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Paul Verlaine - o príncipe dos poetas

Paul Verlaine - Musée Verlaine


© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske 
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho. 
Página original AGOSTO/2014 | ** Página revisada e atualizada OUTUBRO/2021.



Paul Marie Auguste Verlaine nasceu em 1844 em Metz, no leste da França, fez os estudos secundários em Paris, e entrou depois como funcionário para a prefeitura. Já nessa época, frequentava a boémia dos cafés parisienses, tendo sido um funcionário relapso e pouco assíduo. Foi então que descobriu a poesia, que sempre reflectiu a contradição entre uma conduta de boémia e um ideal quase primitivo de pureza e misticismo.

Paul Verlaine - foto: (...)
“Poèmes Saturniens” ("Poemas Saturninos, 1866) foi sua primeira coletânea publicada. Paul Verlaine professou de início a impassibilidade parnasiana, mas já o seu instinto poético o conduzia a dar maior agilidade ao alexandrino, a utilizar os ritmos ímpares a sugerir vagos estados por estrofes vaporosas. Poucas obras na história da poesia francesa são mais sinceras e comoventes.

O lirismo musical e evanescente de Verlaine exerceu influência decisiva no desenvolvimento do simbolismo (embora o próprio poeta se quisesse manter independente de qualquer corrente literária) e abriu novos caminhos para a poesia francesa. Com Mallarmé e Baudelaire, Verlaine compôs o grupo dos chamados poetas decadentes.

Inquieto e instável, o poeta conquistou por algum tempo o equilíbrio e a paz, quando se casou em 1870 com Mathilde Meauté. Porém, dois anos depois, Verlaine abandonou a mulher e o filho e retomou os seus antigos hábitos boémios. Iniciou então, com o jovem poeta francês Arthur Rimbaud, uma turbulenta ligação sentimental que os levou a percorrer vários países europeus.

Esta ligação tumultuosa entre os dois poetas acabaria em drama: em julho de 1873, em Bruxelas, sob a influência da bebida, Verlaine disparou duas vezes em Rimbaud, que o queria abandonar, e foi preso.
Durante os dois anos de prisão, em Mons, veio a saber que a esposa pedira o divórcio. Profundamente abalado, Verlaine converteu se à fé católica. Libertado, Verlaine tentou em vão reconciliar se com Rimbaud. Viveu no Reino Unido até 1877, quando regressou a França. Testemunhas dessa fase de crise e conversão, são os seus dois livros ?Romances sans paroles? (1874; Romances sem palavras) e ?Sagesse? (1880; Sabedoria). Também é flagrante a influência do génio de Rimbaud nos temas e nos ritmos.

Paul Verlaine, par Antonio de La Gandara
Apesar de sua crescente fama e de ser considerado um mestre pelos jovens simbolistas, o fracasso dos esforços que fez para recuperar a esposa e levar uma vida retirada conduziram Verlaine a uma recaída no mundo da boémia e do alcoolismo.

Os vários livros de poemas que se seguiram apenas ocasionalmente recuperaram a antiga magia, como “Amour” (1888). Da produção posterior de Verlaine, o que mais se destaca são os textos em prosa, como o ensaio “Les Poètes maudits” (1884; Os poetas malditos), vital para o reconhecimento público de Rimbaud, Mallarmé e outros autores, e as atormentadas obras autobiográficas “Mes hôpitaux” (1892; Meus hospitais) e “Mes prisons” (1893; Minhas prisões).

No final da vida, o poeta esgotou se e o homem degradou se. Apesar da celebridade e do respeito das novas gerações que o consagraram como o "Príncipe dos Poetas", Paul Verlaine viveu miseravelmente de hospital em hospital e de café em café até à sua morte em 1896, em Paris.
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Fonte: Truca.pt 


As conchas 
Cada concha aqui incrustada
Na gruta onde a gente se ama,
Tem sua particularidade.

Paul Verlaine - foto: (...)
Uma é púrpura como a alma
Que tem do sangue a rubra cor
Quando em nosso peito se inflama;

Esta outra, imita teu langor
E palidez quando então, lassa,
Vês em mim só um zombador;

Esta aqui contrafaz a graça
De tua orelha, e por tua nuca
Rosada aquela outra se passa.

Uma, entre outras, porém, me turba.

*

Les coquillages 
Chaque coquillage incrusté
Dans la grotte où nous nous aimâmes
A sa particularité.

L’un a la pourpe de nos âmes
Dérobée au sang de nos coeurs
Quand je brûle et que tu t’enflammes;

Cet autre affecte tes langueurs
Et tes pâleurs alors que, lasse,
Tu m’en veux de mes yeux moqueurs;

Celui-ci contrafait la grâce
De ton oreille, et celui-là
Ta nuque rose, courte et grasse;

Mais un, entre autres, me troubla.
- Paul Verlaine. "Festas Galantes" (Fêtes Galantes). [introdução, tradução e notas Onestaldo de Pennafort]. 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1958.

