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Paulo Plínio Abreu, por César Alvo |
Canção azul
O tempo chegará
da palavra invisível
transformada em pássaro
e que acorde lembranças
há muito esquecidas
no coração sepulto.
O tempo afinal virá
o tempo sem limites
em que os enforcados
mortos e vivos
e uma lua romântica
das noites da infância
voltem a dançar
no ar da manhã.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª ed., Belém: EDUFPA, 2008.
A vida literária de Paulo Plínio decorreu muito recatadamente, como era de se esperar, devido ao seu temperamento. Não foi um nome que se tornasse demasiadamente conhecido em nosso meio. Os que o admiravam e o sabiam poeta eram muito poucos e, geralmente, seus amigos. Alguns poemas publicados em periódicos de Belém – jornais e revistas da época – constituem as únicas manifestações ostensivas da sua produção poética, pois embora tenha preparado um pequeno livro de poemas não chegou a editá-los. Ao lado de sua criação poética, ou melhor, também fazendo parte dela, está o seu trabalho de tradutor a quem se devem as excelentes versões de La Porte Etroite, de André Gide e de poemas de T.S.Eliot e de Rainer Maria Rilke e deste ainda, em colaboração com Peter Paul Hilbert, a extraordinária tradução das Duineser Elegien.
Arte Poética
A luta do poeta não é
com o anjo,
mas com o verbo
que dissolve em poesia
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª ed., Belém: EDUFPA, 2008.
CRONOLOGIA
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Paulo Plínio Abreu |
1921 - Nasce
em Belém, a 19 de junho, Paulo Plínio Beker de Abreu, filho de Dilermando Cals
de Abreu e Lídia Beker de Abreu.
1925 - Inicia
seus estudos primários, em casa.
1930 – Obteve
o certificado de Curso Primário no Grupo Escolar Floriano Peixoto, onde hoje
funciona a Casa da Linguagem.
1933 – Estudos
secundários no Colégio Paes de Carvalho.
1938 – Termina
o curso de inglês no English College, tendo sido o orador da turma.
1939 – Conhece
o prof. Francisco Paulo Mendes, no colégio Paes de Carvalho.
1940 –
Matricula-se na Faculdade de Direito do Estado do Pará. Publica, na revista
Novidade, seus primeiros poemas “Suicídio” e “A estranha Mensagem”. Na revista
Terra Imatura aparece o poema “A Aventura”.
1941 – Admitido
pelo Instituto Agronômico do Norte, onde exerceu funções como a de
Bilbiotecário-Chefe, tradutor e Secretário de Diretoria.
1944 – Colou
grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do
Pará.
1948 –
Casou-se com Edith Correa de Paiva.
1949 – Nasce
sua primeira filha, Ana Lúcia.
1950 – O
suplemento “Arte-Literatura”, do jornal Folha do Norte, sob a direção de
Haroldo Maranhão, publica um número especial, em 24 de dezembro, sobre poetas
paraenses contemporâneos, onde se encontra uma nota sobre Paulo Plínio Abreu e
alguns de seus poemas.
1952 – Aceito
no Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará. Viagem ao Rio de Janeiro a
fim de tratar da distribuição das publicações deste Instituto.
1954 – Nomeado
para reger a disciplina Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Belém.
1956 – Profere
a aula inaugural do ano letivo na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Belém.
1958 – Nasce
Cristina, sua segunda filha. Designado para chefiar o Departamento de Letras
Clássicas e Vernáculas, da Universidade Federal do Pará, para o biênio
1958/1959.
1959 – Morre
em 05 de setembro, em Belém, aos 38 anos, devido a uma nefrite crônica.
OBRA
Poesia
Poesia.
(Prefácio e notas de Francisco Paulo Mendes). Belém: UFPA, 1978; 2ª Ed.,
Belém: EDUFPA, 2008.
Antologia (participação)
Poesia do Grão-Pará. (seleção e notas
de Olga Savary). Rio de Janeiro: Graphia, 2001.
