Derek Alton Walcott, poeta, dramaturgo e ensaísta caribenho de etnia crioula, galardoado com o Prêmio Nobel da Literatura em 1992, nasceu a 23 de janeiro de 1930 em Castries, uma localidade de Santa Lúcia, uma pequena ilha situada no Mar das Caraíbas, e faleceu a 17 de março de 2017, Cap Estate, Gros Islet Quarter, Santa Lúcia.
Oriundo de uma família de escravos, o seu pai era um aguarelista notívago e irresponsável, que acabou por falecer quando Derek era ainda uma criança. A mãe, uma professora na escola metodista local, de espírito lutador, conseguiu apesar de tudo providenciar uma boa educação aos seus dois filhos gémeos, Derek e Roderick.
Encorajado desde muito cedo a cultivar a poesia, Derek Walcott estreou-se ele próprio como poeta aos dezoito anos de idade, com a publicação de "Twenty Five Poems" (1948), numa edição limitada financiada pela sua mãe.
Após ter concluído os seus estudos propedêuticos no St. Mary's College, Derek Walcott abandonou a sua terra natal, ao ser admitido com uma bolsa de estudos na Universidade das Índias Orientais, sediada na vizinha Jamaica.
A partir de 1953, e até 1957, Walcott foi professor em várias escolas das Caraíbas, dando depois início a uma carreira no domínio do jornalismo. Conseguiu estabelecer-se como poeta em 1964, ao publicar "In A Green Night - Poems" 1948-1960, obra em que procura fundamentar uma cultura essencialmente caraíba." Castaway" (1965) e "The Gulf" (1969) foram também caracterizados pela tentativa de encontrar uma identidade particular na confluência entre os testemunhos genéticos europeus, africanos e asiáticos. Em 1973 publicou um poema autobiográfico intitulado "Another Life" .
Após ter estudado teatro em Nova Iorque, levou à cena peças como "Ti-Jean And His Brothers" (1958), "Dream On Monkey Mountain" (1967) e "Pantomine" (1978). Procurando dinamizar a vida cultural nas Caraíbas, fundou também o Trinidad Theatre Workshop no ano de 1959.
Nomeado professor de Literatura, Poesia e Escrita de Criação pela Universidade de Boston, Derek Walcott passou a repartir o seu tempo entre os Estados Unidos da América e Trinidad e Tobago.
--------
Derek Walcott - Biographical / The Nobel Prize in Literature 1992. In: The Nobel Prize, s/ data. (acessado em 25.3.2024)
- Derek Walcott - poeta e dramaturgo caribenho | Prêmio Nobel da Literatura (1992)
OBRA DE DEREK WALCOTT PUBLICADO EM PORTUGUÊS / E ESPANHOL
No Brasil
:: Omeros. Derek Walcott. [tradução e prefácio Paulo Vizioli. São Paulo: Companhia das Letras, 1994; 2ª ed., 2011.
:: 10 poemas. Derek Walcott. tradução Rodrigo Garcia Lopes. Londrina: Galileu Edições, 2021.
:: Lira argenta - poesia em tradução. antologia [seleção e organização Vanderley Mendonça; tradutores Álvaro Faleiros, Augusto de Campos, Claudio Willer, Cide Piquet, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Fernando Klabin, Guilherme Gontijo Flores, Idalia Morejón López, Juliana Di Fiori Pondian, Larissa Peron, Maíra Mendes Galvão, Marcelo Ariel, Matheus Guménin, Monique Maion, Omar Pérez López, Piotr Kilanowski, Reynaldo Damazio, Ricardo Domeneck, Roberto Zular, Ruy Proença, Tatiana Lima Faria, Vanderley Mendonça, Walter Vetor e Willian Zeytounlian]. Edição bilíngue. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017. // {autores presentes: Étienne Dolet, David Lynch, Charles Bukowski, Heiner Müller, Joan Salvat-Papasseit, Hans Arp, Guido Cavalcanti, Ovídio, Basil Bunting, Paul Celan, Victor Hugo, Roberto Juarroz, Boris Vian, Peire Vidal, Sor Juana Inés de la Cruz, Alda Merini, Mina Loy, Arthur Cravan, François Rabelais, William Faulkner, Pier Paolo Pasolini, Vladimir Maiakóvski, Yehuda Amichai, Ingeborg Bachmann, Mitoş Micleuşanu, Nara Mansur Cao, Derek Walcott, Denise Levertov, André Breton, Maria Mercè Marçal, Wisława Szymborska, Czesław Miłosz, Zbigniew Herbert, Paul Valéry, Emily Dickinson, E. E. Cummings, Meleagro de Gadara, Robert Desnos}
:: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
- Derek Walcott - poeta e dramaturgo caribenho | Prêmio Nobel da Literatura (1992)
Em Portugal
:: Omeros. Derek Walcott. [tradução Daniel Jonas; prefácio Diogo Vaz Pinto]. Lisboa: Maldoror, 2022.
Em espanhol
:: Islas. Derek Walcott. editor José Carlos Llop. Edición bilingüe. Colección La Veleta Poesía, n. 17. Madrid: Editorial Comares, 1993.
:: El testamento de Arkansas. Derek Walcott. [traducción de Antonio Resines y Herminia Bevia]. Colección Visor de Poesía, n. 318. España, Visor Editorial, 1994.
:: Omeros. Derek Walcott. [traducción José Luis Rivas]. Edición bilingüe. Barcelona: Anagrama, 1994.
:: La abundancia. Derek Walcott. [traductor Jenaro Talens Carmona y Vicente Forés]. Colección Visor de Poesía. España, Visor Editorial, 2003
:: La Odisea. Derek Walcott. [traductor Jenaro Talens Carmona]. Colección Visor de Poesía. España, Visor Editorial, 2005.
:: En Pleno verano: Poesía selecta / 'Midsummer' . Derek Walcott. [traducción José Luis Rivas]. Edición bilingüe. Colección Esenciales Poesía. Madrid - Espanha: Vaso Roto Ediciones, 2012.
:: En Pleno verano* & Garcetas blancas** . Derek Walcott. [traducción * José Luis Rivas / ** Luis Ingelmo]. Edición bilingüe. Colección Esenciales. Madrid: Vaso Roto Ediciones, 2023.
:: Otra vida. Derek Walcott. [traducción Luis Ingelmo García]. Galaxia Gutenberg, S.L., 2017.
:: La luz del mundo. Derek Walcott. [traductor Mariano Antolín Rato]. Colección Valparaíso de Poesía. España: Valparaíso Ediciones, 2017.
Teatro
:: El burlador de Sevilla. Derek Walcott. [traducción Keith Ellis]. Colección Teatro. Madrid, Espanha: Vaso Roto Ediciones, 2014. {"El burlador de Sevilla", adaptación en verso de la obra clásica de Tirso de Molina, nació en 1974 de un encargo de la Royal Shakespeare Company a Derek Walcott}.
:: La trilogía Haitiana / The Haitian Trilogy. Derek Walcott. [traducción Luis Ingelmo]. Colección Teatro. Madrid, Espanha: Vaso Roto Ediciones, 2023
DEREK WALCOTT
[Omeros]
"Poeta mulato das Antilhas, prêmio Nobel de literatura de 1992, Derek Walcott escreveu um poema destinado a permanecer entre os mais belos e instigantes do século XX. Com um desenho circular, que enfeixa tanto o mundo atemporal dos heróis gregos como o dia a dia de uma aldeia de pescadores do Caribe, Omeros (grego moderno para Homero) é, antes de tudo, uma história viva do oceano, dos povos e idiomas que por ele ressoam.
Das raízes mediterrâneas aos grandes autores da língua inglesa, passando pelo patois crioulo das Antilhas e os sons africanos que pulsam até hoje nas margens do Caribe, este é um canto universal, que funde de modo magnífico o encontro de raças, línguas e culturas que se deu nas praias americanas."
- Paulo Vizioli, na contracapa do livro "Omeros", de Derek Walcott. Companhia das Letras, 2011.
- Derek Walcott - poeta e dramaturgo caribenho | Prêmio Nobel da Literatura (1992)
SELETA DE POEMAS DO POETA CARIBENHO DEREK WALCOTT | POESIA TRADUZIDA / EDIÇÃO BILÍNGUE
'ORELHA' DE "OMEROS"
"Derek Walcott é um poeta na confluência de dois mundos. De um lado o mar do Caribe, traçando círculos ao redor de sua ilha natal, a pequena Santa Lúcia, uma ex-colônia britânica encravada no arquipélago das Pequenas Antilhas; de outro, o legado da literatura inglesa, expressão maior de um império que se alastrou por quase todos os mares do planeta.
Desse choque de línguas e lugares resultou um canto poderoso que aproxima a Grécia, a África e o Caribe, subvertendo as noções culturais de centro e periferia, deslocando nossa percepção da história e enriquecendo de modo inteiramente inusitado o diálogo entre as nações do Novo e do Velho mundo.
Em Omeros, se o mar e os negros pescadores de Santa Lúcia fornecem a matéria-prima , um vasto arsenal de imagens, ritmos e texturas tropicais, são os arquétipos da Ilíada e da Odisseia, as personagens míticas de Aquiles, Helena, Heitor e Filoctete (além do próprio Homero, encarnado num pescador cego, de nome Sete-Mares), que definem as linhas mestras do poema.
Misto de poesia, mito, romance e roteiro de cinema, Omeros é também uma meditação sobre questões cruciais do mundo contemporâneo, como a destruição da natureza, a identidade das minorias e o desenraizamento individual e coletivo.
No entanto, apesar da magnitude de suas explorações, não é uma obra voltada para eruditos. Ao contrário, incrivelmente vivo em sua captação do particular e ciente de sua abrangência universal, Omeros fala de perto a todos que se interessam pela verdadeira cultura deste tempo. Tempo em que a história é um movimento sem fim, que não se funda em lugar algum, e tem nas mutações do mar seu espelho mais luminoso."
- Paulo Vizioli, em 'orelha' do livro "Omeros", de Derek Walcott. Companhia das Letras, 2011.
Leia a seguir alguns excertos de "Omeros":
DE 'Omeros'. Derek Walcott. [tradução e prefácio Paulo Vizioli]. São Paulo: Companhia das Letras, 1994; 2ª ed., 2011.
OMEROS
Livro Primeiro
Capítulo I
I
“Foi assim que, num amanhecer, nós talhamos aquelas canoas.”
Philoctete sorri para os turistas, que com suas máquinas fotográficas
tentam tirar sua alma. “Logo que o vento traz a notícia
para os laurier-cannelles, suas folhas se põem a tremer
no instante em que o machado da luz do sol fere os cedros,
porque podiam ver os machados em seus próprios olhos.
O vento levanta as samambaias. Soam como o mar que alimenta a nós
pescadores durante a vida inteira; e as samambaias se curvaram: Sim,
as árvores têm que morrer! Assim, punhos premidos nos paletós —
porque estava frio nas alturas — e a respiração fazendo plumas
como a névoa, passamos o rum. Quando voltou, a bebida deu
ânimo para a gente se tornar assassinos.
Eu ergo o machado e rezo por força nas mãos,
para ferir o primeiro cedro. O orvalho me enchia os olhos,
mas atiro mais um rum branco. Então avançamos.”
Por algum dinheiro extra, sob uma amendoeira marinha,
ele lhes mostra uma cicatriz feita por uma âncora enferrujada,
enrolando uma perna das calças com o lamento ascendente
de uma concha. Ela ficou enrugada como a corola
de um ouriço-cacheiro. Não explica a sua cura.
“Tem coisas”, sorri, “que valem mais do que um dólar.”
Desde que os altos loureiros tombaram, ele deixou que uma loquaz
catarata derramasse o seu segredo do cimo do La sorcière, deixou
que o grito de acasalamento da pomba-do-mato
passasse a sua nota aos tácitos montes azuis,
cujos regatos tagarelas, ao levá-la para o mar,
se tornam charcos preguiçosos, onde os claros peixinhos disparam
e uma garça-real espreita os juncos com um grito rouco,
enquanto fura e perfura a lama com um pé a se erguer.
Depois o silêncio é serrado ao meio por uma libélula,
e enguias assinam seus nomes pela areia clara do fundo,
quando a aurora ilumina a memória do rio
e ondas de samambaias enormes se agitam ao som do mar.
Embora a fumaça esqueça a terra de onde ela ascende
e urtigas guardem os buracos em que os loureiros morreram,
um iguano ouve os machados, toldando cada lente
sobre seu nome perdido, quando a ilha corcovada se chamava
“Iounalao” — “Onde o iguano se encontra”.
Mas, sem pressa, o iguano irá escalar
o cordame das lianas num ano, sua barbela em leque,
seus cotovelos nos quadris, sua cauda vagarosa
a mover-se com a ilha. As vagens fendidas de seus olhos
amadureceram numa pausa que durou séculos,
que se ergueu com a fumaça dos arauaques até que uma nova raça
desconhecida do lagarto se pôs a medir as árvores.
Estas eram os seus pilares que tombaram, deixando um espaço azul
para um Deus único onde antes os velhos deuses se postaram.
Foi o primeiro deus uma gomeira. O gerador
começou com um ganido; e um tubarão, de mandíbula enviesada,
mandou lascas que voavam quais cavalas sobre as águas
para dentro de ervas trêmulas. Agora desligam a serra,
ainda quente e trepidante, para examinarem a ferida que
fizera. Rasparam o seu musgo gangrenoso, depois arrancaram
a ferida da rede de lianas que ainda a prendia
a esta terra, e fizeram sinal com a cabeça. O gerador chicoteou
de volta ao trabalho, e as lascas voaram mais depressa ainda, enquanto
os dentes do tubarão roíam por igual. Eles cobriam os olhos
ante o ninho estilhaçante. Agora, sobre as pastagens
com bananeiras, a ilha levantava seus chifres. A aurora
escoou por seus vales, o sangue se espalhou sobre os cedros,
e o bosque inundou-se com a luz do sacrifício.
