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Ignez Sabino Pinho Maia - escritora baiana do século XIX

Maria Ignez Sabino Pinho Maia, em ilustração para a exposição "As mensageiras - primeiras escritoras do Brasil" (2018).


© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske. 
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho.  
Página original JUNHO/2015 | ** Página revisada, ampliada e atualizada SETEMBRO/2021


ESBOÇO BIOBIBLIOGRÁFICO DA IGNEZ SABINO

Maria Ignez Sabino Pinho Maia 
Ignez Sabino Pinho Maia
( Salvador BA, 31 de julho? de 1853 - 13 de setembro de 1911). Poeta, contista, romancista, memorialista e biógrafa brasileira nascida em Salvador, na Bahia, cujo nome é lembrado por sua ação na luta pelos direitos femininos. Filha de um médico homeopata e um humanista, que lhe proporcionou educação esmerada e enviou-a para aperfeiçoar-se na Inglaterra. Desde pequena demonstrava se bem dotada para as letras, mas teve que encurtar sua estada na Europa por causa do falecimento do pai, e foi obrigada a regressar ao Brasil. Foi casada com o comerciante português Francisco de Oliveira Maia, e esteou na literatura com o poema Ave libertas, uma estréia promissora e sobre a causa abolicionista. Obteve grande consagração do público, quando a grande atriz Ismênia dos Santos o recitou no Teatro Santa Isabel, no Recife (1887). Publicou Rosas Pallidas e Impressões (1887) e mais três livros de poesia. Publicou Mulheres Ilustres do Brasil (1899), um livro com biografias de várias brasileiras, em várias profissões e histórias de vida. Um trabalho de pesquisa de grande importância histórica, especialmente literária, que resgatou informações e ilustrações sobre muitas brasileiras que poderiam estar esquecidas para sempre. Além de publicações em livros, também escreveu inúmeros artigos em periódicos, especialmente os dirigidos por mulheres, e em revistas e jornais.

:: Fonte: DEC.UFCG/edu. (edição dos autores deste site)


"Com o direito da minha fraquíssima penna, que traça, risca, emmoldura quadros, pinta a opulência, descreve a miséria, desecca, ajudado do escalpello da razão, o cadáver pestilento do vicio, retalha a maledicência, faz jus à virtude, censura ou applaude o esforço da idea, entro comvosco em uma sala de visitas preparada com todo o confortable do indispensável a uma vida à ingleza."
- Ignez Sabino, em "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert, 1891, p. 37. (grafia original)


OBRA DE IGNEZ SABINO

Poesia
Livro Mulheres ilustres do Brasil, de Ignez Sabino
:: Rosas pálidas: versos (1ª série). Ignez Sabino.  Pernambuco:, 1886.
:: Impressões versos. (2ª série). 
Ignez SabinoPernambuco: Typographia Apollo, 1887, 151p.

Contos
:: Contos e lapidações(contos e poesia). 
Ignez Sabino. Rio de Janeiro: Laemmert & C., 1891.
:: Noites brazileiras(contos). Ignez Sabino. (Divisão de Obras Raras, Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro). Rio de Janeiro: H. Garnier, 1897. 

Romance
:: Luctas do coração
Ignez Sabino[prefácio de Alberto Pimentel]. Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro Santos, 1898, 277p.; 
:: Luctas do coraçãoIgnez Sabino. Porto: Imprensa Moderna, 1898.
:: Lutas do coraçãoIgnez SabinoFlorianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1999.

Biografia
:: Mulheres Illustres do Brazil
Ignez Sabino[prefacio de Arthur Orlando]. Rio de Janeiro; Paris: Editora Garnier, 1899, 280p. 
:: Mulheres Ilustres do BrasilIgnez Sabino. Edição fac-similar. Florianópolis: Editora Mulheres, 1996.

