Fausto Rodrigues Valle - foto:UFG - revista Afirmativa |
:: Fonte: Revista Germina (acessado em 27.1.2016).
Saiba mais em: UBE - Seção Goiás (acessado em 27.1.2016).
OBRA DE FAUSTO RODRIGUES VALLE
Poesia
:: A fonte do sal. Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.
:: Cravos sobre a mesa. Goiânia GO: Editora Kelps, 1992.
:: Relógio de areia. Goiânia GO: Editora Kelps, 1998.
:: Aldeia absurda. Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.
:: Poemas dispersos. Goiânia GO: Editora Kelps; Editora UCG, 2005.
Fausto Rodrigues Valle - foto: Revista Germina Literatura |
:: Confraria dos marimbondos. Goiânia GO: Editora Kelps, 2001.
:: Um boi no telhado. Goiânia GO: Editora R&f, 2005.
:: Além do vão da janela. Goiânia GO: Editora R&f, 2009.
Antologias (participação)
BANDEIRAS, Mônica; FRAGA,Whisner (org.). Literatura século XXI. vol. 2,. (contos e poesia). Rio de Janeiro: Blocos Editora, 1999, 104p.
FERREIRA, Ana Luiza Serra (org.). O conto de hoje em dia - nova antologia. (conto). Goiânia GO: Editora R&F, 2014.
GOMES, Vera Lúcis Oliveira (org.). Goiânia: flor e poesia - antologia poética. (poesia). Goiânia GO: Prefeitura Municipal de Goiânia, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo, 1993, 120p.
NASCENTE, Gabriel (org.). Antologia Goiás, meio século de poesia. Os filhos do amanhecer. (poesia). Goiânia GO: Editora Kelps, 1997, 282p.
Em revistas
VALLE, Fausto. Sabino. (conto). in: Bestiario - revista de contos. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
_____ . Fausto Valle: 3 contos (A casa das flores - A viagem; e Sadam). in: revista Germina Literatura. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
_____ . Fausto Valle: poemas. in: revista Germina Literatura. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
Fausto Rodrigues Valle - foto: (...) |
POEMAS ESCOLHIDOS DE FAUSTO RODRIGUES VALLE
Argonauta
Abrem-se ondas e vagas
à quilha veloz,
afastam-se recifes e escolhos:
passa ao largo
a nau sem músculos,
sua carga de mistério.
Velas pandas, o rijo vento
leva a intimorata argo
a inonimados portos.
Velho timoneiro, a face dura
ao sal e ao sol do mar,
lança âncoras ao fundo.
Ao deitar do dia, junto à amurada,
olha a vasta distância
e devaneia,
o devaneio do mestre.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Cravos sobre a mesa". Goiânia GO: Editora Kelps, 1992.
Cigarras
Nesta primavera
as cigarras cantam diferente.
Há retidos gestos de adeus
nas retinas
e saudades nas horas.
Longos olhos miram
longamente as sombras
à procura de duendes.
Olhos feito punhais cravam-se
em meus olhos: detém-se
o jorro de palavras.
Emoções rompem as eclusas
e a poesia nasce, tímida planta,
nos áridos campos onde plantei
a semente de todas as palavras.
- Fausto Rodrigues Valle, em "A fonte do sal". Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.
Corpo
Dos cuerpos frente a frente
son a veces raizes
en la noche enlazadas
- Octávio Paz - 'Dos cuerpos'.
O corpo à minha frente,
metade prata, metade cascata
de luz. É noite alta.
Lira de suaves sons
no caminho de pedras,
e os ouvidos escutam.
Ruidosa cachoeira,
remanso empós,
e o rio flui, sonoro.
A lua detrás da nuvem,
nuvens nos olhos. São látegos
os sons no peito.
A dança do corpo, o espaço
de ritmos pleno.
É quase a aurora.
Um corpo à minha frente,
metade prata, metade tudo,
e os pássaros alegres.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Cravos sobre a mesa". Goiânia GO: Editora Kelps, 1992.
Fausto Rodrigues Valle - foto: (...) |
Esplende a rosa, a rosa
na ponta do caule de espinhos,
em seu destino de flor.
Lúbricas pérolas cintilam
nas pétalas, trêmulas,
na cálida manhã.
O orvalho umedece a rosa
e a lágrima a face rósea.
Ao balanço do vento,
a dúvida na balança:
colher a lágrima da flor
ou o orvalho de teu rosto?
- Fausto Rodrigues Valle, em "A fonte do sal". Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.
Goiânia
Em Goiânia, o dia não termina
e a noite é o dia interminável,
nas ruas lavadas de azul.