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ŒUVRES/ OBRAS DE PAUL VERLAINE

Caricature de Paul Verlaine por Emile Cohl (1893)
Poésie (Poesia)
Premiers Vers (primeiras edições)
:: Poèmes saturniens. 1866.
:: Les Amies (signé Pablo-Maria de Herlañes, repris dans Parallèlement). 1867.
:: Fêtes galantes. 1869.
:: La Bonne Chanson. 1870.
:: L’Idole. Sonnet du Trou du Cul, écrit avec Arthur Rimbaud. vers: 1871 - 1872.
:: Romances sans paroles. 1874
:: Sagesse. 1881.
:: Jadis et naguère. 1884.
:: Amour. 1888.
:: Parallèlement. 1889.
:: Dédicaces. 1890.
:: Femmes. 1890.
:: Bonheur. 1891.
:: Chansons pour elle. 1891.
:: Liturgies intimes. 1892
:: Odes en son honneur. 1893.
:: Élégies. 1893.
:: Dédicaces (nouvelle édition augmentée). 1894.
:: Dans les limbes. 1894.
:: Épigrammes. 1894.
:: Chair. 1896.
:: Invectives. 1896.
:: Hombres. 1904.
:: Biblio-sonnets. 1895.

Prose (Prosa)
Paul Verlaine, por Paterne Berrichon
:: Les Poètes maudits. 1884.
:: Louise Leclercq. 1886.
:: Les Mémoires d’un veuf. 1886.
:: Mes hôpitaux. 1891.
:: Quinze jours en Hollande. 1893. 
:: Mes prisons. 1893.
:: Les hommes d’aujourd’hui. 1894.
:: Confessions. 1895.

Correspondance (Correspondência)
:: Correspondance de Verlaine à Rimbaud. Tome I et II.

Anthologies (Antologia)
:: Album de vers et de prose. 1888.

Œuvres complètes (Obras completas)
:: Œuvres complètes. Tome premier: [Poèmes saturniens; Fêtes galantes; La Bonne Chanson; Romances sans paroles; Sagesse; Jadis et naguère]. Tome deuxième: [Amour; Bonheur; Parallèlement; Chansons pour elle; Liturgies intimes; Odes en son honneur].
Tome troisième: [Élégies; Dans les limbes; Dédicaces; Épigrammes; Chair; Invectives]. 
Tome quatrième: [Les poètes maudits; Louise Leclerq; Les mémoires d'un veuf; Mes hôpitaux; Mes prisons].Tome cinquième: [Confessions; Quinze jours en Hollande; Les hommes d'aujourd'hui]. Édition Léon Vanier, 1901–1905.

Œuvres posthumes (obras póstumas) 
:: Œuvres posthumes. Tome premier: [Vers de jeunesse; Varia; Parallélement (additions); Dédicaces (additions); Souvenirs; Histoires comme ça]. Tome deuxième: [Charles Baudelaire; Voyage en France par un français; Souvenirs et promenades; Quelques vers inédits; Dessins de Paul Verlaine]. Édition Albert Messein, 1911–1913.

Principales éditions modernes (principais edições modernas)
Paul Verlaine, por Anders Leonard Zorn (1895)
:: Œuvres complètes. [présentation chronologique d'après manuscrits, textes originaux et variantes, par Jacques Borel et Samuel Silvestre de Sacy]. 2 vol., Paris, Le Club Du Meilleur Livre, 1959.
:: Œuvres poétiques. [textes établis avec chronologie, introductions, notes, choix de variantes et bibliographie par Jacques Robichez]. Garnier, 1969.
:: Œuvres en prose complètes. [texte établi, présenté et annoté par Jacques Borel]. Bibliothèque de la Pléiade, Gallimard, 1972.
:: Verlaine et les siens, heures retrouvées: poèmes et documents inédits. André Vial, Nizet, 1975.
:: Œuvres poétiques complètes. [texte établi et annoté par Y.-G. Le Dantec]. Bibliothèque de la Pléiade, Gallimard, 1938; complété et présenté par Jacques Borel, 1989.
:: Paul Verlaine, Nos murailles littéraires. [textes retrouvés, présentés et annotés par Michael Pakenham]. Paris, l'Échoppe, 1997.
:: Romances sans paroles, suivi de Cellulairement. [éd. critique établie, annotée et présentée par Olivier Bivort]. Livre de poche, 2002.
:: Paul Verlaine, Correspondance générale: I, 1857-1885. [collationné, présenté et annoté par Michael Pakenham]. Paris, Fayard, 2005.
:: Paul Verlaine, Hombres/Chair Manuscrits. [édition critique établie par Pierre-Marc de Biasi, Deborah Boltz et Seth Widden]. collection L'Or du Temps. Paris: Textuel, 2009.


PUBLICAÇÕES DA OBRA DE PAUL VERLAINE NO BRASIL

Paul Verlaine, par Félix Valloton
:: Paralelamente a Paul Verlaine. (antologia poética). Paul Verlaine. [tradução Guilherme de Almeida; desenhos de Dorca]. Edição Bilíngue. São Paulo: Livraria Martins, 1944. (reeditado pela Hedra, sob o título “A voz dos botequins e outros poemas”, em 2010).
:: A Voz dos Botequins e Outros poemas. (antologia poética). Paul Verlaine. [organização e tradução Guilherme de Almeida; introdução Marcelo Tápia]. São Paulo: Editora Hedra, 2010.
:: Poesias Escolhidas. Paul Verlaine. [tradução Onestaldo de Pennafort]. Porto Alegre: Editora Globo, 1945.
:: Festas Galantes (Fêtes galantes). Paul Verlaine. [introdução, tradução e notas de Onestaldo de Pennafort].  Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2ª ed., 1958.
:: Verlaine - passeio sentimental. (Poemas). Paul Verlaine.  [Seleção, tradução, prefácio e notas de Jamil Almansur Haddad]. São Paulo: Circulo do Livro, 1989.
:: Para ser caluniado: poemas eróticos. Paul Verlaine. [apresentação, seleção e tradução Heloisa Jahn]. Editora brasiliense, 1984.


