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Miriam Alves - poeta e prosadora

Miriam Alves - foto: Gean Carlo Seno

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho. 
Página original JUNHO/2016 | ** Página revisada, ampliada e atualizada ABRIL/2022.


ESBOÇO BIOBIBLIOGRÁFICO DE MIRIAM ALVES


Miriam Alves nascida em São Paulo, em 1952. É assistente social, professora e escritora. Integrou o movimento Quilombhoje Literatura de 1980 a 1989. Publicou em Cadernos Negros, de 1982 a 2011, contos e poemas.

Foi escritora visitante na Universidade do Novo México, no segundo semestre de 2007 e na Escola de Português de Middlebury College, nos Estados Unidos da América, em 2010, onde ministrou os cursos de Literatura e Cultura Afro-brasileira. Participou de debates sobre a literatura afrobrasileira e feminina nas Universidades do Texas, na Universidade do Tennessee e na Universidade de Illinois.

Participa, frequentemente, de debates e palestras em universidades, escolas, saraus e feiras literárias, no Brasil e exterior.

Publicou os seguintes livros: poemas 'Momentos de busca' (1983) e 'Estrelas nos dedos' (1985); teatro, peça 'Terramara' (1988), em coautoria com Arnaldo Xavier e Cuti; ensaios 'Brasilafro autorrevelado' (2010); contos 'Mulher Mat(r)iz' (2011) e 'Juntar pedaços' (2021) e os romances 'Bará na trilha do vento' (2015) e 'Maréia' (2019)

Co-organizou duas antologias bilíngües internacionais, Finally us: Contemporary Black Brazilian Women Writers, poemas, em 1995 e Women righting - Afro-Brazilian Women’s Short Fiction, contos, em 2005.

Tem contos e poemas publicados em diversas antologias brasileiras e estrangeiras. 

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Outros dados biográficos no Blog Miriam Alves (acessado em 16.6.2016). 


"O engajamento e a luta dos produtores de literatura negra, de forma geral, não são inseridos teoricamente nas historias de lutas negras contra a discriminação racial."
- Miriam Alves, no livro "Brasilafro Autorrevelado". São Paulo: Editora Nandyala, 2011, p.51. 

Miriam Alves - foto: SBischain

OBRA DE MIRIAM ALVES

Poesia
:: Momentos de buscaMiriam Alves. [prefácio Abelardo Rodrigues]. São Paulo: Edição da autora, 1982.
:: Estrelas no dedoMiriam Alves[prefácio Jamu Minka]. São Paulo: Edição da autora, 1985.
:: Poemas reunidos. Miriam Alves. [posfácio Emerson C. Inácio; orelha (texto) Heleine Fernandes]. Coleção Círculo de Poemas. Fósforo Editora, 2022.

Conto
:: Mulher mat(r)iz
– prosas de Miriam Alves.Miriam AlvesSão Paulo: Belo Horizonte: Nandyala, 2011.
:: Juntar pedaços. Miriam AlvesRio de Janeiro: Malê, 2021

Romance
:: Bará na trilha do vento
Miriam AlvesSalvador: Editora Ogum's Toques Negros, 2015.
:: MaréiaMiriam Alves. [prefácio Assunção de Maria Sousa e Silva; prólogo Giovana Xavier]. Rio de Janeiro: Malê, 2019. 

Teatro
:: Terramara (peça teatral).. [Miriam Alves, Arnaldo Xavier, e Cuti (Luiz Silva)]. São Paulo: Edições dos Autores, 1988.

Ensaio
:: 
BrasilAfroautorevelado: literatura afrobrasileira contemporâneaBelo Horizonte: Editora Nandyala, 2011.
:: Miriam Alves plural: teoria, ensaios críticos e depoimentos. [capa Alles Blau]. São Paulo: Editra Fósforo/Luna Parque, 2022. {autores presentes: Assunção de Maria Sousa e Silva, Bruno Duarte Nascimento, Cristian Sales, Denise Carrascosa, Fernanda Miranda, Flavia Santos de Araújo, Franciane Conceição Silva (Francy Silva), Giovana Xavier, Hildália Fernandes Cunha Cordeiro, Juliana Costa, Miriam Alves, Mirian Cristina dos Santos, Moema Parente Augel, Raffaella Fernandez, Sarah Ohmer, Selma Maria da Silva, Zula Gibi}.

Miriam Alves - foto: TV Assim
Organização Antologia 
:: Finally us | Enfim nós: contemporary Black Brazilian woman writers[organização Miriam Alves; tradução Carolyn R. Durham]. Edição bilíngue português-inglês. Colorado: Continent Press, 1995.
:: Women righting: Afro-Brazilian women's short fiction | Mulheres escre-vendo. [organização Miriam Alves e Maria Helena Lima]. Edição bilingüe inglês-português. Londres: Mango Publishing, 2005.

Entrevista, ensaios e artigos em jornais e revistas
ALVES, Miriam. 'Entrevista'. Callaloo. Baton Rouge, v.23. n.4, p. 1315-1316, 2000. (edição bilingüe inglês português).
________ . Axé Ogum. In: Quilombhoje (Org.) Reflexões sobre a literatura afrobrasileira. São Paulo: Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, 1985.
________ . Cem palavras. In: SEMOG, Éle. Corpo de negro rabo de brasileiro - Textos do II Encontro de Poetas e Ficcionistas Negros Brasileiros. Rio de Janeiro, 1986. p.26- 31.
________ . Discurso temerário. Miriam Alves, Luiz Silva (Cuti), Arnaldo Xavier (Orgs.). Criação crioula, nu elefante branco. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1987. p.83-86.
________ . Lésbica virtual – configurações de uma cibercultura. In: Bernadette Lyra, Bernadette e Wilton Garcia (Orgs.). Corpo e cultura: ensaios. São Paulo: Xamã: 2001. p.65-72.
________ . Cadernos negros 1 – o postulado de uma trajetória. In: DUARTE, Constância Lima, DUARTE, Eduardo de Assis, BEZERRA, Kátia da Costa (Org.). Gênero e representação: teoria, história e crítica. Belo Horizonte: Pós-graduação em Letras, Estudos Literários, UFMG, 2002. p.67-73.
________ . Empunhando bandeira: diálogo de poeta. In: SANTOS, Rick, GARCIA, Wilton (orgs.). A escrita de Adé – perspectivas teóricas dos estudos gays e lésbicos no Brasil. São Paulo: Nassau Comunity College; ABEH, Xamã, 2002. p.153-161.
________ . Cadernos negros (número 1): estado de alerta no fogo cruzado. In: FIGUEIREDO, Maria do Carmo, FONSECA, Maria Nazareth Soares (Orgs.). Poéticas afrobrasileiras. Belo Horizonte: Mazza Edições; Editora PUC Minas, 2002. p.221-240.
________ . Negra e lésbica: a leitura do corpo. In: LYRA, Bernadette, GARCIA, Wilton (orgs.). Corpo & Imagem. São Paulo: Ed. Arte & Ciência, 2002.
Abajur (Nightlamp). In: ALVES, Miriam e LIMA, Maria Helena (orgs.).
________ . Women righting – Afro-Brazilian women’s short fiction − mulheres escrevendoMiriam Alves e Maria Helena Lima (orgs.). Edição bilíngue. Londres: Mango Publishing, 2005.
________ . Escrevo porque não dá para não escrever: entrevista com Miriam Alves/ por Graziele Frederico, Lúcia Tormin Mollo e Paula Queiroz Dutra. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Scielo, n. 51, 2017. Disponível no link. (acessado em 8.12.2022).

