- Di Cavalcanti
" - A
mulata, para mim, é um símbolo do Brasil.
Ela não é preta
nem branca.
Nem rica nem
pobre.
Gosta de
música, gosta do futebol, como nosso povo. (...)"
- Di Cavalcanti
“O que lemos, ninguém mais tira de nós”
- Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo (Rio de
Janeiro RJ, em 6 de setembro de 1897 - idem, 26 de outubro de 1976). Pintor, ilustrador, caricaturista, gravador,
muralista, desenhista, jornalista, escritor e cenógrafo. Inicia sua carreira
artística como caricaturista e ilustrador, publicando sua primeira caricatura
em 1914, na revista Fon-Fon. Em 1917, reside em São Paulo, onde frequenta o
curso de Direito no Largo São Francisco e o ateliê de Georg Elpons (1865-1939).
Convive com artistas e intelectuais paulistas como Oswald de Andrade
(1890-1954) e Mário de Andrade (1893-1945), Guilherme de Almeida (1890-1969),
entre outros. Em 1921, ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde
(1854-1900), e publica o álbum Fantoches da Meia-Noite, editado por Monteiro
Lobato (1882-1948). É o idealizador e o principal organizador da Semana de Arte
Moderna de 1922, na qual expõe 12 obras. Em 1923, faz sua primeira viagem à
França, onde atua como correspondente do jornal Correio da Manhã. Em Paris,
freqüenta a Academia Ranson, instala ateliê e conhece obras, artistas e
escritores europeus de vanguarda como, Pablo Picasso (1881-1973), Georges
Braque (1882-1963), Fernand Léger (1881-1955), Henri Matisse (1869-1954), Jean
Cocteau (1889-1963) e Blaise Cendrars (1887-1961). Volta a São Paulo em 1926,
trabalha como jornalista e ilustrador no jornal Diário da Noite.
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Auto-retrato, Di Cavalcanti, 1969. [Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ] |
A estada em
Paris marca um novo direcionamento em sua obra. Conciliando a influência das
vanguardas européias com a formulação de uma linguagem própria; adota uma
temática nacionalista e preocupa-se com a questão social. No ano de 1928,
filia-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB). Em 1931, participa do Salão Revolucionário
e, no ano seguinte, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho (1899-1973),
Antonio Gomide (1895-1967) e Carlos Prado (1908-1992), o Clube dos Artistas
Modernos (CAM). Em 1933, publica o álbum A Realidade Brasileira, uma sátira ao
militarismo da época. Em 1938 viaja a Paris, onde trabalha na rádio Diffusion
Française nas emissões Paris Mondial. Retorna ao Brasil em 1940, trabalha como
ilustrador, e publica poemas e memórias de viagem. Em 1972, seu álbum 7
Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti é editado pela Editora Chile.
Comentário Crítico
Di Cavalcanti começa a trabalhar como ilustrador em 1914,
no Rio de Janeiro, e publica sua primeira caricatura na revista Fon-Fon. Em
1917, muda-se para São Paulo, onde, além de frequentar a Faculdade de Direito
do Largo de São Francisco, realiza sua primeira exposição individual de
caricaturas e faz ilustrações e capas para a revista O Pirralho.
A efervescência cultural em alguns círculos modernos de
São Paulo e a exposição de Anita Malfatti (1889-1964) levam-no a retomar o
estudo, iniciado no Rio de Janeiro, de pintura com Georg Elpons. Em suas
primeiras obras, utiliza tons pastel e retrata personagens mergulhados na
penumbra, misteriosos, como Figura, 1920 e Mulher em Pé, ca.1920, o que faz com
que Mário de Andrade o chame de "menestrel dos tons velados".
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Auto-retrato, Di Cavalcanti, 1943 [Acervo Particular] |
Em 1921, ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar Wilde, e
publica o álbum Fantoches da Meia-Noite, no qual enfoca o universo boêmio e os
tipos da noite: bêbados, vigias e prostitutas. Seu desenho revela a influência
do ilustrador inglês Aubrey Vincent Beardsley e caracteriza-se pela linha leve,
alongada e sinuosa e pelo uso de elementos decorativos, ao estilo art nouveau.
Nesse período, torna-se amigo de intelectuais paulistas
como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida, sendo sua a
idéia da Semana de Arte Moderna de 1922, para a qual cria o catálogo e o
cartaz. Em 1923, viaja para Paris, onde freqüenta a Académie Ranson. A viagem
possibilita-lhe o contato com importantes pintores contemporâneos como Pablo
Picasso, Georges Braque, Fernand Léger e Henri Matisse, influências que
transparecem em suas obras, trabalhadas em uma linguagem muito pessoal.
Retorna ao Brasil em 1925. Passa a apresentar em sua
pintura um uso mais acentuado da cor, iluminando a sua paleta. O diálogo
intenso com a obra de Pablo Picasso pode ser observado no porte volumoso e
monumental dos personagens ou no tratamento dado às mãos e aos pés das figuras,
como, por exemplo, em Modelo no Ateliê, 1925 ou Cinco Moças de Guaratinguetá,
1930. O artista revela a formulação de seu estilo na utilização de formas
simplificadas e curvilíneas e cores quentes, em especial vários tons de
vermelho, trabalhadas em uma poética lírica.
Em 1928, ingressa no Partido Comunista. Nos anos seguintes,
demonstra ser um artista inquieto com os problemas sociais. O contato com o
expressionismo alemão, com sua ácida crítica social, e principalmente com a
obra de George Grosz, pode ser visto em trabalhos, como por exemplo, Mulher
Ruiva, 1931 e Retrato de Noêmia, 1936. A vertente social e nacionalista, com
temáticas ligadas a um certo cotidiano do povo - a favela, o malandro, o samba,
os pescadores, os bares, as prostitutas e a boêmia -, ambientadas no Rio de
Janeiro, permanecerá constante em toda sua obra, como em Samba, 1925, Scène
Brésilienne [Cena Brasileira], 1937/1938, Três Raças, 1941 e Carnaval no Morro, 1963.
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Auto-retrato, Di Cavalcanti, 1970 |
Em 1932, funda em São Paulo, com Flávio de Carvalho,
Antonio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos (CAM). No ano seguinte,
publica o álbum A Realidade Brasileira, série de 12 desenhos, nos quais enfoca
criticamente a sociedade e seus dirigentes. Escreve ainda um artigo para o
Diário Carioca sobre a exposição de Tarsila do Amaral (1886-1973), no qual
ressalta a relação entre a produção artística e o compromisso social. A década
de 1940 marca sua maturidade artística e o reconhecimento público no cenário da
arte moderna brasileira. Defensor ardoroso da arte figurativa, em 1948
pronuncia uma conferência no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Os
Mitos do Modernismo, publicada na revista Fundamentos, sob o título Realismo e
Abstracionismo, posicionando-se a favor de uma arte nacional e contra o
abstracionismo, tendência que começava a expandir-se no país.
Di Cavalcanti, entre outros artistas do modernismo,
esteve atento, em sua produção, à formação de um repertório visual ligado à
realidade brasileira. Apesar do contato com a produção artística contemporânea
em sua vivência parisiense e do especial diálogo que mantém com as obras de
Paul Cézanne e Pablo Picasso, ele aplaina e nivela as linguagens modernas em
seus trabalhos. Entende a arte principalmente como uma forma de participação
social. Assim, valoriza em sua produção os temas de caráter realista e voltados
à construção da identidade nacional, como a representação das mulatas ou do
carnaval.
