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Adam Zagajewski - poeta, romancista, ensaísta e tradutor polonês

  • Adam Zagajewski - foto © Peter-Andreas Hassiepen

Adam Zagajewski (1945-2021) - poeta, romancista, ensaísta e tradutor, nasceu em Lviv, então território polaco, mas integrado na Ucrânia no ano seguinte. Cresceu em Gliwice, Silésia, e estudou Filosofia e Psicologia em Cracóvia. Membro da «geração de 68», refractária ao regime comunista, viu proibidos alguns dos seus livros.

Após a instauração da Lei Marcial de 1981 exilou-se em Paris, onde colaborou com a imprensa dos círculos da emigração. Em 1988, tornou-se professor na Universidade do Texas, em Houston. Em 2002, regressou a Cracóvia. Foi professor visitante na Universidade de Chicago.

A sua obra tem sido objecto de um número invulgar de traduções (das quais se destacam, em qualidade e repercussão, as inglesas), tanto a poesia como os volumes de ensaios e memórias. Para polaco, traduziu livros de Mircea Eliade e Raymond Aron. Foram-lhe atribuídas diversas distinções, entre as quais o Prémio Literário Internacional Neustadt, o Griffin Poetry Prize, o Prémioola, Premio Princesa de Asturias de Las Letras 2017
- Editora Tinta da China



OBRA DO POETA ADAM ZAGAJEWSKI PUBLICADO EM PORTUGUÊS


Ensaios
:: Em defesa do fervor. Adam Zagajewski. [tradução Eneida Favre; revisão Piotr Kilanowski]. Coleção Biblioteca Âyiné. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2021

Em antologias
:: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996. {Poema: "Derrota"/ Adam Zagajewski}.
:: Folhetim: poemas traduzidos. Vários autores. [organização Nelson Ascher; apresentação Matinas Suzuki Jr / vários tradutores; inclui biografia dos poetas e tradutores]. São Paulo: Editora da Folha, 1987.
----------
:: Poemas da greve e da guerra - de poetas poloneses - [tradução Ana Cristina César e Grazyna Drabik]. In: Polônia o Partido, a Igreja, o Solidariedade [organização Grazyna Drabik, Rubem César Fernandes]. Cadernos do ISER, n. 15. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984. {poetas presentes: Adam Zagajewski, Czesław Miłosz, Anna Kamieńska, Anka Kowalska e Ryszard Krynicki, entre outros}.

Em revistas
:: Adam Zagajewski (1945-2021) - poemas, p. 88-89 / Poesia Sempre - Polônia. [editor e apresentação Marco Lucchesi; editor adjunto Ruy Espinheira Filho; coordenação editorial Raquel Fábio, Raquel Martins Rêgo e Tarso Tavares; vários tradutores]. In: Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15, 2008. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008.  Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
* Ver outras referências em fortuna crítica

Em Portugal

Poesia
:: Sombras de Sombras. Adam Zagajewski. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue polaco/português. Lisboa: Tinta da China, 2017. {Coleção de poesia da Tinta-da-China, coordenada por Pedro Mexia}.

Em antologias 
:: Lisbon Revisted - Dias de Poesia: leituras na casa de Fernando Pessoa, 14 e 14 de junho de 2018 - antologia. Poemas de Adam Zagajewski; Ana Luísa Amaral; Jorge Sousa Braga; Amalia Bautista; Harryette Mullen; Luís Quintais; e Margarida Vale de Gato / Tradutores Inês Dias (poemas de Amalia Bautista); Margarida Vale de Gato (poemas de Harryette Mullen); Marco Bruno, com revisão de Jorge Sousa Braga (poemas de Adam Zagajewski).. [organização Casa Fernando Pessoa]. Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 2018. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024). {Adam Zagajewski - poemas, p. 6-19) 
:: Afagando a Face de Lorca: Uma Antologia. [selecção e tradução Francisco José Craveiro de Carvalho; prefácio Manuel Portela].. Colecção: azulcobalto # 087. Lajes do Pico: Companhia das Ilhas, 2020 {poetas na antologia: Adam Zagajewski, Amalia Bautista, Aram Saroyan, Arvind Krishna Mehrotra, Billy Collins, Charles Simic, David Lehman, Eunice de Souza, Howie Good, J. R. Solonche, Jane Hirshfield, Jennifer Clement, José Luis García Martín, Luis Alberto de Cuenca, Mark Young, Michael Dylan Welch, Nathalie Handal, Neil Curry, Owen Bullock, Pat Boran, Roger Wolfe e Steve Klepetar}. Obs.: Poemas originais (em inglês e em castelhano) e em português.


  • Adam Zagajewski - ft. Marijan Murat/AP

UMA BREVE ANTOLOGIA POÉTICA DE ADAM ZAGAJEWSKI - EM EDIÇÃO BILÍNGUE

Observamos que em alguns poemas não constam os originais, na medida que encontrarmos os mesmos vamos inseri-los aqui.


Poemas sobre a Polônia 
Estou lendo poemas sobre a Polônia escritos
por poetas estrangeiros. Alemães e russos
têm não somente metralhadoras, mas também
tinta, canetas, um pouco de coração e muita
imaginação. A Polônia nos poemas deles
parece um rinoceronte audaz
que pasta sobre a lã das tapeçarias. É bela,
fraca e imprudente. Não sei
como funciona o mecanismo da ilusão
mas até mesmo eu, um leitor sábio,
fico encantado com esse indefeso país de fadas
de que se nutrem os falcões negros, os imperadores
famintos: o Terceiro Reich e a Terceira Roma.
.
[1979]

**

Wiersze o Polsce 
Czytam wiersze o Polsce pisane
przez obcych poetów. Niemcy i Rosjanie
mają nie tylko karabiny, lecz także
atrament, pióra, trochę serca i dużo
wyobraźni. Polska w ich wierszach
przypomina zuchwałego jednorożca,
który żywi się wełną gobelinów, jest
piękna, słaba i nierozważna. Nie wiem,
na czym polega mechanizm złudzenia,
ale i mnie, trzeźwego czytelnika,
zachwyca ten baśniowy, bezbronny kraj,
którym żywią się czarne orły, głodni
cesarze, Trzecia Rzesza i Trzeci Rzym.
.
[1979]
- Adam Zagajewski [tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik]. In: Polônia: o Partido, a Igreja, o Solidariedade. organização Grazyna Drabik e Rubem César Fernandes. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984.

§§

Nós, os operários
Nós, os operários dos estaleiros e dos cais
Venceremos, ganharemos esta luta difícil
Para ter um amanhã seguro
Para ter os sindicatos livres
E voltaremos logo ao trabalho

Oh! Deus, Deus, meu Deus, quanto tempo
Quanto tempo dura esta greve
Por que não fazem o acordo ........................................... (refrão)
Por que não aceitam nossos postulados
Que pensem o quanto isto custa a todos nós

Nossos corações, nosso pensamento sempre voltam
A esse Dezembro* que não podemos esquecer
Agora sabemos como fazer a greve
E como negociar com o governo
Para que nossas exigências sejam cumpridas

Oh! Deus, Deus, meu Deus, quanto tempo...   .......................... (refrão)
refrão)

Nossas mulheres, nossas mães estão conosco
De todo coração, toda alma nos desejam
Que logo terminemos esta greve
E voltemos para casa
Mas ainda terão que esperar

Oh! Deus, Deus, meu Deus, quanto tempo...       ....................(refrão)
 (refrão)

Gdansk, agosto 1980
(canção de autoria popular que se tornou
um hino dos grevistas nos estaleiros)
**
- Adam Zagajewski [tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik]. In: Polônia: o Partido, a Igreja, o Solidariedade. organização Grazyna Drabik e Rubem César Fernandes. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984.
------------------------
* Dezembro de 1970, quando as greves no litoral (em Gdansk e Szczecin) foram brutalmente reprimidas pela milícia e pelo exército, com dezenas de mortos e feridos.

§§

Derrota
De verdade
As amizades se aprofundam,
sabemos viver somente na derrota.
Amor vigilante levanta a cabeça.
Até as coisas tornam-se puras.
Andorinhas dançam no ar,
à vontade no abismo.
Tremem as folhas dos álamos.
Só o vento é imóvel.
Silhuetas sombrias dos inimigos contrastam
com o fundo claro da esperança. Cresce 
a coragem. Eles, os chamamos. Nós, chamamos 
a nós mesmos. O chá amargo agrada tem gosto 
de provérbio bíblico. Que 
não nos surpreenda a vitória.
.
[1981]

**

Kleska 
Naprawdę umiemy żyć dopiero w klęsce.
Przyjaźnie pogłębiają się,
miłość czujnie podnosi głowę.
Nawet rzeczy stają się czyste.
Jerzyki tańczą w powietrzu
zadomowione w otchłani.
Drżą liście topoli,
tylko wiatr jest nieruchomy.
Ciemne sylwetki wrogów odcinają się
od jasnego tła nadziei. Rośnie
męstwo. Oni, mówimy o nich, my, o sobie,
ty, o mnie. Gorzka herbata smakuje
jak biblijne przepowiednie. Oby
nie zaskoczyło nas zwycięstwo.
.
[1981]
- Adam Zagajewski [tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik]. In: Polônia: o Partido, a Igreja, o Solidariedade. organização Grazyna Drabik e Rubem César Fernandes. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984.

§§

Espinhos  
Se os ditadores quisessem
ler os nossos poemas ferozes, raivosos
e bem trabalhados, a poesia
com certeza mudaria o mundo. Mas
as rosas também não conhecem os versos
que lhes são dedicados.
Os espinhos não bebem sangue

**

Thorns  
If, also, the dictators wanted
to read our bitter, furious, and
thoroughly worked-out poems, then poetry
certainly would change the world. But
roses, too, do not know the poems devoted
to them. Thorns don't drink blood.

....................................................Translated from the Polish by John Carpenter

**

Kolce
Gdyby jeszcze dyktatorzy zechcieli,
Czytać nasze gniewne, wściekłe i
Solidnie opracowane wiersze, poezja
Na pewno zmieniłaby świat. Ale
Róże także nie znają poświęconych
Im utworów. Kolce nie piją krwi.
- Adam Zagajewski [tradução Ana Cristina Cesar e Grazyna Drabik]. In: Polônia: o Partido, a Igreja, o Solidariedade. organização Grazyna Drabik e Rubem César Fernandes. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1984.

§§

Eliade
Romênia, melancolia, longos passeios
a pé ou de canoa (a tempestade no Danúbio
podia terminar em tragédia),
depois a viagem a índia, Lisboa, Londres,
afinal Paris - rue Vaneau - e Chicago.
Quis ser como Buda ou Sócrates -
tirar-nos dos porões da História.
Centelha dos deuses - conjurava, - ensina-me o riso da alegria!
Centelha dos deuses, põe de pé os refugiados abatidos
da Moldávia, para que dancem, para que esqueçam
as casas arruinadas, a enchente, os túmulos.
Judeus, não tenhais medo das perseguições,
espera-vos um momento de êxtase, a felicidade.
Centelha dos deuses, livra-nos da tirania trivial
dos Neros, dos Tibérios modernos;
ar, abre as comportas da magia.
Porém até os objetos diminutos - alfinetes,
correias, pentes
- conhecem o sabor da eternidade.
Pois os arqueólogos não os encontram
na poeira e no barro onde repousam em paz,
como se fossem sonhados pelos grandes pintores?
Pensionistas deste século, não sabeis
que por toda parte há lumes de alegria,
que os bons espíritos nos seguem na ponta dos pés,
e que seus corações invisíveis batem levemente
como pequenos martelos numa ária de Mozart?
O historiador da religião - escreveu sobre ele Cioran - não sabe rezar.
A salvação é uma onda alta, cega, batendo
em costa de areia, se houver costa, oceano,
nuvem negra ou lua, governadora do céu.
Os demônios da Europa do Leste, que eram sua paixão,
vieram ao seu funeral no cemitério americano
e riram inaudíveis, admirados.
- Adam Zagajewski [tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud / com pequenas modificações In: Poesia Sempre - Polônia. [editor e apresentação Marco Lucchesi; editor adjunto Ruy Espinheira Filho; coordenação editorial Raquel Fábio, Raquel Martins Rêgo e Tarso Tavares; vários tradutores]. In: Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008 / Originalmente publicado em 'Aproximações'. Brasília/Lisboa/Cracóvia, n. 3, 1989

§§

Derrota 
De fato conseguimos viver nas derrotas.
As amizades aprofundam-se
o amor esperto ergue a cabeça.
Até as coisas se tornam limpas.
As andorinhas brincam no ar
instaladas sobre o abismo.
As folhas dos álamos tremulam.
As aparições escuras do inimigo projetam-se
contra a base brilhante da esperança. A coragem
cresce. Eles, dizemos deles, nós, de nós,
tu, de mim. O chá amargo agrada
como uma profecia bíblica. Tomara que
a vitória não nos surpreenda.

**

Kleska  
Naprawdę umiemy żyć dopiero w klęsce.
Przyjaźnie pogłębiają się,
miłość czujnie podnosi głowę.
Nawet rzeczy stają się czyste.
Jerzyki tańczą w powietrzu
zadomowione w otchłani.
Drżą liście topoli,
tylko wiatr jest nieruchomy.
Ciemne sylwetki wrogów odcinają się
od jasnego tła nadziei. Rośnie
męstwo. Oni, mówimy o nich, my, o sobie,
ty, o mnie. Gorzka herbata smakuje
jak biblijne przepowiednie. Oby
nie zaskoczyło nas zwycięstwo.

...... z Oda do wielkości (1982)
- Adam Zagajewski [tradução Aleksandar Jovanovic]. In: Céu vazio: 63 poetas eslavos. organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic. São Paulo: Hucitec, 1996.