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Ilustração Nau |
POEMAS ESCOLHIDOS
A aventura
Eu te encontrei
como quem
atravessa um corredor logo e janelas fechadas,
como quem vem
para a manhã trazendo o sono enfermo das madrugadas.
Eu te encontrei
como quem saiu
da noite e foi descalço até o mar para brincar nas pedras.
Como quem sob a
chuva saiu para apanhar as açucenas,
e dormiu nas
grandes folhas úmidas das árvores,
ou como quem,
perdido nos caminhos, de súbito encontrou o mar.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Difícil é
dizer-te o que amamos
Difícil é
dizer-te o que amamos
Nessa furtiva
espera gasta pelo tempo.
Há longos anos
batemos à tua porta
E o teu nome
esquecemos.
O medo está nas
mãos onde o frio espera
Sangra e não
choramos, apenas esperamos
Por um sinal
que tarda
E um dia virá talvez,
hoje ou amanhã.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Elegia
Teus passos na
escada
tua voz nos
ouvidos
e consolo na
boca
o olhar
selvagem e triste
o coração
violento
de uma noite de
amor
suspensa no
espaço
a visão da vida
o jeito e o
caminho
o riso largo, o
riso
de alegria e
desprezo
é a infância
que volta
molhada de
chuva
coberta de sono
como um circo
armado
na praça
deserta.
molhada de
chuva
coberta de sono
como um circo
armado
na praça
deserta.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Envoi
Nesta noite
tosca
recolho os
pássaros feridos,
as estrelas
mortas
e as naus que
encalham
no país do
algures.
Nesta noite
vazia
recolho o que
perderam
as aves no seu
vôo,
o que os peixes
trouxeram,
o que as águas
à praia
lançaram
inutilmente:
o resto da
salsugem
dos mares
apagados;
o corpo dos
suicidas,
os resíduos
humanos
o que é reles
ou torpe
conchas do mar
espesso,
cabeças de
hipocampos,
o vento que
violento
soprar do céu
noturno;
o nada que nos
seres
se encorpa e
faz-se engulho;
o corpo do
espantalho
e o negrume da
noite
para fazer com
isto
uma dádiva
inútil
numa hora
vazia.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Fragmento
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Capa do livro Poesia |
Na rosa de
ontem
Vi o mistério
do corpo
Fechado aos
segredos da morte.
No efêmero
eterno
Um dia
concebido
Vibrante e
inconstante
O segredo d
estar em véspera de sono.
A delícia do
amor
Jamais
celebrada,
As mãos que se
entregaram
As lembranças
que vêm de longe
Frias como a
noite.
O desejo que
cresce mudo sem palavras.
As chaves do
mundo
Para sempre
perdidas.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Lembranças de
um espantalho
Lembro-me que
era um espantalho
e que balançava
no ar
no caruncho da
tarde o seu frágil corpo de plano
tanto mais
terrível quanto mais humano
pois algo havia
de humano
no ar da tarde
ou no espantalho
que me lembro
ter visto.
Era só um
espantalho
agitado no ar
pelo vento da tarde.
A chuva
caía-lhe na cabeça grotesca.
Um verme subia
no seu corpo
para roer-lhe a
madeira.
E eu quis
pousar no seu ombro
o meu cansaço
de ave.
mas algo havia
no seu ser
que me aterrou.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Ode à minha
alegria
De ti que
poderei fazer se me dominas
como a viagem
ao viajante
e os ventos do
mar aos pássaros que voam?
De um
território vens, profundo e largo,
em ti caminham
vozes
que outras
vozes acordam, em ti caminham dores
há muito
apaziguadas.
Em ti passam
corcéis de fogo
que sobre a
pele deixam a marca do silêncio,
em ti flutuam
sonhos.
De onde vens,
para onde vais quando me tocas
com a ponta dos
teus dedos?
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Noite
A noite sacudia
as árvores dormidas
e afagava a
plumagem dos pássaros nos galhos.