Notas
(1) ANDRADE, Mário de. Di Cavalcanti. In: DI
CAVALCANTI. Desenhos de Di Cavalcanti na coleção do MAC. Organização Aracy
Amaral; introdução Aida Cristina Cordeiro; introdução Sônia Salzstein;
comentário Aracy Amaral. São Paulo: MAC, 1985. 221 p., il. p&b color. ,
p.47.
"... A
arte de Di Cavalcanti, bem como sua pessoa humana, bem como seu método de ofício, está fundada na liberdade. Uma vocação de liberdade que tem sido a linha
dominante de sua vida que fez dele - em certa época o único pintor social
militante do Brasil - um revoltado contra as imposições drásticas dos partidos,
um homem que sempre examina seus problemas, e que atingiu um elevado nível de
consciência artística. Debaixo de aparências ligeiras, a carreira do Di
Cavalcanti tem assumido aspectos patéticos de alto drama intelectual: este
homem inquieto tem vivido em encruzilhadas, à procura de soluções plásticas,
políticas e críticas, debatendo continuamente o caso do Brasil, o caso da
anarquia universal e seu próprio caso que se misturou com outros.
Eis o aparente
paradoxo de Emiliano Di Cavalcanti: este grande individualista é u m pintor
social, este boêmio dispersivo é um trabalhador obstinado, este copiador de
histórias pitorescas é um espírito sério capaz de disciplina. O homem Di
Cavalcanti é rico em surpresas e imprevistos, solidário com outros no
sofrimento e na alegria. Sabe que o prazer sempre foi um elemento importante na
criação da obra de arte. Sabe que o prazer encerra também conflitos, abismos,
contradições. Daí o aspecto triste, às vezes mesmo sinistro, de certos
personagens festeiros de seus quadros. Todos nós sabemos que o substrato da
alegria brasileira é carregado de tristeza. Em alguns dos melhores momentos de
sua carreira Di Cavalcanti atingiu pela força da verdade plástica o cerne da
nossa própria verdade metafísica na unificação de seus contrastes: de fato a
gente brasileira foi ali recriada em síntese erudita..."
- Murilo Mendes, 1949.
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Meninas Cariocas, Di Cavalcanti, 1926. |
“... Que bom
que existas, pintor
Enamorado das
ruas
Que bom vivas,
que bom sejas
Que bom lutes e
construas
Poeta o mais
carioca
Pintor o mais
brasileiro
Entidade mais
dileta
Do meu Rio de
Janeiro
- Perdão meu
irmão poeta
Nosso Rio de
Janeiro”
- Vinícius de Morais, setembro de 1963.
CRONOLOGIA DE VIDA
E OBRA
1897 - Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque
Melo nasce no Rio de Janeiro RJ, no dia 6 de setembro.
1903/1915 -
Rio de Janeiro RJ - Realiza os primeiros estudos no Colégio de Aldéia Noronha e
no Colégio Militar.
1900/1914 -
Mora no Bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro RJ.
1908 - Recebe
aulas do pintor Gaspar Puga Garcia.
1914 - Publica
seu primeiro trabalho como caricaturista na Revista Fon-Fon.
1916 - Rio de
Janeiro RJ - 1º Salão dos Humoristas, no Liceu de Artes e Ofícios.
1916 - Rio de
Janeiro RJ - Entra para a Faculdade de Direito.
1917 - São
Paulo SP - É revisor do jornal O Estado de S. Paulo.
1917/1920 -
Mora em São Paulo SP.
1917/1976 - Ilustra
livros de autores nacionais e estrangeiros, entre eles Álvares de Azevedo,
Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida, Horácio Andrade, Jorge Amado, Manuel
Bandeira, Mário de Andrade, Mário Mariani, Menotti Del Picchia, Newton Belleza,
Oscar Wilde, Oswald de Andrade, Ribeiro Couto, Rosalina Coelho Lisboa, Sérgio
Milliet.
1917 - São
Paulo SP - Transfere-se para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
1917 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na redação da revista
A Cigarra.
1918 - São
Paulo SP - Freqüenta o ateliê de Georg Elpons, pintor e professor alemão,
filiado ao impressionismo europeu.
1918 - São
Paulo SP - É diretor artístico da revista Panóplia.
1918 - São
Paulo SP - Integra um grupo de artistas e intelectuais de São Paulo com Oswald
de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, entre outros.
1920/1976 -
Vive tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, com freqüentes estadas no
exterior.
1919 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: pinturas, na Casa Editora O
Livro
1920 - Rio de
Janeiro RJ - Ilustrador em várias revistas, inclusive na recém-criada revista.
Guanabara. Usa o pseudônimo Urbano como cartunista.
1920 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: caricaturas, na Casa Di Franco.
1921 - São
Paulo SP - Lança o álbum Fantoches da Meia-Noite, prefaciado por Ribeiro Couto
e publicado por Monteiro Lobato, e ilustra A Balada do Enforcado, de Oscar
Wilde.
1921 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti: desenhos, na Casa Editora O
Livro
1922 - São
Paulo SP - Abandona o curso de direito.
1922 - São
Paulo SP - É um dos idealizadores e organizadores da Semana de Arte Moderna.
Ilustra a capa do programa e catálogo de exposição, realizada no Teatro
Municipal.
1922 - São
Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal
1923/1925 -
Fixa-se em Paris como correspondente do jornal Correio da Manhã, retorna ao Rio
de Janeiro, com o fechamento do jornal na Revolução de 1924. Tem contato com
Brecheret, Anita Malfatti e Sérgio Milliet.
1923 - Viaja
para a Itália com o objetivo de conhecer as obras de alguns mestres italianos
como Tiziano, Michelangelo e Leonardo da Vinci.
1923 - Vive em
Montparnasse (França), onde monta pequeno ateliê.
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Emiliano Di Cavalcanti |
1923 - Paris
(França) - É correspondente do Correio da Manhã do Rio de Janeiro.
1923 - Paris
(França) - Freqüenta a Academia Ranson.
1924 - Paris
(França) - Conhece obras, artistas e escritores europeus de vanguarda como
Picasso, Cocteau, Blaise Cendrars, Léger, Unamuno, Georges Braque, Henri
Matisse e outros.
1925 - Retorna
ao Brasil, vive no Rio de Janeiro RJ.
1925 - Rio de
Janeiro RJ - Exposição Individual: na Casa Laubisch & Hirt.
1926 - São
Paulo SP - Ilustra a capa da obra O Losango Cáqui, de Mário de Andrade.
1926 -
Colabora como jornalista e ilustrador no Diário da Noite.
1927 -
Colabora como desenhista no Teatro de Brinquedo, de Eugênia e Álvaro Moreyra.
1928 -
Filia-se ao Partido Comunista do Brasil.
1929 - Rio de
Janeiro RJ - Decora o foyer do Teatro João Caetano.
1930 - São
Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista.
1930 - Nova York (Estados Unidos) - The First
Representative Collection of Paintings by Brazilian Artists, no International
Art Center, no Roerich Museum.
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba.
1932 - São
Paulo SP - É um dos fundadores do CAM, Clube dos Artista Modernos , liderado
por Flávio de Carvalho, com a participação de Noêmia Mourão, Antonio Gomide e
Carlos Prado.