§§

Filósofos 
Deixem de nos iludir filósofos
o trabalho não é uma dádiva o homem não é o objetivo
maior
o trabalho é o suor mortal Senhor quando eu chegar em casa
queria dormir mas dormir é apenas uma correia
que me transporta ao dia seguinte e o sol é uma moeda
falsa manhã rasgando minhas pálpebras seladas como
antes
nascer minhas mãos, terceirizadas e mesmo
minhas lágrimas não me pertencem elas participam na
vida pública
qual alto-falantes de lábios ressecados e um coração que
brotou no cérebro
O trabalho não é uma dádiva mas dor incurável
como uma doença da consciência nua como novas
moradias sociais
através dos quais vestindo coturnos de couro
passa o vento cidadão

**

Stop deceiving us philosophers
work is not a joy man is not the highest goal
work is deadly sweat Lord when I get home
I’d like to sleep but sleep’s just a driving belt
transporting me to the next day and the sun’s a fake
coin morning rips my eyelids sealed as before
birth my hands are two Gastarbeiter and even
my tears don’t belong to me they participate in public life
like speakers with chapped lips and a heart that’s
grown into the brain
Work is not a joy but incurable pain
like a disease of the open conscience like new housing
projects
through which the citizen wind passes
in his high leather boots.

**

Filozofowie
Przestańcie nas oszukiwać filozofowie
praca nie jest radością człowiek nie najwyższym celem
praca jest potem śmiertelnym Boże kiedy wracam do domu
chciałabym spać lecz sen jest tylko pasem transmisyjnym
który podaje mnie następnemu dniu a słońce to fałszywa
moneta rano rozdziera moje powieki zrośniętej przed
narodzinami moje ręce to dwoje gastarbeiterów i nawet
łzy nie należą do mnie biorą udział w życiu publicznym
jak mówcy ze spierzchniętymi wargami i sercem które
zrosło się z mózgiem
Praca nie jest radością lecz bólem nieuleczalnym
jak choroba otwartego sumienia jak nowe osiedla
przez które w wysokich skórzanych butach
przechodzi obywatel wiatr
- Adam Zagajewski [tradução do inglês por Felipe Guarnieri / a partir da tradução de Clare Cavanagh. In: ZAGAJEWSKI, Adam. Selected poems. London: Faber and faber, 2004].// In: GUARNIERI, Felipe. Traduções de Charles Simic, Derek Walcott, Adam Zagajewski, Frank O’hara, on Paterson, John Keats, Tamîm Ibn Muqbil. In: Revista Texto Poético, vol. 18, 1º semestre, 2015.

§§

Arco-íris 
Retornei à Rua Longa com seu negro
halo de poluição incrustada – e à Rua Karmelicka
onde bêbados de faces azuis esperam
o fim do mundo em delirium tremens
feito os anacoretas de Antioquia, e onde
bondes tremem pelo excesso de tempo,
e à minha juventude, que não quis
esperar e não sobreviveu, vítima de longos
afogos e estritas vigílias, voltei a
ruelas sombrias e aos sebos,
a conspirações capazes de ocultar
afetos e traições, à preguiça,
aos livros, ao tédio, ao esquecimento, ao chá,
à morte, que levou tantos
e não devolveu ninguém,
a Kazimierz, bairro vacante,
vazio mesmo de lamentação,
a uma cidade de chuva, ratos e lixo,
à infância, que se evaporou
como uma poça brilhante com um arco-íris de gasolina,
à universidade, que ainda tenta desairosamente
seduzir uma nova geração de ingênuos,
a uma cidade que agora vende
até os próprios muros, desde que vendeu
sua fidelidade e honra há tanto tempo, a uma cidade
a que amo desconfiadamente
e a qual nada posso oferecer
senão o que já esqueci e o que me lembro
senão um poema, senão a vida. 

**

Rainbow 
I returned to Long Street with its dark
halo of ancient grime — and to Karmelicka Street,
where drunks with blue faces await
the world’s end in delirium tremens
like the anchorites of Antioch, and where
electric trams tremble from excess time,
to my youth, which didn’t want
to wait and passed on, perished from long
fasting and strict vigils, I returned to
black side streets and used bookshops,
to conspiracies concealing
affection and treachery, to laziness,
to books, to boredom, to oblivion, to tea,
to death, which took so many
and gave no one back,
to Kazimierz, vacant district,
empty even of lamentation,
to a city of rain, rats, and garbage,
to childhood, which evaporated
like a puddle gleaming with a rainbow of gasoline,
to the university, still trying clumsily
to seduce yet another naive generation,
to a city now selling
even its own walls, since it sold
its fidelity and honor long ago, to a city
I love mistrustfully
and can offer nothing
except what I’ve forgotten and remember
except a poem, except life.

.......................................... Translated from the Polish by Clare Cavanagh
- Adam Zagajewski [tradução Pedro Gonzaga a partir do inglês]. In: GONZAGA, Pedro. Poesia em Casa – O detalhe lírico: dois poemas de Adam Zagajewski. In: Estado da Arte, 18.6.2017.

§§

A professora de dicção se aposenta 
da escola de teatro
Alta, tímida, digna
de uma maneira antiquada,
Ela dá adeus aos estudantes, à faculdade,
e olha ao redor com suspeição.
Ela tem certeza de que eles mutilarão a língua mãe
impiedosa e impunemente.
Ela apanha o certificado (verificará
os erros depois). Dá meia-volta e desaparece na coxia,
nas sombras aveludadas dos holofotes,
em silêncio.
Ficamos sozinhos
a retorcer línguas e lábios.

**

The diction teacher retires 
from the theater school
Tall, shy, dignified
in an old-fashioned way,

She bids farewell to students, faculty,
and looks around suspiciously.

She’s sure they’ll mangle their mother tongue
ruthlessly and go unpunished.

She takes the certificate (she’ll check
for errors later). She turns and vanishes offstage,

in the spotlights’ velvet shadows,
in silence.

We’re left alone
to twist our tongues and lips.

**

Nauczycielka dykcji w szkole teatralnej 
odchodzi na emeryturę
Jest wysoka, nieśmiała i elegancka
nieco staroświecką elegancją.

Żegna się ze studentami, profesorami,
i nieufnie rozgląda się dokoła.

Jest pewna, że będą kaleczyć język,
boleśnie i bezkarnie.

Przyjmuje dyplom (później sprawdzi poprawność
sformułowań). Odwraca się i znika w kulisach,

w aksamitnym cieniu reflektorów, 
w ciszy.

Zostaniemy teraz sami.
Będziemy kaleczyć język i usta.
.......................................... Translated from the Polish by Clare Cavanagh
- Adam Zagajewski [tradução Pedro Gonzaga a partir do inglês]. In: GONZAGA, Pedro. Poesia em Casa – O detalhe lírico: dois poemas de Adam Zagajewski. In: Estado da Arte, 18.6.2017.

§§

Jardins de Luxemburgo
Os apartamentos de Paris não temem nem o vento, nem a imaginação 
— são sólidos pesos de papel,
a antítese de sonhar.

Brancos barcos trilham o rio, abalroados de gente
exigindo saudações das margens;
embaladas pelo champanhe liquidam o passado.

Um par de turistas ricos emerge de um táxi
em trajes luminosos; garçons os servem
em fraques cujos cortes resistem a todas as modas.

Mas os Jardins de Luxemburgo começam a se esvaziar 
e se tornam um grande e silencioso herbário;

não se lembram de todos aqueles que certa vez
percorreram suas avenidas, sem perceber que estavam mortos.

Mickiewicz viveu aqui, e mais adiante August Strinberg
atrás da pedra filosofal
que nunca encontrou.

A tarde cai. A noite sóbria vem chegando do leste,
taciturna e perturbada.
A noite vem da Ásia, e não faz perguntas.

Ser estrangeiro é esplêndido, um prazer frio.
Luzes amareladas iluminam as janelas do Sena
(eis o real mistério: a vida dos outros).

Eu sei — a cidade já não guarda segredos.
Mas há plátanos, praças, cafés, ruas aconchegantes,
e a visão das nuvens luminosas que morrem lentamente.

**

Luxembourg Garden
Parisian apartment houses fear neither wind nor imagination
– they’re ponderous paperweights,
the antitheses of dreams.

White boats race along the river, filled with crowds
demanding greetings from those who stand on shore;
their effervescence liquidates the past.

A pair of wealthy tourists emerges from a cab
in gleaming garb; they’re served by waiters
wearing frock coats that fashion cannot change.

But the Luxembourg Garden grows empty now
and becomes a giant, mute herbarium;

it’s forgotten all those who once
strolled its paths and haven’t noticed they’re no longer living.

Mickiewicz lived here, and there August Strindberg
labored over the philosopher’s stone
he never found.

Dusk falls. Solemn night, taciturn and worried,
arrives from the east.
The night comes from Asia and doesn’t ask questions.

Foreignness is lovely, a cold joy.
Yellow lights illuminate the windows on the Seine
(something truly enigmatic: other people’s lives).

I know – there’s no mystery here now.
But there are plane trees, squares, cafés, friendly streets,
and the bright gaze of clouds that slowly dies.

................................ ©Translated from the Polish by Clare Cavanagh 2008
- Adam Zagajewski [tradução Pedro Gonzaga a partir do inglês]. In: GONZAGA, Pedro. Poesia em Casa – O detalhe lírico: dois poemas de Adam Zagajewski. In: Estado da Arte, 2.5.2020. 

§§

Assistindo ao "Shoah" num quarto de hotel na América 
A noite pode ser delicada como o pelo de um potro,
mas nós preferimos jogar xadrez ou baralho: aqui
os hóspedes do hotel cantavam happy birthday to you
enquanto o televisor caolho embaralhava as imagens com indiferença.
As árvores da minha infância cruzaram o oceano
e me cumprimentavam secamente da tela.
Os camponeses poloneses envolviam-se nas disputas teológicas
com lábia jesuíta, só os judeus calavam,
cansados da longa agonia.
Os riachos das minhas férias fluíam com prudência
pelo continente alheio, estranho a eles.
As carroças carregavam cabelos no lugar de feno
e seus eixos rangiam sob o peso fofo.
Somos inocentes, declaravam os pinheiros.
Os SS-es se transformaram em anciões frágeis,
os médicos lutavam por seus corações, vidas, consciências.
Já estava tarde, sentia a ardilosa onda de sonolência.
Queria adormecer, adormecer, mas os hóspedes do hotel
gritavam cada vez mais alto happy birthday to you
(gritavam mais alto que os judeus morrendo).
Os grandes caminhões levavam as estrelas do firmamento,
os trens melancolicamente andavam na chuva.
Sou inocente, justificava-se Mozart,
só o álamo tremedor tremia como sempre,
confessando qualquer crime.
Onde está minha casa – cantavam os judeus tchecos.
Não existe casa, as casas ardem, nas casas assobia o gás frio.
Estava cada vez mais sonolento e inocente.
O televisor me assegurava: nós dois estamos acima de qualquer suspeita.
O aniversário tornava-se cada vez mais ruidoso.
Amontoados numa pirâmide que tocava o céu
os sapatos de Auschwitz queixavam-se silenciosamente:
infelizmente, sobrevivemos à humanidade.
Durmamos, durmamos, não temos para onde ir.

**

Oglądając „Shoah” w pokoju hotelowym, w Ameryce
Noc bywa delikatna jak sierść źrebaka,
ale my wolimy szachy lub karty: oto
goście hotelowi śpiewali happy birthday to you
a jednooki telewizor obojętnie tasował obrazy.
Drzewa mojego dzieciństwa przepłynęły ocean
i pozdrawiały mnie oschle z ekranu.
Polscy chłopi wdawali się w teologiczne spory
z jezuicką swadą, tylko Żydzi milczeli,
zmęczeni długim umieraniem.
Strumienie moich wakacji płynęły ostrożnie
przez nieznany sobie, obcy kontynent.
Wozy drabiniaste wiozły włosy zamiast siana
i skrzypiały ich osie pod puszystym ciężarem.
Jesteśmy niewinne, oświadczały sosny.
Esesmani zamienili się w kruchych starców,
lekarze walczyli o ich serce, życie, sumienie.
Było już późno, czułem podstępną falę senności.
Chciałem zasnąć, zasnąć, ale goście hotelowi
coraz głośniej krzyczeli happy birthday to you
(wołali głośniej niż umierający Żydzi).
Wielkie ciężarówki zwoziły gwiazdy z firmamentu,
pociągi jechały melancholijnie w deszczu.
Jestem niewinny, usprawiedliwiał się Mozart,
tylko osika drżała jak zawsze,
przyznając się do każdej zbrodni.
Gdzie jest mój dom, śpiewali czescy Żydzi.
Nie ma domu, domy płoną, w domach gwiżdże zimny gaz.
Byłem coraz bardziej senny i niewinny.
Telewizor zapewniał mnie: my obaj
jesteśmy poza wszelkim podejrzeniem.
Urodziny stawały się coraz bardziej huczne.
Usypane w sięgającą nieba piramidę
buty Oświęcimia skarżyły się cicho:
niestety, przeżyłyśmy ludzkość.
Śpijmy, śpijmy, nie mamy dokąd pójść.
- Adam Zagajewski [tradução de Piotr Kilanowski]. In: KILANOWSKI, Piotr. Vinte e dois poetas poloneses: uma pequena antologia de poesia em tradução. Belas Infiéis, Brasília, v. 9, n. 2, p. 31-64, 2020.

§§

Planos, relatórios
Primeiro são os planos,
depois os relatórios.
Eis a língua em que
conseguimos nos entender
Tudo tem de estar previsto
Mais tarde é preciso
relatar tudo.
O que acontece mesmo
não chama a atenção de ninguém.

**

Plany, sprawozdania
Naprzód są plany,
potem sprawozdania
Oto jakim językiem
umiemy się porozumiewać
Wszystko musi być przewidziane
O wszystkim trzeba
później opowiedzieć
To, co zdarza się naprawdę
nie zwraca niczyjej uwagi
- Adam Zagajewski. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: XANTO | Adam Zagajewski: In Memoriam, por Marcelo Paiva de Souza. Escamandro, 31.5.2021. 

