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Torquato Neto, por João de Deus Netto |
"Quando eu
recito ou quando eu escrevo uma palavra, um mundo poluído explode comigo e logo
os estilhaços desse corpo arrebentado, retalhado em lascas de corte e fogo e
morte (como napalm), espalham imprevisíveis significados ao redor de mim. [...]
uma palavra é mais que uma palavra, além de uma cilada. Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua orla
os pássaros de sempre cantam apenas uma espécie de caos no interior tenebroso
da semântica. [...] Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema."
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". (Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte).
São Paulo: Max Limonad, 1984, p. 98.
Torquato Neto (Teresina PI 1944 - Rio
de Janeiro RJ 1972). Poeta, jornalista e compositor. Depois da infância em
Teresina, mudou-se para Salvador (BA), em 1960, para cursar o segundo grau. Na
Bahia, descobriu a poesia de Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo
Neto; e conheceu Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Carlos Capinam, Maria
Bethânia, Gal Costa e Glauber Rocha. Apaixonado por cinema, envolveu-se com
atividades cineclubísticas e integrou a equipe do filme Moleques de Rua,
dirigido por Alvino Guimarães. Torquato, que até então pretendia tentar
carreira diplomática, decidiu na época que seria jornalista. Mudou-se para o
Rio de Janeiro em 1962, para terminar o científico e prestar vestibular. Cursou
dois anos de Jornalismo na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil,
abandonando posteriormente o curso. Em 1963, durante a inauguração do Teatro da
UNE, conheceu sua futura mulher, Ana Maria Duarte, baiana de Ilhéus. Em 1965,
trabalhou como repórter de setor no aeroporto do Galeão, no Rio.
No mesmo ano,
compôs, em parceria com Gilberto Gil, Louvação sua primeira composição gravada
por Elis Regina, em 1966. Em 1967, era lançado o LP Domingo, de Caetano Veloso
e Gal Costa, com três parcerias de Torquato Neto com os baianos: Minha Senhora,
Zabelê e Nenhuma Dor. No mesmo ano, casou-se com Ana Maria, com quem teria, em
1970, o filho Thiago. É ainda em 67 que Torquato, Capinam, Caetano, Gil, Gal,
Tom Zé, Os Mutantes e o maestro Rogério Duprat se uniram para lançar o Tropicalismo,
através de um LP programático: Tropicália ou Panis et Circenses. Influenciado
pela exposição que Hélio Oiticica fizera no MAM/RJ, em abril de 67
(Tropicália), o movimento assumia o subdesenvolvimento brasileiro e incorporava
"novos dados informativos": "som universal, música pop,
tropicalismo, música popular moderna, tudo sob influência de Oswald de Andrade,
o grande pai ‘antropofágico’" (Augusto de Campos, Balanço da Bossa e
outras bossas). O deslanchar do Tropicalismo foi o III Festival da Música
Popular Brasileira da TV Record, promovido em outubro de 67, quando Caetano
cantou Alegria, Alegria sob vaias, levando o quarto lugar. Com a promulgação do
AI-5 e o endurecimento do regime, em 1968, alguns membros do grupo se exilaram.
Um de seus mais ativos letristas, Torquato deixou o Brasil em 1969, quando
ganhou uma bolsa de estudos para escrever sobre "as influências africanas
da música popular brasileira".
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Torquato Neto (Foto: Acervo TN/ UPJ Produções) |
Viveu na Europa até fins de 1970, entre
Londres e Paris. De volta ao Brasil, incentivou e participou de diversas
publicações alternativas O Sol, Presença, Flor do Mal, Verbo Encantado,
escreveu para grandes jornais e revistas brasileiros, e manteve, de agosto de
1971 a fevereiro de 1972, a famosa coluna Geléia Geral, no diário Última Hora.
Sobre a coluna escreveu Paulo Leminski: "Não exagero ao dizer que Torquato
criou um padrão de jornalismo cultural. Um padrão baseado na extrema
criatividade de linguagem. Na hibridização dos discursos: poéticos, factual,
matérias nobres x matérias pobres. Esse jornalismo torquatiano estava a serviço
de uma causa, a promoção do Super 8 e do cinema marginal, periférico às glórias
e consagrações do Cinema Novo, em vias de academização, comercialização e
caretice". Além de participar como ator de filmes de Ivan Cardoso,
Nosferatu no Brasil e Luiz Otávio Pimentel, Dirce & Helô, Torquato chegou a
realizar, em Teresina, um filme em super-8, Terror da Vermelha, pouco antes de
morrer. Torquato Neto teve problemas com o consumo excessivo de álcool nos
últimos quatro anos de sua vida, tendo se internado em clínicas especializadas
e sanatórios para desintoxicação. Em 10 de novembro de 1972, no Rio de Janeiro,
ele se suicidou, deixando dois livros de poemas inéditos: Pesinho pra dentro,
pesinho pra fora e O fato e a coisa. Em 1973, era publicado Os últimos dias de
paupéria, coletânea de textos jornalísticos, poesia e fragmentos de diários de
Torquato, organizada por Ana Maria Duarte e Waly Salomão. A revista Navilouca,
projetada por Torquato com Waly Salomão, também só seria publicada
postumamente.
** Fonte: Itaú Cultural panorama do cinema
"O meu nome é Torquato
O de meu pai é Heli
O da minha mãe Salomé
O resto ainda vem por aí."
- Torquato Neto (aos 9 anos)
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Torquato Neto - 13 anos, em Teresina/PI (Foto: Acervo TN/ UPJ Produções) |
Pessoal intransferível
Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.
Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, "herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: "leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi". - Adeusão.
- Torquato Neto, publicado coluna "Geléia Geral", 3ª feira, 14/9/71.
OBRA DE TORQUATO NETO
Obra poética e jornalística
[publicação póstuma]
Os Últimos Dias de Paupéria. (Organização
Waly Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte), 1ª ed., Rio de Janeiro:
Livraria Eldorado Tijuca, 1973; 2ª ed., (ampliada e revisada). Rio de Janeiro:
Max Limonad, 1982.
Torquatália - do Lado de Dentro. vol.I - (Organização
Paulo Roberto Pires). Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2004.
Torquatália: geléia geral. vol.II - (Organização Paulo Roberto Pires). Rio de
Janeiro: Rocco, 2004.
Torquato Neto ou A carne seca é servida. (Organização Kenard Kruel), 3ª ed.,
Teresina/PI: Zodíaco, 2012, 704 p.
Juvenílias. [poesia escrita entre 17 -19
anos].. (Organização George Mendes e Paulo José Cunha). Teresina/PI: UPJ Produções, 2012, 162p.
O fato e a coisa. [poemas inéditos
escritos de 1962 a 1964, sob pseudônimo de Adriano Jorge].. (organização Paulo
José Cunha e George Mendes), Teresina/PI: UPJ Produções, 2012, 106p.
“Basta ler com
atenção que a gente entende tudo”
- Torquato Neto
Antologias (participação)
HOLLANDA,
Heloisa Buarque (org.). 26 poetas Hoje.
Editora Labor do Brasil, 1976.