Praças, ruas e avenidas
com cheiro de lençol limpo,
escoam a sôfrega robustez
dos noctívagos dos bares.
Não há odor de naftalina
em lugar algum. Nas alcovas,
a ocupação secular do sexo,
a embriaguez do amor.
Em Goiânia, o farol do dia,
clareia a noite interminável.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Aldeia absurda". Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.
Inércia
Inércia, o ócio
lento, a gema
de onde brota.
Não há trégua
para o tempo.
Fuga, vertigem,
turbilhonamento.
A passo e passo
o instante, o fim.
- Fausto Valle, em “Aldeia absurda”. Goiânia/GO: Kelps, 1999.
Não sois poeta
Não ouço estrelas,
elas são mudas.
A lua anêmica
nada me diz.
Cadê os sonhos?
Ora, direis,
não sois poeta?
Mundo corroído
por olhos vesgos,
ouvidos surdos
- gira no espaço,
ganhando tempo
para se erguer
na boa estima
do Criador.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Aldeia absurda". Goiânia GO: Editora Kelps, 1999.
Rosa-dos-ventos
Há muitos rumos na rosa-dos-ventos.
Há muitos ventos na rosa dos rumos.
Em minhas rotas, prescindo da rosa,
sigo o astro, seu rastro pelo espaço,
na derrota dos mares.
Se não há ventos,
a inutilidade de estar
a barlavento.
Agarro-me aos tropos,
ao vislumbre de portos,
para chegar a contento
na linha-do-vento
e conseguir navegar
um fictício mar.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Relógio de areia". Goiânia GO: Editora Kelps, 1998.
Silêncio
Meu silêncio é de dentro,
não ausência de sons.
Silva o vento e eu escuto o vento,
sem falar na sonoridade
de meus oblíquos passos.
Meus silêncio atroa nos cantos
escuros do ser aturdido,
ajunta-se a outros silêncios
que me acompanham na vereda
por onde caminho, perdido.
Meu silêncio deixa-me vígil,
como se mil tambores surdos
percutissem meus pobres tímpanos.
Meu silêncio retumba na estrada
e, um dia, ecoará na tumba.
- Fausto Rodrigues Valle, em "Poemas dispersos". Goiânia GO: Editora Kelps; Editora UCG, 2005.
Travessia
Atravessei a ponte
sem medo da altura.
Olhando atrás eu vi
abismo negro e fundo.
Então veio a tremura,
tardo efeito do medo.
Atravessar ponte e ponte,
ombro a ombro com o perigo,
é do viver corriqueiro.
Não olhar para trás
é o segredo da vida,
se a vida tiver segredo.
- Fausto Valle, em “Aldeia absurda”. Goiânia/GO: Kelps, 1999.
Um certo sorriso
São deslindáveis teus desejos
conscientes ou inconscientes,
mesmo que os queira esconder.
Um lampejo de olhar, um riso
de Mona Lisa, menos discreto,
desvenda quentura de lavas
a escorrer pelas grutas e grotas
aparentemente insondáveis.
- Fausto Valle, em “Aldeia absurda”. Goiânia/GO: Kelps, 1999.
Vaso de flores
O som do vento
faz dançar a chama da vela.
O balé da chama
aquece as flores no vaso,
flores que ontem me deste.
Bruxuleia vermelho clarão
e o vermelho à sombra adere.
O vento gira, gira e gira
vibrando a chama da vela
que dança, ao giro do vento,
obsessiva, hipnótica dança.
Deitadas ao acaso, enrubescem
as flores no vaso.
Lá fora, a música do vento
adere ao latido do cão.
- Fausto Rodrigues Valle, em "A fonte do sal". Goiânia GO: Zamenhoff Editores, 1988.
FORTUNA CRÍTICA DE FAUSTO RODRIGUES VALLE
Fausto Rodrigues Valle - foto: (...) |
LIMA, Mariano Antonio. A Aldeia Absurda de Fausto Rodrigues Valle. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
MONTEIRO, Dilson Lages. Como fazer poesia. in: Entre textos, 14 de março de 2003. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
MOURA, Francisco Miguel de.. Um boi no telhado. in: Usina de Letras. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
TELES, José Mendonça (editor). Dicionário do escritor Goiano. 4ª ed., Goiânia: Kelps, 2011.
VÊNCIO, Eberth. Fausto Valle. in: UBE - Seção Goiás, 22/6/2009. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
VÊNCIO, Eberth. Valle a pena ler. in: Revista Bula, 11/7/2009. Disponível no link. (acessado em 27.1.2016).
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Fausto Rodrigues Valle - poeta e contista. Templo Cultural Delfos, janeiro/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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