Artigos e ensaios em jornais e revistas
SABINO, Ignez. Conselhos à minha filha. Novo Almanach de Lembranças para o ano de 1894, Lisboa, p. 170-1, anno VIII, [s.d.]. 
______ . No Ipiranga: impressões de uma excursionista. Almanach das Senhoras para
1895, Lisboa, p. 197-198, 1894.
______ . Da Serra do Cubatão: impressões de uma excursionista. Novo Almanach de  Lembranças Luso- Brasileiro para o ano de 1895, Lisboa, p.267-270, anno VIII, [s.d.].
______ . A Freira mártir. Novo Almanach de Lembranças para o ano de 1898, Lisboa, p. 22-4, [s.d.].
______ . A Mulher brasileira. Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro para o ano de 1901, Lisboa, p. 10-11, [s.d.].
______ . Excerpto. Almanaque Brasileiro Garnier para o ano de 1909, p. 151-152, anno VIII, [s.d.].
______ . Do crime do amor. Almanaque Brasileiro Garnier para o ano de 1910, p. 377-379, anno VIII, [s.d.].
______ . Sobre Schopenhauer. Echo das Damas, Rio de Janeiro, 22 set. 1887, p. 1.
______ . O dia de ano bom. Echo das Damas, Rio de Janeiro, anno III, 31 jan. - 27 maio 1888, p. 01.
______ . A mulher e a religião. Corymbo, Rio Grande, 24 nov. 1889, p. 1-2.
______ . O dia de Natal. Corymbo, Rio Grande, 19 jan. 1890, p. 1.
______ . A mulher e as fases da vida. Corymbo, Rio Grande, 23 fev. 1890, p. 2; 2, 16 e 23 mar. 1890, p. 1-2.
______ . Conselhos a uma noiva. A Família, Rio de Janeiro, ano II, n. 53, 23 mar.1890, p. 7.
______ . Madame de Longueville. A Família, Rio de Janeiro, 31 maio 1890, p. 2.
______ . Uma escultora brasileira. A Família, Rio de Janeiro, 14 ago. 1890, p. 1-2.
Ignez Sabino Pinho Maia
______ . Scenas quotidianas. A Família, 11 jun. 1891, Rio de Janeiro, p. 3.
______ . A civilização e a poesia. III. A Família, São Paulo, p.6. Disponível no link. (acessado em 27.06.2015).
______ . A criança mendicante. Corymbo, Rio de Grande, 2 out. 1892, p. 1.
______ . A seduzida. Corymbo, Rio Grande, 3 e 17 dez. 1893, p. 1-2.
______ . O lenço de Gaze. Álbum, anno II, n. 53, Janeiro 1895, p. 21-23. Disponível no link. (acessado em 27.06.2015).
______ . Última jóia. Corymbo, Rio Grande, 15 mar. 1896, p.1; 5 abr. 1896, p. 2.
______ . Na arena. Corymbo, Rio Grande, 24 e 31 maio 1896, p. 1.
______ . PátriaCorymbo, Rio Grande, 10 maio 1896, p. 1. 
______ . Anno Bom. Novo Almanach de Lembranças Luso-Brazileiro para o anno de 1897, Lisboa, p. 237-239, 1896.
______ . Federalista. Corymbo, Rio Grande, 10 jan. 1897, p. 2.
______ . A mulher brasileira. Corymbo, Rio Grande, 29 ago. 1897, p. 1.
______ . Payzagem brazileira. Almanach das Senhoras para 1897, Lisboa, p. 149-150, 1898.
______ . Na Thebaida. A Mensageira, [s.l.], v. I, [s.n.], p. 58-60, 30 nov. 1897.
______ . Flores sem frutos. A Mensageira, [s.l.], n. 15, p. 231-234, anno I, 15 maio 1898.
______ . Vasco da Gama. A Mensageira, [s.l.], [s.n.], p. 248-251, anno I, 30 maio 1898.
______ . Por montes e vales. A Mensageira, [s.l.], v. I, [s.n.], p. 309-313, 31 jul. 1898.
______ . Carta a Presciliana Duarte de Almeida. In: ALMEIDA, P. D. (dir.) A Mensageira. Revista Literária dedicada às Mulheres Brazileiras. São Paulo: IMESP/DAESP, 1987, anno I, n.4, ed. fac-símile.
______ . Delphina da Cunha. Corymbo, Rio Grande, 01 mar. 1899, p. 1-2; 15 mar. 1899, p. 1-2.
______ . Alma de artista. Novo Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro para o ano de 1901, Lisboa, p.123-126, 1900.
______ . Délia. Corymbo, Rio Grande, 15 fev. 1900, p. 1.
______ . Patrícias. Corymbo, Rio Grande, 01 jun. 1901, p. 1.
______ . Anita Garibaldi. Almanach de Lembranças para o ano de 1902, Lisboa,p.259-261, 1901.
______ . D. Anna Nery. Escrínio, Santa Maria, anno IV, n. v, 15 mar. 1901, p. 04, 05 e 06.
______ . Liga promotora dos trabalhos femininos. Almanach de Lembranças para o
ano de 1904, Lisboa, p.265-267, 1903.
______ . Impressões de leitura. Corymbo, Rio Grande, 01 jan. 1903, p. 01.
______ . O veterano. Corymbo, Rio Grande, 15 ago. 1903, 01 set. 1903, p. 1-2.
______ . Nísia Floresta. Escrínio, [s.l.], anno VI, n. 36, 20 dez. 1903, p. 01.
______ . Pérolas cor-de-rosa. Corymbo, Rio Grande, 01 out. 1903, p. 2.
______ . Minhas caras amigas. Corymbo, Rio Grande, 15 dez. 1903, p. 2.
______ . A mulher bárbara. Corymbo, Rio Grande, 15 jan. 1904, p. 1.
______ . Choupana de flores. Corymbo, Rio Grande, 01 fev. 1904, p. 1.
______ . Boas vindas. Corymbo Rio Grande,. 15 nov. 1905, p. 2.
______ . Direitos femininos. Novo Almanach de Lembranças para o ano de 1906, Lisboa, p. 140-141, 1905. 
______ . D. Amélia de Alencar. Novo Almanach de lembranças para o ano de 1906, Lisboa, p.177-178, 1905.
______ . Nuvem branca. Corymbo, Rio Grande, 21 out. 1906, p. 2-3.
______ . D. Thereza Diniz. Novo Almanach de Lembranças para o ano de 1908, Lisboa, p. 257-259, 1907.
______ . Lizá Diniz. Novo Almanach de Lembranças para o ano de 1909, Lisboa, p. 129-130, 1908.
______ . Uma escritora portuguesa. Novo Almanach de Lembranças para o ano de 1910, Lisboa, p. 109-111, 1909.
______ . D. Roza da Fonseca. Escrínio, Porto Alegre, anno X, n. 9, 13 nov. 1909, p. 105-107.
:: Fonte: ARAÚJO, Maria da Conceição Pinheiro. Tramas femininas na imprensa do século XIX: tessituras de Ignez Sabino e Délia (Maria Benedita Bormann).. (Tese Doutorado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, 2008. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).

Catálogo
:: As mensageiras - primeiras escritoras do Brasil. Série "Histórias não contadas". 'Catálogo da Exposição' [curadora Maria Amélia Elói]. Brasília: Centro Cultural Câmara dos Deputados, 2018. Disponível no link. (acessado em 3.8.2021). {Obs.O catalogo contém um erroa escritora Nísia Floresta está erroneamente retratada. O retrato na verdade é da historiadora Isabel Gondim (nascida em Vila Imperial de Papari, atual cidade de Nísia Floresta/RN - 1839-1933)


"Não escrevo para matar o tempo: não escrevo para traduzir pensamentos ligeiros e fúteis, não. Eu escrevo por necessidade moral, physica, psychologica e intellectual. Não tenho a pretensão de ser impeccável, não tenho a veleidade de julgar-me talento quando estou abaixo da mediocridade. Eu escrevo como uma obscurissima amadora, por isso sejão benévolos para comigo [...]"
- Ignez Sabino, em "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert, 1891, p. 309. (grafia original)


IGNEZ SABINO - OBRA DISPONÍVEL ONLINE

- primeiras edições - 
:: Contos e lapidações. Ignez Sabino. Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891 / Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin - USP. Disponível no link. (acessado em 9.9.2021).
:: Impressões - versos - 2ª Serie. Ignez Sabino. Recife: Tipografia Apolo, 1887 / Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin - USP. Disponível no link. (acessado em 9.9.2021).


Maria Ignez Sabino Pinho Maia. autor Garnier, M.J. (1853). Iconografia BN


POEMAS DE IGNEZ SABINO


Êxtase 
        (à Edwiges de Sá Pereira)

Entro na cathedral!... fallam-me à mente 
As rendas que no marmor burilaram 
Corpóreas mãos de artistas que bordaram 
No bloco, o fogo audaz da pyra ardente.
Na Constancia de arter tão convincente 
Surgem níveos florões que se estamparam, 
Como surgem do mar e se abraçaram 
Os galhos do coral, em flor nascente.

E a santa legenda do calvário 
Transforma o ser audaz no estatuário 
Que sorrindo ante o Bello, o Bello adora...

Se das lascas da rude penedia, 
Deu largas ao talento e descobria 
Novo mundo ideal, em nova aurora. 
- Ignez Sabino, em Revista "O Lyrio", nº 11, Recife/PE, 5/9/1903.  (grafia original)

§§

Flores murchas
          (à Mariana de Almeida)

Como as flores que vivem um só dia
Ao sopro do calor da luz das salas
Frágeis desbotam as robustas galas
Perdendo bela cor que as revestia...

Assim exausta aos poucos cessa a vida
Tudo cede ao poder do permanente
Tufão, destruidor que, de repente,
Prostra a seiva do sangue amortecida.

Pois tudo que nasceu há de render-se
A essa lei fatal intransigente
Que destrói e corrompe consciente

A vida, o ar e a flor que, ao desfazer-se,
Pendendo sobre a haste agonizante,
Bem viu que a vida dura um breve instante.
- Ignez Sabino, em "Rosas pálidas: poesias". 1886.

§§

O coração
      (à D. Deolinda Magalhães)

Qual perola gerada nos abrólhos
No mar', bem lá no fundo recolhida,
Pulsando a palpitar cheio de vida
Se abriga o coração livre de escolhos.

Si resiste aos vaes-vens sem confundir-se
No lôdo trivial, acre, infamante,
No mar... se apanha a concha palpitante
E' fácil mergulhar, n’agua sumir-se.