1932 - São
Paulo SP - É preso durante três meses como getulista pela Revolução
Constitucionalista.
1932 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Di Cavalcanti, em A Gazeta.
1933 - São
Paulo SP - Casa-se com a pintora Noêmia Mourão, sua aluna.
1933 - São
Paulo SP - Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos
satirizando o militarismo da época.
1933 - Rio de
Janeiro RJ - Escreve artigo no Diário Carioca, de 15 de outubro, sobre as
relações entre o trabalho artístico e a problemática social, a propósito da
exposição de Tarsila do Amaral.
1933 - São
Paulo SP - 2ª Exposição de Arte Moderna da SPAM.
1933 - Rio de
Janeiro RJ - 3º Salão da Pró-Arte, na Enba.
1934 - Rio de
Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte, na Enba.
1934 - Mora em
Recife PE.
1935 - Rio de
Janeiro RJ - Participa do comitê de redação do semanário Marcha, na sala de um
edifício na Cinelândia, ao lado de Caio Prado Júnior, Carlos Lacerda, Newton
Freitas e Rubem Braga.
1935 - Rio de
Janeiro RJ - Exposição de Arte Social, no Clube de Cultura Moderna do Rio de
Janeiro.
1935 - No fim
do ano, por razões políticas, refugia-se com a esposa, Noêmia Mourão, e Newton
Freitas na casa de Battistelli (exilado no Brasil, antifascista ligado a Plínio
Melo e Mário Pedrosa), em Mangaratiba.
1937/1940 -
Mora na Europa.
1937 - Paris
(França) - Exposição Internacional de Artes e Técnicas, no Pavilhão da
Companhia Franco-Brasileira - medalha de ouro.
1938 - Paris
(França) - Trabalha na rádio Diffusion Française nas emissões Paris Mondial em
língua portuguesa, com Noêmia Mourão.
1938 - São
Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo.
1939 - Viagem
a Espanha.
1939 - São
Paulo SP - 3º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo.
1940/1941 -
Mora em São Paulo SP.
1942 - Viagem
a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina).
1944 - Belo
Horizonte MG - Exposição de Arte Moderna, no MAP.
1946 - Segue a
Paris (França) com o objetivo de encontrar obras e quadros abandonados em 1940.
1946 - Rio de
Janeiro RJ - Tem dois poemas publicados na Antologia de Poetas Brasileiros
Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira (Ed. Z. Valverde).
1947 -
Participa do júri de premiação de pintura na exposição do Grupo dos 19, com
Anita Malfatti e Lasar Segall.
1947 - Rio de
Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Domus.
1948 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva
1918-1948, no IAB/SP.
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Emiliano Di Cavalcanti pintando com Zuila |
1948 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Retrospectiva, no Masp.
1948/1949 -
Regressa à Europa por seis meses.
1949/1950 -
Viagem ao México - Participa do Congresso de Intelectuais pela Paz, representando o Partido Comunista.
1950 - São
Paulo SP - Separa-se de Noêmia Mourão.
1951 - Rio de
Janeiro RJ - Ministra curso de cenografia, no Serviço Nacional de Teatro.
1951 - São
Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - artista convidado.
1952 - Rio de
Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ.
1952 - São
Paulo SP - Doa mais de 550 desenhos, produzidos ao longo de trinta anos de
carreira, ao MAM/SP.
1952 - São
Paulo SP, Rio de Janeiro RJ - Faz charges para o jornal Última Hora de São
Paulo. No Última Hora do Rio de Janeiro, escreve a coluna Preto no Branco e
executa cinco painéis para a redação do jornal.
1953 - São
Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - prêmio melhor
pintor nacional, com Alfredo Volpi.
1954 - São
Paulo SP - Cria figurinos para o balé A Lenda do Amor Impossível, encenado pelo
Corpo de Baile do 4º Centenário.
1954 - Rio de
Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ.
1954 - São
Paulo SP - Exposição Individual: Emiliano Di CavalcantiI: desenhos, no MAM/SP.
1955 - Viagem
a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina).
1955 - Rio de
Janeiro RJ - Recebe convite para realizar cenário e figurinos do balé As
Cirandas, de Villa-Lobos, pelo Corpo de Baile do Municipal.
1955 - Rio de
Janeiro RJ - Publica Viagem da Minha Vida: Memórias (Ed. Civilização
Brasileira), primeiro livro de memórias, em três volumes: V.1 O Testamento da
Alvorada - V.2 O Sol e as Estrelas - V.3 - Retrato de Meus Amigos e... dos
Outros.
1956 - Veneza
(Itália) - 28ª Bienal de Veneza.
1956 - Trieste
(Itália) - Mostra de Arte Sacra de Trieste - 1º prêmio.
1958 - Paris
(França) - Executa cartões para tapeçarias do Palácio da Alvorada (salões de
música e de recepção), encomendados por Niemeyer.
1958 -
Brasília DF - Pinta a via-sacra para a Catedral de Brasília.
1959 - Rio de
Janeiro RJ - 30 Anos de Arte Brasileira, na Enba.
1959 - Recebe
de Carlos Flexa Ribeiro o título de O Patriarca da Pintura Moderna Brasileira
1960 - Cidade
do México (México) - Realiza painel sobre tela para os escritórios da Aviação
Real.
1960 - Cidade
do México (México) - 2ª Bienal Interamericana do México, no Palácio de Belas
Artes - sala especial - medalha de ouro.
1960 - São
Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte da Folha.
1961 - Rio de
Janeiro RJ - Exposição Individual:, na Petite Galeria.
1962 - Viagem
à Paris (França) e Moscou (Rússia) - Participa do Congresso da Paz incentivado
pelo o amigo Emilio Gustino e logo presenteado com a pintura - Pescadores - de
1948 do proprio Di Cavalcanti.
1962 - Córdoba
(Argentina) - 1ª Bienal Americana de Arte.
1962 - Rabat
(Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros.
1963 - Paris
(França) - Indicado pelo presidente João Goulart para o cargo de adido cultural
do Brasil. Não toma posse do cargo em virtude do golpe de 1964.
1963 - São
Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal - sala
especial.
1964 - Rio de
Janeiro RJ - Publica Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (Civilização
Brasileira) - ilustrações e texto.
1964 - Rio de
Janeiro RJ - Exposição Individual: Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, na
Galeria Relevo.
1964 - Rio de
Janeiro RJ - O Nu na Arte Contemporânea, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 -
Curitiba PR - 21º Salão Paranaense de Belas Artes .
1964 - Rio de
Janeiro RJ - Desenha jóias executadas pelo joalheiro Lucien.
1966 - São
Paulo SP - Meio Século de Arte Nova, no MAC/USP – itinerante.
1969 - Ilustra
os bilhetes da Loteria Federal das extrações da Inconfidência Mineira, São
João, Independência e Natal.
1971 - São Paulo
SP - Exposição Individual: Retrospectiva Di Cavalcanti, no Masp.
1971 - São
Paulo SP - 11ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1971 - Recebe
o Prêmio ABCA.
1972 - São
Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria Collectio.
1972 - Mora em
Salvador BA.
1972 -
Salvador BA - Publica o álbum 7 Xilogravuras de Emiliano Di Cavalcanti, pela
Editora Chile, apresentação de Luís Martins.
1972 - Recebe
o Prêmio Moinho Santista.