ASCHER, Nelson; BONVICINO,
Régis; PALMER, Michel (Org.). Nothing The Sun Could Not Explain; 20
Contemporary Brazilian Poets. Los Angeles: Sun & Moon Press,
1997, 312p.
MORICONI,
Ítalo (org.). Os cem melhores poemas
brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
MORICONI,
Ítalo (org.). Destino: poesia. Rio de
Janeiro: Editora José Olympio, 2010.
COHN, Sérgio
(org.). Poesia.br.. Azougue Editorial, 2013.
Composições (em parceria)
A coisa mais linda que existe. (com
Gilberto Gil);
A rua. (com Gilberto Gil);
Ai de mim, Copacabana. (com Caetano
Veloso);
Andar, andei. (com Renato Piau);
Brasa samba. (com Silizinho);
Cantiga. (com Gilberto Gil);
Capitão Lampião. (com Caetano Veloso - Inédita);
Chapada do Corisco. (com Carlos Pinto);
Coisa mais linda que existe. (com
Gilberto Gil);
Começar pelo recomeço. (com Luiz Melodia);
Consoloção. (com Carlos Galvão - Inédita);
Coro misto fotogênico. (com Geraldo
Azevedo);
Daqui pra cá, de lá pra cá. (com Zeca
Baleiro e Raimundo Fagner);
Daqui pra lá. (com Sérgio Brito);
Dente por dente. (com Jards Macalé);
Destino. (com Jards Macalé);
Deus vos salve a casa santa. (com
Caetano Veloso);
Domingou. (com Gilberto Gil);
Estou sereno, estou tranquilo. (com
Toquinho - Inédita);
Fique sabendo. (com João Bosco e Chico
Enói - Inédita);
Geléia geral. (com Gilberto Gil);
Go back II. (com Geraldo Brito);
Jardim da noite. (com Carlos Galvão - Inédita);
Juliana. (com Caetano Veloso);
Let's play that. (com Jards Macalé);
Liretaro cantábile. (com Feliciano
Bezerra);
Lost in the paradise. (com Caetano
Veloso);
Louvação. (com Gilberto Gil);
Lua nova. (com Edu Lobo);
Mamãe coragem. (com Caetano Veloso);
Marginália II. (com Gilberto Gil);
Me caso com você. (com Edvaldo
Nascimento);
Meu choro pra você. (com Gilberto Gil);
Minha Senhora. (com Gilberto Gil);
Nenhuma dor. (com Caetano Veloso);
O bem, o mal. (com Sérgio Britto);
O homem que deve morrer. (com Nonato
Buzar);
O nome do mistério. (com Geraldo
Azevedo);
Poema do aviso final. (com Gomes
Brasil, James Brito e Mike Soares);
Pra dizer adeus. (com Edu Lobo);
Quase adeus. (com Nonato Buzar e Carlos
Monteiro de Souza);
Que película. (com Nonato Buzar);
Que tal. (com Luiz Melodia - Inédita);
Quem dera. (com Jota);
Rancho da boa-vinda. (com Gilberto
Gil);
Rancho da rosa encarnada. (com Gilberto
Gil e Geraldo Vandré);
Rosa dos ventos. (com João Bosco -
Inédita);
Samba da esperança. (com Fred Falcão - Inédita);
Sem essa aranha. (com Carlos Galvão);
Toada. (com Luiz Carlos Sá);
Todo dia é dia D. (com Carlos Pinto);
Tome nota. (com Carlos Galvão);
Três da madrugada. (com Carlos Pinto);
Tudo muito azul. (com Roberto
Menescal);
Um dia depois do outro. (com Carlos
Galvão -
Inédita);
Um dia desses eu me caso com você. (com
Paulo Diniz);
Veleiro. (com Edu Lobo);
Vem menina. (com Gilberto Gil);
Venho de longe. (com Gilberto Gil);
Vento de maio. (com Gilberto Gil);
Zabelê. (com Gilberto Gil).
Discografia
Tropicália ou panis et circensis -
Philips LP, 1968;
Os últimos dias de Paupéria - Eldorado
Editora Compacto simples, 1973;
Torquato Neto - Um poeta desfolha a bandeira e a manhã
tropical se inicia - RioArte/Prefeitura do Rio de Janeiro e
Governo do Estado do Piauí LP, 1985;
Todo dia é dia D - Dubas Música CD,
2002;
Torquato Neto - Só quero saber do que pode dar certo -
60 anos, (Vários), CD, 2005;
Torquato - Cancioneiro Torquateano - a palavra cantada
- 1965/1972 - Halley Gráfica Editora e Fundação Quixote, CD,
2007.
"Ocupa-se
um espaço vago como também se ocupa um lugar ocupado: everywhere. E aguentar as
pontas, segurar, manter. Ou, como em Teorema (de Pasolini), aplicar e sair do
filme. Tiro um sarro: vampiro. O nome do inimigo é medo. Meu nome ninguém
conhece. Moro do lado de dentro e nasci na Chapada do Corisco – carrego isso.
Plano geral na parede: numa encruzilhada vista do alto as pessoas se movem e
correm atrás de algo. Não sei se é uma pelada, não sei se é outra coisa. Corta
e lemos a palavra: DESÇA. Fim do cinema, início do cinema. O espaço desocupado,
ocupação do espaço. Filmes."
- Torquato Neto, 5 Coluna Geleia Geral. Última
Hora, Rio de Janeiro, 30 nov. 1971.
Filmografia
Filme: Terror da Vermelha
Sinopse: As perambulações de um assassino serial
perseguindo suas vítimas pelas ruas do bairro da Vermelha, em Teresina, serve
como pano de fundo para investigação do caráter formal do cinema, com a
intrusão de elementos plásticos e poéticos avessos à ficção cinematográfica
contemporânea, como cartelas e enquadres inusitados. A pesquisa formal se
sobrepõe a um percurso afetivo do autor por sua cidade natal. Não revisitaria
apenas os locais da sua experiência, mas também os filmes, inclusive o
Nosferato no qual atuou. A trilha inclui trabalhos do poeta Torquato musicados
por compositores contemporâneos, como Let’s Play That com Jards Macalé, e
Mamãe, Coragem com Caetano Veloso.
Ficha técnica
Ano: 1971/1972 - Teresina PI
Torquato Neto
28min, cor, som
Imagens: Torquato Neto e Arnaldo
Montagem: Torquato Neto
Elenco: Edmar Oliveira, Conceição Galvão, Geraldo
Cabeludo, Claudete Dias, Torquato Neto, Etim, Durvalino Couto, Paulo José
Cunha, Herondina, Edmilson, Carlos Galvão, Xico Ferreira, Arnaldo, Albuquerque,
Heli e Saló
Filme: Adão e Eva do Paraíso ao Consumo
Sinopse: (...)
Ficha técnica
Ano: 1972 - Teresina/PI
Formato: super 8
Duração: 3 min.
Direção: Carlos Galvão
Câmara: Arnaldo Albuquerque
Produção: Noronha Filho
Ficha técnica
Ano: 1972 - Teresina/PI
Formato: super 8
Duração: 3 min.
Direção: Carlos Galvão
Câmara: Arnaldo Albuquerque
Produção: Noronha Filho
Roteiro: Edmar Oliveira
Elenco: Torquato Neto (Adão) e Claudete Dias (Eva).