Mas no peito qu’envolve permanente
No sangue em, muita vida o coração
Vedado é penetrar-se independente,

Do querer: nessa urna de ressabios
Que gera um ai e o faz na commoção
Expirar docemente á flor dos lábios.
- Ignez Sabino, no livro "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891. (grafia original)

§§

Labor
   (ao Dr. Valentim Magalhães)

Eu o vejo caminhar, propheta da vontade,
Luctando n’esse ardor da vida em crú baldão,
Affrontando a sorrir a negra tempestade
Sendo-lhe escudo o brio, e a penna o seu bordão!

Que nas luctas assim succumbe muitas vezes
Si o não vier suster a honra a lhe ordenar
Que n’arena fatal sorria ante os revezes,
Athleta a succumbir, mas nunca a fraguejar.

Por isso trabalhai, que é lei perenne e santa,
Luctar, agir, vencer, ter gloria n’esta vida.
Colher um louro mais p’ra fronte que já tanta,

Onda de doce luz reflecte fulgoroza,
banhando em seu fulgor a c’roa já tecida
De rosas, a que vim junctar mais esta rosa! ...
- Ignez Sabino, no livro "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891. (grafia original)

§§

Ao alvorecer
   (à Alexandrina Ferreira)

Do lago na corrente crystallina
D’agua onde se espelha em luz ligeira
A paisagem ridente e vespertina
Da rubra cor d'aurora feiticeira

E no curso tranquillo da corrente
Fundo, limpido, e bello, sussurrante,
beija o vasto lençol d’areia ardente
E a folhagem do bosque soluçante.

Um beijo do astro rei vem com presteza
Polir, mais esse quadro emoldurado
No esplendido conjuncto de belleza

Que todo esse painel tão bem formado,
Torna poeta, a quem já for sagrado
Pelo dom que lhe vem da natureza.
- Ignez Sabino, no livro "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891. (grafia original)

§§

A Carmita
    (a Isabel Sabino Pinho)

Pequeno cherubim lá do empyreo,
Si tu por um momento aqui pousaste.
Chorando, ateus irmãos no céo deixaste
Desceste a vir provar agro martyrio.

Achaste um conchegar, oh louro anjinho!
No materno regaço, o verdadeiro
Arrimo natural, e feiticeiro
Ninho tecido em plumas de carinho.

Depois, olhando calma, o céo fitaste.
Saudades tu sentiste, oh casta rosa,
Depois, adormecendo lá pouzaste.

Creio ouvir-te cantar em voz mimosa.
Bem junto do altar, aos pés do Eterno,
Sorrindo á tua mãe, que está saudosa.
- Ignez Sabino, no livro "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891. 
(grafia original)

§§

Sons que passão
    (à Lenor Ramalho)

Minh’alma escravizou-se ao sentimento
D’essas ondas sonoras de harmonia
Qu'escuto inda a brilhar á luz do dia
E o echo ao longe espalha n’um lamento,..

Ao ouvir tua voz sonora e pura
Prendendo em cada nota uma saudade
Abrindo um vacuo immenso à soledade
Qu’impôe a tua ausência amarga e dura.

Sim! Vae! que te acompanha o meu affecto
Prenda, que tem valor, e que de certo
Póde impor seu influxo ardente e santo

N’essa chã sympathia que permuta
Em flôr, a vida inteira que disputa
Um bem ao coração que soffre tanto.
- Ignez Sabino, no livro "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891. (grafia original)

§§

Descrença
    (à D. Albertina de Abreu)

Já descri da ventura, que surgira
No alvor da phantasia a matizando,
A flor da terna esperança já murchando
Saudosa e triste, para o chão cahira.

Há muita estrophe linda nos affectos
Das almas, vãos enganos passageiros,
Como o sopro do vento, irão ligeiros
Em busca de outros cerros mais dilectos,

0 germe da esperança é imorredouro,
Murcha a flor, mas o átomo ahi fica
Guardado qual recôndito thesouro.

Si alguém o rejeitar, Deus o acolhe;
Que a essência de um peito purifica
O amargo que da vida se recolhe!
- Ignez Sabino, no livro "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert & C Editores, 1891. (grafia original)

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Maria Ignez Sabino Pinho Maia - gravura, data ca. 1899

FORTUNA CRÍTICA DE IGNEZ SABINO

[Ignez Sabino - teses, dissertações, ensaios,  artigos e livros]

ALVES, Ivia Iracema Duarte. Liberdade e interdição. Pontos de interrogação, v. 2, p. 120-135, 2012. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
ALVES, Lizir Arcanjo. Mulheres escritoras na Bahia: As poetisas – 1822-1918. Salvador: Étera, 1999.
ALVES, Maria Angélica. A Educação Feminina no Brasil do entre-Séculos(XIX e XX): imagens da mulher intelectual. In: II Congresso Brasileiro de História da Educação - História e Memória da Educação Brasileira, 2002, Natal. Anais do II Congresso Brasileiro de História da Educação. Natal: Núcleo de Arte e Cultura da UFRN - NAC, 2002. v. 1. p. 288-289. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
ALVES, Marieta. Intelectuais e escritores baianos – breves biografias. Salvador: Fundação Museu da Cidade – FUMCISA, 1977.
ANDRADE, Maria Rita Soares de.. A mulher na Literatura. Porto Alegre: Americana, 1907; Aracaju: Oficina Gráfica Casa Avila, 1929.
ARAÚJO, Jorge de Souza. Floração de imaginários: o Romance Baiano no século XX. Itabuna/Ilhéus: Via Litterarum, 2008.
ARAÚJO, Maria da Conceição Pinheiro. Tramas femininas na imprensa do século XIX: tessituras de Ignez Sabino e Délia (Maria Benedita Bormann).. (Tese Doutorado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, 2008. Disponível no link e link. (acessado em 27.6.2015).
ARAÚJO, Maria da Conceição Pinheiro. Itinerário literário: o universo de escritoras/feministas. (Tese Doutorado em Teoria da literatura). Universidade de Coimbra, UC, Portugal, 2007.
BARROCA, Iara Christina Silva. 3 Escritoras especiais: Ignez Sabino, Narcisa Amália e Júlia Lopes de Almeida. In: Laura Areias; Luis da Cunha Pinheiro. (Org.). As mulheres e a imprensa periódica. 1ª ed., Lisboa: Lusosofia PRESS, 2014, v. 1, p. 161-171.
Ignez Sabino Pinho Maia, por Laeti
BERNARDES, Maria Thereza Caiuby Crescenti. Mulheres de ontem? Rio de Janeiro – Século XIX. São Paulo: T. A. Queiroz, Editor, 1989.
BITTENCOURT, Adalzira. Dicionário bio-bibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais do Brasil. Rio de Janeiro: Pongetti, 1969.
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883, 7 v.
BROCA, Brito. A vida literária no Brasil – 1900. 2ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1960.
COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras: (1711-2001). São Paulo: Escrituras, 2002.
DEL PRIORE, Mary (org.); BASSANEZI, Carla (coord. de textos). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto/Editora UNESP, 1997, 678p.
FLORES, Hilda Agnes Hübner. Ignez Sabino. In: Hilda Agnes Hübner Flores. (Org.). Presença Literária 1997.: , 1997, v. 1, p. 53-60.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de; ARAÚJO, Lúcia Nascimento. Ensaístas brasileiras: mulheres que escreveram sobre literatura e artes de 1860 a 1991. Rio de Janeiro: editora Rocco, 1993.
LIMA, Antonia Rosane Pereira. "Mulheres Illustres do Brazil", de Ignez Sabino, e sua ressonância em dicionários de autoria feminina nos séculos XX e XXI. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, 2019. Disponível no link. (acessado em 9.9.2021).
MUZART, Zahidé Lupinacci. Escritoras Brasileiras do Século XIX. Antologia Volume II. Rio Grande de Sul: Edunisc, 2004. 
PINHEIRO, Luís da Cunha; AREIAS, Laura (coordenação). As mulheres e a imprensa periódica. Lisboa: Cepul, 2014. Disponível no link. (acessado em 26.6.2015).
QUINLAN, Susan Canty. Inês Sabino e as personagens femininas na Belle Époque. Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 33, setembro de 1998, p. 27-38. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
RANGEL, Livia de Azevedo Silveira. Os estudos sobre mulher e literatura no Brasil: uma primeira abordagem. in: Seminário “Estudos sobre Mulher no Brasil – Avaliação e Perspectivas” promovido pela Fundação Carlos Chagas de 27 a 29 de novembro de 1990. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
ROMERO, Silvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960.
SANTOS, Mirian Cristina dos. Palestrando de minas gerais: a produção periodística de Elisa Lemos e Maria Emilia Lemos. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de São João del-Rei, UFSJ, 2010. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
Livro Impressões - versos, de Ignez Sabino
SCHUMAHER, Schuma; BRASIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade (biográfico e ilustrado). Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2000.
SILVA, Laila Thaís Correa e.. Dos projetos literários dos ?homens de letras? à literatura combativa das ?mulheres de letras?: imprensa, literatura e gênero no Brasil de fins do século XIX. (Tese Doutorado em História). Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2021.
SILVA, Wladimir Barbosa; BARRETO, Maria Renilda N.. Mulheres e abolição: protagonismo e ação. Revista da ABPN, v. 6, n. 14 - jul. – out. 2014, p. 50-62. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
SILVEIRA, Sinéia Maia Teles. Múltiplas faces femininas da tessitura literária de Inês Sabino. (Tese Doutorado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS, 2014. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
SILVEIRA, Sinéia Maia Teles. Figurações do feminino na literatura de Ignez Sabino. In: II Seminário Nacional Literatura e Cultura, 2010, Aracaju - SE. Anais do II SENALIC. Aracaju - SE, 2010. v. 2. p. 1-11. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
TACQUES, Alzira Freitas. Perfis de musas, poetas e prosadores brasileiros. V.I. Porto Alegre: Thurmann, 1956.
TELLES, Norma Abreu. Encantações: escritoras e crítica literária no Brasil, século XIX. (Tese Doutorado em Ciências Sociais). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, 1987.

