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Edgar Allan Poe - poeta e contista

Edgar Allan Poe - by Holly Gibert
Edgar Allan Poe nasceu em 19 de janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts. Ficou órfão aos dois anos de idade e foi enviado à Escócia e à Inglaterra para fazer seus estudos. Na Universidade da Virgínia, se tornou alcoólatra e grande adepto do jogo. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1827. Seus poemas são pouco numerosos, mas compreendem versos de primeira classe, especialmente a admirável composição O Corvo, que tanto em prosa como em verso tem sido vertida para várias línguas. Poe também é autor do romance O relato de Arthur Gordon Pym (que inspiraria Melville em seu clássico Moby Dick) e de contos antológicos, entre eles, Assassinatos na rua Morgue e Histórias extraordinárias. Suas narrativas de terror, de mistério e policiais são marcos na história da literatura, tendo influenciado grandes autores como Conan Doyle, Agatha Christie, G. K. Chesterton, Jorge Luis Borges etc.
Um espírito desequilibrado e uma alma atribulada fizeram Poe levar sempre uma vida de miséria e de desespero, mas senhor, ao mesmo tempo, da maior figura do romantismo americano e o mais universalmente conhecido dos seus escritores. Sua própria vida foi um desses romances vividos que fornecem alta matéria para os romancistas. Devido aos excessos alcoólicos, Poe morreu em 7 de outubro de 1849 em Baltimore.
:: Fonte: L&PM Editores (acessado em 7.4.2016).