PUBLICAÇÕES DA OBRA DE PAUL VERLAINE EM PORTUGAL

:: Sageza (sagesse). Paul Verlaine. [introdução e tradução Maria Gabriela Llansol]. Lisboa: Relógio d'Água, 1997.
:: Poemas Saturnianos e Outros. Paul Verlaine. [tradução, prefácio, cronologia e notas de Fernando Pinto do Amaral].  Edição bilíngue. Lisboa: Assírio & Alvim, 1994.

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Paul Verlaine, por Cesare Bacchi (1938)

POEMAS ESCOLHIDOS DE PAUL VERLAINE (BILÍNGUE PORTUGUÊS/FRANCÊS)


A voz dos botequins
A voz dos botequins, a lama das sarjetas,
Os plátanos largando no ar as folhas pretas,
O ônibus, furacão de ferragens e lodo,
Que entre as rodas se empina e desengonça todo,
Lentamente, o olhar verde e vermelho rodando,
Operários que vão para o grêmio fumando
Cachimbo sob o olhar de agentes de polícia,
Paredes e beirais transpirando imundícia,
A enxurrada entupindo o esgoto, o asfalto liso,
Eis meu caminho – mas no fim há um paraíso.

*

Le bruit des cabarets
Le bruit des cabarets, la fange des trottoirs,
Les platanes déchus s’effeuillant dans l’air noir,
L’omnibus, ouragan de ferraille et de boues,
Qui grince, mal assis entre ses quatre roues,
Et roule ses yeux verts et rouges lentement,
Les ouvriers allant au club, tout en fumant
Leur brûle-gueule au nez des agents de police,
Toits qui dégouttent, murs suintants, pavé qui glisse,
Bitume défoncé, ruisseaux comblant l’égout,
Voilà ma route — avec le paradis au bout.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 56-57.

§§

Arieta
Paul Verlaine, par Gustave Courbet
Il pleut doucement sur la ville.
(Arthur Rimbaud)

Chora o meu coração
Como chove na rua;
Que lânguida emoção
Me invade o coração?

Ó frio murmúrio
Nas telhas e no chão!
Para um coração vazio,
Ó aquele murmúrio!

Chora não sei que mal
Meu coração cansado.
Um desengano? Qual!
É sem causa este mal.

É a maior dor – dói tanto! –
Não se saber por quê,
Sem ódio ou amor, no entanto
O coração dói tanto.

*

Ariette
Il pleut doucement sur la ville.
(Arthur Rimbaud)

Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville.
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur?

O bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits!
Pour un coeur qui s'ennuie,
O le chant de la pluie!

Il pleure sans raison
Dans ce coeur qui s'écoeure.
Quoi! nulle trahison?
Ce deuil est sans raison.

C'est bien la pire peine
De ne savoir pourquoi,
Sans amour et sans haine,
Mon coeur a tant de peine.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 62-63.

§§

Arte poética
            [A Charles Morice]

Antes de tudo, a Música. Preza
Portanto, o Ímpar. Só cabe usar
O que é mais vago e solúvel no ar
Sem nada em si que pousa ou que pesa.

Pesar palavras será preciso,
Mas com certo desdém pela pinça:
Nada melhor do que a canção cinza
Onde o Indeciso se une ao Preciso.

Uns belos olhos atrás do véu,
O lusco-fusco no meio-dia
A turba azul de estrelas que estria
O outono agônico pelo céu!

Pois a Nuance é que leva a palma,
Nada de Cor, somente a nuance!
nuance, só, que nos afiance
o sonho ao sonho e a flauta na alma!

Foge do Chiste, a Farpa mesquinha,
Frase de espírito, Riso alvar,
Que o olho do Azul faz lacrimejar,
Alho plebeu de baixa cozinha!

A eloquência? Torce-lhe o pescoço!
E convém empregar de uma vez
A rima com certa sensatez
Ou vamos todos parar no fosso!

Quem nos dirá dos males da rima!
Que surdo absurdo ou que negro louco
Forjou em jóia este toco oco
Que soa falso e vil sob a lima?

Música ainda, e eternamente!
Que teu verso seja o vôo alto
Que se desprende da alma no salto
Para outros céus e para outra mente.

Que teu verso seja a aventura
Esparsa ao árdego ar da manhã
Paul Verlaine, par Frédéric Bazille (1868)
Que enche de aroma ótimo e a hortelã…
E todo o resto é literatura.

*

Art poétique
[a Charles Morice]

De la musique avant toute chose,
Et pour cela préfère l’Impair
Plus vague et plus soluble dans l’air,
Sans rien en lui qui pèse ou qui pose.

Il faut aussi que tu n’ailles point
Choisir tes mots sans quelque méprise :
Rien de plus cher que la chanson grise
Où l’Indécis au Précis se joint.

C’est des beaux yeux derrière des voiles,
C’est le grand jour tremblant de midi,
C’est, par un ciel d’automne attiédi,
Le bleu fouillis des claires étoiles !