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EXCERTOS E CITAÇÕES DA OBRA DE IGNEZ SABINO
"Por que razão a mulher não poderá ser conhecida pela pena de outra mulher, estudando em si, a psychologia alheia?

[...] Eu quero ressuscitar, no presente, as mulheres do passado que jazem obscuras, devendo ellas encher-nos de desvanecimento, por ver que bem raramente na humanidade, se encontrará tata aptidão cívica presa aos fastos da historia.

Faço, outrossim, salientar as que mais sobresahiram nas lettras, a fim de que se conheça que houve alguém que amou a arte e viveu pelo talento, tirando-as, como as outras, da barbaria do esquecimento, para fazel-as surgir, como merecem, à tona da celebridade. A mulher não deve viver somente pelas virtudes, nem pelas graças: ella deve, necessita, agir pela inteligência, de acordo com os seus deveres Moraes e cívicos.

[...] Para mim, apenas a recompensa moral que se deve dar à mulher que estuda e trabalha, mas que necessita de apoio, aplaudindo-se aminha idéa."
- Ignez Sabino, em "Mulheres Illustres do Brazil".[1899]. Edição fac-similar. Florianópolis: Editora Mulheres, 1996, p. p. VIII-X. (grafia original)

"Quando a valvula do progresso conceder á brazileira illustrada, o logar que lhe compete nas artes, lettras e sciencias e no jornalismo, quando o homem se convencer que a mulher pode enfrental-o, medindo o pensamento, collocando-se na altura de uma Martineau ou d’um Jorge Eliot, quando uma simples penna de aço e algumas gotas de tinta tirarem da alvenaria da razão as paginas que deslumbram as nossas patrícias tornadas em sacerdotisas do bello, serão as melhores professoras dos seus filhos, a cadeia de oiro da liga social, a devotada mãe de família, que conhecendo o cultivo mental, attrahirá pela virtude a seu marido, tornando da sua casa o paraizo d’onde o mais recalcitrante jamais se affastará, indo procurar, longe ‘dahi, peccaminosas distracções."
- Ignez Sabino, em "Mulheres Illustres do Brazil".[1899]. Edição fac-similar. Florianópolis: Editora Mulheres, 1996, p. 204. (grafia original)


"As vezes uma nuvem triste cae sobre a minha obscura penna, convencendo-me que o nosso meio aliás já um tanto culto, não se compenetra da verdade que a mulher intellectual pode trazer à bouqueta do Bene, desafiando o sentimento e a subjetividade, muito mais afinada que o de escriptoras européas, não há negar."
- Ignez Sabino, em "Mulheres Illustres do Brazil". [1899]. Edição fac-similar. Florianópolis: Editora Mulheres, 1996, p. 269. (grafia original)


"Já que posso sem offensa, dar largas à minha pena, falemos ligeiramente da critica, não da corriqueira, malévola, odiosa, sem preparo, mas sim da critica scientifica, que analyza o livro que tem entre mãos, com juízo seu, mostrando os defeitos e salientando as virtudes do volume.
A critica imparcial, feita pelo critério de um homem douto, é precisa, honra, em razão de não descer ao despeito, nem ao lôdo da inveja corrigindo por meios brandos, o que julga máu.
A critica educa, restando ao critico ser imparcial, dizer o que sente sem se preocupar com idéas alheias, ser em fim, um juiz que por meios brandos ensine e estimule, não se levando pela amizade, nem pelos louvores immerecidos, com o fim de agradar."
- Ignez Sabino, em "Mulheres Illustres do Brazil".[1899]. Edição fac-similar. Florianópolis: Editora Mulheres, 1996, p. 271. (grafia original)


"A política brazileira tem muito ainda que metamorphorsear-se; tem muito que consolidar-se, para, de accôrdo com a phase por que está passando, definir de vez a autoridade pensante juncto dos grandes centros civilisados do velho mundo. Falta a elles, os políticos, uma certa autoridade de pensamento e mesmo de acção e, dahi, veja-se a divergência das ideas na época actual, onde cada qual quer emittir a sua opinião, procurando melhorar a situação meio falsa com que se accentúa o grande congresso da crise social, alias já encaminhada por espíritos, que embora superiores, comtudo terão de luctar para accentuar suas idéas e enraizar suas convicções, melhorando pela nova fórma de governo as finanças, a instrucção publica, e o bem estar da nação em geral"
- Ignez Sabino, em "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert, 1891, p. 201-202. (grafia original)


"O mundo é cruel; está sempre ao lado da fraude, do perjúrio, do irracionalismo; crê sempre a maior das vezes na mulher, a única culpada dos naufrágios conjugaes. Existem, é certo, senhoras sem critério, sem discernimento, geniosas, capazes de fazer peccar o Christo, se elle viesse de novo à terra, mas na maior parte das vezes os maridos (perdoem-me elles e até o meu) são os únicos autores das infelicidades e mesmo das divergências conjugaes da parte das esposas."
- Ignez Sabino, em "Contos e lapidações". Rio de Janeiro: Laemmert, 1891, p. 273-274. (grafia original)




Livro Mulheres ilustres do Brasil, de Ignez Sabino

NA REDE

:: Vozes femininas na literatura



© A obra de Ignez Sabino Pinho Maia é de domínio público

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske

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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Ignez Sabino Pinho Maia - escritora baiana do século XIX. In: Templo Cultural Delfos, setembro/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 27.6.2015.
* Página original JUNHO/2015.




