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Lya Luft - senhora absoluta de um universo

Lya Luft - foto: (...)

Auto-retrato
Alguém diz que sou bondosa:
está tão enganado que dá pena.
Alguém diz que sou severa,
e acho graça.
Não sou áspera nem amena:
estou na vida como o jardineiro
se entrega em cada rosa."
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.


“A vida é maravilhosa, mesmo quando dolorida. Eu gostaria que na correria da época atual a gente pudesse se permitir, criar, uma pequena ilha de contemplação, de autocontemplação, de onde se pudesse ver melhor todas as coisas: com mais generosidade, mais otimismo, mais respeito, mais silêncio, mais prazer. Mais senso da própria dignidade, não importando idade, dinheiro, cor, posição, crença. Não importando nada.”
- Lya Luft, em "O ponto cego".


Quem é Lya Luft? Uma mulher gaúcha, brasileira, que faz, cada vez mais, o que desde os três ou quatro desejava fazer: jogar com as palavras e com personagens, criar, inventar, cismar, tramar, sondar o insondável. "Tento entender a vida, o mundo e o mistério e para isso escrevo. Não conseguirei jamais entender, mas tentar me dá uma enorme alegria. Amo a vida, os amigos, os filhos, a arte, minha casa, o amanhecer."

Lya Luft - foto: Divulgação/O Globo
Lya Fett Luft é uma romancista, poetisa e tradutora brasileira. É também professora universitária e colunista da revista semanal Veja.

Nasceu em Santa Cruz do Sul no dia 15 de setembro de 1938. Professora de Literatura, é Mestre em Lingüística e Literatura Brasileira. Exerceu o magistério superior, como professora de Linguística. Sua atividade literária inclui a tradução, principalmente de autores de língua inglesa e alemã, dentre os quais Brecht, Virginia Woolf, Herman Hesse, Thomas Mann e Günther Grass. iniciou sua carreira literária escrevendo poemas e crônicas para o jornal Correio do Povo.

Conheceu seu primeiro marido, Celso Pedro Luft, quando tinha 21 anos. Com ele teve três filhos: Suzana, em 1965; André, em 1966; e Eduardo, em 1969.

Os primeiros poemas de Lya Luft foram reunidos no livro "Canções de Limiar" (1964). Em 1972 lançou o livro de poemas "Flauta Doce". Em 1976, escreveu alguns contos e enviou para Pedro Paulo Sena Madureira, que era então editor da Nova Fronteira.

Pedro Paulo respondeu dizendo que os contos eram todos "publicáveis", mas aconselhou Lya a escrever um romance. Em 1978, ela lançou seu primeiro livro de contos, "Matéria do Cotidiano".

A ficção entrou em sua vida dois anos depois de um acidente automobilístico quase fatal em 1979. Como se sentiu próxima da morte, diz a autora que começou a fazer tudo que evitava. Primeiro foi o lançamento de "As Parceiras", em 1980, e depois "A Asa Esquerda do Anjo", em 1981.

Em 1985, aos 47 anos, separou-se de Celso Pedro Luft e foi viver com o psicanalista e escritor Hélio Pellegrino, que morreu três anos depois. Em 1992 voltou a casar-se com o primeiro marido, de quem ficou viúva em 1995. A escritora é conhecida por sua luta contra os estereótipos sociais. Diz que não escreve exclusivamente sobre mulheres, mas que escreve sobre tudo o que a assombra.

Em 1982 publicou "Reunião de Família" e em 1984 outros dois livros: "O Quarto Fechado" (lançado nos EUA sob o título "The Island of the Dead") e "Mulher no Palco".

Em 1987 lançou "Exílio"; em 1989 o livro de poemas "O Lado Fatal", e em 1996, o premiado "O Rio do Meio" (ensaios). Em 1997, em "Secreta Mirada", discorreu sobre temas como a vida, a morte, o medo da perda, o amor e a maturidade. Em 1999, a escritora lançou o livro "O Ponto Cego". No ano 2000, "Mar de dentro" e "Histórias do tempo" e, em 2003, tornou-se uma best-seller com "Perdas e ganhos". Em 2008, publicou "O Silêncio dos Amantes", volume de contos.

Lya Luft - foto: Mauro Vieira/AE

"...Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade. Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça, seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer."
- Lya Luft


"Escrevo sobre o que não sei direito [...], escrevo para entender melhor e para dividir meus assombramentos com meu leitor."
- Lya Luft


CRONOLOGIA
Lya Luft - foto: FCW - 2003
1938 - Nasce em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, onde passa a infância e a adolescência.
1954 - Abandona os estudos por não ter boas notas.
1955 - Muda-se para Porto Alegre, onde estuda como aluna interna no Colégio Americano.
1957 - Com saudade da família, retorna à cidade natal, e conclui a escola normal no Colégio Sagrado Coração de Jesus.
1958 - Volta para Porto Alegre, estuda pedagogia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS.
1960 - Conclui a graduação em pedagogia e inicia o curso de letras.
1962 - Forma-se em línguas anglo-germânicas na PUC/RS. Vence o Concurso Estadual de Poesias do Instituto Estadual do Livro - IEL, com Canções de Limiar.
1963 - Casa-se com o linguista Celso Pedro Luft (1921 - 1995), que havia sido seu professor na faculdade. Escreve crônicas semanais para o jornal Correio do Povo e trabalha como tradutora para a Editora da Livraria do Globo.
1964 - É publicado seu primeiro livro de poemas, Canções de Limiar.
1969 - Passa a dar aulas de linguística na Faculdade Porto-Alegrense de Ciências e Letras.
1973 - Morre seu pai, a quem é muito ligada.
1974 - Começa a trabalhar como tradutora para a editora Record.
1975 - Conclui o mestrado em linguística na PUC/RS.
1977 - Por causa de um acidente de carro, fica imobilizada por cerca um ano.
1978 - Conclui o mestrado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
1980 - Deixa de trabalhar como cronista no Correio do Povo.
1984 - Abandona o magistério.
1985 - Rompe seu casamento com Celso Pedro Luft. Muda-se para o Rio de Janeiro, onde vive com o escritor e psicanalista Hélio Pellegrino (1924 - 1988).
1988 - Morre Hélio Pellegrino. Volta a viver em Porto Alegre com Celso Pedro Luft.
1995 - Morre Celso Pedro Luft.
1996 - O Rio do Meio, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA.
2002 - Ganha o Prêmio de Tradução Científica e Técnica da União Latina/Câmara Brasileira do Livro por Lete, de Harald Weinrich (1927).
2003 – Ganha o Prêmio FCW de Cultura, da Fundação Conrado Wessel (FCW).
2004 - Começa a escrever na coluna Ponto de Vista da revista Veja.
2006 - A atriz Cornelia Schönwald grava um áudio-book da tradução alemã de Perdas e Ganhos.
2013 – Ganha o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), na categoria de ficção, romance, teatro e conto, pela obra "O Tigre na Sombra".

  
Lya Luft - foto: Liane Neves

"Sou dos que escrevem como quem assobia no escuro: falando do que me deslumbra ou assusta desde criança, dialogando com o fascinante – às vezes trevoso – que espreita sobre o nosso ombro nas atividades mais cotidianas. Fazer ficções é, para mim, vagar à beira do poço interior observando os vultos no fundo, misturados com minha imagem refletida na superfície."
- Lya Luft, em “O rio do meio”, 1996, p. 13.


PRÊMIOS
Lya Luft - foto: (...)
1962 - Vence o Concurso Estadual de Poesias do Instituto Estadual do Livro - IEL, com “Canções de Limiar”.
1980 - Prêmio Alfonsina Storni de poesia, em Buenos Aires.
1984 - Prêmio Érico Veríssimo, da Assembleia do Rio Grande do Sul, pelo conjunto de sua obra.
1996 - Prêmio de melhor obra de ficção do ano, da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), pela obra "O Rio do meio".
2002 - Prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica, da Câmara Brasileira do Livro, pela tradução da obra “Lete: Arte e crítica do esquecimento, de Harald Weinrich (1927)”.
2003 - Prêmio FCW de Cultura, da Fundação Conrado Wessel (FCW).
2004 - Prêmio Recordista de Ouro, da Academia Brasileira de Letras (ABL), por ter sido a maior vendedora – com 580 mil exemplares – da sua editora em 2004.
2013 - Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), na categoria de ficção, romance, teatro e conto, pela obra "O Tigre na Sombra".


