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Eulália Maria Radtke - transcendência e iluminação

Eulália Maria Radtke - foto: Acervo da autora

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho.  
Página original JANEIRO/2016 | ** Publicação revisada e atualizada SETEMBRO/2021


ESBOÇO BIOBIBLIOGRÁFICO DA POETA ELÁLIA MARIA RADTKE

Eulália Maria Radtke (escritora e jornalista) nasceu em Gaspar – SC, em 6 de maio de 1949 e mudou-se para Blumenau – SC ainda pequena, onde cursou até o ginásio; trabalhava na lavoura e depois como fiandeira na indústria TEKA. Estudou, fez cursos profissionalizantes, foi para São Paulo, onde atuou como um dos líderes do movimento da Catequese Poética Paulista, na década de 1960 e, atualmente, mora em Navegantes SC

É membro da Associação Profissional de Escritores de Santa Catarina. Poeta, teatróloga, jornalista, compositora e cenógrafa, escreve música e produziu catálogos de exposições de artes plásticas nas décadas de 1970 e 1980, em Blumenau.

Nessa época, envereda-se para a poesia; aliás, ainda adolescente já possuía seus poemas publicados na imprensa. Desde 1972 publica em jornais e revistas literárias de várias partes do país e até do exterior, dentre eles, Jornal de Santa Catarina; Diários Associados; O Estado; Cogumelo Atômico; O Acadêmico; Cordão; Geração, Curitiba; Abertura Cultural, Rio; Tribuna da Imprensa, Rio; Destaque, Suplemento Literário do Estadão de Minas; Suplemento Literário de Minas; Jornal de Blumenau; Revista Ollinkraft, Lages; Literaçu, Blumenau; Rua XV; Jornal do Comércio, Recife; O popular, Brasília; UPES, Curitiba.

Paralelo a essa atividade poética, a autora desenvolve outras atividades culturais: em 1977, junto a Lindolf Bell, participa do Movimento da Catequese Poética; de Murais (tapumes pintados por crianças de escolas públicas), ao lado de Paulo Leminski e outros; em 1979, realiza, na FURB, a exposição “Fotopoemas”, junto ao fotógrafo Ingo Penz; faz encenações e outras atividades artísticas junto a outros escritores. 

Recebeu diversos prêmios, dentre os quais se podem destacar: menção honrosa da Prefeitura de Itajaí – SC (1973), ao concorrer ao Concurso de Poesia; menção honrosa no II Festival de Inverno de Itajaí (1974); prêmio Lausimar Laus, obtendo o 1º lugar no concurso de poesias, em (1976); prêmio Ferreira Gullar, em concurso nacional no Paraná (1978); prêmio Delfino – Fundação Catarinense de Cultura (1979); prêmio Quarta Noite da Poesia Paranaense – Fundação Teatro Guaíba (1983); prêmio Mario Quintana – Alegrete, RS (1984); prêmio Shogun Editora – Rio de Janeiro (1985); prêmio Concurso Nacional de Poesia pela Paz (conjunto de sete poemas gravados em bronze e granito em exposição a céu aberto, em Cachoeiro do Itapemirim, ES (19860; menção honrosa no prêmio Manuel Bandeira; Concurso Nacional de Poesia da Academia Teresopolitana de Letras, RJ (1986).

Eulália Maria Radtke - foto: Acervo da autora
Eulália Radtke foi considerada por Celestino Sachet (crítico da ACL) como a “grande revelação da poesia catarinense de 1980”. Seus poemas são “curtos, concisos e líricos”, como já definiu Lindolf Bell, sempre ligados à busca humana em si mesmo e no próximo. A construção dos poemas é muito bem trabalhada, incluindo a linguagem repleta de metáforas, e a estrutura é a contemporânea. 

Foi secretária municipal da Cultura em São José dos Pinhais-PR, no período de 1993 a 1996; e Conselheira de Editoração da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, onde produziu e organizou várias obras de autores paranaenses.