Elenco: Torquato Neto (Adão) e Claudete Dias (Eva).
Filme: Dirce & Helo
Sinopse: Na rua, dois rapazes se encontram. O filme se encaminha para sugestões homoeróticas de delicadeza e violência. Acompanhadas pela câmera veloz, as performances de Torquato Neto e Zé Português dialogam com a trilha sonora, composta por músicas cantadas por Luiz Melodia, como Negro Gato. Elementos gráficos e cartazes compõem a narrativa.
Ficha Técnica
Ano: 1971 - Rio de Janeiro RJ
Duração: 16min, cor, som
Direção, Imagens e montagem: Luiz Otávio Pimentel
Elenco: Torquato Neto e Zé Português
Ficha Técnica
Ano: 1971 - Rio de Janeiro RJ
Duração: 16min, cor, som
Direção, Imagens e montagem: Luiz Otávio Pimentel
Elenco: Torquato Neto e Zé Português
Trilha sonora: Luiz Melodia
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Scarlet Moon e Torquato Neto - no filme 'Nosferatu no Brasil', de Ivan Cardoso, 1971. |
Sinopse: Budapeste, século XIX: Nosferatu (Torquato Neto) é morto por um príncipe. De férias no Brasil, agora em cores, vampiriza várias nativas. Mítica masterpiece superoitista. Da série "quotidianas kodaks".
Ficha técnica
Ano/Local: 1971 - Rio de Janeiro/RJ
Duração: 26min50, cor-b/p, som
Direção, fotografia e produção: Ivan Cardoso
Elenco: Torquato Neto, Scarlet Moon, Daniel Más, Helena Lustosa, Cristiny Nazareth, Zé Português, Ciça Afonso Pena, Ricardo Horta, Marcelino, Ana Araújo, Martha Flaskman e outros.
Filme: A Múmia volta a atacar
Sinopse: "Colagem de vários clichês de filmes de terror de múmia intercalando sequências novas, com trechos dos filmes The Mummys Tomb e The Mummy's Ghost. O filme não pôde ser concluído a diversos acontecimentos estranhos que impediram a finalização das filmagens bem como o alto custo das bandagens..." (RFL-IC/Ivampirismo)
Curta-metragem / Sonoro / Ficção
Formato original: Super8, Cor, 25min, 153m, 24q
Ano: 1972 - Rio de Janeiro/RJ
Direção: Ivan Cardoso
Elenco: Zé Português, Wilma Dias, Helena Lustosa, Torquato Neto, Neville D' Almeida, Ciça Afonso Pena, Jorge Salomão, Óscar Ramos, Clarice Pelegrino, Lon Chaney Jr..
Título: Torquato Neto: o anjo torto da tropicália
Ficha técnica
Ano/Local: 1971 - Rio de Janeiro/RJ
Duração: 26min50, cor-b/p, som
Direção, fotografia e produção: Ivan Cardoso
Elenco: Torquato Neto, Scarlet Moon, Daniel Más, Helena Lustosa, Cristiny Nazareth, Zé Português, Ciça Afonso Pena, Ricardo Horta, Marcelino, Ana Araújo, Martha Flaskman e outros.
Filme: A Múmia volta a atacar
Sinopse: "Colagem de vários clichês de filmes de terror de múmia intercalando sequências novas, com trechos dos filmes The Mummys Tomb e The Mummy's Ghost. O filme não pôde ser concluído a diversos acontecimentos estranhos que impediram a finalização das filmagens bem como o alto custo das bandagens..." (RFL-IC/Ivampirismo)
Curta-metragem / Sonoro / Ficção
Formato original: Super8, Cor, 25min, 153m, 24q
Ano: 1972 - Rio de Janeiro/RJ
Direção: Ivan Cardoso
Elenco: Zé Português, Wilma Dias, Helena Lustosa, Torquato Neto, Neville D' Almeida, Ciça Afonso Pena, Jorge Salomão, Óscar Ramos, Clarice Pelegrino, Lon Chaney Jr..
Título: Torquato Neto: o anjo torto da tropicália
Vídeo para a série televisiva Documento Especial
Ficha técnica
Ano: 1992
Direção: Ivan Cardoso
Com: Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Edu Lobo, Tom Zé, Julio Medaglia, Décio Pignatari, Rogerio Sganzerla, Julio Bressane, Carlos Imperial, Waly Salomão, José Mojica Marins, José Simão, Macalé, Luis Melodia e Torquato Neto.
Documento especial disponível em: Parte I e Parte II
Ficha técnica
Ano: 1992
Direção: Ivan Cardoso
Com: Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Edu Lobo, Tom Zé, Julio Medaglia, Décio Pignatari, Rogerio Sganzerla, Julio Bressane, Carlos Imperial, Waly Salomão, José Mojica Marins, José Simão, Macalé, Luis Melodia e Torquato Neto.
Documento especial disponível em: Parte I e Parte II
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Torquato Neto - (Foto: Acervo TN/UPJ Produções) |
POEMAS
ESCOLHIDOS
A descoberta do
mundo
Na ante-sala da
vida
O menino
autoridade
Disse - não! -
à ama-seca.
A coitada
espavoriu-se:
- Mas por que
não, meu lindinho?
Olhou-a firme o
menino
Você é tão
feia, Raimunda!
- Torquato Neto, em “Juvenílias”. (Organização
George Mendes e Paulo José Cunha). Teresina/PI: UPJ Produções, 2012, p. 116.
tenho andado um
bocado
abobalhado,
alucinado,
à procura não sei o quê.
por que não acho?
amigos,
amores,
alegrias
amanhãs,
e o pior:
ontens.
cadê o
presente?
- Torquato Neto (31/10/61).
Andar andei
Não é o meu
país
É uma sombra
que pende
Concreta
Do meu nariz
Em linha reta
Não é minha
cidade
É um sistema
que invento
Me transforma
E que
acrescento
À minha idade
Nem é o nosso
amor
É a memória que
suja
A história que
enferruja
O que passou
Não é você
Nem sou mais eu
Adeus meu bem
( adeus adeus)
você mudou
mudei também
adeus amor
adeus e vem
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". [Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte].
São Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado
por Renato Piau).
Cogito
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Torquato Neto, nas escadarias do Colégio dos Maristas, Salvador/BA (Foto: Acervo TN/UPJ Produções) |
pronome
pessoal
intransferível
do homem que
iniciei
na medida do
impossível
eu sou como eu
sou
agora
sem grandes
segredos dantes
sem novos
secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu
sou
presente
desferrolhado
indecente
feito um pedaço
de mim
eu sou como eu
sou
vidente
e vivo
tranqüilamente
todas as horas
do fim.
- Torquato Neto, em "Os cem melhores poemas
brasileiros do século", [seleção e organização Ítalo Moriconi]. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001, p. 269.
Desejo
Mas...
se eu pudesse
um dia
com as mãos o
sol pegar;
a lua apertar
entre meus pés e
trêmulo de
prazer
em plena Via
Láctea, todos os astros reter comigo,
um gozo
frenético e sem fim,
apesar de tanta
infelicidade
eu chegaria a
ter pena de mim mesmo
pois,
indiscutivelmente,
eu estaria
louco,
demente!