"Todo mundo recebe o seu papel ao nascer, antes de nascer. Desempenhá-lo bem é uma das muitas artes da vida. É preciso compartimentar: aqui ser feliz, ali desgraçado;com essa pessoa ser eu, com a outra ser inventado; [...]. Compartimentar para perdurar."
- Lya Luft, em “O ponto cego”, 1999, p. 40.


"Todos somos capazes de exercer a arte da vida e da construção de nós mesmos. Cada um de nós tem sua parcela de dons: ensinar, contemplar, cozinhar, criar filhos para a vida, mexer em engrenagens, construir estradas, organizar uma comunidade, escrever textos, pintar, dançar, fazer música. Ou simplesmente sonhar para que outros sonhem junto, não é isso boa parte do que fazem os artistas – o sal da terra, como os loucos?"
- Lya Luft, em excerto "Podemos ser Picasso", do livro 'Em outras palavras', 2006.



OBRA
Poesia
Lya Luft - foto: Dulce Helfer
Canções de limiar. 1ª ed., IEL - Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul, 1964.
Flauta doce - Tema e Variações 1965 - 1969. [Coleção Poetas de Hoje], 1ª ed., Porto Alegre: Editora Sulina, 1972, 52p.
Mulher no palco. 1ª ed., Rio de Janeiro: Salamandra, 1984, 93p.
O lado fatal. 1ª ed., São Paulo: Siciliano, 1988.
Secreta mirada. [prosa e poesia]. 1ª ed., São Paulo: Mandarim, 1997, 262p.
Pra não dizer adeus. 1ª ed., São Paulo: Editora Record, 2005, 144p.


Romance
As parceiras. 1ª ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, 149p.
A asa esquerda do anjo. 1ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara, 1981, 128p.
Reunião de família. 1ª ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, 128p.
O quarto fechado. 1ª ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, 133p.
Exílio. 1ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara, 1987, 201p.
A Sentinela. São Paulo: Siciliano, 1994, 164 p.
O ponto cego. 1ª ed., São Paulo: Mandarim, 1999, 144p.
Histórias do tempo. 1ª ed., São Paulo: Mandarim, 2000, 171p.
O Tigre na sombra. 1ª ed., São Paulo: Editora Record, 2012, 128p.


Memória/Biografia
Mar de dentro. 1ª ed., São Paulo: Arx, 2002. 154 p.


Contos e Crônicas
Matéria do cotidiano. [reunião de crônicas publicadas originalmente no jornal Correio do Povo]. 1ª ed., Porto Alegre/RS: Grafosul/ IEL - Instituto Estadual do Livro, 1978, 82p.
Pensar é transgredir. [contos e crônicas]. São Paulo: Editora Record, 2004, 192p.
Em outras palavras. [contos e crônicas]. São Paulo: Editora Record, 2006, 224p.
O Silêncio dos amantes. [contos e crônicas]. São Paulo: Editora Record, 2008, 160p.


Lya Luft - foto: Victor Soares/AB
Ensaios
O Rio do meio. 1ª ed., São Paulo: Mandarim, 1996, 149p.
Perdas e ganhos. São Paulo: Editora Record, 2003, 128p.
Múltipla escolha. São Paulo: Editora Record, 2010, 192p.
A riqueza do mundo. São Paulo: Editora Record, 2011, 272p.



Infantil e juvenil
Histórias de bruxa boa. [Coleção Galerinha]. São Paulo: Editora Record,  2004, 96p.
Criança pensa. [Coleção Galera]. São Paulo: Editora Record,  2009, 64p.
A volta da bruxa boa. [Coleção Galera]. São Paulo: Editora Record,  2007, 72p.

** Editora Record – catalogo da autora/obras  – Link


“Sinto-me um pouco intrusa vasculhando a minha infância. Não quero perturbar aquela menina no seu ofício de sonhar. Não a quero sobressaltar quando se abre para o mundo que tão intensamente adivinha, nem interromper sua risada quando acha graça de algo que ninguém mais percebeu.”
- Lya Luft, em “Mar de dentro”, 2002, p. 13.


Entrevistas
Lya Luft - foto: (...)
Entrevista - A riqueza do mundo. Site da Editora Record. Disponível no link. (acessado em 23.7.2013).
7 perguntas para Lya Luft. Goethe/de. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
No mundo da Lya. [especial, por Isabela Boscov]. revista Veja, edição 1843, 3 de março de 2004. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
Lya Luft: "A cultura alemã me influenciou muito". DW-World - Especial: entrevistas exclusivas 2002-2006. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
Lya Luft, autora de denúncia. [entrevista a César Munhoz/Educacional]. Disponível no link. (acessado 27.7.2013).


“E quando tudo me aborrecer de verdade, quando eu ficar cansada de minhas neuroses e manias, quando as pessoas estiverem demais distraídas, a paisagem perder a graça, a mediocridade instalar seu reinado e anunciarem o coroamento da burrice — vou espiar o letreiro que fala de uma riqueza disponível para qualquer um, e que botei como descanso de tela no meu eternamente ligado computador: Escute a canção da vida.”
- Lya Luft, em "A riqueza do mundo", 2011.


Crônicas e outros textos
A embocadura do rio. Revista Veja, 5 de junho 2013, p 24. Disponível no link. (acessado 26.7.2013).
Lya Luft adverte: "que não comecem entre nós!". Revista VEJA Edição 2190 - 10 de novembro de 2010.Disponível no link. (acessado 27.7.2013).


“Como raramente cumprimos esses mandados, já ao levantar de manhã nos acompanha a sensação de que algo está errado conosco: dúvida e frustração. Somos severos cobradores das nossas próprias ações. No esforço de realizar tarefas que talvez nem nos digam respeito, tememos olhar em torno e constatar que muita coisa falhou. Se falharmos, quem haverá de nos desculpar, de nos aceitar, onde nos encaixaremos, nesse universo de exitosos, bem-sucedidos, ricos e belos? Pois não se permite o erro, o fracasso, nesse ambiente perfeito. Duro dizer ‘amei torto, ignorei meus filhos, falhei com minha parceira ou parceiro, votei errado, fracassei na profissão, não ajudei meu amigo, abandonei meus velhos pais e esqueci meus sonhos’.”
- Lya Luft, em "Múltipla escolha", 2010.

Lya Luft - foto: Zero Hora

OBRA PUBLICADA NO EXTERIOR
Alemão
Wochenende mit Familie [Reunião em Família]. Tradução Karin von Shweder-Schreiner. Stuttgart: Klett-Cotta Verlag, 1992.
Die Frau auf der Klippe [As Parceiras]. Tradução Karin von Shweder-Schreiner. Stuttgart: Klett-Cotta, Stgt., 1994.
Gezeiten des Glücks [Perdas e Ganhos]. Tradução Karin von Shweder-Schreiner. Berlin: Marion von Schröder Verlag, 2005.


Catalão
Pèrdues i Guanys [Perdas e Ganhos]. Tradução Carles Sans. Barcelona: Edicions 62, 2005.


Lya Luft - Foto: Liane Neves
Espanhol
Pérdidas y Ganâncias [Perdas e ganhos]. Tradução Mario Merlino Tornini. Madrid: Aguilar, 2004.


Francês
Pertes et Profits [Perdas e Ganhos]. Tradução Geneviève Leibrich. Paris: Éditions Métailié, 2005.


Inglês
The Island of The Dead [O Quarto Fechado]. Tradução C. C. McClendon e B. J. Craige. Athens: University of Georgia Press, 1987.
The Red House [Exílio]. Tradução Giovanni Pontiero. Manchester: Carcanet Press, 1994.


Holandês
Geven en Nemen [Perdas e Ganhos]. Tradução Maartje de Kort. Amsterdam: de Boekerij, 2005.


Italiano
L'Ala Sinistra dell'Angelo [A Asa Esquerda do Anjo]. Tradução Maria Teresa Palazzolo. Republica San Marino: AIEP, 1993.
Perdite e Guadagni [Perdas e Ganhos]. Tradução R. Desti. Milano: Bompiani, 2006.