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Narcisa Amália de Campos - poeta, republicana, abolicionista e feminista do século XIX

Narcisa Amélia de Campos - poeta, professora e jornalista

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho. 
Página original JUNHO/2015 | ** Página revisada, ampliada e atualizada AGOSTO/2021. 


Narcisa Amélia de Campos
(poeta, professora e jornalista), nasceu em 3 de abril de 1852, em São João da Barra, norte do Rio de Janeiro, filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos. Aos 11 anos muda-se com a família para Resende e aos 14 anos casa-se com João Batista da Silveira, artista ambulante de vida irregular, de quem se separa alguns anos mais tarde.
Aos 20 anos, escreve “Nebulosas”, poemas de exaltação à natureza, à pátria e de lembranças da infância da “jovem e bela poetisa”, como definiu Machado de Assis.

Em 1880, aos 28 anos, casa-se pela segunda vez com Francisco Cleto da Rocha, também chamado de Rocha Padeiro, dona da “Padaria das Famílias”, em Resende. Nos primeiros anos ajuda o marido, mas continua a receber em seus saraus os amigos literatos em sua casa como Raimundo Correia, Luís Murat, Alfredo Sodré e inclusive o Imperador Dom Pedro II que em sua passagem à Resende, vai visitar “a sublime padeira” , por estar ansioso “por lhe provar...do pão espiritual” embora seja ela a poeta fervorosa republicana e abolicionista.

Seu casamento com Rocha Padeiro também não dura muito e com sua separação é obrigada a deixar Resende, cidade que considerava sua terra, pressionada por campanha maledicente promovida pelo ex-marido enciumado.

Muda-se para a Capital e dedica-se ao magistério, e em 13 de outubro de 1884, funda um pequeno Jornal Quinzenal, “o Gazetinha”, suplemento do Tymburitá que tinha como subtítulo, “folha dedicada ao belo sexo”.

Narcisa Amália foi à primeira mulher no Brasil a se profissionalizar como jornalista, alcançando projeção em todo o país com artigos em favor da Abolição da Escravatura, defensora da mulher e dos oprimidos em geral.

Narcisa faleceu no dia 24 de junho de 1924 aos 72 anos, pobre, cega e paralítica, sendo seu corpo sepultado no cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro. Antes de sua morte, deixou um apelo:
“Eu diria à mulher inteligente [...] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos.” 
:: Fonte: Fio Cruz


CRONOLOGIA DE NARCISA AMÁLIA
Narcisa Amália de Campos
1852 - Nasce Narcisa Amália de Campos, a 3 de abril, em São João da Barra, Rio de Janeiro, filha do poeta Jácome de Campos e da professora primária Narcisa Inácia de Campos.
1863 - Transfere-se para Resende com a família.
1866 - Casa-se com João Batista da Silveira, artista ambulante, de vida irregular, de quem se separa alguns anos mais tarde.
1872 - Publica seu primeiro e único livro de poesia, Nebulosas, que alcança grande repercussão nos meios literários. São poemas expressivos do Romantismo, que exaltam a natureza e a pátria e relembram a infância.
1874 - Publica Nelúmbia, contos.
Prefacia livro de Ezequiel Freire e é elogiada por Machado de Assis: "As flores do campo, volume de versos dado em 1874, tiveram a boa fortuna de trazer um prefácio devido à pena delicada e fina de D.Narcisa Amália, essa jovem e bela poetisa (...)".
1880 - Casa-se novamente, dessa vez com Francisco Cleto da Rocha, também chamado Rocha Padeiro, dono da "Padaria das Famílias", em Resende. Ajuda o marido nos primeiros anos, mas continua a receber os amigos literatos em sua casa. Frequentam seus saraus nomes famosos como Raimundo Correia, Luís Murat, Alfredo Sodré e, inclusive, o Imperador Pedro II, que por ocasião de sua visita a Resende, vai "visitar a sublime padeira, por estar ansioso por lhe provar... do pão espiritual", embora seja a poetisa fervorosa republicana abolicionista.
O segundo casamento também não dura muito e Narcisa é forçada a deixar a cidade que considerava sua terra, pressionada por campanha maledicente movida pelo marido enciumado.
No Rio de Janeiro, Narcisa Amália dedica-se ao magistério.
1884 - Em 13 de outubro funda um pequeno jornal quinzenal, o Gazetinha, suplemento do Tymburitá que tinha, como subtítulo, "folha dedicada ao belo sexo".
Narcisa Amália foi a primeira mulher a se profissionalizar como jornalista, alcançando projeção em todo o Brasil com seus artigos em favor da Abolição da Escravatura, em defesa da mulher e dos oprimidos em geral.
:: Fonte: PAIXÃO, Sylvia Pelegrino. Narcisa Amália de Campos. in: MUZART, Zahidé Lupinacci. Escritoras Brasileiras do Século XIX. Antologia Volume II. Rio Grande de Sul: Edunisc, 2004. 


Agosto 12 
E' bella e meiga a criança. 
Sorrindo á luz da existência 
C'o a alma toda innocencia. 
- Narcisa Amália, em "Violetas poéticas - álbum de poesias para dias de annos". Rio de Janeiro: Laemmert & C., Editores, s/d. (grafia original)


OBRA DE NARCISA AMÁLIA
Poesia
Nebulosa, de Narcisa Amália
:: NebulosasNarcisa Amália[prefácio de Peçanha Póvoa]. Rio de Janeiro: Garnier, 1872.
:: Nebulosas. Narcisa Amália. [organização, apresentação e posfácio Anna Faedrich]. Rio de Janeiro: Gradiva; Biblioteca Nacional, 2017.
:: Nebulosas. Narcisa Amália. [ilustrações Julia Lhano]. Rio de Janeiro: Design UniFOA, 2019. Disponível online no link. (acessado em 26.7.2021).