Lembro que o
vento espertava o silêncio no ar
e na quilha dos
barcos afogados.
Noite que
chamava os mortos
e fazia chegar
a mim o seu chamado
do ermo em que
jazia.
Noite em que do
céu caiu o fruto da vida e não colhemos.
Noite despojada
de todos os artifícios.
Despregada da
grande árvore do nada
e carregada de
tudo
em viagem para
um tempo sem fim.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Orfeu
Com palavras
que hoje restam da infância
edificarei meu
reino
e nele estrelas
cairão de noite puras.
De corações
mais puros
tombarão as
águas em que os animais
virão matar a
sede
e onde dois
olhos, símbolos do amor,
o caminho
indiquem para a salvação.
Com palavras
inúteis e canções apenas
refaremos o
mundo
o mundo sobre o
qual
eterna como a
rosa morta pela chuva
a poesia reine
e viva sobre a
terra
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
O barco e o mito
Barco de madeira construído no ar para a viagem do mito.
Nau feita de vento
e força de um pensar antigo.
Tua quilha tem o sabor do sal das águas fundas
e de um peixe que atravessou a garganta de um morto.
Na tua vela tracei o emblema da rota
que um dia imaginei olhando a Grande Ursa
nos caminhos da noite. Nau sem porto,
as águas te seduzem e contigo me arrastam.
Barco feito de mito,
construído no espaço
com a matéria das nuvens.
Nau feita com o bico de uma ave
e um desejo de fuga.
Nau que a ti mesma te armaste
do nada que podemos.
Nave do nada feita e quase ave
desfeita em vôo puro e quase mito.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª ed., Belém: EDUFPA, 2008.
O comedor de
fogo
Veio do comedor
de fogo e de seus milagres a esperança impossível.
Do comedor de
fogo e de seus milagres à porta de sua tenda
Onde dormiam os
cães numa nuvem de moscas.
Veio do comedor
de fogo a esperança dos mundos impossíveis.
Veio dessa
lembrança hoje apagada pelo tempo o sombrio desejo de evasão.
Veio do comedor
de fogo a visão da vida aberta como um grande circo
E o convite
irreal para a distância onde se esconde a morte.
Até o amor se
perdeu nessa lembrança de um estranho comedor de fogo
E toda a
infância confundiu-se com os milagres desse saltimbanco
E de seus cães
doentes à porta de sua tenda.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
O náufrago
trazia um pássaro no ombro
Sei que trazia
um pássaro no ombro.
De um reino
vinha carregado de sonhos
Na mão trazia
as marcas da viagem
Ainda giravam
em torno do seu corpo
os ventos do
mar.
No olhar o
horizonte carregado de bruma,
No ouvido o pio
das gaivotas,
Trazia o mar no
corpo,
As medusas do
mar.
No peito trazia
marcada em tatuagem
a palavra amor.
Vinha do mar e
trazia um pássaro no ombro.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
O polichinelo
O seu segredo
era como o dos outros.
Seus olhos eram
de vidro azul
e na boca
vermelha
o riso da
ironia.
O humor
profundo, amargo e doloroso
vinha de sua
boca;
o riso da
sabedoria
e do desespero
gritava da sua
boca aberta em sangue.
O riso do
polichinelo
vinha do
coração ausente, era uma advertência.
era apenas o
riso
e falava de um
mundo
maior que sua
alma.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Poema
Diante de tua
beleza as coisas se apagaram.
És o golfo onde
escondi meu barco doente
e a cripta onde
deporei meus mortos.
Ave e orvalho,
mulher e cornamusa.
Somos irmãos no
mito
e eis que te
refaço
com a seiva de
meu ser.
De ti recolho
este secreto espanto,
este secreto
mel,
Em ti refaço a
viagem não feita, o riso não rido e o amor não amado.
És a beleza
mesma adiada no tempo
E nos outros a
necessidade de sua perfeição.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Poema
Ao teu olhar
tombaram as folhas das árvores
E os tajás
vergaram-se para a terra como para alimentar os formigueiros.