Sérvio
Dobici i Gubici [Perdas e Ganhos]. Tradução Ana Marković de Sanktis. Beograd: Laguna, 2006.


"Há um duelo permanente entre duas personalidades que habitam, talvez, todo mundo: uma, a convencional, que faz tudo "direito"; a outra, a estranha, agachada no porão da alma ou num sótão penumbroso; que é louca, assustadora, quer rasgar as tábuas da lei, transgredir, voar com as bruxas, romper com o cotidiano. E, interfere naquela, "boazinha", que todos pensam conhecer tão bem. Quando escrevi meu primeiro romance, descobri meu jeito de tentar reunir todas as sombras que se remexiam e chamavam, e de mergulhar, já sem medo, nesse rio do meio que tudo carrega para o mar definitivo."
- Lya Luft, em "O Rio do meio", 1996.

Lya Luft - foto: Livraria Saraiva

TRADUÇÕES REALIZADAS PELA AUTORA
[obs.: não identificamos todas as traduções, a autora traduziu mais de 100 obras]
BERNHARD, Thomas. Árvores abatidas: uma provocação. (Holzfällen: eine Erregung). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. 167 p.
BRECHT, Bertolt. Romance dos três vinténs. (Die Dreigroschenoper). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976. 359 p.
BROCH, Hermann. O encantamento. (Die Verzauberung). [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco, 1990. 343 p.
BÜHLER, Charlotte Malachowski. Vida psíquica do adolescente: análise experimental e teoria do psiquismo da puberdade. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Mestre Jou, 1980. (Das Seelenleben des Jugendlichen).
CLARKE, Gerald. Capote - uma biografia. (Capote: A Biography). Biografia e memória. [tradução Lya Luft. Porto Alegre: Editora Globo, 1993, 536 p.
DÖBLIN, Alfred. Berlim Alexanderplatz: a história de Franz Biberkopf. (Berlin Alexanderplatz: Die Geschichte von Franz Biberkopf). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. 432 p.
DÜRRENMATT, Friedrich. Grego procura grega. (Grieche sucht Griechin). Romance. [tradução Lya Luft]. Porto Alegre: Globo, 1966. 125 p.
DÜRRENMATT, Friedrich. Grego procura grega; A pane: uma história ainda possível. (Grieche sucht Griechin; Die Panne). Romance.  [tradução Lya Luft; e Stella Altenbernd]. Porto Alegre: Globo, 1986. 176 p.
Lya Luft - Foto: (...)
GOEBBELS, Joseph. Diário, últimas anotações 1945. (Tagebücher 1945). Memórias. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978. 282 p.
GRASS, Günter Wilhelm. Anos de cão. (Hundejahre). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Rocco, 1989. 604 p.
GRASS, Günter Wilhelm. Um campo vasto. (Ein weites Feld). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1998. 612 p.
GRASS, Günter Wilhelm. A ratazana. (Die Rättin). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 2002. 417 p.
HANDKE, Peter. A mulher canhota; Breve carta para um longo adeus. (Die Linkshändige Frau; Der kurze Brief zum langen Abschied). Romance.  [tradução Lya Luft e posfácio Marília Pacheco Fiorillo]. São Paulo: Brasiliense, 1985. 202 p.
HANDKE, Peter. A Ausência. (Die Abwesenheit). Romance. [tradução Lya Luft]. Rocco, 1987.
HÄRTLING, Peter. A sombra de Schumann. (Schumanns Schatten). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1999. 332 p.
HESSE, Hermann. Sobre a guerra e a paz. (Krieg und Frieden). Ensaio. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1974.
HESSE, Hermann. Pequenas alegrias. (Kleine Freuden). Prosa breve. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1977. 317 p.
HESSE, Hermann. Vivências. (Erzählungen). Novelas.  [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1977.
HESSE, Hermann. Narrativas: textos escolhidos. (Erzählungen).  [tradução e prefácio Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1981. 299 p.
HESSE, Hermann. Transformações. (Piktors Verwandlungen). Conto. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1984. 100 p.
HESSE, Hermann. Felicidade. (Sammlung). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 1999. 157 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Amor de cossaco. (Kosakenliebe). Romance.  [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1979. 187 p.
KONSALIK, Heinz Günther. O anjo dos esquecidos. (Engel der Vergessenen). Romance.  tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1979. 295 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Quente como o vento das estepes. (Heiß wie der Steppenwind). Romance. [tradução Lya Luft].  Rio de Janeiro: Record, 1979. 398 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Ninotchka: a heroína das estepes. (Ninotschka: die Herrin der Taiga). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1981. 190 p.
KONSALIK, Heinz Günther. O médico de Stalingrado. (Der Arzt von Stalingrad). Romance. [tradução Lya Luft; Erica Bier]. Rio de Janeiro: Record, 1981.
KONSALIK, Heinz Günther. Casamento por procuração. (Eine glückliche Ehe). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1982. 253 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Manobras de outono. (Manöver im Herbst). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1981. 334 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Ninguém vive de seus sonhos. (Niemand lebt von seinen Träumen). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1982. 204 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Amor em São Petersburgo. (Liebe in St. Petersburg). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1980. 203 p.
KONSALIK, Heinz Günther. A casa dos corações perdidos. (Das Haus der verlorenen Herzen). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1983. 271 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Expresso transiberiano. (Transsibirien-Express). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1982. 205 p.
KONSALIK, Heinz Günther. O coração do 6º exército. (Das Herz der 6. Armee). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1982. 281 p.
KONSALIK, Heinz Günther. Os amantes de Sotschi. (Die Liebenden von Sotschi). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1985. 208 p.
KONSALIK, Heinz Günther. O amor floresce na primavera. (Liebe lässt alle Blumen blühen). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1983. 239 p.
LESSING, Doris May. O eco distante da tormenta. [tradução Lya Luft].  Rio de Janeiro: Record, 1984. 264 p. (A ripple from the storm). Romance.
LESSING, Doris May. Exilada em seu país. (Landlocked). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1984. 269 p.
Lya Luft - Foto: (...)
LUKÁCS, Georg. Prolegômenos para uma ontologia do ser social: questões de princípios para uma ontologia hoje tornada possível. (Prolegomena zur Ontologie des gesellschaftlichen Seins). Ensaio. [tradução Lya Luft, com a colaboração de Rodnei Nascimento]. São Paulo: Boitempo, 2010. 414 p.
MANN, Heinrich. A juventude do rei Henrique IV. (Die Jugend des Königs Henri Quatre). Romance. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Editora Ensaio, 1993. 528 p.
MANN, Thomas. Confissões do impostor Felix Krull: memórias. (Bekenntnisse des Hochstaplers Felix Krull). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
MANN, Thomas. Os famintos e outras histórias. (Erzählungen). Contos. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 328 p.
MANN, Thomas. O eleito. (Der Erwählte). Romance. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Mandarim, 2000. 271 p.
MANN, Thomas. Sua Alteza Real. (Königliche Hoheit). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 339 p.
MANN, Thomas. Duas novelas: A lei e A enganada. (Das Gesetz. Die Betrogene ). Novela. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Mandarim, 2001. 174 p.
MÜLLER, Herta. O compromisso. (Heute wäre ich mir lieber nicht begegnet). Romance.
 [tradução Lya Luft]. São Paulo: Globo, 2004. 204 p.
MUSIL, Robert. Três mulheres. (Drei Frauen). Contos. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 135 p.
MUSIL, Robert. O jovem Törless. (Die Verwirrungen des Zöglings Törless). Coleção Grandes Romances. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 193 p.
PLATH, Sylvia. A redoma de vidro. (The Bell Jar). Romance. [tradução de Lya Luft]. Porto Alegre: Editora Globo, 1992. 221 p.
PLATH, Sylvia. Amarga fama - uma biografia de Sylvia Plath. (Bitter Fame - The life of Sylvia Plath, by Anne Stevenson). Biografia. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Editora Rocco. 1992. 483 p.
RILKE, Rainer Maria. Os cadernos de Malte Laurids Brigge. (Die Aufzeichnungen des Malte Laurids Brigge). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979. 146 p.
SAFRANSKI, Rüdiger. Heidegger: um mestre da Alemanha entre o bem e o mal. (Ein Meister aus Deutschland: Heidegger und seine Zeit). Biografia. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Geração Editorial, 2000. 518 p.
SAFRANSKI, Rüdiger. Nietzsche: biografia de uma tragédia. (Nietzsche: Biographie seines Denkens). Biografia.  [tradução Lya Luft]. São Paulo: Geração Editorial, 2001. 364 p.
SEBALD, Winfried G. Os emigrantes. (Die Ausgewanderten). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 2002. 236 p.
SEBALD, Winfried G. Os anéis de Saturno. (Die Ringe des Saturn: eine englische Wallfahrt). Romance.  [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 2002. 300p.
SIMMEL, Johannes Mario. A terra ainda é jovem. (Die Erde bleibt noch lange jung). Contos. [tradução Lya Luft].  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. 364 p.
SIMMEL, Johannes Mario. Ninguém quer um coração. (Zweiundzwanzig Zentimeter Zärtlichkeit). Romance. [tradução Lya Luft]. São Paulo: Círculo do Livro, 1983. 304 p.
SIMMEL, Johannes Mario. Não matem as flores. (Bitte lasst die Blumen leben). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983. 626 p.
SIMMEL, Johannes Mario. Viver é amar. (Wir heißen euch hoffen). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 610 p.
STRAUSS, Botho. Um homem jovem. (Der junge Mann). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 372 p.
Lya Luft - Foto: Victor Soares/AB
WEINRICH, Harald. Lete: arte e crítica do esquecimento. (Lethe: Kunst und Kritik des Vergessens). Ensaio. [tradução Lya Luft ].Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 350 p.
WOOLF, Virginia. O quarto de Jacob. (Jacob's room). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 206 p.
WOOLF, Virginia. Passeio ao farol. (To the lighthouse). Romance. [tradução Lya Luft].  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
WOOLF, Virginia. As ondas. (The waves). Coleção Grandes Romances. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. 222 p.
WOOLF, Virginia. Entre os atos. (Between the acts). Romance. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. 156 p.
ZWEIG, Stefan. Vinte e quatro horas na vida de um mulher, e outras novelas. (Vierundzwanzig Stunden aus dem Leben einer Frau). Contos. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1999. 238 p
ZWEIG, Stefan. O mundo que eu vi. (Die Welt von Gestern). Autobiografia. [tradução Lya Luft]. Rio de Janeiro: Record, 1999. 527p.