§§

Comunicado
Se você vive em um Estado deficitário,
em que o grande número de discursos
compensa tudo que não é dito,
em que jardins botânicos e herbários
são um modelo de correção de linguagem
e o prato predileto da população
são as pombas da paz, se você mora em um país
de rosas que queimam, de ruas cada vez mais rápidas,
em que a cidade se curva como um girassol
e os bosques crescem unanimemente,
onde cada um traz consigo sua foto
e os nomes dos mortos, onde se professa
uma irônica religião de lembranças e de dupla fé,
me escreva; coleciono postais,
me interesso por música, pintura,
filatelia, esporte e poesia.

**

Komunikat
Jeśli żyjesz w państwie deficytowym,
w którym wielka ilość przemówień
równoważy wszystkie niedomówienia,
w którym ogrody botaniczne i zielniki
są wzorem poprawności językowej
a ulubioną potrawą ludności
są gołąbki pokoju, jeśli mieszkasz w kraju,
w którym płoną róże, ulice są coraz szybsze,
miasto pochyla się jak słonecznik
i jednomyślnie rosną lasy,
gdzie każdy nosi przy sobie swoją fotografię
i imiona zmarłych, gdzie wyznaje się
ironiczną religię wspomnień i podwójnej wiary,
napisz do mnie; zbieram widokówki,
interesuję się muzyką, malarstwem,
filatelistyką, sportem i poezją.
- Adam Zagajewski. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: XANTO | Adam Zagajewski: In Memoriam, por Marcelo Paiva de Souza. Escamandro, 31.5.2021. 

§§

Na beleza alheia
Só na beleza alheia
há consolo, na música
alheia, na poesia alheia.
Só nos outros há salvação,
embora saiba a ópio estar
sozinho. Os outros não são o inferno
quando os vemos de manhã e
têm a fronte limpa, lavada pelos sonhos.
Por isso penso longamente
na palavra a usar, ele ou você. Cada ele
é traição de algum você, mas
em troca o poema alheio espera
para uma conversa certa e serena.

**

W cudzym pięknie
Tylko w cudzym pięknie
jest pocieszenie, w cudzej
muzyce i obcych wierszach.
Tylko u innych jest zbawienie,
choćby samotność smakowała jak
opium. Nie są piekłem inni,
jeśli ujrzeć ich rano, kiedy
czyste mają czoło, umyte przez sny.
Dlatego długo myślę, jakiego
użyć słowa, on czy ty. Każde on
jest zdradą jakiegoś ty, lecz
za to w cudzym wierszu wiernie
czeka chłodna rozmowa.
- Adam Zagajewski. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: XANTO | Adam Zagajewski: In Memoriam, por Marcelo Paiva de Souza. Escamandro, 31.5.2021. 

§§

Vendo Shoah em um quarto de hotel, na América
A noite costuma ser suave como o pelo de um potro,
mas preferimos o xadrez ou o carteado: alguns
hóspedes do hotel entoavam happy birthday to you
e o olho da televisão, indiferente, embaralhava imagens.
As árvores da minha infância cruzaram o oceano
e me saudavam secamente da tela.
Campônios poloneses se metiam em disputas teológicas
com uma verve de jesuítas, só os judeus calavam,
cansados de sua longa morte.
As correntezas das minhas férias fluíam cautelosas
em um continente desconhecido, estrangeiro.
Carroças carregavam cabelos em vez de feno
e seus eixos rangiam sob o peso macio.
Somos inocentes, declaravam os pinheiros.
Os SS se transformaram em frágeis idosos,
médicos lutavam por seu coração, vida, consciência.
Já era tarde, eu sentia uma onda ardilosa de sono.
Queria dormir, dormir, mas os hóspedes do hotel
berravam cada vez mais alto happy birthday to you
(clamavam mais alto que os judeus agonizantes).
Grandes caminhões traziam estrelas do firmamento,
trens seguiam melancolicamente na chuva.
Sou inocente, justificava-se Mozart,
só o choupo tremia como sempre,
pronto a confessar quaisquer crimes.
Onde é minha casa, cantavam os judeus tchecos.
Não há casa, as casas queimam, sibila nas casas um gás frio.
Eu me sentia mais e mais sonolento e inocente.
A televisão me assegurava: nós dois
estamos além de toda suspeita.
O aniversário era cada vez mais ruidoso.
Amontoados em uma pirâmide beirando o céu,
os sapatos de Oświęcim se queixavam surdamente:
eis, então, sobrevivemos à humanidade.
Durmamos, durmamos, não nos resta aonde ir.

**

Oglądając Shoah w pokoju hotelowym, w Ameryce
Noc bywa delikatna jak sierść źrebaka,
ale my wolimy szachy lub karty: oto
goście hotelowi śpiewali happy birthday to you
a jednooki telewizor obojętnie tasował obrazy.
Drzewa mojego dzieciństwa przepłynęły ocean
i pozdrawiały mnie oschle z ekranu.
Polscy chłopi wdawali się w teologiczne spory
z jezuicką swadą, tylko Żydzi milczeli,
zmęczeni długim umieraniem.
Strumienie moich wakacji płynęły ostrożnie
przez nieznany sobie, obcy kontynent.
Wozy drabiniaste wiozły włosy zamiast siana
i skrzypiały ich osie pod puszystym ciężarem.
Jesteśmy niewinne, oświadczały sosny.
Esesmani zamienili się w kruchych starców,
lekarze walczyli o ich serce, życie, sumienie.
Było już późno, czułem podstępną falę senności.
Chciałem zasnąć, zasnąć, ale goście hotelowi
coraz głośniej krzyczeli happy birthday to you
(wołali głośniej niż umierający Żydzi).
Wielkie ciężarówki zwoziły gwiazdy z firmamentu,
pociągi jechały melancholijnie w deszczu.
Jestem niewinny, usprawiedliwiał się Mozart,
tylko osika drżała jak zawsze,
przyznając się do każdej zbrodni.
Gdzie jest mój dom, śpiewali czescy Żydzi.
Nie ma domu, domy płoną, w domach gwiżdże zimny gaz.
Byłem coraz bardziej senny i niewinny.
Telewizor zapewniał mnie: my obaj
jesteśmy poza wszelkim podejrzeniem.
Urodziny stawały się coraz bardziej huczne.
Usypane w sięgającą nieba piramidę
buty Oświęcimia skarżyły się cicho:
niestety, przeżyłyśmy ludzkość.
Śpijmy, śpijmy, nie mamy dokąd pójść.
- Adam Zagajewski. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: XANTO | Adam Zagajewski: In Memoriam, por Marcelo Paiva de Souza. Escamandro, 31.5.2021. 

§§

Tenta cantar este mundo machucado
Tenta cantar este mundo machucado.
Lembra-te dos longos dias de junho
e dos morangos silvestres, gotas de vinho rosé.
Das urtigas que tomaram, metodicamente,
as casas abandonadas dos exilados.
Tens de cantar este mundo machucado.
Viste navios e iates elegantes;
um tinha pela frente uma longa viagem,
por outro, esperava apenas um salgado nada.
Viste refugiados seguindo para parte alguma,
ouviste carrascos cantarolando alegremente.
Tinhas de cantar este mundo machucado.
Lembra-te dos instantes em que, juntos
no alvor do quarto, a cortina se alvoroçou.
Volta na mente ao concerto, quando a música eclodiu.
No outono, colhias no parque os frutos dos carvalhos
e as folhas esvoaçavam sobre as cicatrizes da terra.
Canta este mundo machucado
e a peninha cinza perdida pelo tordo,
e a luz delicada que vagueia e se vai
e regressa.

**

Spróbuj opiewać okaleczony świat
Spróbuj opiewać okaleczony świat.
Pamiętaj o długich dniach czerwca
i o poziomkach, kroplach wina rosé.
O pokrzywach, które metodycznie zarastały
opuszczone domostwa wygnanych.
Musisz opiewać okaleczony świat.
Patrzyłeś na eleganckie jachty i okręty;
jeden z nich miał przed sobą długą podróż,
na inny czekała tylko słona nicość.
Widziałeś uchodźców, którzy szli donikąd,
słyszałeś oprawców, którzy radośnie śpiewali.
Powinieneś opiewać okaleczony świat.
Pamiętaj o chwilach, kiedy byliście razem
w białym pokoju i firanka poruszyła się.
Wróć myślą do koncertu, kiedy wybuchła muzyka.
Jesienią zbierałeś żołędzie w parku
a liście wirowały nad bliznami ziemi.
Opiewaj okaleczony świat
i szare piórko, zgubione przez drozda,
i delikatne światło, które błądzi i znika
i powraca.
- Adam Zagajewski. [tradução Marcelo Paiva de Souza]. In: XANTO | Adam Zagajewski: In Memoriam, por Marcelo Paiva de Souza. Escamandro, 31.5.2021. 

§§


Ir a Lviv
.................................................... Aos meus pais
Ir a Lviv. De que estação ir
a Lviv, senão no sono, de madrugada,
quando o orvalho pousa nas malas e nascem
trens expressos e trens-bala. Sair de repente à
Lviv, no meio da noite, de dia, em setembro
ou março. Se Lviv existe, debaixo
das cobertas de fronteiras e não apenas no meu
novo passaporte, se as bandeiras das árvores
– dos freixos e choupos – continuam a respirar alto
como os índios, se os riachos balbuciam em seu
obscuro esperanto e as cobras-d’água como o sinal
brando em russo desaparecem
na grama. Fazer malas e partir, sem qualquer
despedida, ao meio-dia, desaparecer assim
como senhoritas desmaiando. E as bardanas, um exército
verde das bardanas, e embaixo, sob os guarda-sóis
no café veneziano, os caracóis conversam
sobre a eternidade. Mas a catedral se eleva,
você lembra, tão vertical, tão vertical
como o domingo e os guardanapos brancos e um balde
no chão cheio de framboesas e o meu
desejo que ainda não viera à tona,
só os jardins e ervas daninhas e o âmbar
das cerejas e Fredro[1] indecente.
Sempre havia Lviv em demasia, ninguém conseguia
entender todos os bairros, ouvir
o sussurro de cada pedra queimada pelo
sol, igreja ortodoxa calada à noite bem
diferente da catedral, os jesuítas batizavam
as plantas, folha por folha, mas elas cresciam,
cresciam loucamente, e a alegria escondia-se
em todo lugar, nos corredores e nos moinhos
de café que giravam sozinhos, em chaleiras
azuis e em amido de batata que era o primeiro
formalista, em gotas da chuva e espinhos
das rosas. A forsítia com frio amarelava sob a janela.
Batiam os sinos e o ar tremia, as cornetas
das freiras navegavam como escunas ao lado
do teatro, havia tanto mundo que precisava
bisar inúmeras vezes,
o público enlouquecia e não queria
sair da sala. As minhas tias ainda
não sabiam que um dia as ressuscitaria,
e viviam tão confiantes e tão ensimesmadas,
as empregadas corriam a comprar nata fresca,
limpas e engomadas, em casas um pouco de
zanga e grande esperança. Brzozowski[2]
veio dar conferências, um dos meus
tios escrevia um poema sob o título Por quê,
dedicado ao Todo-Poderoso e havia Lviv
em demasia, não cabia no vaso,
rebentava os copos, transbordava os
açudes, lagos, fumegava em todas
as chaminés, transformava-se em fogo e tempestade,
ria com relâmpagos, se amansava,
voltava para casa, lia o Novo Testamento,
dormia no sofá debaixo de um tapete hutsul,
havia Lviv em demasia e agora não há
nada, crescia sem parar e a tesoura
cortava, os jardineiros frios como sempre
em maio, sem piedade sem amor
ah esperai que venha o junho
quente e as samambaias macias, o campo
imenso do verão, ou seja, da realidade.
Mas a tesoura cortava, ao comprido e por meio
das fibras, os alfaiates, os jardineiros e os censores
cortavam o corpo e as grinaldas, os podões trabalhavam
incansáveis, como nos desenhos recortados das crianças
onde é preciso aparar um cisne ou uma cerva.
As tesouras, os canivetes e as giletes raspavam,
cortavam e encurtavam os vestidos fofos
dos prelados e das praças e dos edifícios, as árvores
caíam silenciosamente como na selva
e a catedral tremia e houve despedidas de madrugada
sem lenços e sem lágrimas, os lábios
secos assim, nunca mais te verei, tantas mortes
te esperam, porque cada cidade
há de se tornar Jerusalém e cada
ser humano tornar-se judeu e agora com pressa
fazer malas, sempre, cada dia
e ir embora, sem fôlego, ir a Lviv, pois ela
existe, serena e límpida como
pêssego. Lviv está em toda parte.