Uma gomeira estalava. Suas folhas uma enorme
lona que perdera o suporte central. O som rangente
fez que os pescadores saltassem para trás, enquanto o mastro oblíquo
se inclinava devagar sobre os leitos das samambaias; depois o chão
tremeu em ondas sob os pés; depois as ondas passaram.
II
Achille ergueu os olhos para o buraco que o loureiro havia deixado.
Viu o buraco sarando silencioso com a espuma de uma nuvem
qual vaga a se quebrar. Depois viu o andorinhão
cruzando a rebentação de nuvens, uma coisa de nada, longe do lar,
confundido pelas ondas de colinas azuladas. Um espinheiro agarrou
seu calcanhar. Livrou-o com um puxão. À volta dele, outros barcos
tomavam forma com a serra. Com seu facão ele fez
um rápido sinal da cruz, o polegar tocando os lábios,
enquanto a altura ressoava com machados. Ergueu de novo a lâmina,
e amputou os membros do deus morto, nó por nó
arrancando as veias separadas do corpo enquanto rezava:
“Árvore! Você poderá ser uma canoa! Ou então não!”.
Os anciãos barbados suportavam a dizimação
de sua tribo sem proferirem uma sílaba sequer
daquela língua que haviam falado como uma nação,
a língua ensinada aos rebentos: do altaneiro rumorejo
do cedro até as verdes vogais do bois-campêche.
O bois-flot se calou com o laurier-cannelle,
o pau-campeche pele-vermelha suportou na carne os espinhos,
enquanto o patois dos arauaques estalava no cheiro
de uma fogueira resinosa, que tornava as folhas pardas,
com suas línguas se enrolando, depois as mudava em cinza, e sua fala se perdia.
Como bárbaros galgando colunas que haviam derribado,
os pescadores gritavam. Os deuses finalmente estavam caídos.
Como pigmeus, cortavam as trombas de gigantes enrugados
por pagaias e remos. Trabalhavam com a mesma concentração
que um exército de formigas lava-pés.
Mas revoltadas com a fumaça, por malsinar sua floresta,
dardejantes rajadas de mosquitos agulhavam o tronco de Achille.
Ele esfregou rum branco nos dois antebraços para que, ao menos,
os que esmagasse em asteriscos morressem bêbados.
Os pernilongos buscaram seus olhos. Rodeavam-nos com ataques
que o faziam chorar às cegas. Depois a hoste se retirou
para elevado bambuzal, como arqueiros arauaques
fugindo dos mosquetes das toras que se rachavam, dispersa
pela bandeira do fogo e o machado sem remorso
que amputava os galhos. Primeiro os homens ataram as grandes toras
com cânhamo novo, e, como formigas, as rolaram para um penhasco
para um mergulho entre as altas urtigas. As toras congregavam [aquela sede
pelo mar que era inata em seus corpos enredados nas lianas.
Agora os troncos no anseio de se tornarem canoas
sulcavam rebentações de arbustos, fazendo das rochas
feridas abertas, não sentindo a morte dentro deles, mas o uso...
seriam quilhas, o teto do mar. Então, na praia, colocaram-se
carvões em seus ocos desbastados por enxó.
Um caminhão de carroceria aberta carregou seus corpos atados por cordas.
Os carvões, fumegando, carcomeram por dias os lenhos cavados,
até que o calor os alargou para serem amuradas com balizas.
Sob as batidas do cinzel Achille sentiu que seus ocos
anelavam tocar o mar, arremetendo rumo à bruma
de ilhotas estampadas-por-pássaros, os bicos de suas proas separadas.
E então tudo pronto. As pirogas se encolhiam na areia
como cães com gravetos nos dentes. O padre
com um sininho as salpicou, depois fez o sinal do andorinhão.
Quando ele sorriu ao ver a canoa de Achille. Em Deus Confilamos,
disse Achille: “Deixe! É minha grafia e a de Deus”.
Numa aurora após a missa as canoas entraram nos leitos
dos baixios paramentados, e suas proas cabeceantes
concordaram com as ondas em esquecer suas vidas como árvores;
uma serviria Heitor, e uma outra, Aquiles.
III
Achille espiou a escuridão, e trancou com o ferrolho a meia-porta.
O ar marinho a enferrujara. Içou a armadilha de pesca
com o caranguejo de uma das mãos; no buraco sob a cabana
escondeu o degrau, um bloco de lava endurecida. Ao se aproximar do depósito,
salgava-o a brisa da aurora subindo a rua cinza
por casas ferradas no sono, sob as colunas de sódio
das lâmpadas dos postes, até o asfalto seco que seus pés raspavam;
ele ia contando as pequenas centelhas azuis de estrelas apartadas.
As frondes das bananeiras se curvavam acompanhando a cólera
ondulante dos galos, seus gritos arranhando como giz vermelho
que desenha colinas numa lousa. Como seu professor, à espera,
a rebentação se impacientava com seu passo vagaroso.
Pela hora em que se encontraram junto à parede do galpão de concreto,
a estrela-d’alva já se retirara, detestando o odor
de redes e tripas de peixe; a luz no alto era dura
e havia um horizonte. Ele colocou a rede junto à porta
do depósito, depois lavou as mãos na pia.
A rebentação não ergueu a sua voz; mesmo os cães só costelas
estavam quietos em volta das canoas; uma garrafa de absinto
circulou entre os pescadores, que faziam sons de estalidos
e estremeciam com a casca amarga de que fora fermentado.
Era nessa luz que mais feliz Achille se sentia.
Quando, antes de suas mãos agarrarem a amurada, eles se preparavam
para que a vastidão do mar entrasse neles, sentindo começar o seu dia.
Capítulo II
III
“O-meros”, ela riu. “É como o chamamos em grego”, e afagava
o pequeno busto de mármore, com seu nariz quebrado de boxeador;
e eu pensei em Sete Mares sentado perto do odor
das redes que secavam, ouvindo o fragor dos baixios.
Eu disse: “Tem razão, Homero e Virgílio são fazendeiros da Nova Inglaterra,
e o corcel alado guarda o seu posto de gasolina”.
Senti que a cabeça de espuma me olhava enquanto acariciava um braço,
frio como o seu mármore, e os ombros seus
à luz hibernal no sótão-estúdio. Eu disse: “Omeros”,
e O era a invocação da concha, mer era tanto
mãe quanto mar em nosso patois antilhano,
os, um osso cinzento, e a branca redenção ao quebrar-se
espalhando sua gola sibilante numa praia de renda.
Omeros era o estalar de folhas secas, e as correntes
que ecoaram de uma gruta no recuo da maré.
O nome permaneceu-me na boca. Vi como se tecia a luz
em suas faces asiáticas, como definia os olhos dela
com um negro contorno de amêndoa, enquanto Antígona se virava
e dizia: “Estou cansada da América, é tempo de voltar
para a Grécia. Sinto falta de minhas ilhas”. Eu escrevo, tudo retorna...
o modo como se virou e sacudiu para fora o jato de cabelos negros.
Vi como o ondular imprimiu seu rendilhado
na praia de seu pescoço, e os baixios decrescentes de seda
se enrolaram em seus tornozelos, como rebentação silenciosa;
e senti que outro busto frio, não o dela, mas o seu,
viu tudo isto com amêndoas de pedra por olhos, virando para o lado
seu quebrado nariz, enquanto a seda farfalhante aquiesce.
Mas se o busto pudesse ler nas entrelinhas do assoalho dela – igual
a um cálido e cândido convés descalafetado pelo calor das Antilhas –
para as sombras em seu poder, suas narinas se revoltariam
com o cheiro fétido dos tornozelos em grilhões, dos pés acorrentados
raspando como folhas; e talvez o mármore inculpável
desviasse para longe as suas brancas amêndoas, para alargar
o arco da boca ante o horror debaixo da mesa dela, afastando-as
da lira de sua cadeira-de-braços, com seu branco quitão,
para fazer o que o passado sempre faz: sofrer, e ficar olhando.
Ela jazia calma como um porto, e uma nuvem a cobria
com minha sombra; então uma proa com olhos pintados
lentamente emergiu da fragrante chuva de cabelos negros.
E então escuto um oco lamento que de um vaso reboa,
não por reis se enleando em lanças de chuva; a prosa
de abruptos pescadores maldizendo canoas.
Livro Terceiro
Capítulo XXV
I
Mangues, com tornozelos dentro da água, caminhavam com a canoa.
O andorinhão acelerando sua sombra mais morena, soltou um grito e depois
rumou para uma escura enseada. Foi o último som que Achille ouviu
do outro mundo. Ele transviou a pagaia, manobrou para afastar-se
dos tateantes mangues, em cujas bases lamacentas escorregavam
verrugosos crocodilos, fendendo-se as vagens dos olhos;
então os cavalos-do-rio, rolando uns sobre outros com seus chifres,
ameaçavam emborcar a quilha. Parecia os filmes africanos
a que ele assistia aos berros quando criança. O rio sem fim desenrolava
essas imagens que se mudavam em miragens reais:
mangues nus caminhando ao lado dele, toras nodosas se contorcendo
para dentro da água, matacões molhados e bocejantes
de hipopótamos com bocas como fornos. Um guerreiro esquelético
postou-se reto na popa e guiou seus ombros, com um ferro frio
prendeu-lhe o pescoço, e alterou a remo.
Achille queria gritar, queria que a água marrom
se endurecesse em estrada; mas o rio se alargava à frente
e se fechava atrás dele. Ele ouviu risada estridente
numa árvore oscilante, enquanto macacos se balançavam na trave
de sua casa vegetal, e o som desnudo deixava o céu cariado
como os dentes deles. Horas seguidas o rio deu o mesmo espetáculo
por nada; a boca da canoa sussurrava que era mentira.
O terror mais fundo era a lama. A lama não tinha sombra
como a areia clara. Então o rio se enrolou numa curva.
Ele viu os primeiros sinais de homens, altas estacas-de-pesca
de troncos de arbustos; ele chegara ao seu princípio e seu fim,
pois a rapidez de um segundo é tudo o que a memória capta.
Agora o rio estranho, adverso, entrega o seu segredo
à luz do sol. E desperta uma luz dentro dele,
saltando séculos, oceano e rio, e o próprio Tempo.
E Deus disse a Achille: “Veja, estou lhe permitindo
voltar para casa. Fui eu que mandei o andorinhão como piloto,
o andorinhão cujas asas é o emblema da minha crucificação.
E não terás Deus nenhum se vier a esquecer
meus mandamentos”. E Achille sentiu a vergonha e a dor
da saudade de sua África. Seu coração e sua cabeça descoberta
estavam estourando enquanto ele tentava recordar o nome
do deus-do-rio do deus-da-árvore no qual navegava,
cujo corpo cavo o levava para o povoado à sua frente.
Livro Sexto
Capítulo XLV
I
Um lado da costa afunda os seus precipícios
no Atlântico. As viravoltas da estrada exigem longas brecadas,
pois o rebordo é íngreme e a curva por pouco não dá
um longo mergulho sobre as árvores dobradas polo vente
e as rochas entre as árvores. Há uma ampla vista de Dennery,
com sua igreja de pedra e seus penhascos de ocre vivo, em cuja base
morrem os vagalhões africanos. Do outro lado do mar pintalgado,
cujas ondas velam e revelam os rochedos com sua renda,
o próximo porto é Dakar. O vento ininterrupto
golpeia por baixo as asas dos alcatrazes; você os vê dobrados
por uma força que atravessou o mundo, inclinando-se em busca
de um ponto-de-apoio nas repentinas correntes-de-ar descendentes.
A brisa açoitava as palmeiras na fresca estrada de dezembro
onde o Cometa zunia com assentos leopardinos vazios,
tão veloz que um homem montado num burro, tentando ler
sua ígnea insígnia a aproximar-se, só ouviu o pulsar de duas batidas
do marcado ritmo zouk que seu estéreo tocava,
quando, perto da ponte, ao começou a subida afastando-se
das frondes das palmeiras e de sua sombra de vime que deixava claro
o para-brisa, cantou os pneus ao ter que brecar na curva,
onde Hector de repente viu o porquimho passando
e se lembrou da advertência de Plunkett enquanto o ouvia
guinchar com o mesmo som que as rodas do Cometa
faziam na curva em obediência ao volante untado de suor.
Como um timão, as rodas traseiras interrompem seu rodopio.
O porquinho corre para o lado mais seguro da estrada.
Alojadas nos galhos partidos as letras floridas flamejam.
Hector mantinha ambas as mãos no volante. A cabeça estava curvada
sob a balouçante estatueta de Nossa Senhora
da Penha, seu sorriso oscilando sob a capuz azul;
e quando sua veste suave imobilizou-se, o sorriso se firmou
nas covinhas de sua porcelana. Ela via, no homem curvado, o calmo
e comum oval da oração, a inclinação usual da cabeça
sobre o genuflexório do painel. Sua palma erguida,
saindo do manto cerúleo pequeno como a de uma boneca,
indicava que ele rezara o suficiente para a renda-de-espuma
ao redor do altar do penhasco, que, agora, se quisesse,
podia erguer a cabeça; mas ele ficou no mesmo lugar,
do modo como fica um homem quando a missa termina,
sem separar as mãos ou sem livrar uma para cruzá-la rapidamente
sobre testa, coração e ombros, e depois se ajoelhar
de frente para o altar. Ele se curvava num remorso infinito,
pedindo a ela mercê pelo que havia feito a Achille,
seu irmão. Mas sua viagem chegara ao fim, pois essa
é a trajetória de todo cometa. O crescente fatídico
estava impresso na estrada pelos pneus escorchantes.