"O silêncio nos assusta por retumbar no espaço vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. (...) No susto que essa idéia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou a pasta. Não é para assistir a um programa: é pela distração."
- Lya Luft, em "Pensar é transgredir", 2004.

Lya Luft - Foto: Adriana Franciosi/Agencia RBS


ADAPTAÇÕES
Teatro
Título: Reunião de família
(adaptação do romance de Lya Luft)
Ano: 1984
Adaptação: Caio Fernando Abreu
Direção: Luciano Alabarse
Local: Clube da Cultura, em Porto Alegre/RS
Comentário: Caio Fernando Abreu faz ainda a adaptação para teatro do livro Reunião de Família, da escritora gaúcha Lya Luft. O texto apresenta os dramas individuais e os conflitos familiares que afloram durante um encontro em um fim de semana. "A adaptação de Caio foi magnífica, a peça, montada, foi um sucesso, e a partir dali acho que passei a entender melhor meus personagens, com seus labirintos e dramas existenciais, agora vistos em carne e osso", escreve Lya Luft. Para o crítico Cláudio Heemann, o espetáculo destoa da exuberância dos trabalhos anteriores do grupo, "a peça define-se como obra de atmosfera, mais evocativa do que explosiva".
Notas:
LUFT, Lya. Caio, amado amigo. Veja, São Paulo, 8 mar. 2006. Disponível no link. (acessado 27.07.2013).
HEEMANN, Cláudio. Reunião de família. Zero Hora, Porto Alegre, 19 jun. 1984.
Fonte: Enciclopédia do Teatro Brasileiro Itaú Cultural

Lya Luft - Foto: (...)
Televisão
Episódio: Minha mãe
O universo da escritora Lya Luft
[Série “Escritores Gaúchos”].
Adaptação: Fabiano de Souza e Manoela Sawitzki
Direção: Marta Biavaschi
Produção executiva: Surreal
Realização: RBS TV de Porto Alegre/RS
Exibição (data/ano): 26 de agosto de 2007
Coordenação de produção: Zanza Pereira
Direção geral: Gilberto Perin




"Fazer ficção é vagar à beira do poço interior observando os vultos no fundo, misturados com minha imagem refletida na superfície."
- Lya Luft, in “O rio do meio”, 1996.


Lya Luft - Foto: (...)
POEMAS ESCOLHIDOS

Aviso
Se me quiserem amar, terá de ser agora:
depois, estarei cansada.
Minha vida
foi feita de parceria com a morte:
pertenço um pouco a cada uma,
para mim sobrou quase nada.

Ponho a máscara do dia,
um rosto cômodo e fixo:
assim garanto a minha sobrevida.
Se me quiserem amar, terá de ser hoje:
amanhã, estarei mudada.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Canção a medo
Esse teu silêncio, essa voz
que murmura brevemente
em horas improváveis,
esse castigo de não te alcançar
me assusta:
de que tamanho este iniciante amor
que já me invade tanto, e aonde me leva?

De tal modo
me torna parte de ti
que não sei mas quem sou, que faço,
de que lado me volto para te ver
de longe ao menos, os olhos de promessa
e as mãos que, mal tocando as minhas,
conformam os meus dias.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Canção da entrega
Uma cavala de flancos intensos,
patas rebeldes, sem dono nem domação,
rebenta espumas no galope, namora
o amor e desafia a sorte.

Cavala dourada e sensual, crinas de leite,
talvez centaura: marcado no lombo um nome,
uma audácia e uma ausência.
Beijos na memória como cicatrizes,
a espera e a entrega:
desabalada cavala, na sua danação
e sua glória.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Lya Luft - Foto: Mauro Vieira/AE
Canção da escuta
O sonho na prateleira
me olha com seu ar
de boneco quebrado.

Passo diante dele muitas vezes
e sorrimos um para o outro,
cúmplices de nossos desastres cotidianos.

Mas quando o pego no colo
(como às bonecas tão antigamente)
para avaliar se tem conserto
ou se ficará para sempre como está,
sinto sem estranheza
que dentro dele ainda bate
um pequeno tambor obstinado
e marca – timidamente –
um doce ritmo nos meus passos.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Canção da imortalidade
Os filhos que tive são adultos,
com filhos que também tiveram: sangue
e cílios,
jeito de andar, gesto
e gosto nesta vida estão nessas carnes que pari.

Através delas olham-me o amado morto, o pai morto,
a avó perdida, e o mistério de tudo
que sempre me assombrou. Rosa de espantos,
cata-vento de traços espalhados
como num milagre de multiplicação,
cheio de surpresas: porque ali
naquele olho azul me vejo, naquela fina mão te vejo,
amado meu, como eles se verão futuramente
quando nós formos apenas sombra
na memória.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção da mirada secreta
Foram-se os amores que tive
ou me tiveram. Partiram
num cortejo silencioso e iluminado.
A solidão me ensina
a não acreditar na morte
nem demais na vida: cultivo
segredos num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e os seus recados,
e os olhos deles que ainda brilham
como pedras de cor entre as raízes.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Canção da vez primeira
Guardei-me para ti como um segredo
que eu mesma não desvendei:
há notas na minha viola
que não toquei,
há praias na minha vida
que não andei.

É preciso que me tomes
além do riso e do olhar
naquilo que não conheço
e adivinhei;
é preciso que me cantes
a canção do que serei
e me cries com teu gesto
que nem sonhei.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Canção desse Rumor
Quem - estando ausente - entra no quarto
Quem deita ao lado meu, quem passa
No meu coração seus lábios quentes, quem
Desperta em mim as feras todas
Quem me rasga e cura
Quem me atrai?

Quem murmura na treva e acende estrelas
Quem me leva em marés de sono e riso
Quem invade meu dia após a noite
Quem vem – estando ausente -
E nunca vai?
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção do amor sereno
Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.

Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.

Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.

Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Lya Luft - Foto: (...)
Canção do caleidoscópio
Quando achei que era tempo de sossego
jorraste nas minha veias
como um vento sagrado, um mar perdido.
Quando esperei que tudo tivesse sido
vivido, sofrido e chorado,
amadureceu esta fruta em meu deserto.

Quando pensei chegar no fim
de todos os corredores,
esta porta se abriu: sei que estás ali
a desenhar paisagens novas
plantar árvores e deitar rios
onde eu imaginava haver sabedoria
e um corpo apaziguado,
nada mais.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção do recomeço
A casa que voltei depois de tantos anos
bóia como uma ilha de aguapés na noite
presa por uma raiz a um tempo doce e dolorosa,
que me define.

Na madrugada, caminho pela casa como no fundo do mar
onde essa raiz se finca.
Pelas vidraças, o jardim são algas;
meus filhos dormem em seus quartos como quando
eram meninos:
nossas respirações, como sentimento, fundem-se
neste bojo.

Este é meu lugar aonde voltei depois de tantos anos
como quem, misturando peças dos enigmas mais
arcaicos, montasse laboriosamente o seu quebra-cabeça.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Canção do rio do meio
Um rio jorra entre o porão e o sótão:
leva dores e amores, e nosso último riso
há tanto tempo.
Mas numa curva qualquer, porque de novo amamos,
tudo pulsa e brilha de ousadia,
sabendo que temos pela frente
esse calor, esse rumor de águas na areia.


Passa no meio de nós, entre o sonho do sótão
e o medo dos porões, o rio da vida:
que me leve para ti ainda uma vez e muitas,
que venhas até mim antes daquela curva
com a audácia e o fervor que tínhamos perdido.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção como aviso
As minhas emoções estão intactas
como antes de acordar: serenas
nesta solidão, nem sei se esperam.
Será preciso alimentar de novo
a chama adormecida
do amor que armou incêndios na penumbra
e me apagou.

Estou aqui ainda, enriquecida a mais
com as memórias doces da alegria.
Para me alumiar, quem venha agora
terá de compreender o meu receio
de que seja longa só a fantasia
e breve a permanência de quem veio.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção em outras palavras
O melhor cuidado com o amor
é deixar que floresça,
pois amor não se cultiva: é flor
selvagen, bela por ser livre.
Como as estações do ano, ele se abre,
dorme, e volta a perfumar a vida.
Amor é dom que se recebe
com ternura, para que não pereça
sua delicadeza em nossa angústia.

O amor não deve encerrar a coisa possuída,
mas ser parapeito de janela, ou cais
de onde se desprendam os revôos
e partam os navios da beleza
para voltar ou não, conforme amarmos:
nem de menos
nem demais.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção em campo vasto
Deixa-me amar-te com ternura, tanto
que nossas solidões se unam
e cada um falando em sua margem
possa escutar o próprio canto.

Deixa-me amar-te com loucura, ambos
cavalgando mares impossíveis
em frágeis barcos e insuficientes velas
pois disso se fará a nossa voz.

Deixa-me amar-te sem receio, pois
a solidão é um campo muito vasto
que não se deve atravessar a sós.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", 1997.



Canção em segredo
Dentro desta mulher
um anjo menino
brinca de ciranda na calçada
e tem fome de futuro.
Dentro desta mulher
uma criança se debruça na janela
vendo chegar o amor
e se julga imortal.

Dentro desta mulher
uma guerreira constrói sua vida
depois de parir filhos para o mundo.
Dentro desta mulher
outra mulher enterra o seu amor perdido
e mesmo assim espera.

Dentro desta mulher
o mistério das coisas
finge dormir.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Canção na plenitude
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
- Lya Luft, em "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.



Lya Luft - foto: GNT
Canção pensativa
Um toque da solidão, e um dedo
severo me traz à realidade: não depender
dos meus amores, não me enfeitar
demais com sua graça, mas ver
que cada um de nós é um coração sozinho.

Cada um de nós perenemente
é um espelho a se mirar, sabendo
que mesmo se nesse leito frio e branco
um outro amor quer derramar-se em nós,
entre gélido cristal e alma ardente
levanta-se paredes para sempre.

(E para sempre
a amante solidão nos chama e abraça.)
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.


Círculo
Na vida na morte
esta chama, esta fonte,
esta noite invadida:
seus panos na cama
seus passos na casa
sua voz ao meu lado,
meu bem no seu mundo
varando meu peito:
me povoa, me coroa
de beijos e mágoas
me prende em sua rede,
me define, me redime
me inventa e desinventa
me habita e transfigura,
no ritmo das águas
deste rio sem fundo
que chama na fonte
da morte, na vida.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.


Convite
Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.
- Lya Luft, em "Perdas e Ganhos", 2003, pág. 12.



Dádiva
Derrama sobre mim tua esperança de homem,
tanto tempo contida:
planta em meu solo a árvore da renovação,
mais alta do que noite escura.

Larga a solidão, apaga a desesperança,
inventa um novo reino
onde as águas não são naufrágio,
nem o amor desengano.

Vem para esta enseada, onde há ventania
e risco, mas podes ancorar teu coração
depois da longa procura,
para que ele pouse e pulse e brilhe

como a estrela-do-mar em seu fundo
de oceano.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Dança lenta
Não somos nem bons nem maus:
somos tristes. Plantados entre chão
e estrelas, lutamos com sangue,
pedras e paus, sonho
e arte.

Nem vida nem morte:
somos lúcida vertigem,
glória e danação. Somos gente:
dura tarefa.
Com sorte, aqui e ali a ternura
faz parte.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Dizendo adeus
Estou sempre dando adeus:
também ao desencontro e ao
desencanto.
Estou sempre me despedindo
do ponto de partida que me lança de si,
do porto de chegada que nunca é
aqui.
Estou sempre dizendo adeus:
até a Deus,
para o reencontrar em outra esquina
de adeuses.
Estarei sempre de partida,
até o momento de sermos deuses:
quando me fizeres dar adeus à solidão
e à sombra.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Então algo mudou
Então algo mudou: o tom de voz, o olhar que se
esquiva, a mão que se afasta.
A porta precisa ser fechada, a ponte levantada,
queimados os navios. Levaremos meses, anos estendendo
as mãos para um vazio, interrogando uma
ausência.
Encarar a realidade é um modo de morrer. Mas sem
isso, não haverá renascimento.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Lya Luft - foto: Fernando Malungo
Escolha
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.

Opto pela loucura, com um grão
de realidade:
meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.

Desculpem, mas devo dizer:
eu quero o delírio
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Essa máscara
Essa máscara de placidez
tanto me absorveu, que hoje
não há distância entre eu e ela:
revela a minha face,
suave e sutil,
e que me torna amiga.

Sou ela, ou serei eu?
Talvez, por tão antiga,
seja ela o meu rosto e seja máscara
esse outro perfil que olha para dentro.
Mansa por fora: dentro uma floresta escura,
poço de paixão, abismo e arremesso.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Estou sempre nos limiares
Estou sempre nos limiares:
sou sempre esta pausa antes
do início de uma canção,
sou um momento de espera,
quase um fim de solidão.

Sou margem de caminho para a morte,
gesto que pressente atrás do véu:
promessa de chuvas sob o céu,
e vôo que antes de partir
repousa...
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Homens são passos
Homens são passos; mulheres são perfumes
que se aproximam, param e se esquivam
sem lançar raízes nessa treva.
Beijam-se às vezes, como num murmúrio,
e eu abro meus lábios tão precários,
para depois, num mundo só de beijos,
pousar a mão sobre meus olhos mortos,
como se baixasse nesses entrevados
o teu carinho, a medo.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Inútil espera
O rumor de uns passos enérgicos,
a voz me chamando no jardim, na sala
rosas com nomes secretos, e um perfume
igual ao dela.
Legou-me sua alegria inesperada,
o amor à vida,
e algo do perfil. Não sua beleza:
essa ficou nos retratos.
Nada lhe significo mais:
quando me vê enxerga outros rostos,
mais reais do que eu na sua ilha.
É minha mãe e não é,
vive e não vive, na clausura da mente
adormecida.

Mas eu,
a cada visita espero o impossível:
que ainda uma vez o seu olhar me alcance,
e por um momento ame, nesta mulher, a sua filha.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005, p. 44.