Ao teu olhar as
nuvens passaram pelo céu límpido de junho e choveu.
Ao teu olhar os
horizontes se estenderam e se distanciaram
E os veleiros
se perderam entre nuvens ao longe.
Ao teu olhar
tudo se transformou.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Poema primitivo
Não esculpirei
meu sonho sobre as nuvens
pois que elas
se perdem nos ermos do céu
e um dia voltam
para molhar a terra.
Nem sequer o
amianto me parece seguro
para guardar
desse fogo a ânsia mais veemente
ou o delírio
mais casto.
A poeira se
esvai
e os que
passarem a levarão consigo
embaixo dos
sapatos
como os mortos
a receberão sobre os olhos.
Na pele de um
deus
não estará
seguro
pois breve é o
respeito dos homens
e o amor das
mulheres.
Talvez na asa
direita de um pássaro
ou no seu bico
agreste.
No fundo mesmo
do mar não estará seguro
pois que os
ventos poderão arrebatá-lo
para atrelar
sua força à cauda dos veleiros.
E assim não
haverá lugar
onde
escondê-lo.
Sonho que
esculpirei então no tempo
que não é dos
homens
e que morre e
renasce a cada instante
no peito donde
brota
a chama deste
amor tão puro.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Quero o
destino! As largas e pálidas manhãs!
Quero o
destino! as largas e pálidas manhãs!
Quero o
silêncio das folhas caídas no abismo!
Quero sentir em
mim as frias mãos da morte para ver o abismo!
O longo inverno
envolverá teus úmidos cabelos
e acordará a
música escondida e mágica das árvores.
Tuas mãos se
banharão nas frias águas da montanha,
teus olhos se
perderão.
Quero o
silêncio dos animais que boiarão nos lagos
para te
adivinhar entre os rumores múltiplos das águas caindo,
para te sentir
intacta e eterna entre os úmidos líquens.
Quero ouvir
mais uma vez tua voz voltada para o abismo
voltada para as
pedras lisas do caminho da morte.
Quero ouvir tua
voz de pedras que rolarão um dia das alturas
e virão
despertar os pássaros dormindo.
Quero sentir
tua voz de cinza que cantou na minha infância
como os grandes
ventos dos mares e dos sonhos.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Tudo é sinal e
mito
Tudo é sinal e
mito
neste ermo
precário
em que de novo
a seiva
deste luar
secreta
a rosa dessa
hora
entre todas,
sinal.
Um caracol
esculpe
sua incerta
passagem
nas folhas e no
ar
e risca na
linguagem
do nada que se
apaga
a mensagem de
tudo,
do amor, e do
fogo
descendo pela
escarpa
nesta hora que
avança,
as nuvens que
não caem
também algo
predizem.
Um besouro
vermelho
zune a sua
agonia
e escuto o
silêncio
de remoto
acalanto.
Há um sinal
equívoco
neste ermo
precário
que tudo
anuncia
mas que passa
fugaz
como sopro ou
onda
neste fim de
dia.
Sinal, mito ou
sonho.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
Viagem ao
sobrenatural
Mundo
pressentido e oculto
na palavra anjo
à porta de Tobias,
na viagem não
realizada mas da qual se trouxe
um pássaro que
não pertence a nenhuma fauna
e um peixe de
fogo;
na palavra mãe
onde há o mistério
do cotidiano
incompreendido;
na palavra
mosca onde se faz presente
o desespero da
escolha entre o mal e o deserto;
na palavra
rosa,
corpo e
essência do efêmero.
Na imagem vista
no espelho,
a boca e os
olhos na voragem do tempo
oferecem o
amor, puro e inacessível.
A voz presa no
disco da vitrola
é apenas o
outro lado eterno.
- Paulo Plínio Abreu, em "Poesia". 2ª
ed., Belém: EDUFPA, 2008.