- Torquato Neto (BA, 02/07/61), em
"Torquatália - do lado de dentro". [Organização Paulo Roberto Pires].
Rio de Janeiro: Editora Rocco Ltda., 2004, p. 35.
Lembrança do
tempo que não houve
A minha
juventude já não é. Foi
coisa que
passou tão de repente que em nada me
marcou
nem fez nascer
de mim lembranças e saudades.
Não lhe vi o
nascimento. Talvez que num enterro
que há dias me
cruzou no meu caminho
sem que eu
soubesse do defunto ou dos parentes
ela também
passasse, não sei. Minha juventude,
não a tive.
Apodreci
depressa e faltam-me o relógio e o braço
e os olhos.
As coisas andam
más, não sei, prossigo em diante
sem poder fazer
voltar atrás o tempo
sem vontade de
esperar o tempo
completamente
sem coragem de cortar o fio.
Nas minhas mãos
suporto a vida
a que desci.
Chamaram-me Torquato, aceitei.
Fizeram-me
criança, homem, coisa: nada fiz.
O meu pavor é
como se não fosse
a solidão do
próprio homem acrescentada nessa
angústia que é
só
minha.
Talvez mentira
deste tempo tresloucado
ou mais uma
visão sem pé nem rumo: no desespero
em si
eu divisei
finalidade para este novo sentimento
nada,
nada sou – que
posso ser? Uma agonia a mais a
debater-se
nas paredes do
mundo? Mais uma frustração
nessa batalha?
Apenas sei que
nada mais devolvo
à vida. Nem
mais peço do que a hora
em que
definitivamente poderei viver do meu
vazio.
Não mereci do
bom, rejeito o meio termo.
Apodreço sem
sentir,
nada mais
sinto, estou em pedra. Não me consome
o fogo,
não me derrota
a água, não existo. Não me faz em
sombra o sol.
EU NÃO EXISTO.
Não penso coisa alguma.
– Je ne pense
pas, donc, je ne suis pas.
A minha
juventude não foi. Foi álcool evaporado de
repente
que subiu aos
infernos e ficou por lá
acocorado à
frente do pai diabo – e eu nada sei.
- Torquato Neto (Rio de Janeiro, janeiro de 1963)
Let´s Play That
quando eu nasci
um anjo louco
muito louco
veio ler a
minha mão
não era um anjo
barroco
era um anjo
muito louco, torto
com asas de
avião
eis que esse anjo
me disse
apertando a
minha mão
com um sorriso
entre dentes
vai bicho
desafinar
o coro dos
contentes
vai bicho
desafinar
o coro dos
contentes
let´s play that.
- Torquato Neto, em "Os Últimos
Dias de Paupéria", [Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo
Duarte]. São Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado
por Jards Macalé).
Literato
cantabile
agora não se
fala mais
toda palavra
guarda uma cilada
e qualquer
gesto é o fim
do seu início;
agora não se
fala nada
e tudo é
transparente em cada forma
qualquer
palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de
sempre cantam
nos hospícios.
você não tem
que me dizer
o número de
mundo deste mundo
não tem que me
mostrar
a outra face
face ao fim de
tudo:
só tem que me
dizer
o nome da
república do fundo
o sim do fim do
fim de tudo
e o tem do
tempo vindo;
não tem que me
mostrar
a outra mesma
face ao outro mundo
(não se fala.
não é permitido:
mudar de idéia.
é proibido.
não se permite
nunca mais olhares
tensões de
cismas crises e outros tempos.
está vetado
qualquer movimento
- Torquato Neto, em "Os Últimos Dias de Paupéria", [Organização Wally Salomão e
Ana Maria Silva de Araújo Duarte]. São Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por
Feliciano Bezerra).
Na praça
procurou-se pelos pombos
(como num
último pedir de moribundo
- e os pombos
dormiam.
Dormiam muito
sós nos seus silêncios
e nos seus
medos
de quem
de cima
(calado)
observa tudo
e sentia aquela
angústia
propriedade
particular dos deuses.
E faziam amor
sem coisa
alguma mais do que amor.
Sem cicatrizes
impressas em nenhum lombo.
Sem momentos
despejados na areia.
Sem músicos.
Sem
cruzeiros...
- Torquato Neto (Rio, março, 1963), em "O Fato
e A Coisa", Teresina/PI: UPJ Produções, 2012, p.81.
Nenhuma dor
Minha namorada
tem segredos
Tem nos olhos
mil brinquedos
De magoar o meu
amor
Minha namorada
muito amada
Não entende
quase nada
Nunca vem de
madrugada
Procurar por
onde estou
É preciso, ó
doce namorada
Seguirmos
firmes na estrada
Que leva a
nenhuma dor
Minha doce e
triste namorada
Minha amada
idolatrada
Salve-salve o
nosso amor
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". [Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte].
São Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Caetano Veloso).
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Torquato Neto, no D'Engenho de Dentro, hospital psiquiátrico do Rio - Foto: Marlene Mendes |
ao amanhecer,
quando o mar
tão grande,
gigante
tenebroso,
balanceando as
águas vem varrer
d'arreia
branquinha da nossa praia
as marcas dos
teus passos
as marcas do
teu corpo nu,
as marcas de
ti, que eu quero bem,
junto comigo,
a lua que já
morre
chora enormes
prantos, com saudades de ti,
querida:
com saudades do
teu carinho.
- Torquato Neto, em “Juvenílias”. (Organização
George Mendes e Paulo José Cunha). Teresina/PI: UPJ Produções, 2012, p. 28.
O nome do
mistério
Eu poderia
dizer
Que agora é
tarde e o nosso amor é outro
Que o nosso
tempo agora
é o fim de tudo
e só nos resta
alguns papéis
para rasgar
eu poderia
dizer que agora é tarde e o nosso amor é morto
que o nosso
amor agora é o fim do mundo
e não sobra
nada mais
para esperar
eu poderia
dizer mas eu não digo
o nome do
mistério, o nome disso
e vou por mim
aqui silencifrado
de volta ao
lar, meu bem querendo ir
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". [Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte].
São Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Geraldo Azevedo).
O Poeta é a mãe
das armas
& das Artes
em geral —
alô, poetas:
poesia
no país do
carnaval;
Alô, malucos:
poesia
não tem nada a
ver com os versos
dessa estação
muito fria.
O Poeta é a mãe
das Artes
& das armas
em geral:
quem não
inventa as maneiras
do corte no
carnaval
(alô, malucos),
é traidor
da poesia: não
vale nada, lodal.
A poesia é o
pai da artimanha de
sempre:
quentura no forno quente
quentura no forno quente
do lado de cá,
no lar
das coisas
malditíssimas;
alô poetas:
poesia!
poesia poesia
poesia poesia!
O poeta não se
cuida ao ponto
de não se
cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não
está cortando nada
além da MINHA
bandeira ////////// =
sem aura nem
baúra, sem nada mais pra contar.
Isso: ar. ar.
ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. a
r: em
primeiríssimo, o lugar.
poetemos pois
- Torquato Neto, /8/11/71 & sempre, em "Os
Últimos Dias de Paupéria", (Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de
Araújo Duarte). São Paulo: Max Limonad, 1982.