Antologias, seletas, coletâneas (participação)
Miriam Alves - no Pelourinho Salvador BA
:: Cadernos Negros. [números 5, 7, 8, 9, 10, 12, 11, 13, 17, 19, 20, 21, 22, 24, 25, 26, 29, 30, 31, 32, 33]. São Paulo: Quilombhoje, 1982-2010.
:: Cadernos Negros: os melhores poemasSão Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura| Ministério da Cultura, 1998, p. 103-106.
:: Cadernos Negros: os melhores contosSão Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura| Ministério da Cultura, 1998, p. 129-133.
:: Axé antologia contemporânea da poesia negra brasileira. [organização Paulo Colina]. São Paulo: Editora Global, 1982.
:: A razão da chama: antologia de poetas negros brasileiros. [seleção e organização Oswaldo de Camargo]. São Paulo SP: GRD, 1986.
:: Mulheres entre linhas - II concurso de poesia e conto (revelação de novos valores femininos no Estado de São Paulo). São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, Conselho da Condição Feminina, 1986.
:: O negro escrito: breve antologia temática. [organização Oswaldo de Camargo]. São Paulo: Secretaria Estadual de Cultura / IMESP, 1987.
:: Poesia negra brasileira: antologia. [organização Zilá Bernd; prefácio Domício Proença Filho]. Porto Alegre: AGE; IEL; IGEL, 1992.
:: Contra lamúria. o livro. [organização Abílio Ferreira]. São Paulo: Casa Pindaíba, 1994.
:: Presença negra na poesia brasileira moderna. [organização Sebastião Uchoa Leite]. in: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São Paulo, n.25, p.142-43, 1997.
:: Pau de sebo: coletânea de poesia negra. [organização Júlia Duboc]. Brodowski SP: Projeto memória da cidade, 1998.
:: O negro em versos. Antologia da poesia negra brasileira. [organização e apresentação Luiz Carlos dos Santos; Maria Galas e Ulises Tavares]. São Paulo: Salamandra, 2005.
:: Literatura afro-brasileira [organização Forentina Souza e Maria Nazaré Lima. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. Disponível no link. (acessado em 12.12.2022).
:: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. 2 vol's. Consolidação. [organização Eduardo de Assis Duarte]. Coleção Contemporaneidade, vol. 3. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
:: A escritora afro-brasileira: ativismo e arte literária. [organização Dawn Duke]. Belo Horizonte: Nandyala, 2016. {autoras presentes: Cristiane Sobral, Mel Adún, Conceição Evaristo, Débora Almeida, Esmeralda Ribeiro e Miriam Alves}.
:: Ogum's Toques Negros: literatura negra. [organização Guellwaar Adún, Mel Adún, Alex Ratts]. Salvador: Editora Ogum's Toques Negros, 2015.
:: Cadernos Negros 40. [organização Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa]. São Paulo: Quilombhoje, 2017.
:: Olhos de Azeviche: dez escritoras negras que estão renovando a literatura brasileira. 'contos e crônicas' [organização Vagner Amaro]. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2017. {autoras presentes: Ana Paula Lisboa, Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Cristiane Sobral, Esmeralda Ribeiro, Fátima Trinchão, Geni Guimarães, Lia Vieira,  Miriam Alves e Taís Espírito Santo}.
:: As mulheres poetas: na literatura brasileira. [organização, capa e projeto gráfico Rubens Jardim]. São Paulo: Arribaçã Editora, 2021. {a antologia reúne 328 poetas de todo o Brasil, de épocas, estilos e estados diferentes, confira no link as poetas presentes na coletânea}.
:: Contos de Axé: 18 histórias inspiradas nos Arquétipos dos Orixás. [organização Marcelo Moutinho]. Rio de Janeiro: Malê Edições, 2021. {autores presentes: Itamar Vieira Junior, Eliana Alves Cruz, Aidil Araújo Lima, Carlos Eduardo Pereira, Edimilson de Almeida Pereira, Fabiana Cozza, Geovani Martins, Giovana Madalosso, Gustavo Pacheco, Jeferson Tenório, Juliana Leite, Luisa Geisler, Marcelino Freire, Miriam Alves, Nei Lopes, Paula Gicovate, Rodrigo Santos, Socorro Acioli}.
:: O livro negro dos sentidos. [organização Angélica Ferrarez, Jurema Araújo e Fabiana Pereira; apresentação Elisa Lucinda; ilustração de capa Val Pires – Xilopretura; Projeto gráfico Patrícia Oliveira; revisão Vitória Cunha]. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2021. {conta com contos, crônicas e poesias das seguintes autoras: Aira Luana Nascimento, Carmen Faustino, Vassia Valle Atriz, Conceição Evaristo, Dandara Suburbana, Debora do Nascimento, Helena Theodoro, Janete Santos Ribeiro, Jaque Alves, Juh de Paula, Lourence Alves, Luciana Luz, Luciana Palmeira, Maitê Freitas, Miriam Alves, Rosane Jovelino, Selma Maria da Silva, Sheila Martins e Taís Espírito Santo – além de textos também das organizadoras}.