Conto
:: Nelúmbia. (Conto). In: Lux!. Campos, 1. dez. 1874, p. 158-160. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021)

Crônica
::  A mulher no século XIX (crônica). In: Democratema. Comemorativa ao 26º aniversário da Fundação do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 1882

Antologia [participação]
:: Violetas poéticas - álbum de poesias para dias de annos. Collecionadas dos melhores poetas brazileiros. Rio de Janeiro; São Paulo; Recife: Laemmert & C., Editores, Século de edição XIX. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
:: Sonetos brasileiros. [org.? e prefácio Laudelino Freire]. Collectanea século XVII-XX. Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cia. Editores, 1890. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021).
:: Antologia de poesias: poesia romântica brasileira. [organização Marisa Lajolo]. Coleção Lendo e Relendo Poesia. Rio de Janeiro: Editora Salamandra, 2005. {Autores presentes:  Alvares de Azevedo, Bernardo Guimaraes, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Fagundes Varela, Gonçalves Dias, Isabel Gondim, Joaquim Manuel de Macedo, Juvenal Galeno, Luís Gama, Luis Guimaraes Junior, Narcisa Amália e Nísia Floresta Brasileira Augusta}.
:: Clássicos Brasileiros: uma seleção de autores com obras em domínio público. [organização, Aníbal Bragança; versão inglesa, Iuri Lapa]. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; São Paulo: IMESP, 2011.
:: As mulheres poetas: na literatura brasileira. [organização, capa e projeto gráfico Rubens Jardim]. São Paulo: Arribaçã Editora, 2021. {a antologia reúne 328 poetas de todo o Brasil, de épocas, estilos e estados diferentes, confira no link as poetas presentes na coletânea}.

Traduções
:: O romance da mulher que amou. [comentado por Arsène Houssaye; tradução Narcisa Amalia]. Collecção Biblioteca Universal Rio de Janeiro: Garnier, 1877. (fonte: Memória BN/BR - O Figaro).
:: Os dois trophéos [tradução Narcisa Amélia].. In: Hugonianas. Poesias de Victor Hugo. traduzidos por poetas brasileiros. (org.? Mucio Teixeira). 2ª ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021).

Catalogo 
:: As mensageiras - primeiras escritoras do Brasil. Série "Histórias não contadas". 'Catálogo exposição' [curadora da exposição Maria Amélia Elói]. Brasília: Câmara dos Deputados - Secretaria de Comunicação Social, 2018. Brasília: Centro Cultural Câmara dos Deputados, 2018. Disponível no link. (acessado em 28.7.2021). {Obs.O catalogo contém um erro, a escritora Nísia Floresta está erroneamente retratada. O retrato na verdade é da sua conterânea, a historiadora Isabel Gondim (1839-1933). Nascida em Vila Imperial de Papari, atual cidade de Nísia Floresta/RN.


Colaboração em jornais e revistas
:: O Domingo.
:: Astro Resendense (Resende-RJ) 
:: O Espírito Santense
:: A República.
:: Correio do Brasil.
:: Lábaro Acadêmico.
:: Correio Literário
:: Almanaque das Senhoras (RJ)
:: O Espírito Santo (ES)
:: Diário de Pernambuco (PE)
:: Lux! (Campos-RJ)
:: O Fluminense (Niterói-RJ) 
:: Diário Mercantil (SP)
:: O Friburguense (Friburgo-RJ)
:: Tymburitá (Resende-RJ) 
:: O Garatuja (Resende-RJ) 
:: A Família (SP)
:: A República (Aracaju-SE).
:: A Leitura: magazine litterario (colaborou entre 1894-1896). Disponível em Hemeroteca digital/CM Lisboa. (acessado em 27.6.2015). 


"A educação da mulher! Mas tem a mulher por acaso necessidade de ser educada? Para quê? Cautela! A mulher representa o gênio do mal sob uma forma mais ou menos graciosa e cultivar a sua inteligência seria fornecer-lhe novas armas para o mal. Procuremos antes torná-la inofensiva por meio da ignorância. Guerra, pois, à inteligência feminil!
Eis a palavra do século passado. O que diria a idade de ouro da selvageria, quando o homem tinha o direito de vida e de morte sobre a sua companheira? Quando a mulher carregava-lhe a bagagem na emigração, a antílope morta – na caçada e roía os ossos em comum com os cães? Desprezada, embrutecida, castigada e vendida, a mísera arrastava o longo suplício de sua existência até que a morte viesse libertá-la e a pá de terra levantasse entre ela e o seu opressor uma eterna barreira. Nada há que justifique essa tenaz perseguição da mulher; e entretanto foi perpetuada de século a século! Na Ásia, de rosto sempre velado, ignorante e submissa como um cão, trabalhava, comia e chorava à vontade do senhor, sem que uma palavra de simpatia jamais lhe dilatasse o coração; na Índia, levavam-na mais longe: atiravam-na à fogueira no dia em que lhe expirava o marido! Em Babilônia era vendida em praça pública; em Esparta, escolhida ao acaso; em Atenas, circunscrita nos gineceus. Batida, aviltada e corrompida pelo homem, a mulher romana, por sua vez, bate, avilta e corrompe o homem no filho."
- Narcisa Amália, excertos da crônica "A mulher no século XIX" (crônica). In: Democratema. Comemorativa ao 26º aniversário da Fundação do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 1882, p. 31-35. 



Narcisa Amália de Campos
POEMAS ESCOLHIDOS DE NARCISA AMÁLIA

O lago
I
Calmo, fundo, translúcido, amplo o lago
longe, trêmulo, trêmulo morria,
No seu límpido espelho a ramaria,
curva, de um bosque punha sombra e afago

Terra e céu, ondulando, eram na fria
tela fundidos! O queixume vago
que a água modula, de ambos parecia
solto, ululante, intérmino, pressago!

"Trecho vulgar de sítio abstruso e agreste"
talvez; mas todo o encanto que o reveste
sentisse; contemplasses-lhe a beleza;
comigo ouvisse-lhe a mudez, que fala,
e sorverias no frescor que o embala

todo o alento vital da Natureza!
- Narcisa Amália, em "Nebulosas". 1872.



Perfil de escrava
Quando os olhos entreabro à luz que avança,
Batendo a sombra e pérfida indolência,
Vejo além da discreta transparência
Do alvo cortinando uma criança.

Pupila de gazela - viva e mansa,
Com sereno temor colhendo a ardência
Fronte imersa em palor...Rir de inocência,
Rir que trai ora angústia, ora esperança...

Eis o esboço fugaz da estátua viva,
Que - de braços em cruz - na sombra avulta
Silenciosa, atenta, pensativa!

Estátua? Não, que essa cadeia estulta
Há de quebrar-se, mísera, cativa,
Este afeto de mãe, que a dona oculta!
- Narcisa Amália, em "Nebulosas". 1872.


Por que sou forte
      a Ezequiel Freire

Dirás que é falso. Não. É certo. Desço
Ao fundo d’alma toda vez que hesito...
Cada vez que uma lágrima ou que um grito
Trai-me a angústia - ao sentir que desfaleço...
E toda assombro, toda amor, confesso,
O limiar desse país bendito
Cruzo: - aguardam-me as festas do infinito!
O horror da vida, deslumbrada, esqueço!
É que há dentro vales, céus, alturas,
Que o olhar do mundo não macula, a terna
Lua, flores, queridas criaturas,
E soa em cada moita, em cada gruta,
A sinfonia da paixão eterna!...
- E eis-me de novo forte para a luta.
- Narcisa Amália (Resende, 7.9.1886), em "prefácio" ao livro "Flores do Campo" de Ezequiel Freire. Rio de Janeiro, 1874.