Panorama visto
da ponte
Azulejos
retorcidos pelo tempo
Fazem paisagem
agora no abandono
A que eu mesmo
releguei um mal distante.
Faz muito tempo
e a paisagem é a mesma
Não muda nunca
- sempre indiferente
A céus que
rolem eu infernos que se ergam.
Alguns vitrais.
E em cinerama elástico
O mesmo campo,
o mesmo amontoado
Das lembranças
que não querem virar cinzas.
Três lampiões.
As côres verde e rosa
A brisa dos
amores esquecidos
E a pantera,
muito negra, das paixões.
Não passa um rio
enlameado e doce
Nem relva
fresca encobre a terra dura.
É só calor e
ferro e fogo e brasa
Que insistem
como cobras enroladas
Nos grossos
troncos, medievais, das árvores.
Uma eterna
camada de silêncio
E o sol
cuspindo chumbo derretido.
O céu é azul - e
como não seria?
mas tão
distante, tão longínquo e azul...
- Torquato Neto, em "Os Últimos Dias de
Paupéria", (Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte).
São Paulo: Max Limonad, 1982.
É preciso que
haja alguma coisa
alimentando o
meu povo;
uma vontade
um certeza
uma qualquer
esperança.
É preciso que
alguma
coisa atraia a
vida
ou tudo será
posto de lado
e na procura da
vida
a morte virá na
frente
e abrirá
caminhos.
É preciso que
haja algum respeito,
ao menos um
esboço
ou a dignidade
humana se afirmará
a machadadas.
- Torquato Neto, em "O Fato e A Coisa", Teresina/PI:
UPJ Produções, 2012.
Poema
conformista
Nunca escorreu
pelo meu corpo a aurora,
nunca senti na
minha boca o traspassar de noites,
nunca dormi ao
lado das estrelas – que isto
são coisas
absolutamente sem importância
que, de resto,
outros sonhadores
já tiveram o
cuidado de sonhar.
Eu em mim
incrivelmente
existo e me basto.
O temer e o
esperar passaram por completo.
E a vontade de
ver o invisível
e tocar o
intocável
e calcular o
necessariamente incalculável
também passaram
e não prossigo nisto.
Sou exatamente
o que me basto para continuar
sendo.
E nisto me
basto.
Quando não pude
alcançar o lado oposto
e me perdi e
não voltei atrás,
eu prossegui
pelo caminho e não parei.
Quando na volta
preferi vir só
eu me bastei
com meus distensos músculos
e não cortei
demais a minha carne
em pedaços
inúteis.
Minha incerteza
quando doi a afasto
e não me engano
em pensar o que não posso
nem me abandono
a construir filosofias que a
encharquem.
Se não componho
as sinfonias que escuto
ninguém o sabe:
eu não sou músico.
Quando não sei
se devo ou se não devo prosseguir
em escrever
poemas e asneiras,
eu nada faço e
me recolho: o poeta que não sou
pode nascer ainda.
Como o dedo
apagaria o sol
congelaria a
aurora no meu corpo
e afastaria
estrelas – mas não quero,
outros
sonhadores já sonharam isso.
Como eu disse,
sou exatamente o que me basto
para
prosseguir,
e não quero
mais.
- Torquato Neto, em "O Fato e A Coisa", Teresina/PI:
UPJ Produções, 2012.
Poema
essencialmente noturno
À falta da
pessoa,
hoje amarei a
ausência também do sentimento antigo
e lembrarei que
os dias já foram azuis
e as noites
somente escuras
quando desconhecíamos
a palavra medo
e não sentíamos
medo.
Amarei o antigo
sentimento da ternura casta
palpável,
àquele tempo, em mim,
distribuída
entre os aposentos da casa enorme,
os três degraus
da entrada
o sol nascendo
pelos punhos da rede
e o muro do
colégio das freiras, quente.
(que estas
lembranças me bastam)
Porque não ha a
pessoa
e eu caminho só
e triste pelas calçadas do Rio
e não chego a
nenhum destino, porque não tenho destino,
eu hoje amarei
a distância que separa eu menino
de mim
desesperado, aqui
e me perderei
pelos caminhos enrolados uns nos outros
e rolarei de
gozo sobre a minha sombra
e chorarei
depois porque não sei voltar
- Torquato Neto, em "O Fato e A Coisa", Teresina/PI:
UPJ Produções, 2012.
Posição de
ficar
No princípio
era o verbo amar
Mas os
sentimentos extinguiram-se
E retesaram-se
os membros: não houve amor
Desde então
Agora, sabemos
inútil procurar nos livros a fórmula derradeira deste verbo.
As coisas
fizeram-se lúcidas
Notou-se o fato
E sentiu-se o
medo
Deixaríamos o
corpo livre se pudéssemos,
Mas o corpo
está preso a tantos acontecimentos abstratos.
Choraríamos se
fosse possível,
Mas não há mais
lágrimas
E o rosto
retesado pelo medo
É pulsação imaginada
e só imaginada, insensível a quaisquer prantos
E no entanto
nada procuramos.
Temos as mãos
fechadas, não as forcem.
Nossas celas as
sabemos impenetráveis, não as forcem.
Temos tanto
sono, mas o venceremos,
Não nos forcem.
Conjugaremos o
irrepreensível verbo esquecer, não perdoar.
Não perdoamos.
Em toda esta
fraqueza nos sentimos fortes como os primeiros mártires,
Estamos na
arena,
Sentimos medo e
deixaremos nossos restos ao vosso escárnio.
Desaprendemos
tudo.
Ambíguos em nós
mesmos, amamos agora o silêncio das covas
E as esperamos:
este o nosso fim.
- Torquato Neto, em "Os Últimos Dias de
Paupéria", (Organização Wally Salomão e Ana Maria Silva de Araújo Duarte).
São Paulo: Max Limonad, 1982.
![]() |
Torquato Neto no filme 'O Padre e as Moças' de Ivan Cardoso, (foto Ivan Cardoso 1972) |
Adeus
Vou prá não
voltar
E onde quer que
eu vá
Sei que vou
sózinho
Tão sozinho
amor
Nem é bom
pensar
Que eu não
volto mais
Desse meu
caminho
Ah! pena eu não
saber
Como te contar
Que esse amor
foi tanto
E no entanto eu
queria dizer
Vem
Eu só sei dizer
Vem
Nem que seja só
Pra dizer adeus
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte). São
Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Edu Lobo).
Quem dera
Quem dera
um dia eu
encontrar
o amor igual ao
que eu sonhei
um amor como na
vida quase nunca a gente vê
quem dera saber
na verdade
aonde é que a
felicidade
guardou até
hoje distante
esse amor que é
o meu sonho de ter
que a ele eu
irei de mansinho
levando nas
mãos meu carinho
levando a
certeza que a vida
sem ele era só
morrer
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte). São
Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Jota).
Soneto da
contradição enorme
Faço força em
esconder o sentimento
Do mundo triste
e feio que eu vejo.
Tento esconder
de todos o desejo
Que eu não
sinto em viver todo o momento
Que passa. Mas
que nunca passa inteiro.