**

Oda do Wielości
Nie rozumiem wszystkiego i nawet
cieszę się, że świat jak niespokojny
ocean przerasta moją zdolność
pojmowania sensu wody, deszczu,
kąpieli w Stawie Piekarza, w pobliżu
granicy niemiecko-czeskiej, we
wrześniu 1980; szczegół bez większego
znaczenia, głęboki germański staw.
Niech niedotlenione Ego spokojnie
oddycha, pływak przecina linię
południka, jest wieczór, sowy budzą
się z dziennego snu, w oddali
leniwie warczą samochody. Kto raz
dotknął filozofii, jest zgubiony,
nie uratuje go wiersz, zawsze
pozostanie nie dająca się obliczyć
reszta, żal. Kto raz poznał szalony
bieg poezji, nie zazna więcej
kamiennego spokoju rodzinnej prozy,
gdzie każdy rozdział jest gniazdem
jednej generacji. Kto raz żył, nie
zapomni zmiennej przyjemności pór
roku, nawet łopiany będą mu się
śniły i pokrzywy, pająki niewiele
brzydsze od jaskółek. Kto raz zetknął
się z ironią, będzie parskał śmiechem
podczas wykładu proroka, kto raz
modlił się nie tylko suchymi wargami,
zapamięta obecność dziwnego echa
idącego od którejś ze ścian. Kto raz
milczał, nie będzie chciał mówić
przy deserze, kogo poraził szok
miłości, ten wróci do książek ze
zmienioną twarzą.
Stoisz, pojedyncza duszo, wobec
nadmiaru. Dwoje oczu, dwie ręce,
dziesięć pomysłowych palców i
tylko jedno Ego, ćwiartka pomarańczy,
najmłodsza z sióstr. Przyjemność
słyszenia nie psuje przyjemności
wzroku, lecz rausz wolności burzy
spokój pozostałych łagodnych zmysłów.
Spokój, grube nic, pełne słodkiego
soku jak gruszka we wrześniu.
Krótkie chwile szczęścia znikają
pod lawiną tlenu, w zimie samotny
gawron uderza dziobem o biały
lód jeziora, kiedy indziej
para dzięciołów spłoszona
przez siekierę szuka pod moim
oknem dostatecznie chorej topoli.
Nieobecna kobieta pisze długie
listy i tęsknota pęcznieje jak
opium; w muzeum egipskim na brązowym
papirusie roztarta ta sama
tęsknota, starsza o kilka tysięcy
lat, niezłomna i niezłamana.
Miłosne listy zawsze trafiają
w końcu do muzeum, ciekawscy są
wytrwalsi niż zakochani. Ego łapczywie
chwyta powietrze, rozum budzi się
z dziennego snu, pływak wychodzi
z wody. Piękna kobieta pozuje do
szczęścia, mężczyźni udają nieco
odważniejszych niż są naprawdę,
muzeum egipskie nie tai ludzkich
słabości. Istnieć, oby istnieć jeszcze,
być może oddając się w dzierżawę
którejś z zimnych gwiazd. I czasem
drwić z niej, że chłodna jest i śliska
jak żaba w stawie. Wiersz rośnie na
sprzeczności lecz jej nie zarasta.
- Adam Zagajewski [tradução Henryk Siewierski]. In: revista Piauí, edição nº 187, abril 2022. {Este poema faz parte do livro Jechac do Lwowa (Ir a Lviv), publicado em 1985}.  
-----
[1] Aleksander Fredro (1793-1876), poeta polonês.
[2] Stanisław Brzozowski (1878-1911), filósofo, escritor e crítico polonês.

§§

Se a Rússia 
Se a Rússia tivesse sido fundada
por Ana Akhmátova, se
Mandelstam fosse legislador
e Stálin apenas um personagem marginal
de uma epopeia georgiana
perdida, se a Rússia tirasse seu
hirsuto casaco de pele de urso
se pudesse viver da palavra e não
do punho cerrado, e se a Rússia, e se a Rússia

**

Gdyby rosja 
Gdyby Rosja została założona
przez Annę Achmatową, gdyby
Mandelsztam był prawodawcą
a Stalin tylko marginesową postacią
w zaginionym gruzińskim
eposie, gdyby Rosja zdjęła swoje
nastroszone niedźwiedzie futro,
gdyby mogła żyć w słowie, a nie
w pięści, gdyby Rosja, gdyby Rosja
- Adam Zagajewski [Tradução Piotr Kilanowski]. In: Relevo Periódico literário independente, Curitiba/PR, n. 10, a. 12, junho 2022 

§§

Amizades impossíveis
Por exemplo, com alguém que já não existe mais,
que vive apenas nas cartas amareladas.

Ou longas caminhadas à beira de um córrego,
cujas profundezas guardam xícaras de porcelana

ocultas — e conversas sobre filosofia
com um tímido estudante ou um carteiro.

Um transeunte de olhar altivo
a quem você nunca conhecerá.

Amizade com este mundo cada vez mais perfeito
(se não fosse pelo cheiro salgado de sangue).

O velho que lhe faz lembrar alguém
tomando café em St.-Lazare.

Rostos passando rapidamente
nos trens urbanos —

as felizes faces de viajantes que se dirigem talvez
para um esplêndido baile, ou para uma decapitação.

E a amizade consigo mesmo
— pois, afinal de contas, você não sabe quem é.

**

Impossible Friendships
For example, with someone who no longer is,
who exists only in yellowed letters.

Or long walks beside a stream,
whose depths hold hidden

porcelain cups—and the talks about philosophy
with a timid student or the postman.

A passerby with proud eyes
whom you’ll never know.

Friendship with this world, ever more perfect
(if not for the salty smell of blood).

The old man sipping coffee
in St.-Lazare, who reminds you of someone.

Faces flashing by
in local trains—

the happy faces of travelers headed perhaps
for a splendid ball, or a beheading.

And friendship with yourself
—since after all you don’t know who you are.

..................................... Translated from the Polish by Clare Cavanagh
- Adam Zagajewski. [tradução Nelson Santander a partir da versão do poema em inglês]. In: Singularidade – poesia e etc., 24.9.2023.

****

  • Adam Zagajewski - ft. Beata Zawrzel/NurPhoto

ADAM ZAGAJEWSKI - POEMAS EM TRADUÇÕES PORTUGUESAS



NÃO DEIXES QUE O LÚCIDO
MOMENTO SE DISSOLVA
Não deixes que o lúcido momento se dissolva
Que o radiante pensamento perdure na quietude
embora a página esteja quase cheia e a chama trémula
Não atingimos ainda o nível de nós próprios
O conhecimento cresce lentamente como um dente do siso
A estatura de um homem tem ainda uma incisura
lá no alto numa porta branca
De longe chega a voz alegre de um trompete
e uma canção enrolada como um gato
O que passa não cai no vazio
Um fogueiro alimenta com carvão o fogo
Não deixes que o lúcido momento se dissolva
numa substância dura e seca
Tens a obrigação de gravar a verdade

**

NIE POZWÓL ROZPŁYNĄĆ
SIĘ SKUPIENIU
Nie pozwól rozpłynąć się skupieniu
Niech nieruchomo trwa błyszcząca chwila
choć kończy się kartka i migoce płomień
Jeszcze nie dostajemy do siebie
powoli jak ząb mądrości rośnie wiedza
Jeszcze wysoko na białych drzwiach
zakarbowany wzrost człowieka
Z daleka słychać trąbki wesoły głos
i zwiniętą jak śpiący kot piosenkę
To co mija nie w próżnię się obraca
Wciąż nowy węgiel rzuca w ogień palacz
Nie pozwól rozpłynąć się skupieniu
W suchym twardym materiale
prawdę masz utrwalić
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

NA BELEZA CRIADA PELOS OUTROS
Só na beleza criada pelos outros 
existe consolação, na música 
e nos poemas dos outros Só os outros 
nos podem salvar, 
mesmo que a solidão tenha o sabor 
do ópio. Não são o inferno, os outros, 
se os espreitarmos de manhã, quando 
têm a testa limpa, lavada pelos sonhos. 
Por isso cismo muito sobre a palavra 
que hei-de usar, «ele» ou «tu». Cada «ele» 
é uma traição a qualquer «tu», mas, 
em troca, um poema de alguém fielmente 
oferece uma fresca, moderada conversa.

**

W CUDZYM PIĘKNIE
Tylko w cudzym pięknie
jest pocieszenie, w cudzej
muzyce i w obcych wierszach.
Tylko u innych jest zbawienie,
choćby samotność smakowała jak
opium. Nie są piekłem inni,
jeśli ujrzeć ich rano, kiedy
czyste mają czoło, umyte przez sny.
Dlatego długo myślę jakiego
użyć słowa, on czy ty. Każde on
jest zdradą jakiegoś ty, lecz
za to w cudzym wierszu wiernie
czeka chłodna rozmowa.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

ODE À MULTIPLICIDADE
Não compreendo tudo e até
me alegro por o mundo — como um irrequieto
oceano — superar a minha capacidade
de entendimento do sentido da água, da chuva,
dum mergulho no Lago do Padeiro, perto
da fronteira entre a Alemanha e a Chéquia, em
Setembro de 1980; um pormenor, sem grande
importância, um profundo lago germânico.
Deixem o não-oxigenado Ego serenamente
respirar, deixem o nadador cortar a linha
do meridiano, é de noite, os mochos acordam
do sono diurno, ao longe
preguiçosamente rodam os carros. Quem alguma vez
tocou a filosofia, está perdido,
não o salvará o poema, há-de
ficar sempre um resto, um arrependimento, uma saudade
impossível de quantificar. Quem alguma vez adquiriu a noção da desvairada
corrida da poesia não vai conhecer nunca mais
o pedregoso sossego da prosa familiar,
em que cada capítulo é o ninho
duma geração. Quem alguma vez viveu não
se vai esquecer do mutável prazer das estações
do ano, até com as bardanas e as urtigas
há-de sonhar, e com as aranhas não muito
mais feias do que as andorinhas. Quem alguma vez deparou
com a ironia vai-se rir às gargalhadas
durante a conferência do profeta. Quem alguma vez
rezou com mais do que uma boca seca
há-de lembrar-se para sempre da presença dum estranho eco
proveniente de uma das paredes. Quem alguma vez
ficou calado, não vai querer falar
no momento da sobremesa, quem ficou paralisado pelo choque
do amor há-de voltar aos livros de
rosto transfigurado.
Ergues-te, ó alma singular, perante
o excesso. Dois olhos, duas mãos,
dez engenhosos dedos e
um único Ego, um gomo de laranja,
a mais jovem das irmãs. O prazer
de ouvir não estraga o prazer
de olhar, mas a embriaguez da liberdade corrompe
o sossego dos restantes e suaves sentidos.
Sossego, espesso nada, cheio de doce
sumo como as peras em Setembro.
Os breves instantes de felicidade desaparecem
sob uma avalanche de oxigénio, no Inverno a gralha-calva
solitária golpeia com o bico o branco
gelo da lagoa, noutro momento
um par de pica-paus assustados
com um machado procura para lá
da minha janela um choupo suficientemente doente.
Uma mulher ausente escreve longas
cartas e a saudade intumesce como
ópio; no museu egípcio num papiro
castanho está espalhada essa mesma
saudade, mais velha alguns milhares
de anos, inabalável e inabalada.
As cartas de amor acabam sempre
no museu. Os curiosos são mais
tenazes do que os apaixonados. O Ego
sorve o ar com avidez, a razão acorda
do sono diurno, o nadador sai
da água. Uma bela mulher faz o papel
duma mulher feliz, os homens fingem ser
mais corajosos do que realmente são,
o museu egípcio não esconde as fraquezas
humanas. Existir, oxalá se possa ainda existir,
entregando-se talvez ao poder
duma das estrelas frias. E às vezes
troçar dela, por ser fresca e escorregadia
como uma rã num charco. O poema cresce
na contradição mas não consegue recobri-la.

**

ODA DO WIELOŚCI
Nie rozumiem wszystkiego i nawet
cieszę się, że świat jak niespokojny
ocean przerasta moją zdolność
pojmowania sensu wody, deszczu,
kąpieli w Stawie Piekarza, w pobliżu
granicy niemiecko-czeskiej, we
wrześniu 1980; szczegół bez większego
znaczenia, głęboki germański staw.
Niech niedotlenione Ego spokojnie
oddycha, pływak przecina linię
południka, jest wieczór, sowy budzą
się z dziennego snu, w oddali
leniwie warczą samochody. Kto raz
dotknął filozofii, jest zgubiony,
nie uratuje go wiersz, zawsze
pozostanie nie dająca się obliczyć
reszta, żal. Kto raz poznał szalony
bieg poezji, nie zazna więcej
kamiennego spokoju rodzinnej prozy,
gdzie każdy rozdział jest gniazdem
jednej generacji. Kto raz żył, nie
zapomni zmiennej przyjemności pór
roku, nawet łopiany będą mu się
śniły i pokrzywy, pająki niewiele
brzydsze od jaskółek. Kto raz zetknął
się z ironią, będzie parskał śmiechem
podczas wykładu proroka, kto raz
modlił się nie tylko suchymi wargami,
zapamięta obecność dziwnego echa
idącego od którejś ze ścian. Kto raz
milczał, nie będzie chciał mówić
przy deserze, kogo poraził szok
miłości, ten wróci do książek ze
zmienioną twarzą.
Stoisz, pojedyncza duszo, wobec
nadmiaru. Dwoje oczu, dwie ręce,
dziesięć pomysłowych palców i
tylko jedno Ego, ćwiartka pomarańczy,
najmłodsza z sióstr. Przyjemność
słyszenia nie psuje przyjemności
wzroku, lecz rausz wolności burzy
spokój pozostałych łagodnych zmysłów.
Spokój, grube nic, pełne słodkiego
soku jak gruszka we wrześniu.
Krótkie chwile szczęścia znikają
pod lawiną tlenu, w zimie samotny
gawron uderza dziobem o biały
lód jeziora, kiedy indziej
para dzięciołów spłoszona
przez siekierę szuka pod moim
oknem dostatecznie chorej topoli.
Nieobecna kobieta pisze długie
listy i tęsknota pęcznieje jak
opium; w muzeum egipskim na brązowym
papirusie roztarta ta sama
tęsknota, starsza o kilka tysięcy
lat, niezłomna i niezłamana.
Miłosne listy zawsze trafiają
w końcu do muzeum, ciekawscy są
wytrwalsi niż zakochani. Ego łapczywie
chwyta powietrze, rozum budzi się
z dziennego snu, pływak wychodzi
z wody. Piękna kobieta pozuje do
szczęścia, mężczyźni udają nieco
odważniejszych niż są naprawdę,
muzeum egipskie nie tai ludzkich
słabości. Istnieć, oby istnieć jeszcze,
być może oddając się w dzierżawę
którejś z zimnych gwiazd. I czasem
drwić z niej, że chłodna jest i śliska
jak żaba w stawie. Wiersz rośnie na
sprzeczności lecz jej nie zarasta.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

OS MEUS MESTRES
Os meus mestres não são infalíveis.
Não se trata de Goethe, que só conseguia
adormecer quando ao longe
gemiam os vulcões, nem de Horácio,
que escrevia na língua dos deuses
e dos sacerdotes. Os meus mestres
pedem-me conselhos. Vestindo macios
sobretudos deitados velozmente
por cima dos sonhos, ao romper dia, quando o vento
fresco interroga os pássaros, os meus
mestres falam por sussurros.
Consigo ouvir a sua voz trêmula. 