Edgar Allan Poe
CRONOLOGIA BIBLIOGRÁFICA DE EDGAR ALLAN POE
1809 – Boston. Nascido a 19 de janeiro.
1811 – Richmond, Virginia. A mãe de Poe morre em dezembro, deixando três filhos pequenos aos cuidados de amigos. Edgar Poe é levado para a casa de John Allan, um comercian­te de Richmond.
1815-1820 – Londres. Freqüenta academias clássicas na Inglaterra, enquanto John Allan cuida de seus interesses comerciais.
1820-1825 – Richmond. Os Allans retornam aos Estados Unidos em 1820. Poe é matriculado em duas academias de Richmond, onde se destaca em línguas, esportes e travessuras. Compõe diversas sátiras em verso, no formato de dísticos ou parelhas, todas perdidas atualmente, à exceção de “O, Tempora! O, Mores!” (Que tempos! Que costumes!)
1826 – Charlottesville. Ingressa na Universidade de Virginia e se destaca em Línguas Românicas antigas e modernas (neolatinas). Perde dois mil dólares no jogo; Allan se recusa a pagar a dívida e retira Poe da universidade.
Edgar Allan Poe, por Michael Deas
1827-1828 – Boston e Charleston. Engaja-se no exército dos Estados Unidos sob o pseudônimo de “Edgar A. Perry”, sendo designado para Fort Independence no porto de Boston. Nesse verão, vê impresso seu primeiro livro – um pequeno volume de menos de doze peças poéticas, Tamerlane and Other Poems, escritos “Por um Bosto­niano”, o qual, além do trabalho que lhe dá o título, inclui poemas como “Dreams” (Sonhos), “Visit of the Dead” (A visita dos mortos), “Evening Star” (Estrela vespertina) e “Imitation” (Imitação), revisado como “A Dream Within a Dream” (Um sonho dentro de um sonho). Em novembro de 1827, a unidade de Poe é trans­­ferida para o sul dos Estados Unidos.
1829 – Richmond, Filadélfia e Baltimore. Em abril, algumas se­manas após a morte da senhora Allan, Poe dá baixa do exército. Encontra um editor para uma edição levemente aumen­tada de seus poemas em Baltimore, onde vive por algum tempo com parentes. Em dezembro, Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems aparece, com o acréscimo de meia dúzia de novos trabalhos às versões revisadas dos poe­mas de Tamerlane, incluindo o irônico “Sonnet – To Science” (Soneto à ciência), o burlesco “Fairy-Land” (O país das fadas) e um “Preface” em verso (que posterior­mente foi expandido para originar uma “Introduction” meio séria, meio cômica para a edição de 1831 dos poemas; e, ainda mais tarde, reduzido para “Romance”).
1830 – West Point. Ingressa na Academia Militar de West Point. Novamente se destaca em línguas. Torna-se conhecido entre os cadetes por seus versos cômicos a respeito dos oficiais. Enquanto isso, John Allan se casa novamente e descobre uma carta em que Poe comenta que “O sr. A. não se encontra muito freqüentemente sóbrio” (datada de 3 de maio de 1830), que serve de motivo para que corte relações com Poe. 
1831 – Nova York e Baltimore. Não recebendo mais a mesada de John Allan, Poe dá um jeito de “desobedecer ordens” (aparentemente sem envolver nada mais sério que faltar a aulas ou deixar de ir aos serviços religiosos) e deste modo obtém baixa do exército. Poems: Second Edition, agora sob o nome de “Edgar A. Poe”, é publicado em Nova York nessa primavera. Inclui extensas revisões de “Tamerlane”, “Al Aaraaf” e outros de seus primeiros poemas, do mesmo modo que meia dúzia de composições novas: “To Helen”, “Israfel”, “The Doomed City” (A cidade condenada) que foi posterior­mente revisado como “The City in the Sea” (A cidade do mar), “Irene” (posteriormente revisado como “The Sleeper” – A adormecida), “A Paean” (revisado como “Lenore”) e “The Valley Nis” (revisado como “The Valley of Unrest” – O vale da inquietação). O volume também inclui uma introdução em prosa, intitulada “Letter to Mr.——”, que expõe uma visão da arte altamente romântica. Passa a viver com sua tia, Maria Clemm, e sua prima, Virginia, em Balti­more. Submete vários contos a um concurso anunciado pelo jornal Philadelphia Saturday Courier.
1832 – Baltimore. O Courier publica cinco de seus contos satíricos ou burlescos a intervalos regulares, entre janeiro e dezembro: “Metzengerstein”, “The Duke de L’Omelette”, “A Tale of Jerusalem”, “A Decided Loss” (Uma perda inegável), primeira versão de “Loss of Breath” (Perda de respiração); e “The Bargain Lost” (O negócio gorado), primeira versão de “Bon-Bon”.
1833-1834 – Baltimore. No verão de 1833, Poe apresenta outro conjunto de contos em um concurso patrocinado pelo Balti­mo­re Saturday Visiter; estes são a primeira série de uma coleção de paródias que nunca chegou a ser publi­ca­da. Poe pretendia intitulá-la The Tales of the Folio Club, que nesta ocasião incluíam, além das cinco histórias publicadas no Cou­rier, “Some Passages in the Life of a Lion” (depois “Lionizing”) (Algumas passagens da vida de um leão – depois Celebridade); “The Visionary” (depois revisado como “The Assignation” – A atribuição); “Shadow” (Sombra); “Epimanes” (depois “Four Beasts in One” – Quatro feras em uma); “Siope” (mais tarde, “Silence”); e “MS. Found in a Bottle” (Manuscrito encon­trado em uma garrafa). Este último ganha o primeiro prêmio de cinqüenta dólares, enquanto “The Coliseum” rece­be o segundo lugar na competição de poesia; ambos são impressos pelo Visiter em outubro de 1833. Vende “The Visionary” para a revista Godey’s Lady’s Book, onde aparece em janeiro de 1834, sendo a primeira publicação de Poe em uma revista de ampla circulação. Em março de 1834, morre John Allan, omitindo qualquer menção a Poe em seu testamento.
1835 – Richmond. Passa a colaborar no jornal Messenger em março; envia grande número de trabalhos para suas páginas durante esse ano: diversos poemas, a primeira parte de um drama em versos, Politian; e cinco contos novos, o gótico “Mo­rella”, o gótico-burlesco “Berenice”, o cômico “Hans Phaal”, o satírico “King Pest” e o pseu­dogótico “Shadow” (Sombra). Além disso, escreve uma coluna sobre eventos literários correntes e faz mais de trinta revisões de livros. Entre as revisões, encontra-se uma demolição da novela Norman Leslie, de autoria de Theodore S. Fay. Estas revisões, combinadas a seus ataques constantes às “cliques literárias” nortistas, começaram a granjear para Poe o título de “Tomahawk Man” (O homem da machadinha). A circulação do Messenger subiu dramaticamente. Enquanto isso, de Baltimore, Maria Clemm sugere que Virginia pode passar a morar com um de seus primos e Poe prontamente escreve para pedir a mão de Virginia em casamento. Em setembro, ele retorna a Bal­ti­mo­re, ocasião em que pode ter casado secretamen­te com ela. Em outubro, Poe traz Maria Clemm e Virginia para Richmond. Em dezembro, White, o proprietário do jornal, oferece a Poe o cargo de editor do Messenger, que agora goza de plena prosperidade. 
Edgar Alla Poe, by Rayaan Cassiem 1993
1836 – Richmond. Em maio, Poe casa-se publicamente com Vir­ginia Clemm, que ainda não completou quatorze anos. Seu trabalho constante para tornar o Messenger uma das mais importantes publicações de crítica literária é indicado pelo grande número de revisões que ele escreve para serem publi­cadas nele – mais de oitenta. Entre estas se encontra outra sátira flamejante, a revisão da novela Paul Ulric, de Morris Matson; outras revisões incluem, além de ataques contra escritores presentemente esquecidos, duas revisões louvando os primeiros trabalhos de Dickens, além de exercícios sobre definição crítica.
1837-1838 – Nova York e Filadélfia. Disputa com White por considerar baixo o seu salário, em janeiro de 1837; pede demissão do Messenger e leva sua pequena família para Nova York. Passa os dois anos seguintes como contribuidor independente em Nova York e Filadélfia, antes de conseguir outro cargo de editor. Publica poemas e contos, incluindo a história cômi­ca “Von Jung the Mys­tic”, o conto gótico “Ligeia” e as duas histórias satíricas que formam um conjunto, “How to Write a Blackwood Article” (Como escrever um artigo de Blackwood) e “The Scythe of Time” (A foice do tempo), mais tarde reintitulada “A Predicament” (Uma situação embaraçosa). Em julho de 1838, sua única novela, O relato de Arthur Gordom Pym, que tinha sido publicada em forma de seriado no Mes­sen­ger, durante o ano de 1837, agora é publicada em Nova York, sob formato de livro.
1839 – Filadélfia. Relaciona-se com William Burton e, em maio, torna-se editor associado da revista Burton’s Gentleman’s Ma­gazine, contribuindo com um artigo assinado por mês, além de escrever a maior parte das revisões de livros. Suas primei­ras contribuições incluem o conto satírico “The Man That Was Used Up” (O homem que foi consumido) e os contos gó­ticos “The Fall of the House of Usher” e “William Wilson” (ambos publicados neste volume). Envolveu-se na reda­ção de um livro-texto de caráter duvidoso, The Concholo­gist’s First Book (O primeiro livro do conquiliolo­gis­ta), de autoria de Richard James Wyatt. Começa sua primeira série de soluções de criptogramas na revista Alexander’s Weekly Messenger.
1840 – Filadélfia. Publica Tales of the Grotesque and Arabes­que, reimpressão de 24 de seus contos, com a adição de uma história cômica ainda não publicada, “Why the Little Frenchman Wears his Hand in a Sling?” (Por que o fran­cesinho usa uma tipóia?). Discute com William Burton e é demitido. Em um esforço para fundar sua própria revista literária, ele distribui uma circular denominada “Prospectus for The Penn Magazine”, mas não obtém apoio financeiro suficiente. Publica “Sonnet – Silen­ce”, o conto satírico “The Businessman” (O comerciante) e o texto apócrifo que inti­tu­lou “The Journal (O diário) of Julius Rodman”. Em novembro, Burton vende sua revista para George Graham, que a unifica com sua própria revista, The Casket (O ataúde) para formar a Graham’s Magazine. Apesar de sua discussão com Poe no início do ano, aparentemente Burton o recomenda a Graham e, em dezembro, Poe contribui com o conto gótico “The Man in the Crowd” (O homem da multidão) para o primeiro número da “nova” revista. 
1841 – Filadélfia. Torna-se editor associado de Graham’s. Contribui com a história de raciocínio detetivesco “The Murders in the Rue Morgue” (Os assassinatos da rua Morgue); a aventura gótica “A Descent into the Maelström” (Descida ao redemoinho ou Descida ao Maelström); o idílio soturno “The Island of the Fay” (A ilha da fada); o irônico “Colloquy of Monos and Una”; e o satírico “Never Bet the Devil Your Head” (Nunca aposte sua cabeça com o Diabo). Continua a publicar em outras revistas, notadamente “Eleonora”, em The Gift, ao passo que, em um artigo publicado pelo Saturday Evening Post, prediz com acurácia o desfecho de Barnaby Rudge, novela de Dickens, a partir do primeiro capítulo. 
1842 – Filadélfia. Em janeiro, Virgínia sofre uma hemorragia, primeiro sinal sério de uma doença que levará sua vida cinco anos depois. Poe encontra-se com Dickens. Demite-se da revista Graham’s depois de uma disputa sobre privilégios editoriais. Trabalha em uma nova coleção de histórias em dois volumes, em que obras cômicas são cuidadosamente alternadas com trabalhos sérios, a ser intitulada Phantasy-Pieces, em imitação do livro alemão Phantasiestücke, que nunca chega a ser publicado. No outono, publica “The Pit and the Pendulum” (O poço e o pêndulo); “The Landscape Garden” (O jardim formal) e “The Mystery of Marie Roget”.
1843 – Filadélfia. Passa a colaborar na nova revista de James Russell Lowell, The Pioneer (O pioneiro), publicando em suas páginas “Lenore”, “The Tell-Tale Heart” (O coração denunciador) e um ensaio sobre versos ingleses (que mais tarde se torna “The Rationale of Verse” – Os fundamentos lógicos do verso). Todavia, a revista só publica três números e Poe novamente tenta estabelecer uma revista indepen­dente, que desta vez se deveria chamar The Stylus, e falha de novo. Em junho, “The Gold Bug” (O escaravelho de ouro) ganha um prêmio de cem dólares oferecido pelo Do­llar Newspaper, de Filadélfia, que é amplamente reim­pres­so. Encorajado pelo sucesso imediato dessa história, Graham começa a “publicação em partes” de The Prose Romances of Edgar A. Poe, cujo primeiro número apresen­ta o conto sério “The Mur­ders in the Rue Morgue” juntamente com o cômico “The Man That Was Used Up”. No outono, o conto gótico “The Black Cat” (O gato preto) é seguido pelas histórias cômicas “The Elk” (O alce) e “Diddling Consi­de­red As One of the Exact Sciences” (A trapaça considerada como uma ciência exata). Começa um circuito de conferên­cias em novembro, com o tema “Poets and Poetry in America”.
1844 – Filadélfia e Nova York. Continua suas conferências sobre a poesia americana, ao mesmo tempo que contribui para grande variedade de revistas. Notáveis são a história cômica “The Spectacles” (Os óculos) e o conto de ocultismo “The Tale of the Ragged Mountains” (Conto das montanhas escarpadas). Consegue um emprego como redator no New York Evening Mirror e transfere sua família para Nova York, no­ta­bilizando sua chegada com uma fraude jornalística que alcança pleno sucesso no New York Sun, sobre uma pretensa viagem de balão através do Atlântico. Continua a publicar prolificamente em grande variedade de revistas e jornais as histórias tragicômicas: “The Premature Burial” (O funeral prematuro); “Mes­­meric Revelation” (Revelação hipnótica) e “The Oblong Box” (A caixa comprida) e a sátira cômica “The Angel of the Odd” (O anjo da estranheza), que são seguidas pela peça de raciocínio “The Purloined Letter” (A carta roubada), seguida, por sua vez, por “Thou Art the Man” (Tu és o homem), uma paródia do gênero das histó­rias de detetive que ele tinha popularizado, se é que não foi seu inventor, durante os últimos três anos. Veio depois “The Literary Life of Thingum Bob”, uma sátira sobre Graham e outros editores. Em dezembro, ele come­çou a coluna Margi­na­lia (Notas à margem) na Demo­cratic Review, uma série contínua de comentários breves e alea­tórios sobre leitura, escrita e os caprichos da vida. 
1845 – Nova York. Em janeiro, aparece “The Raven” (O corvo) no Evening Mirror. Continua sua turnê de conferências. Publica as histórias satíricas “The Thousand and Second Tale of Scheherazade” (A milésima-segunda história de Scheherazade) e “Some Words with a Mummy” (Algumas palavras com uma múmia), seguidas pelo conto “filosófico” “The Power of Words” (O poder das palavras) e o tragicômico “Imp of the Perverse” (O demônio da perversidade). Passa a colaborar com a Broadway Journal. Reimprime nela muitos de seus poemas e contos, do mesmo modo que contribui com mais de sessenta revisões ou ensaios literários. Começa a “Little Longfellow War” (A pequena guerra com Longfellow), uma série de cinco artigos em que acusa de plágio Longfellow, uma das figuras literárias mais populares em sua época. Em junho, Evert Duyckinck escolhe doze das histórias de Poe e as publica através da firma nova-iorquina Wiley and Putnam, sob o título de Tales. Em outubro, continuando suas conferên­cias e leituras ao público, Poe lê “Al Aaraaf”, no Liceu de Boston, apresentando a peça, por brincadeira, como sendo de outro autor. Enquanto isto, os editores da Broadway Journal tinham se desentendido, o que levou Poe a pedir grandes somas emprestadas a seus amigos, de modo que, finalmente, se bem que por um período breve, se torna proprietário e editor de sua própria revista. Continua a publicar em diversas outras revistas; notavelmente, “The System of Dr. Tarr and Prof. Fether” e o tragicômico “Facts in the Case of M. Valdemar” (Os fatos que envolveram o caso de Mr. Valdemar). No final desse ano, Wiley and Putnam publicam The Raven and Other Poems (O corvo e outros poemas).
Edgar Allan Poe em daguerreótipo de 1849.
1846 – Nova York. Durante o inverno, uma doença força Poe a in­terromper a publicação da Broadway Journal, que havia sofrido prejuízos durante o ano de 1845. Contribui com o conto tragicômico “The Sphinx” (A esfinge) e o ensaio semi-sar­cástico “Philosophy of Composition” para outras revistas. Começa em maio “The Literati of New York City” na Go­dey’s, uma série de esboços levemente satíricos de escrito­res nova-iorquinos bem conhecidos, inclusive Thomas Dunn English, que publica uma réplica encolerizada no Evening Mirror. Poe faz a tréplica em julho e, ao mesmo tempo, processa o Mirror, que havia impresso diversos outros ataques à sua pessoa. Embora ele vença o processo de difamação em fevereiro seguinte, Godey encerra a coluna após seu sexto artigo, publicado em novembro. Poe conclui o ano com “The Cask of Amontillado” (O barril de amontillado).
1847 – Nova York. Em janeiro, morre Virginia, o que introduz o ano menos produtivo de Poe, durante o qual ele sofre de profunda depressão e busca socorro na embriaguez. Tudo quanto ele completa, além de versões atualizadas da revisão da obra de Hawthorne, publicada anteriormente em 1842, e de “The Landscape Garden”, são dois poemas: um deles “M. L. S.”, dedicado a Marie Louise Shew, a mulher que cuidou de Virginia nos últimos estágios de sua doença; e o outro, “Ulalume”, publicado em dezembro. 