Lembro-me de ti
Lembro-me de ti
Nesse instante absoluto,
A vida conduzida por um fio de música.
Intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo
Onde tudo será permitido.

Se é só isso que podemos ter,
Que seja forte. Que seja único.
Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Lya Luft - foto: Liane Neves
Mar de menina
Havia um mar,
e ali brotava uma ilha
povoada de lobos e de pensamentos.
Havia um fundo escuro e belo
onde os náufragos dançavam com sereias.
Havia ansiedade e abraço.
Havia âncora e vaguidão.

Brinquei com peixes e anjos,
fui menina e fui rainha,
acompanhada e largada,
sempre a meia altura
do chão.

A vida um barco, remos ou ventos,
tudo real e tudo
ilusão.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005, p. 37.



Maturidade
Caminho entre as minhas perdas
que são insetos escuros,
e os meus ganhos: douradas borboletas.

A luz de uma paixão, o dedo da morte,
o grave pincel da solidão
desenharam meus contornos, firmaram
meu chão.

Que liberdade, não precisar pensar;
que alívio não ter de administrar
minha vida:
apenas andar, e olhar,
apenas ouvir essas vozes
que vêm de longe, passam por mim
e não me dão importância.

Porque no vasto oceano,
a minha eventual desarmonia
é só uma gota
desafinada.
Mais nada.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Meu jeito
Se te pareço ausente, não creias:
Hora a hora o meu amor agarra-se aos teus braços,
Hora a hora o meu desejo revolve estes escombros
E escorrem dos meus olhos mais promessas.

Não acredites neste breve sono;
Não dês valor maior ao meu silêncio;
E se leres recados numa folha branca,
Não creias também: é preciso encostar
Teus lábios em meus lábios para ouvir.

Nem acredites se pensas que te falo:
Palavras
São o meu jeito mais secreto de calar.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Ônus
A esperança me chama,
e eu salto a bordo
como se fosse a primeira viagem.
Se não conheço os mapas,
escolho o imprevisto:
qualquer sinal é um bom presságio.

Seja como for, eu vou,
pois quase sempre acredito:
ando de olhos fechados
feito criança brincando de cega.
Mais uma vez saio ferida
ou quase afogada,
mas não desisto.

A dor eventual é o preço da vida:
passagem, seguro e pedágio.
- Lya Luft, em “Para não dizer adeus”, 2005. p. 33



O rio do tempo
O tempo não existe,
nem dentro nem fora.
Esses peixes de opala
são nomes que nadam na memória:
são rostos. são risos, são prantos,
são as horas felizes.

O tempo não existe,
pois tudo continua aqui, e cresce
como se arredonda uma árvore
pesada de frutos que são peixes,
que são nomes, são rostos
com máscaras.

O tempo não existe. Sou apenas
o aqui e o presente, e o atrás disso,
como um rio que corre mas não passa
- pois ele é sempre, em mim, agora.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Perder, ganhar
Com as perdas, só há um jeito:
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é saborear cada um
como uma fruta boa da estação.
A vida, como um pensamento,
corre à frente dos relógios.
O ritmo das águas indica o roteiro
e me oferece um papel:
abrir o coração como uma vela
ao vento, ou pagar sempre a conta
já vencida.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Revelação
Quando chegaste,
redescobri em mim inocência e alegria.
Removi a máscara que sobrava:
nada havia a esconder de ti,
nem medo - a não ser partires.

Supérfluas as palavras,
dispensada a aparência, fiquei eu,
sem prumo,
como antes da primeira dúvida
e do último desencanto.

Quando chegaste,
escutei meu nome como num outro tempo.
o meu lado da sombra entregou
o que ninguém via:
as feridas sem cura e a esperança sem rumo.

Começa a crer, por mim, que o amor é possível,
e que a vida vale a pena e o pranto
de cada dia.
- Lya Luft, em "Perdas e ganhos", 2003.



Lya Luft - Foto: (...)
Rosto com dois perfis
Renuncio às palavras
e às explicações.
Ando pelos contornos,
onde todos os significados
são sutis, são mortais.

Não quero perder o momento
belo. Quero vivê-lo mais,
com a intensidade que exige a vida:
desgarramento e fulguração.

Então me corto ao meio e me solto
de mim:
a que se prende e a que voa,
a que vive e a que se inventa.
Duplo coração:
a que se contempla e a que nunca
se entende,
a que viaja sem saber se chega
– mas não desiste jamais.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Semântica
Não se enganem comigo:
se digo sul pode ser norte,
chego mas fico ausente,
o triste é também o belo,
procuro o que não se perde
nem se pode encontrar.

Buscar resposta nos livros
é esconder-se entre linhas.
Não creio no que se enxerga,
mas nisso que se disfarça
por mais que se tente olhar:
assim me tem seduzida.

Eis o jogo que eu persigo,
meu jeito de ser feliz,
o desafio que me embala:
sempre que escrevo "morte"
estou falando da vida.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Tanto
[para Lygia Fagundes Telles]

Nada entendo de signos:
se digo flor é flor, se digo água
é água. ( Mas pode ser disfarce de um segredo.)
Se não podem sentir, não torçam
a arvore-de-coral do meu silêncio:
deixem que eu represente meu papel.

Não me queiram prender como a um inseto
no alfinete da interpretação:
se não me podem amar, me esqueçam.
Sou uma mulher sozinha num palco,
e já me pesa demais todo esse ofício.
Basta que a torturada vida das palavras
deite seu fogo ou mel na folha quieta,
num texto qualquer com o meu nome embaixo.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Tão sutilmente em tantos breves anos
Tão sutilmente em tantos breves anos
foram se trocando sobre os muros
mais que desigualdades, semelhanças,
que aos poucos dois são um, sem que no entanto
deixem de ser plurais:
talvez as asas de um só anjo, inseparáveis.
Presenças, solidões que vão tecendo a vida,
o filho que se faz, uma árvore plantada,
o tempo gotejando do telhado.
Beleza perseguida a cada hora, para que não baixe
o pó de um cotidiano desencanto.

Tão fielmente adaptam-se as almas destes corpos
que uma em outra pode se trocar,
sem que alguém de fora o percebesse nunca.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Todas as águas
Quando pensei que estava tudo cumprido
havia outra surpresa: mais uma curva
do rio, mais riso e mais pranto.

Quando calculei que tudo estava pago,
anunciaram-se novas dívidas e juros,
o amor e o desafio.

Quando achei que estava serena,
os caminhos se espalmaram
como dedos de espanto

em cortinas aflitas. E eu espio,
ainda que o olhar seja grande
e a fresta pequena.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Lya Luft - Foto: (...)
Trapezista
A vida chega em silêncio;
desenvolve reflexos,
interroga esfinge
que responde ou nega
num espelho baço.
(A resposta nunca é clara
nem é pequena.)

Não é a mim que vejo:
é o outro, num misto de incerteza
e esperança de que não seja
mais um rosto virado,
uma boca cerrada
- mais um desgosto
a cada passo.

Desejo, sonho e medo,
o amor é salto em rede
entre a razão e a magia,
(E só assim vale a pena.)
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.



Ter um colo
Ter um colo para os desamados,
os lúcidos, terríveis loucos,
que varam as noites rasgando a alma
e sentindo na boca o gosto do próprio sangue:
mas não posso.

Um me escreve cartas lancinantes,
outro quer se matar, outro ainda
ficou cego de amor e já não pode viver.

Fico diante da lareira toda a noite
olhando o fogo que não devora o mundo.
O amor, todo o amor, no fundo
é cinza.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Última canção
Deus,
eu faço parte do teu gado:
esse que confinas em sonho e paixão
e às vezes em terrível liberdade.
Sou, como todos, marcada neste flanco
pelo susto da beleza, pelo terror da perda
e pela funda chaga dessa arte
em que pretendo segurar o mundo.
No fundo,
Deus,
eu faço parte da manada
que corre para o impossível,
vasto povo desencontrado
a quem tanges, ignoras
ou contornas
com teu olhar absorto.
Deus,
eu faço parte do teu gado
estranhamente humano,
marcado para correr amar morrer
querendo colo, explicação, perdão
e permanência.
- Lya Luft, em "Secreta mirada", 1997.