Em 1980, Eulália lança seu primeiro livro Espiral, poemas voltados para a questão existencial, interior, uma volta ao eu, a afirmação do ser.  Seu próximo livro, O sermão das sete palavras, marca sua “maturidade existencial e poética”, nos dizeres da crítica Nelly Novaes Coelho:   
 
"[Sobre o livro] Espiral – sequência de poemas-sínteses de uma intensa vivência existencial, voltada para o outro, como parte essencial do eu. Poesia de alta linhagem, a de Eulália chegou à forma de livro pelo estímulo de Lindolf Bell que, ao conhecer os originais escritos ao longo de anos, descobriu neles a marca da poesia autêntica. [...] No livro seguinte, O sermão das sete palavras, aprofunda-se a visão de mundo que energiza sua poesia anterior [...] esta nova recolha poética revela a maturidade existencial e poética atingida pela autora."
- Nelly Novaes Coelho (org.). in: Dicionário crítico de escritoras brasileiras: 1711-2001. São Paulo: Escrituras Editora, 2002, p.204.

:: Fonte: SILVEIRA, Cláudia Regina. Dicionário de escritoras catarinenses. (Tese Doutorado em Literatura - Teoria Literária). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2011. Disponível no link. (acessado em 28.1.2016). Obs.: Editado com informações atualizadas da escritora e jornalista Eulália M. Radtke.


VII
 Como o rosto
Sem susto dos anjos
Herdei a quietude
                das luas
É preciso coragem
De um campo de espigas
É preciso saber das
               sementes
Por fora
E por dentro
             é preciso 
 

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Espiral: poemas". Florianópolis SC: Editora FCC, 1980. 


Eulália M. Radke nos 50 anos da Catequese Poética - foto: acervo da autora

OBRA DE EULÁLIA MARIA RADTKE

Poesia
:: As travessias. Eulália Maria Radtke. Blumenau SC: Edições do Autor, 1977.
:: Espiral- poemas
Eulália Maria RadtkeFlorianópolis SC: Editora Fundação Catarinense de Cultura - FCC 1980, 86p.
:: O sermão das sete palavrasEulália Maria Radtke. Florianópolis SC: Editora Fundação Catarinense de Cultura - FCC; Brasília: Thesaurus, 1986, 106p.
:: Lavra líricaEulália Maria RadtkeBlumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000, 130p.
:: Olho d'águaEulália Maria RadtkeBlumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2007, 74p. ; Edição ilustrada - Português/Espanhol. São Paulo: Editora Patuá, 2017.

Coletâneas (organização)
:: Antese. (coletânea de poesia de autores paranaenses - tomo I, II, III e IV).. [organização Eulália M. Radtke]. São José dos Pinhais PR: Secretaria Municipal da Cultura de São José dos Pinhais PR, 1996.


Antologias (participação) 
:: Outros catarinenses escrevem assim. [organização Oldemar Olsen Jr.]. Blumenau SC: Editora Acadêmica Blumenau, 1979, p.156-64.
:: Contistas e cronistas catarinenses. Florianópolis: Lunardelli, 1979.
:: A literatura de Santa Catarina. [org. Celestino Sachet ]. Florianópolis: Lunardelli, 1979, p.283.
:: Os contos da FURB. Blumenau, Ed. Acadêmica, 1979.
:: Contistas de Blumenau. Florianópolis: Lunardelli, 1980.
:: Poetas de Blumenau. Blumenau SC: Fundação Casa Dr. Blumenau, 1982, p.95.
:: Poetas de Blumenau - contos e poemas. Florianópolis: Editora FCC, 1983.
:: Contos e poemas. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1983.
:: A literatura catarinense em busca de identidade: III - a poesia. [organização Antonio Hohlfeldt]. Coleção Santa Catarina, v. 33. Porto Alegre Movimento; Florianópolis: Editora UFSC, 1997, v. 3, 385p.
:: Blumenauaçu 3: antologia de escritores catarinenses. [org. FCB e UBE]. Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2002, 103p. 
:: As mulheres poetas: na literatura brasileira. [organização, capa e projeto gráfico Rubens Jardim]. São Paulo: Arribaçã Editora, 2021. {a antologia reúne 328 poetas de todo o Brasil, de épocas, estilos e estados diferentes, confira no link as poetas presentes na coletânea}.

Em revistas
:: Minha pátria em três lamentos (poema). Maria Radtke. In: Prosa Verso e Arte, s./data. Disponível no link. (acessado em 3.7.2018).

Obra traduzida
Espanhol
:: Olho d'águaEdição ilustrada - Português/Espanhol. [tradução ?]. São Paulo: Editora Patuá, 2017.