1848 – Nova York. Em fevereiro, faz uma conferência intitulada “The Universe”, na New York Society Library, um ensaio sobre o princípio da morte e da aniquilação como parte dos desígnios do Universo, que ele revisa para publicação em formato de livro no mês de julho como Eureka. Tenta uma série de ligações românticas: com Marie Louise Shew, no princípio do ano; com Annie Richmond, na metade; e com Sarah Helen Whitman, no final do ano. A sra. Whitman, uma viúva, noiva com Poe durante um breve período, mas logo rompe o noivado. No outono, em profunda depressão, ele pode ter tomado uma grande dose de láudano. Enquanto isso, “The Rationale of Verse” é publicado, juntamente com um segundo poema, “To Helen” (dedicado a Helen Whitman). Em dezembro, ele lê “The Poetic Principle” como uma conferência em Providence. 
1849 – Nova York, Richmond e Baltimore. Embora ele continue a contribuir para grande variedade de revistas, neste período seu principal publicador é o Flag of Our Union, de Boston, um semanário bastante popular. Ali ele publica três poemas, de março a julho, incluindo o irônico “Eldorado” e “For Annie”. Também publica quatro contos, o tragicômico “Hop-Frog”; a falsa reportagem sobre a Corrida do Ouro, “Von Kem­pelen and His Discovery”; a sátira “X-ing a Para­grab”; e o idílico “Landor’s Cottage” (A cabana de Landor). No verão, passa dois meses em Richmond, onde propõe casamento a Sarah Elmira Royster Shelton, sua namorada de infância (agora viúva) e aparentemente é aceito. Vai a Baltimore no final de setembro, onde parece ter se entrega­do a uma bebedeira contínua. Foi encontrado semiconsciente em frente ao local em que funcionava uma seção eleitoral, no dia três de outubro. Morre na manhã de domingo, dia sete de outubro, de “congestão cerebral” – uma lesão do cérebro, talvez complicada por uma inflamação intestinal, um coração enfraquecido e diabetes. Sua morte é seguida pelo afrontoso e ofensivo aviso de óbito, escrito por Griswold, e pela publicação de dois de seus mais belos poemas, ambos tratando do triunfo final da morte: “Annabel Lee”, no dia nove de outubro, e “The Bells” (Os sinos), no princípio de novembro.
:: Fonte: L&PM Editores (acessado em 7.4.2016).
Edgar Allan Poe - autorretrato
OBRA PUBLICADA NO BRASIL [TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO]
(em ordem cronológica)
:: Novellas extraordinarias Edgar Allan Poe. [em tradução portuguesa*]. Rio de Janeiro: Garnier, c. 1903.
:: Contos de imaginação e mysterio Edgar Allan Poe. [tradução Januário Leite]. Colecção 'Obras Primas - Anthologia Universal'. Rio de Janeiro: Annuario do Brasil, 1921.
:: Contos de Edgard Poe. [tradução Januário Leite]. Colecção 'Obras Primas - Anthologia Universal'. Rio de Janeiro: Annuario do Brasil, 1926.
:: Historias exquisitas. Edgar Allan Poe. [tradução Afonso de Escragnolle Taunay]. São Paulo: Melhoramentos, 1927.
:: O escaravelho de ouro e Os assassinios da rua Morgue Edgar Allan Poe. [tradução Álvaro Pinto de Aguiar; ilustrações E. Grandeit]. São Paulo: Melhoramentos, c. 1928.
:: As aventuras de Arthur Gordon PymEdgar Allan Poe. [tradução e ensaio bibliográfico Eloy Pontes]. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1944.
:: Edgar Allan Poe - ficção completa: poesias & ensaios. [organização, tradução e anotações Oscar Mendes com a colaboração Milton Amado; prefácio Hervey Allen]. Porto Alegre: Globo, 1944.
:: Contos de imaginação e mistérioEdgar Allan Poe. [tradução Aurélio Lacerda]. Rio de Janeiro: Pinguim, 1947.
:: O fantasma da rua Morgue. Edgar Allan Poe. [tradução Frederico dos Reis Coutinho]. Rio de Janeiro: Vecchi, 1954.
:: Thingum Bob Edgar Allan Poe. [tradução José Maria Machado]. São Paulo: Clube do Livro, 1956.
Edgar Allan Poe - by bones1999
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [seleção e tradução José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1958.
:: Antologia de contos de Edgar Allan Poe. [seleção e tradução Brenno Silveira]. São Paulo: Civilização Brasileira, 1959.
:: Poemas e prosa. Edgar Allan Poe. [organização e tradução Oscar Mendes e Milton Amado]. Porto Alegre: Globo, 1960.
:: Poemas e ensaios. Edgar Allan Poe. [organização e tradução Oscar Mendes e Milton Amado; revisão Carmen Vira Cerne]. Porto Alegre: Globo, 1960.
:: Os crimes da rua Morgue e outras histórias, Edgar Allan Poe. [tradução Aldo della Nina]. Rio de Janeiro: Saraiva, 1961. 
:: Edgar Allan Poe - Ficção completa: poesias & ensaios. [organização, tradução e anotações Oscar Mendes e Milton Amado; ilustrações Eugênio Hirsch e Augusto Iriarte Gironaz]. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora, 1965; 1986. 
:: O corvo. Edgar Allan Poe. [tradução Benedicto Lopes]. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1970.
:: As histórias extraordinárias. [seleção e tradução Brenno Silveira]. São Paulo: Civilização Brasileira, 1970.
:: As histórias extraordinárias. [pretensa tradução João Teixeira de Paula ***]. São Paulo: Ordibra; INL/MEC, 1972.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução Pedro Ramires]. Rio de Janeiro: Cedibra, 1972.
:: O passageiro clandestino (Arthur Gordon Pym). Edgar Allan Poe. [adaptação Marques Rebelo]. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1973.
:: 7 de Allan Poe. [seleção e adaptação Clarice Lispector]. Coleção Calouro. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1974.
:: O gato preto e outras histórias de Allan Poe. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, (c.1975).
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe[tradução Brenno Silveira e outros]. São Paulo: Edibolso, 3ª ed., 1975.
:: História extraordinárias de Edgar Allan Poe. [seleção, tradução e adaptação Clarice Lispector].. (seleta de c. 1975. com esse título desde c. 1985 e reedição com o nome Histórias extraordinárias a partir de 2005****) Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint; Edições de Ouro, c. 1975; 1986;  Ediouro, 2005.
:: Contos de terror, de mistério e de morte. Edgar Allan Poe. [tradução  Oscar Mendes e Milton Amado; ilustrações Eugênio Hirsch]. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1975; Editora Nova Fronteira, 1981.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução Brenno da Silveira; Berenice Xavier, que traduziu "William Wilson"]. São Paulo: Editora Abril, 1981.
:: Contos de Edgar Allan Poe. [tradução José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 1984.
:: Contos escolhidos. Edgar Allan Poe. [tradução Oscar Mendes e Milton Amado]. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1985.
:: Eureka. Edgar Allan Poe. [tradução Marilene Felinto; introdução Julio Cortázar]. São Paulo: Max Limonad, 1986.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [seleção  Carmen Vera Cirne Lima; tradução Oscar Mendes e Milton Amado]. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1987.
:: Poemas e ensaios. Edgar Allan Poe. [seleção e tradução Milton Amado e Oscar Mendes]. Coleção Clássico Globo. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1987; 4ª ed., 2009.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução José Maria Machado]. São Paulo: Clube do Livro, 1988.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução portuguesa Luísa Feijó e Teixeira de Aguilar]. Rio de Janeiro: América do Sul, 1988.
:: Os melhores contos de Edgar Allan Poe. [tradução José Paulo Paes]. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.
:: Para gostar de ler 12: histórias de detetive. [tradução Luiza Helena Martins Correia]. São Paulo: Editora Ática, 1992.
:: O homem da multidão. Edgar Allan Poe. [tradução Dorothée de Bruchard]. Edição trilíngue. Porto Alegre RS: Paraula, 1993.
:: O escaravelho de ouro e outras histórias. Edgar Allan Poe. [tradução José Rubens Siqueira]. Coleção Eu Leio. São Paulo: Editora Ática, 1993; 2000.
:: O mistério de Marie Roget. Edgar Allan Poe. [tradução Ary Nicodemos Trentin]. São Paulo: FTD, 1995.
:: Os assassinatos da rua Morgue e O escaravelho de ouroEdgar Allan Poe. [adaptação Ricardo Gouveia]. São Paulo: Scipione, 1995.
:: Manuscrito encontrado numa garrafa. Edgar Allan Poe. [tradução  ?]. Rio de Janeiro: Editora Ediouro, 1998.
:: O mistério de Marie Roget. Edgar Allan Poe. [tradução Ary Nicodemos Trentin; organização Ligia Cademartori; ilustrações Gennaro Urso]. Coleção Selo Negro. São Paulo: FTD, 1995; 2008.
:: Os assassinatos na rua Morgue | A carta roubadaEdgar Allan Poe[tradução Ana Maria M. Tatsumi e Erline T. V. dos Santos]. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
:: O relato de Arthur Gordon Pym. Edgar Allan Poe. [tradução Arthur Nestrovski]. Porto Alegre: Coleção L&PM Pocket, 1997, 240p.
:: Histórias de crimes e mistériosEdgar Allan Poe. [tradução Geraldo Galvão Ferraz]. Coleção Eu Leio. São Paulo: Ática, 1998.
Edgar Allan Poe, por Arthur Garfield, sem data
:: 'O corvo' e suas traduções. Edgar Allan Poe. [organização Ivo Barroso; tradução Baudelaire, Mallarmé, Machado de Assis, Emílio de Meneses, Fernando Pessoa, Milton Amado, Alexei Bueno, Gondin de Fonseca, Benedito Lopes]. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1998.
:: Os assassinatos da rua Morgue | A carta roubadaEdgar Allan Poe[tradução Isa Mara Lando]. São Paulo: Imago; Alumni, 1999.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [pretensa tradução Pietro Nassetti***]. Coleção A obra-prima de cada autor. São Paulo: Martin Claret, 2000.
:: Assassinatos na rua morgue. Edgar Allan Poe. [tradução William Lagos]. Porto Alegre: Coleção L&PM Pocket, 2002, 160p.
:: O corvo, corvos e o outro corvo. Edgar Allan Poe. [traduções Baudelaire, Mallarmé, Machado de Assis e Fernando Pessoa; organização e versão de Vinícus Alves]. Coleção Tra(duz)ir. Florianópolis: EDUFSC, 2002.
:: Os assassinatos da Rua Morgue. Edgar Allan Poe. [tradução e adaptação Ricardo Gouveia]. Coleção Reencontro. Rio de Janeiro: Scipione, 2003.
:: A máscara da morte vermelha. Edgar Allan Poe. [tradução Antonio Carlos Vilela; ilustrações Poly Bernatene]. Coleção Histórias extraordinárias. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2004.
:: O gato preto. Edgar Allan Poe. [tradução Bernardo Carvalho; ilustrações Oswaldo Goeldi]. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução Claudia Ortiz]. Coleção Clássicos adaptados. São Paulo: Larousse do Brasil Editora, 2005.
:: A carta roubada. Edgar Allan Poe. [tradução William Lagos]. Porto Alegre: Coleção L&PM Pocket, 2005, 208p.
:: O Berenice – retrato oval. Edgar Allan Poe. [adaptação Ana Carolina Vieira Rodriguez]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2005; 2ª ed., 2011.
:: A queda da casa de Usher. Edgar Allan Poe. [adaptação Ana Carolina Vieira Rodriguez]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2006.
:: O coração revelador. Edgar Allan Poe. [tradução Antonio Carlos Vilela; ilustrações Poly Bernatene]. Coleção Histórias extraordinárias. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2006.
:: O gato preto. Edgar Allan Poe[tradução Antonio Carlos Vilela; ilustrações Poly Bernatene]. Coleção Histórias Extraordinárias. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2006.
:: Assassinatos na rua Morgue e outras histórias. Edgar Allan Poe. [tradução Aldo della Nina]. São Paulo: Saraiva, 2006.
:: O retrato oval. Edgar Allan Poe. [tradução Antonio Carlos Vilela; ilustrações Poly Bernatene]. Coleção Histórias extraordinárias. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2006.
:: A mascara da morte rubra. Edgar Allan Poe. [tradução Jorge Ritter; ilustração Tati Moes]. Coleção Só um Conto. Porto Alegre RS: Editora Artes e Ofícios, 2007.
:: A carta roubada. Edgar Allan Poe. [adaptação Ana Carolina Vieira Rodriguez]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2007; 2ª ed., 2011.
:: O poço e o pêndulo. Edgar Allan Poe. [adaptação Rodrigo Espinosa Cabral]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2007.
:: O gato preto e outras histórias. Edgar Allan Poe. [tradução e adaptação Ricardo Gouveia]. Coleção Reencontro. Rio de Janeiro: Scipione, 2007.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe[organização e tradução José Paulo Paes]. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
:: O gato preto e outros contos. [tradução e organização Guilherme da Silva Braga]. Coleção de Bolso. São Paulo: Editora Hedra, 2008.
:: O corvo. Edgar Allan Poe. [tradução Machado de Assis; organização Alberto Guerra; ilustrações Cristina Pereira de Lima]. Presidente Prudente SP: Editora Ao Livro Técnico, 2008, 41p.
:: Os manuscrito encontrado Em uma garrafa e Crimes da rua Morgue. Edgar Allan Poe. [adaptação Ana Carolina Vieira Rodriguez]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2009.
:: Contos de terror e mistérioEdgar Allan Poe[tradução Rogério Borges; adaptação Telma Guimarães]. Rio de Janeiro:  Editora do Brasil, 2009.
:: O corvo: em quadrinhosEdgar Allan Poe[adaptação Luciano Irrthum]. Coleção Clássicos em HQ. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2009. 
:: O gato preto e outros contos. Edgar Allan Poe. [tradução Guilherme da Silva Braga]. São Paulo: Hedra, 2009.
:: Assassinatos na rua Morgue e outras históriasEdgar Allan Poe. [tradução Aldo Della]. São Paulo: Saraiva, 2009.
Edgar Allan Poe, por (...)
:: O mistério de Marie Roget. Edgar Allan Poe. [adaptação Rodrigo Espinosa Cabral]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2009.
:: Hans Pfaall - uma aventura sem paralelo. Edgar Allan Poe[adaptação Rodrigo Espinosa Cabral]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2009.
:: William – Wilson. Edgar Allan Poe. [adaptação Rodrigo Espinosa Cabral]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2009 2ª ed., 2011.
:: O barril de amontillado, O e demônio da perversidade. Edgar Allan Poe. [adaptação Rodrigo Espinosa Cabral]. Coleção Aventuras Grandiosas. São Paulo: Rideel, 2009.
:: Antologia de contos extraordinários. Edgar Allan Poe. [organização e tradução Brenno Silveira]. Editora Bestbolso, 2010, 294p.
:: Contos obscuros de Edgar Allan Poe. [seleção e organização Braulio Tavares; ilustrações Romero Cavalcanti; vários tradutores]. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2010.
:: O corvo. Edgar Allan Poe. [tradução Fernando Pessoa e Alexei Bueno; ilustrações e adpatação Manu Maltez]. Rio de Janeiro: Editora Scipione, 2010.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução e adaptação Clarice Lispector]. Coleção Saraiva de Bolso. Rio de Janeiro: Saraiva, 2011.
:: A filosofia da composição. Edgar Allan Poe. [tradução Lea Viveiros de Castro; prefácio Pedro Sussekind]. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2011, 64p.
:: Era uma vez a meia-noite. Edgar Allan Poe. [recriados|adaptados Leo Cunha, Luiz Antonio Aguiar, Pedro Bandeira, Rogério Andrade Barbosa e Rosana Rios]. Editora Galera Record, 2011. 
:: Histórias extraordinárias: a mascara da morte vermelha - o coração revelador  - o gato preto - o retrato ovalEdgar Allan Poe.[tradução Antonio Carlos Vilela; ilustrações Poly Bernatene]. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2011.
:: A carta roubada. Edgar Allan Poe. [tradutora Ana Beatriz Guerra; ilustrações Joao Kammal]. Rio de Janeiro: Editora Mr Bens, 2011.
:: A carta roubada. Edgar Allan Poe. [tradução Elisa Zanetti e Luciano Vieira Machado; ilustrações Roger Olmos; adaptação Rosa Moya]. São Paulo: Editora Panda Books, 2011.
:: O escaravelho de ouro & outras histórias. Edgar Allan Poe. [tradução Bianca Pasqualini e Rodrigo Breunig]. Porto Alegre: Coleção L&PM Pocket, 2011, 240p.
:: O mistério de Marie Rogêt. Edgar Allan Poe. [tradução Bianca Pasqualini]. Porto Alegre: Coleção L&PM Pocket, 2012.
:: Os assassinatos na rue Morgue. Edgar Allan Poe. [tradução Guilherme Braga; ilustração Frederico Mares Tizzot]. Curitiba PR: Editora Arte e Letra, 2012. 
:: Steampunk: Poe. Edgar Allan Poe. [tradução Luciana Vieira Machado]. São Paulo: ID Editora, 2012.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução Eliane Fittipaldi e Katia Maria Orberg]. São Paulo: Editora Martin Claret, 2012.
:: Contos de imaginação e mistério. Edgar Allan Poe. [tradução Cássio de Arantes Leite; posfácio Charles Baudelaire; ilustrações Henry Clarke]. São Paulo: Editora Tordesilhas, 2012, 424p.
:: Enterro prematuro e outros contos do mestre do terror. Edgar Allan Poe. [tradução ?]. Porto Alegre RS: Editora Besourobox, 2013.
:: O corvo. Edgar Allan Poe. [tradução Thereza Christina Rocque da Motta; ilustrações Gustave Doré]. Rio de Janeiro: Editora Ibis Libris, 2013, 54p.
:: O poço e o pêndulo. Edgar Allan Poe. [adaptação Sean Tulien]. Coleção Farol HQ. São Paulo: Editora Farol Literário, 2014.
:: Assassinatos na rua morgue. Edgar Allan Poe. [adaptação Carl Bowen]. Coleção Farol HQ. São Paulo: Editora Farol Literário, 2014.
:: A queda da casa de Usher. Edgar Allan Poe. [adaptação Matthew K. Manning]. Coleção Farol HQ. São Paulo: Editora Farol Literário, 2014.
:: O coração delator. Edgar Allan Poe. [adaptação Benjamin Harper]. Coleção Farol HQ. São Paulo: Editora Farol Literário, 2015.
:: Caixa Especial Edgar Allan Poe. (reúne três livros de contos: Assassinatos na Rua Morgue - A carta roubada - O escaravelho de ouro & outras histórias). Porto Alegre: Coleção L&PM Pocket, 2015.
:: O corvo. Edgar Allan Poe. [traduções Machado de Assis; Fernando Pessoa e Charles Baudelaire; ilustrações Lupe Vasconcelos]. Edição trilíngue. São Paulo: Editora Empíreo, 2015.
:: Contos de mistério. Edgar Allan Poe. [tradução ?]. Coleção O prazer de Ler. São Paulo: Disal Editora, 2015.
:: Contos de suspense e terror. Edgar Allan Poe. [tradução Eliane Fittipaldi e Katia Maria Orberg]. São Paulo: Martin Claret, 2015.