Antologias estrangeiras (participação)
Alemão
:: Schwarze poesie / Poesia negra.. [organização Moema Parente Augel; tradução Johannes Augel]. Edição bilíngue alemão-português. St.Gallen | Koln/ São Paulo: Edition diá, 1988. {autores presentesMiriam Alves, Cuti, Oswaldo de Camargo, Marcio Barbosa, Paulo Colina, Jamu Minka, Éle Semog, Oliveira Silveira, Adão Ventura,  Arnaldo Xavier e outros}.
:: Schwarze prosa – Afrobrasilianische Erzahlungen der Gegenwart / Prosa negra*[organização Moema Parente Augel; tradução Johannes Augel e MarÍanne Gareis]. Edição bilíngue alemão/português. St. Gallen|Koln/São Paulo: Edition diá, 1993. {autores presentes: Miriam Alves, Conceição Evaristo, Geni Guimarães, Cuti, Oswaldo de Camargo,  Paulo Colina, Jamu Minka, Éle Semog, Oliveira Silveira e outros}*Antologia da prosa afrobrasileira contemporânea.
:: Zauber gegen die kälte. (Antologia contos). Deutsche Welthungerhilfe. DW Shop, 1994.
:: Nueva poesía América Latina | Neue Latinamerikaniche poesie. Gemany (Alemanha): Rowohlt LiteraturMagazin, n.38, 1996.

Espanhol
:: Quilombo: cartografía de la autoría negra brasileña [compilación, introducción y notas Lucía Tennina; traducción Lucía Tennina, Adrián Dubinsky y Mara Speranza]. 1ª ed., Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Tinta Limón, 2019; Buenos Aires: Imprenta Dorrego, 2021. {autores presentes: Solano Trindade, Carolina Maria de Jesus, Carlos de Assumpção, Oswaldo de Camargo, Conceição Evaristo, Geni Guimarães, Cuti, José Carlos Limeira, Miriam Alves, Esmeralda Ribeiro, Éle Semog, Eliakin Rufino, Paulo Lins, Márcio Barbosa, Miró de Muribeca, Ricardo Aleixo, Ronald Augusto, Edimilson de Almeida Pereira, Nelson Maca, Cidinha da Silva, Eliane Marques, Tula Pilar, Cristiane Sobral, Allan da Rosa, Mel Adún, Dinha, Tatiana Nascimento, Elizandra Souza, Helena Silvestre, Jenyffer Nascimento, Lubi Prates, Mel Duarte, Kika Sena, Meimei Bastos, Jarid Arraes, Bell Puã. Gabriel Sânpera}.

inglês
:: MaComére. (uma introdução e uma entrevista com Miriam Alves).. [organização Carole Boyce Davies]. London: The Association of Caribbean Women Writers and Scholars, vol. 1, 1998.
:: Fourteen female voices from Brazil: interviews and work. [edited by Elzbieta Szoka; introduction by Jean Franco]Austin, Texas: Host Publications, INC., 2003. {included in this anthology: Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles, Helena Parente Cunha, Astrid Cabral, Marly de Oliveira, Jandira Martini, Leilah Assumpção, Maria Adelaide Amaral, Myriam Campello, Sonia Coutinho, Esmerelda Ribeiro, Miriam Alves, Conceição Evaristo & Renata Pallottini}.
:: Cadernos Negros | Black Notebooks. Contemporary Afro-Brazilian Literary movement[translated Niyi Afolabi; edited Márcio Barbosa e Esmeralda Ribeiro]. Trenton-NJ /Asmara-Eritrea: África World Press, 2007.
:: Cadernos Negros | Black Notebooks: Contemporary Afro-Brazilian Literature/Literatura Afro-Brasileira Contemporânea. [translated Niyi Afolabi; edited Márcio Barbosa e Esmeralda Ribeiro]. Trenton-NJ /Asmara-Eritrea: África World Press, 2007.

Italiano
:: La resistenza nella poesia nera femminile brasiliana contemporanea. Maristella Petti. Rome: Sensibili alle foglie, 2018. {Ai saggi introduttivi sulla storia dello schiavismo in Brasile, sulla letteratura nera brasiliana e sulla poesia nera femminile fanno seguito alcune: Miriam Alves, Ana Cruz, Cristiane Sobral ed Elizandra Souza}.


Miriam Alves - foto:  (lançamento do romance Borá...)


POEMAS SELECIONADOS DA POETA E PROSADORA MIRIAM ALVES



Calafrio
O sorriso gela
a porta do paraíso prometido

A tarde cobre-se de frio

grita
esconde-se atrás dos
casacos
faz esculpir aquela saudade
do lugar
jamais percorrido.

Escorrem feito sorvete

as esperanças derretidas
no ardor do querer.
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros". n. 7, São Paulo: Quilombhoje, 1984.

§

Colar
Colecionava amizades
Pendura corrente de sorrisos estáticos
                   No pescoço
Ostentava tantos e tantos
             Sorrisos-dentaduras
Polia-os à noite com gotas de lágrimas
                  Retidas
Um dia o colar mordeu-lhe a jugular 
Jorrou-lhe rios de ausências
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros: os melhores poemas". São Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura| Ministério da Cultura, 1998, p. 106.

§


Enigma
Tento decifrar-me
mergulho-me
calo
acalento calores
dilacerados

Mergulho em você
avolumo prazeres solitários
broto emoções explícitas
em lugares bem guardados
- Miriam Alves, no livro "Estrelas no dedo". São Paulo: Quilombhoje, 1985.

§

Fumaça
Estou a toque de máquina
corro, louca, voo, suo
a fumaça sou eu

Estou a toque de nada
vivo, ando
como a comida envenenada
e o comido sou eu

estou a toque de selva
os ferros torcidos, sacudidos
dentro de uma marmita
e a marmita sou eu

Nego, mas vivo dizendo
Sim
a tudo que me dói na cabeça
e o doido sou eu

Paro, mas estou sempre correndo
doem as pernas, os pés
e este corpo é o meu

Amanhã me encontra acordada
como a noite deixou
e o insone sou eu

Indago, mas não estou escutando
a pergunta anda solta
e ninguém explicou
que a resposta sou eu
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros". n. 5,  São Paulo: Quilombhoje, 1982.

§

Insone ouço vozes
Calor afogueia
os pensamentos de espera. Quando
embalo na cama da noite
insônia de séculos.

Ouço ruídos de tambores
sobressaltos alimentam
meus pés

Nos pensamentos de esperança
embalo na cama da noite
as dores de meu tempo

Ouço vozes
emanadas dos exércitos humanos
contidos.

Na cama da noite
movimento minhas mãos
embalo medos, espanto-me
diante do conhecido

Nos pensamentos de espera
solto minha rouca voz:
bala de chumbo

Nos pensamentos de esperanças
espreito de olhos baços
arregalados na insônia de aguardar
a hora de entrar em ação. 
- Miriam Alves, no livro "Estrelas no dedo". São Paulo: Quilombhoje, 1985.

§

Guardiãs
Esconderei meu sofrimento
nas entranhas do vento
guardarei as lágrimas
no pote das nuvens
reavaliarei as intenções
   da natureza
Farei das montanhas
guardiãs de meus segredos

Escreverei com um corisco
o fogo das emoções
as verdades de hoje
para não serem

segredos de amanhã.
- Miriam Alves, no livro "Estrelas no dedo". São Paulo: Quilombhoje, 1985.