Inglês
:: O sermão das sete palavras, de Eulália M. Radtke [direção e edição Teresinha Pereira; tradução Gleen Lions]. Colorado/EUA.



 
Eulália M. Radtke e seu poema no Largo do Expedicionário  em São José  dos Pinhais PR (1995) - foto: acervo da autora


POEMAS SELECIONADOS DE EULÁLIA MARIA RADTKE

A INFÂNCIA REVISITADA
 
A danação do riso
Nas folhas do Boi Mamão
arrepiava até os tendões.
No céu vermelho das fogueiras
reverenciava São João,
aquecendo o corpo sem solidão
(ainda).

Mas foi sob as fagulhas breves
e a frágil arquitetura
da lenha queimada,
onde conheci o cálice da morte
no perfume ativo do jasmim
guardando o corpo de meu avô.

Avolumada,
como as trovoadas poderosas
que tantas vezes vieram em direção
aos meus olhos temerosos,
adquiri uma das faces mais divinas
que a separação pode assumir:
                                         a ira.

Esta,
ensinou-me que a flor que enfeita
a festa
também murcha triste na solidão dos túmulos.

Amalgamava então
as criaturas sagradas
e a morte me parecia
alta e solene
como as visões de um pesadelo.

Guardei meu avô
sob o cristal das cinzas
num culto à memória,
abreviando mais tarde
a saudade sobre o retrato
                                da parede.

O mistério da ausência
— como a sonoridade sutil e grave das palavras —
desenhou parcial esquecimento.

Mas a morte lavrada
no grande cemitério da existência
criou dentro do peito
um olho d'água de curso subterrâneo.

Desde então,
aprendi a dissimular a dor
amoldando-a às formas de versos,
quando o reverso torna-se incompreensível.
 

- Eulália Maria Radtke, no livro "Lavra Lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000.

§§

A evocação do homem
I
Em que sangue do meu dia
me exiges?
Em que carne da minha noite
me devoras?
Ou em que face da luz
me consagras ou me choras?

Que seria dos deuses
sem as carruagens mágicas,
sem as terríveis labaredas
dos meus indefesos instrumentos
lúdicos?

Que seria das pirâmides
sem as gargalhadas do vento,
sem as arestas e os devãos
das areias?


 II
Servir a vida.

A ceia ofertada em prato de cristal
é ouro que edifico
no código da terra.

Guardo nos meus olhos a tua paisagem.

O viço do riso,
o soluço do sino da memória
vem de barro
e vem do risco soturno
dos trovões.

E ainda que eu lave o céu
e o teu espelho de ferrugem e
caliças,

venha,
toma de teus ouvidos
e ouve agora
a harmonia das águas
nos contornos de teu rosto.

Venha,
porque quando a borboleta
sai do casulo
é a morte da lagarta.

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "O sermão das sete palavras". Florianópolis SC: FCC Edições; Brasília: Thesaurus, 1985. 

§§

A transcendência - a iluminação
I
Que o amor repouse
finalmente na verdade
oh coração,
- intensa me contenho
para atrair-vos ao céu
que vos disfarço.


II
Se receias que esta vida
não perpetre,
se receias o amor a que
te entregas,
- na carne desse sonho nasce o grito
do meu sonho de viver na tua imagem.


III
Hei de sorrir
na sedução de todos os contrastes

Hei de atrair
dentro da noite o próprio sol
nascente,
para que em luz
as estrelas não se afastem.

Hei de sofrer de amor
e estar contente,
- tornando intensa a vida provisória -
do começo ao fim de mim e de ti.

E irei,
no trajeto da viagem
ser síntese do tempo
- flor de lis -
provisório até o fim.
 
- Eulália Maria Radtke, 
no livro "O sermão das sete palavras". Florianópolis SC: FCC Edições; Brasília: Thesaurus, 1985. 

§§

As elegias
(1)
É meio dia em minha
vida,
meu sonho
meu sol,
minha dança alucinada
no horto.

Para quem fui,
gotas ficaram pendentes
nas espigas.
Para quem sou,
canto humilde e ave
partida.

É meio dia em minha
vida,
este relógio  de hastes
singulares e plurais
ceifando o tempo,
trazendo à luz
banquetes fartos e limpos
- irreais

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "O sermão das sete palavras". Florianópolis SC: FCC Edições; Brasília: Thesaurus, 1985.