Car nous voulons la Nuance encor,
Pas la Couleur, rien que la nuance !
Oh ! la nuance seule fiance
Le rêve au rêve et la flûte au cor !

Fuis du plus loin la Pointe assassine,
L’Esprit cruel et le Rire impur,
Qui font pleurer les yeux de l’Azur,
Et tout cet ail de basse cuisine !

Prends l’éloquence et tords-lui son cou !
Tu feras bien, en train d’énergie,
De rendre un peu la Rime assagie.
Si l’on n’y veille, elle ira jusqu’où ?

O qui dira les torts de la Rime ?
Quel enfant sourd ou quel nègre fou
Nous a forgé ce bijou d’un sou
Qui sonne creux et faux sous la lime ?

De la musique encore et toujours !
Que ton vers soit la chose envolée
Qu’on sent qui fuit d’une âme en allée
Vers d’autres cieux à d’autres amours.

Que ton vers soit la bonne aventure
Eparse au vent crispé du matin
Qui va fleurant la menthe et le thym…
Et tout le reste est littérature.
- Paul Verlaine, O Anticrítico. [tradução Augusto de Campos]. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

§§

As Mãos
Paul Verlaine, par Marcellin Desboutin
As doces mãos que foram minhas,
Tão bonitas e tão pequenas
Depois de enganos e de penas
E de tantas coisas mesquinhas,

Depois de portos tão risonhos,
Províncias, cantos pitorescos,
Reais como em tempos principescos,
As doces mãos abrem-me os sonhos.

Mãos em sonho sobre a minha alma,
Que sei eu o que vos dignastes,
Entre tão pérfidos contrastes,
Dizer a esta alma pasma e calma?

Mentirá minha visão casta
De espiritual afinidade,
De maternal cumplicidade
E de afeição estreita e vasta?

Remorso bom, mágoa tão boa,
Sonhos santos, mãos consagradas,
Oh! essas mãos, mãos veneradas,
Fazei o gesto que perdoa!

*

Les Mains
Les chères mains qui furent miennes,
Toutes petites, toutes belles,
Après ces méprises mortelles
Et toutes ces choses païennes,

Après les rades et les grèves,
Et les pays et les provinces,
Royales mieux qu'au temps des princes,
Les chères mains m'ouvrent les rêves.

Mains en songe, mains sur mon âme,
Sais-je, moi, ce que vous daignâtes,
Parmi ces rumeurs scélérates,
Dire à cette âme qui se pâme?

Ment-elle, ma vision chaste,
D'affinité spirituelle,
De complicité maternelle,
D'affection étroite et vaste?

Remords si cher, peine très bonne,
Rêves bénis, mains consacrées,
Ô ces mains, ces mains vénérées,
Faites le geste qui pardonne!
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 68-69.

§§

Canção de outono
Paul Verlaine,  par Natalie Gontcharova (1906)
Estes lamentos
Dos violões lentos
Do outono
Enchem minha alma
De uma onda calma
De sono.
E soluçando,
Pálido, quando
Soa a hora,
Recordo todos
Os dias doidos
De outrora.
E vou à toa
No ar mau que voa.
Que importa?
Vou pela vida,
Folha caída
E morta.

*

Chanson d’automne
Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.
Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure
Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 40-41.

§§

Colóquio sentimental
No velho parque frio e abandonado
Duas formas passaram, lado a lado.

Olhos sem vida já, lábios tremendo,
Apenas se ouve o que elas vão dizendo.

No velho parque frio e abandonado,
Dois vultos evocaram o passado.

– Lembras-te bem do nosso amor de outrora?
– Por que é que hei de lembrar-me disso agora?

– Bate sempre por mim teu coração?
Vês sempre em sonho minha sombra? – Não.

– Ah! aqueles dias de êxtase indizível
Em que as bocas se uniam! – É possível.

– Como era azul o céu, e grande, o sonho!
– Esse sonho sumiu no céu tristonho.

Assim por entre as moitas eles iam,
E só a noite escutou o que diziam.

*

Colloque sentimental
Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux formes ont tout à l’heure passé.

Leurs yeux sont morts et leurs lèvres sont molles,
Et l’on entend à peine leurs paroles.

Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux spectres ont évoqué le passé.

– Te souvient-il de notre extase ancienne?
– Pourquoi voulez-vous donc qu’il m’en souvienne?

– Ton coeur bat-il toujours à mon seul nom?
Toujours vois-tu mon âme en rêve? – Non.

– Ah ! les beaux jours de bonheur indicible
Où nous joignions nos bouches! – C’est possible.

– Qu’il était bleu, le ciel, et grand, l’espoir!
– L’espoir a fui, vaincu, vers le ciel noir.
Tels ils marchaient dans les avoines folles,
Et la nuit seule entendit leurs paroles.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 48-49.

§§

Paul Verlaine, par Eugène Carrière (1891)
(Acervo Musée d'Orsay)
De uma Prisão
O céu azul, sobre o telhado,
Tem tanta calma!
Uma árvore, sobre o telhado,
Move uma palma.

O sino, sob o céu ao lado,
Dobra bem lento,
Um pássaro, na arvore ao lado,
Canta um lamento.

A vida aí está, num apagado,
Simples, descanso,
Vem da cidade esse apagado
Rumor tão manso.

– Ó tu que aí estás, pobre coitado,
Nessa ansiedade,
Que fizeste, pobre coitado,
Da mocidade?