Uma lágrima de sal correu pela face de porcelana e, numa gota vagarosa,
tombou sobre os tensos nós-dos-dedos que ainda se agarravam
ao volante. Sobre o mar pintalgado o vento ininterrupto
pastoreava os longos vagalhões africanos, e chicoteava
a pequena bandeira da ilha em sua ponta de lança prateada.
**
OMEROS
Book One
Chapter I
I
"This is how, one sunrise, we cut down them canoes."
Pholoctet smiles for the tourists, who try taking
his soul with their cameras. "Once wind bring the news
to the laurier-cannelles, their leaves start shaking
the minute the axe of sunlight hit the cedars,
because they could see the axes in our own eyes.
Wind lift the ferns. They sound like the sea that feed us
fisherman all our life, and the ferns nodded 'Yes,
the trees have to die.' So, fists jam in our jacket,
cause the heights was cold and our breath making feathers
like the mist, we pass the rum. When it came back, it
give us the spirit to turn into murderers.
I lift up the axe and pray for strength in my hands
to wound the first cedar. Dew was filling my eyes,
but I fire one more white rum. Then we advance."
For some extra silver, under a sea-almond,
he show them a scar made by a rusted anchor,
rolling one trouser-leg up with the rising moan
of a conch. It has puckered like the corolla
of a sea-urchin. He does not explain its cure.
"It have some things"¬¬he smiles¬¬"worth more than a dollar."
He has left it to a garrulous waterfall
to pour out his secret down La Sorciere, since
the tall laurels fell, for the ground-dove's mating call
to pass on its note to the blue, tacit mountains
whose talkative brooks, carrying it to the sea,
turn into idle pools where the clear minnows shoot
and an egret stalks the reeds with one rusted cry
as it stabs and stabs the mud with one lifting foot.
Then silence is sawn in half by a dragonfly
as eels sign their names along the clear bottom-sand,
when the sunrise brightens the river's memory
and waves of huge ferns are nodding to the sea's sound.
Although smoke forgets the earth from which it ascends,
and nettles guard the holes where the laurels were killed,
an iguana hears the axes, clouding each lens
over its lost name, when the hunched island was called
"Iounalao," "Where the iguana is found."
But, taking its own time, the iguana will scale
the rigging of vines in a year, its dewlap fanned,
its elbows akimbo, its deliberate tail
moving with the island. The slit pods of its eyes
ripened in a pause that lasted for centuries,
that rose with the Aruacs' smoke till a new race
unknown to the lizard stood measuring the trees.
These were their pillars that fell, leaving a blue space
for a single God where the old gods stood before.
The first god was a gommier. The generator
began with a whine, and a shark, with sidewise jaw,
sent the chips flying like mackerel over water
into trembling weeds. Now they cut off the saw,
still hot and shaking, to examine the would it
had made. They scraped off its gangrenous moss, then ripped
the would clear of the net of vines that still bound it
to this earth, and nodded. The generator whipped
back to its work, and the chips flew much faster as
the shark's teeth gnawed evenly. They covered their eyes
from the splintering nest. Now, over the pastures
of bananas, the island lifted its horns. Sunrise
trickled down its valleys, blood splashed on the cedars,
and the grove flooded with the light of sacrifice.
A gommier was cracking. Its leaves an enormous
tarpaulin with the ridgepole gone. The creaking sound
made the fishermen leap back as the angling mast
leant slowly towards the troughs of ferns; then the ground
shuddered under the feet in waves, then the waves passed.
II
Achille looked up at the hole the laurel had left.
He saw the hole silently healing with the foam
of a cloud like a breaker. Then he saw the swift
crossing the cloud-surf, a small thing, far from its home,
confused by the waves of blue hills. A thorn vine gripped
his heel. He tugged it free. Around him, other ships
were shaping from the saw. With his cutlass he made
a swift sign of the cross, his thumb touching his lips
while the height rang with axes. He swayed back the blade,
and hacked the limbs from the dead god, knot after knot,
wrenching the severed veins from the trunk as he prayed:
"Tree! You can be a canoe! Or else you cannot!"
The bearded elders endured the decimation
of their tribe without uttering a syllable
of that language they had uttered as one nation,
the speech taught their saplings: from the towering babble
of the cedar to green vowels of bois-campeche.
The bois-flot held it tongue with the laurier-cannelle,
the red-skinned logwood endured the thorns in its flesh,
while the Aruacs' patois crackled in the smell
of a resinous bonfire that turned the leaves brown
with curling tongues, then ash, and their language was lost,
Like barbarians striding columns they have brought down,
the fishermen shouted. The gods were down at last.
Like pygmies they hacked the trunks of wrinkled giants
for paddles and oars. They were working with the same
concentration as an army of fire-ants.
But vexed by the smoke for defaming their forest,
blow-darts of mosquitoes kept needling Achille's trunk.
He frotted white rum on both forearms that, at least,
those that he flattened to asterisks would die drunk.
They went for his eyes. They circled them with attacks
that made him weep blindly. Then the host retreated
to high bamboo like the archers of Aruacs
running from the muskets of cracking logs, routed
by the fire's banner and the remorseless axe
hacking the branches. The men bound the big logs first
with new hemp and, like ants, trundled them to a cliff
to plunge through tall nettles. The logs gathered that thirst
for the sea which their own vined bodies were born with.
Now the trunks in eagerness to become canoes
ploughed into breakers of bushes, making raw holes
of boulders, feeling not death inside them, but use¬¬
to roof the sea, to be hulls. Then, on the beach, coals
were set in their hollows that were chipped with an adze.
A flat-bed truck had carried their rope-bound bodies.
The charcoals, smouldering, cored the dugouts for days
till heat widened the wood enough for ribbed gunwales.
Under his tapping chisel Achille felt their hollows
exhaling to touch the sea, lunging toward the haze
of bird-printed islets, the beaks of their parted bows.
Then everything fit. The pirogues crouched on the sand
like hounds with sprigs in their teeth. The priest
sprinkled them with a bell, then he made the swift's sign.
When he smiled at Achille's canoe, In God We Troust,
Achille said: "Leave it! Is God' spelling and mine."
After Mass one sunrise the canoes entered the troughs
of the surpliced shallows, and their nodding prows
agreed with the waves to forget their lives as trees;
one would serve Hector and another, Achilles.
III
Achille peed in the dark, then bolted the half-door shut.
It was rusted from sea-blast. He hoisted the fishpot
with the crab of one hand; in the hole under the hut
he hid the cinder-block step. As he neared the depot,
the dawn breeze salted him coming up the grey street
past sleep-tight houses, under the sodium bars
of street-lamps, to the dry asphalt scraped by his feet;
he counted the small blue sparks of separate stars.
Banana fronds nodded to the undulating
anger of roosters, their cries screeching like red chalk
drawing hills on a board. Like his teacher, waiting,
the surf kept chafing at his deliberate walk.
By the time they met at the wall of the concrete shed
the morning star had stepped back, hating the odour
of nets and fish-guts; the light was hard overhead
and there was a horizon. He put the net by the door
of the depot, then washed his hands in it basin.
The surf did not raise its voice, even the ribbed hounds
around the canoes were quiet; a flask of l'absinthe
was passed by the fishermen, who made smacking sounds
and shook at the bitter bark from which it was brewed.
This was the light that Achille was happiest in.
When, before their hands gripped the gunwales, they stood
for the sea-width to enter them, feeling their day begin.
Chapter II
III
“O-meros,” she laughed. “That’s what we call him in Greek,”
stroking the small bust with its boxer’s broken nose,
and I thought of Seven Seas sitting near the reek
of drying fishnets, listening to the shallows’ noise.
I said: “Homer and Virg are New England farmers,
and the winged horse guards their gas-station, you’re right.”
I felt the foam head watching as I stroked an arm, as
cold as its marble, then the shoulders in winter light
in the studio attic. I said, “Omeros,”
And O was the conch-shell’s invocation, mer was
both mother and sea in our Antillean patois,
os, a grey bone, and the white surf as it crashes
and spreads its sibilant collar on a lace shore.
Omeros was the crunch of dry leaves, and the washes
that echoed from a cave-mouth when the tide has ebbed.
The name stayed in my mouth. I saw how light was webbed
on her Asian cheeks, defined her eyes with a black
almond’s outline, as Antigone turned and said:
“I’m tired of America, it’s time for me to go back
to Greece. I miss my islands.” I write, it returns—
the way she turned and shook out the black gust of hair.
I saw how the surf printed its lace in patterns
on the shore of her neck, then the lowering shallows
of silk swirled at her ankles, like surf without noise,
and felt that another cold bust, not hers, but yours
saw this with stone almonds for eyes, its broken nose
turning away, as the rustling silk agrees.
But if it could read between the lines of her floor
like a white-hot deck uncaulked by Antillean heat,
to the shadows in its hold, its nostrils might flare
at the stench from manacled ankles, the coffled feet
scraping like leaves, and perhaps the inculpable marble
would have turned its white seeds away, to widen
the bow of its mouth at the horror under her table,
from the lyre of her armchair draped with its white chiton,
to do what the past always does: suffer, and stare.
She lay calm as a port, and a cloud covered her
with my shadow; then a prow with painted eyes
slowly emerged from the fragrant rain of black hair.
And I heard a hollow moan exhaled from a vase,
not for kings floundering in lances of rain; the prose
of abrupt fishermen cursing over canoes.
Book III
Chapter XXV
I
Mangroves, their wrists in water, walked with the canoe.
The swift, racing its browner shadow, screeched, then veered
into a dark inlet. It was the last sound Achille knew
from the other world. He feathered the paddle, steered
away from the groping mangroves whose muddy shelves
slipped warted crocodiles, slitting the pods of their eyes;
then the horned river-horses rolling over themselves
could capsize the keel. It was like the African movies
he had yelped at in childhood. The endless river unreeled
those images that flickered into real mirages:
naked mangroves walking beside him, the knotted logs
wriggling into the water, the wet, yawning boulders
of oven-mouthed hippopotami. A skeletal warrior
stood up straight in the stern and guided his shoulders,
locked his neck in cold iron and altered the oar.
Achille wanted to scream, he wanted the brown water
to harden into a road, but the river widened ahead
and closed behind him. He heard screeching laughter
in a swaying tree, as monkeys swung from the rafter
of their tree-house, and the bared sound rotted the sky
like their teeth. For hours the river gave the same show
for nothing, the canoe’s mouth muttered its lie.
The deepest terror was the mud. The mud with no shadow
like the clear sand. Then the river coiled into a bend.
He saw the first signs of men, tall sapling fishing-stakes,
he came into his own beginning and his end,
for the swiftness of a second is all that memory takes.
Now the strange, inimical river surrenders its stealth
to the sunlight. And a light inside him wakes
skipping centuries, ocean and river and Time itself.
And God said to Achille, ‘Look, I giving you permission
to come home. Is I send the sea-swift as a pilot,
the swift whose wings is the sign of my crucifixion.
And thou shalt have no gods should in case you forgot
my commandments.’ And Achille felt the homesick shame
and pain of his Africa. His heart and his bare head
were bursting as he tried to remember the name
of the river-god and the tree-god in which he steered,
whose hollow body carried him to the settlement ahead.
Book VI
Chapter XLV
I
One side of the coast plunges its precipices
into the Atlantic. Turns require wide locks,
since the shoulder is sharp and the curve just misses
a long drop over the wind-bent trees and the rocks
between the trees. There is a wide view of Dennery,
with its stone church and raw ochre cliffs at whose base
the African breakers end. Across the flecked sea
whose combers veil and unveil the rocks with their lace
the next port is Dakar. The uninterrupted wind
thuds under the wings of frigates, you see them bent
from a force that has crossed the world, tilting to find
purchase in the sudden downdrafts of its current.
The breeze threshed the palms on the cool December road
where the Comet hurtled with empty leopard seats,
so fast a man on a donkey trying to read
its oncoming fiery sign heard only two thudding beats
from the up-tempo zouk that its stereo played
when it screeched round a bridge and began to ascend
away from the palm-fronds and their wickerwork shade
that left the windscreen clear as it locked round the bend,
where Hector suddenly saw the trotting piglet
and thought of Plunkett’s warning as he heard it screel
with the same sound that the tires of the Comet
made rounding the curve from the sweat-greased steering wheel.
The rear wheels spin to a dead stop, like a helm.
The piglet trots down the safer side of the road.
Lodged in their broken branches the curled letters flame.
Hector had both hands on the wheel. His head was bowed
under the swaying statue of the Madonna
of the Rocks, her smile swayed under the blue hood,
and when her fluted robe stilled, the smile stayed on her
dimpled porcelain. She saw, in the bowed man, the calm
common oval of prayer, the head’s usual angle
over the pew of the dashboard. Her lifted palm,
small as a doll’s from its cerulean mantle,
indicated that he had prayed enough to the lace
of foam round the cliff’s altar, that now, if he wished,
he could lift his head, but he stayed in the same place,
the way a man will remain when Mass is finished,
not unclenching his hands or freeing one to cross
forehead, heart, and shoulders swiftly and then kneel
facing the altar. He bowed in endless remorse,
for her mercy at what he had done to Achille,
his brother. But his arc was over, for the course
of every comet is such. The fated crescent
was printed on the road by the scorching tires.
A salt tear ran down the porcelain cheek and it went
in one slow drop to the clenched knuckle that still gripped
the wheel. On the flecked sea, the uninterrupted
wind herded the long African combers, and whipped
the small flag of the island on its silver spearhead.
- Derek Walcott, em "Omeros". [tradução e prefácio Paulo Vizioli]. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
****
- Derek Walcott - foto: Graeme Robertson/The Guardian
Mapa do novo mundo
Arquipélagos
Ao cabo desta frase, choverá
À beira-chuva, uma vela.
A vela aos poucos perderá de vista as ilhas;
A fé nos portos de uma raça inteira
sumirá na neblina.
A guerra de dez anos terminou.
O cabelo de Helena: uma nuvem grisalha.
Tróia: um fosso branco de cinzas
junto ao mar onde garoa.