Um anjo vem
Um anjo vem todas as noites:
senta-se ao pé de mim, e passa
sobre meu coração a asa mansa,
como se fosse meu melhor amigo.
Esse fantasma que chega e me abraça
(asas cobrindo a ferida do flanco)
é todo o amor que resta
entre ti e mim, e está comigo.
- Lya Luft, em "Mulher no palco", 1984.



Viagem
Não é preciso morar na esquina
nem ser jovem ou belo:
o amor melhor é sempre dentro
e perto.
Chega inesperado,
vem forte vem doce, acalma
e desatina.

Se está na minha rua ou vem de fora,
ele ignora o tempo e a idade:
o amor é sempre
agora.

É vento sutil e mar sem beira:
o amor é destino de quem está aberto,
e dói sem remissão quando negado.

O melhor amor sacia a fome inteira:
mas tem de ser aceito,
tem de ser ousado, tem de ser
navegado.
- Lya Luft, em "Para não dizer adeus", 2005.
  
 
Lya Luft - Foto: Liane Neves
"A vida é uma tapeçaria que elaboramos, enquanto somos urdidos dentro dela. Aqui e ali podemos escolher alguns fios, um tom, a espessura certa, ou até colocar no desenho. Linhas de bordado podem ser cordas que amarram ou rédeas que se deixam manejar: nem sempre compreendemos a hora certa ou o jeito de as segurarmos. Nem todos somos bons condutores; ou não nos explicaram direito qual desenho a seguir, nem qual a dose de liberdade que podíamos – com todos os riscos assumir."
- Lya Luft, em "O Rio do meio", 1996, p.105.


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Lya Luft - Foto: Alesc
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Lya Luft (Feira do Livro Gramado) - Foto: Prefeitura de Gramado/RS

"A infância é o chão sobre o qual caminharemos o resto dos nossos dias. Se for esburacado demais vamos tropeçar mais, cair com mais facilidade e quebrar a cara - o que pode até ser saudável, pois nos dará chance de reconstruirmos nosso rosto."
- Lya Luft, em “Perdas e danos”, p.26.


"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."
- Lya Luft (fonte Releituras).


Lya Luft - Foto: (...)

"Predomina a idéia de que a velhice é uma sentença da qual se deve fugir a qualquer custo – até mesmo nos mutilando ou escondendo. No espírito de manada que nos caracteriza, adotamos essa hipótese sem muita discussão, ainda que seja em nosso desfavor. Isso se manifesta até na pressa com que acrescentamos, como desculpa: "Sim, você está, eu estou, velho aos 80 anos, mas... jovem de espírito." Por que ser jovem de espírito seria melhor do que ter um espírito maduro ou velho? Ter mais sabedoria, mais serenidade, mais elegância diante de fatos que na juventude nos fariam arrancar os cabelos de aflição, não me parece totalmente indesejável. Vou detestar se, ficando velha, alguém quiser me elogiar dizendo que tenho espírito jovem. Acho o espírito maduro bem mais interessante do que o jovem. Mais sereno, mais misterioso, mais sedutor. Assim como não gostei quando certa vez pensando me agradar um crítico escreveu que embora sendo mulher eu escrevia 'com mão de homem'."
- Lya Luft, em "Perdas e Ganhos".


"Palavras gastam-se como pedras de rio: mudam de forma e significado, de lugar, algumas desaparecem, vão ser lama de leito das águas. Podem até reaparecer renovadas mais adiante.
Felicidade é uma delas.
Banalizou-se porque vivemos numa época de vulgarização de grandes emoções e desejos, tudo fast-food, prêt-à-porter, pronto para o microondas, fácil e rápido... e tantas vezes anêmico."
- Lya Luft, em "Perdas e ganhos", p. 91.

Lya Luft - Foto: Mauro Vieira/AE

"A vida que imaginamos é uma casa transparente sem janelas nem saídas. A gente a constrói com palavras e silêncios, abraços e afastamentos, uma vida paralela a isso que parece o concreto cotidiano. Ali o amado não entra, a amada fica de fora, sombras e luzes como espectros dançam e acenam. Fora dessa casa de vidro existe outra vida, que chamamos real. Com pão e manteiga, aroma de café, lençóis úmidos de sexo, filhos correndo, pais envelhecendo, contas a pagar, cargos a ocupar, nomes e marcas e tráfegos e sonhos e consumo, e sonhos de consumo. E dor."
- Lya Luft, em "O tigre na sombra", 2012.



O lado fatal
I
Hélio Pellegrino e Lya Luft
[Foto: acervo família Luft]
Quando meu amado morreu, não pude acreditar:
andei pelo quarto sozinha repetindo baixo:
"Não acredito, não acredito."
Beijei sua boca ainda morna,
acarinhei seu cabelo crespo,
tirei sua pesada aliança de prata com meu nome
e botei no dedo.
Ficou larga demais, mas mesmo assim eu uso.

II
Muita gente veio e se foi.
Olharam, me abraçaram, choraram,
todos com ar de uma incrédula orfandade.

III
Aquele de quem hoje falam e escrevem
(ou aos poucos vão-se esquecendo)
é muito menos do que este, deitado em meu coração,
meu amante e meu menino ainda.

IV
Deus
(ou foi a Morte?)
golpeou com sua pesada foice
o coração do meu amado
(não se vê a ferida, mas rasgou o meu também).
Ele abriu os olhos, com ar deslumbrado,
disse bem alto meu nome no quarto do hospital,
e partiu.

Quando se foram também os médicos e suas
[ máquinas inúteis,
ficamos sós: a Morte (ou foi Deus?)
o meu amado e eu.
Enterrei o rosto na curva do seu ombro
como sempre fazia,
disse as palavras de amor que costumávamos trocar.
O silêncio dele era absoluto: seu coração emudecido
e o meu, varados por essa dourada foice.
Por onde vou deixo o rastro de um sangue denso
[e triste
que não estancará jamais.

V
Insensato eu estar aqui, e viva.
O rosto dele me contempla
vincado e triste no retrato sobre minha mesa;
em outros, sorri para mim, apaixonado e feliz.
Insensato, isso de sobreviver:
mas cá estou, na aparência inteira.

Vou à janela esperando que ele apareça
e me acene com aquele seu gesto largo e generoso,
que ao acordar esteja ao meu lado
e que ao telefone seja sempre a sua voz.

Sei e não sei que tudo isso é impossível,
que a morte é um abismo sem pontes
(ao menos por algum tempo).

Sobrevivo, mas pela insensatez.

VI
Pensei que estávamos apenas no começo:
a casa mal-e-mal nos alicerces.
Mas provavelmente estava concluída
e eu não sabia.
Tínhamos erguido em nossos poucos anos
as paredes necessárias;
o telhado se inclinava ao jeito certo,
e havia vidraças nas janelas.
(Éramos felizes ali dentro
mesmo com as tempestades de fora.)
Tudo se construiu num lapso tão curto:
até a porta de entrada, por onde ele saiu
casualmente como quem vai comprar jornal.A porta está apenas encostada
embora pareça alta, dura, intransponível:
do lado de lá, o meu amor vê as maravilhas
que tanto nos intrigavam nesta vida.

VII
Celso Luft e Lya Luft
[Foto: acervo família Luft]
Tanto escrevi sobre a morte
em livros e poemas nesses anos:
sempre achei que a entendia um pouco.

Mas agora que ela me dilacerou a vida,
me rasgou o peito,
me levou o amado,
sinto que mal começo a compreender
sua mensagem:
tirando-o de mim, a morte o devolve
para que seja mais meu.

Dentro de mim um quebra-cabeças, e nele
[o meu amado.
Nem Deus o tirará daqui.

VIII
O meu amado morreu:
viver sem ele, como dói.
Não tivemos filhos juntos,
nosso passado foi tão breve que era sempre
[presente.
Um dia ele mandou fazer um par de alianças
de pesada prata, parecendo antigas;
gravou apenas nossos nomes, sem data, e disse:
"Somos um só desde sempre."
Ainda não acreditei em sua morte,
e talvez isso me salve por enquanto.
Levantar-me da cama cada dia é um ato heróico,
acender o cigarro, atender o telefone, tomar café.
Mas faço tudo isso:
falo, ando, recebo visitas.
Compro móveis para a casa onde moro sem ele,
imaginando: será que ele vai gostar?