§§

Eulália Maria Radtke
foto: Acervo  autora
O lírio fragmentado
Ah os etéreos anjos
a evocar as luas evaporadas,
fazendo do objeto verbal
acabado
não uma construção terminada!

Se a escola veio gritar,
exorcismar e "traumatar"
toda espécie de inocência
que eu tentava recriar caudalosamente,
também revelou-me
a valorização dos gestos
e compreender os livros.

- Acabo de revelar uma estranha embriaguez,
espécie de orgasmo das criaturas unidas ao
seu destino.

E sob um vento suão,
às quinze horas da adolescência,
percebi a antiguidade das pedras
tropeçadas no jardim.

Experimentei unir-me ao divino
sob todas as formas.

Amei a conspiração dos deuses
entre a pele e o sangue
de vestir o coração,
muito perto da terra
e escrevi na carne a vertigem
de toda a humana loucura.

E enquanto criáva-se no Brasil
a "Arte da Resistência"
sob o domínio das fardas,
Maria Bethânia gritava " Carcará, pega mata e come!",

Aleksei Leonov tornava-se
o primeiro homem
a sair de uma nave espacial
e todos queriam ser personagens
de Fellini,

às quinze horas da adolescência
fui buscar palavras inteiras
nas bocas dos adultos.
Reuni e repeti a todos sem compreendê-las.

Às quinze horas
da adolescência,
desenhei no barro alguns
moldes
que se transformaram
em versos,
depois lambi os dedos
para ver o gosto.

Às quinze horas,
era a palavra
eu
e o arado do coração
preparando a chão do poema.

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Lavra Lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000.

§§

O vinha da verdade
I
A canção do amor
será possível sob o vinho da verdade,
sob a morte da lagarta
e, sobretudo,
sob as metáforas de paz e de
guerras.
 

II
Seremos entre as vagas e espumas
flores rubras,
pássaro ferido e lagartos
(estranhezas)
palavras sem contornos,
serpentes entre algas de viver
- tão só indagação
silencioso pensar.

 - Eulália Maria Radtke, 
no livro "O sermão das sete palavras". Florianópolis SC: FCC Edições; Brasília: Thesaurus, 1985.

§§

OS INTERLÚNIOS
 
Poema 1
A carne tecida d'água
de sangue tingidas veias.

Perto, osso e areia
tal alicerce inconsútil

de máquina provisória.
Presente em passado

paradoxal ressoa. Pode
morrer um corpo

em sua árvore madura?
O sonho amarra

vida, dor e terra.
onde a memória cala

haverão sinos, ressonantes?
Claros ais, olhos

penetrados em
sombras de luz fora.

Exantue, pó e osso
remidos.
Pêlos e alma indulgem.

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Lavra Lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000.

§§

Poema 2
Medimos o peito em abstrato,
fronteiriços, lineares, juízes
agrimensores de rumos e rimas.

A trena tem maleáveis desvios
pendores colhidos nas ciladas,
pendões amoldados de eus circunstanciais.

Marcamos, ascensional, a trena,
atamos ao peito, altivos,
estremas divisíveis, esplendorosos.

A fé é nossa baliza,
rompidos, ai que inversos intentos
morrendo no pó do ego fendido.

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Lavra Lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000. 

§§

Poema 3
O fogo em pó cunhado,
difuso, sagrado, leviano
retém a flecha nas retinas,

A água na extrema urgência
rebenta em cavos e rasuras,
as inertes reservas da alma.

Bebemos, perplexos, a água
pisamos nas cinzas, sonhos
fráguas providenciais, divinos.

As chispas são nossos ventres,
reconcebemos phoenix tácita
reincidindo velhas rotinas.

- Eulália Maria Radtke, no livro "Lavra Lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000.

§§

Poema 4
A maestria dos erros sombrios
vertidos, quebrantados, modular
cadencia na ordem dos fins.

A memória logra pentimetos
contrafaz num olhar de cataclismo,
atrozes e cínicas evidências.

Ruminamos, subjugados, a memória
regemos em notas, abismos
ritos desmesuráveis, entorpecidos.

As solidões são nossas vítimas,
amargamos tornados nulos
silenciando particípios e gerúndios.
 

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Lavra Lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000. 

§§

Nas réstias da existência
I
A evocação do homem
é cavar a pedra,
é reter do grito
os seus grifos de luz.
 