A garoa se retesa como as cordas de uma harpa.
Um homem de olhos nublados toma em mãos a chuva
e tange o primeiro verso da Odisseia.
**
Map of the new world
Archipelagoes
At the end of this sentence, rain will begin.
At the rain's edge, a sail.
Slowly the sail will lose sight of islands;
into a mist will go the belief in harbours
of an entire race.
The ten-years war is finished.
Helen's hair, a grey cloud.
Troy, a white ashpit
by the drizzling sea.
The drizzle tightens like the strings of a harp.
A man with clouded eyes picks up the rain
and plucks the first line of the Odyssey.
- Derek Walcott [tradução Nelson Ascher]. In: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher]. Edição bilíngue. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
§§
Meio do verão, Tobago
Vastas praias lapidadas pelo sol.
Calor branco.
Um rio verde.
Uma ponte,
palmeiras crestadas, amarelas
da casa que, na sesta estival,
cochila agosto afora.
Dias que retive,
dias que perdi,
dias que, como filhas, crescem para fora
da enseada dos meus braços.
**
Midsummer, Tobago
Broad sun-stoned beaches.
White heat.
A green river.
A bridge,
scorched yellow palms
from the summer-sleeping house
drowsing through August.
Days I have held,
days I have lost,
days that outgrow, like daughters,
my harbouring arms.
- Derek Walcott [tradução Nelson Ascher]. In: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher]. Edição bilíngue. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
§§
Finais
As coisas não explodem,
Elas definham, apagam-se,
como se apaga da carne a luz do sol,
como escoa a espuma, rápido na areia,
nem mesmo o relâmpago do amor
termina trovejando,
ele morre com o som
de flores definhando feito a carne
de pedra-pome transpirante,
isso é o que tudo configura
até não nos restar nada além
do silêncio que cinge a cabeça de Beethoven.
**
Endings
Things do not explode,
they fail, they fade,
as sunlight fades from the flesh,
as the foam drains quick in the sand,
even love’s lightning flash
has no thunderous end,
it dies with the sound
of flowers fading like the flesh
from sweating pumice stone,
everything shapes this
till we are left
with the silence that surrounds Beethoven’s head.
- Derek Walcott [tradução Nelson Ascher]. In: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher]. Edição bilíngue. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
§§
O Diário de Robinson Crusoé
Agora eu via o mundo como uma coisa remota, com a qual nada tinha que ver e da qual nada esperava nem mesmo desejava. Numa palavra, eu não tinha de fato nada que ver com o mundo e provavelmente jamais teria; por isso achei que talvez pudéssemos vê-lo dali em diante como um lugar no qual eu vivera, mas do qual havia saído; e bem poderia dizer, como o pai Abraão (...), "Entre nós e vós está posto um grande abismo ".Robinson Crusoé
Após deixarmos para trás Mundo Nuevo, seguindo
em segurança até esta casa de praia
empoleirada entre oceano e verde floresta bravia,
o intelecto avalia
objetos com precisão; mesmo as necessidades básicas
do estilo ganham uso,
como esses simples utensílios de ferro que ele resgata
do naufrágio, lavrando uma prosa
tão perfumada como madeira nova para a enxó;
de tal lenho
surgiu o nosso primeiro livro, nosso Gênese profano,
cujo Adão fala aquela prosa
que, abençoando alguma rocha marinha, se choca
com surpresa de poesia,
em um mundo verde, sem metáforas;
como Cristóvão, ele carrega
na fala mnemónica de missionário
a Palavra para os selvagens,
sua forma a de um vaso de barro para a água
cuja aspersão nos transforma
em Sextas-Feiras santos que recitam o Seu louvor,
papagueando do nosso mestre
estilo e voz, fazemos nossa a sua língua,
canibais convertidos,
com ele aprendemos a comer a carne de Cristo.
Todas as formas, todos os objetos multiplicados dos seus,
o Proteu de nosso oceano;
na infância, a antiguidade do seu derrelito
era como a de um deus. (Agora passam
na memória, em sereno parêntese,
as falésias da costa, a sotavento,
de minha própria ilha desfilando pelo ruído
................. da lona que farfalha,
alguma vila amodorrada ao meio-dia, Choiseul, Canárias,
canoas como quietos crocodilos,
um povoado rústico dos romances de Henty,
Marryat ou R.L.S.*,
com um garoto acenando à beira-mar,
embora o que ele gritava se tenha perdido.)
Assim o tempo, que nos faz objetos, multiplica
nossa solidão natural.
Pois a habilidade hermética, que dos barros da terra
molda algo sem uso
e, separada de si mesma, vive em algum outro lugar,
compartilhando com cada praia
um desejo daquelas gaivotas que anuviam os recifes
com miméticos gritos primevos,
nunca se rende completamente, pois sabe
que precisa do elogio de outro,
como o velho maluco Ben Gunn, até gritar
por fim "O deserto feliz!"
e aprender de novo a paz autocriadora
das ilhas. Assim, desta casa
de onde nada se vê além do mar, seu diário
assume utilidade doméstica;
aprendemos a moldar a partir dele, onde nada havia,
a língua de uma raça,
e, já que o intelecto exige sua máscara,
esse rosto barbado, curtido pelo sol,
nos provê do desejo de dramatizar-nos
à custa da natureza,
de ensaiar uma barba, forçar a vista no mormaço,
posando de naturalistas,
bêbados, párias, vagabundos de praia, todos nós
ansiamos por essas fantasias
de inocência, pela fase suspensa de nossa fé,
quando a voz clara
surpreendeu-se ao dizer "água, paraíso, Cristo",
colecionando heresias como
a solidão de Deus pulsa em Suas criaturas mais ínfimas.
------------------------------ * Robert Louis Stevenson
**
Crusoe's Journal
I looked now upon the world as a thing remote, which I had nothing to do with, no expectation from, and, indeed, no desires about. In a word, I had nothing indeed to do with it, nor was ever likely to have; so I thought it looked as we may perhaps look upon it hereafter, viz., as a place I had lived in but was come out of it; and well might I say, as Father Abraham (...), "Between me and thee is a great gulf fixed".Robinson Crusoe
Once we have driven past Mundo Nuevo trace
safely to this beach house
perched between ocean and green, churning forest
the intellect appraises
objects surely, even the bare necessities
of style are turned to use,
like those plain iron tools he salvages
from shipwreck, hewing a prose
as odorous as raw wood to the adze;
out of such timbers
came our first book, our profane Genesis
whose Adam speaks that prose
which, blessing some sea-rock, startles itself
with poetry's surprise,
in a green world, one without metaphors;
like Christopher he bears
in speech mnemonic as a missionary's
the Word to savages,
its shape an earthen, water bearing vessel's
whose sprinkling alters us
into good Fridays who recite His praise,
parroting our master's
style and voice, we make his language ours,
converted cannibals
we learn with him to eat the flesh of Christ.
All shapes, all objects multiplied from his,
our ocean's Proteus;
in childhood, his derelict's old age
was like a god's. (Now pass
in memory, in serene parenthesis,
the cliff-deep leeward coast
of my own island filing past the noise
of stuttering canvas,
some noon-struck village, Choiseul, Canaries,
crouched crocodile canoes,
a savage settlement from Henty's novels,
Marryat or R.L.S.*,
with one boy signalling at the sea's edge,
though what he cried is lost.)
So time, that makes us objects, multiplies
our natural loneliness.
For the hermetic skill, that from earth's clays
shapes something without use,
and, separate from itself, lives somewhere else,
sharing with every beach
a longing for those gulls that cloud the cays
with raw, mimetic cries,
never surrenders wholly, for it knows
it needs another's praise
like hoar, half-cracked Ben Gunn, until it cries
at last, "O happy desert!"
and learns again the self-creating peace
of islands. So from this house
that faces nothing but the sea, his journals
assume a household use;
we learn to shape from them, where nothing was
the language of a race,
and since the intellect demands its mask
that sun-cracked, bearded face
provides us with the wish to dramatize
ourselves at nature's cost,
to attempt a beard, to squint through the sea-haze,
posing as naturalists,
drunks, castaways, beachcombers, all of us
yearn for those fantasies
of innocence, for our faith's arrested, phase
when the clear voice
startled itself saying "water, heaven, Christ,"
hoarding such heresies as
God's loneliness moves in His smallest creatures.
------------------------------ * Robert Louis Stevenson
- Derek Walcott [tradução Décio Torres Cruz; revisão Marta Rosas]. In: Iararana – revista de arte, crítica e literatura, n. 4, Salvador, Bahia, 2000.
§§
Amor depois de amor
Vai vir o tempo
em que você, orgulhoso,
vai saudar a si mesmo chegando
à sua própria porta, em seu próprio espelho,
e vão trocar sorrisos de boas-vindas,
você vai dizer, sente-se. Coma.
Vai amar o estranho que um dia você foi.
Dê vinho. Dê pão. Devolva seu coração
pra ele mesmo, o estranho que o amou
por toda a sua vida, e a quem você ignorou
por outro alguém, que o conhece de cor.
Pegue da estante as cartas de amor,
as fotografias, as anotações desesperadas,
descasque seu reflexo do espelho.
Sente-se. Sirva-se da vida.
**
Love after love
The time will come
when, with elation
you will greet yourself arriving
at your own door, in your own mirror
and each will smile at the other's welcome,
and say, sit here. Eat.
You will love again the stranger who was your self.
Give wine. Give bread. Give back your heart
to itself, to the stranger who has loved you
all your life, whom you ignored
for another, who knows you by heart.
Take down the love letters from the bookshelf,
the photographs, the desperate notes,
peel your own image from the mirror.
Sit. Feast on your life.
- Derek Walcott [tradução Rodrigo Garcia Lopes]. In: Estúdio Realidade/ Rodrigo Garcia Lopes, 13.12.2011.
§§
O Mar É História
Onde estão os seus monumentos, suas batalhas e mártires?
Onde está a memória da sua tribo? Estão,
Senhores, naquela catacumba de tons cinzas, o mar. O mar
Tem tudo trancado dentro de si. O mar é História.
No início, havia petróleo a esguichar
pesado como o caos;
então, tal qual uma luz no fim do túnel,
O farol de uma caravela,
e foi a Gênese.
Então houve os lamentos abafados:
os expurgos, os queixumes.
Êxodo
Osso unido a osso pelo coral,
mosaicos,
cobertos pela bênção das sombras de tubarões.
foi a Arca da Aliança.
Então vieram, dos fios esgarçados
da luz do sol no solo marinho,
as harpas lamentosas do cativeiro babilônico,
quando os cauris brancos se uniram tais quais algemas
sobre as mulheres afogadas
eram, aqueles, os braceletes de marfim
dos Cânticos de Salomão,
o oceano, no entanto, continuou a passar páginas em branco
em busca da História.
Então vieram os homens de olhos pesados como âncoras
que submergiram sem direito a sepultura.
salteadores que assaram carne
deixando, tais quais folhas de palmeira, costelas tostadas pela costa.
então a mandíbula espumosa e enraivecida,
da onda que tragava Port Royal,
Foi Jonas
Mas foi a sua Renascença?
Senhor, é nas areias do mar que está trancada
lá bem longe, além da confusão de recifes,
por onde os homens da guerra deslizaram;
fiando-me nestes óculos de mergulho, serei meu próprio guia.
Tudo é sutil e submarino,
entre colunas de coral,
para além das janelas góticas das hélices marinhas
onde a garoupa de crosta ríspida, com olhos de ônix,
pisca, com o peso de suas joias, como se fosse uma rainha careca;
e essas grutas ogivais com percevejos
ajustados como são as
pedras em nossas catedrais,
e a caldeira antes dos furacões:
Gomorra. Ossos triturados por moinhos de vento
transformados em calcário e em fubá,
e foram lamentos –
foram só lamentos,
não foi História;
então vieram, como a espuma que se acumula nas margens do rio
as telhas vermelhas das vilas
cobrindo e consolidando-se como cidades,
e, à noite, os coros de mosquitos
e, sobre eles, lanceando
O lado de Deus, espirais
quando do firmamento de Seu filho, teve-se o Novo testamento.
Então vieram as irmãs brancas batendo palmas
para o progresso das ondas,
teve-se a Emancipação –
júbilo, Oh, júbilo –
Desaparecendo rapidamente
Como secam, as rendas marinhas, ao sol,
mas não foi História,
foi apenas fé,
e então cada rocha tornou-se uma nação particular;
então veio a assembleia de moscas,
então veio a garça secretarial,
então veio o sapo-boi coaxando por um voto,
pirilampos com ideias brilhantes
E morcegos como um jato de emissários
E os louva-a-deus, como um exército pardo,
e as lagartas peludas, juízes que
examinam cada caso com precisão,
e então nas folhas negras da samambaia
e no marulho salgado das rochas
com as suas piscinas marinhas, havia o som
de um rumor sem a emissão de eco
da História, que, de fato, começava.
**
The Sea Is History
Where are your monuments, your battles, martyrs?
Where is your tribal memory? Sirs,
in that grey vault. The sea. The sea
has locked them up. The sea is History.
First, there was the heaving oil,
heavy as chaos;
then, like a light at the end of a tunnel,
the lantern of a caravel,
and that was Genesis.
Then there were the packed cries,
the shit, the moaning:
Exodus.
Bone soldered by coral to bone,
mosaics
mantled by the benediction of the shark’s shadow,
that was the Ark of the Covenant.
Then came from the plucked wires
of sunlight on the sea floor
the plangent harps of the Babylonian bondage,
as the white cowries clustered like manacles
on the drowned women,
and those were the ivory bracelets
of the Song of Solomon,
but the ocean kept turning blank pages
looking for History.
Then came the men with eyes heavy as anchors
who sank without tombs,
brigands who barbecued cattle,
leaving their charred ribs like palm leaves on the shore,
then the foaming, rabid maw
of the tidal wave swallowing Port Royal,
and that was Jonah,
but where is your Renaissance?