Deixa comigo o
rosto da lembrança
E o fantasma de
só desesperança
Que me empurra
e de mim me faz obreiro
De sonhos. Faço
força em esconder
Do mundo, a
dor, a mágoa e a cabeça
Que pensa
tão-somente em não viver.
Faço força mas
sei que não consigo
E em versos
integral eu me derramo
Para depois
sofrer. E então, prossigo.
- Torquato Neto, em “Torquatália - do Lado de
Dentro”. vol. I, (Organização Paulo Roberto Pires). Rio de Janeiro: Editora
Rocco, 2004, p. 46.
Todos
cantam sua terra, também vou cantar a minha
sou
um homem desesperado andando à margem do rio Parnaíba
sou
um homem com Glauber Rocha na cabeça e uma câmara na mão
andando
fico à margem de minha terra:
TRISTERESINA.
terra
nos olhos da lente.
só
filmo planos gerais.
planos.
o
meduna.
ando
pelas ruas mas tudo de repente é novo para mim:
a
vermelha. a grama. o meu caso de amor. a estação da estrada de
ferro
teresina-são luís um dia de manhã.
minha
terra tem palmeiras de babaçu onde canta o buriti.
e
a melhor água do mundo.
e
um poço.
e
um menino.
como
posso agora cantar minha terra;
estando
tão longe-perto dela.
como
posso eu e essa miséria louca
descobrir
destruir as ruínas do lar
citação:
Não teremos destruído nada se não destruirmos as ruínas
-Torquato Neto, publicado na revista Arraia Pajeurbe, nº 2 Fortaleza/CE,
2004.
Desde que saí
de casa
Trouxe a viagem
de volta
Gravada na
minha mão
Enterrada no umbigo,
dentro e fora assim comigo
Minha própria
condução.
Todo dia é dia
dela
Pode não ser
pode ser
Abro a porta e
a janela
Todo dia, é dia
D
Há urubus no
telhado
E a carne seca
é servida
Escorpião
encravado na sua própria ferida
Não escapa, só
escapo pela porta da saída
Todo dia é
mesmo dia
De amar-te e a
morte morrer
Todo dia é mais
dia, menos dia
É dia D
- Torquato Neto, em "Os Últimos Dias de
Paupéria", (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte). São
Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Carlos Pinto).
Três da
madrugada
Três da
madrugada
Quase nada
Na cidade
abandonada
Nessa rua que
não tem mais fim
Três da
madrugada
Tudo e nada
A cidade
abandonada
E essa rua não
tem mais
Nada de mim...
Nada
Noite alta
madrugada
Na cidade que
me guarda
E esta cidade
me mata
De saudade
É sempre
assim...
Triste
madrugada
Tudo é nada
Minha alegria
cansada
E a mão fria
mão gelada
Toca bem de
leve em mim.
Saiba:
Meu pobre
coração não vale nada
Pelas três da
madrugada
Toda palavra
calada
Nesta rua da cidade
Que não tem
mais fim
Que não tem
mais fim...
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte). São
Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Carlos Pinto).
Um dia desses
eu me caso com você
de tanto me
perder, de andar sem sono
por essa noite
sem nenhum destino
por essa noite
escura em que abandono
uns sonhos do
meu tempo de menino
de tanto não
poder mais ter saudade
de tudo o que
já tive e já perdi
dona menina, eu
me resolvo agora
a ir-me embora
pra longe daqui.
um dia desses
eu me caso com você
você vai ver,
você vai ver
um dia desses,
de manhã, com padre e
[pompa
você vai ver
como eu me caso com você
meu tempo de
brincar já foi-se embora
e agora, o que
é que eu vou fazer?
não tenho onde
morar, vou caminhando
sem sono, sem
mistérios, sem você;
pra terra onde
nasci
não volto nunca
mais
e esta cidade
alheia tem segredos
que eu faço
tudo pra não compreender
meu pobre
coração não vale nada
anda perdido,
não tem solução
mas se você quiser
ser minha namorada
vamos tentar,
não é?
não custa nada
até pode dar
certo
e se não der
eu pego um
avião, vou pra xangai
e nunca mais eu
volto pra te ver.
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de
paupéria". (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte). São
Paulo: Max Limonad, 1982. (musicado por Paulo Diniz).
Via crucis
abriu-se a
porta este meu ser entrou
desajeitado e
tonto
verificados os
lábios que sangravam
e as mãos que
não se retorciam
meu eu assinou
a ficha inicial e na parede marcou
exatamente
o tempo.
dormiam-se nas
covas do silêncio
as quatro musas
que nunca invocarei.
- Torquato Neto (jan, 1963), em "O Fato e A
Coisa", (organização Paulo José Cunha e George Mendes) Teresina/PI: UPJ
Produções, 2012.
[Virtude]
a) A virtude é
a mãe do vício
conforme se sabe;
acabe logo comigo
ou se acabe.
- conforme se sabe -
estão no fim, no início
da chave.
c) Chuvas da virtude, o vício,
conforme se sabe;
é nela própriamente que eu me ligo,
nem disco nem filme:
nada, amizade. Chuvas de virtude:
chaves.
d) (amar-te/
a morte/ morrer:
há urubús no telhado e carne seca
é servida: um escorpião encravado
na sua própria ferida, não escapa: só
escapo
pela porta de saída).
e) A virtude, a mãe do vício
como eu tenho vinte dedos,
ainda, e ainda é cedo:
você olha nos meus olhos
mas não vê nada, se lembra?
f) A virtude
mais o vício: início da
MINHA
transa, início, fácil, termino:
"como dois mais dois são
cinco"
como Deus é precipício,
durma,
e nem com Deus no hospício
(durma) nem o hospício
é refúgio. Fuja.
- Torquato Neto, em "Os Últimos Dias de
Paupéria", (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte).
Ed. Max Limonad, 1982.
Jards Macalé e Paulo José cantam e recitam
Torquato Neto
"É preciso
acabar de vez com o clichê de que Torquato Neto era um maníaco depressivo,
ignorando-se a obra do compositor e, pior ainda, escamoteando dados sobre sua
pessoa. Por exemplo: ignora-se a militância de quem foi o primeiro a contestar
sem medo e incomoda até hoje. Ele teve a coragem de brigar com as esquerdas,
com o pessoal do cinema novo. Ele não era um homem de rebanho, ele só era fiel
com a revolução. Lutou pela imprensa underground contra a caretice do Pasquim.
É preciso resgatar a dignidade humana, contra todo o reacionarismo que só lhe
viu como um poeta-suicida. Todo ser inteligente pensa na morte. Louvação é um
hino à vida. A visão trágica que alguns têm sobre TN é perigosa porque pode
esvaziar o conteúdo de sua obra. Fomos internados no mesmo hospício - o Engenho
de Dentro - e tenho certeza que eram poucos os que o compreendiam. para mim,
concluindo, TN era o nosso Maiakóvski. Morreu assim que deu o seu recado, aos
28 anos, quando encheu o saco. Não ficou aqui para pedir emprego para
ninguém."
- Rogério Duarte, em "É preciso de vez acabar
com o clichê". Fogo Cerrado, novembro de 1992.