§

Mahin manhã
Ouve-se nos cantos a conspiração
vozes baixas sussurram frases precisas
escorre nos becos a lâmina das adagas
Multidão tropeça nas pedras
                  Revolta
há revoada de pássaros
      sussurro, sussurro:
 “é amanhã, é amanhã.
     Mahin falou, é amanha”
A cidade toda se prepara
        Malês
            Bantus
                geges
                   nagôs
vestes coloridas resguardam esperanças
             aguardam a luta
Arma-se a grande derrubada branca
a luta é tramada na língua dos Orixás
 é aminhã, aminhã”
sussuram
         Malês
            Bantus
                geges
                   nagôs
      “é aminhã, Luiza Mahin falô”  
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros: os melhores poemas". São Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura| Ministério da Cultura, 1998, p. 104.

§

Mnu
Eu sei:
“havia uma faca
         atravessando os olhos gordos
                em esperanças
havia um ferro em brasa
         tostando as costas
         retendo as lutas
havia mordaças pesadas
         esparadrapando as ordens
               das palavras”
Eu sei:
    Surgiu um grito na multidão
        Um estalo seco de revolta 
      Surgiu outro
           outro
                e
              outros
         aos poucos, amotinamos exigências
querendo o resgate
sobre nossa forçada
      miséria secular. 
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros: os melhores poemas". São Paulo: Quilombhoje; Fundo Nacional da Cultura| Ministério da Cultura, 1998, p. 105.

§

O verso orou
calei o verbo dor e o verso amor
metáforas profundas não vieram
emoldurei-me no silêncio
Na cara da lua mais tarde
explodiu
gozo
debochado
plenitude temporária
O poema inscreveu-se
Entrelinhas negritou metáfora
Orou
Desenhou palavras fortes nos espaços em branco 
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros, n. 31. São Paulo: Quilombhoje, 2008.

§

Parto
Uma batida surda
dói ouvir
Viver viver
presa na gaiola
pássara
Já vi o infinito
fui constelação
Agora asteroide vagando
estrela cadente
dividi-me em duas
Dividida para não ser subtraída
fiquei inteira amolgada em cada pedaço
chorei porque eu nascia
- Miriam Alves, em "Cadernos Negros". n. 25, São Paulo: Quilombhoje, 2002.

§

Saber da chama
Beber nesta chama
que esgueira silenciosa
tensa e dúbia
afogueando a garganta
aquecendo o berro
         o grito
Beber esta chama
sorvê-la
num só trago
senti-la derretendo
barreiras

Saber da chama
do caudal
da lava
da lama
vazando ardente
numa gota de palavra
pendurada num canto da boca
prometendo o encontro
na encruzilhada do amanhã.
- Miriam Alves, no livro "Estrelas no dedo". São Paulo: Quilombhoje, 1985.

§

Miriam Alves - foto: TVSP

FORTUNA CRÍTICA DE MIRIAM ALVES

[Miriam Alves - teses e dissertações; livros, ensaios e artigos em revistas e jornais (impresso e online]