1973 -
Salvador BA - Recebe o título de doutor honoris causa pela UFBA.
1974 - São
Paulo SP - Tempo dos Modernistas, no Masp.
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A partir da década de 50 Beryl Tucker Gilman passa a ser a companheira de Di Cavalcanti |
1974 -
Exposição de obras recentes na Bolsa de Arte, Rio de Janeiro.
1975 - São
Paulo SP - O Modernismo de 1917 a 1930, no Museu Lasar Segall.
1975 - São
Paulo SP - SPAM e CAM, no Museu Lasar Segall.
1976 - São
Paulo SP - A prefeitura muda o nome da Rua 4, no Alto da Mooca, para Rua
Emiliano Di Cavalcanti.
1976 - Rio de
Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MAM/RJ.
1976 - Rio de
Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, no MNBA.
1976 - São
Paulo SP - Os Salões: da Família Artística Paulista, de Maio e do Sindicato dos
Artistas Plásticos de São Paulo, no Museu Lasar Segall.
1976 - Morre
no Rio de Janeiro RJ - 26 de outubro.
1977 - Glauber Rocha realiza o filme - Di - que recebe o Prêmio
Especial do Júri, Festival de Cannes 77.
1977 - São
Paulo SP - Di Cavalcanti: 100 obras do acervo, no MAC/USP.
1979 - São
Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1980 - Rio de
Janeiro RJ - Homenagem a Mário Pedrosa, na Galeria Jean Boghici.
1982 - São
Paulo SP - 80 Anos de Arte Brasileira, no MAB/Faap.
1982 -
Salvador BA - A Arte Brasileira da Coleção Odorico Tavares, no Museu Carlos
Costa Pinto.
1982 - São
Paulo SP - Do Modernismo à Bienal, no MAM/SP.
1983 - Olinda
PE - 2ª Exposição da Coleção Abelardo Rodrigues de Artes Plásticas, no MAC/PE
1983 - Rio de
Janeiro RJ - Auto-Retratos Brasileiros, na Galeria de Arte Banerj.
1984 - São
Paulo SP - Coleção Gilberto Chateaubriand: retrato e auto-retrato da arte
brasileira, no MAM/SP.
1984 - Rio de
Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Artes Plásticas - Salão de 31.
1984 - São
Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na
Fundação Bienal.
1985 - São
Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp.
1985 - São
Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1985 - São
Paulo SP - Desenhos de Di Cavalcanti na Coleção do MAC, no MAC/USP.
1985 - Rio de
Janeiro RJ - Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no Paço
Imperial.
1987 - Rio de
Janeiro RJ - Entre Dois Séculos: arte brasileira do século XX na Coleção
Gilberto Chateaubriand, no MAM/RJ.
1987 - Paris
(França) - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Musée d'Art Moderne de
la Ville de Paris.
1987 - São
Paulo SP - O Ofício da Arte: pintura, no Sesc.
1987 - Rio de
Janeiro RJ - Publicação de livro com as cartas escritas pelo artista, Cartas de
Amor à Divina / E.Di Cavalcanti. Rio de Janeiro: Cor Editores, 5ª ed.
1988 - Rio de
Janeiro RJ - Hedonismo: Coleção Gilberto Chateaubriand, na Galeria Edifício
Gilberto Chateaubriand.
1988 - São
Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no MAM/SP.
1989 - Lisboa
(Portugal) - Seis Décadas de Arte Moderna Brasileira: Coleção Roberto Marinho,
na Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna.
1991 - São
Paulo SP - 21ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal.
1991 - Santos
SP - 3ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão.
1991 - Belo
Horizonte MG, Brasília DF, Curitiba PR, Porto Alegre RS, Recife PE, Rio de
Janeiro RJ, Salvador BA e São Paulo SP - Dois Retratos da Arte, no MAP, no
Palácio Itamaraty, na Fundação Cultural de Curitiba, no Margs, no Museu do
Estado de Pernambuco, no MAM/RJ, no Museu de Arte da Bahia e no MAC/USP.
1992 - Paris (França) e Sevilha (Espanha) - Latin
American Artists of the Twentieth Century.
1992 - São
Paulo SP - O Olhar de Sérgio sobre a Arte Brasileira: desenhos e pinturas, na
Biblioteca Municipal Mário de Andrade.
1992 - São
Paulo SP - Primeiro Aniversário da Grifo Galeria de Arte, na Grifo Galeria de
Arte
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Di Cavalcanti e Solo- Vernissage - Rio de Janeiro - Março de 1974, Foto do Livro 'As Noites dos Vernissages' de P. Solo |
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und
selbstentdeckung, no Kunsthaus .
1993 - São
Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura,
no IEB/USP.
1993 - São
Paulo SP - A Arte Brasileira no Mundo, uma Trajetória: 24 artistas brasileiros,
na Dan Galeria.
1993 - Rio de
Janeiro RJ - Brasil 100 Anos de Arte Moderna: Coleção Sérgio Fadel, no MNBA.
1993 - Poços
de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel,
na Casa da Cultura de Poços de Caldas.
1993 - Rio de
Janeiro RJ - Emblemas do Corpo: o nu na arte moderna brasileira, no CCBB.
1993 - Nova York (Estados Unidos) e Colônia
(Alemanha) - Latin American Artists of the Twentieth Century, no The Museum of
Modern Art.
1993 - São
Paulo SP - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, na
Galeria de Arte do Sesi.
1993 - São
Paulo SP - O Modernismo no Museu de Arte Brasileira: pintura, no MAB/Faap.
1993 - São
Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956-1967, no MAM/SP.
1994 - São
Paulo SP - Arte Moderna Brasileira: uma seleção da Coleção Roberto Marinho, no
Masp.
1994 - São
Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal.
1994 - Poços
de Caldas MG - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do
Unibanco, na Casa de Cultura de Poços de Caldas.
1994 - Rio de
Janeiro RJ - O Desenho Moderno no Brasil: Coleção Gilberto Chateaubriand, no
MAM/RJ.
1994 - São
Paulo SP - Poética da Resistência: aspectos da gravura brasileira, na Galeria
de Arte do Sesi.
1995 - Rio de
Janeiro RJ - Coleção Unibanco: exposição comemorativa dos 70 anos do Unibanco,
no MAM/RJ.
1995 - São
Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos restaurados, na Galeria Sinduscon.
1996 - São
Paulo SP - Arte Brasileira: 50 anos de história no acervo MAC/USP: 1920-1970,
no MAC/USP.
1996 - São
Paulo SP - 1ª Off Bienal, no MuBE.
1996 - Rio de
Janeiro RJ - Visões do Rio, no MAM/RJ.
1997 - Rio de
Janeiro RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: As Mulheres de Di, no CCBB.
1997 - Rio de Janeiro
RJ - Di Cavalcanti 100 Anos: Di, Meu Brasileiro, no MAM/RJ.
1997 -
Santiago (Chile) - Di Cavalcanti, no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago.
1997 - São
Paulo SP - Exposição Oficial de Abertura dos Eventos Comemorativos do
Centenário de Di Cavalcanti, na Dan Galeria.
1997 - São
Paulo SP - Grandes Nomes da Pintura Brasileira, na Jo Slaviero Galeria de Arte.
1997 - São
Paulo SP - Mestres do Expressionismo no Brasil, no Masp.
1997 - São
Paulo SP - O Jovem Di: 1917-1935, no IEB/USP.