Resignação
No silêncio das noites perfumosas,
Quando a vaga chorando beija a praia,
Aos trêmulos rutilos das estrelas,
Inclino a triste fronte que desmaia.
E vejo o perpassar das sombras castas
Dos delírios da leda mocidade;
Comprimo o coração despedaçado
Pela garra cruenta da saudade.
Como é doce a lembrança desse tempo
Em que o chão da existência era de flores,
Quando entoava o múrmur das esferas
A copla tentadora dos amores!
Eu voava feliz nos ínvios serros
Empós das borboletas matizadas...
Era tão pura a abóbada do elísio
Pendida sobre as veigas rociadas!...
Hoje escalda-me os lábios riso insano,
É febre o brilho ardente de meus olhos:
Minha voz só retumba em ai plangente,
Só juncam minha senda agros abrolhos.
Mas que importa esta dor que me acabrunha,
Que separa-me dos cânticos ruidosos,
Se nas asas gentis da poesia
Eleva-me a outros mundos mais formosos?!...
Do céu azul, da flor, da névoa errante,
De fantásticos seres, de perfumes,
Criou-me regiões cheias de encanto,
Que a luz doura de suaves lumes!
No silêncio das noites perfumosas
Quando a vaga chorando beija a praia,
Ela ensina-me a orar, tímida e crente,
Aquece-me a esperança que desmaia.
Oh! Bendita esta dor que me acabrunha,
Que separa-me dos cânticos ruidosos,
De longe vejo as turbas que deliram,
E perdem-se em desvios tortuosos!...
- Narcisa Amália, em "Nebulosas". 1872.


Sandness
"Still visit thus my nights, for you reserved,
And mount my soaring soul thougts like yours."
(James Thomson)

XX
Meu anjo inspirador não tem nas faces 
As tintas coralíneas da manhã,;
Nem tem nos lábios as canções vivaces
Da cabocla pagã!

Não lhe pesa na fronte deslumbrante 
Coroa de esplendor e maravilhas, 
Nem rouba ao nevoeiro flutuante 
As nítidas mantilhas.

Meu anjo inspirador é frio e triste 
Como o sol que enrubesce o céu polar! 
Trai-lhe o semblante pálido — do antiste 
O acerbo meditar!

Traz na cabeça estema de saudades,
Tem no lânguido olhar a morbideza;
Veste a clâmide eril das tempestades,
E chama-se — Tristeza!...
- Narcisa Amália, em "Nebulosas". 1872.


FORTUNA CRÍTICA DE NARCISA AMÁLIA
[Estudos acadêmicos - teses, dissertações, ensaios,  artigos e livros]

ARAÚJO
, Maria da Conceição Pinheiro. Tramas femininas na imprensa do século XIX: tessituras de Ignez Sabino e Délia (
Maria Benedita Bormann).. (Tese Doutorado em Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUC RS, 2008. Disponível no link. (acessado em 27.6.2015).
BARBOSA, Gisele Oliveira Ayres. Narcisa Amália: uma trajetória feminina do Sul Fluminense do Século XIX. In: I Congresso de História e Geografia do Vale do Paraíba, Vassouras, 2013. 
BARBOSA, Gisele Oliveira Ayres. Aspectos Sociais e Políticos da Poesia de Narcisa Amália. In: XXII Simpósio Nacional de História ANPUH, 2003, João Pessoa. Anais Eletrônicos XXII Simpósio Nacional de História. João Pessoa: ANPUH / UFPB, 2003.
BARROCA, Iara Christina Silva. 3 Escritoras especiais: Ignez Sabino, Narcisa Amália e Júlia Lopes de Almeida. In: Laura Areias; Luis da Cunha Pinheiro. (Org.). As mulheres e a imprensa periódica. 1ª ed., Lisboa: Lusosofia: PRESS, 2014, v. 1, p. 161-171.
BITTENCOURT, Adalzira. Dicionário bio-bibliográfico de mulheres ilustres, notáveis e intelectuais do Brasil. Rio de Janeiro: Pongetti, 1969.
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1883, 7 v.
BRAGA, Teófilo et al. Parnaso português moderno: Precedido de um estudo da poesia moderna portuguesa. Lisboa, Portugal: Francisco Artur da Silva — Editor, 1877. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021)
BROCA, Brito. A vida literária no Brasil – 1900. 2ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1960.
CASTANHEIRA, Cláudia Silva. Dinamizando as marcas da diferença: a mulher e o discurso ficcional no fim do século XX. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2003.
COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras: (1711-2001). São Paulo: Escrituras, 2002.
COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de.. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Academia Brasileira de Letras, 2001: 2v.
CUNHA, Helena Parente (Org.). Desafiando o cânone (2). 1ª ed., Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 2001
DEL PRIORE, Mary (org.); BASSANEZI, Carla (coord. de textos). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto/Editora UNESP, 1997, 678p.
ELEUTERIO, Maria de Lourdes. As mulheres e o exercício de ler e escrever no entresséculos. 1890-1930. Rio de Janeiro: Editora Top Books, 2005.
FAEDRICH, Anna. Narcisa Amália e as intempéries da produção literária feminina. in revista Palimpsesto, nº 22, Ano 15 - Dossiê (9) - 2016,  p. 138-155. Disponível no link. (acessado em 18.5.2018).
FAEDRICH, Anna. Narcisa Amália, poeta esquecida do século XIX. In: Soletras revista - dossiê nº 34, 2017.2. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021)
FONSECA, Yara Vidal. Narcisa Amália, 150 anos de nascimento. Trabalho apresentado na Academia Niteroiense de Letras em 10 de abril e 2002. 2. ed. Rio de Janeiro: N&S Encadernadora, 2008.
FREIRE, Laudelino et al. Sonetos brasileiros: Edição completa. Rio de Janeiro, RJ: F. Briguiet & Cia. Editores, 1890. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021)
MULHERES fluminenses do Vale do Paraíba. Histórias de luta e conquista da cidadania feminina. Rio de Janeiro: Conselho Estadual de Direitos da Mulher, s/d.
MUZART, Zahidé Lupinacci. Escritoras Brasileiras do Século XIX. Antologia Volume II. Rio Grande de Sul: Edunisc, 2004. 
NARCISA Amália, a primeira jornalista profissional do Brasil. In: Mulheres da Luta, 2 de maio de 2021. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021).
OSCAR, João. Narcisa Amália. Vida e Poesia. Campos: Lar Cristão, 1994.