Em antologias
Edgar Allan Poe - by  Bugo | TinyPic
:: Poemas da angústia alheia. [tradução Gondin da Fonseca]. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1956.
:: Poemas famosos da língua inglesa. Antologia bilíngue. [seleção, tradução e notas Oswaldino Marques]. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1956.
:: Maravilhas do Conto Universal. [introdução Edgar Cavalheiro~; organização Diaulas Riedel; seleção e tradução T. Booker Washington**]. São Paulo: Cultrix, 1957.
:: Maravilhas do conto amoroso. [organização Fernando Correia da Silva]. São Paulo: Cultrix, 1961.
:: As obras primas do conto universal. [organização e tradução Almiro Rolmes Barbosa & Edgard Cavalheiro]. São Paulo: Martins, 1966. 
:: As melhores histórias insólitas. [tradução de Alair Oliveira Gomes]. Coleção Livro Amigo. Bruguera, 1972.
:: Poetas norte americanos. Antologia bilíngüe. [tradução e edição Paulo Vizioli]. Rio de Janeiro: Lidador, 1976.
:: Os mais extraordinários contos de suspense. [organização Rosamund Morris; tradução Renato Guimarães]. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
:: Mar de histórias: O romantismo. vol. III: antologia do conto mundial. [organização e tradução Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 
:: Contos norte-americanos. [seleção, tradução e notas introdutivas  Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai]. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, Tecnoprint, s/d. 
:: Para gostar de ler 21: histórias fantásticas. [tradução Luiza Helena Martins Correia]. São Paulo: Editora Ática, 1992.
:: Para gostar de ler 11: contos universais. [seleção José Paulo Paes; tradução Mustafa Yazbek]. São Paulo: Editora Ática, 2003; 9ª ed., 2008.
:: Para gostar de ler 38: histórias de ficção cientifica. [tradução Carlos Angelo; tradução e organização Roberto de Sousa Causo; ilustrações Sam Hart]. São Paulo: Editora Ática, 2005, 160p.
:: Contos de horror do século XIX. [organização Alberto Manguel; traduções Davi Arrigucci Junior, Milton Hatoum, Moacyr Scliar, Nina Horta e Rubem Fonseca]. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2005.
:: Contos fantásticos: no labirinto de Borges. [organização Braulio Tavares; ilustração Romero Cavalcanti; vários tradutores]. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2005.
:: Os melhores contos fantásticos. [organização Flavio Moreira da Costa; traduções Adriana Lisboa, Augusto Alencastro, Barbara Heliodora, Boris Schnaiderman, Carlos Nejar, Celina Portocarrero, Claudia Cavalcanti, Flavio Moreira da Costa, Fulvia M. L. Moretto, Jose Paulo Paes, Maria Luiza X. De A. Borges, Mateus Hoepers, Mauro Pinheiro, Myriam Campello, Oscar Mendes, Pina Bastos, Remy Gorga Filho, Rubem Mauro Machado e Vilma Maria Silva]. Coleção Escolha de Mestre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
:: Três aventuras. (autores: Edgar Allan Poe, Júlio Verne e Phileas Fogg).. [seleção, tradução e adaptação Júlio Emílio Braz].. Coleção Clássicos Juvenis. São Paulo: Editora Atual, 2006; 2ª ed., 2009.
:: Os melhores contos de loucura. [organização Flávio Moreira da Costa; traduções Albino Poli Junior, Boris Schnaiderman, Celina Portocarrero, Flavio Alves Mc, Flavio Moreira da Costa, Ingrid Dormien Koudela, J. Guinsburg, Jose Paulo Paes, Leo Schlafman, Maria Luiza X. De A. Borges e Rubens Figueiredo]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
:: Os melhores contos de cães e gatos. [tradução Celina Portocarrero]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007. 
:: Leituras de escritor. [organização Moacyr Scliar; ilustrações Fefe Talavera]. Rio de Janeiro: Edições SM, 2008.
:: Histórias para não dormir - Dez contos de terror. [seleção e organização Luiz Roberto Guedes e Emílio Satoshi; ilustrações Piero Pierini]. Coleção Quero ler. São Paulo: Editora Ática; Novo Continente, 2010, 152p.
Edgar Allan Poe, por (...)
:: Contos de amor e desamor. [organização Flavio Moreira da Costa; traduções Boris Schnaiderman, Celina Portocarrero, Conde de Azevedo e Silva, Filinto Elisio, Flavio Moreira da Costa, Leo Schlafman, Marcelo Backes, Maria Luiza X. De A. Borges, Mauricio Burigo, Renato Rezende, Roberto Muggiati, Rubens Figueiredo]. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2010.
:: Contos fantásticos: amor e sexo. [organização Braulio Tavares; tradução Braulio Tavares, Julio Silveira e Ronaldo de Biasi]. Rio de Janeiro: Imã Editorial 2011.
:: Contos de terror e mistério. [adaptação Telma Guimarães; ilustrações Rogério Borges]. São Paulo: Editora do Brasil, 2ª ed., 2012, 72p.
:: Contos de horror: histórias para não ler a noite. [organização e tradução Rosana Rios e Martha Argel]. São Paulo: Farol Literário, 2012.
:: A causa secreta e outros contos de horror. [ vários autores; tradução ?]. São Paulo: Boa Companhia, 2013.
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Outras referências e comentários sobre as traduções|adaptações|plágios em português (Brasil-Portugal):
:: Blog não gosto de plagio - link 1*- link 2. | sobre o tradutor link 3** (acessado em 6.4.2016).
ALVES, Francisco Francimar de Sousa. Os paratextos das antologias brasileiras de contos de Edgar Allan Poe no século XXI. (Tese Doutorado em Estudos da Tradução). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2014. Disponível no link. (acessado em 7.4.2016).
BOTTMANN, Denise. histórias extraordinárias, poe XXVIII***. in: não gosto de plágio, 3 de fev. 2010. Disponível no link. (acessado em 6.4.2016).
BOTTMANN, Denise. Alguns aspectos da presença de Edgar Allan Poe no Brasil****. in: Tradução em Revista 2010/1, p. 1-19. Disponível no link. (acessado em 6.4.2016).
BOTTMANN, DeniseTardio, porém viçoso: Poe contista no Brasil | A long time coming, but then Bountiful: Poe as a short story writer in Brazil. in: TradTerm, São Paulo, v. 22, Dezembro/2013, p. 89-106. Disponível no link. (acessado em 6.4.2016).
DAGHLIAN, Carlos. Obras de e sobre Poe em português ou publicadas no Brasil. in: Fragmentos, 17, 1999, p. 95-111. Disponível no link. (acessado em 6.4.2016).
GOTIB, Nádia Battella. Clarice fotobiografia. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial, 2007.