1997 - Uma
obra de Di Cavalcanti, "Flores", alcança o lance de R$ 724.500,00
(US$ 677,100) em Leilão da Bolsa de Arte, no Rio de Janeiro.
1998 - São
Paulo SP - A Coleção Constantini no MAM, no MAM/SP.
![]() |
Emiliano Di Cavalcanti |
1998 - São
Paulo SP - Coleção MAM da Bahia: pinturas, no MAM/SP.
1998 - São
Paulo SP - Destaques da Coleção Unibanco, no Instituto Moreira Salles.
1998 - São
Paulo SP - Fantasia Brasileira: o balé do IV Centenário, no Sesc.
1998 - São
Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto
Chateaubriand - MAM/RJ, no Masp.
1999 - Porto
Alegre RS - 2ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul - sala especial.
1999 - São
Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap.
1999 - Rio de
Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Acervo Banerj, no Museu Histórico do Ingá.
1999 - Rio de
Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu
Nacional de Belas Artes, no MNBA.
1999 - São
Paulo SP - Obras Sobre Papel: do modernismo à abstração, na Dan Galeria.
2000 - São
Paulo SP - A Figura Humana na Coleção Itaú, no Itaú Cultural.
2000 - São
Paulo SP - A Figura Feminina no Acervo do MAB, no MAB/Faap.
2000 - São
Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento. Arte Moderna e Negro de
Corpo e Alma, na Fundação Bienal.
2000 -
Brasília DF - Exposição Brasil Europa: encontros no século XX, no Conjunto
Cultural da Caixa.
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Auto retrato, de Di Cavalcanti, 1947. |
LIVROS,
ENTREVISTAS E ARTIGOS DE DI CAVALCANTI
DI CAVALCANTI,
Emiliano. Fantoches da Meia-Noite. [Álbum], Editora Monteiro Lobato, 1922.
___________. Viagem da minha vida - O testamento da alvorada. [memórias], Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1955.
___________. Reminiscências
líricas de um perfeito carioca. [poemas], Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
___________. Definindo
posição contra o abstracionismo. Entrevista. Folha da Noite,
21 de outubro de 1948.
___________. Realismo
e abstracionismo. Fundamentos, nº 3. São Paulo, agosto de 1948.
Uma Flor para
Di Cavalcanti
Esta é uma flor
para Di,
uma flor em
forma diferente: de
flor-mulher,
desabrochada
onde quer que exista amor
e verão.
Verão como a
cor cintila nas curvas,
e sorri
nesse púrpuro
arrebolque Di tirou do
seu Rio
coado de mel e
sol.
Uma
flor-pintura, zinindo o canto
de amor
que acompanhou
toda a vida do pincel, o
gozo-dor
de criar e de
sentir, divina e tão
sensual ração
que coube, na
Terra, a Di.
- Carlos Drummond de Andrade, in Andrade, Carlos
Drummond de . Discurso de primavera e algumas sombras. In: ______ . Poesia e
prosa. 8ª ed., pág.813.
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Mulheres, Flores e Arara, Di Cavalcanti,1966. |
EXPOSIÇÕES
Exposições Individuais
1917 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: caricaturas, redação da revista A Cigarra.
Exposições Individuais
1917 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: caricaturas, redação da revista A Cigarra.
1919 - São
Paulo SP - Di Cavalcanti: pinturas, Casa Editora O Livro.
1920 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: caricaturas, Casa di Franco.
1921 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: desenhos, Casa Editora O Livro.
1925 - Rio de
Janeiro RJ - Individual, Casa Laubisch & Hit.
1932 - São Paulo SP - Individual, A Gazeta.
1947 - São Paulo SP - Individual, Galeria Domus (janeiro).
1947 - São Paulo SP - Individual, Galeria Domus (maio).
1948 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: retrospectiva, Masp.
1948 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918 - 1948, Instituto de Arquitetos do Brasil. Departamento de São Paulo.
1954 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu de Arte Moderna.
1954 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos, Museu de Arte Moderna.
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Petite Galerie.
1964 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, Galeria Relevo.
1964 - São Paulo SP - 50 Desenhos e Guaches do Jovem Di Cavalcanti: coleção MAC/USP, MAB/Faap.
1971 - São Paulo SP - Retrospectiva Di Cavalcanti, Museu de Arte Moderna.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu de Arte Moderna.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu Nacional de Belas Artes.
Exposições Coletivas - acesse o link.
Exposições Póstumas - acesse o link.
1920 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: caricaturas, Casa di Franco.
1921 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: desenhos, Casa Editora O Livro.
![]() |
Gente do Morro, Di Cavalcanti, 1951. |
1932 - São Paulo SP - Individual, A Gazeta.
1947 - São Paulo SP - Individual, Galeria Domus (janeiro).
1947 - São Paulo SP - Individual, Galeria Domus (maio).
1948 - São Paulo SP - Di Cavalcanti: retrospectiva, Masp.
1948 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: retrospectiva 1918 - 1948, Instituto de Arquitetos do Brasil. Departamento de São Paulo.
1954 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu de Arte Moderna.
1954 - São Paulo SP - Emiliano Di Cavalcanti: desenhos, Museu de Arte Moderna.
1961 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Petite Galerie.
1964 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: 40 anos de pintura, Galeria Relevo.
1964 - São Paulo SP - 50 Desenhos e Guaches do Jovem Di Cavalcanti: coleção MAC/USP, MAB/Faap.
1971 - São Paulo SP - Retrospectiva Di Cavalcanti, Museu de Arte Moderna.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu de Arte Moderna.
1976 - Rio de Janeiro RJ - Di Cavalcanti: retrospectiva, Museu Nacional de Belas Artes.
Exposições Coletivas - acesse o link.
Exposições Póstumas - acesse o link.
"Criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe."
- Di Cavalcanti
“Ao longo deste meio século transcorrido, Di Cavalcanti ocupou um lugar de 1º plano nas artes plásticas do Brasil. Além de idealizar a Semana de 1922, foi ainda o principal responsável pelo surto de uma pintura temática nacional, dominante após aquele movimento. Apesar de suas ligações com a Escola de Paris e o Cubismo, é um pintor profundamente carioca e brasileiro. A sua obra reflete como nenhuma outra, pela extensão no tempo, a vida do nosso povo. O carnaval, o ritmo e a ginga dos sambistas, as baianas, as mulatas capitosas, as mulheres da vida, os passistas, os malandros, os seresteiros, os bailes de gafieira, os trabalhadores, a paisagem, enfim a própria vida do País está presente em sua pintura, que é sempre vigorosa. A sensualidade brasileira está nas linhas, formas e cores, expressionistas de suas telas. E durante o fastígio da abstração, ele foi aqui o seu maior contestador, sendo também o primeiro a viticinar-lhe a próxima decadência.”
- Di Cavalcanti
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Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Piccia, Oswald de Andrade e Helios Sellinger [Grupo de Modernistas] |
“Ao longo deste meio século transcorrido, Di Cavalcanti ocupou um lugar de 1º plano nas artes plásticas do Brasil. Além de idealizar a Semana de 1922, foi ainda o principal responsável pelo surto de uma pintura temática nacional, dominante após aquele movimento. Apesar de suas ligações com a Escola de Paris e o Cubismo, é um pintor profundamente carioca e brasileiro. A sua obra reflete como nenhuma outra, pela extensão no tempo, a vida do nosso povo. O carnaval, o ritmo e a ginga dos sambistas, as baianas, as mulatas capitosas, as mulheres da vida, os passistas, os malandros, os seresteiros, os bailes de gafieira, os trabalhadores, a paisagem, enfim a própria vida do País está presente em sua pintura, que é sempre vigorosa. A sensualidade brasileira está nas linhas, formas e cores, expressionistas de suas telas. E durante o fastígio da abstração, ele foi aqui o seu maior contestador, sendo também o primeiro a viticinar-lhe a próxima decadência.”