ALMEIDA, Jacqueline de.. Conceição Evaristo e Miriam Alves: mulheres negras contam suas histórias por entre os caminhos da poesia brasileira. (Tese Doutorado em Educação). Universidade Luterana do Brasil, ULBRA, 2020.
ALVES, Taliana Mariane Dantas de Sousa. Perplexa poeticidade: uma análise da violência contra a mulher em contos de Miriam Alves. (TCC Graduação em Letras). Universidade Federal da Paraíba, UFPB, 2021. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
AMARO, Vagner. Miriam Alves: a memória no romance como reconstrução da identidade. In: Biblioo, 11 de julho de 2019. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
ANTÔNIO, Carlindo Fausto. Cadernos Negros: esboço de análise. (Tese Doutorado em Teoria Literária). Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2005. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
ARAÚJO, Flávia Santos de.. Moving Against Clothespins: The Poli(poe)tics of Embodiment in the Poetry of Miriam Alves and Audre Lorde. (Tese Doutorado em Afro-American Studies). University of Massachusetts Amherst, UMass Amherst, Estados Unidos, 2017. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
ARRAES, Jarid. Poetas negras da literatura brasileira. In: Medium - Mulheres que Escrevem, 25 de julho de 2017. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
ARREAZA, Dionisio David Marquez. Miriam Alves y Nancy Morejón: Dos caminos poéticos hacia la conciencia negra. Revista Garrafa (PPGL/UFRJ), v. 31, p. S/N, 2013.
AUGEL, Moema Parente. Eu sou a fala do meu lugar. Miriam Alves um dos expoentes da literatura feminina afro-brasileira. In: Lusorama, v. 79-80, p. 110-125, 2009.
BENFATTI, Flávia Andréa Rodrigues; SILVA, Gláucia Mendes da. O Feminismo Negro na Literatura de Cordel de Jarid Arraes e em Contos de Miriam Alves. In: Cadernos de Gênero e Diversidade, v. 6, p. 75-99, 2021. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
BEZERRA, Kátia da Costa. Poetas brasileiras nos anos oitenta: a heterogeneidade como locus de resistência e construção. (Tese Doutorado em Literaturas/Língua Portuguesa). University of Minnesota, UM, Estados Unidos, 1999.
Miriam Alves - foto: (...)
BEZARRA, Kátia da Costa. Miriam Alves. In: DUARTE, Eduardo de Assis. (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. vol. 3, Contemporaneidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
BEZARRA, Kátia da Costa. Vozes em dissonância: mulheres, memória e nação. Florianópolis: Editora Mulheres, 2007.
BEZARRA, Kátia da Costa. A poesia de mulheres negras nos anos oitenta: a construção de novos paradigmas. In: SANTOS, Luisa Cristina. Mulher das linhas e entrelinhas. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2002. p.53-64.
BEZERRA, Kátia da Costa. Miriam Alves: embalando uma poética 'pra não ninar'. In: V Congresso Internacional da BRASA, 2000, Recife, Pernambuco. BRASA V, 2000. p. 11-11.
BEZARRA, Kátia da Costa. O revisionismo como uma estratégia de luta na poesia dos anos oitenta. In: Letras. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, v.20, n.1/2, 185-99, dez 2001.
BEZARRA, Kátia da Costa. Rompendo os grilhões: poetas negras nos anos oitenta”. In: Revista Letras & Letras, n.15, v.1 p. 41-52, 1999.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1995.
CAMARGO, Oswaldo de.. O negro escrito: apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira. [prefácio Paulo Colina]. São Paulo: Edições do Autor, 1987.
CARNEIRO, Luciana Priscila Santos. O percurso da Escrevivência em Mulher Mat(r)iz, de Miriam Alves. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal da Paraíba, UFPB, João Pessoa, 2019. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
CARNEIRO, Luciana Priscila Santos ; FREITAS, Sávio Roberto Fonsêca de.. Os olhos verdes de Esmeralda: a construção da escrevivência como instrumento de voz da representação feminina no conto de Miriam Alves. In: SOUZA, Elio Ferreira de; BEZERRA FILHO, Feliciano José. (Org.). Literatura Afro-brasileira e Africana: Narrativas e cidadania. 1ed.Teresina: EDUFPI, 2019, v. 9, p. 187-198.
CAVALCANTI, Maria Clara Martins. Rompendo o silêncio do sufoco: A escrita de Esmeralda Ribeiro e Miriam Alves nos Cadernos Negros (vol.8). In: Zona Franca - Revista de Estudios de Gênero, n. 27, p. 61-86. 2019. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
COSTA, Jéssica Fraga da.. A representação da identidade feminina em Maréia, de Miriam Alves. In: Nau Literária, v. 16, p. 154-165, 2020. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
CUTI, Luiz Silva. Literatura negro-brasileira. [coordenação Vera Lúcia Benedito]. Coleção Consciência em Debate. Selo Negro Edições, 2010.
D’ADESKY, Noêmia Duque. Primavera literária afro-brasileira: do apagamento à reinvenção, a produção escrita de mulheres negras e sua inserção no mercado editorial. (Dissertação Mestrado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC Rio, 2021. Disponível no link e link. (acessado em 4.5.2022).
DAVIES, Carole Boyce. Afro-Brazilian women culture and literature: an introduction and an interview with Miriam Alves. In: Journal of the Association of Caribbean Women Writers and Scholars , n.1, p. 57-74, 1998.
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PEREIRA, Rodrigo da Rosa. Perspectivas femininas afro-brasileiras em Cadernos negros (contos): Conceição Evaristo, Esmeralda Ribeiro e Miriam Alves (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio Grande, FURG, 2016. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
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SALES, Cristian Souza de.. Esmeralda Ribeiro e Miriam Alves: duas performances intelectuais afro-brasileiras reescrevendo o corpo. In: XIV Congresso Internacional da Abralic: Fluxos e correntes, trânsitos e traduções literárias., 2015, Belém do Pará. XIV Congresso Internacional da Abralic: Fluxos e correntes, trânsitos e traduções literárias., 2015. v. XIV. p. 1-15. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
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SALES, Cristian Souza de.. Literatura afrobrasileira: escrita e reescrita do corpo feminino negro. In: IV SIALA-Seminário Internacional Acolhendo Línguas Africanas, 2012, Salvador. IV SIALA-Seminário Internacional Acolhendo Línguas Africanas. Salvador: EDUNEB, 2012. v. 1. p. 23-33.
SANTOS, Luzia Batista dos.. Caderno didático pedagógico para professoras (es): utilização da literatura negra feminina na perspectiva da lei 10.639/2003 para atividade em sala de aula - ensino fundamental II.  (Dissertação Mestrado Profissional em Ensino e Relações Étnico-Raciais). Universidade Federal do Sul da Bahia, UFSB, Porto Seguro/BA, 2020. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
SANTOS, Mirian Cristina dos. Intelectuais negras: prosa negro-brasileira contemporânea. [edição Vagner Amaro; arte (capa) Dandarra Santana]. Rio de Janeiro: Malê, 2018. {Autoras escolhidas: Miriam Alves, Conceição Evaristo e Cristiane Sobral}.
SANTOS, Mirian Cristina dos. Intelectuais negras: Prosa negro-brasileira contemporânea. (Tese Doutorado em Letras/Estudos Literários). Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2018. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
SELIGMANN-SILVA, M.. (org.) História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes. Campinas, SP: Unicamp, 2003.
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SILVA, Andressa Marques da.. Autoras de seus dias: escritoras negras e o ensino de literatura. (Tese Doutorado em Literatura). Universidade de Brasília, UnB, Brasília, 2021. Disponível no link. (acessado em 4.3.2022).
SILVA, Assunção de Maria Sousa e.. Entrançados dizeres poéticos femininos: Breve leitura de poemas de Conceição Lima (São Tomé) e Miriam Alves. In: Revista África e Africanidades, v. Ano 2, p. 6, 2009.
SILVA, Denise Almeida; ASSUNCAO, C.. Miriam Alves e a crítica social: ressignificando o negro e a violência contra ele a partir do olhar negro. In: Novos Olhares: linguagens de resistência, Frederico Westphalen, 2018. v. 11. p. 85-94.
SILVA, Denise Almeida; ASSUNCAO, C.. A literatura afro-brasileira: a perspectiva de Miriam Alves. In: IV Seminário Nacional de Ensino de Línguas e de Literatura- IV SNELL, Lajeado: Univates, 2018. v. 1. p. 387-392.
SILVA, Franciane Conceição da.. Corpos Dilacerados: a violência em contos de escritoras africanas e afro-brasileiras. (Tese Doutorado em Curso de Literaturas de Língua Portuguesa). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, 2018. Disponível no link. (acessado em 5.12.2022).
SILVA, Franciane Conceição da..  'Maria não pode ser da sua cor': reflexões sobre a violência racial na prosa de Miriam Alves. In: Revista de Estudos de Literatura, Cultura e Alteridade - Igarapé, v. 12, p. 1-284, 2021. Disponível no link. (acessado em 5.12.2022).
SILVA, Maristela Barbosa Silveira. Racial relations in Brazil and the United States: Black women’s literary production as counterhegemonic tools against white supremacist capitalist patriarchy [Condições Raciais no Brasil e nos Estados Unidos - Produção Literária de Mulheres Negras]. (Dissertação Mestrado em American Studies/Literatura). Washington State University, WSU, Estados Unidos, 1999.
SILVERIO, Dalila; NUNES, Kelly Cristiane; SILVA, Rosangela Alves da; OLIVEIRA, Valdeci Batista de Melo. Resistência e denúncia contra o racismo/machismo nas vozes de poetas mulheres negras. In: Travessias, Cascavel, v. 14, n. 3, p. 223–236, 2020. Disponível no link. (acessado em 22.9.2021).
SOARES, Angélica. A paixão emancipatória: vozes femininas da liberação do erotismo na poesia brasileira. Rio de Janeiro: DIFEL, 1999.
SOUZA, Florentina da Silva. Afrodescendência em Cadernos Negros e Jornal MNU. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
SOUZA, Florentina da Silva. Mulheres negras escritoras. In: AUGUSTO, Jorge (Org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Editora Segundo Selo, 2018, p. 93-106.
SOUZA, Florentina da Silva. Identidades afro-brasileiras: contas e rosários. Caderno CRH, Salvador, n. 33, p. 75-102, jul./dez. 2000. Disponível no link. (acessado em 15.6.2016).
SZOKA, Elzbieta. Fourteen female voices from Brazil: interviews and works. Austin: Host Publications, 2002.
WALTER, Roland Gerhard Mike.. Memória, história e identidade cultural na ficção da diáspora negra: Toni Morrison, Dionne Brand, Maryse Condé e Miriam Alves. In: X Congresso Internacional ABRALIC 2006, 2006, Rio de Janeiro. Lugares dos Discursos 2006 ABRALIC. Rio de Janeiro: CD-ROM, 2006.
VIEIRA, Andressa Santos. Contornos Negros: representações, limites e fluxos das personagens femininas negras na obra Mulher Mat(r)iz, de Miriam Alves. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2021. Disponível no link. (acessado em 22.5.2021).