De algum secreto lugar me vem a força
para erguer a xícara, acender o cigarro,
até sorrir quando alguém me diz:
"Você hoje está com a cara ótima",
quando penso se não doeria menos
jogar-me de um décimo-primeiro andar.

XIX
Lya Luft - Foto: (...)
Amado meu, agora morto,
postado do lado de lá da fronteira que nos seduzia,
mudo e quedo como se não existisses:
eu sei que existes,
intensamente, ardentemente existes,
feito e desfeito no fogo de um amor maior que
[o nosso
mas que nos abrange.

Amado meu, morto agora e para sempre vivo,
hás de ter ainda o intenso olhar que me entendia,
as curvas amorosas da boca que chamou meu nome,
as belas, inquietas mãos que ardiam nas minhas.
Ajuda-me agora, silencioso que estás,
a suportar a sobrevida
e a decifrar esse alto, intransponível muro que me
[cerca.

X
Nunca tivemos filhos juntos, e ele reclamava:
"Nosso amor merecia um filho ao menos.

"Nosso filho é a minha dor de hoje,
é a fulguração que nos deixava tontos,
é o novelo da memória que teço e reteço
nas minhas insônias.

Nosso filho é o meu tempo de agora
para falar do meu amado:
da sua força e sua fragilidade,
da sua indignação e seus prantos,
da sua necessidade de ser amado e aceito
como finalmente deve estar sendo, por inteiro,
na realização de todos os seus vastos desejos.

XI
O meu amor enveredou por sua morte
como quem vai a um encontro de amor:
impaciente.
Deixou-me este coração golpeado,
esta derrota.
Mas também ficou a claridade desses anos
e a sensação de que ele finalmente
vive o encontro de amor
que toda a devoção de minha vida não lhe poderia
[dar.(Um dia, celebraremos juntos.)

XII
Se me tivessem amputado braços e pernas
e furado o coração com frias facas
e cegado meus olhos com ganchos
e esfolado a minha pele como a de um podre bicho
- nada doeria mais
que te saber morto, amado meu,
depositado
nesse irremediável poço de silêncio de onde não
[respondes.(A não ser em sonho, quando me olhas
e tuas mãos tocam as minhas espalmadas,
abertas, feridas, vazias.)

XIII
O meu amado morreu:
preciso viver sua morte até o fim.
Morreu sem que se instalasse entre nós cansaço e
[banalidade.
Talvez tenha morrido na medida certa
para nada se desgastar.
Dele me vem a dor, mas também a ternura,
a claridade que me permite ver
em todos os rostos o seu rosto
em todos os vultos o seu vulto
e ouvir em todos os silêncios
o seu inesperado riso de criança

XIV
Estranha a vida:
fico tangendo meus dias
como um rebanho de ovelhas desordenadas
nessa triste e fria cidade de Porto Alegre
onde ele gostava de estar
olhando o pôr-do-sol e vendo amigos.
"Morrer é tomar um porre de não-desejo"
dizia o meu amado, que era um homem desejoso:
desejava a vida, desejava a morte, desejava
[a justiça,
desejava a eternidade e a paz.


Lya Luft, por Netto
Estranha a vida:
quando releio uma frase sua,
"viver é modular a morte",
em sangue e dor preparo a minha ida.

Estranho também esse amor,
com hora marcada para a mutilação
da morte, o minuto acertado,
e o fim consultando o relógio
para nos golpear.

Estranho esse amor de agora,
com meu amado atrás de um espelho baço
onde às vezes penso divisar seu vulto
como num aquário.
Enrolado em silêncio,
mais que nunca o meu amor comanda a minha vida.

XV
Não falem alto comigo:
andem sempre na ponta dos pés.
Principalmente, não me toquem.
Finjam que não vêem se tenho um jeito absorto,
se nem sempre entendo as perguntas
com a rapidez de antigamente,
se pareço fatigada
e sem graça como nunca fui.

Façam silêncio ao meu redor.
Não me interessa nada o cotidiano nem o místico.
Não quero discutir o preço do mercado
nem os grandes mistérios da eternidade.

XVI
Levo meu amado no peito
como quem carrega nos braços para sempre
uma criança morta.

XVII
Amado meu, que tanto ensinaste
de mim a mim mesma, e do mundo
a quem o conhecia pouco:

quando se desfizer escura a noite desta perda,
quero enxergar pelos teus olhos,
amar através do teu amor
as coisas que me restaram.

Amado meu, vivo em mim para sempre,
apesar da ruga a mais
e do olhar mais triste,
devo-te isto:
voltar a amar a vida
como agora amas, inteiramente,
a tua morte.
- Lya Luft, em “O lado fatal”. 1988.

Lya Luft, na sua casa em Porto Alegre - Foto: Liane Neves

"A chegada da velhice não precisa enferrujar a alma. Sendo inevitável, ela devia ser aguardada e recebida como uma amiga há muito anunciada. E ela vem aos poucos, vem mansa. Não precisamos pedir desculpas quando ela chega, inventando para os outros que temos menos idade do que temos. (...) O espírito é mais importante do que rugas, manchas, andar lento e corpo encolhido: não o espírito jovem, mas um espírito próprio de cada idade, aberto e gentil."
- Lya Luft, em "Múltipla Escolha".

VEJA NO SITE: Lya Luft - entrevista 

Lya Luft, por J. Bosco
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Lya Luft - senhora absoluta de um universo. Templo Cultural Delfos, julho/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em 30.7.2013.



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8 comentários:

  1. Abismado e sobretudo muito surpreso. Lya talento nato.Nota-se a clareza e destreza das palavras. Valor a ser reverenciado,aprender a gostar das letras, educação e cultura.Jovens deveriam ler mais e cutivar a esta maravilha.

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    1. Olá Carlos,
      obrigada pela visita, fico feliz que tenhas gostado do post.
      Volte sempre,
      abraços

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  2. Simplismente Fantastico...
    Em resposta ao Carlos, tenho 16 e gosto muito de ler, uma pena que jovens da minha idade pensem apenas em futebol e festa...

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  3. Lya Luft está na minha vida desde sempre. Uma conversa de almas durante, praticamente, toda minha vida. Quando ela vinha com o Hélio em BH, eu sempre ia ouvi-la. Tenho todos seus livros e releio-os sempre.
    Excelente matéria. A melhor reportagem que li sobre ela. Parabéns!

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  4. Conheci Lya Luft quando comecei a ler "Perdas&Ganhos" que minha ex-mulher ganhou de Dia das Mães. Achei interessante o título, comecei a ler e fiquei cada vez mais fisgado, atraido e quando acabei de ler esta obra prima, resolvi comprar outros livros dela e, em breve, já tinha um monte de livros dela. Hoje em dia, tenho TODOS seus livros, inclusive os infantis. E sempre que consigo, afano, as crônicas que ela escreve para a revista Veja. Já assisti algumas noites de autografo, onde peço autografo e tenho um ligeiríssimo papo com ela e,hoje em dia, tenho no escritório da minha casa, fotos tiradas ao lado da maravilhosa Lya Luft. Para mim, ela é a escritora maxima da nossa lingua. Sempre me encantou ela colocar no início de cada capítulo, em cada um dos seus livros, um poema, sempre lindo. Adoro ver sempre seu lado de Poeta intimamente ligado ao seu lado de escritora. Adorei este trabalho primoroso aqui apresentado e vou voltar outras vezes visto que é um material tão extenso, que é quase um livro. Parabens a FENSKE, Elfi Kürten pelo primoroso trabalho aqui apresentado.

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    1. Faço das suas palavras, Ribamar, se me permitires, as minhas. Lya Luft encanta!

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  5. Lucia Maria, é um prazer notar que alguém apreciou o que eu escrevi sobre uma grande escritora brasileira, que une a poesia com a prosa, em todos os livros dela. Além disso é uma pessoa extremamente simpática, afável, muito doce. Como disse já estive em várias noites de autografos dela aqui no Rio. Não sei de onde vc é. E sempre que ela voltar para apresentar suas novas maravilhas pretendo comparecer, a não ser que seja num lugar totalmente fora de rumo para mim. Fiquei curioso e entrei na sua página que irei visitar com mais calma. Eu estou no facebook como Ribamar Oliveira, o do gato bonito com a charmosa gravatinha borboleta vermelha. Abçs

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