**

MOI MISTRZOWIE
Moi mistrzowie nie są nieomylni.
To nie Goethe, który nie może
zasnąć tylko wtedy, gdy w oddali
płaczą wulkany, ani Horacy,
piszący w języku bogów
i ministrantów. Moi mistrzowie
pytają mnie o radę. W miękkich
płaszczach narzuconych pośpiesznie
na sny, o świcie, gdy chłodny
wiatr przesłuchuje ptaki, moi
mistrzowie mówią szeptem.
Słyszę jak drży ich głos.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

O EU
É pequeno e invisível como os grilos
em Agosto. Gosta de fantasiar e mascarar,
como todos os anões. Mora entre
blocos de granito, entre verdades
prestáveis. Cabe até sob um
penso, sob uma venda. Não o encontrarão
os funcionários da alfândega nem os seus belos cães. Entre
hinos, entre alianças, esconde-se o eu.
Acampa nas Montanhas Rochosas do crânio.
Eterno fugitivo. Ele é eu próprio e eu
estou nele com a temerosa esperança de que finalmente
tenha encontrado um verdadeiro amigo. Mas ele
é solitário, tão desconfiado, não
aceita ninguém, nem a mim.
Adere aos acontecimentos históricos
como a água ao copo.
Poder-se-ia encher com ele uma jarra do neolítico.
É insaciável, quer fluir
por aquedutos, tem sede de vasos cada vez mais novos.
Quer saborear um espaço sem paredes,
difundir-se, difundir. Depois desaparece,
como o desejo, e no silêncio duma noite
de Agosto a única coisa que se consegue ouvir é a paciente
conversa dos grilos com as estrelas.

.................................................................n. Lviv, Ucrânia, 21 de Junho de 1945

**

JA
Jest małe i niewidoczne jak świerszcze
w sierpniu. Lubi się stroić i przebierać,
jak wszystkie karły. Mieszka pomiędzy
granitowymi blokami, między prawdami,
które służą. Mieści się nawet pod
plastrem, pod bandażem. Nie znajdą go
celnicy ani ich piękne psy. Między
hymnami, między partiami ukrywa się ja.
Nocuje w Górach Skalistych czaszki.
Wieczny uciekinier. Jest mną a ja
jestem w nim w trwożnej nadziei, że wreszcie
znalazłem przyjaciela. Lecz ono
jest samotne, tak nieufne, nie
przyjmuje nikogo, nawet mnie.
Do historycznych wydarzeń przylega
jak woda do szklanki. Równie dobrze
można by nim napełnić dzban neolitu.
Jest niezaspokojone, chce płynąć
akweduktami, łaknie coraz to nowych naczyń,
chciałoby posmakować przestrzeni bez ścian,
rozproszyć się, rozproszyć. Potem znika, 
jak pragnienie, i w ciszy sierpniowej
nocy słychać tylko jak cierpliwie
świerszcze rozmawiają z gwiazdami.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

SEM FORMA 
E se existisse apenas isto, 
uma árvore onde dormita uma estrela, 
a catedral de Chartres, vazia, 
e o guia que está com pressa, 
e mulheres à espera do comboio 
e uma musica fria como a saudade? 
E se existisse apenas isto, 
governos que alugam ministros 
e ministros que alugam 
polícias e uma pequena bruxa que 
na cama os beija nas bocas de cera, 
e dissidentes que protestam, 
e manifestantes que marcham
com crianças risonhas 
e uma música fresca como a sede, como o desejo 
e uma força que não dorme nunca? 
E se existisse apenas isto, 
as máscaras mortuárias dos poetas e pegadas de 
gigantes nas altas montanhas
e livros sobre o orgasmo do organismo, 
e negros elegantes que não me 
vêem e Keats que chora, 
e os ausentes, que não há, e vestígios 
tão leves como o do arsénico no cabelo
de Napoleão e as máscaras imóveis nos 
rostos petrificados, os museus dos sonhos 
que se fecharam e uma força que 
não quer adormecer e os símbolos da maçonaria 
que o Mozart pôs até no Requiem, 
enganando Deus. Tanta coisa por dizer, 
e mulheres que têm que viver nesta 
época, sem o terem pedido, 
e países, outrora livres, agora 
privados da casca como uma maçã, 
e o tempo, que não cessa de mudar, e eu, maduro,
sem forma. 
**
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

ANTIGAMENTE
Antigamente conseguíamos acreditar nas coisas
invisíveis, nas sombras e nas sombras delas,
numa luz escura e rósea como uma pálpebra.
Ah, as mandíbulas da máquina fotográfica
mordem as imagens. Conseguimos acreditar agora
só no antigamente, exactamente como o pobre
antigamente acreditava em nós, netos e bisnetos,
sonhando que um dia viríamos a sair da armadilha que
em cada geração encenam Danton
e Robespierre, Beria e outros ambiciosos
discípulos. Uma vez que não há refúgio,
há refúgio. Porque as coisas invisíveis
também existem, com sons
que ninguém ouve. Não há
consolação e há consolação, sob o
cotovelo do desejo, lá onde cresceriam
pérolas, se as lágrimas fossem dotadas de memória.
E contudo o patinador não perde o equilíbrio,
saindo às arrecuas do precipício. Contudo
tanto a alvorada como o leiteiro se levantam cedo
e correm na neve, deixando brancas pegadas,
que se enchem de água. Um pequeno pássaro bebe essa água
e canta mais uma vez
salva a desordem das coisas e a ti e a mim
e ao próprio canto.

**

DAWNIEJ
Dawniej potrafiliśmy wierzyć w rzeczy
niewidzialne, w cienie i ich cienie,
w światło ciemne i różowe jak powieka.
Ach, szczęka aparatu fotograficznego
gryzie obrazy. Więc umiemy wierzyć już
tylko w dawniej, tak samo jak biedne
dawniej wierzyło w nas, wnuków i prawnuków.
marząc, że wyjdziemy z pułapki, którą
w każdym pokoleniu inscenizują Danton
i Robespierre, Beria i inni ambitni
uczniowie. Ponieważ nie ma schronienia,
jest schronienie. Bo także rzeczy
niewidzialne istnieją i dźwięki,
których nikt nie słyszy. Nie ma
pocieszenia i jest pocieszenie pod
łokciem pragnienia, tam gdzie rosłyby
perły, gdyby łzy obdarzone były pamięcią.
A jednak łyżwiarz nie traci równowagi,
odpychając się od przepaści. A jednak
i świt i mleczarz zrywają się rano
i biegną w śniegu, zostawiając białe ślady,
które wypełniają się wodą. Tę wodę pije
mały ptak i śpiewa i jeszcze raz
ocala nieporządek rzeczy i ciebie i mnie
i śpiew.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

CONVERSA COM FRIEDRICH NIETZSCHE
Excelentíssimo Senhor Friedrich, 
tenho a impressão de estar a ver agora o senhor, 
no terraço do sanatório, ao amanhecer,
com o nevoeiro a cair e o canto a rebentar
nas gargantas dos pássaros. 
Não muito alto, a cabeça como um projéctil, 
o senhor está a escrever um novo livro
e uma estranha energia flui de si:
parece que vejo os seus pensamentos como se fossem
grandes exércitos em parada.
O senhor sabe que morreu a morena Anne Frank
e os seus colegas de escola e amigos, rapazes e raparigas,
os coetâneos, e as amigas dos seus amigos 
e os seus primos.
Quero perguntar-lhe o que é que são as palavras, o que é
a claridade, porque é que as palavras continuam a queimar 
passados cem anos, embora a terra
seja tão pesada. 
É óbvio que não existe nexo entre a iluminação 
e a obscura dor da crueldade.
Existem pelo menos dois reinos,
mas é possível que haja ainda mais. 
No caso, porém, de não haver Deus e de nenhuma força 
estabelecer conexões entre elementos antagónicos,
o que é que são então as palavras e qual é a origem
da sua luz interior? 
E qual a origem da alegria? E qual o destino do nada? 
Qual a morada do perdão? 
Porque é que os sonhos pequenos se dissipam ao chegar o dia 
enquanto os grandes continuam a crescer? 

**

ROZMOWA Z FRYDERYKIEM NIETZSCHEM
Wielce Szanowny Panie Fryderyku:
zdaje się, że widzę pana, tak,
na tarasie sanatorium, o świcie,
kiedy opada mgła i śpiew rozsadza
gardła ptaków.

Niewysoki, o głowie sklepionej jak pocisk,
pisze pan nową książkę
i dziwna energia płynie wokół pana:
zdaje się, że widzę pańskie myśli tańczące
jak wielkie wojska.

Pan wie, że umarła ciemnowłosa Anna Frank
i jej koledzy i koleżanki,
rówieśnicy, i koleżanki jej kolegów
i jej kuzyni.

Chcę pana spytać, czym są słowa i czym jest
jasność, dlaczego słowa płoną
nawet po stu latach, chociaż ziemia
jest taka ciężka.

To oczywiste, że nie ma związku między olśnieniem
i ciemnym bólem, okrucieństwem.
Istnieją przynajmniej dwa królestwa,
jeśli nie więcej.

Jeżeli jednak nie ma Boga i żadna siła
nie spaja różnych elementów,
to czym są słowa i skąd się bierze ich
wewnętrzne światło?

I skąd przychodzi radość? Dokąd idzie nicość?
Gdzie mieszka przebaczenie?
Dlaczego małe sny znikają nad ranem
a wielkie rosną?
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

MUDANÇA
Havia meses que não escrevia
nem um único poema.
Vivia com humildade, lendo os jornais,
pensando no enigma do poder
e nas causas da obediência.
Olhava para os pores-do-sol
(escarlates, cheios de inquietação),
escutava o emudecimento das vozes dos pássaros
e o silêncio da noite.
Via os girassóis a pendurarem
as cabeças ao lusco-fusco, como se um carrasco distraído
passeasse por entre os jardins.
No parapeito recolhia-se
a doce poeira de Setembro enquanto os lagartos
se escondiam nas curvaturas dos muros.
Dava longos passeios,
sedento duma coisa só:
dum relâmpago,
duma mudança,
de ti.

**

PRZEMIANA
Od miesięcy nie napisałem
ani jednego wiersza.
Żyłem pokornie, czytając gazety,
myśląc o zagadce władzy
i o przyczynach posłuszeństwa.
Oglądałem zachody słońca
(szkarłatne, pełne niepokoju),
słuchałem jak cichną głosy ptaków
i jak milczy noc.
Widziałem słoneczniki zwieszające
głowy o zmierzchu, jakby nieuważy kat
przechadzał się pośród ogrodów.
Na parapecie zbierał się
słodki pył września a jaszczurki
kryły się w załomach murów.
Chodziłem na długie spacery,
spragniony tylko jednego:
błyskawicy,
przemiany,
ciebie.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

O VIOLONCELO
Aqueles que não gostam dele dizem: não é senão 
um violino, que sofreu uma mutação 
e foi afastado do coro.
Não é verdade.
O violoncelo tem muitos segredos, 
mas nunca chora,
limita-se a cantar com voz grave. 
Nem tudo nele, contudo, se transforma
em canto. Às vezes pode-se ouvir 
uma espécie de bulício ou um sussurro:
estou só,
não consigo adormecer.

**

WIOLONCZELA 
Niechętni jej mówią: to tylko
skrzypce, które przeszły mutację
i zostały usunięte z chóru.
To nieprawda.
Wiolonczela ma niejeden sekret,
ale nigdy nie płacze,
tylko śpiewa grubym głosem.
Nie wszystko jednak zamienia się
w śpiew.Czasem można usłyszeć
jakby szmer albo szept:
jestem samotna,
nie mogę zasnąć.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

OS TRÊS ANJOS
De súbito, três anjos apareceram
aqui ao pé da padaria na Rua de São Jorge;
mais um inquérito sociológico,
suspirou um homem enfadado.
Não, começou por explicar, com paciência, o primeiro anjo,
gostaríamos só de saber
em que é que se tornaram as vossas vidas,
que sabor têm os dias e porque é que as noites
estão marcadas pelo desassossego e pelo medo.

É verdade, pelo medo, interveio uma adorável mulher
de olhos de sonho; mas eu sei o porquê.
As obras do pensamento humano soçobraram
e precisam de ajuda e apoio,
que não conseguem encontrar. Senhor, veja
– chamou “senhor” ao anjo! –
o exemplo de Wittgenstein. Os nossos sábios
e líderes são tristes e loucos
e sabem ainda menos do que nós,
pessoas comuns (mas ela não era
comum).

E também, disse um garoto
que andava a aprender a tocar violino, as tardes
são apenas uma maleta oca,
uma caixa vazia de mistérios,
enquanto de madrugada o cosmos parece completamente
alheio e seco, como a tela da televisão.
E para além disto não há muitos
que amem a música pela música em si.

Falaram também outros e as queixas multiplicavam,
compondo uma crescente sonata de raiva.
Se os senhores querem saber a verdade
– gritou um estudante alto, que
há pouco perdera a mãe – nós já estamos fartos
de morte e crueldade, doenças, perseguições
e longos períodos de um tédio imóvel
como o olho duma serpente. Temos tão pouca terra,
e demasiado fogo. Não sabemos quem somos.
Erramos pelo bosque e as estrelas negras
movem-se preguiçosas por cima de nós, como
se fossem apenas um sonho nosso.