ALGUMAS TRADUÇÕES PORTUGUESAS DE EDGAR ALLAN POE
Edgar Allan Poe, por (...)
:: Aventuras de Arthur Gordon Pym. Edgar Allan Poe. [tradução Câmara Lima]. Lisboa: Antonio Maria Pereira, 1916.
:: As aventuras de Arthur Gordon Pym. Edgar Allan Poe. [tradução Eduardo Guerra Carneiro]. Coleção Livro B 11. Lisboa: Editora Estampa, 1972; 1988.
:: O mistério de Maria Roget. Edgar Allan Poe. [tradução Jorge de Sena]. Colecção Crime Imperfeito. Lisboa: Relógio d'Água, 1988.
:: Os crimes da rua morgue. Edgar Allan Poe. [tradução Cabral do Nascimento]. Colecção Crime Imperfeito. Lisboa: Relógio d'Água, 1988.
:: Histórias extraordinárias II. Edgar Allan Poe. [tradução Luísa Feijó]. colecção  Pendulo 41. Mem Martins: Europa-América, 1989.
:: O poço e o pêndulo. Edgar Allan Poe. [tradução João Costa; prólogo e direcção Luís Alves da Costa]. Colecção Biblioteca de Babel 4. Lisboa: Vega, 1990.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução José Couto Nogueira]. Colecção Grandes Génios da Literatura Universal. Alfragide: Ediclube, 1995.
:: Histórias extraordinárias. Edgar Allan Poe. [tradução José Teixeira de Aguilar]. Colecção Livros de Bolso. Mem Martins: Europa-América, 3ª ed., 1998.
:: Poética. Edgar Allan Poe. [tradução, introdução, cronologia e notas Helena Barbas]. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
:: A queda da casa de Usher - Uma descida ao Maelström - O homem da multidão. Edgar Allan Poe. [tradução Vasco Gato]. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2008.
:: A carta roubada. Edgar Allan Poe. [textos seleccionados e apresentados Jorge Luis Borges; tradução José Remelhe]. Colecção Biblioteca de Babel 8. Lisboa: Presença, 2008.
:: O mistério de Maria Roget - O barril de amontillado. Edgar Allan Poe. [tradução Jorge de Sena]. Lisboa: Editora Relogio D'agua, 2009.
:: Todos os contos: Edgar Allan Poe. [tradução José Teixeira de Aguilar; ilustração Joan-Pere Viladecans]. Vol. I e II. Coleção Círculo de Leitores. Lisboa: Editora Temas e Debates | Quetzal Editores, 2010; 2014.
:: Outros Poemas de Edgar Allan Poe. Acesse AQUI!