![]() |
Torquato Neto, por (...) |
FORTUNA CRÍTICA
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de
Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2003.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular
Brasileira. Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro:
Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu,
2006.
ALMEIDA, Laura
Beatriz Fonseca de. Um poeta na medida do
impossível. (Tese Doutorado em
Teoria Literária). Universidade de São
Paulo, USP, 1993.
ALMEIDA, Laura
Beatriz Fonseca de. Um poeta na medida do
impossível. Inimigo Rumor – Revista de poesia. Rio de Janeiro: Sette
Letras. nº 3 set-dez, 1997.
ALVES, Ana
Cristina Tannús. Torquato Neto: a espacialidade desenhada na inconstância do eu. In:
Marisa Martins Gama-Khalil; Jucelén Cardoso; Rosana Gondim Rezende. (Org.). O
espaço (en)cena. 1ª ed., São Carlos: Claraluz, 2008, v., p. 185-204.
ALVES, Valeria
Aparecida. Desafinando o coro dos
contentes: Torquato Neto e a produção cultural no Brasil nas décadas de 1960 e
1970. (Tese Doutorado em História).
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, 2011.
ALVES, Valeria
Aparecida; MATOS, Maria Izilda
Santos de. O tropicalismo: propostas e
inovações. In: DÂNGELO, Newton. (Org.). História e cultura popular: saberes
e linguagens. 1ª ed., Uberlândia: EDUFU, 2010, v. H673c, p. 253-274.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
ANDRADE, Rodrigo de. Torquato Neto: uma poética da contracultura. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de Passo Fundo, UPF, 2008.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
ANDRADE, Rodrigo de. Torquato Neto: uma poética da contracultura. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de Passo Fundo, UPF, 2008.
ANJOS, Anay
Oliveira dos. A morte na obra de Torquato
Neto: uma análise semiótica.
(Dissertação Mestrado em Linguística). Universidade de São Paulo, USP,
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ÁVILA, Carlos.
O vampiro lírico da tropicália. in:
Poesia pensada. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
BEZERRA FILHO,
Feliciano José. A Escritura de Torquato
Neto. (Dissertação Mestrado em Comunicação e Semiótica). Pontifícia
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![]() |
Torquato Neto, por Arnaldo Albuquerque |
BEZERRA FILHO,
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BRANCO, Edwar
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Narrar, 2012, Teresina. Anais do VI Simpósio Nacional de História Cultural -
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Edwar de Alencar Castelo. Entre torquateios, Grammas e superoitos:
intersubjetividades na "Tristeresina" de Torquato Neto. In: IV
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Neto e seus contemporâneos. In: Edwar de Alencar Castelo Branco; Jaislan
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BRITO, Paulo Henriques. Torquato Neto. Centro de Cultura Alternativa/ Rio Arte / Projeto Torquato Neto/ Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo do Piauí, 1985.
BUENO, André Luiz de Lima. Antologia ano 1 - Prêmio Torquato Neto/ Um poeta não se faz com versos. Diversas Manifestações da Cultura Alternativa Décadas 60-70. Rio de Janeiro: RioArte, 1984.
BUENO, André Luiz de Lima. Pássaro de fogo no terceiro mundo: o poeta Torquato Neto e sua época. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
BUENO, André
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versos. In MELLO, Maria Amélia (org.). Antologia Prêmio Torquato Neto. Rio
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![]() |
Torquato Neto, por Luis Trimano |
CABRAL, Sérgio. Elizeth Cardoso - Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.
CALADO, Carlos. Tropicália - a história de uma revolução musical. São Paulo: Editora 34, 1997.
CALIXTO, Fabiano Antonio. Torquato Neto quase completo etc.. Correio das Artes, João Pessoa - PB, p. 4 - 5, 1 mar. 2005.
CALIXTO,
Fabiano Antonio. Um poeta não se faz com
versos: tensões poéticas na obra de Torquato Neto. (Dissertação Mestrado em
Teoria Literária). Universidade de São Paulo, USP, 2012. Disponível no link. (acessado 24.8.2013).
CÂMARA BRASILEIRO,
Marcus Vinícius. Torquato Neto na geléia
geral brasileira. Literatura e Autoritarismo - Dossiê "Cultura
Brasileira Moderna e Contemporânea", Dezembro de 2009. Disponível no link.
(acessado em 25.8.2013).
CÁMARA, Mário.
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WISNIK, José
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São Paulo: Publifolha, 2004.
"[...]de
véu e grinalda com um palhaço empacotado ao lado. Não acredito em amor de
múmias e é por isso que eu / FICO / E vou ficando por causa de este / AMOR / Pra
mim, chega. / Vocês aí, peço o favor de não sacudirem demais o Thiago. Ele pode
acordar."
- Torquato Neto "fragmento do último bilhete),
em "Pra mim chega - a biografia de Torquato Neto", de Toninho Vaz.
São Paulo: Editora Casa Amarela, 2005, p. 200.
NAVILOUCA,
REVISTA DE POESIA
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Capa da edição única da revista Navilouca - O Almanaque dos Aqualoucos |
Os poetas Torquato Neto e Wally Salomão lançaram em 1974
a única edição de Navilouca, revista de poesia que, infelizmente, Torquato não pode ver impressa. Desde 1972, quando ela começou a ganhar forma,
já se esperava uma obra que ficou como um marco da produção contracultural da
época, uma revista que corria por fora dentro do circuito de poetas-inventores
que surgiram entre os anos 60 e 70. A edição conta ainda com a participação
luxuosa da tríade concretista, que de algum modo apadrinhou a geração
desbundada da poeisa brasileira que corria muito pela canção nos anos de
chumbo. Uma revista de arte, arte poética e gráfica. Almanaque dos Aqualoucos,
ali Torquato escrevia em letras gigantes: O poeta é a mãe das artes e das
manhas em geral. Uma obra-farol, registro de uma época em que a poesia
brasileira tomava novo corpo, outros rumos. A edição é raríssima. Mas eterna.
Fonte: LadoDentro
NAVILOUCA. revista. (ed. única). Rio de Janeiro: Gernasa e Artes Gráficas, 1974.
Navilouca – o almanaque dos aqualoucos
O Torquato Neto veio com a ideia de fazer a Navilouca em
1971. Ele convidou o Waly Salomão para ser o co-editor e me chamou para ser o
fotógrafo. Foi outra coisa inesperada, porque eu não tinha experiência quase
nenhuma. Já me garantia na fotografia, mas não era profissional, tinha apenas
começado a me exercitar. A Navilouca teve grande importância porque reuniu os
principais expoentes da vanguarda da época. Segundo o Décio Pignatari, foi a
primeira publicação pop-construtivista feita no Brasil. Foi por causa da
Navilouca que me aproximei do Luciano Figueiredo e do Óscar Ramos. O Luciano já
morava na casa do Óscar, no Cosme Velho, onde foram feitas todas as reuniões
editoriais e a programação visual da revista.
- Ivan
Cardoso, em “O Mestre do Terrir”. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008.