Sir, it is locked in them sea-sands
out there past the reef’s moiling shelf,
where the men-o’-war floated down;
strop on these goggles, I’ll guide you there myself.
It’s all subtle and submarine,
through colonnades of coral,
past the gothic windows of sea-fans
to where the crusty grouper, onyx-eyed,
blinks, weighted by its jewels, like a bald queen;
and these groined caves with barnacles
pitted like stone
are our cathedrals,
and the furnace before the hurricanes:
Gomorrah. Bones ground by windmills
into marl and cornmeal,
and that was Lamentations—
that was just Lamentations,
it was not History;
then came, like scum on the river’s drying lip,
the brown reeds of villages
mantling and congealing into towns,
and at evening, the midges’ choirs,
and above them, the spires
lancing the side of God
as His son set, and that was the New Testament.
Then came the white sisters clapping
to the waves’ progress,
and that was Emancipation—
jubilation, O jubilation—
vanishing swiftly
as the sea’s lace dries in the sun,
but that was not History,
that was only faith,
and then each rock broke into its own nation;
then came the synod of flies,
then came the secretarial heron,
then came the bullfrog bellowing for a vote,
fireflies with bright ideas
and bats like jetting ambassadors
and the mantis, like khaki police,
and the furred caterpillars of judges
examining each case closely,
and then in the dark ears of ferns
and in the salt chuckle of rocks
with their sea pools, there was the sound
like a rumour without any echo
of History, really beginning.
- Derek Walcott [tradução Antony Cardoso Bezerra]. In: BEZERRA, Antony Cardoso. O Homem e o Mar: 'Ode Marítima', de Álvaro de Campos, e 'O Mar É História', de Derek Walcott. In: Scripta (PUCMG), v. 15, 2011.
-----------------------------------
>> Leia a Ode Marítima (Álvaro de Campos "Fernando Pessoa").
§§
Desfecho
Vivo nas águas,
solitário. Sem mulher nem filhos.
Atravessei todas as possibilidades
para chegar até aqui:
pequena casa em água cinza,
janelas sempre abertas
para o velho mar. Não escolhemos o destino,
mas somos o que fizemos.
Sofremos, os anos passam,
lançamos a carga fora, mas não a necessidade
de obstáculos. O amor é uma pedra
no leito do mar
debaixo da água cinza. Agora, nada mais quero
da poesia senão o coração.
Não quero a piedade nem a fama nem a cura. Silenciosa
esposa, contemplamos a água cinza,
e numa vida repleta
de mediocridade e lixo
vivemos como rocha.
Devo desaprender sentimentos,
esquecer meu dote. Isto é maior
e mais difícil do que o que se entende por vida.
**
Winding Up
I live on the water,
alone. Without wife and children,
I have circled every possibility
to come to this:
a low house by grey water,
with windows always open
to the stale sea. We do not choose such things,
but we are what we have made.
We suffer, the years pass,
we shed freight but not our need
for encumbrances. Love is a stone
that settled on the sea-bed
under grey water. Now, I require nothing
from poetry but true feeling,
no pity, no fame, no healing. Silent wife,
we can sit watching grey water,
and in a life awash
with mediocrity and trash
live rock-like.
I shall unlearn feeling,
unlearn my gift. That is greater
and harder than what passes there for life.
- Derek Walcott [tradução Alberto Pucheu]. In: PUCHEU, Alberto. Derek Walcott. Escamandro, 14.9.2016.
§§
Nomes
............................para Edward Brathwait
I
Minha estirpe começou como o mar,
sem nomes, sem horizonte,
com seixos debaixo de minha língua
e uma outra leitura das estrelas.
Agora, eis minha estirpe
nos olhos tristes do Levantino,
nas bandeiras dos campos indianos.
Comecei sem memória,
comecei sem futuro,
procurei pelo momento
em que a mente se perdesse no horizonte.
Nunca encontrei o momento
em que a mente se perdesse no horizonte –
para o ourives de Benares,
para o lapidador de Cantão,
o horizonte mergulha, como linha
de pesca, na memória.
Teremos nos dissolvido num espelho
largando nossas almas para trás?
O ourives de Benares,
o lapidador de Cantão,
o ferreiro de Benin.
Uma águia-marinha grita da rocha,
minha estirpe começou como a águia
e seu grito,
as terríveis vogais
E – U!
O céu se dobrou atrás de nós
como a história se dobra sobre a linha de pesca,
e a espuma, dobrando-se, executou a penhora:
sem nada em nossas mãos
senão este graveto
a traçar nossos nomes na areia
que o mar torna a apagar, para nossa indiferença.
II
E quando nomearam estas baías
baías,
foi nostalgia ou ironia?
Na floresta despenteada,
na relva inculta,
onde haveria graça
senão no cômico?
Onde estariam as cortes de Castela?
As colunatas de Versalhes
trocadas por folhas de repolho
com elmos coríntios,
diminutivos degradados,
pequena Versalhes, então,
significava projetos para chiqueiros,
nomes para maçãs azedas
e uvas verdes
do exílio.
A memória fez-se ácido
mas os nomes ficaram;
Valência brilha
com lanternas de laranjas,
o candelabro de Mayaro
carbonizado de cacau.
Sendo homens, só poderiam viver
presumindo o direito
de todas as coisas terem nome.
Os Africanos os aceitaram,
os repetiram e os transformaram.
Escutem, crianças, digam:
moubain: o cajá,
cerise: a cereja silvestre,
baie-la: a baía;
um dia, com verdes vozes frescas,
foram eles mesmos –
como o vento que curva
nossos tons naturais.
Estas palmeiras são maiores que Versalhes,
nenhum homem as construiu,
suas colunas suspensas maiores que Castela,
nenhum homem as destruiu,
mas apenas o verme, que, sem capacete,
foi sempre o imperador.
Crianças, olhem as estrelas
sobre a floresta de Valência!
Não é Órion,
não é Betelgeuse,
digam-me, o que parecem?
Respondam, pequenos árabes malditos!
Senhor, vaga-lumes no melaço.
**
Names
............................ for Edward Brathwait
I
My race began as the sea began,
with no nouns, and with no horizon,
with pebbles under my tongue,
with a different fix on the stars.
But now my race is here,
in the sad oil of Levantine eyes,
in the flags of the Indian fields.
I began with no memory,
I began with no future,
but I looked for that moment
when the mind was halved by a horizon.
I have never found that moment
when the mind was halved by a horizon –
for the goldsmith from Benares,
the stonecutter from Canton,
as a fishline sinks, the horizon
sinks in the memory.
Have we melted into a mirror,
leaving our souls behind?
The goldsmith from Benares,
the stonecutter from Canton,
the bronzesmith from Benin.
A sea-eagle screams from the rock,
and my race began like the osprey
with that cry,
that terrible vowel,
that I!
Behind us all the sky folded,
as history folds over a fishline,
and the foam foreclosed
with nothing in our hands
but this stick
to trace our names on the sand
which the sea erased again, to our indifference.
II
And when they named these bays
bays,
was it nostalgia or irony?
In the uncombed forest,
in uncultivated grass
where was there elegance
except in their mockery?
Where were the courts of Castille?
Versailles’ colonnades
supplanted by cabbage palms
with Corinthian crests,
belittling diminutives,
then, little Versailles
meant plans for a pigstry,
names for the sour apples
and green grapes
of their exile.
Their memory turned acid
but the names held;
Valencia glows
with the lanterns of oranges,
Mayaro’s
charred candelabra of cocoa.
Being men, they could not live
except they first presumed
the right of every thing to be a noun.
The African acquiesced,
repeated, and changed them.
Listen, my children, say:
moubain: the hogplum,
cerise: the wild cherry,
baie-la: the bay,
with the fresh green voices
they were once themselves
in the way the wind bends
our natural inflections.
These palms are greater than Versailles,
for no man made them,
their fallen columns greater than Castille,
no man unmade them
except the worm, who has no helmet,
but was always the emperor,
and children, look at these stars
over Valencia’s forest!
Not Orion,
not Betelgeuse,
tell me, what do they look like?
Answer, you damned little Arabs!
Sir, fireflies caught in molasses.
- Derek Walcott [tradução Alberto Pucheu]. In: PUCHEU, Alberto. Derek Walcott. Escamandro, 14.9.2016.
§§
Preparando para o Exílio
Por que invento a morte de Mandelstam *
entre coqueiros amarelos,
por que meu dom procura sobre os ombros
uma sombra que ocupe a porta
e faça na página eclipse?
Por que a lua cresce no arco da lâmpada
e o borrão no meu dedo grava a digital
diante de um sargento indiferente?
Que novo odor no ar é este
que já foi sal, que cheirou a lima na aurora,
e meu gato, sei que invento, pula do meu caminho,
e os olhos de meus filhos parecem horizontes,
e o que querem meus poemas, mesmo este, esconder?
**
Preparing for Exile
Why do I imagine the death of Mandelstam
among the yellowing coconuts,
why does my gift already look over its shoulder
for a shadow to fill the door
and pass this very page into eclipse?
Why does the moon increase into an arc-lamp
and the inkstain on my hand prepare to press thumb-downward
before a shrugging sergeant?
What is this new odour in the air
that was once salt, that smelt like lime at daybreak,
and my cat, I know I imagine it, leap from my path,
and my children’s eyes already seem like horizons,
and all my poems, even this one, wish to hide?
- Derek Walcott [tradução Alberto Pucheu]. In: PUCHEU, Alberto. Derek Walcott. Escamandro, 14.9.2016.
---------
* Óssip Mandelstam (1891-1938) é o autor de uma das mais importantes obras poéticas do século XX, admirada por nomes como Joseph Brodsky e Paul Celan. Na Rússia e no Ocidente, gerações de leitores viram na poesia e no destino trágico de Mandelstam um testemunho dos tempos hostis que o poeta chamou de "século-animal".
§§
Um Grito Distante da África
O vento rufa o couro curtido
Da África. Kikuyu, tal mosca célere,
Devora o fluxo sanguíneo da estepe.
Defuntos se espalham num paraíso.
Senhor da carniça, só o verme grita:
“Não tenham compaixão por estes mortos!”
Técnicos e acadêmicos comprovam
As marcas da política colonial.
O que pensam, com medo, as crianças brancas?
E os selvagens, fartos como os judeus?
Batidos no pilão, os longos juncos
Mostram um pó branco de íbis que grasnam,
Desde a aurora da civilização,
No rio seco ou na planície fértil
De bestas. A violência da besta
Sobre a besta é a lei natural, mas,
em pé, o homem procura a divindade
pela dor. Delirantes como as bestas,
suas guerras dançam para o tambor,
E para ele é força o medo nativo
da paz branca às custas dos próprios vivos.
Outra vez, a necessidade bruta
Passa as mãos no lenço da causa suja,
Outra vez, nossa compaixão desgasta-se,
Como com a Espanha, o gorila contra o super-homem.
Eu, envenenado com sangue de ambas,
Dividido até as veias, pra onde vou?
Eu que xinguei
O bêbado oficial inglês, como escolher
Entre esta África e a língua inglesa que amo?
Traí-las, ou devolver o que dão?
Como encarar tal chacina e sorrir?
Como dar as costas a África e viver?
**
A Far Cry from Africa
A wind is ruffling the tawny pelt
Of Africa. Kikuyu, quick as flies,
Batten upon the bloodstreams of the veldt.
Corpses are scattered through a paradise.
Only the worm, colonel of carrion, cries:
“Waste no compassion on these separate dead!”
Statistics justify and scholars seize
The salients of colonial policy.
What is that to the white child hacked in bed?
To savages, expendable as Jews?
Threshed out by beaters, the long rushes break
In a white dust of ibises whose cries
Have wheeled since civilization’s dawn
From the parched river or beast-teeming plain.
The violence of beast on beast is read
As natural law, but upright man
Seeks his divinity by inflicting pain.
Delirious as these worried beasts, his wars
Dance to the tightened carcass of a drum,
While he calls courage still that native dread
Of the white peace contracted by the dead.
Again brutish necessity wipes its hands
Upon the napkin of a dirty cause, again
A waste of our compassion, as with Spain,
The gorilla wrestles with the superman.
I who am poisoned with the blood of both,
Where shal I turn, divided to the vein?
I who have cursed
The drunken officer of British rule, how choose
Beteween this Africa and the English tongue I love?
Betray them both, or give back what thy give?
How can I face such slaughter and be cool?
How can I turn from Africa and live?
- Derek Walcott [tradução Alberto Pucheu]. In: PUCHEU, Alberto. Derek Walcott. Escamandro, 14.9.2016.
§§
O Amor Depois do Amor
Virá o tempo
quando, com euforia,
você vai saudar a si mesmo chegando
à sua porta, diante do seu espelho,
e, sorrindo, um dará ao outro as boas-vindas,
e dirá: sente-se aqui. Coma.
Você amará novamente o estranho que era você.
Ofereça vinho. E pão. Devolva o seu coração
para si mesmo, para o estranho que te amou
por toda a sua vida, a quem você ignorou,
mas que te conhece de cor.
Recolha as cartas de amor na estante,
as fotografias, as anotações de angústia,
descole sua imagem do espelho.
Sente-se. Celebre sua vida.
**
Love After Love
The time will come
when, with elation
you will greet yourself arriving
at your own door, in your own mirror
and each will smile at the other’s welcome,
and say, sit here. Eat.
You will love again the stranger who was your self.
Give wine. Give bread. Give back your heart
to itself, to the stranger who has loved you
all your life, whom you ignored
for another, who knows you by heart.
Take down the love letters from the bookshelf,
the photographs, the desperate notes,
peel your own image from the mirror.
Sit. Feast on your life.
- Derek Walcott [tradução Vanderley Mendonça]. In: Lira argenta - poesia em tradução. antologia [seleção e organização Vanderley Mendonça; vários tradutores]. Edição bilíngue. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017.