FORTUNA CRÍTICA DE PAULO PLÍNIO
(Estudos acadêmicos: dissertações, livros, artigos e ensaios)
BASSALO, Celia
Coelho. Três sentidos fundamentais na obra
de Paulo Plínio Abreu. Belém: EDUEPA, 2008.
BASSALO, Célia
Coelho. Três significações na poesia de
Paulo Plínio Abreu. (Dissertação Mestrado em Letras: Linguística e Teoria
Literária). Universidade Federal do Pará, UFPA, 1990.
Capa do livro Três sentidos fundamentais na obra de Paulo Plínio Abreu |
CRUZ,
Benilton. “Difícil é dizer-te o que
amamos” - considerações sobre a poesia de Paulo Plínio Abreu. Disponível no
link. (acessado em 31.8.2013).
GÓES, Ângela
Maria Vasconcelos Sampaio. Paulo Plínio
Abreu: A Imaginação da Infância e a Consciência Imaginante do Poeta. MOARA,
Belém, v. 18, n.julho-dez, p. 23-35, 2002.
GÓIS, Ângela
Maria Vasconcelos Sampaio. Paulo Plínio
Abreu e o enigma da palavra: uma introdução ao estudo da metapoesia.
(Dissertação de Mestrado em Letras: Lingüística e Teoria Literária). Universidade
Federal do Pará, UFPA. Belém, 2003.
GOUVEIA,
Walquiria Sampaio. O caos e a natureza no
lirismo de Paulo Plínio Abreu. (Dissertação Mestrado em Comunicação,
Linguagens e Cultura). Universidade da Amazônia, 2012. Disponível no link. (acessado 1.9.2013).
LEAL, Jairo. A tradução de Duineser Elegien como formação
e memória literária na Amazônia. Belas Infiéis, v. 1, n. 2, p. 31-44, 2012.
NUNES,
Benedito. Meus poemas favoritos de ontem
& hoje. Estudos Avançados, vol. 19 - nº 54, São Paulo May/Aug. 2005.
Disponível no link. (acessado em 31.8.2013).
OLIVEIRA,
Nilson. Paulo Plínio Abreu e a
experiência interior. Disponível no link. (acessado em 31.8.2013).
PRESSLER,
Gunter Karl. Duineser Elegien Original
und Übersetzung als transkulturelle Identifikation der Moderne bei Paulo Plínio
Abreu (1950er Jahre, Belém) und Augusto de Campos (1990er Jahre, São Paulo).
In: Transformaciones. Encontro Internacional dos Estudiosos da Germanística na
América Latina, 2012, Guadalajara. Transformaciones. Innovación en la
Germanística Latinoamericana. ALEG 2012. Guadalajara, Jalisco, México:
Departamento de Lenguas Modernas, Universidade de Guadaljara, 2012. v. 1. p.
191-191.
REGO,
Francisca Magnólia de Oliveira. Paulo
Plínio Baker de Abreu: o verbo e o anjo. Lato & Sensu (UNAMA), v. 1, p.
12-17, 2000.
ROCHA, Paulo
Sérgio dos Santos. O neo-simbolismo na
poesia de Paulo Plínio Abreu. (Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
em Letras - Português). Universidade do Estado do Pará, UFPA, 2007.
SANTOS, Ana
Carina Melo dos. Viagem ao mundo
pressentido e oculto: a poesia de Paulo Plínio Abreu. (Dissertação Mestrado
em Letras (Letras Vernáculas)) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,
2003.
SANTOS,
Josiclei de Souza. O neosimbolismo em
Paulo Plínio Abreu. (Monografia de conclusão da Graduação em Letras).
Universidade Federal do Pará, UFPA, 2003.
VIEIRA, Paulo
Roberto; ABREU, P. P.; SOLVIYERTE, M. J. . Dois Poetas de Belém: Paulo Plinio Abreu e
Paulo Vieira. Revista Euphorion 6, Medellín, Antioquia, Colômbia, p. 97 -
103, 1 nov. 2011.