II
A evocação do homem
não é um conjunto de livros
que se abre e se fecha
                                  folha
                                  a
                                  folha
e depois se escreve a giz
a conclusão da sua loucura.


III
A evocação do homem
é fazer do quintal da sua
                               infância
a flauta mágica
para o majestoso e contraditório
espetáculo da vida.
IV

A evocação do homem
não é improvisar-lhe um palco,
cortar-lhe as forças
e tornar-lhe solidão.
V

A evocação do homem
é porta aberta
às possibilidades,

à canção de amor ainda
                                     possível.
 
- Eulália Maria Radtke, 
no livro "O sermão das sete palavras". Florianópolis SC: FCC Edições; Brasília: Thesaurus, 1985. 

§§

XX
 Quem curvar-se
Sobre este poema
Não tardará em abraçar
                      aqui

O circo
O riso
O estranho
O diverso
O triste
O brinquedo
O esconde-e-acha
O fruto da altura
Do sonho
O salto
O espanto
E o reverso dos olhos

Em ver
Que ante a paisagem dos anos
A infância
Ainda é o mesmo trapezista
Que não retornou do último
                salto
 

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Espiral: poemas". Florianópolis SC: Editora FCC, 1980.


Eulália Maria Radtke - foto: Acervo da autora

FORTUNA CRÍTICA DE EULÁLIA MARIA RADTKE

A literatura catarinense nos anos 80: catálogo da produção literária de autores catarinense publicada de 1980 a 1989. Florianópolis: Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte; UFSC, 1990. 
COELHO, Nelly Novaes (org.). Dicionário crítico de escritoras brasileiras: 1711-2001. São Paulo: Escrituras Editora, 2002, p. 203-206.
HEMEROTECA DIGITAL CATARINENSE. Espiral - a revelação de um poeta. in: Boi de Mamão. Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo/ Fundação Catarinense de Cultura, Florianópolis, julho, 1980, nº 2. Disponível no link. (acessado em 28.1.2016).
JARDIM, Rubens (org.). Lindolf Bell - 50 anos de Catequese Poética. São Paulo: Editora Patuá, 2014.
JUNKES, Lauro. Presença da poesia em Santa Catarina. Florianópolis: Lunardelli, 1979, 272p.
JUNKES, Lauro (org.). A literatura de Santa Catarina: síntese informativa. Florianópolis: Ed. do Autor; UFSC, 1992, p.47.
MILLARCH, Aramis. Eulalia ou um poema ao andarilho do Universo. in: Tabloide Digital de Aramis Millarch (originalmente publicado em 4 de julho de 1980, no Almanaque). Disponível no link. (acessado em 28.1.2016).
SACHET, Celestino; SOARES, Iaponan. Presença da Literatura Catarinense. Florianópolis, Ed. Lunardelli, 1989.
SACHET et al. (org.). A mulher catarinense (publicações): catálogo da exposição 1990. Florianópolis: Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina; UFSC, 1990.
SACHET, Celestino. A literatura catarinense. Florianópolis: Lunardelli, 1985, p. 202.
SACHET, Celestino. A literatura em Santa Catarina. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986, p.19.
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000. 
SILVEIRA, Cláudia Regina. Dicionário de escritoras catarinenses. (Tese Doutorado em Literatura - Teoria Literária). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 2011. Disponível no link. (acessado em 28.1.2016).

Eulália Radtke - foto: acervo da autora
 
Às quinze horas,
era a palavra
eu
e o arado do coração
preparando o chão do poema.

- Eulália Radtke, 
no livro "Lavra lírica". Blumenau SC: Editora Cultura em Movimento, 2000. 


AMIZADES LITERÁRIAS

"Guardo a biografia de todos os poetas e mordo devagar o fruto denso de minha solidão."
- Eulália M. Radke


Lindolf Bell, Eulália M. Radtke, Baby Garrou, Elke Hering, Beatriz Niemayer | foto: Acervo Eulália M. Radtke

Arnaldo Jabor, Lindolf Bell e Eulalia Radtke  | foto: Acervo Eulália M. Radtke

Eulalia Radtke e Mário Vargas Llosa |  foto: Acervo Eulália M. Radtke 


Eulália M. Radtke e Maria Cristina Radtke - foto: acervo da autora


Rubens Jardim, Eulália Radtke, Lair Bernardoni e Maria Cristina na Casa das Rosas em SP | 'Comemoração dos 
50 Anos da Catequese Poética - maio de 2014 | foto: Acervo Eulália M. Radtke 