§§
34
No fim deste verso há uma porta se abrindo
para uma varanda azul, onde uma gaivota vai pousar
com dedos em gancho, como imagem de uma ideia,
e bater em lenta escansão pelo metal martelado
do mar da tarde, folha que minha mão direita singra
pequena vela rumo à Martinica ou à Sicília.
Na distância salpicada de lilás, a mesma ferrugem de promontórios
com manchas de casas sopradas da espuma da calha,
e o eco da gaivota por onde correu a sombra de outra gaivota,
entre mares lanhados de sol. Grito algum é exultante o bastante
para minha gratidão, para meu peito que abre suas dobradiças
e enviesa minhas costelas com a luz. No fim, uma sombra
mais lenta que a de uma gaivota sobre a água se estende, aos poucos,
e cobre o gramado. Há o mesmo ardor eminente
dos poentes retóricos na Sicília como na Martinica,
e o mesmo horizonte sublinha sua ausência reluzente,
brilhos amados há tempos que, talvez, não falem
pela indizível delícia, já que a fala é para mortais,
já que no fim de cada frase há um jazigo
ou a porta azul do céu ou, uma vez, os amplos portais
do nosso destituído sublime. A única luz que temos
ainda brilha numa espira ou concha enquanto cai
e dobra esta página e a cobre de onda branca.
.
........................................... (De "A Recompensa")
**
34
At the end of this line there is an opening door
that gives on a blue balcony where a gull will settle
with hooked fingers, then, like an image leaving an idea,
beat in slow scansion across the hammered metal
of the afternoon sea, a sheet that my right hand steers--
a small sail making for Martinique or Sicily.
In the lilac-flecked distance, the same headlands rust
with flecks of houses blown from the spume of the trough,
and the echo of a gull where a gull's shadow raced
between sunlit seas. No cry is exultant enough
for my thanks, for my heart that flings open its hinges
and slants my ribs with light. At the end, a shadow
slower than a gull's over water lengthens, by inches,
and covers the lawn. There is the same high ardour
of rhetorical sunsets in Sicily as over Martinique,
and the same horizon underlines their bright absence,
the long-loved shining there who, perhaps, do not speak
from unutterable delight, since speech is for mortals,
since at the end of each sentence there is a grave
or the sky's blue door or, once, the widening portals
of our disenfranchised sublime. The one light we have
still shines on a spire or a conch-shell as it falls
and folds this page over with a whitening wave.
.
........................................... The Bounty
- Derek Walcott [tradução Rodrigo Garcia Lopes]. Revista Piauí, n. 152, maio de 2019.
§§
As Acácias
I
Você era capaz de dirigir (embora eu não dirija) pelo
pasto amplo coberto de poços na frente da casa
rumo à praia quente e vazia e estacionar na sombra faminta
das acácias que estampam aquelas florzinhas amarelas
(praias vazias e sem sinal de vida são meu ofício);
e havia homens com fitas e teodolitos medindo
o terreno ermo e desnivelado. Vi os hectares condenados
onde mais um hotel de luxo será construído,
excluindo as pessoas comuns. Os novos feitores
da nossa história lucram sem culpa
e são, de fato, profetas de uma política
que fará a ilha virar um shopping, e os quebra-mares
sorrirem como garçons, como taxistas, essas novas fazendas
à beira-mar; escravidão sem grilhões, sem sangue derramado –
só alambrados e placas, as novas degradações.
Eu me sentia tão livre escrevendo sob as acácias.
**
The Acacia Trees
I
You used to be able to drive (though I don't) across
the wide, pool-sheeted pasture below the house
to the hot, empty beach and park in the starved shade
of the acacias that print those tiny yellow flowers
(blank, printless beaches are part of my trade);
then there were men with tapes and theodolites who measured
the wild, uneven ground. I watched the doomed acres
where yet another luxury hotel will be built
with ordinary people fenced out. The new makers
of our history profit without guilt
and are, in fact, prophets of a policy
that will make the island a mall, and the breakers
grin like waiters, like taxi drivers, these new plantations
by the sea; a slavery without chains, with no blood spilt –
just chain-link fences and signs, the new degradations.
I felt such freedom writing under the acacias.
Mapa do novo mundo
Arquipélagos - I
No fim desta frase, começará a chuva.
Na margem desta chuva, uma vela.
Devagar a vela perderá de vista as ilhas,
pela névoa seguirá a fé nos portos
de uma raça inteira.
A guerra dos dez anos acabou.
O cabelo de Helena, uma nuvem gris.
Tróia, cratera de cinzas
junto ao mar chuviscante.
O chuvisco aperta como as cordas de uma harpa.
Um homem de olhos nublados pega a chuva
E dedilha o primeiro verso da Odisseia.
**
Map of the new world
Archipelagoes - I
At the end of this sentence, rain will begin.
At the rain’s edge, a sail.
Slowly the sail will lose sight of islands;
into a mist will go the belief in harbours
of an entire race.
The ten-years war is finished.
Helen’s hair, a grey cloud.
Troy, a white ashpit
by the drizzling sea.
The drizzle tightens like the strings of a harp.
A man with clouded eyes picks up the rain
and plucks the first line of the Odyssey.
Jundus
Aquela diminuta vela sob a luz
que, cansada de ilhas,
escuna enfrentando o Caribe
buscando o lar, poderia ser Odisseu,
bordeando para seu destino no Egeu,
aquela saudade de marido
e pai, sob videiras azedas e retorcidas, é
como o adúltero ouvindo o nome de Nausícaa
em cada guincho das gaivotas;
Mas a ninguém isso traz paz. A antiga guerra
entre obsessão e responsabilidade
jamais chegará a termo, e tem sido a mesma
para o que vaga pelos mares e para o que está em terra
gingando em suas sandálias a caminho de casa,
desde que Troia perdeu sua antiga chama,
e o seixo do gigante cego ergueu a cuba
de onde vieram os grandes hexâmetros
para terminar como ondulações caribenhas.
Os clássicos consolam. Mas não o bastante.
**
Sea Grapes
That little sail in light
which tires of islands,
a schooner beating up the Caribbean
for home, could be Odysseus,
home-bound on the Aegean,
that father and husband’s
longing, under gnarled sour grapes, is
like the adulterer hearing Nausicaa’s name
in every gull’s outcry;
This brings nobody peace. The ancient war
between obsession and responsibility
will never finish and has been the same
for the sea-wanderer or the one on shore
now wriggling on his sandals to walk home,
since Troy lost its old flame,
and the blind giant’s boulder heaved the trough
from whose ground-swell the great hexameters come
to finish up as Caribbean surf.
The classics can console. But not enough.
- Derek Walcott [tradução André Caramuru Aubert]. In: AUBERT, André Caramuru. Poemas de Derek Walcott [tradução]. Rascunho, edição 229, maio de 2019.
§§
Estrela
Se, na luz das coisas, você se
dissolver, ainda que debilmente recuada
para nossa determinada e apropriada
distância, como a lua, deixada por toda
a noite entre as folhas, que possa você,
invisivelmente, deleitar esta casa,
Ó estrela de redobrada compaixão, que chegou
muito cedo para o crepúsculo e muito tarde
para a aurora, que possa seu frágil brilho
lutar com o que há de pior em nós,
atravessando o caos,
com a paixão
do pleno dia.
**
Star
If, in the light of things, you fade
real, yet wanly withdrawn
to our determined and appropriate
distance, like the moon left on
all night among the leaves, may
you invisibly delight this house,
O star, doubly compassionate, who came
too soon for twilight, too late
for dawn, may your faint flame
strive with the worst in us
through chaos
with the passion of
plain day.
- Derek Walcott [tradução André Caramuru Aubert]. In: AUBERT, André Caramuru. Poemas de Derek Walcott [tradução]. Rascunho, edição 229, maio de 2019.
§§
Hart Crane*
Ele caminhou por um passadiço no qual
As asas das gaivotas roçavam fios e soavam
Como uma harpa, em pausa, no ar,
Sobre as feridas que corriam no rio.
Natural e arquitetônico desespero.
A vida, um pacote em sua desassossegada mão,
Barcaças abaixo, passando, enquanto o vento
Amarfanhava seu cabelo como se fosse um professor afetuoso.
A liberdade ofereceu a Deus um desafio.
No entardecer, a fumaça. Não havia cura,
O passadiço, como o lamento da tristeza no ar
Margens casadas com uma suave assinatura.
Os vagabundos cuspiram, xingaram, esfolaram.
Ó México distante, Quetzalcoatl
Não, chicletes, balas Wrigley de menta e as mandíbulas cuspidoras
Ó, o deserto vermelho e suas leis nômades.
Adeus, Brooklyn,
O colar de rendas da baía da América puritana
E adeus, delgadas pontes
De ferro sobre as barcaças, a histeria do cais,
Os cânions de pedra.
O rodamoinho sorriu — “A sabedoria morreu sozinha.”
O mar era apenas um ritual, ele já
Sabia que estava completamente enlouquecido
No asilo, a metáfora. Ele ergueu-se
Do Brooklyn, no limite
Do ser, um boneco de palha veio num sopro
De Manhattan ao México, para submergir
Naquele mar onde vastos delírios se afogaram.
**
Hart Crane
He walked a bridge where
Gulls’ wings brush wires and sound
A harp of still in air,
Above the river’s running wound.
Natural and architectural despair.
Life was a package in his restless hand,
Traffic of barges below, while wind
Rumpled his hair like an affectionate teacher.
Liberty offered God a match.
Dusk smoked. There was no cure,
The bridge, like grief whined in the air
Marrying banks with a swift signature.
The bums spat, cursed, scratched.
O distant Mexico, Quetzalcoatl
Not, by gum, Wrigley’s and Spearmint, and spitting jaws
O the red desert with nomadic laws.
Bye, bye to Brooklyn,
The bay’s lace collar of puritan America
And bye, bye, the steel thin
Bridges over barges, the wharf’s hysteria,
The canyons of stone.
The whirlpool smiled — “Knowledge is death alone.”
The sea was only ritual, he had
Already seen completely go mad
In the asylum, metaphor. He stood
From Brooklyn, on the brink
Of being, a straw doll blown
From Manhattan to Mexico to sink
Into that sea where vast deliriums drown.
- Derek Walcott [tradução André Caramuru Aubert]. In: AUBERT, André Caramuru. Poemas de Derek Walcott [tradução]. Rascunho, edição 229, maio de 2019.
----------------------
* Hart Crane (Ohio, 1899-1933), uma das influências de Walcott no início de sua carreira, foi um poeta modernista norte-americano. Suicidou-se no Golfo do México, saltando do Navio que o levava a Nova Iorque. O corpo jamais foi encontrado. Crane admirava T. S. Elliot, inspirando-se nele em sua busca de uma linguagem capaz de traduzir a vitalidade, as ambiguidade e perplexidades do mundo moderno. Sua obra mais conhecida é o poema épico The Bridge (A Ponte), iniciado em 1923 e publicado em 1930. Segundo Crane, o poema era uma "síntese mística da América". O poeta Vinicius de Moraes dedicou-lhe o poema “O Poeta Hart Crane Suicida-Se No Mar” escrito no Rio de janeiro em 1953.
§§
Para Norline
Esta praia permanecerá vazia
por mais auroras cor de ardósia
de linhas que o oceano incessante
apaga com sua esponja,
e virá outra pessoa
da casa ainda sonolenta,
copo de café aquecendo a palma da mão
como meu corpo um dia encaixou o seu,
para memorizar esta passagem
de uma andorinha-do-mar sugando o sal
feito uma linha numa página
que se adora e é difícil de virar.
**
To Norline
This beach will remain empty
for more slate-colored dawns
of lines the surf continually
erases with its sponge,
and someone else will come
from the still-sleeping house,
a coffee mug warming his palm
as my body once cupped yours,
to memorize this passage
of a salt-sipping tern,
like when some line on a page
is loved, and it’s hard to turn.
- Derek Walcott [tradução Rodrigo Garcia Lopes]. In: Cândido - Biblioteca Pública do Paraná, 17.3.2020.
§§
Vulcano
Joyce tinha medo de trovão,
mas os leões do zoológico de Zurique
também rugiram no seu funeral.
Foi em Zurique ou Trieste?
Não importa. Essas são lendas, tanto
quanto a morte de Joyce é uma lenda,
ou o forte boato de que Conrad
morreu, que há ironia em "Vitória".
Na margem do horizonte noturno
desta casa de praia nos penhascos
se vê agora, até a aurora,
dois clarões vindos de longe
das plataformas mar adentro; são como
o fulgor do charuto
e o fulgor do vulcão
no fim de "Vitória".
Pode-se abandonar a escrita
pelos sinais que fulguram dos grandes,
devagar, ser, em vez disso,
seu leitor ideal, ruminativo,
voraz, fazendo que o amor por obras-primas
seja superior à tentativa
de repeti-las ou superá-las,
e tornar-se o maior leitor do mundo.
Isso pelo menos requer espanto,
algo que se perdeu em nosso tempo;
tantas pessoas já viram tudo
tantas podem profetizar,
tantas se recusam a penetrar o silêncio
da vitória, da indolência que
queima no âmago,
Tantas pessoas não passam
de cinzas eretas, como o charuto,
tantas dão o trovão como líquido e certo.
Quão comum o relâmpago
quão perdidos os leviatãs
que hoje sequer procuramos!
Naqueles tempos havia gigantes.
Naqueles tempos se faziam bons charutos.
Preciso ler com mais atenção.
............. [1976]
**
Volcano
Joyce was afraid of thunder
but lions roared at his funeral
from the Zurich zoo.
Was it Trieste or Zurich?
No matter. These are legends, as much
as the death of Joyce is a legend,
or the strong rumour that Conrad
is dead, and that Victory is ironic.