E contudo, disse timidamente o segundo anjo,
há sempre um pouco de alegria e até a beleza
fica mesmo à mão, sob a casca
de cada hora, no coração calado da meditação,
e em cada um de vós esconde-se um homem
universal, forte, invencível.
As rosas bravas conservam por vezes o cheiro
da infância e nos dias feriados as garotas
saem para dar um passeio como sempre fizeram,
e na maneira como entrelaçam os cachecóis coloridos
há algo de imortal.
A memória vive no mar, no galope do sangue,
nas negras e queimadas pedras, nos poemas
e em toda a conversa serena.
O mundo é o mesmo de sempre,
cheio de sombras e de expectativa.

Podia ter falado ainda mais, mas a multidão crescia
e espalhavam-se
ondas de surda fúria,
até que por fim os enviados levantaram suavemente
voo, e no ar, ao afastarem-se,
docemente repetiam: paz é o que vos desejamos, paz
aos vivos e aos mortos e aos que ainda estão por nascer.
Só o terceiro anjo é que não proferiu palavra,
porque era o anjo do longo silêncio.
**
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

OS BÁRBAROS 
Nós é que éramos os bárbaros.
Pensando em nós é que vocês tremiam nos vossos palácios.
Era por estarem à nossa espera que o vosso coração batia desordenadamente.
Das nossas línguas é que vocês diziam:
talvez se componham só de consoantes,
de frufrus, sussurros e folhas secas.
Nós é que vivíamos nas florestas negras.
De nós é que tinha medo Ovídio em Tomi,
Nós é que adorávamos deuses com nomes
que vocês não conseguiam pronunciar.
Mas também nós conhecemos a solidão
e a angústia, e desejámos a poesia.

**

BARBARZYŃCY
To my byliśmy barbarzyńcami.
To przed nami drżeliście w waszych pałacach.
Na nas czekaliście z bijącym sercem.
To o naszych językach mówiliście:
chyba składają się wyłącznie z spółgłosek,
z szelestów, szeptów i suchych liści.
To my żyliśmy w czarnych lasach.
To nas bał się Owidiusz w Tomi,
to my czciliśmy bogów o imionach
których nie umieliście wymówić.
Ale my także zaznaliśmy samotności
i lęku, i zapragnęliśmy poezji.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

SENZA FLASH
Sem chama, sem noites sem dormir, sem ardor de brasas,
sem lágrimas, sem grandes paixões, sem convicções,
é assim que viveremos; senza flash.

Lenta e estável, dócil e sonolentamente,
as palmas das mãos conspurcadas pela tinta preta dos jornais diários,
os rostos besuntados de creme; senza flash.

Turistas sorridentes em camisas imaculadas,
Herr Lange e Miss Fee, Monsieur et Madame Rien
entram no museu; senza flash.

Ficam em frente a um quadro de Piero della Francesca, no qual
Cristo, quase louco, emerge da tumba,
ressuscitado, livre; senza flash.

E algo nunca visto pode acontecer então:
escondido sob o algodão suava, o coração agita-se
o silêncio cai, um súbito flash.

**

SENZA FLASH  
Bez płomienia, bez nocy bezsennych, bez żaru,
bez łez, bez wielkiej namiętności, bez przekonania,
        tak będziemy żyli; senza flash.
 
Spokojnie i miarowo, posłusznie i sennie,
dłonie poplamione czarną farbą gazet codziennych,
        twarze tłuste od kremu; senza flash.
 
Uśmiechnięci turyści w bardzo czystych koszulach,
Herr Lange i Miss Fee oraz Monsieur et Madame Rien
        wejdą do muzeum; senza flash.
 
Staną przed obrazem Piero della Francesca, na którym
Chrystus, prawie obłąkany, wynurza się z grobu,
        zmartwychwstały, wolny; senza flash.
 
I może wtedy stanie się coś nieprzewidzianego:
poruszy się serce, ukryte pod gładką bawełną,
        zapadnie cisza, błyśnie flesz.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

AS TARDES INFINDÁVEIS 
Eram essas, as tardes infindáveis, em que a poesia me abandonava.
O rio corria dolentemente, empurrando barcos preguiçosos para o mar.
Eram essas, as tardes infindáveis, a costa de marfim.
As sombras jaziam nas ruas, as vitrinas exibiam altivos manequins,
que me olhavam, com ar de desafio e ousadia.
 
Dos liceus saíam professores de rostos vazios,
como se Homero os tivesse derrotado, humilhado, morto.
Os vespertinos traziam notícias inquietantes,
mas nada mudava, ninguém se apressava.
Nas janelas não havia ninguém, tu própria não estavas lá,
até as freiras pareciam ter vergonha da sua vida.
 
Eram essas, as tardes infindáveis em que a poesia se desvanecia
e ficava sozinho com o demónio opaco da cidade
como um pobre viajante, de pé, em frente à Gare du Nord
com uma mala demasiado pesada, atada com uma corda,
sobre a qual caía a chuva, a chuva preta de Setembro.
 
Oh, diz-me como me curar da ironia, do olhar
que vê mas não trespassa; diz-me como me curar
de estar calado.

**

DŁUGIE POPOŁUDNIA
To były długie popołudnia, kiedy opuszczała mnie poezja.
Cierpliwie płynęła rzeka, pchając do morza leniwe barki.
To były długie popołudnia, wybrzeże kości słoniowej.
Cienie leżały w ulicach, wystawy były pełne dumnych manekinów,
patrzących mi w oczy zaczepnie, śmiało.

Z liceów wychodzili profesorowie i mieli puste twarze,
tak jakby Homer pokonał ich, upokorzył, zabił.
Gazety wieczorne przynosiły niepokojące wiadomości,
ale nic się nie zmieniało, nikt nie przyśpieszał kroku.
W oknach nie było nikogo, nie było ciebie,
i nawet zakonnice zdawały się wstydzić życia.

To były długie popołudnia, kiedy znikała poezja
i zostawałem sam z nieprzejrzystym molochem miasta
jak ubogi podróżny, stojący przed Gare du Nord
ze zbyt ciężką, przewiązaną sznurem walizką,
na którą pada czarny deszcz, czarny deszcz września.

O, powiedz, jak uleczyć się z ironii, ze spojrzenia,
które widzi, ale nie przenika; powiedz, jak uleczyć się
z milczenia.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

TRATADO DO VAZIO 
Numa livraria encontrei-me casualmente mesmo ao lado da secção do Tao, 
  mais precisamente do Tratado do Vazio. 
Fiquei feliz, já que nesse dia eu fora completamente vazio. 
Ora essa, que encontro - que raro encontro -, o paciente encontra o 
  médico e o médico fica calado. 

**

TRAKTAT O PUSTCE
W księgarni znalazłem się przypadkowo tuż obok sekcji Tao,
a dokładnie rzecz biorąc, obok Traktatu o pustce.
Poczułem się uszczęśliwiony, ponieważ tego dnia byłem doskonale pusty.
Cóż to za spotkanie – jakie rzadkie – pacjent znajduje lekarza,
lekarz milczy
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

AUTO-RETRATO
Entre o computador, o lápis e a máquina de escrever
passa metade do meu dia. Um dia isso perfará metade dum século.
Vivo em cidades estrangeiras e às vezes converso
com pessoas estranhas sobre coisas que me são estranhas.
Ouço muita música: Bach, Mahler, Chopin, Shostakovich.
Na música encontro força, fraqueza e dor, três elementos naturais.
O quarto não tem nome.
Leio poetas, vivos e mortos, aprendo neles
a tenacidade, a fé e o orgulho. Tento compreender
os grandes filósofos — na maioria dos casos consigo
apanhar apenas farrapos dos seus preciosos pensamentos.
Gosto de dar longos passeios pelas ruas de Paris
e olhar para os meus semelhantes, impelidos pela inveja,
cobiça ou raiva; gosto de observar a moeda de prata,
que passa de mão em mão e devagar perde
a sua forma redonda (apaga-se o perfil do imperador).
A meu lado crescem árvores que não exprimem nada,
a não ser uma verde e indiferente perfeição.
Pelos campos vagueiam pássaros negros
que continuam esperando, pacientes como viúvas espanholas.
Já não sou novo, mas há pessoas mais velhas do que eu.
Gosto do sono profundo, em que cesso de existir,
e de rápidas corridas de bicicleta pela estrada campestre,
quando os choupos e as casas
se dissolvem como cúmulos em céus ensolarados.
Às vezes nos museus os quadros falam para mim
e de repente desvanece-se a ironia.
Adoro olhar o rosto da minha mulher.
Aos domingos, telefono ao meu Pai.
De duas em duas semanas encontro-me com os verdadeiros amigos,
desse modo mantemos a fidelidade recíproca.
O meu país libertou-se dum mal. Gostaria
que a isso se seguisse outra libertação.
Será que posso ser útil? Não sei.
Não sou, na realidade, um filho do mar,
como escreveu sobre si mesmo Antonio Machado,
mas sim um filho do ar, da hortelã-pimenta e do violoncelo,
e nem todos os caminhos do alto mundo
se cruzam com os caminhos da vida que, por enquanto,
me pertence.

**

AUTOPORTRET
Między komputerem, ołówkiem i maszyną do pisania
schodzi mi pół dnia. Kiedyś zrobi się z tego pół wieku.
Mieszkam w obcych miastach i niekiedy rozmawiam
z obcymi ludźmi o rzeczach, które są mi obce.
Dużo słucham muzyki: Bacha, Mahlera, Chopina, Szostakowicza.
W muzyce znajduję siłę, słabość i ból, trzy żywioły.
Czwarty nie ma imienia.
Czytam poetów, żywych i umarłych, uczę się od nich
wytrwałości, wiary i dumy. Próbuję zrozumieć
wielkich filozofów – najczęściej udaje mi się
uchwycić tylko strzępy ich drogocennych myśli.
Lubię chodzić na długie spacery paryskimi ulicami
i patrzeć na moich bliźnich, ożywionych zazdrością,
pożądaniem lub gniewem; obserwować srebrną monetę,
która przechodzi z dłoni do dłoni i powoli traci
swój okrągły kształt (zaciera się profil cesarza).
Tuż obok rosną drzewa, niewyrażające nic,
jeśli nie liczyć zielonej, obojętnej doskonałości.
Po polach kroczą czarne ptaki,
które wciąż na coś czekają, cierpliwe jak hiszpańskie wdowy.
Nie jestem już młody, ale wciąż są starsi ode mnie.
Lubię głęboki sen, kiedy mnie nie ma,
i szybką jazdę rowerem wiejską szosą, gdy topole i domy
rozpływają się jak cumulusy na pogodnym niebie.
Czasem przemawiają do mnie obrazy w muzeach
i nagle znika ironia.
Uwielbiam przyglądać się twarzy mojej żony.
Co tydzień, w niedzielę, telefonuję do ojca.
Co dwa tygodnie spotykam się z przyjaciółmi,
w ten sposób dochowujemy sobie wierności.
Mój kraj wyzwolił się od jednego zła. Chciałbym,
żeby za tym poszło jeszcze jedno wyzwolenie.
Czy mogę być w tym przydatny? Nie wiem.
Nie jestem wprawdzie dzieckiem morza,
jak napisał o sobie Antonio Machado,
ale dzieckiem powietrza, mięty i wiolonczeli,
i nie wszystkie drogi wysokiego świata
krzyżują się ze ścieżkami życia, które, na razie,
należy do mnie.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

AO LER MILOSZ
Mais uma vez leio os seus poemas,
redigidos por ricaço que percebeu tudo
e por um pobretanas que foi privado de casa,
por um emigrante e por um solitário.

O senhor sempre quer dizer mais do que é possível 
– além da poesia, para cima, em direção às alturas,
mas também para baixo, onde começa 
o nosso território, humilde e timidamente.

O senhor fala às vezes com um tal tom
que o leitor – a sério –
por um momento crê
que cada dia é sagrado

e que a poesia – como dizê-lo –
faz com que a vida seja mais redonda,
cheia, orgulhosa, e não se envergonhe
da formula perfeita.

Só à noite,
quando ponho de lado o livro,
é que regressa o vulgar ruído da cidade –
alguém tosse, alguém chora, alguém pragueja. 

**

CZYTAJĄC MIŁOSZA
Znów czytam Pańskie wiersze
spisane przez bogacza, który wszystko zrozumiał,
i przez biedaka, któremu zabrano dom,
przez emigranta i samotnika.

Pan zawsze chce powiedzieć więcej
niż można – ponad poezję, w górę, w stronę wysokości,
ale i w dół, tam gdzie dopiero się zaczyna
nasz region, pokornie i nieśmiało.

Pan mówi niekiedy takim tonem
że – naprawdę – czytelnik
przez chwilę wierzy,
że każdy dzień jest świętem

i że poezja, jakby to wyrazić,
sprawia, iż życie jest zaokrąglone,
pełne, dumne, nie wstydzące się
doskonałej formuły.

Dopiero wieczorem,
gdy odkładam książkę
wraca zwyczajny zgiełk miasta –
ktoś kaszle, płacze, ktoś złorzeczy.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

A MÚSICA QUE OUVI CONTIGO 
.. ...........................................Music I heard with you was more than music... 
.............................................................................. Conrad Aiken

A música que ouvi contigo
há-de ficar para sempre connosco.
 
O sério Brahms e o elegíaco Schubert, 
algumas canções, a quarta balada de Chopin, 

alguns quartetos cujo som 
nos dilacera o coração (Beethoven, os adágios) 

e a tristeza do Shostakovich, que 
não queria morrer. 

Os grandes coros nas paixões do Bach - 
como se alguém nos chamasse 

e pretendesse de nós a alegria, 
pura e desinteressada, 

alegria, em que a fé 
é algo evidente. 

Certos fragmentos do Lutoslawski
fugazes como os nossos pensamentos. 

A voz duma negra cantando blues
trespassava-nos como aço cintilante - 

embora chegasse a nós algures na rua, 
duma poeirenta e feia cidade. 

As infindáveis marchas do Mahler, 
a corneta que abre a quinta sinfonia

e a primeira parte da nona 
(tu às vezes chamas-lhe “malheur”!). 

O desespero do Mozart no Requiem, 
os seus serenos concertos para piano, 

que cantarolavas melhor do que eu - 
mas disso estamos bem cientes. 