Eulália M. Radtke, Rubens Jardim e Maria Cristina Radtke | foto: acervo Rubens Jardim
 
Rubens Jardim, Eulália M. Radtke, Carmen Silvia Presotto, e (...)  |  foto: acervo Rubens Jardim


Eulália M. Radtke e Maria Cristina Radtke  com a escultura do poeta Lindolf  Bell | foto: acervo Rubens Jardim


XIII
Já não tenho a tua pressa
Ó passado
Já não tenho a tua rápida
entrega do aconchego
- Já não tenho a ti

Do ciclo primeiro
Guardo o flash devastador
da claridade
Sob o mármore do teu
retrato
Do nosso encontro
Guardo uma distância 

- Eulália Maria Radtke, 
no livro "Espiral: poemas". Florianópolis SC: Editora FCC, 1980.




Eulália Maria Radtke
foto: Acervo  autora

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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Eulália Maria Radtke  - transcendência e iluminação. In: Templo Cultural Delfos, setembro/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
** Página atualizada em 8.9.2021.
* Página original JANEIRO/2016.



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Fausto Rodrigues Valle - poeta e contista

Fausto Rodrigues Valle - foto:UFG - revista Afirmativa
Fausto Valle (médico e escritor), nascido em Araxá, MG, no dia 22 de agosto de 1930. Filho de Delvo e Artemira Valle. Enraizou-se em Goiás desde o primeiro ano de vida. Foi professor universitário, exercendo também cargos de direção na Universidade Federal de Goiás. Sua pequena produção literária da juventude perdeu-se no tempo e no espaço. Reativou-se literariamente no ano de 1988, quando publicou seu primeiro livro. Desde então, escreve regularmente. Sua obra: A fonte do sal (poesia, Zamenhoff Editores, 1988), Cravos sobre a mesa (poesia, Editora Kelps, 1992), Relógio de areia (poesia, Editora Kelps, 1998), Aldeia absurda (poesia, Editora Kelps, 1999), Confraria dos marimbondos (contos, Editora Kelps, 2001), Um boi no telhado (contos, R&F Editora, 2005), Poemas dispersos (poesia, EditoraKelps/Editora UCG, 2005). Escreveu uma peça de teatro, O escolhido. Escreveu textos para teatro de mamulengos. Tem artigos, poemas e contos espalhados na internet, em sites de outros escritores. Publicou poemas na revista portuguesa "Palavras em Mutação", a convite — e em mais duas revistas brasileiras. Recebeu os prêmios: Menção honrosa no extinto concurso José Décio Filho (1991), com o livro Cravos sobre a mesa; Bolsa de Publicações Wilson Cavalcanti Nogueira, versão 1997, da Fundação Cultural de Pires do Rio, com o livro Relógio de areia; Troféu Goyazes 2004 (Bernardo Elis, categoria conto), concedido pela Academia Goiana de Letras; premiado com o Troféu "Tioko", 2009 de literatura, pela União Brasileira de Escritores - secção Goiás; Recebeu o 'Título de cidadania goianiense', concedido pela Câmara Municipal de Vereadores de Goiânia em 2009. Morreu em 12 de maio de 2010, em Goiânia.
:: Fonte: Revista Germina (acessado em 27.1.2016).
Saiba mais em: UBE - Seção Goiás (acessado em 27.1.2016).



OBRA DE FAUSTO RODRIGUES VALLE
Poesia

::  A fonte do sal. Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.
:: Cravos sobre a mesa. Goiânia GO: Editora Kelps, 1992.
:: Relógio de areia. Goiânia GO: Editora Kelps, 1998.

:: Aldeia absurda. Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.
:: Poemas dispersos. Goiânia GO: Editora Kelps; Editora UCG, 2005.
Fausto Rodrigues Valle - foto: Revista Germina Literatura
Contos e crônicas
:: Confraria dos marimbondos. Goiânia GO: Editora Kelps, 2001.

:: Um boi no telhado. Goiânia GO: Editora R&f,  2005.
:: Além do vão da janela. Goiânia GO: Editora R&f, 2009.