On the edge of the night-horizon
from this beach house on the cliffs
there are now, till dawn,
two glares from the miles-out-
at-sea derricks; they are like
the glow of the cigar
and the glow of the volcano
at Victory‘s end.
One could abandon writing
for the slow-burning signals
of the great, to be, instead,
their ideal reader, ruminative,
voracious, making the love of masterpieces
superior to attempting
to repeat or outdo them,
and be the greatest reader in the world.
At least it requires awe,
which has been lost to our time;
so many people have seen everything,
so many people can predict,
so many refuse to enter the silence
of victory, the indolence
that burns at the core,
so many are no more than
erect ash, like the cigar,
so many take thunder for granted.
How common is the lightning,
how lost the leviathans
we no longer look for!
There were giants in those days.
In those days they made good cigars.
I must read more carefully.
............. [1976]
- Derek Walcott [tradução Rodrigo Garcia Lopes]. In: Rodrigo Garcia Lopes/ facebook, 16 de junho de 2021
§§
O mar é história
Cadê seus monumentos, batalhas, seus mártires?
Cadê sua memória tribal? Senhores,
naquele cofre cinza. O mar. O mar
os trancafiou. O mar é História.
No princípio era petróleo fervilhante,
denso como caos;
depois, feito luz no fim de um túnel,
a lanterna de uma caravela,
e eis o Gênesis.
Depois vieram os gritos empilhados,
a merda, os gemidos:
Êxodo.
Osso a osso soldado pelo coral,
mosaicos
cobertos pela bênção da sombra dos tubarões,
essa foi a Arca da Aliança.
Então surgiram das cordas dedilhadas
da luz solar no solo marinho
as harpas plangentes do cativeiro babilônico,
enquanto búzios brancos se apinhavam como grilhões
nas mulheres afogadas,
e aqueles foram os braceletes de marfim
do Cântico de Salomão,
mas o mar só virava suas páginas em branco,
procurando pela História.
Então vieram homens de olhos pesados como âncoras,
náufragos sem tumba,
bandoleiros que grelhavam gado,
deixando costelas calcinadas feito folhas de palmeira pela praia,
depois a pança espumosa, raivosa
da onda gigante engolindo Port Royal,
e isso foi o Jonas,
mas cadê a sua Renascença?
Senhor, está trancada nessas areias marinhas,
além da prateleira alvoroçada dos recifes,
onde as caravelas iam a pique;
ponham estes óculos de mergulho, os guiarei eu mesmo.
Lá tudo é sutil e submerso,
entre colunatas de coral,
passando os vitrais góticos das gorgonias marinhas
até onde a garoupa tosca, com olhos de ônix,
pisca, com o peso de suas joias, como uma rainha careca;
e essas cavernas com abóbadas de cracas
esburacadas como pedras
são nossas catedrais,
e a fornalha antes dos furacões:
Gomorra. Ossos moídos por moinhos de vento
viram calcário e fubá,
e assim foram as Lamentações —
foram só Lamentações,
não foram História;
então surgiu, como espuma no lábio seco do rio,
o restolho marrom das aldeias
cobrindo e solidificando-se em cidades,
e ao poente, coros de mosquitos
e, sobre eles, agulhas de campanários
perfurando o flanco de Deus
enquanto Seu filho se põe, e eis o Novo Testamento.
Então vieram as irmãs brancas aplaudindo
o progresso das ondas,
e isso foi a Abolição —
júbilo, Oh, júbilo —
súbito sumindo
enquanto tranças-de-sereias secam ao sol,
mas isso não foi História,
isso foi só fé,
então de cada rocha nasceu uma nação,
veio a assembleia de moscas,
veio a garça secretarial,
veio o sapo-boi coaxando por votos,
pirilampos com ideias brilhantes
e morcegos como embaixadores a jato
e o louva-a-deus, policial de farda cáqui,
e as lagartas peludas os juízes
examinando cada caso de perto,
e então nas orelhas morenas das samambaias
e na risada salina dos rochedos
com suas piscinas de maré, havia o som
como um rumor sem qualquer eco
de História, começando agora.
**
The Sea Is History
Where are your monuments, your battles, martyrs?
Where is your tribal memory? Sirs,
in that grey vault. The sea. The sea
has locked them up. The sea is History.
First, there was the heaving oil,
heavy as chaos;
then, like a light at the end of a tunnel,
the lantern of a caravel,
and that was Genesis.
Then there were the packed cries,
the shit, the moaning:
Exodus.
Bone soldered by coral to bone,
mosaics
mantled by the benediction of the shark’s shadow,
that was the Ark of the Covenant.
Then came from the plucked wires
of sunlight on the sea floor
the plangent harps of the Babylonian bondage,
as the white cowries clustered like manacles
on the drowned women,
and those were the ivory bracelets
of the Song of Solomon,
but the ocean kept turning blank pages
looking for History.
Then came the men with eyes heavy as anchors
who sank without tombs,
brigands who barbecued cattle,
leaving their charred ribs like palm leaves on the shore,
then the foaming, rabid maw
of the tidal wave swallowing Port Royal,
and that was Jonah,
but where is your Renaissance?
Sir, it is locked in them sea-sands
out there past the reef’s moiling shelf,
where the men-o’-war floated down;
strop on these goggles, I’ll guide you there myself.
It’s all subtle and submarine,
through colonnades of coral,
past the gothic windows of sea-fans
to where the crusty grouper, onyx-eyed,
blinks, weighted by its jewels, like a bald queen;
and these groined caves with barnacles
pitted like stone
are our cathedrals,
and the furnace before the hurricanes:
Gomorrah. Bones ground by windmills
into marl and cornmeal,
and that was Lamentations—
that was just Lamentations,
it was not History;
then came, like scum on the river’s drying lip,
the brown reeds of villages
mantling and congealing into towns,
and at evening, the midges’ choirs,
and above them, the spires
lancing the side of God
as His son set, and that was the New Testament.
Then came the white sisters clapping
to the waves’ progress,
and that was Emancipation—
jubilation, O jubilation—
vanishing swiftly
as the sea’s lace dries in the sun,
but that was not History,
that was only faith,
and then each rock broke into its own nation;
then came the synod of flies,
then came the secretarial heron,
then came the bullfrog bellowing for a vote,
fireflies with bright ideas
and bats like jetting ambassadors
and the mantis, like khaki police,
and the furred caterpillars of judges
examining each case closely,
and then in the dark ears of ferns
and in the salt chuckle of rocks
with their sea pools, there was the sound
like a rumour without any echo
of History, really beginning.
- Derek Walcott [tradução Rodrigo Garcia]. In: LOPES, Rodrigo Garcia. Como um rumor, sem qualquer eco - Natureza e história nos versos de um celebrado poeta caribenho. In: Suplemento Pernambuco, 12 de março 2022.
§§
Anadiômene
Os ombros de uma brilhante nereida
À beira da areia branca, deslizam nos rasos do mar;
Coxas emaranhadas na alga dourada,
Flash de barbatana, ou mão de mulher?
Algas dissolvem-se no cabelo cor de aço
Onde antes seios lácteos, agora espuma,
Coxa ou golfinho cortou o espaço?
Meio mulher ou meio peixe, ou uma
Mulherpeixe, que continuem sem dono
Seus esquivos mistérios.
Ferida, sua chaga se fecha no sono,
Como água ao redor do remo,
Como remo nenhum fere o mar.
Confusos, os sentidos despertam
Para uma nova delícia,
Ela tomou para si a
Música-e-luz marinha.
**
Anadyomene
The shoulders of a shining nereid
Glide in warm shallows, nearing the white sand;
Thighs tangled in the golden weed,
Din fin flash there, or woman's hand?
Weed dissolves to burnished hair,
Foam now, where was milk-white breast,
Did thigh or dolphin cleave the air?
Half-woman and half-fish, or best
Both fish and woman, let them keep
Their elusive mystery.
Hurt, the wound shuts itself in sleep,
As water closes round the oar,
And as no oar can wound the sea.
Confused, the senses waken
To a renewed delight,
She to herself has taken
Sea-music and sea-light.
- Derek Walcott [tradução Rodrigo Garcia Lopes]. In: Rodrigo Garcia Lopes / facebook, 2 de fevereiro 2024
**************
- Saint Lucian Nobel Laureate, Derek Walcott
DEREK WALCOTT - POEMAS EM TRADUÇÕES PORTUGUESAS
AMOR DEPOIS DO AMOR
Chegará o tempo
em que, com alegria,
te saudarás a ti mesmo ao tocares
à tua porta, ao olhares-te no espelho,
e cada um dará ao outro as boas-vindas com um sorriso,
e dirá, senta-te aqui e come.
Amarás de novo o estranho que há em ti.
Oferece-lhe vinho. E pão. Devolve o teu coração,
ao estranho que te amou
toda a tua vida, aquele a quem trocaste
por outro, aquele para quem não tens segredos.
Varre as cartas de amor da estante,
as fotografias, os bilhetes desesperados,
Arranca a pele à tua imagem no espelho.
Senta-te. Festeja contigo a tua vida.
**
LOVE AFTER LOVE
The time will come
when, with elation,
you will greet yourself arriving
at your own door, in your own mirror,
and each will smile at the other’s welcome,
and say, sit here. Eat.
You will love again the stranger who was your self.
Give wine. Give bread. Give back your heart
to itself, to the stranger who has loved you
all your life, whom you ignored
for another, who knows you by heart.
Take down the love letters from the bookshelf,
the photographs, the desperate notes,
peel your own image from the mirror.
Sit. Feast on your life.
- Derek Walcott [tradução Jorge Sousa Braga]. In: Voar Fora de Asa, 29 de maio de 2022.
**************
- Derek Walcott - poeta e dramaturgo caribenho | Prêmio Nobel da Literatura (1992)
FORTUNA CRITICA DEREK WALCOTT
AGUIAR, Flávio. Walcott, Derek. Ilhas Windward, 1930 – Cap Estate (Santa Lucía), 2017. In: USP, s/data. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
CÉSAIRE, Aimé. From Discourse on colonialism. In: WILLIAMS, Patrick & CHRISMAN, Laura (Ed.; Int.). Colonial Discourse and Post-Colonial Theory: a reader. New York: Columbia University Press, 1994. p. 172-180.
ALTARES, Guillermo. Derek Walcott defende a cultura mestiça. [Entrevista concedida por Derek Walcott ao jornal El País] / reproduzida, com tradução de Clara Allain. In: Folha de São
Paulo - Ilustrada, São Paulo, 29 de junho de 1994. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
AUBERT, André Caramuru. Poemas de Derek Walcott: {poemas traduzidos: "Rua Bleecker, verão", "Jundus", "Estrela", "Para Norline ", "Hart Crane ", "Poema nº 54 do livro White Egrets" e "Alto verão I"}.. tradução / edição bilíngue. In: Rascunho, edição 229, maio de 2019. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
BARROS, Lúcia Cristina de.. Walcott filho de Ogum. In: Folha de São Paulo, 25 de junho de 1995. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
BERNAL, Reygar. O eu e os outros: dialética de conciliação em dois poemas de Derek Walcott. In: Núcleo [online]. 2010, vol.22, n.27, pp.115-131. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
BEZERRA, Antony Cardoso. O Homem e o Mar: 'Ode Marítima', de Álvaro de Campos, e 'O Mar É História', de Derek Walcott. In: Scripta (PUCMG), v. 15, p. 85-98, 2011. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
BLOOM, Harold. O Cânone Ocidental: os livros e a escola do tempo. Tradução Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1994
BOMFIM, Renata Oliveira. Epopéia das Antilhas: a poesia épica de Derek Walcott. In: Caderno de Cultura Pensar, Jornal A Gazeta/ES, p. 5 - 15 abr. 2012.
BORGES, Guilherme. Representando e traduzindo Atos de Identidade: o caso do Caribe. In: Revista Belas Infiéis , v. 5, p. 31-44, 2016.
BOTELHO, Marcos. Estratégias da Poética Pós-Colonial: Derek Walcott por uma épica menor (Dissertação Mestrado em Literatura e Diversidade). Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, 2002. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
BOTELHO, Marcos. Imagens do Brasil migrante em Terra Estrangeira. In: Revista Leituras Contemporâneas: RLC/ Centro Universitário Jorge Amado – Vol.4, n.7 (jan./dez. 2009). Salvador: UniJorge, 2009.
BOTELHO, Marcos. Tocata e fuga para dois perdidos em terra(s) estrangeira(s). In: Anais do XI Encontro Regional da ABRALIC, São Paulo, 2007. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
BOTELHO, Marcos. O-meros: navegantes (epopéia alternativa). In: Revista Hyperion Letras/ Universidade Federal da Bahia – ILUFBA, nº 6 (1998- 99). Salvador: Edufba, 1999.
CAPPUCCI, Maria Angela Silva . Contribuições de Derek Walcott e Édouard Glissant para a narrativa histórica contemporânea desde o Caribe. In: Revista Eletrônica da ANPHLAC, v. XIII, p. 214-234, 2014. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
CAPPUCCI, Maria Angela Silva. Imagens - Mundo e História na Literatura de Derek Walcott. (Tese Doutorado em História). Universidade de Brasília, UnB, 2009.
CAPPUCCI, Maria Angela Silva. . Iconografia e história na literatura de Derek Walcott. In: Revista Brasileira do Caribe, v. 7. n. 14, jan/jun 2007. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
CAPPUCCI, Maria Angela Silva. As Imagens-Mundo em Derek Walcott. In: Revista Brasileira do Caribe do Centro de Estudos do Caribe no Brasil Cecab Ufg, Goiânia, v. V, n.9, p. 31-49, 2004.