Edgar Allan Poe, by Adam Rex
O POEMA O CORVO EM TRÊS TRADUÇÕES
O CORVO
Foi uma vez: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,
a ler doutrinas de outro tempo em curiosíssimos manuais,
e, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um ruído,
tal qual se houvêsse alguém batido à minha porta, devagar.
“É alguém – fiquei a murmurar – que bate à porta, devagar;
                        sim, é só isso e nada mais.”

Ah! Claramente eu o relembro! Era no gélido dezembro
e o fogo agônico, animava o chão de sombras fantasmais.
Ansiando ver a noite finda, em vão, a ler, buscava ainda
algum remédio à amarga, infinda, atroz saudade de Lenora
– essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora
                          e nome aqui já não tem mais.

A sêda rubra da cortina arfava em lúgubre surdina,
arrepiando-me e evocando ignotos mêdos sepulcrais.
De susto, em pávida arritmia, o coração veloz batia
e a sossegá-lo eu repetia: “É um visitante e pede abrigo.
Chegando tarde, algum amigo está a beber e pede abrigo.
                           É apenas isso e nada mais.”

Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar, falei assim: 
“Perdoai, senhora, ou meu senhor, se há muito aí fora me esperais;
mas é que estava adormecido e foi tão débil o batido,
que eu mal podia ter ouvido alguém chamar à minha porta,
assim de leve, em hora morta.” Escancarei então a porta:
                                  – escuridão, e nada mais.

Sondei a noite êrma e tranqüila, olhei-a fundo, a perquiri-la,
sonhando sonhos que ninguém, ninguém ousou sonhar iguais.
Estarrecido de ânsia e mêdo, ante o negror imoto e quêdo,
só um nome ouvi (quase em segrêdo eu o dizia), e foi: “Lenora!”
E o eco, em voz evocadora, o repetiu também: “Lenora!”
                                    Depois, silêncio e nada mais.

Com a alma em febre, eu novamente entrei no quarto e, de repente,
mais forte, o ruído recomeça e repercute nos vitrais.
“É na janela” – penso então. – “Por que agitar-me de aflição?
Conserva a calma, coração! É na janela, onde, agourento,
o vento sopra. É só do vento êsse rumor surdo e agourento.
                                      É o vento só e nada mais.”

Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto:
– é um Corvo hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais.
Como um fidalgo passa, augusto, e, sem notar sequer meu susto,
adeja e pousa sôbre o busto – uma escultura de Minerva,
bem sôbre a porta; e se conserva ali, no busto de Minerva,
                                      empoleirado e nada mais.

Ao ver da ave austera e escura a soleníssima figura,
desperta em mim um leve riso, a distrair-me de meus ais.
“Sem crista embora, ó Corvo antigo e singular” – então lhe digo –
“não tens pavor. Fala comigo, alma da noite, espectro tôrvo, 
qual é o teu nome, ó nobre Corvo, o nome teu no inferno tôrvo!”
                                        E o Corvo disse: “Nunca mais”.

Maravilhou-me que falasse uma ave rude dessa classe,
misteriosa esfinge negra, a retorquir-me em têrmos tais;
pois nunca soube de vivente algum, outrora ou no presente,
que igual surprêsa experimente: a de encontrar, em sua porta,
uma ave (ou fera, pouco importa), empoleirada em sua porta
                                         e que se chame “Nunca mais”.

Diversa coisa não dizia, ali pousada, a ave sombria,
com a alma inteira a se espelhar naquelas sílabas fatais.
Murmuro, então, vendo-a serena e sem mover uma só pena,
enquanto a mágoa me envenena: “Amigos… sempre vão-se embora.
Como a esperança, ao vir a aurora, ELE também há de ir-se embora.”
                                          E disse o Corvo: “Nunca mais.”

Vara o silêncio, com tal nexo, essa resposta que, perplexo,
julgo: “É só isso o que êle diz; duas palavras sempre iguais.
Soube-as de um dono a quem tortura uma implacável desventura
e a quem, repleto de amargura, apenas resta um ritornelo
de seu cantar; do morto anelo, um epitáfio: – o ritornelo
                                           de “Nunca, nunca, nunca mais”.

Como ainda o Corvo me mudasse em um sorriso a triste face,
girei então numa poltrona, em frente ao busto, à ave, aos umbrais
e, mergulhando no coxim, pus-me a inquirir (pois, para mim,
visava a algum secreto fim) que pretendia o antigo Corvo,
com que intenções, horrendo, tôrvo, êsse ominoso e antigo Corvo
                                          grasnava sempre: “Nunca mais.”

Sentindo da ave, incandescente, o olhar queimar-me fixamente,
eu me abismava, absorto e mudo, em deduções conjeturais.
Cismava, a fronte reclinada, a descansar, sôbre a almofada
dessa poltrona aveludada em que a luz cai suavemente, 
dessa poltrona em que ELA, ausente, à luz que cai suavemente,
                                         já não repousa, ah!, nunca mais…

O ar pareceu-me então mais denso e perfumado, qual se incenso
ali descêssem a esparzir turibulários celestiais.
“Mísero!, exclamo. Enfim teu Deus te dá, mandando os anjos seus,
esquecimento, lá dos céus, para as saudades de Lenora.
Sorve o nepentes. Sorve-o, agora! Esquece, olvida essa Lenora!”
                                       E o Corvo disse: “Nunca mais.”

“Profeta! – brado. – Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernal
que o Tentador lançou do abismo, ou que arrojaram temporais,
de algum naufrágio, a esta maldita e estéril terra, a esta precita
mansão de horror, que o horror habita, imploro, dize-mo, em verdade:
EXISTE um bálsamo em Galaad? Imploro! Dize-mo, em verdade!”
                                      E o Corvo disse: “Nunca mais.”

“Profeta! exclamo. Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernal!
Pelo alto céu, por êsse Deus que adoram todos os mortais,
fala se esta alma sob o guante atroz da dor, no Éden distante,
verá a deusa fulgurante a quem nos céus chamam Lenora,
essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora!”
                                     E o Corvo disse: “Nunca mais!”

“Seja isso a nossa despedida! – ergo-me e grito, alma incendida. –
Volta de nôvo à tempestade, aos negros antros infernais!
Nem leve pluma de ti reste aqui, que tal mentira ateste!
Deixe- me só neste ermo agreste! Alça teu vôo dessa porta!
Retira a garra que me corta o peito e vai-te dessa porta!”
                                   E o Corvo disse: “Nunca mais!”

E lá ficou! Hirto, sombrio, ainda hoje o vejo, horas a fio,
sôbre o alvo busto de Minerva, inerte, sempre em meus umbrais.
No seu olhar medonho e enorme o anjo do mal, em sonhos, dorme,
e a luz da lâmpada, disforme, atira ao chão a sua sombra.
Nela, que ondula sôbre a alfombra, está minha alma; e, prêsa à sombra,
                                não há de erguer-se, ai!, nunca mais!


THE RAVEN
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
” ‘Tis some visitor”, I muttered, “tapping at my chamber door – 
                                   Only this, and nothing more.”

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; – vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow – sorrow for the lost Lenore –
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore –
                                  Nameless here for evermore.

And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me – filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating:
” ‘Tis some visitor entreating entrance at my chamber door;
Some late visitor entreating entrance at my chamber door; –
                                  This it is and nothing more.”

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
“Sir,” said I, “or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is, I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you.” – here I opened wide the door: –
                                      Darkness there and nothing more.

Deep into the darkness peering, long I stood there, wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token.
And the only word there spoken was the whispered word, “Lenore!”
This I whispered, and an echo murmured back the word, “Lenore!” –
                                    Merely this, and nothing more.

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping, something louder than before.
“Surely,” said I, “surely that is something at my window lattice;
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore –
Let my heart be still a moment, and this mystery explore; –
                           "‘Tis the wind, and nothing more."

Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore.
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he,
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door –
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door –
                           Perched, and sat, and nothing more.

Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,
“Thoug thy crest be shorn and shaven, thou,” I said, “art sure no craven,
Ghastly grim and ancient Raven wandering from the Nightly shore –
Tell me what thy lordly name is on the Night’s Plutonian shore!”
                              Quoth the Raven, “Nevermore”.

Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning – little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blêssed with seeing bird above his chamber door –
Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
                               With such name as “Nevermore”.