A música que ouvi contigo 
há-de calar-se connosco. 

**

MUZYKA SŁUCHANIA Z TOBĄ
.. Music I heard with you was more than music...
...................................................Conrad Aiken
Muzyka słuchania z tobą
zostanie na zawsze z nami.

Poważny Brahms i elegijny Schubert,
niektóre piosenki, czwarta ballada Chopina,

kilka kwartetów o rozdzierającym
serce brzmieniu (Beethoven, adagia)

i smutek Szostakowicza, który
nie chciał umierać.

Wielkie chóry w pasjach Bacha -
jakby ktoś nas wołał

i żądał od nas radości,
czystej i bezinteresownej,

radości, w której wiara
jest czymś oczywistym.

Pewne fragmenty Lutosławskiego
ulotne tak jak nasze myśli.

Śpiew czarnej śpiewaczki bluesa
przeszywał nas jak lśniąca stal -

choćby dobiegał nas gdzieś na ulicy,
w zakurzonym, brzydkim mieście.

Niekończące się marsze Mahlera,
głos trąbki otwierającej piątą symfonię

i pierwsza część dziewiątej
(ty go czasem nazywasz "malheur"!).

Rozpacz Mozarta w Requiem,
jego pogodne koncerty fortepianowe,

które nuciłaś lepiej niż ja -
ale o tym dobrze wiemy.

Muzyka słuchania z tobą
zamilknie razem z nami.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

A ALMA  
Tu sabes que não nos é permitido usar o teu nome.
E nós sabemos que és inexprimível,
anémica, muito frágil e suspeita
de misteriosas faltas na infância.
Sabemos que não te é permitido morar agora
nem na música, nem nas árvores do crepúsculo.
Sabemos – ou melhor, assim nos foi dito –
que não existes em lado nenhum.
E no entanto continuamos a ouvir a tua voz fatigada
– no eco, na queixa, nas cartas que nos
escreve do deserto grego Antígona.

**

DUSZA
Już nam nie wolno używać twojego imienia. 
Już wiemy, że jesteś niewyrażalna, 
anemiczna, bardzo krucha i podejrzana 
o tajemnicze przewinienia w dzieciństwie.
Wiemy, że nie wolno ci teraz mieszkać 
ani w muzyce, ani w drzewach, gdy gaśnie słońce. 
Wiemy – a raczej tak nam powiedziano –  
że nie ma cię wcale, nigdzie.  
A jednak wciąż słyszymy twój zmęczony głos 
– w echu i w skardze i w listach, które pisze 
do nas z greckiej pustyni Antygona.
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

PERDIDOS
Perdidos, perdidos em corredores cinzentos. 
Durante a noite as lâmpadas silvam, como barcos que se afundam. 
Lemos livros esquecidos pelos próprios autores. 
A verdade não existe, repetem os sábios. 
Noites de Verão: festival dos andorinhões, 
nos arrabaldes explodem as peónias. 
Parece que as ruas se tornam mais curtas
com a canícula, pela facilidade de visão. 
Devagar, à socapa, aproxima-se o Outono. 
Contudo, às vezes, emergimos por um momento 
e acontece que o sol, ao pôr-se, resplandece 
e aparece uma efémera certeza,
quase fé.
**
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

§§

A ÚLTIMA PARAGEM
O eléctrico passava ao longo das casas vermelhas.
As rodas nas torres das minas giravam
como carrosséis num parque de diversões.
Nos pequenos jardins cresciam as rosas sombreadas de fuligem, 
nas pastelarias as vespas encarniçavam-se
sobre a cobertura dourada de um pastel.
Tinha quinze anos, o eléctrico deslocava-se
cada vez mais rápido por entre as habitações,
nos prados via malmequeres-dos-brejos amarelos.
Pensava que na última paragem
se desvendaria o sentido de tudo,
mas nada aconteceu, nada,
o condutor comia uma sandes com queijo,
duas velhotas falavam em voz baixa
dos preços, das doenças.
**
- Adam Zagajewski, no livro 'Sombras de Sombras'. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.

****

IR A LVIV 
.................................................... aos meus Pais 
Ir a Lviv. De que estação partir 
para Lviv, se não do sonho, ao alvorecer, 
quando o orvalho brilha nas malas e nascem 
comboios expressos e camionetas. De repente 
partir para Lviv, no coração da noite, de dia, em Setembro 
ou em Março. Se é que Lviv existe, dentro 
das fronteiras e não só no meu 
novo passaporte, e os estandartes das árvores, 
álamos e freixos ressoam ainda 
como Índios e os regatos gaguejam o seu 
escuro esperanto e as cobras-de-água quais signos 
suaves da língua russa se somem no 
relvado. Fazer as malas e partir, sem se 
despedir, ao meio-dia, desvanecer-se 
como rapariguinhas desmaiadas. E as bardanas, verdes 
exércitos de bardanas, e por debaixo delas, sob o toldo 
do café veneziano, conversam os caracóis 
sobre a eternidade. Mas a catedral ergue-se, 
lembras-te, tão vertical, tão vertical 
como o domingo e os guardanapos brancos e o balde 
cheio de framboesas colocado no chão e o meu 
desejo, que ainda não nascera, 
só jardins e ervas ruins e o âmbar
das cerejas e o indecoroso Fredro. 
Houve sempre Lviv em demasia, ninguém conseguia 
compreender todos os bairros, ouvir 
o queixume de cada pedra, queimada pelo 
sol, a igreja ortodoxa emudecia à noite duma maneira diferente 
da catedral, os Jesuítas baptizavam 
as plantas, folha a folha, mas elas cresciam, 
cresciam indomáveis, enquanto a alegria se escondia 
por todo o lado, nos corredores e nos moinhos 
de café que giravam sozinhos, nos bules de chá 
azuis, no amido, esse primeiro formalista, 
nas gotas de chuva e nos espinhos 
das rosas. Ao pé da janela amareleciam as forsítias geladas. 
Repicavam os sinos e estremecia o ar, as toucas 
das freiras navegavam como escunas perto 
do teatro, havia tanto mundo que tinha de 
bisar um número infinito de vezes, 
o público delirava e negava-se 
a abandonar a sala. As minhas tias ainda 
não sabiam que um dia eu as ressuscitaria 
e viviam tão confiantes e independentes, 
as criadas corriam em busca de nata fresca, 
limpas e engomadas, dentro das casas um pouco 
de raiva e uma grande esperança. Brzozowski 
vinha dar as suas conferências, um dos meus 
tios maternos escrevia um poema intitulado Porquê, 
para oferecê-lo ao Todo-Poderoso e havia Lviv 
em demasia, não cabia num recipiente, 
rebentava os copos de vidro, transbordava dos 
charcos, das lagoas, fumegava em todas 
as chaminés, transformava-se em fogo e tempestade, 
ria-se aos relâmpagos, amansava, 
voltava para casa, lia o Novo Testamento,
dormia no sofá ao lado dum kilim hutsul, 
havia Lviv em demasia, ao contrário de agora, 
crescia incontrolavelmente e as tesouras 
cortavam-na, os frios jardineiros como sempre 
em Maio, sem piedade, sem amor, 
ah esperem que chegue o cálido 
Junho e os ternos fetos, os ilimitados 
campos do Verão, quer dizer, da realidade. 
Mas as tesouras cortavam, ao longo das linhas e através das 
fibras, os alfaiates, os jardineiros e os censores 
cortavam o corpo e as grinaldas, as cisalhas 
trabalhavam sem descanso, como num recorte infantil, 
em que é preciso criar um cisne ou um corço. 
Tesouras, canivetes e lâminas de barbear raspavam, 
cortavam e recortavam as volumosas sotainas 
dos prelados e das praças e dos prédios, as árvores 
caíam silenciosamente como na selva 
e a catedral tremia e as pessoas despediam-se de manhã 
sem lenços e sem lágrimas, os lábios tão 
secos, nunca mais voltarei a ver-te, tanta morte 
está à tua espera, porque é que cada cidade 
tem que tornar-se Jerusalém e cada homem 
um Judeu e agora não resta mais nada senão fazer à pressa 
as malas, sempre, quotidianamente 
partir sem descansar, ir a Lviv, porque ela 
existe, tranquila e pura como 
um pêssego. Lviv está em todo o lado. 

**

JECHAĆ DO LWOWA 
.................................................... Rodzicom 
Jechać do Lwowa. Z którego dworca jechać 
do Lwowa, jeżeli nie we śnie, o świcie, 
gdy rosa na walizkach i właśnie rodzą się 
ekspresy i torpedy. Nagle wyjechać do 
Lwowa, w środku nocy, w dzień, we wrześniu 
lub w marcu. Jeżeli Lwów istnieje, pod 
pokrowcami granic i nie tylko w moim 
nowym paszporcie, jeżeli proporce drzew 
jesiony i topole wciąż oddychają głośno 
jak Indianie a strumienie bełkocą w swoim 
ciemnym esperanto a zaskrońce jak miękki 
znak w języku rosyjskim znikają wśród 
traw. Spakować się i wyjechać, zupełnie 
bez pożegnania, w południe, zniknąć 
tak jak mdlały panny. I łopiany, zielona 
armia łopianów, a pod nimi, pod parasolami 
weneckiej kawiarni, ślimaki rozmawiają 
o wieczności. Lecz katedra wznosi się, 
pamiętasz, tak pionowo, tak pionowo 
jak niedziela i serwetki białe i wiadro 
pełne malin stojące na podłodze i moje 
pragnienie, którego jeszcze nie było, 
tylko ogrody i chwasty i bursztyn
czereśni i Fredro nieprzyzwoity. 
Zawsze było za dużo Lwowa, nikt nie umiał 
zrozumieć wszystkich dzielnic, usłyszeć 
szeptu każdego kamienia spalonego przez 
słońce, cerkiew w nocy milczała zupełnie 
inaczej niż katedra, Jezuici chrzcili 
rośliny, liść po liściu, lecz one rosły, 
rosły bez pamięci, a radość kryła się 
wszędzie, w korytarzach i w młynkach do 
kawy, które obracały się same, w niebieskich 
imbrykach i w krochmalu, który był pierwszym 
formalistą, w kroplach deszczu i w kolcach 
róż. Pod oknem żółkły zmarznięte forsycje. 
Dzwony biły i drżało powietrze, kornety 
zakonnic jak szkunery płynęły pod 
teatrem, świata było tak wiele, że musiał 
bisować nieskończoną ilość razy, 
publiczność szalała i nie chciała 
opuszczać sali. Moje ciotki jeszcze 
nie wiedziały, że je kiedyś wskrzeszę 
i żyły tak ufnie i tak pojedynczo, 
służące biegły po świeżą śmietanę, 
czyste i wyprasowane, w domach trochę 
złości i wielka nadzieja. Brzozowski 
przyjechał na wykłady, jeden z moich 
wujów pisał poemat pod tytułem Czemu, 
ofiarowany wszechmogącemu i było za dużo 
Lwowa, nie mieścił się w naczyniu, 
rozsadzał szklanki, wylewał się ze 
stawów, jezior, dymił ze wszystkich 
kominów, zamieniał się w ogień i w burzę, 
śmiał się błyskawicami, pokorniał, 
wracał do domu, czytał Nowy Testament,
spał na tapczanie pod huculskim kilimem, 
było za dużo Lwowa a teraz nie ma 
go wcale, rósł niepowstrzymanie a nożyce 
cięły, zimni ogrodnicy jak zawsze 
w maju bez litości bez miłości 
ach poczekajcie niech przyjdzie ciepły 
czerwiec i miękkie paprocie, bezkresne 
pole lata czyli rzeczywistości. 
Lecz nożyce cięły, wzdłuż linii i poprzez 
włókna, krawcy, ogrodnicy i cenzorzy 
cięli ciało i wieńce, sekatory niezmordowanie 
pracowały, jak w dziecinnej wycinance 
gdzie trzeba wystrzyc łabędzia lub sarnę. 
Nożyczki, scyzoryki i żyletki drapały 
cięli i skracały pulchne sukienki 
prałatów i placów i kamienic, drzewa 
padały bezgłośnie jak w dżungli 
i katedra drżała i żegnano się o poranku 
bez chustek i bez łez, takie suche 
wargi, nigdy cię nie zobaczę, tył śmierci 
czeka na ciebie, dlaczego każde miasto 
musi stać się Jerozolimą i każdy 
człowiek Żydem i teraz tylko w pośpiechu 
pakować się, zawsze, codziennie 
i jechać bez tchu, jechać do Lwowa, przecież 
istnieje, spokojny i czysty jak 
brzoskwinia. Lwów jest wszędzie.
- Adam Zagajewski [tradução Jorge Sousa Braga], no livro 'Lisbon Revisted - Dias de Poesia'. Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 2018.

§§

A GAROTA DE VERMEER
A garota de Vermeer, agora famosa,
olha para mim. A pérola olha para mim.
A garota de Vermeer tem a boca
vermelha, húmida e reluzente.
Ó garota de Vermeer, ó pérola,
ó turbante azul: és toda luz,
e eu sou feito de sombra.
A luz olha a sombra com altivez,
compreensão, talvez pena.

**

DZIEWCZYNKA VERMEERA
Dziewczynka Vermeera, teraz sławna,
patrzy na mnie. Perła patrzy na mnie.
Dziewczynka Vermeera ma usta
czerwone, wilgotne i błyszczące.
Dziewczynko Vermeera, perło,
niebieski turbanie: jesteś światłem,
a ja jestem zrobiony z cienia.
Światło patrzy na cień z wyższością,
wyrozumiale, może z żalem.
- Adam Zagajewski [tradução Jorge Sousa Braga], no livro 'Lisbon Revisted - Dias de Poesia'. Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 2018.