Antologias (participação) 
BANDEIRAS, Mônica; FRAGA,Whisner (org.). Literatura século XXI. vol. 2,. (contos e poesia). Rio de Janeiro: Blocos Editora, 1999, 104p.
FERREIRA, Ana Luiza Serra (org.). O conto de hoje em dia - nova antologia. (conto). Goiânia GO:  Editora R&F, 2014. 
GOMES, Vera Lúcis Oliveira (org.). Goiânia: flor e poesia - antologia poética. (poesia). Goiânia GO: Prefeitura Municipal de Goiânia, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo, 1993, 120p.
NASCENTE, Gabriel (org.). Antologia Goiás, meio século de poesia. Os filhos do amanhecer. (poesia). Goiânia GO: Editora Kelps, 1997, 282p.

Em revistas
VALLE, Fausto. Sabino. (conto). in: Bestiario - revista de contos. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016). 
_____ . Fausto Valle: 3 contos (A casa das flores - A viagem; e Sadam). in: revista Germina Literatura. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
_____ Fausto Valle: poemas. in: revista Germina Literatura. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).


Fausto Rodrigues Valle - foto: (...)

POEMAS ESCOLHIDOS DE FAUSTO RODRIGUES VALLE
Argonauta
Abrem-se ondas e vagas
à quilha veloz,
afastam-se recifes e escolhos:
passa ao largo
a nau sem músculos,
sua carga de mistério.

Velas pandas, o rijo vento
leva a intimorata argo
a inonimados portos.

Velho timoneiro, a face dura
ao sal e ao sol do mar,
lança âncoras ao fundo.

Ao deitar do dia, junto à amurada,
olha a vasta distância
e devaneia,
o devaneio do mestre.
 

- Fausto Rodrigues Valle, em "Cravos sobre a mesa". Goiânia GO: Editora Kelps, 1992.


Cigarras
Nesta primavera
as cigarras cantam diferente.

Há retidos gestos de adeus
nas retinas
e saudades nas horas.

Longos olhos miram
longamente as sombras
à procura de duendes.

Olhos feito punhais cravam-se
em meus olhos: detém-se
o jorro de palavras.

Emoções rompem as eclusas
e a poesia nasce, tímida planta,
nos áridos campos onde plantei
a semente de todas as palavras.
 

- Fausto Rodrigues Valle, em "A fonte do sal". Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.


Corpo
                    Dos cuerpos frente a frente
                    son a veces raizes
                    en la noche enlazadas
                   
- Octávio Paz - 'Dos cuerpos'.

O corpo à minha frente,
metade prata, metade cascata
de luz. É noite alta.

Lira de suaves sons
no caminho de pedras,
e os ouvidos escutam.

Ruidosa cachoeira,
remanso empós,
e o rio flui, sonoro.

A lua detrás da nuvem,
nuvens nos olhos. São látegos
os sons no peito.

A dança do corpo, o espaço
de ritmos pleno.
É quase a aurora.

Um corpo à minha frente,
metade prata, metade tudo,

e os pássaros alegres.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Cravos sobre a mesa". Goiânia GO: Editora Kelps, 1992. 


Fausto Rodrigues Valle - foto: (...)
Esplende a rosa
Esplende a rosa, a rosa
na ponta do caule de espinhos,
em seu destino de flor.

Lúbricas pérolas cintilam
nas pétalas, trêmulas,
na cálida manhã.

O orvalho umedece a rosa
e a lágrima a face rósea.
Ao balanço do vento,
a dúvida na balança:
colher a lágrima da flor

ou o orvalho de teu rosto?
- Fausto Rodrigues Valle, em "A fonte do sal". Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988. 


Goiânia
Em Goiânia, o dia não termina
e a noite é o dia interminável,
nas ruas lavadas de azul.

Praças, ruas e avenidas
com cheiro de lençol limpo,
escoam a sôfrega robustez
dos noctívagos dos bares.

Não há odor de naftalina
em lugar algum. Nas alcovas,
a ocupação secular do sexo,
a embriaguez do amor.

Em Goiânia, o farol do dia,
clareia a noite interminável. 
 
- Fausto Rodrigues Valle, em "Aldeia absurda". Goiânia GO: Editora Kelps, 1999. 


Inércia
Inércia, o ócio
lento, a gema
de onde brota.

Não há trégua
para o tempo.