But the Raven, sitting lonely on that placid bust, spoke only
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing further then he uttered; not a feather then he fluttered –
Till I scarcely more than muttered: ”Other friends have flown before –
On the morrow he will leave me as my Hopes have flown before.”
                                Then the bird said, ”Nevermore”.

Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,
“Doubtless,” said I, “what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore –
Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore
                                Of  “Never – nevermore”.”

But the Raven still beguiling all my sad soul into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;
Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore –
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore
                                 Meant in croaking “Nevermore”.

Thus I sat engaged in guessing, but no syllable expressing
To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom’s core;
This and more I sat divining, with my head at ease reclining
On the cushion’s velvet lining that the lamp-light gloated o’er,
But whose velvet violet lining with the lam-plight gloating o’er
                                 She shall press, ah, nevermore!

Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by Seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor.
“Wretch”, I cried, “thy God hath lent thee – by these angels he hath sent thee 
Respite – respite and nepenthe from thy memories of Lenore!
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!”
                                 Quoth the Raven, “Nevermore”.

“Prophet!”, said I, “thing of evil! – prophet still, if bird or devil! –
Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate, yet all undaunted, on this desert land enchanted –
On this home by Horror haunted – tell me truly, I implore –
Is there – is there balm in Gilead? – tell me – tell me I implore!”
                                  Quoth the Raven, “Nevermore”.

“Prophet!”, said I, “thing of evil! –prophet still, if bird or devil!
By that heaven that bends above us –by that God we both adore –
Tell this soul with sorrow laden, if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore –
Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore.”
                                  Quoth the Raven, “Nevermore”.

“Be that word our sign of parting, bird or fiend!” I shrieked, upstarting –
“Get thee back into the tempest and the Night’s Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken! – quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!”
                                   Quoth the Raven, “Nevermore”.

And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon’s that is dreaming.
And the lamp-light o’er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
                                   Shall be lifted – nevermore!
- Edgar Allan Poe - 'Ficção completa, poesias & ensaios". [organização, tradução e anotações Oscar Mendes e Milton Amado]. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar Editora, 1965. (grafia original 1965).

Edgar Allan Poe
TRADUÇÃO DE FERNANDO PESSOA

O CORVO 
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais." 

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro

E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais! 

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais." 

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um Corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nenhum momento,
Mas com ar sereno e lento pousou sobre os meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

 E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura

Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho Corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o Corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,

Inda que pouco sentido tivêssem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o Corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,

Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento,
Perdido murmurei lento. "Amigos, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais."
Disse o Corvo, "Nunca mais". 

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,

"Por certo", disse eu, "são estas suas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entorno da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,

Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu’ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo

À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso

Que anjos dêssem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz êsses teus ais!"
Disse o Corvo, "nunca mais".


"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! -
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, e esta noite e este segredo
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! -

Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida, se no Éden de outra vida,
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".

"Que êsse grito nos aparte, ave ou diabo", eu disse. "Parte!

Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o Corvo, "Nunca mais".

E o Corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda,

No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais.
E a minh’alma dessa sombra que no chão há de mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!
- Edgar Allan Poe, O corvo. [tradução Fernando Pessoa].. Lisboa, 1924.

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:: Ver tradução "O corvo", de Põe, por Machado de Assis. Acessando AQUI!


Edgar Allan Poe, by Massillon Public Library

TRADUÇÃO CHARLES BAUDELAIRE

LE CORBEAU
Une fois, sur le minuit lugubre, pendant que je méditais, faible et fatigué, sur maint précieux et curieux volume d'une doctrine oubliée, pendant que je donnais de la tête, presque assoupi, soudain il se fit un tapotement, comme de quelqu'un frappant doucement, frappant à la porte de ma chambre. "C'est quelque visiteur, - murmurai-je, - qui frappe à la porte de ma chambre; ce n'est que cela, et rien de plus."

Ah! distinctement je me souviens que c'etait dans le glacial décembre, et chaque tison brodait à son tour le plancher du rellet de son agonie. Ardemment je désirais le matin: en vain m'etais-je efforcé de tirer de mes livres un sursis à ma tristesse, ma tristesse pour ma Lénore perdue, pour la précieuse et rayonnante fille que les anges nomment Lénore, - et qu'ici on ne nommera jamais plus.

Et le soyeux, triste et vague bruissement des rideaux pourprés me pénétrait, me remplissait de terreurs fantastiques, inconnues pour moi jusqu'à ce jour; si bien qu'enfin, pour apaiser le battement de mon coeur, je me dressai, répétant: "C'est quelque visiteur qui sollicite l'entrée à la porte de ma chambre, quelque visiteur attardé sollicitant l'entrée à la porte de ma chambre; - cést cela même, et rien de plus."

Mon âme en ce moment se sentit plus forte. N'hésitant donc pas plus longtemps: "Monsieur, - dis-je, - ou madame, en vérité, j'implore votre pardon; mais le fait est que je sommeillais, et vous êtes venu frapper si doucement, si faiblement vous êtes venu taper à la porte de ma chambre, qu'à peine étais-je certain de vous avoir entendu." Et alors j'ouvris la porte toute grande; - les ténèbres, et rien de plus!

Scrutant profondément ces ténèbres, je me tins longtemps plein d'étonnement, de crainte, de doute, rêvant des rêves qu'aucun mortel n'a jamais osé rêver; mais le silence ne fut pas troublé, et l'immobilité ne donna aucun signe, et le seul mot proféré fut un nom chuchoté: "Lénore!" - C'était moi qui le chuchotais, et un écho à son tour murmura ce mot: "Lénore!" Purement cela, et rien de plus.

Rentrant dans ma chambre, et sentant en moi toute mon âme incendiée, j'entendis bientôt un coup un peu plus fort que le premier. "Sûrement, - dis-je, - sûrement, il y a quelque chose aux jalousies de ma fenêtre; voyons donc ce que c'est, et explorons ce mystère. Laissons mon coeur se calmer un instant, et explorons ce mystère; - c'est le vent, et rien de plus."

Je poussai alors le volet, et, avec un tumultueux battement d'ailes, entra un majestueux corbeau digne des anciens jours. Il ne fit pas la moindre réverénce, il ne s'arrêta pas, il n'hésita pas une minute; mais, avec la mine d'un lord ou d'une lady, il se percha au-dessus de la porte de ma chambre; il se percha sur un buste de Pallas juste au-dessus de la porte de ma chambre; - il se percha, s'installa, et rien de plus.

Alors, cet oiseau d'ébène, par la gravité de son maintien et la sévérité de sa physionomic, induisant ma triste imagination à sourire: "Bien que ta tête, - lui dis-je, - soit sans huppe, et sans cimier, tu n'es certes pas un poltron, lugubre et ancien corbeau, voyageur parti des rivages de la nuit. Dis-moi quel est ton nom seigneurial aux rivages de la nuit plutonienne!" Le corbeau dit: "Jamais plus!"

Je fus émerveillé que ce disgracieux volatile entendït si facilement la parole, bien que sa réponse n'eût pas un bien grand sens et ne me fût pas d'un grand secours; car nous devons convenir que jamais il fut donné à un homme vivant de voir un oiseau au-dessus de la porte de sa chambre, un oiseau ou une bête sur un buste sculpté au-dessus de la porte de sa chambre, se nommant d'un nom tel que Jamais plus!

Mais le corbeau, perché solitairement sur le buste placide, ne proféra que ce mot unique, comme si dans ce mot unique il répandait toute son âme. Il ne prononça rien de plus; il ne remua pas une plume, - jusqu'à ce que je me prisse à murmurer faiblement: "D'autres amis se sont déjà envolés loin de moi; vers le matin, lui aussi, il me quittera comme mes anciennes espérances déjà envolées." L'oiseau dit alors: "Jamais plus!"

Tressaillant au bruit de cette réponse jetée avec tant d'à-propos: "Sans doute, - dis-je, - ce qu'il prononce est tout son bagage de savoir, qu'il a pris chez quelque maïtre infortuné que le Malheur impitoyable a poursuivi ardemment, sans répit, jusqu'à ce que ses chansons n'eussent plus qu'un seul refrain jusqu'à ce que le De Profundis de son Espérance eût pris ce mélancolique refrain: "Jamais, jamais plus!"

Mais, le corbeau induisant encore toute ma triste âme à sourire, je roulai tout de suite un siège à coussins en face de l'oiseau du buste et de la porte; alors, m'enfonçant dans le veleurs, je m'appliquai à enchaïner les idées aux idées, cherchant ce que cet augural oiseau des anciens jours, ce que ce triste, disgracieux, sinistre, maigre et augural oiseau des anciens jours voulait faire entendre en croassant son Jamais plus!

Je me tenais ainsi, rêvant, conjecturant, mais n'adressant plus une syllabe à l'oiseau, dont les yeux ardents me brùlaient maintenant jusqu'an fond du coeur. Je cherchai à deviner cela, et plus encore, ma tête reposant à la lumière de la lampe, ce velours caressé par la lumière de la lampe que sa tête, à Elle, ne pressera plus, - ah! jamais plus!

Alors, il me sembla que l'air s'épaississait, parfumé par un encensoir invisible que balançaient des séraphins dont les pas frôlaient le tapis de la chambre. "Infortuné! - m'écriai-je, - ton Dieu t'a donné par ses anges, il t'a envoyé du répit, du répit et du népenthès dans tes ressouvenirs de Lénore! Bois, oh! bois ce bon népenthès, et oublie cette Lénore perdue!" Le corbeau dit: "Jamais plus!"

"Prophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon, mais toujours prophète! que tu sois un envoyé du Tentateur, ou que la tempête t'ait simplement échoué, naufragé, mais encore intrépide, sur cette terre déserte, ensorcelée, dans ce logis par l'Horreur hanté, - dis-moi sincèrement, je t'en supplie, existe-t-il, existe-t-il un baume de Judée? Dis, dis, je t'en supplie!" Le corbeau dit: "Jamais plus!"

"Prophète! - dis-je - être de malheur! oiseau ou démon! toujours prophète! par ce ciel tendu sur nos têtes, par ce Dieu que tous deux nous adorons, dis à cette âme chargée de douleur si, dans le Paradis lointain, elle pourra embrasser une fille sainte que les anges nomment Lénore, embrasser une précieuse et rayonnante fille que les anges nomment Lénore." Le corbeau dit: "Jamais plus!"

"Que cette parole soit le signal de notre séparation, oiseau ou démon! - hurlai-je en me redressant. - Rentre dans la tempête, retourne au rivage de la nuit plutonienne; ne laisse pas ici une seule plume noire comme souvenir du mensonge que ton âme a proféré; laisse ma solitude inviolée, quitte ce buste au-dessus de ma porte; arrache ton bec de mon coeur et précipite ton spectre loin de ma porte!" Le corbeau dit: "Jamais plus."

Et le corbeau, immuable, est toujours installé, toujours installé sur le buste pâle de Pallas, juste au-dessus de la porte de ma chambre; et ses yeux on toute la semblance des yeux d'un démon qui rêve; et la lumière de la lampe, en ruisselant sur lui, projette son ombre sur le plancher; et mon âme, hors du cercle de cette ombre qui gït flottante sur le plancher, ne pourra plus s'élever, - jamais plus!
- Edgar Allan Poe "Le Corbeau" [tradução *Charles Baudelaire]. 1853.
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* Charles Baudelaire (Paris, França 1821-1867) é o maior representante do Romantismo francês. Sua obra máxima é "As Flores do Mal" (1857), sendo ainda o grande responsável pela divulgação da poesia de Edgar Allan Poe na França. (fonte: elsonfroes)

Edgar Allan Poe
FORTUNA CRÍTICA DE EDGAR ALLAN POE NO BRASIL
AISSA, José Carlos. Analogias e Contrates na Poesia de Alphonsus de Guimaraens e de Edgar Allan Poe. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2006. 
AISSA, José Carlos. Pontos de contato entre Edgar Allan Poe e Alphonsus de Guimaraens quanto à morte e ao amor. LL Journal, v. 6, p. 1094-1175, 2011.
ALLEN, Hervey. Israfel: vida e época de E. A. Poe. [tradução Oscar Mendes]. Rio de Janeiro: Globo, 1945.
ALVAREZ, Roxana Guadalupe Herrera. Edgar Allan Poe, Machado de Assis e Julio Cortázar: três visões do conto em conjunção. Crítica Cultural, v. 5, p. 232-251, 2010.
ALVES, Francisco Francimar de Sousa. Os paratextos das antologias brasileiras de contos de Edgar Allan Poe no século XXI. (Tese Doutorado em Estudos da Tradução). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2014. Disponível no link. (acessado em 7.4.2016).
ALVES, Francisco Francimar de Sousa. A Study of Reincarnation in Poe's "Ligeia" and "Morella". (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal da Paraíba, UFPB, 2001.
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ALVES, Francisco Francimar de Sousa; FREITAS, Luana Ferreira de.. Poe no Brasil: uma análise dos paratextos das edições de Brenno da Silveira e Clarice Lispector. In: Marie Hélène Catherine Torres; Maura Regina da Silva Dourado; Sinara de Oliveira Branco. (Org.). Pesquisas em Tradução. 1ª ed., João Pessoa: Ideia, 2014, v. 1, p. 7-269.
ALVES, Francisco Francimar de Sousa. Literary inheritance and critical-satirical vein in Poe's Gothic tales. In: Juarez Nogueira Lins; Rosilda Alves Bezerra; Carlos Alberto de Negreiro. (Org.). Linguagens e Discussões Culturais. Olinda-PE: Livro Rápido - Elógica, 2006, v. 2, p. 1-297.
Corvo, Poe e o Gato
ALVES, Francisco Francimar de Sousa. Os paratextos em antologias brasileiras de Edgar Allan Poe. In: I Colóquio de Tradução e Autoria, 2013, Campina Grande. I Colóquio Nacional de Tradução e Autoria, 2013. p. 1-29.
ARAUJO FILHO, Maurício Ferreira de.. As personagens femininas de Edgar Allan Poe e as de Paulo Biscaia Filho: uma comparação das apresentações de Berenice, Morella e Ligeia nos contos e no cinema brasileiro. (Dissertação Mestrado em Literatura e Interculturalidade). Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, 2015.
ARAUJO FILHO, Maurício Ferreira de.. Um percurso pela vida e obra de Edgar Allan Poe. In: I Congresso Nacional de Literatura, 2012, João Pessoa. I Congresso Nacional de Literatura. João Pessoa: Idéia Editora, 2012. p. 1371-1383.
ARAÚJO, Ricardo. Edgar Allan Poe: um homem em sua sombra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
AQUINO, Paula Silveira de.. O ponto de vista narrativo em Poe. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Presbiteriana Mackenzie, MACKENZIE, 2010.
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BELLEI, Sérgio Luiz Prado. “O Corvo Tropical de Edgar Allan Poe”, nacionalidade e literatura: os caminhos da alteridade. Florianópolis: Editora da UFSC, 1992, p. 77-90.
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BELLIN, Greicy Pinto. 'Pequena conversa com uma múmia': a faceta humorística de Edgar Allan Poe. Revista Letras, v. 82, p. 179-192, 2010.
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BOTTMANN, Denise. Alguns aspectos da presença de Edgar Allan Poe no Brasil. in: Tradução em Revista 2010/1, p. 1-19. Disponível no link. (acessado em 6.4.2016).
BOTTMANN, Denise. Tardio, porém viçoso: Poe contista no Brasil | A long time coming, but then Bountiful: Poe as a short story writer in Brazil. in: TradTerm, São Paulo, v. 22, Dezembro/2013, p. 89-106. Disponível no link. (acessado em 6.4.2016).
BRAGA, Guilherme da Silva. O escaravelho de Poe e a teoria do escopo: uma obordagem comunicativa para a tradução do criptograma em "The gold-bug". (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 2012. Disponível no link. (acessado em 9.4.2016).
BRITO, Pedro Alves de Oliveira. O acorveamento de Poe: um estudo sobre como tradição e tradução se inter-relacionamento. (Dissertação Mestrado em Letras: Estudos da Linguagem). Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, 2014.
BRITO, Pedro Alves de Oliveira. O Acorveamento de Poe A teoria na prática: até onde a tradição afeta a tradução?. (Monografia Graduação em Letras). Universidade Federal de Viçosa, UFV, 2009.
BRUNELLI, Evanir. Uma abordagem tradutória para a leitura de textos literários em língua estrangeira: a experiência de O Corvo", de Edgar Allan Poe. (Dissertação Mestrado em Lingüística Aplicada). Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 1999.
BRUNELLI, Evanir. 'Uma Abordagem Tradutória para a Leitura de Textos Literários em Língua Estrangeira: A Experiência de 'O Corvo', de Edgar Allan Poe'. Sínteses, Campinas, v. 5, p. 129-143, 2000.
CAMPOS, Haroldo de.. “O Texto-Espelho (Poe, Engenheiro de Avessos)”, A Operação do Texto. São Paulo: Perspectiva, 1976. p. 23-41.
CAMARGO, Diva Cardoso de.. As Modalidades Tradutórias e a Tipologia Textual: uma via de abordagem para uma tipologia da tradução interlingua. (Tese Doutorado em Lingüística). Universidade de São Paulo, USP, 1993.
CAMARGO, Luciana Moura Colucci de.. The fall of the house of Usher: ecos de um discurso grotesco e decadente. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2002.
CAMARGO, Luciana Moura Colucci de.. O talento maldito e avant la lettre de Edgar Allan Poe. In: Oziris Borges Filho; Maria Ap. J. Veiga Gaeta. (Org.). Língua, Literatura e Ensino. 1ª ed., Franca: Ribeirão Gráfica e Editora, 2004, v. 1, p. 7-283.; 2ª ed., 2005.
CESARO, Patrícia Souza Silva. O Mito do Duplo em O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, e William Wilson, de Edgar Allan Poe. (Monografia Graduação em letras). Universidade Estadual de Goiás, UEG, 2008.
CORMAN, Roger. Edgar Allan Poe no cinema. (2 DVD's/filme). Distribuidora Versátil Home Vídeo, 332 min.
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:: Poe no Brasil (Denise Bottmann)
:: Poe's club
:: Portal Domínio Público - Edgar Allan Poe (texto em português e inglês)
:: Spectrum - Edgar Allan Poe

Traduções de O Corvo
:: Elson Froes

Em inglês
:: Museu de Poe em Richmond, Virgínia
:: Poe Baltimore | The Museum
:: Projeto Gutenberg - Obra de Edgar Allan Poe
:: Sociedade de Edgar Allan Poe em Baltimore
:: The Poetry Foundation - Edgar Allan Poe


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten. (pesquisa, seleção e organização). Edgar Allan Poe - poeta e contista. Templo Cultural Delfos, abril/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 12.4.2016.



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