§§

MÍSTICA PARA PRINCIPIANTES 
O dia era sereno, a luz amigável. 
Aquele alemão na esplanada do café 
tinha nos joelhos um pequeno livro. 
Consegui ver o título: 
Mística para Principiantes. 
De repente percebi que as andorinhas 
que, com os seus silvos estridentes, 
patrulhavam as ruas de Montepulciano, 
e os diálogos surdos dos tímidos viajantes 
do Leste, a chamada Europa Central, 
e as brancas garças reais de pé — ontem, anteontem? — 
nos campos de arroz como freiras, 
e o crepúsculo, lento e sistemático,
que apagava os contornos das casas medievais, 
e as oliveiras nas pequenas colinas, 
abandonadas ao vento e aos incêndios, 
e a cabeça da Princesa Desconhecida 
que tinha visto e admirado no Louvre, 
e os vitrais nas igrejas como asas de borboletas 
salpicadas de pólen, 
e o pequeno rouxinol que exercitava o seu canto 
na berma da auto-estrada, 
e as viagens, todas as viagens, 
tudo isso era apenas uma mística para principiantes, 
um curso introdutório, prolegómeno 
a um exame que foi adiado.

**

MISTYKA DLA POCZĄTKUJĄCYCH 
Dzień był łagodny, światło przyjazne. 
Ten Niemiec na tarasie kawiarni 
trzymał na kolanach niedużą książkę. 
Udało mi się zobaczyć jej tytuł: 
Mistyka dla początkujących. 
Od razu zrozumiałem, że jaskółki, 
które, przenikliwie gwiżdżąc, 
patrolowały ulice Montepulciano, 
i ściszone rozmowy onieśmielonych wędrowców 
z Europy Wschodniej zwanej Środkową, 
i białe czaple, stojące — wczoraj, przedwczoraj? — 
w polach ryżowych jak zakonnice, 
i zmierzch, powolny i systematyczny, 
zacierający kontury średniowiecznych domów, 
i drzewa oliwne na niewielkich wzgórzach, 
poddane wiatrom i pożarom, 
i głowa Nieznanej księżniczki, 
którą widziałem i podziwiałem w Luwrze, 
i witraże w kościołach jak skrzydła motyli 
pomazane pyłkiem kwiatów, 
mały słowik, który ćwiczył recytację 
tuż przy autostradzie, 
i podróże, wszystkie podróże, 
to była tylko mistyka dla początkujących, 
wstępny kurs, prolegomena 
do egzaminu, który odłożony został 
na później.
- Adam Zagajewski [tradução Jorge Sousa Braga], no livro 'Lisbon Revisted - Dias de Poesia'. Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 2018.

§§

A EUROPA ADORMECE
.....................................................  para Gosia

A Europa adormece; em Lisboa ainda
franzem as sobrancelhas velhos xadrezistas.

No céu de Cracóvia paira um nevoeiro cinzento
que apaga os contornos das veneráveis velas.

O Mediterrâneo embala-se suavemente
e daqui a pouco vai-se transformar numa canção de embalar.

Quando a Europa finalmente cair num sono profundo,
a América há-de velar

o pobre, mudo mundo
desconfiadamente, como uma irmã mais nova.

**

EUROPA ZASYPIA
..................................................... Gosi

Europa zasypia; w Lizbonie jeszcze
marszczą czoło niemłodzi szachiści.

Nad Krakowem unosi się szara mgła
i zaciera kontury czcigodnych żagli.

Morze Śródziemne kołysze się lekko
i wkrótce zamieni się w kołysankę.

Kiedy Europa wreszcie twardo zaśnie,
Ameryka będzie czuwała

nad biednym, niemym światem
nieufnie, jak młodsza siostra.
- Adam Zagajewski [tradução Jorge Sousa Braga], no livro 'Lisbon Revisted - Dias de Poesia'. Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 2018.

§§

TENTA LOUVAR O MUNDO ESTROPIADO
Tenta louvar o mundo estropiado. 
Recorda os longos dias de Junho 
e os morangos silvestres, as gotas de vinho rosé. 
Recorda-te das urtigas, que metodicamente invadiam 
as herdades abandonadas dos exilados. 
Tens que louvar o mundo estropiado. 
Olhaste os iates e os navios elegantes; 
um deles preparava-se para uma longa viagem, 
aos outros esperava-os um salgado nada. 
Viste fugitivos que iam para lado nenhum, 
ouviste os carrascos a cantarem alegremente. 
Deverias louvar o mundo estropiado. 
Recorda os momentos em que vocês estavam juntos 
num quarto branco e as cortinas se mexiam. 
Regressa em pensamento ao concerto, quando a música explodiu. 
No Outono colheste bolotas no parque 
e o redemoinho das folhas cobria as cicatrizes da terra. 
Louva o mundo estropiado 
e a pena cinzenta que um tordo perdeu, 
e a luz delicada que se afasta e desaparece 
e regressa de novo.

**

SPRÓBUJ OPIEWAĆ OKALECZONY ŚWIAT 
Spróbuj opiewać okaleczony świat. 
Pamiętaj o długich dniach czerwca 
i o poziomkach, kroplach wina rosé. 
o pokrzywach, które metodycznie zarastały
opuszczone domostwa wygnanych. 
Musisz opiewać okaleczony świat. 
Patrzyłeś na eleganckie jachty i okręty; 
jeden z nich miał przed sobą długa podróż, 
na inny czekała tylko słona nicość. 
Widziałeś uchodźców, którzy szli donikąd, 
słyszałeś oprawców, którzy radośnie śpiewali. 
Powinieneś opiewać okaleczony świat. 
Pamiętaj o chwilach, kiedy byliście razem 
w białym pokoju i firanka poruszyła się. 
Wróć myślą do koncertu, kiedy wybuchła muzyka. 
Jesienią zbierałeś żołędzie w parku 
a liście wirowały nad bliznami ziemi. 
Opiewaj okaleczony świat 
i szare piórko, zgubione przez drozda, 
i delikatne światło, które błądzi i znika 
i powraca.
- Adam Zagajewski [tradução Jorge Sousa Braga], no livro 'Lisbon Revisted - Dias de Poesia'. Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 2018.

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  • Adam Zagajewski (1945-2021) - foto ©Tomasz Wiech

FORTUNA CRÍTICA DE ADAM ZAGAJEWSKI

ADAM Zagajewski with Clare Cavanagh. In: Polish Cultural Institute, New York, 28 de abril 2021. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024) 
AFPPoeta polonês Adam Zagajewski vence prêmio Princesa das Astúrias de Literatura. In: Estado de Minas, 8.6.2017. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
BRAGA, Jorge Sousa (tradução). Adam Zagajewski - 12 poemas. In: Poesia Ilimitada, setembro 2006. Disponível no link. (acessado em 28.1.2024.
CATALÁN, Andrés. Adam Zagajewski, un poeta que atrapó la fuerza de la cotidianidad. In: El País, 21 de março 2021. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
CLARA, Pedro Belo. Cinco poemas de Adam Zagajewski {e uma nota biográfica}. In: letras In.Verso e Re.Verso - Literatura e entretenimento, 27 de junho de 2021.  Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
DONDELEWSKI, Bartosz; TEIXEIRO, Lidia López. Adam Zagajewski: poemas escollidos (Asimetría, 2017). In: Madrygal. Revista de Estudios Gallegos, 21 (2018): 447-451. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
EL CUADERNO. Adam Zagajewski - El autor polaco ha sido galardonado este jueves con el Premio Princesa de Asturias de las Letras 2017. In: Elcua Caderno Digital, junio 2017. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
FARRÉ, Xavier. Breves apuntes sobre la poesía de Adam Zagajewsk. In: Revisiones, 03 - 2007 p. 117-31. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
FERREIRA, Bernardo Marin Diniz Aires. "Entre silêncio e silêncio": Lista e Revelação. (Tese Mestrado em Estudos Comparativos). Universidade de Lisboa - Faculdade de Letras, 2018. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
GONZAGA, Pedro. Poesia em casa: Nos jardins com Adam Zagajewski. In: Estado da Arte, 2.5.2020. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
GONZAGA, Pedro. Poesia em Casa – O detalhe lírico: dois poemas de Adam Zagajewski. In: Estado da Arte, 18.6.2017. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024) 
GUARNIERI, Felipe. Traduções de Charles Simic, Derek Walcott, Adam Zagajewski, Frank O’hara, on Paterson, John Keats, Tamîm Ibn Muqbil. In: Revista Texto Poético, vol. 18, 1º semestre, 2015, p. 295-305.  Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
HILARIO, Ángel Enrique Díaz-Pintado. Las ideas estéticas de Adam Zagajewski y sus fuentes clásicas (Tesis doctoral) Universidad de Granada, 2012. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
JOVANOVIC, Aleksandar. As temerárias aventuras de um tradutor não-nativo nos jardins da poesia polonesa. In: Revista X, ano v. 15, n. 6, p. 612-618, 2020. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Vinte e dois poetas poloneses: uma pequena antologia de poesia em tradução. In: Belas Infiéis, Brasília, v. 9 n. 2, 2020. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Adam Zagajewski, Vasyl Stus e Serhyi Zhadan. In: Relevo, Curitiba - 2022. Disponível no link. (acessado em 28.1.2024)
LABRA, Ricardo. La última disidencia de Adam Zagajewski. In: Zendalibros, 10 jul 2022. Disponível no link. (acessado em 26.3.2024).
MEXIA, Pedro. Solidariedade, solidão: O polaco Adam Zagajewski era um homem muito parecido com a sua poesia: reservado, irónico, atento, delicado. In: Expresso, 9 de abril 2021. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
PINTO, Diogo Vaz. Adam Zagajewski. Tens que louvar o mundo estropiado. In: Sol Sapo, 29 de novembro de 2017. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
PINTO, Diogo Vaz. Adam Zagajewski. ‘A minha ambição é nunca dizer nada que possa trair o mistério da vida’ {Entrevista}. In: Sol - Sapo, 25 de Junho 2018. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
PINTO Diogo Vaz. Morreu Adam Zagajewski, um monge dedicado ao severo culto da História. In: Jornal N. 22.3.2021.  Disponível no link. (acessado em 27.1.2024).. {a matéria faz um panorama sobre o escritor}
POEMAS de Adam Zagajewski. In: Circulo de Poesia, 29 septiembre, 2020. Disponível no link. (acessado em 29.1.2024)
POETAS 117. Adam Zagajewski (II) "Asimetría". In: Umbral y Gozne, 11 de março 2020. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024) 
QUEIRÓS, Luís Miguel. Adam Zagajewski (1945-2021): uma profissão de fé nos poderes da poesia. In: Público, 22 de março de 2021. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
SERRANO, Manel Bellmunt. La poesía polaca después del año 1968: entre lo histórico y lo universal. (Tesi Doctor). Universitat de Barcelona, 2015. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
SIEWIERSKI, Henryk. História da Literatura Polonesa. Brasília: UnB, 2000.
SIEWIERSKI, Henryk (tradução). 'Ir a Lviv'. Adam Zagajewski {poema}. In: revista Piauí, edição n. 187, abril 2022. Disponível no link. (acessado em 28.1.2024)
SIEWIERSKI, Henryk; SOUZA, Marcelo Paiva de.. A moderna poesia da Polônia (antologia).  In: Poesia Sempre, v. 30, Rio de Janeiro, 2009, p. 31-92. {A antologia apresentava poemas de Aleksander Wat, Czesław Miłosz, Tadeusz Różewicz, Tymoteusz Karpowicz, Miron Białoszewski, Wisława Szymborska, Zbigniew Herbert, Stanisław Grochowiak, Adam Zagajewski e Stanisław Barańczak, em traduções de Marcelo Paiva de Souza, Henryk Siewierski, José Santiago Naud, Zbigniew Wódkowski, Aleksandar Jovanović, Nelson Ascher, Ana Cristina César e Grażyna Drabik, Regina Przybycień e Fernando Mendes Viana}.
SIEWIERSKI, Henryk; NAUD, José Santiago (tradução). 'Eliade', Adam Zagajewski {poema}. In: Aproximações: Europa de Leste em Língua Portuguesa, Brasília: Lisboa, nº 3, 1989.
SILVA, Mário José. Nome maior da literatura polaca, apontado ao Nobel da Literatura, o autor de “Sombras de Sombras” fala da sua obra, da sua vida, e do lugar dos escritores na sociedade atual. {entrevista}. In: revista Expresso, 29 de julho 2018. Disponível no link. / link. (acessado em 27.1.2024).
SOUZA, Marcelo Paiva de.. Adam Zagajewski - In Memoriam. In: Escamandro, Curitiba/PR 31.5.2021. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)
VOIGT, Rafael. Ode à poesia polonesa contemporânea. In: Polonicus , v. 1, p. 167-172, 2010. Disponível no link. (acessado em 27.1.2024)

  • Adam Zagajewski (1945–2021) - foto ©Michał Łepecki 

Adam Zagajewski in english / translation Clare Cavanagh:
:: Another Beauty. Tr. Clare Cavanagh. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2002.
:: Asymmetry. Tr. Clare Cavanagh. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2019.
:: A Defense of Ardor. Tr. Clare Cavanagh. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2005.
:: Eternal Enemies. Tr. Clare Cavanagh. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2008.
:: Slight Exaggeration, an essay. Tr. Clare Cavanagh. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2018.
:: Solidarity, Solitude. Tr. Lillian Vallee. New York: Ecco Press, 1990.
:: Two Cities: On Exile, History, and the Imagination. Tr. Lillian Vallee. Athens, Ga.: University of Georgia Pr., 2002.
:: Unseen Hand. Tr. Clare Cavanagh. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2012.
:: Without End: New and Selected Poems. Tr. Clare Cavanagh and Renata Gorczynski, Benjamin Ivry, and C. K. Williams. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2002.



  • Adam Zagajewski - ft. Marijan Murat/AP



© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
© Seleção e organização dos poemas: José Alexandre da Silva


© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros

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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da. (pesquisa, seleção, organização e edição). Adam Zagajewski - poeta, romancista, ensaísta e tradutor polonês. In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 28.3.2024.
Postagem original de JANEIRO 2024


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