Miriam Alves - foto: (...)

A ESCRITORA NA REDE

:: Blog Miriam Alves 
:: Miriam Alves - escritora (facebook)


OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA

:: Revista Modo de Usar


© Direitos reservados à autora

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske

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Trabalhos sobre o autor:
Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina. 

COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Miriam Alves - poeta e prosadora. In: Templo Cultural Delfos, dezembro/2022. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
** Página atualizada em 6.12.2022.
* Página original JUNHO/2016.


Direitos Reservados © 2022 Templo Cultural Delfos

Suzana Vargas - poesia e criação

Suzana Vargas | foto: publishnews

© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
Por gentileza citar conforme consta no final desse trabalho.  
Página original JUNHO/2016 | ** Publicação revisada e atualizada SETEMBRO/2021


ESBOÇO BIOBIBLIOGRÁFICO SUZANA VARGAS


Suzana Kfuri de Vargas nasceu em Alegrete, Rio Grande do Sul. É mestre em teoria literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional e especialista em leitura. 

Poeta, ensaísta e autora de literatura infantil e juvenil, tem vários livros publicados, entre eles Leitura: uma aprendizagem de prazer, Caderno de outono e outros poemas e O amor é vermelho. Em 1986, fundou a Estação das letras, um espaço dedicado a cursos ligados à literatura, no Rio de Janeiro, onde mora. Suzana tem se dedicado à divulgação e à dinamização das letras e  da cultura no Brasil. Idealizou e coordenou, por mais de dez anos, o projeto Rodas de Leitura, no Centro Cultural Banco do Brasil, do qual já participaram autores como Luis Fernando Verissimo, Jorge Amado, Gabriel García Márquez e Chico Buarque.

Suzana Vargas - foto (...)
Sobre Suzana e seu livro Sem recreio, dizia resenha do jornal O Globo, em 1983: ''Traz-nos agora uma dicção reveladora do feminino que a coloca de imediato ao lado de uma Adélia Prado, uma Olga Savary, uma Lélia Coelho Frota e uma Consuelo Cunha Campos, entre as vozes poéticas mais ponderáveis da nova poesia brasileira escrita por mulheres''.

Em Caderno de outono e outros poemas, de 1997, a poesia de Suzana Vargas se espraia e revela seu seguro controle de linguagem. A poeta, que trabalha e vive a poesia, escreve: "Entre a chuva e o resto de feijão / na vasilha / escrevo um verso". Em ‘Fio fátuo’, do mesmo livro, ela diz: "Não me confino mais / às curvas da cozinha / pois há muito / saí da casca dos tomates / e me cortei sozinha". Já em O amor é vermelho, de 2005, a poeta trata, com densidade e delicadeza, do sentimento que é o eixo de nossa vida, reafirmando com originalidade a tradição lírico-amorosa ocidental.

 A Suzana ensaísta revela-se com força e competência em Leitura: Uma aprendizagem de prazer, que ganhou edição ampliada em 2010. Baseado em sua dissertação de mestrado em teoria literária e em sua rica experiência como escritora, professora e divulgadora da literatura, o livro aponta a leitura como peça fundamental na educação de jovens e adultos e sinaliza formas de difundi-la muito além da sala de aula.

Possui 16 livros publicados, entre eles, Caderno de Outono, indicado ao Prêmio Jabuti e o ensaio Leitura: uma aprendizagem de prazer. Tem poemas traduzidos na Itália, EUA, Espanha, Alemanha e França entre outros países.
:: Fonte: Agência Riff | Editoras (acessado 15.6.2016).


 
Suzana Vargas - poeta e ensaísta | foto: O Globo

OBRA DE SUZANA VARGAS

Poesia
:: Por um pouco mais
Suzana VargasRio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1979.
:: Sem recreioSuzana VargasRio de Janeiro: Achiamé, 1983, 62p.
:: Sempre-noivaSuzana VargasRio de Janeiro: Achiamé, 1984, 52p.
:: Sombras chinesasSuzana VargasSão Paulo: Massao Ohno Editor, 1990, 78p.
:: Caderno de outono e outros poemasSuzana Vargas[apresentação Armindo Trevisan; contra-capa com texto de Heloisa Buarque de Hollanda]. Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 1997; 2ª ed.,  Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC; Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1998, 158p.
:: O amor é vermelhoSuzana Vargas. [fotos Antônio Pereira Lacerda Junior]. Rio de Janeiro: Garamond, 2005, 104p.


Infanto-juvenil
:: Será sonho, Frederico?. Suzana Vargas. Rio de Janeiro: Orientação Cultural, 1987.
:: De olho no piolho
Suzana VargasRio de Janeiro: Orientação Cultural, 1990.
:: CochiloSuzana VargasRio de Janeiro: José Olímpio Editora, 1990;  5ª ed., 2006
:: O mistério de NinaSuzana VargasRio de Janeiro: Editora Imago, 1992.
:: Doce de casaSuzana VargasRio de Janeiro: Record, 1988; 5ª ed., 2006.
:: O livro dos quase amoresSuzana VargasSão Paulo: Quinteto Editorial Ltda, 1995.

Em parceria - infanto-juvenil
:: Porta a porta - correspondência. [Suzana Vargas e Roseana Murray]. São Paulo: Editora Saraiva, 3ª ed., 1998.