PAIXÃO, Sylvia Perlingeiro. Narcisa Amália. in: MUZART, Zahidé Lupinacci (org.). Escritoras brasileiras do século XIX. Antologia Volume II. 2ª ed., revista. Florianópolis: Editora Mulheres| Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2000, p. 534-552.
PINHEIRO, Luís da Cunha; AREIAS, Laura (coordenação). As mulheres e a imprensa periódica. Lisboa: Cepul, 2014. Disponível no link. (acessado em 26.06.2015).
RAMALHO, Christina Bielinski. Narcisa Amália. Vozes Baianas, Salvador, v. 1, p. 10-13, 2001.
RAMALHO, Christina. Um espelho para Narcisa - reflexos de uma voz romântica. Rio de Janeiro: Elo, 1999.
RAMALHO, Christina Bielinski. Operação resgate: Narcisa Amália poetisa. Universa (UCB), Brasília, v. 6, n.3, p. 393-399, 1998.
RAMALHO, Christina Bielinski. A consciência do aprisionamento em Narcisa Amália. In: Helena Parente Cunha. (Org.). Desafiando o cânone (2). 1ª ed., Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 2001, v. 1, p. 78-99.
RAMALHO, Christina. Retratos do cotidiano: a crônica em três vozes. Leitura maceió, nº 49, p. 135-156, Jan./Jun. 2012.
RAMALHO, Christina Bielinski. Narcisa Amália de Campos e a consciência do fazer poético.
In: IV Colóquio Nacional de Representações de Gênero e de Sexualidades, 2008, Campina Grande. Anais do IV Colóquio Nacional Representações de Gênero e de Sexualidades. Campina Grande: Realize, 2008. v. 1. p. 1-15.

RAMALHO, Christina Bielinski. Narcisa Amália: romântica, parnasiana, menor, mínima?. In: Simpósio Internacional Brasil 500 anos de descobertas literárias, 2000, Brasília. Simpósio Internacional Programação e Caderno de Resumos dos trabalhos inscritos, 2000. v. 1. p. 34-34.
REIS, Antônio Simões dos.. Narcisa Amália. Rio de Janeiro: Organizações Simões, 1949.
ROMERO, Silvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960.
SCHUMAHER, Schuma; BRASIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade (biográfico e ilustrado). Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2000.
TACQUES, Alzira Freitas. Perfis de musas, poetas e prosadores brasileiros. V.I. Porto Alegre: Thurmann, 1956.
TEIXEIRA, Maria de Lurdes; DELUCA, Naná. Conheça Narcisa Amália, poeta e primeira jornalista brasileira. In: Folha de S. Paulo, 2.3.2020. Disponível no link. (acessado em 26.7.2021)
TELLES, Norma Abreu. Encantações: escritoras e crítica literária no Brasil, século XIX. (Tese Doutorado em Ciências Sociais). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, 1987. Disponível no link. (acessado em 12.5.2018)
TELLES, Norma Abreu. Escritoras, escritas, escrituras. In: DEL PRIORE, Mary (Org.). História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto/UNESP, 1997, p. 401-442.
TORRES, Maximiliano Gomes. As faces de Pandora na construção simbólica do feminino e a literatura escrita por mulheres como quebra de paradigma (os casos Narcisa Amália e Paula Glenadel). In: Helena Parente Cunha. (Org.). Violência simbólica e estratégias de dominação: produção poética de autoria feminina em dois tempos. Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2011, v. , p. 293-335.
VASCONCELOS, Rosel Ulisses Silva e.. Cruzamento de biografias: um estudo coordenado sobre Raimundo Correia e Narcisa Amália. In: VI Semana de Atividades Científicas, 2008, Resende. VI Semana de Atividades Científicas da AEDB. Resende: AEDB Editora, 2008.


"Foi a América do Norte, essa nação tão nova e tão grande já, que dominada pela febre da inovação e do progresso, ergueu primeiro o lábaro da revolta em prol da mulher. [...]
A esta rápida e prodigiosa transfiguração da mulher americana, a França e a Bélgica franqueiam hesitantes às suas filhas as portas das academias de Direito e de Medicina; e elas provam, por sua vez, exuberantemente perfeita aptidão para todas as ciências!
A mulher no século dezenove acha-se, portanto, emancipada, isto é, entra na posse de si mesma, conquista o direito divino de sua alma, em uma palavra, transfigura-se. o que lhe falta para ser feliz.
– À que está emancipada, pouco; mas à que está por emancipar-se, tudo. E neste caso está a mulher brasileira."
- Narcisa Amália, excertos da crônica "A mulher no século XIX" (crônica). In: Democratema. Comemorativa ao 26º aniversário da Fundação do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 1882, p. 31-35. 


"Entre nós a instrução, mesmo a mais elementar, tem até aqui constituído monopólio do homem. Ora, à medida que o homem sobe, a mulher desce, naturalmente, e essa diferença cria entre ambos uma profunda separação intelectual e moral que arrasta consigo todas as desordens do lar. Educada para agradar, de posse de algumas prendas, mais ou menos polida pela frequência dos saraus dançantes ou musicais, conhecendo os dramas do coração pelo romance ou pelo teatro, sem uma ideia séria, sem um plano determinado de vida, a menina brasileira transpõe sorrindo o limiar do casamento, com sua fronte sonhadora aureolada pelo véu da pureza e penetra sem consciência no que há de mais sério, de mais grave, de mais solene na terra; – a vida da família!
Quando, porém, passado o primeiro período do enlevo mútuo o marido compreende que não pode dar à sua esposa mais que a confidência do coração; quando reconhece que ela não pode absolutamente corresponder às expansões do seu espírito e que deve sufocar no íntimo o que sente de mais superior em si, o divórcio moral se estabelece entre os esposos, o encanto da intimidade morre inevitavelmente para ambos. Ele vai procurar no exterior o que não pode encontrar no lar; ela chora, lamenta-se, e transvia-se se é fraca, ou volta-se para a religião e resigna-se, se foi educada por uma mãe piedosa.
O casamento, neste caso, é a calúnia do casamento. O que podem ser os filhos nascidos de semelhante união, educados por esta mãe ignota, desenvolvidos neste lar em perpétua e desoladora desordem?!" 
- Narcisa Amália, excertos da crônica "A mulher no século XIX" (crônica). In: Democratema. Comemorativa ao 26º aniversário da Fundação do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 1882, p. 2-35. 


A nova geração
"As flores do campo [de Ezequiel Freire], volume de versos dado em 1874, tiveram a boa fortuna de trazer um prefácio devido à pena delicada e fina de D. Narcisa Amália, essa jovem e bela poetisa, que há anos aguçou a nossa curiosidade com um livro de versos, e recolheu-se depois à turris eburnea da vida doméstica. Resende é a pátria de ambos; além dessa afinidade, temos a da poesia, que em suas partes mais íntimas e do coração, é a mesma. [Naturalmente, a simpatia da escritora vai de preferência às composições que mais lhe quadram à própria índole, e, no nosso caso, basta conhecer a que lhe arranca maior aplauso, para adivinhar todas as delicadezas da mulher. Dona Narcisa Amália aprova sem reserva os "Escravos no Eito", página da roça, quadro em que o poeta lança a piedade de seus versos sobre o padecimento dos cativos. Não se limita a aplaudi-lo, subscreve a composição. Eu, pela minha parte, subscrevo o louvor; creio também que essa composição resume o quadro.”
- Machado de Assis, em 'Revista Brasileira', 1 dez. 1879.



Narcisa Amália c. 50 anos de idade, em bico de pena
do desenhista M. J. Garnier, datado de 1906.
REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
:: João do Rio
:: Literatura Digital - Biblioteca de Literaturas de Língua Portuguesa (UFSC).


NA REDE
:: Vozes femininas na literatura


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Narcisa Amália de Campos - poeta, republicana, abolicionista e feminista do século XIX. Templo Cultural Delfos, agosto/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 24.8.2021.
*** Postagem original junho/2015.




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