*

D'une Prison
Le ciel est, par-dessus le toit,
Si bleu, si calme!
Un arbre, par-dessus le toit,
Berce sa palme.

La cloche, dans le ciel qu'on voit,
Doucement tinte.
Un oiseau sur l'arbre qu'on voit
Chante sa plainte.

Mon Dieu, mon Dieu, la vie est là
Simple et tranquille.
Cette paisible rumeur-là
Vient de la ville.

Qu'as-tu fait, ô toi que voilà
Pleurant sans cesse,
Dis, qu'as-tu fait, toi que voilà,
De ta jeunesse?
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 70-71.

§§

É o êxtase langoroso...
Le vent dans la plaine Suspend son haleine.
(Favart)

É o êxtase langoroso,
É o cansaço amoroso,
É todo o bosque a vibrar
Ao enlace das aragens,
São, nas grisalhas ramagens,
Mil vozes a cochichar.

Ó o fino e fresco ciclo!
É chilreio e murmúrio,
Parece esses doces ais
Que a relva móvel suspira...
Dirias, na água que gira,
Rolar de seixos causais.

Essa alma que se lamenta
Nessa queixa sonolenta
Não seria a nossa, ai de nós?
A minha à tua enlaçada,
Exalando a humilde toada
Nesta tarde, a meia-voz?

*

C'est l'extase langoureuse
Le vent dans la plaine Suspend son haleine.
(Favart)

C’est l’extase langoureuse,
C’est la fatigue amoureuse,
C’est tous les frissons des bois
Parmi l’étreinte des brises,
C’est, vers les ramures grises,
Le chœur des petites voix.

Ô le frêle et frais murmure!
Cela gazouille et susurre,
Cela ressemble au cri doux
Que l’herbe agitée expire...
Tu dirais, sous l’eau qui vire,
Le roulis sourd des cailloux.

Cette âme qui se lamente
En cette plainte dormante,
C’est la nôtre, n’est-ce pas?
La mienne, dis, et la tienne,
Dont s’exhale l’humble antienne
Par ce tiède soir, tout bas?
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 60-61.

§§

Em surdina
Paul Verlaine, par Edouard Chantalat
Calmos, na sombra incolor
Que dos galhos altos vem,
Impregnemos nosso amor
Deste silêncio de além.

Juntemos os corações
E as almas sentimentais
Entre as vagas lassidões
Das framboesas, dos pinhais.

Cerra um pouco o olhar, no teu
Seio pousa a tua mão,
E da alma que adormeceu
Afasta toda intenção.

Deixemo-nos persuadir
Pelo sopro embalador
Que vem a teus pés franzir
As ondas da relva em flor.

A noite solene, então,
Dos robles negros cairá,
E, voz da nossa aflição,
O rouxinol cantará.

*

En sourdine
Calmes dans le demi-jour
Que les branches hautes font,
Pénétrons bien notre amour
De ce silence profond.

Fondons nos âmes, nos coeurs
Et nos sens extasiés,
Parmi les vagues langueurs
Des pins et des arbousiers.

Ferme tes yeux à demi,
Croise tes bras sur ton sein,
Et de ton coeur endormi
Chasse à jamais tout dessein.

Laissons-nous persuader
Au souffle berceur et doux
Qui vient à tes pieds rider
Les ondes de gazon roux.

Et quand, solennel, le soir
Des chênes noirs tombera,
Voix de notre désespoir,
Le rossignol chantera.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 46-47.

§§

Green
Aqui estão frutos, flores, folhas, que eu vos trouxe,
E um coração que só por vós sabe pulsar.
Não o despedaceis com vossa mão tão doce,
E possa o humilde dom ser grato ao vosso olhar.

Ainda tenho no rosto o orvalho que a alvorada
Vem regelar em mim com sua viração.
Que esta minha fadiga, a vossos pés prostrada,
Sonhe os instantes bons que a reconfortarão.

Deixai rolar no seio moço a frente lenta
Em que ainda ecoam vossos beijos musicais;
Deixai-a sossegar da bendita tormenta,
E que eu durma um instante, enquanto repousais.

*

Green
Voici des fruits, des fleurs, des feuilles et des branches,
Et puis voici mon coeur qui ne bat que pour vous;
Ne le déchirez pas avec vos deux mains blanches,
Et qu'à vos yeux si beaux l'humble présent soit doux.

J'arrive tout couvert encore de rosée
Que le vent du matin vient glacer à mon front.
Souffrez que ma fatigue à vos pieds reposée,
Rêve des chers instants qui la délasseront.

Sur votre jeune sein laissez rouler ma tête
Toute sonore encore de vos derniers baisers;
Laissez-la s'apaiser de la bonne tempête,
Et que je dorme un peu puisque vous reposez.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 64-65.

§§

Luar
Vossa alma é uma paisagem escolhida 
Que as máscaras e as bergamáscaras vão encantando 
Tocando o alaúde e dançando e quase 
Tristes sob seus mascaramentos fantásticos, 

Cantando tudo no modo menor 
O amor vencedor e a vida oportuna, 
Parecem não acreditar em sua felicidade 
E sua canção se mescla ao luar, 

Ao calmo luar triste e belo, 
Que faz sonhar os pássaros nas árvores 
E soluçar de êxtase os chafarizes, 
Os grandes chafarizes esbeltos no meio dos mármores. 