POEMAS TRADUZIDOS POR PAULO PLÍNIO ABREU
Traduções de Paulo Plínio Abreu publicadas no jornal
"Folha do Norte" entre os anos de 1946 e 1948, realizadas em parceria
com o antropólogo alemão Peter Paul Hilbert.
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Rainer Maria Rilke |
Rainer Maria Rilke
nasceu em Praga em 4 de dezembro de 1875. É considerado como um dos mais
importantes poetas modernos da literatura e língua alemã, por sua obra
inovadora e seu incomparável estilo lírico.
"Poeta
fundamental, Rilke é a voz de uma época em transição. Talvez seja a última voz
do seu tempo, aquela que anunciou o "fim dos tempos modernos", como
quer Romano Guardini, e ao mesmo tempo a primeira voz e o primeiro poeta dessa
nova era que estamos começando a viver."
- Paulo Plínio Abreu, sobre a obra de Rilke
publicado no jornal paraense "Folha do Norte"
(Fonte: Cultura do Pará)
Hora Grave
Quem agora
chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora
no mundo,
Chora por mim.
Quem agora ri em
algum lugar na noite,
Sem razão ri
dentro da noite,
Ri-se de mim.
Quem agora
caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão
caminha no mundo,
Vem a mim.
Quem agora
morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre
no mundo,
Olha para mim.
- Rainer Maria Rilke (tradução Paulo Plínio Abreu)
Primeira Carta
(dedicada ao leitor Hans-Jürgen Stenger)
Vozes, vozes.
Escuta, coração como outrora somente
os santos
escutavam: até que o gigantesco apelo
levantava-os do
chão; mas eles continuavam ajoelhados,
inabaláveis,
sem desviarem a atenção:
eles assim
escutavam. Não que tu pudesses suportar
a voz de Deus,
de modo algum. Mas escuta o sopro,
a incessante
mensagem que nasce do silêncio.
Daqueles jovens
mortos sobe agora um murmúrio em direcção a ti.
Onde quer que
penetraste, nas igrejas
De Roma ou de
Nápoles, seu destino não falou a ti, tranquilamente?
Ou uma augusta
inscrição não se impôs a ti
Como
recentemente a lousa em Santa Maria Formosa.
Que eles querem
de mim? Lentamente devo dissipar
A aparência de
injustiça que às vezes dificulta um pouco
O puro
movimento de seus espíritos.
- Rainer Maria Rilke, Excerto de “As Elegias de
Duíno”. (tradução Paulo Plínio Abreu)
- Que farás tu,
meu Deus, se eu perecer?
Que farás tu,
meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu
vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água
- e se apodreço?
Sou tua roupa e
teu trabalho
Comigo perdes
tu o teu sentido.
Depois de mim
não terás um lugar
Onde as
palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés
cansados cairão
As sandálias
que sou.
Perderás tua
ampla túnica.
Teu olhar que
em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente
recebo,
Virá me
procurar por largo tempo
E se deitará,
na hora do crepúsculo,
No duro chão de
pedra.
Que farás tu,
meu Deus? O medo me domina.
- Rainer Maria Rilke (tradução Paulo Plínio Abreu)
[Quem agora
chora em algum lugar no mundo
Quem agora
chora em algum lugar no mundo
Sem razão chora
no mundo,
Chora por mim.
Quem agora ri
em algum lugar na noite
Sem razão ri
dentro da noite,
Ri-se de mim.
Quem agora
caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão
caminha no mundo,
Vem a mim.
Quem agora
morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre
no mundo,
Olha para mim
- Rainer Maria Rilke (tradução Paulo Plínio Abreu)
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Paulo Plínio Abreu, por César Alvo |
REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Paulo Plínio Abreu - o navegante sem porto. Templo Cultural Delfos, setembro/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Paulo Plínio Abreu - o navegante sem porto. Templo Cultural Delfos, setembro/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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