CAVALHO, Isaías Francisco de.. Omeros e Viva o povo brasileiro: outrização produtiva e identidades diaspóricas no Caribe Estendido (Tese Doutorado em Letras e Linguística). Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2012. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
CAVALHO, Isaías Francisco de.. Omeros-Walcott: outrização produtiva: uma poética semi-utópica dos encontros culturais (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, UFBA, 2003. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
CARVALHO, Isaias Francisco de.. Escrituras criativas: Freud e Walcott. In: Interdisciplinar - Revista de Estudos em Língua e Literatura, v. 19. n. 2, ano VIII, jul-dez 2013. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
CARVALHO, Isaias Francisco de.. O narrador pós-colonial. In: Anais do I Conlire - Congresso Nacional de Linguagens e Representações: Linguagens e Leituras; UESC – Ilhéus, Bahia - outubro de 2009. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
CIOFFI, Silvio. Poesia a partir de fragmentos / "Derek Walcott". {transcrição de Clara Allain}. In: Folha de S. Paulo, +mais!, São Paulo, 28 maio 1995. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
COULTHARD, George Robert. Race and Colour in Caribbean Literature. London: Oxford UP, 1962.
CUNHA JR., Henrique Antunes; VIEIRA, Lilian Cavalcanti Fernandes. Derek Walcott e Omeros: uma discussão sobre a problemática das identidades afro-caribenhas. In: Revista Brasileira do Caribe (Impresso), v. XI, p. 11/1518-6784-44, 2010. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
CRUZ, Décio Torres. O diário de Robinson Crusoé. Tradução do poema “Crusoe’s journal” de Derek Walcott. Revisão de Marta Rosas. In: Iararana, n. 4. Salvador: s.n., 2001, p. 59-62.
CRUZ, Décio Torres. Fragmentação e perda de identidade na literatura caribenha: condição (pós) moderna ou (pós) colonial?. In: Estudos Linguísticos e Literários, n.21-22, Salvador, Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística, Universidade Federal da Bahia, junho/dezembro, 1998.
CRUZ, Décio Torres. Literatura (pós-colonial) caribenha de língua inglesa. Salvador: EDUFBA, 2016. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
DEREK Walcott. In: Letras In.Verso e Re.Verso, 20 de março 2017. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
DOUMERC, Eric. Derek Walcott, White Egrets. In: Miranda, 6 2012. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
GONÇALVES, Leo. Negritude: o quebra-cabeça da literatura das Antilhas. In: Outras Mídias (Suplemento de Pernambuco), 22.7.2022 Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
HIRSCH, Edward. Derek Walcott. In: Fractal, n. 10, julio-septiembre de 1998, año III, vol. III, pp. 63-74. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
HOWLEY, Ellen. How James Joyce’s works informed a generation of Caribbean writers - Aimé Césaire, George Lamming, Maryse Condé, Paule Marshall, Derek Walcott and Lorna Goodison were all influenced by Joyce. In: Irish Times, jul, 5, 2022. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024).
KING, Bruce. Derek Walcott: a Caribbean life. Oxford: Oxford University Press, 2000.
LOPES, Rodrigo Garcia. Como um rumor, sem qualquer eco - Natureza e história nos versos de um celebrado poeta caribenho {O Mar é História. Derek Walcott / tradução}. In: Suplemento Pernambuco, 12 de março 2022.
LOPES, Rodrigo Garcia. No fim deste verso há uma porta se abrindo. Derek Walcott [poemas / tradução Rodrigo Garcia Lopes]. In: Revista Piauí, n. 152, maio de 2019. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
LUCAS, Julian. Tributo ao épico das Américas de Derek Walcott. In: Estadão, 29.4.2017. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
MAROTTA, Patrícia Vasconcelos Cavalcanti de.. Relendo as heranças identiárias em uma tradução: Omeros, de Derek Walcott. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Parana, UFPR, 2020. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
MORRIS, Mervyn. Derek Walcott. In: KING, Bruce. West Indian literature. 2ª ed., London: Macmillan, 1995.
NASCIMENTO, Patrícia Pereira; BARZOTTO, Leoné Astride. A persistência da memória de Célia Sánchez na revolução cubana em 'Nunca fui primeira dama'. In: REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS, v. 3, p. 98-125, 2018. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
OLIVEIRA, Carlos André Cordeiro de.. A poética arquipelágica, submarina e subterrânea: os imaginários (de)coloniais em Édouard Glissant e Derek Walcott. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, 2021. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
PAES, José Paulo. Uma epopéia grega no Caribe. In: Folha de São Paulo, +mais!, 19 de fevereiro 1995. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
PETERSON, Michel. Resenha: 'Une autre vie', de Derek Walcott.. In: Nuit Blanche, n. 91, Quebec, Qc, p. 10-11.
POEMAS. Os cem melhores poemas do século / Os outros 90 poemas mais votados. In: Folha de S. Paulo, +mais!, 2 de janeiro de 2000. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
PUCHEU, Alberto. Derek Walcott. [tradução e apresentação].. {Poemas traduzidos: 'Desfecho'/ 'Winding Up'; 'Mapa do novo mundo - Arquipélagos, I' / 'Map of the new world' - 'I Archipelagos'; 'Verão, Tobago' / 'Midsummer, Tobago'; 'Nomes' / 'Names'; 'Fins' / 'Endings'; 'Preparando para o Exílio' / 'Preparing for Exile'; 'Iona: Vale Mabouya' / 'Iona: Valle Mabouya'; 'Um Grito Distante da África' / 'A Far Cry from Africa'}. In: Escamandro, 14.9.2016. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
PUCHEU, Alberto. Derek Walcott; A palavra exilada. In: Karl Erik Schollhammer; Roberto Barros de Carvalho. (Org.). Literatura Hoje; os vencedores do Nobel 1990-2014. 1ª ed., Rio de Janeiro: Alberto, 2015, v. 1, p. 28-32.
RENAUX, Sigrid Paula Maria Lange Scherrer. Uma Voz No Caribe: A Poesia Crioula de Derek Walcott. In: Estudos Anglo-Americanos, São José do Rio Preto, v. 16, p. 119-126, 1992.
RENAUX, Sigrid Paula Maria Lange Scherrer. Uma voz no Caribe: a poesia crioula de Derek Walcott. In: Eloá Heise. (Org.). Facetas da Pós-Modernidade: a questão da modernidade. São Paulo: FFLCH/USP, 1996, v. 2, p. 121-130.
RENAUX, Sigrid Paula Maria Lange Scherrer. Uma Voz No Caribe: A Poesia Crioula de Derek Walcott.. In: Anais do V Encontro Nacional da ANPOLL, 1991, Porto Alegre. Anais do V Encontro Nacional da ANPOLL. Porto Alegre, RGS: ANPOLL, 1991. p. 162-167.
REZENDE, Marcelo. Derek Walcott recria a tradição no Caribe. In: Folha de São Paulo, Ilustrada, 19 de dezembro 1994. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
SANTOS, José de Paiva dos. Derek Walcott and the Tradition of Poetic Diction. (Dissertação Mestrado em Literatura Comparada). Brigham Young University - Provo/Utah, B.Y.U., Estados Unidos, 1997.
SANTOS, José de Paiva dos.. Apprenticeship and Dialogism in Derek Walcott's Poetics. In: Cadernos Literários (FURG), Editora da FURG, v. 9, p. 45-50, 2004.
SANTOS, José de Paiva dos. Caribbean Heteroglossia: the Question of Languge, Originality and Identity in Derek Walcott's Poetry.. In: Crop (FFLCH/USP) (Cessou em 2006), São Paulo, v. 9, p. 279-300, 2003.
SOUZA, Carlos de.. Manuel Bandeira e Derek Walcott: o Caribe é aqui. In: Agora, Natal, v. 5, a. 3, n. 1, maio 2003.
VIEIRA, Lilian Cavalcanti Fernandes. Omeros: vozes de identidade e cultura em Derek Walcott. (Tese Doutorado em Educação). Universidade Federal do Ceará, UFCE, 2012. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024)
WALTER, Roland Gerhard Mike. Édouard Glissant e Derek Walcott: poética inter/transbiótica e descolonização. In: Margarete Nascimento dos Santos; Vanessa Massoni da Rocha. (Org.). CARIBE, CARIBES: tessituras literárias em relação. 1ª ed., Curitiba: CRV, 2022, v. 1, p. 263-278.
ZAGO, Lago. Ekphrasis Through Otherness: The Transformation of Imagery in Derek Walcott`s White Egrets. (Dissertação Mestrado em Inglês: Estudos Linguísticos e Literários). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2015. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
ZAMUNER, Amanda B.. La expresión de la identidad lingüística y cultural en el caribe costarricense. In: Signo y Seña, 18, 139-168, 2007. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
ZAMUNER, Amanda B.. Traduciendo la historia: Omeros, de Derek Walcott. In: Bridging Cultures nº 1, 2016. Disponível no link. (acessado em 24.3.2024).
****
AMIZADES LITERÁRIAS
- La rencontre historique avec Aimé Césaire à qui Derek Walcott avait demandé la lecture d'un passage de sa poésie | France - Antilles/Martinique
- Mark Strand, Joseph Brodsky, Adam Zagajewski and Derek Walcott -, New York, 1986, photo by Jill Krementz
- Les Murray with Derek Walcott, Joseph Brodsky and Seamus Heaney, Dún Laoghaire International Writers Conference, 1988
- Czeslaw Milosz, Joseph Brodsky, Rita Dove, Derek Walcott, and Octavio Paz | Yale University Libray
- Joseph Brodsky (left) and fellow Nobel Prize Laureate Derek Walcott in the park of Alfred Nobel’s home at Björkborn, Sweden, 1993 | Photo: Bengt Jangfeldt / The Nobel Prize
- Nadine Gordimer, Derek Walcott, Wole Soyinka and Toni Morrison gather during an event in honor of Soyinka’s 70th birthday at Harvard University’s Kennedy School of Government in Cambridge, Massachusetts, in 2005 | photo ©Robert Spencer / The New York Times
- St. Lucia, 1995: poet, playwright and Nobel Laureate for Literature, Derek Walcott (1930-2017) | © Inge Morath © The Inge Morath Foundation/Magnum Photos
- Derek Walcott (Hon.’93) at the Boston Playwrights’ Theatre in 1993. Walcott founded the theater when he joined BU in 1981 and often worked there with student playwrights and actors | Photo by BU Photography
Joseph Brodsky and Derek Walcott |
****
Derek Walcott - Photograph by Richard Avedon / © The Richard Avedon Foundation
PINTURAS / AQUARELAS DE DEREK WALCOTT
La Pastora Garden, Santa Cruz, watercolour, 1992, Derek Walcott (The Walcott Collection)
Street of Gros Ilet, St. Lucia, watercolour, 2002, Derek Walcott (The Walcott Collection)
Immortelle, Santa Cruz, watercolour, 2001, Derek Walcott (The Walcott Collection)
Papa Bois, from the Ti-Jean storyboard, watercolour, 1993, Derek Walcott (The Walcott Collection)
Ti Jean & His Brothers, Watercolour on paper, Derek Walcott (The Walcott Collection)
Detail _ At the gate, petit Valley, watercolour, c. 1980, n. 31 (Derek Walcott Estate / Medulla Art Gallery)
Detail _ Country fete, 2001, n. 35 - Derek Walcott (Derek Walcott Estate / Medulla Art Gallery)
********************
DESENHOS E CARICATURAS DE DEREK WALCOTT
O poeta, dramaturgo e ensaísta Derek Walcott nasceu em 1930, em Castries, na ilha de Santa Lucia. Formou-se na Universidade das Índias Ocidentais, na Jamaica, e em 1957 obteve uma bolsa para estudar teatro nos Estados Unidos. Como poeta, publicou entre outros livros In a green night (1962), The gulf (1969), Sea grapes (1976), The fortunate traveller (1981), The bounty (1997) e The prodigal (2004). Em 1992, tornou-se o primeiro escritor caribenho a receber o prêmio Nobel de literatura. Viveu em Londres e em Trinidad, e durante muitos anos dividiu seu tempo entre a ilha de Santa Lucia e os Estados Unidos, onde lecionou na Universidade de Boston até se aposentar, em 2007.
Derek Walcott - (autor n. identificado)
Derek Walcott - by Tullio Pericoli
Derek Walcott by Jennyarya2007 on DeviantArt
© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
© Seleção e organização dos poemas: José Alexandre da Silva
© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros
© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros
=== === ===
Trabalhos sobre o autor
Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina.
Erros ou atribuições incorretas
:: Caso você encontrar algum erro nos avise através do nosso "e-mail de contato" para que possamos consertar e atualizar as informações;
:: Contribua para que as informações do Templo Cultural Delfos estejam sempre corretas;
:: Primamos pelo conteúdo e a qualidade das informações aqui difundidas;
:: Valorizamos o autor, a obra, o leitor, o patrimônio e a memória cultural da humanidade.
Conteúdo, textos, fotos, caricaturas, charges, imagens e afins
:: Sem identificação: nos ajude a identificar o autor, fontes e afins.
:: Autor(a): caso não concorde com a utilização do seu trabalho entre em contato.
Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina.
Erros ou atribuições incorretas
:: Caso você encontrar algum erro nos avise através do nosso "e-mail de contato" para que possamos consertar e atualizar as informações;
:: Contribua para que as informações do Templo Cultural Delfos estejam sempre corretas;
:: Primamos pelo conteúdo e a qualidade das informações aqui difundidas;
:: Valorizamos o autor, a obra, o leitor, o patrimônio e a memória cultural da humanidade.
Conteúdo, textos, fotos, caricaturas, charges, imagens e afins
:: Sem identificação: nos ajude a identificar o autor, fontes e afins.
:: Autor(a): caso não concorde com a utilização do seu trabalho entre em contato.
COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da. (pesquisa, seleção, edição e organização). Derek Walcott - poeta e dramaturgo caribenho. In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da. (pesquisa, seleção, edição e organização). Derek Walcott - poeta e dramaturgo caribenho. In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
:: Página atualizada em 27.3.2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos a visita. Deixe seu comentário!