*

Clair de lune
Votre âme est un paysage choisi
Que vont charmant masques et bergamasques
Jouant du luth et dansant et quasi
Tristes sous leurs déguisements fantasques.

Tout en chantant sur le mode mineur
L'amour vainqueur et la vie opportune
Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur
Et leur chanson se mêle au clair de lune,

Au calme clair de lune triste et beau,
Qui fait rêver les oiseaux dans les arbres
Et sangloter d'extase les jets d'eau,
Les grands jets d'eau sveltes parmi les marbres.
- Paul Verlaine, em "O Simbolismo". [seleção, organização e tradução Álvaro Cardoso Gomes]. Série Príncipios 240. São Paulo: Ática, 1994, p. 30-31.

§§

Meu sonho familiar
Paul Verlaine, par Edmond
Aman-Jean (1892)
Sonho às vezes o sonho estranho e persistente
De não sei que mulher que eu quero e que me quer,
E que nunca é, de fato, uma única mulher
E nem outra, de fato, e me compreende e sente.

Compreende-me, e este meu coração, transparente
Para ela, não é mais um problema qualquer,
Só para ela, o meu suor de angústia, se quiser,
Chorando, ela transforma em frescura envolvente.

Se é morena, ou se loura, ou se ruiva – eu ignoro.
Seu nome? É como o nome ideal, doce e sonoro,
Dos amados que a vida exilou para além.

Seu olhar lembra o olhar de alguma estátua antiga,
E sua voz longínqua, e calma, e grave, tem
Certa inflexão de emudecida voz amiga.

*

Mon rêve familier
Je fais souvent ce rêve étrange et pénétrant
D'une femme inconnue, et que j'aime, et qui m'aime,
Et qui n'est, chaque fois, ni tout à fait la même
Ni tout à fait une autre, et m'aime et me comprend.

Car elle me comprend, et mon coeur, transparent
Pour elle seule, hélas ! cesse d'être un problème
Pour elle seule, et les moiteurs de mon front blème,
Elle seule les sait rafraîchir, en pleurant.

Est-elle brune, blonde ou rousse ? Je l'ignore.
Son nom ? Je me souviens qu'il est doux et sonore,
Comme ceux des aimés que la vie exila.

Son regard est pareil au regard des statues,
Et, pour sa voix, lointaine, et calme, et grave, elle a
L'inflexion des voix chères qui se sont tues.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 38-39.

§§

O amor por terra
O vento derrubou ontem à noite o Amor
Que, no recanto mais secreto do jardim,
Sorria retesando o arco maligno, e assim
Tanta coisa nos fez todo um dia supor!

O vento o derrubou ontem à noite. À aragem
Da manhã gira, esparso, o mármore alvo. E à vista
É triste o pedestal, onde o nome do artista
Já mal se pode ler à sombra da ramagem.

É triste ver ali de pé o pedestal
Sozinho! e pensamentos graves vêm e vão
No meu sonho em que a mais profunda comoção
Imagina um porvir solitário e fatal

É triste! – E tu, não é?, ficas emocionada
Ante o quadro dolente, embora olhando à toa
A borboleta de oiro e púrpura que voa
Sobre os destroços de que a aléa está juncada.

*

L’amour par terre
Le vent de l’autre nuit a jeté bas l’Amour
Qui, dans le coin le plus mystérieux du parc,
Souriait en bandant malignement son arc,
Et dont l’aspect nous fit tant songer tout un jour!

Le vent de l’autre nuit l’a jeté bas ! Le marbre
Au souffle du matin tournoie, épars. C’est triste
De voir le piédestal, où le nom de l’artiste
Se lit péniblement parmi l’ombre d’un arbre,

Oh! c’est triste de voir debout le piédestal
Tout seul! Et des pensers mélancoliques vont
Et viennent dans mon rêve où le chagrin profond
Évoque un avenir solitaire et fatal.

Oh! c’est triste! – Et toi-même, est-ce pas! es touchée
D’un si dolent tableau, bien que ton oeil frivole
S’amuse au papillon de pourpre et d’or qui vole
Au-dessus des débris dont l’allée est jonchée.
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 44-45.

§§

O lar, a estreita luz
Paul Verlaine, par (...)
O lar, a estreita luz de uma lâmpada honesta:
O desvaneio com um dedo contra a testa
E os olhos a sumir nos olhos bem-amados;
A hora do chá cheiroso e dos livros fechados;
O prazer de sentir o fim de uma noitada;
A adorável fadiga e a espera idolatrada
De uma sombra nupcial e de uma noite doce,
A tudo isso o meu sonho terno dedicou-se
Sem tréguas, contra vãs dilações cotidianas,
Devorando, impaciente, os meses e as semanas!

*

Le foyer, la lueur
Le foyer, la lueur étroite de la lampe;
La rêverie avec le doigt contre la tempe
Et les yeux se perdant parmi les yeux aimés;
L’heure du thé fumant et des livres fermés;
La douceur de sentir la fin de la soirée;
La fatigue charmante et l’attente adorée;
De l’ombre nuptiale et de la douce nuit,
Oh ! tout cela, mon rêve attendri le poursuit
Sans relâche, à travers toutes remises vaines,
Impatient mes mois, furieux des semaines!
- Paul Verlaine, em “A Voz dos Botequins e Outros Poemas”. [tradução Guilherme de Almeida]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, p. 54-55.