- Antonio Bento, Rio – 1973.
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Carnaval, Di Cavalcanti, 1965. |
"No
carnaval eu sempre senti em mim a presença de um demônio incubo que se
desvendava como um monstro, feliz por suas travessuras inenarráveis. É uma das
formas de meu carioquismo irremediável e eu me sinto demasiadamente povo nesses
dias de desafogo dos sentimentos mais terrivelmente terrenos de meu
ser..."
- Di Cavalcanti
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Ciganos, Di Cavalcanti, 1940. [Museu Nacional de Belas Artes - IBRAM/MinC - Rio de Janeiro, RJ] |
"Talvez
mais do que a sua própria obra de pintor e desenhista, observada isoladamente,
é a totalidade do ser humano que passou um dia, muito cedo na vida, a
assinar-se Di Cavalcanti, que se instaura como símbolo no modernismo
brasileiro. Isso se acentua pelo fato de sua presença nunca ter-se restringido
à área exclusiva das artes visuais, abrangendo também a prosa e a poesia, a
ponto de ele preferir que o considerassem não como um pintor, mas como um
intelectual que pintava. Por pretender agir sobre o mundo como algo mais do que
as tintas e os pincéis, foi que ele logo se integrou, cabeça e mãos, na inteira
militância contra o academismo amorfo na pintura e contra a rigidez parnasiana
na literatura (...)."
- Roberto Pontual, in PONTUAL, Roberto. Entre dois
séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand.
Prefácio de Gilberto Allard Chateaubriand e Antônio Houaiss. Apresentação de M.
F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1987.
"Di
Cavalcanti usava então de preferência o suavíssimo pastel, em místicas fugas da
realidade. Mas nessa criação dum mundo feminino muito irreal, já permanecia
nele, aquele senso de observação crítica do nosso mundo, aquela fidelidade à
realidade, que seria o caráter mais permanente da arte dele, a sua melhor
significação em nossa arte moderna. E foi também o que lhe deu a inesperada
finalidade adquirida em tempo com as pinturas e desenhos de ordem pragmática.
De fato: Di
Cavalcanti pretendia criar mulheres de angelitude então em voga, nascidas das
criaturas extravagantes (pra nós, latinizados) que assombrava os livros de
Maeterlink, de Ibsen e Dostoiewisky. Mas Di Cavalcanti maltratava as suas
mulheres. Também passara já pela experiência dos desenhistas franceses e belgas,
as dançarinas de Degas e as chanteuses de Toulouse-Lautrec. Nada inicialmente,
nos seus pastéis de então, no meio dos tons velados com que cantarolava a sua
cantiguinha artificial, punha já em valor certos caracteres depreciativos do
corpo feminino, denunciava nos seus tipos uma psicologia mais propriamente
safada que extravagante, com uma admirável acuidade crítica de desenho.
Também essa
fidelidade ao mundo objetivo, e esse amor de significar a vida humana em alguns
dos seus aspectos detestáveis, salvaram Di Cavalcanti de perder tempo e se
esperdiçar durante as pesquisas do Modernismo. As teorias cubistas, puristas,
futuristas passaram por ele, sem que o descaminhassem."
- Mário de Andrade, in ANDRADE, Mário. Di
Cavalcanti. São Paulo, Diário Nacional, 8 mai. 1932. Citado por AMARAL, Aracy
(org.). Desenhos de Di Cavalcanti na coleçao do MAC. São Paulo: MAC, 1985, p.
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ZILIO, Carlos
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(Tese Doutorado em Doctorat de 3éme Cycle Em Artes Plásticas). Université Paris
8 Vincennes-Saint-Denis, PARIS 8, França, 1981.
Carnaval
Gosto do povo.
Música de povo.
Música sem
alegria, Ingênua e triste...
Tudo é mau
gosto
Tudo é péssimo
gosto
Tudo é banal,
banal maravilhoso
A gente come o
Carnaval...
As estrelas são
confetes dourados
Guardados nas
costas de uma negra.
Serpentinas de
ouro da aurora
Aturdir de
sonho,
Aturdir de
éter,
Os estandartes
são monstros dourados
Que desceram do
céu...
- Di Cavalcanti, do livro "Viagem de minha
vida".
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Cinco Moças de Guaratinguetá, Di Cavalcanti, 1930. [Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - SP] |
“Gosto muito de Emiliano, de sua arte, de sua inteligência, de sua cultura e de sua juventude. É um homem que não cede ao menor e ao pior em nenhum momento da vida. Alegra-me o seu desprezo pelas pessoas a quem desprezo. Sua sensualíssima devoção pelas coisas e pessoas física ou espiritualmente belas. Além disso, é, como eu, um homem que chora, se sente com razão. Já o vi em todas as alegrias e em todas as desgraças. Num caso e noutro, sua felicidade estava intacta. Sua constante felicidade, que independe de sua alegria e de sua dor."
- Antonio Maria, jornalista carioca.
"Di tinha um senso de humor muito rico, e muito sutil também. Em todos os momentos ele utilizava as circunstâncias como uma forma de exprimir o seu humor. Com isso ele foi, de certo modo, o precursor de algumas tendências muito modernas da antiarte, se bem que esse aspecto da sua obra tenha passado muitas vezes despercebido. Fazia por exemplo esse quadro propositadamente 'matado' em que a finalidade não era o quadro, era o gesto; e essa importância do gesto na sua atividade está muito relacionada com certos aspectos da arte conceitual. (...) Para uma avaliação da obra pictórica de Di Cavalcanti talvez ainda nos falte uma perspectiva histórica. Na minha opinião, uma das coisas mais importantes em Di foi a sua contínua preocupação em fazer uma arte brasileira, ligada aos aspectos cotidianos da vida brasileira e procurando através deles definir a nossa identidade cultural. Esta tendência foi tão forte nele que não conheço qualquer trabalho de Di Cavalcanti que não a reflita, não reflita esta preocupação. Qualquer trabalho de Di, bom ou ruim, é um trabalho brasileiro."
- Mario
Schenberg, in SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São
Paulo: Nova Stella, 1988.
"Tinha
prazer com o ato de pintar e não se preocupava em alcançar a cada vez a
obra-prima; queria basicamente expressar-se. Nos anos 20 e 30, sua produção é
mais homogênea; nos 40 e 50, surgem numerosas e famosas obras magistrais; dos
60 em diante, elas se tornam raridade.
Apesar disso,
Emiliano Di Cavalcanti permanecerá para sempre como um dos maiores pintores
brasileiros, e o que melhor captou um determinado lado do país: o amoroso, o
sensual. O largo predomínio da figura humana em sua arte é também uma
manifestação de seu humanismo essencial - o mesmo humanismo que o levou a ser
um indivíduo da esquerda, embora não exatamente um ativista partidário. Como
Segall, Ismael Nery e Portinari, Di fez do homem o objeto de sua atenção."