Fuga, vertigem,
turbilhonamento.

A passo e passo
o instante, o fim.
- Fausto Valle, em “Aldeia absurda”. Goiânia/GO: Kelps, 1999.


Não sois poeta
Não ouço estrelas,
elas são mudas.
A lua anêmica
nada me diz.
Cadê os sonhos?
Ora, direis,
não sois poeta?


Mundo corroído
por olhos vesgos,
ouvidos surdos
- gira no espaço,
ganhando tempo
para se erguer
na boa estima
do Criador.
 
- Fausto Rodrigues Valle, em "Aldeia absurda". Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.


Rosa-dos-ventos
Há muitos rumos na rosa-dos-ventos.
Há muitos ventos na rosa dos rumos.
Em minhas rotas, prescindo da rosa,
sigo o astro, seu rastro pelo espaço,
na derrota dos mares.
Se não há ventos,
a inutilidade de estar
a barlavento.

Agarro-me aos tropos,
ao vislumbre de portos,
para chegar a contento
na linha-do-vento
e conseguir navegar
um fictício mar. 

 - Fausto Rodrigues Valle, em "Relógio de areia". Goiânia GO: Editora Kelps, 1998.


Silêncio
Meu silêncio é de dentro,
não ausência de sons.
Silva o vento e eu escuto o vento,
sem falar na sonoridade
de meus oblíquos passos.

Meus silêncio atroa nos cantos
escuros do ser aturdido,
ajunta-se a outros silêncios
que me acompanham na vereda
por onde caminho, perdido.

Meu silêncio deixa-me vígil,
como se mil tambores surdos
percutissem meus pobres tímpanos.
Meu silêncio retumba na estrada
e, um dia, ecoará na tumba.

 - Fausto Rodrigues Valle, em "Poemas dispersos". Goiânia GO: Editora Kelps; Editora UCG, 2005.


Travessia
Atravessei a ponte
sem medo da altura.
Olhando atrás eu vi
abismo negro e fundo.
Então veio a tremura,
tardo efeito do medo.

Atravessar ponte e ponte,
ombro a ombro com o perigo,
é do viver corriqueiro.
Não olhar para trás
é o segredo da vida,
se a vida tiver segredo.
- Fausto Valle, em “Aldeia absurda”. Goiânia/GO: Kelps, 1999.


Um certo sorriso
São deslindáveis teus desejos
conscientes ou inconscientes,
mesmo que os queira esconder.
Um lampejo de olhar, um riso
de Mona Lisa, menos discreto, 
desvenda quentura de lavas
a escorrer pelas grutas e grotas
aparentemente insondáveis.

- Fausto Valle, em “Aldeia absurda”. Goiânia/GO: Kelps, 1999.


Vaso de flores
O som do vento
faz dançar a chama da vela.
O balé da chama
aquece as flores no vaso,
flores que ontem me deste.

Bruxuleia vermelho clarão
e o vermelho à sombra adere.
O vento gira, gira e gira
vibrando a chama da vela
que dança, ao giro do vento,
obsessiva, hipnótica dança.

Deitadas ao acaso, enrubescem
as flores no vaso.
Lá fora, a música do vento
adere ao latido do cão.

- Fausto Rodrigues Valle, em "A fonte do sal". Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.


FORTUNA CRÍTICA DE FAUSTO RODRIGUES VALLE 
Fausto Rodrigues Valle - foto: (...)
AQUINO, Luiz de.. Fausto, poeta menino!. in: Revista Germina, Especial, junho 2010. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
LIMA, Mariano Antonio. A Aldeia Absurda de Fausto Rodrigues Valle. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
MONTEIRO, Dilson Lages. Como fazer poesia. in: Entre textos, 14 de março de 2003. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
MOURA, Francisco Miguel de.. Um boi no telhado. in: Usina de Letras. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016). 
TELES, José Mendonça (editor). Dicionário do escritor Goiano. 4ª ed., Goiânia: Kelps, 2011.
VÊNCIO, Eberth. Fausto Valle. in: UBE - Seção Goiás, 22/6/2009. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016). 
VÊNCIO, Eberth. Valle a pena ler. in: Revista Bula, 11/7/2009. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016). 


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Fausto Rodrigues Valle - poeta e contista. Templo Cultural Delfos, janeiro/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 27.1.2016.



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