§§

Sobre a relva
O abade divaga. – E tu, marquês,
Te atrapalhaste com tua peruca?
— O velho vinho de Chipre é menos
suave, Camargô, que tua nuca.

— Minha chama... – Dó, mi, sol, lá, si.
— Abade, tua negrura desvela-se!
— Que eu morra então, minhas damas, se
Eu não detiver aquela estrela!

— Queria ser um pequeno cão!
— Que cada um abrace agora a sua
pastora. — Meus Senhores, e então?
— Dó, mi, sol. — Oh! Boa noite, Lua!

*

Sur L'Herbe
L’abbé divague. — Et toi, marquis,
Tu mets de travers ta perruque.
— Ce vieux vin de Chypre est exquis
Moins, Camargo, que votre nuque.

— Ma flamme... — Do, mi, sol, la, si.
— L’abbé, ta noirceur se dévoile.
— Que je meure, mesdames, si
Je ne vous décroche une étoile!

— Je voudrais être petit chien!
— Embrassons nos bergères, l’une
Après l’autre. — Messieurs, eh bien?

— Do, mi, sol. — Hé! Bonsoir, la Lune!
- Paul Verlaine. "Festas Galantes" (Fêtes Galantes). [introdução, tradução e notas Onestaldo de Pennafort]. 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1958.


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Paul Verlaine - Musée Verlaine

FORTUNA CRÍTICA DE PAUL VERLAINE
[Bibliografia sobre Paul Verlaine]

Paul Verlaine (1844-1896), par Granger
COELHO, Jacinto do Prado. De Verlaine a Camilo Pessanha e a Fernando Pessoa. in: Ao Contrário de Penélope. Lisboa: Livraria Bertrand, 1976, p. 209-214.
CUNHA, Fausto. Alphonsus e Verlaine: espelho só fragmentos. In: Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Livraria Editora Cátedra, 1988.
FAVRE, Yves-Alain. Paul Verlaine: Oeuvres poéthiques complètes. Paris: Éditions Robert Laffont, 2005.
GERVASIO, Tharlles Lopes. Traços decadentistas em Verlaine. Cadernos do CNLF, Vol. XIV, Nº 2, t. 2. Disponível no link. (acessado em 24.8.2014).
MARIETTI, Melissa Andréa. A constituição do sujeito poético e a noção de tempo na poesia de Paul Verlaine e na de Camilo Pessanha. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 2008.
MATANGRANO, Bruno Anselmi. "Camilo Pessanha revisitado: o 'Verlaine Português' à luz de Mallarmé". (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 2013.
MELLO, Celina Maria Moreira de. A transposição de arte nas Fêtes Galantes de Verlaine. In: III Encontro Franco-Brasileiro de Análise do Discurso, 1999, Rio de Janeiro. Anais do III Encontro Franco-Brasileiro de Análise do Discurso. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999. v. 1. p. 25-25.
NOULET, Émilie. Le ton poétique: Mallarmé, Verlaine, Corbière, Rimbaud, Valéry, Saint-John Perse. Paris: Librairie José Corti, 1971.
PEREIRA, Wiliam Mariano. Alphonsus de Guimaraens tradutor de Paul Verlaine. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade de São Paulo, USP, 2012. Disponível no link. (acessado 24.8.2014).
SILVA, Karla Noronha da. A poesia erótica verlainiana. (Monografia em Letras). Universidade Federal do Paraná, UFPR, 2007. Disponível no link. (acessado em 24.8.2014).
SILVA, Marcos Antonio da. Rir do corpo - Paródia e riso no poema de Rimbaud e Verlaine. ArtCultura (UFU), v. 15, p. 145-161, 2007.
SILVEIRA, Francisco Maciel. Verlaine sem meios- tons. Visão, São Paulo, p. 62-63, 08 abr. 1985.
QUEIROZ, Maria José de. Verlaine e Alphonsus no mosteiro simbolista. Revista Kriterion, Belo Horizonte, v. 24 nº 71, p. 165-200, 1978.
VALÉRY, Paul. Villon e Verlaine.in: Varidades. [organização Alexandre Barbosa; tradução Maiza Martins de Siqueira]. São Paulo: Iluminuras, 1999.



Paul Verlaine, Bibi la Purée et Stéphane Mallarmé no café Procope

Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Léon Valade, Ernest d'Hervilly et Camille Pelletan;  debout, au second plan - Pierre Elzéar, Emile Blémont et Jean Aicard.
par Henri Fantin-Latour (1872)

Paul Verlaine and Arthur Rimbaud, (Brussels, 10.7.1873) - montagem



Canção do outono
Os soluços graves 
Dos violinos suaves 
Do outono 
Ferem a minh'alma 
Num langor de calma 
E sono. 

Sufocado, em ânsia, 
Ai! quando à distância 
Soa a hora, 
Meu peito magoado 
Relembra o passado 
E chora. 

Daqui, dali, pelo 
Vento em atropelo 
Seguido, 
Vou de porta em porta, 
Como a folha morta 
Batido... 

*

Chanson d’automne
Les sanglots longs
Des violons
     De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
     Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
     Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
     Et je pleure.

Et je m'en vais
Au vent mauvais
     Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
     Feuille morte.
- Paul Verlaine. [tradução Alphonsus de Guimaraens]. publicado no Suplemento Literário de Minas Gerais.