- Olívio Tavares de Araújo, in ARAÚJO, Olívio
Tavares de. Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes. Rio de
Janeiro: Editora 4 Estações, 1998. Pág.46-48.
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Pescadores, Di Cavalcanti, 1951. [Coleção Museu de Arte Contemporânea da USP - Doação Museu de Arte Moderna de São Paulo] |
"Em EMILIANO DI CAVALCANTI encontrou a pintura um de seus maiores e mais originais intérpretes: sensual e expressivo, o fabuloso artista - numa carreira de mais de 50 anos -, vem criando mitos visuais que hão de permanecer como outros tantos pontos altos da arte nacional. Nessas poucas linhas, que não pretendem ser de modo algum uma análise, apenas quero expressar a admiração pelo pintor e o privilégio, que me coube, de Ter por vezes podido desfrutar de sua companhia."
- José Roberto Teixeira Leite, Rio - 1973.
“Já a brasilidade de Di Cavalcanti é, sobretudo, temática, até certo ponto regional e popular. É o que ele afirmara implicitamente, quando falou da necessidade de dar fisionomia própria à arte brasileira: "A nossa arte tem de ser como a nossa comida, o nosso ar, o nosso mar. Tem de ser reveladora da nossa cultura, pois a boa arte é sempre cultural e sua dimensão própria a de antecipar um momento cultural. O artista verdadeiro torna-se moderno para a sua época: ele traz o novo, é arauto de uma nova era". Assim, Di mergulha no que há de mais tipicamente popular de sua cidade natal, o Rio de Janeiro, como o samba, a vida dos favelados e dos subúrbios, da Lapa, do Mangue, onde flagra as figuras dos boêmios e das prostitutas."
- Ferreira Gullar, in GULLAR, Ferreira. "A
modernidade em Di Cavalcanti". In: Di Cavalcanti (1897-1976). GULLAR,
Ferreira (org.). Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2006, p. 12.
“Do carnaval
carioca eu tirei o amor à cor, ao ritmo, a sensualidade de um Brasil virginal;
do bairro de São Cristovão a permanência do romanesco, o familiar gênero
Machado de Assis, a preocupação politica aprendi nas charges do velho
"Malho", do Nordeste de meus parentes paraibanos e pernambucanos
vinha meu aventurismo, minha ousadia que aumentara depois do contato com a zona
agrícola do interior de São Paulo, revelação da existência de um Brasil de
colonização italiana, industrializando a produção cafeeira, criando cidades. E essa presença de uma multiforme nação real,
diante dos meus olhos ingênuos e fascinados, fizeram-me logo rir às gargalhadas
do carrancismo da velha academia do Largo de São Francisco com seus ilustres
juristas fabricando juízes, promotores, advogados cautelosos e políticos
reacionários. Larguei o estudo de Direito."
- Di Cavalcanti, in “Viagem da minha vida“, 1955, p.110.
Estampa do
Mangue
Na porta os
olhos parados
Não eram
daquele corpo impuro
Que se ofertava
ao vício.
O que ele dava
aos que passavam
Era pouco.
Para os poetas
Sua nudez
ornamentava-se de flores,
Seus olhos nada
explicavam,
Permaneciam na
infância.
Seu corpo
envelhecia na porta.
- Di Cavalcanti, in “Reminiscências líricas de um perfeito carioca”, 1964, p. 71.
“Em nenhum
outro artista brasileiro, a mulata recebeu tratamento pictórico tão alto e tão
digno. Sem paternalismos, sem menosprezo. Di deu-lhe a dignidade da madona
renascentista, madonizou a nossa mulata, o que não é o mesmo que mulatizar a
madona, como o fez Athayde no céu barroco de Minas. (…) Altaneiras, monumentais
quase sempre, alegres ou sonhadoras, em devaneios - o gato no colo, a flor
sobre o busto - apenas por alguns momentos o olhar parece triste ou vago.
Porque, hedonista nato, amoroso da vida e das pessoas, Di não se deixa abater
pelos problemas existenciais, pela inquietação política ou social.“
- Frederico Morais, crítico.
Ali ela morava
A virgem morena
Pedia pecado.
Na noite do
mêdo,
No lago das
cobras,
Os olhos de
fôgo
Da virgem
morena
Queriam
desgraças,
Queriam paixão…
O vento
açoitava;
As flores
dolentes
A virgem morena
Pedia pecado.
As pernas
molhadas
De água
cheirosa
Abriam-se em
galho
No negro do
céu.
Os seios da
virgem,
O’ seios da
virgem!
Dois lírios de
ouro.
A virgem morena
Pedia pecado.
A virgem morena
É a deusa do
mal?
Assim
contaram-me no barranco
do Rio Grande…
É aquela que
mata
Os homens
fogosos
Que tentam
beijá-la?
É a morta viva
dos infernos?
Não tem coração
nem alma
Aquela que só
deseja o dia
E vive na
treva?
É ela a rainha
de mil desejos flagelada?
A virgem morena
Pedia pecado.
Caiam dos ramos
Os frutos de
sangue
Corujas e
bruxas
Dançavam no ar,
As pombas
noturnas
Morriam de
amor.
A virgem morena
Pedia pecado.
Porque essa
angústia
Na
incompreendida virgem?
Êste céu negro
E o visgo verde
das folhas venenosas?
Porque tanta
coisa maldita
Cercando o
corpo da virgem?
A virgem morena
Pedia pecado.
A morte beijou
a virgem;
Gritavam
caiporas
Uivavam as
antas,
As onças
hurlavam,
As cobras
mordiam
As ancas das
éguas.
O’ gritos de
corvos!
O’ risos de
loucos!
A morte beijou
a virgem;
Nunca ninguém
soube seu nome,
Seu corpo virou
terra,
A erva daninha,
Nasceu pela
terra
Com espinhos
ferindo os pés dos homens.
A virgem morena
Pedia pecado.
- Emiliano Di Cavalcanti. In: BANDEIRA, Manuel.
Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos. 1a edição. Rio de
Janeiro: Livraria Editora Zelio Valverde, 1946. p.51,53.
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Di Cavalcanti - Capa do catálogo da exposição da Semana de Arte Moderna , 1922. [Acervo do IEB-USP - Arquivo Anita Malfatti] |
“O que há em Di Cavalcanti de intrinsecamente brasileiro, ou melhor, de carioca, levou-o a uma interpretação pessoal, a uma espécie de tradução para o mulato das mulheres clássicas e um pouco olímpicas de Picasso, dando-lhes um frêmito, uma languidez e uma indolência que elas não tinham.”
