijuca);
Diretor: Glauber Rocha;
Diretor de produção: Ricardo Moreira;
Assistente de direção: Ricardo (Pudim) Moreira;
Fotógrafos: Mário Carneiro, Nonato Estrela;
Montador: Roberto Pires;
Música: Pixinguinha (Lamento), Villa-Lobos (trecho de Floresta do Amazonas), Paulinho da Viola, Lamartine Babo (O Teu Cabelo Não Nega), Jorge Ben;
Locações: Museu de Arte Moderna, Cemitério São João Batista (Rio de Janeiro);
Prêmio: Prêmio Especial do Júri - Festival de Cannes/1977;
Outros títulos: Ninguém assistiu ao formidável enterro de sua última quimera; somente a ingratidão, essa pantera, foi sua companheira inseparável; Di-Glauber; Di Cavalcanti, Di (das) Mortes.
Locutor: Glauber Rocha;
Textos: Vinícius de Morais (Balada do Di Cavalcanti), Augusto dos Anjos (trecho de Versos Íntimos), Frederico de Moraes (trecho de artigo sobre Di Cavalcanti), Edison Brenner (anúncio da morte de Di);
Elenco: Joel Barcelos, Marina Montini, Antonio Pitanga.

Obs.: A exibição do filme está interditada pela justiça desde 1979, quando da conceção de liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela filha adotiva do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.

Comentário Crítico
"A morte é um tema festivo pros mexicanos, e qualquer protestante essencialista como eu não a considera tragedya . . Em Terra em Transe o poeta Paulo Martins recitava que convivemos com a morte...etc... dentro dela a carne se devora - e o cangaceiro Corisco, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, morre profetizando a ressurreição do sertão no mar que vira sertão que vira mar...
Matei muitos personagens? Eles morreram por conta própria, engendrados e sacrificados por suas próprias contradições: cada massacre dialético que enceno e monto se autodefine na síntese fílmica, e do expurgo sobram as metáforas vitais.
As armas de fogo, facas e lanças são os objetos mortais usados por meus personagens, mas a rainha Soledad bebe simbolicamente veneno no final de Cabeças Cortadas e os mercenários de O Leão de Sete Cabeças são enforcados. Em Câncer, Antônio Pitanga estrangula Hugo Carvana, assim como Carvana se suicida em Terra em Transe. Em Claro foi usado um canhão para matar um mercenário no Vietnam e dois personagens morrem afogados em Barravento, além das multidões incalculáveis massacradas por Sebastião, Corisco, Diaz, etc.
Filmar meu amigo Di morto é um ato de humor modernista-surrealista que se permite entre artistas renascentes: Fênix/Di nunca morreu. No caso o filme é uma celebração que liberta o morto de sua hipócrita-trágica condição. A Festa, o Quarup - a ressurreição que transcende a burocracia do cemitério. Por que enterrar as pessoas com lágrimas e flores comerciais? Meu filme, cujo título, dado por Alex Viany, é Di-Glauber, expõe duas fases do ritual: o velório no Museu de Arte Moderna e o sepultamento no Cemitério São João Batista. É assim que sepultamos nossos mortos.
Chocado pela tristeza de um ato que deveria ser festivo em todos os casos (e sobretudo no caso de um gênio popular como Emiliano di Cavalcanti) projetei o Ritual Alternativo; Meu Funeral Poético, como Di gostaria que fosse, lui. . . o símbolo da Vida...
No campo metafórico transpsicanalítico materializo a vitória de São Jorge sobre o Dragão. E, no caso de uma produção independente, por falta de tempo e dinheiro, e dada a urgência do trabalho, eu interpreto São Jorge (desdobrado em Joel Barcelos e Antônio Pitanga) e Di-O Dragão. Mas curiosamente Eu Sou Orfeu Negro (Pitanga) e Marina Montini, dublemente Eurídice (musa de Di), é a Morte. Meus flash-backs são meu espelho e o espelho ocupa a segunda parte do filme, inspirado pelo Reflexos do Baile, de Antônio Callado, e Mayra, de Darcy Ribeiro. Celebrando Di recupero o seu cadáver, e o filme, que não é didático, contribui para perpetuar a mensagem do Grande Pintor e do Grande Pajé Tupan Ará, Babaraúna Ponta-de-Lança Africano, Glória da Raça Brazyleira!
A descoberta poética do final do século será a materialização da Eternidade."
- Di (Das) Mortes, Glauber Rocha, texto mimeografado, distribuído na sessão do filme em 11 de março de 1977 na Cinemateca do MAM.
Fonte: Tempo Glauber 

  
Vendedoras de Peixe, Di Cavalcanti, 1952.[Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo, SP]
“Di foi pra sempre embalsamado, como um faraó, num documentário de
Glauber que constitui, na minha opinião, a mais eloqüente negação da
morte em toda a história das Artes no Brasil.. filme que transformou um
velório no MAM na mais pertubadora obra de arte jamais exibida num museu...Glauber tinha aprontado Di para a eternidade. Além dos quadros
e desenhos, Di ia durar ele próprio.”
- Antônio Calado in: FINKELSTEIN, 1986: p8-9.


Di Cavalcanti
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Emiliano Di Cavalcanti - reminiscências líricas e o medernismo. Templo Cultural Delfos, maio/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em 6.9.2013.



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