Ensaio
Suzana Vargas - foto (...)
:: Leitura: uma aprendizagem de prazerSuzana Vargas. Rio de Janeiro: José Olímpio Editora, 1993, 6ª ed., revisada e ampliada, 2010.
:: Leitura: uma aprendizagem de prazer: Como trabalhar com gruposSuzana VargasRio de Janeiro: Alta Books, 2021.

Antologias poesia e ensaio (participação)
:: Universitários: verso & prosa. Antologia - UFRJ. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
:: Antologia da nova poesia brasileira. [organização, seleção e apresentação Olga Savary]. Rio de Janeiro: Hipocampo, 1992.
:: Nachdenken über eine Reise ohne Ende: Brasilien literarisch. (antologia poética).. [eds. Kurt Scharf, Ute Hermanns]. Berlin: Babel Verlag, 1994.
:: Poesia viva (coletânea). Rio de Janeiro: Editora UAPÊ,  1996.
:: 41 poetas do rio. [organização Moacyr Félix]. Rio de Janeiro: Funarte, 1997. 
:: Literatura y pensamiento. (com três poemas). Madri, Espanha: Editora Caletta, 1999.
:: As árvores e seus cantares. Antologia de poesia.. [organização Sérgio Faraco]. São Leopoldo, RS: Unisinos, 1999.
:: A paixão emancipatória: vozes femininas da liberação do erotismo na poesia brasileira. [organização Angélica Soares]. Rio de Janeiro: DIFEL, 1999.
:: Ânfora nova - mujer y poesia.  [organização e tradução Xosé Lois García]. Brasil/Córdoba, España: Editorial Ânfora Nova/ Fundación Ramón A. Consejeria de Cultura Junta de Andaluzia, 2000. (consta:  o poema 'Canção'/ Suzana Vargas - tradução Xosé Garcia).
:: Antología de la poesía brasileña | Antologia da poesia brasileira. [organização e tradução Xosé Lois García]. Edição bilíngue. Santiago de Compostela: Laiovento, 2001.
:: Poesia viva (coletânea). Rio de Janeiro: Editora UAPÊ, 2008.
:: Um olhar para os detalhes: ensaio fotográfico poético sobre as formas. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2010. {autores presentes: Adele Weber, Alexei Bueno, Carlito Azevedo, Igor Fagundes, Iracema Macedo, Jacinto Fabio Correa, Jair Ferreira dos Santos, João Rasteiro, Lila Maia, Luis Serguilha, Marcia Cavendish, Maria Dolores Wanderley, Maria João Cantinho, Paula Padilha, Renato Rezende e Suzana Vargas; organização Maria Dolores Wanderley; ilustrações Dirk Wiersma e Rudolph Trouw}
:: As mulheres poetas: na literatura brasileira. [organização, capa e projeto gráfico Rubens Jardim]. São Paulo: Arribaçã Editora, 2021. {a antologia reúne 328 poetas de todo o Brasil, de épocas, estilos e estados diferentes, confira no link as poetas presentes na coletânea}.

Dissertação mestrado
VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 1988.

Artigos e textos (alguns) em jornais de notícias/revistas
Suzana Vargas - foto (...)
VARGAS, Suzana. Lembrança arranhada (resenha do livro do poeta Maurício Salles de Vasconcelos). Lembrança Arranhada, 5 jan. 1982.
_________ . A poesia como arte de dizer mais de formas novas e verdadeiras. Jornal Arte da Palavra, 20 nov. 1988.
_________ . Dante Milano - sempre novo. in: Jornal Primeira Impressão - Informativo da OLAC, Rio de Janeiro, RJ, 12 ago. 1989.
_________ . Tradição e renovação poéticas. in: O Globo, Rio de Janeiro, RJ, 18 fev. 1990.
_________ . Pássaros do absurdo. in: Revista Poesia Sempre, 5 jan. 1993.
_________ . Collapsus linguae. in: Revista Poesia Sempre, Rio de Janeiro, 5 jan. 1993.
Livro dá dicas para gostar de ler ( Jornal Diário de Petrópolis). Diário de Petrópolis, Petrópolis,RJ, 17 out. 1993.
_________ . Leitura: uma aprendizagem de prazer. in: Jornal da Barra, Rio de Janeiro, RJ, 10 abr. 1994.
_________ . O texto é como uma cebola. in: Jornal O Globo - seção Vestibular, Rio de Janeiro, 6 dez. 1994.
_________ . Realidade como pano de fundo. in: Jornal do Brasil - Ideias/Livros, 8 jun. 1995.
_________ . Personagem procura seu autor. in: Jornal do Brasil - Ideias/ Livros, Rio de Janeiro, RJ, 20 jan. 1996.
_________ . Mistérios nas paredes de um casarão. in: Jornal O Globo, 10 mar. 1996.
Oficina da Literatura (Jornal do Brasil - Caderno B). Jornal do Brasil - Caderno B, 28 mar. 1996.
_________ . Depoimento sobre a leitura de D. Quixote. in: Folha da Leitura, 8 set. 1996.
_________ . Renata Pallottini mostra a poesia longe do modismo. in: Jornal O Globo - Prosa & Verso, Rio de Janeiro, RJ, 13 set. 1996.
_________ . A infância é o lugar da poesia. in: Jornal Correio das Artes, 1 nov. 1998.
_________ . Texto literário e criação. in: Jornal Correio Corisco, Teresina, PI, 24 set. 2001.
_________ . Emoção despudorada. in: Jornal do Brasil - Caderno B, 9 dez. 2002.
_________ . Do preconceito à admiração pela obra de Haroldo de Campos. in: Correio Braziliense, Brasília, DF, 23 ago. 2003.
_________ . História e sequestros do Rio e suas famílias. in: Jornal O Globo - Prosa & Verso, Rio de Janeiro, 13 set. 2003.
_________ . Como perder o medo da poesia. in: Jornal Cartaz o Liberal, 27 abr. 2004.
_________ . Belo filme sobre o ser e o parecer. in: Jornal do Brasil - Caderno B, 12 nov. 2004.
_________ . Entrevista com Suzana Vargas. in: Poesia Viva (jornal de literatura), Rio de Janeiro, RJ, 18 dez. 2005.
_________ . Argumentos invisíveis. in: Germina literatura, março/2006. Disponível no link. (acessado em 15.6.2016).
_________ . Entrevista (Suzana Vargas) sobre o livro Leitura: uma aprendizagem de prazer. in: Jornal O DIA, Rio de Janeiro, 26 abr. 2010.
_________ . A poesia está por trás de tudo. in: Jornal do Brasil - Caderno B, 10 out. 2010.



Suzana Vargas - foto (...)