- Luis Martins, crítico
OBRAS ESCOLHIDAS
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Cais, Di Cavalcanti, 1952-1954. [Coleção Particular]. |
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Mulheres com Frutas, Di Cavalcanti, 1932. [Coleção Particular]. |
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Mulher com Gato, Di Cavalcanti, 1966. [Coleção Particular] |
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As Bodas do Poeta, Di Cavalcanti, 1941. [Acervo MASP, São Paulo] |
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Samba, Di Cavalcanti, 1928. |
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Favela, Di Cavalcanti, 1958. |
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Maternidade, Di Cavalcanti, 1949. |
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O Beijo, Di Cavalcanti, ca. 1923. [Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo] |
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Figura, Di Cavalcanti, déc. 60 [Coleção João Condé] |
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Vaso de Flores, Di Cavalcanti, 1929. [Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo] |
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Mesa de Bar, Di Cavalcanti, 1929. [Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ] |
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Mulher de Chapéu, Di Cavalcanti, 1952. |
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Paisagem de Subúrbio, Di Cavalcanti, 1930. [Coleção Maria do Carmo Carvalho] |
Poeta com flor, desenho de Di Cavalcanti publicado na revista ‘Para Todos’, ilustrando poema de Oswald de Andrade |
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Garota de Ipanema, Di Cavalcanti, 1970. |
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Retrato de Maria, Di Cavalcanti, 1927. [Coleção Particular] |
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Mulher e Gatos, Di Cavalcanti, 1959. |
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Mulher na Varanda, Di Cavalcanti, 1955. |
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Pierrete, Di Cavalcanti, 1922. |
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Modelo no Atelier, Di Cavalcanti, 1925. |
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Paquetá, Di Cavalcanti, 1928. [Coleção Domingos Giobbi, São Paulo] |
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Natureza-Morta, Di Cavalcanti, 1971. [Coleção Particular] |
DOCUMENTÁRIO
Título: "Di Cavalcanti Di Glauber"
Titulo Original: "Ninguém Assistiu ao Formidável
Enterro de sua Quimera, Somente a Ingratidão, Essa Pantera, Foi Sua Companheira
Inseparável."
Ficha técnica
Não-ficção, curta-metragem, 35mm, colorido, 480 metros,
18 minutos.
Rio de Janeiro, 1977.
Companhia produtora: Embrafilme;
Distribuição: Embrafilme;
1ª exibição: 11 de março de 1977, Cinemateca do MAM, Rio
de Janeiro; Lançamento: 11 de junho de 1979, Rio de Janeiro (Roma-Bruni, Rio
Sul, Bruni-Copacabana, Bruni-Tijuca);
Diretor: Glauber Rocha;
Diretor de produção: Ricardo Moreira;
Assistente de direção: Ricardo (Pudim) Moreira;
Fotógrafos: Mário Carneiro, Nonato Estrela;
Montador: Roberto Pires;
Música: Pixinguinha (Lamento), Villa-Lobos (trecho de
Floresta do Amazonas), Paulinho da Viola, Lamartine Babo (O Teu Cabelo Não
Nega), Jorge Ben;
Locações: Museu de Arte Moderna, Cemitério São João
Batista (Rio de Janeiro);
Prêmio: Prêmio Especial do Júri - Festival de
Cannes/1977;
Outros títulos: Ninguém assistiu ao formidável enterro de
sua última quimera; somente a ingratidão, essa pantera, foi sua companheira
inseparável; Di-Glauber; Di Cavalcanti, Di (das) Mortes.
Locutor: Glauber Rocha;
Textos: Vinícius de Morais (Balada do Di Cavalcanti),
Augusto dos Anjos (trecho de Versos Íntimos), Frederico de Moraes (trecho de
artigo sobre Di Cavalcanti), Edison Brenner (anúncio da morte de Di);
Elenco: Joel Barcelos, Marina Montini, Antonio Pitanga.
Obs.:
A exibição do filme está interditada pela justiça desde 1979, quando da
conceção de liminar pela 7a. Vara Cível, ao mandado de segurança impetrado pela
filha adotiva do pintor, Elizabeth Di Cavalcanti.
Comentário
Crítico
"A morte é
um tema festivo pros mexicanos, e qualquer protestante essencialista como eu
não a considera tragedya . . Em Terra em Transe o poeta Paulo Martins recitava
que convivemos com a morte...etc... dentro dela a carne se devora - e o
cangaceiro Corisco, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, morre profetizando a
ressurreição do sertão no mar que vira sertão que vira mar...
Matei muitos
personagens? Eles morreram por conta própria, engendrados e sacrificados por
suas próprias contradições: cada massacre dialético que enceno e monto se
autodefine na síntese fílmica, e do expurgo sobram as metáforas vitais.
As armas de
fogo, facas e lanças são os objetos mortais usados por meus personagens, mas a
rainha Soledad bebe simbolicamente veneno no final de Cabeças Cortadas e os
mercenários de O Leão de Sete Cabeças são enforcados. Em Câncer, Antônio
Pitanga estrangula Hugo Carvana, assim como Carvana se suicida em Terra em
Transe. Em Claro foi usado um canhão para matar um mercenário no Vietnam e dois
personagens morrem afogados em Barravento, além das multidões incalculáveis
massacradas por Sebastião, Corisco, Diaz, etc.
Filmar meu
amigo Di morto é um ato de humor modernista-surrealista que se permite entre
artistas renascentes: Fênix/Di nunca morreu. No caso o filme é uma celebração
que liberta o morto de sua hipócrita-trágica condição. A Festa, o Quarup - a
ressurreição que transcende a burocracia do cemitério. Por que enterrar as
pessoas com lágrimas e flores comerciais? Meu filme, cujo título, dado por Alex
Viany, é Di-Glauber, expõe duas fases do ritual: o velório no Museu de Arte
Moderna e o sepultamento no Cemitério São João Batista. É assim que sepultamos
nossos mortos.
Chocado pela
tristeza de um ato que deveria ser festivo em todos os casos (e sobretudo no
caso de um gênio popular como Emiliano di Cavalcanti) projetei o Ritual
Alternativo; Meu Funeral Poético, como Di gostaria que fosse, lui. . . o
símbolo da Vida...
No campo
metafórico transpsicanalítico materializo a vitória de São Jorge sobre o
Dragão. E, no caso de uma produção independente, por falta de tempo e dinheiro,
e dada a urgência do trabalho, eu interpreto São Jorge (desdobrado em Joel
Barcelos e Antônio Pitanga) e Di-O Dragão. Mas curiosamente Eu Sou Orfeu Negro
(Pitanga) e Marina Montini, dublemente Eurídice (musa de Di), é a Morte. Meus
flash-backs são meu espelho e o espelho ocupa a segunda parte do filme,
inspirado pelo Reflexos do Baile, de Antônio Callado, e Mayra, de Darcy
Ribeiro. Celebrando Di recupero o seu cadáver, e o filme, que não é didático,
contribui para perpetuar a mensagem do Grande Pintor e do Grande Pajé Tupan
Ará, Babaraúna Ponta-de-Lança Africano, Glória da Raça Brazyleira!
A descoberta
poética do final do século será a materialização da Eternidade."
- Di (Das) Mortes, Glauber Rocha, texto mimeografado,
distribuído na sessão do filme em 11 de março de 1977 na Cinemateca do MAM.
Fonte: Tempo Glauber
“Di foi pra
sempre embalsamado, como um faraó, num documentário de
Glauber que
constitui, na minha opinião, a mais eloqüente negação da
morte em toda a
história das Artes no Brasil.. filme que transformou um
velório no MAM
na mais pertubadora obra de arte jamais exibida num museu...Glauber tinha
aprontado Di para a eternidade. Além dos quadros
e desenhos, Di
ia durar ele próprio.”
- Antônio Calado in: FINKELSTEIN, 1986: p8-9.
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Emiliano Di Cavalcanti - reminiscências líricas e o medernismo. Templo Cultural Delfos, maio/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Emiliano Di Cavalcanti - reminiscências líricas e o medernismo. Templo Cultural Delfos, maio/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Muito bom seu site,parabéns!
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