O cantor francês Charles Trénet interpreta a Chanson d'Automne,
musicada por ele, na gravação original de 1940

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OBRAS MUSICADAS DE PAUL VERLAINE
Musique classique (Música Clássica)

Paul Verlaine
Charles Bordes16 poèmes.
Claude DebussyFantoches, En sourdine, Mandoline, Clair de lune en 1882; Pantomime en 1883; Ariettes oubliées entre 1885 et 1887; révisé en 1903; Trois mélodies en 1891 et Fêtes galantes en 1892.
Gabriel FauréPrison (« Le ciel est, par-dessus les toits…»), Clair de lune en 1887.
Reynaldo HahnD'une prison (« Le ciel est, par-dessus les toits... »), L'Heure exquise (« La lune blanche... »)
Arthur HoneggerUn grand sommeil noir.
Julien Joubert. Paul Verlaine, Ariettes oubliées, 1997; Aquarelles, 2011.
Sylvio Lazzari2 poèmes en 1901, symphonie Effet de nuit d'après Paul Verlaine, 1904.
Darius MilhaudTraversée texte de Paul Verlaine, Chœur mixte, 1961.
Maurice Ravel. Un grand sommeil noir et sur l'herbe, 1983.
Charles TournemireSagesse (« Mon Dieu m'a dit… »)
Edgar VarèseUn grand sommeil noir.

Chanson populaire (Canções populares)
Julos Beaucarne. Je fais souvent ce rêve étrange et pénétrant (Mon rêve familier), Voici des fruits, des fleurs (Green), N'est-ce pas (album 20 ans depuis 40 ans, 1997).
Georges Brassens. Colombine.
Benoît Dayrat. Green (album Cantiques païens).
Léo Ferré. 14 poèmes dans l'album Verlaine et Rimbaud (1964), dont Mon rêve familier, L'Espoir luit comme un brin de paille dans l'étable, Clair de lune, Art poétique, Chanson d'automne, Green…
Léo Ferré. Colloque sentimental et Si tu ne mourus pas dans l'album On n'est pas sérieux quand on a dix-sept ans (1987).
Léo Ferré. 24 poèmes dans l'album Maudits soient-ils ! (2004).
Danièle Gilbert. Colloque sentimental, Il pleure dans mon cœur (Album Danse avec les mots).
Jacques Higelin. Les sanglots longs.
Vadim Piankov. Chanson d'automne et La Bonne chanson.
Laurent Pierquin. Paul Verlaine, Œuvres Libres, 10 poèmes extraits des recueils d'œuvres libres mis en chanson, Skill And Style, 2009.
Charles Trenet. Verlaine (Chanson d'automne).
Jean-Marc Versini. 19 poèmes dans l'album Paul Verlaine chanté par Jean-Marc Versini (2008).

Jazz
Patricia Barber. Dansons la gigue (Streets I), 2002.

Rock/Pop
John Greavs. Verlaine (EAN 3760009291638 - Zig Zag Territoires), 2008.

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OBRAS DE PAUL VERLAINE ONLINE (FRANCES)

Verlaine, par (...)
:: Hombres: hommes. Imprimé sous le manteau. Disponível no link
:: Poèmes saturniens. Paris: Aleph, Lemerre, Libraire-Éditeur. 1867. Disponível no link.
:: Romances sans paroles. Sens Typographie de Maurice L'Hermitte, 1874. Disponível no link
:: Jadis et naguère: poésies. Paris. Librairie Léon Vanier, Éditeur, 1884. Disponível no link
:: Amour. Paris. Librairie Léon Vanier, Éditeur, 1888. Disponível no link.
:: Parallèlement. Paris. Librairie Léon Vanier, Éditeur, 1889. Disponível no link
:: Bonheur. Paris: Léon Vanier, Éditeur, 1891. Disponível no link.
:: Confessions. Paris: Publications Du "Fin de Siècle". 1895. Disponível no link.
:: Chair: dernières poésies. Paris: Biblithéque Artistique & Littéraire, 1896. Disponível no link.
:: Fêtes galantes. Paris: Socièté Artistique du Livre Illustré, 1899. Disponível no link.
:: Oeuvres complètes de Paul Verlaine. Paris. Librairie Léon Vanier, Éditeur, 1901 - 1905.
Tomo I Tomo II - Tomo III Tomo IV Tomo V.
:: Paul Verlaine: sa vie, son oeuvre.[ed. Edmond Leppelletier]. 7e éd., Paris: Mercvre de France, MCMXXIII. Disponível no link.
___
:: Fonte: Paul Verlaine - Data BNF - Bibliothèque nationale de France.


Verlaine, par (...)


OUTRAS FONTES DE PESQUISA

Paul Verlaine, par (...)
:: Paul Verlaine e Arthur Rimbaud 
:: Encyclopedia Britannica - Paul Verlaine (French poet) 


© A obra de Paul Verlaine é de domínio público

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske

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Trabalhos sobre o autor:
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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Paul Verlaine - o príncipe dos poetas. In: Templo Cultural Delfos, outubro/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada: 16.8.2014.
* Página original de AGOSTO/2014.


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Um comentário:

  1. para além da minha gratidão pela partilha sinto - me sem palavras porque são parcas perante as obras dos génios um grande bem aja aquele fraterno abraço

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