POEMAS SELECIONADOS DE SUZANA VARGAS


A janela
Não consigo escrever
diante dos morros

Estão sempre à minha frente
quando corro

Não sei se o que me perturba
é o barraco ensolarado

Ou é a casa que habito
e seu ar acomodado

Nem de noite. Nem de dia
Na primeira são as luzes

Na manhã, desarmonias
entre a terra e o asfalto

Entre o chinelo de dedo
E o salto.
- Suzana Vargas, no livro "Sem recreio". Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.

§

Canção
O vento que colho
é o mesmo
que varou um tempo morto.

Tempo implacável arguto
que foge
pelos meus medos.

A quantas de minha história
não acenou
como agora?

Com quem esse mesmo outono
não celebrou
o seu corpo?

Braços e olhos
colhidos
pelo vento, esse inimigo.

lábios e peles
molhados
e pela aragem secados.

A quem o tempo implacável
quis desafiar
com o vento?

E quem colheu
como eu
o outono que se escondeu?
- Suzana Vargas, no livro "Sombras chinesas". São Paulo: Massao Ohno Editor, 1990.

§

Como sempre
Na minha estrada há sempre um trem partindo.
Trilhos, acenos, lenços,
lembranças me esmagando
muitos sóis.

Há sempre um ocaso ameaçando
as fotos novas que prego
em meus murais.

Tu és mais um adeus
neste caminho
que acomete diamantes, ouro
tardes tardes e mais sol
enquanto eu passeio muda
                                   pelas sombras.
- Suzana Vargas, no livro "Caderno de outono e outros poemas".  2ª ed., Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC; Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1998.

§

Chopin
Não canto 
nem entendo de gargantas 
ou ruídos íntimos 
de chuva e temporal. 

Nem sei que mistérios me aguardam 
nas cordas de um violão 
nas teclas de um piano 
de onde saem, sim, 
os verdadeiros sons. 

Não canto 
escrevo 
imito gorjeios 
mais agudos e graves 
que os ouço 

misturados ao ritmo 
do que vivo. 
- Suzana Vargas, no livro "Caderno de outono e outros poemas". Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 1997.

§

Erótica
 O sexo ronda as magnólias,
pernas se entrelaçam na trepadeira em flor.
Fundo cinza azul rosa
para as bocas dos peixes
mescladas ao silêncio das bolhas

A mesma sombra inquieta das árvores ao vento
o cheiro da terra úmida
uma janela aberta para a lua
são convites

E nem é preciso nomear pênis
bundas
só um olhar basta para desencadear
desejos
e a dobra do corpo refaz
a curva na esquina

Bigodes chuva em zinco
a música do tempo
e o corpo já galopa em si mesmo
- Suzana Vargas, no livro "O amor é vermelho". Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

§

Eu, meu nome
Talvez tenha encontrado 
a poesia do nome 

Sou um cristal, 
uma pedra a flutuar no abismo 

Ela 
é o exato momento 
            suspenso 
antes da queda. 
- Suzana Vargas, no livro "Caderno de outono e outros poemas". Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 1997.

§

Fio fátuo
Não me confino mais
às curvas da cozinha
pois há muito
saí da casca dos tomates

e me cortei sozinha.
- Suzana Vargas, no livro "Caderno de outono e outros poemas". Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 1997.

§

Insônia
São universais:
relógios de parede,
galos que cantam,
o escuro do quarto...

...E o anjo que nos fez caretas
a noite toda.
- Suzana Vargas, no livro "Caderno de outono e outros poemas". Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 1997.

§

Ouro sob água
Só me lembro que atrás de nós havia um morro
a mata
No centro, a música, o violão
Fazia frio e nuvens
se aqueciam pelo som.

Havia, entre outros,
uma água
um menino cortando cabelo na beira da casa
as tangerinas no pé. 
Do grupo, um homem
me perguntava
sobre a melhor forma
de começar um banho
sem reparar no profundo da questão

- Entro devagar
ou de uma vez por todas? Perguntou
- Por todas, respondi
Não há céu ou inferno
que comece devagar
- Suzana Vargas, no livro "Caderno de outono e outros poemas". Santa Cruz do Sul/RS: EDUNISC, 1997.

§

Sombra chinesa
Sentada.
Deitada.
         O dia treme seu verão lá fora.
Sufoca o canto
algum canário agora
Parada
(... é hora)
E eu me recuso a enfrentar
         a rotação do nada.
- Suzana Vargas, no livro "Sombras chinesas". São Paulo: Massao Ohno Editor, 1990.


Suzana Vargas - foto: Mauro Ventura/ O Globo

FORTUNA CRÍTICA DE SUZANA VARGAS


BARCELLOS
, Maria Carolina; FEITOSA, Larissa Dias. Suzana Vargas e as rodas de leitura: a literatura em foco. in: Anais do 6º Enfope, Aracaju/SE, 2013. Disponível no link. (acessado em 15.6.2016).

CAETANO, Marcelo Moraes. Algumas palavras correntes - resenha de "O amor é vermelho", de Suzana Vargas.. Cronópios-SP, São Paulo, p. 1-10, 24 abr. 2012.
CAETANO, Marcelo Moraes. Algumas palavras correntes - resenha de "O amor é vermelho", de Suzana Vargas. Études Lusophones Soprbonne Paris 4, Paris, p. 1-5, 20 fev. 2012.
COELHO, Nelly Novaes (org.). Dicionário crítico de escritoras brasileiras: 1711-2001. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.
COUTINHO, Afrânio; SOUSA, J. Galante de (org). Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1990.
LEAL, César. O mundo feminino de Suzana Vargas. in: Diário de Pernambuco, 8.12.1997 | reproduzido 'Jornal da Poesia'. Disponível no link. (acessado em 15.6.2016).
PERROT, Andrea Czarnobay. Resenha do livro Cadernos de outono e outros poemas de Suzana vargas. Revista Literária Blau, Porto Alegre - RS, , v. 22.
SEFFRIN, André. Poesia como oração. entrevista: Suzana Vargas. in: germina literatura, agosto 2006. Disponível no link. (acessado em 15.6.2016).
TURIBA, Luis. Pandemia e Poesia: Suzana Vargas, a poeta que pilota uma estação. (entrevista). In: Brasiliários.com, 17 de outubro de 2020. Disponível no link. (acessado em 9.9.2021).


Suzana Vargas e Ziraldo | foto TV Brasil/ Agencia Brasil



Suzana Vargas - foto (...)

OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA

:: Antônio Miranda
:: Blocos online
:: Estação das Letras
:: Germina Literatura


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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Suzana Vargas - poesia e criação. In: Templo Cultural Delfos, setembro/2021. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 9.9.2021.
* Página original JUNHO/2016.



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