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Torquato Neto com os pais Dona Salomé e Dr. Heli (Foto: Acervo TN/UPJ Produções) |
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Gilberto Gil, casamento de Ana Duarte e Torquato Neto (Foto: Acervo TN/UPJ Produções) |
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Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Francis Hime, Edu Lobo, Caetano Veloso, Chico Buarque, Dori Caymmi, Paulinho da Viola, Torquato Neto, Braguinha, Luiz Bonfá, Maria Helena Toledo, Zé Ketti, Lenita Plocynska, Capinam, Sidney Miller, Eumir Deodato, Olivia Hime, Helena Gastal, Luis Eça, João Araújo, Nelson Mota, Dircinha Batista, Tuca, Jandira Negrão de Lima e (...) Foto: Paulo Scheuenstuhl, para a revista "Realidade", em agosto de 1967, na Casa de Vinicius de Moraes, no Rio de Janeiro. (Acervo Ana Maria Toledo) |
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Torquato Neto e Vinicius de Moraes - (Foto: Acervo Vinicius) |
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Torquato Neto e Chico Buarque de Holanda - (Foto: Acervo TN/UPJ Produções) |
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Torquato Neto, Caetano Veloso e José Carlos Capinam - Foto: (...) |
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Torquato Neto, Nana Caymmi e Gilberto Gil, em 26/06/1968, na Passeata dos Cem Mil reuniu estudantes, artistas e intelectuais no Rio de Janeiro. |
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Torquato Neto, Helena Lustosa, Ricardo Horta, Ciça Afonso Pena, Vilma Dias e Marcos Pontes. Rio, 1972. Foto do filme 'A Múmia Volta a Atacar', de Ivan Cardoso. |
Texto de
Torquato Neto, morto aos 28 sobre Hendrix, morto aos 27
(14/10/1970)
"onde, em
mim, a morte de Jimi Hendrix repercutiu com mais violência? há mais de um ano,
em Londres, eu havia dito com absoluta certeza: ele vai morrer. onde, em Jimi
Hendrix, eu vi o espectro da morte? eu havia estado com ele, Carlo e Noel -
mais uns três sujeitos - naquele enorme apartamento de Kensington e quase não
falamos nada durante o tempo que fumamos haxixe e escutamos aquele álbum branco
dos beatles e mais alguns discos que não me lembro - nem poderia lembrar. por
que é que eu não sei, mesmo agora, escrever qualquer coisa mais sobre Hendrix,
a não ser que, naquele dia, conferi a perfeita extensão de sua música em sua
cara - obedecendo à ordem com que as duas coisas me foram apresentadas? eu sei
que não posso escrever jamais qualquer coisa sobre o assunto, sobre a tremenda
curtição daquela noite etc etc. agora o homem está morto, menos ainda. Eu não
ousaria - como não ouso sequer contar esse fato aos poucos amigos que ainda
tenho. Interessa agora saber o seguinte: por que, diante o impacto que o
conhecimento pessoal, social com o homem produziu sobre mim, ao ponto de não
conseguir, depois, pelo menos “recordar” o tempo aproximado que tivemos, eu e Carlo, naquele apartamento - por que - sabendo de antemão sobre Jimi Hendrix -
por que ainda me surpreendi e me abalei com a notícia de sua morte, no dia
dela? Ou seja, voltando ao início: onde, em mim, a notícia conseguiu repercutir
ainda com violência, me pegando de “surpresa”? A gente sabe que toda morte nos
comunica uma certa sensação de alívio, de descanso. não existe, pra mim, a
menor “diferença” entre Hendrix que eu ouvia antes e o que posso ouvir depois,
agora, de sua morte. ele sempre foi claro, limpo, preto. eu disse: o homem vai
morrer, e não demora mais dois anos. Beneto e Ana ouviram, em Londres. Eu ouvia
os discos, sabia o homem - e, por cima, ainda o conheci pessoalmente e juntos,
numa noite gelada de Londres, curtimos o barato de queimar haxixe e escutar os
beatles, com Carlo, Noel e mais uns três caras que estavam lá, criolos. torno a
perguntar: onde? onde em mim? Jimi era “o homem que vai morrer” mas não havia
datas em sua vida. por que então uma data de jornal ainda me espanta e fere? eu
não sei (não posso, nem quero explicar por que eu, e muita gente mais, sabia de
tudo desde muito tempo. posso, com simplicidade, dizer apenas que eu sabia ler
a sua música)."
** Fonte: Krudu.blog![]() |
Originais - poesias e canções do poeta Torquato Neto (Acervo TN/UPJ Produções) |
ACERVO TORQUATO
NETO
Torquato Neto, nascido no ano de 1944 em Teresina-PI, foi compositor, jornalista, poeta e um dos mentores intelectuais do movimento tropicalista. E 38 anos (2011) depois de sua morte, foram enviadas a sua cidade natal, inúmeras poesias e fotos inéditas.
Curadoria e responsável: George Mendes
Site Oficial Torquato Neto
Outras informações: UPJ Produções
Título: Torquato Neto: Baú
do Torquato
Sinopse: Torquato Neto, nascido no ano de 1944 em
Teresina-PI, foi compositor, jornalista, poeta e um dos mentores intelectuais
do movimento tropicalista. Após 38 anos de vida, o poeta partiu. E 38 anos
depois de sua morte, foram enviadas a sua cidade natal, inúmeras poesias e
fotos inéditas. Esse vídeo é apenas um registro sobre a chegada desses arquivos
ao primo de Torquato, George Mendes.
Direção e som direto: Márcio Bigly
Imagens e edição: Talyta Magno
Ano/local: 2010 – Teresina/PI
Tempo: 9 min.
Disponível no link.
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Desenho de Torquato Neto - (Acervo TN/UPJ Produções) |
Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
- Torquato Neto, em "Os últimos dias de paupéria". (Organização Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte). São Paulo: Max Limonad, 1982.
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Torquato Neto |
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Torquato Neto - o anjo torto. Templo Cultural Delfos, agosto/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Torquato Neto - o anjo torto. Templo Cultural Delfos, agosto/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Escrevi o verbete do Torquato Neto para o Dicionário Cravo Albin da MPB (www,dicionariompb.com.br) do qual foram retirados város dados rerrentes ao poeta, por isso venho agradecer a citação. Contudo, peço que incluam também na bibliografia crítica os seguintes livros, nos quais me basiei pra obter informações da carreira do torquato, além de entrevistas com vários parceiros dele, q me cedram dados pros campos DADOS BIOGRÁFICOS, DAdos artísticos e discografia, usados aqui po vocês. anotem aí e aceitem como mais uma colaboração em homenagem ao cara. abração. amaral
ResponderExcluirALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.
ResponderExcluirALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
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AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
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maravilha
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho de divulgação e preservação da memória do poeta. :)
ResponderExcluirExcelente página sobre esse Poeta, que nasceu no nordeste mas pertence ao mundo.
ResponderExcluirLi textos incríveis. Não pude ler tudo, é verdade. Mas voltarei aqui sempre que a saudade de algo surpreendente chegar. "Penso que não sairei..."
Muito grato a quem organizou e preserva essas lembranças históricas.
Joamir Cardoso
Ipu - CE
20/08/2019
Gostei de ter conhecido um pouco mais sobre Torquato Neto.
ResponderExcluirGrato