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Luis Turiba - o poeta andarilho

Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
Luiz Artur Toribio (poeta, jornalista, compositor, sambista e agente cultural). Nasceu no Estado de Pernambuco em 15 de março de 1950, sendo criado no Rio de Janeiro.  Na década de 1970, como jornalista, trabalhou em diversos veículos de comunicação, entre os quais jornal O Globo e a Revista Manchete. Em 1977, no Rio de Janeiro, publicou o livro de poesias "Kiprokó".  A partir do ano de 1979, residindo em Brasília, passou a trabalhar no jornal Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil e no Correio Braziliense. No ano seguinte, em 1980, editou o livro de poemas "Clube do Ócio". Trabalhou como Assessor de Imprensa  da Câmara Legislativa, do Senado Federal e na Assembleia Nacional Constituinte. Em 1982 lançou "Luminares" (Poesias). No ano de 1985, ainda em Brasília, junto à Resa, Jorge Borges e Lúcia Leão, fundou e foi um dos editores da revista de poesia experimental "Bric-a-Brac", editada entre 1986 a 1992. Em 1988 editou o livro de poesias "Realejos". No ano de 1998 lançou antologia poética "Cadê?". Ganhou dois prêmios "Esso de Jornalismo", sendo um na categoria "Regional" e outro categoria "Cultural". Em 2005 lançou o livro de poesias intitulado "Bala". Integrou a equipe do Ministro Gilberto Gil no MinC por quatro anos, sendo o responsável pela produção do livro "Do-In Antropológico", com os principais discursos do ministro. Também produziu os DVDs "Gil na ONU" e "Programa Mundial de Capoeira". Em 2007 foi selecionado pela "Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Literária" para produção de um livro de poesias. No ano de 2010 lançou o livro infantil "Luísa Lulusa, a atriz principal". Neste mesmo ano lançou, em Brasília, o livro "Meia oito", pela editora OiPoemas, fruto de sua bolsa da Funarte. Voltou ao Rio em 2012 e em 2013 publicou pela 7Letras o livro poemas "Qtais". Em 2015 publica "Inocentes eróticos". E mantém o Blog do Turiba
:: Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB - com atualizações feitas pelos editores deste site (acessado em 29.3.2016)


Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
OBRA DO POETA LUIS TURIBA
Poesia
:: Kiprokó. Rio de Janeiro: edições do autor, 1977.
:: Clube do ócio. Brasília: edições do autor, 1980.
:: Luminares. Brasília DF: Editora Gráfica Brasiliana, 1983. 
:: Realejos. Brasilia: Bric a Brac, 1988.
:: Cadê? - antologia. Brasília: Paralelo 15, 1998.
:: Bala. [ilustração Balas Cariocas]. Salvador, Bahia: P555 Edições, 2005,  116p.
:: Livro na rua. micro-antologia. Série Escritores Brasileiros - contemporâneos, 17. Brasília: Thesaurus Editora, 2005. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
:: Meiaoito 68 Razões de 68. (Coleção Oi Poema, v. 1). Brasília: Athalaia Gráfica e Editora, 2010, 152p.  
:: Qtais. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2013, 162p.
Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
:: Inocentes eróticos. Poemas. [autores Luis Turiba e Luca Andrade; ilustrações Tarciso Viriato, Alex Moraes] Rio de Janeiro: Tertulia Artesanato Cultural, 2015, 34p.

Infanto-juvenil
:: Luísa Lulusa, a atriz principal. [Desenhos e colagens de Carlos Lambash]. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2010.

Antologias (participação)
:: 16 porretas. [organização Climério Ferreira]. Gráfica do Sindicato dos Jornalistas, 1979, 129p.
:: Poesia de Brasília. [organização  Joanyr de Oliveira]. Rio de Janeiro: Editora Sette Letras, patrocinada pelo FAAC/Secretaria de Cultura do DF, 1998.
:: Obranome 2. [curador Wagner Barja]. Brasília: Museu Nacional de Brasília, 2008.
:: Deste planalto central - poetas de Brasília. [organização Salomão Sousa]. Brasília: FAC/Ed. Thesaurus|Biblioteca Nacional de Brasília|Câmara do Livro do Distrito Federal, 2009.
:: Poesia para mudar o mundo. Bloco Online, 2013. 

Ensaios e artigos em revistas, jornais e sites
TURIBA, Luis. A poetografia de Manoel de Barros. in: Revista Biografia. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
_______ . Mais de mil palhaços do Brasil. in: O Globo, 8 fevereiro 2016. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
_______ . Luis Turiba: Cuiqueiros da Ribalta. in: O Dia, 7.2.2013. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).


Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
BREVE ANTOLOGIA POÉTICA DE LUIS TURIBA

aviso prévio
meu coração é uma uva
pulsa explode abusa pluga

meu coração é rebelde
vive ameaçando greve

meu coração trapezista
dá nó nas próprias tripas

meu coração maiakóvski
quanto mais sofre mais love

o cardiologista dá as cartas
— todo cuidado, meu chapa
ou se sinquadra ou infarta!
- Luis Turiba, em "Meiaoito 68 Razões de 68". (Coleção Oi Poema, v. 1). Brasília: Athalaia Gráfica e Editora, 2010. 

§

Bico da torre
A sombra do bico da torre na terra
Faz o ponteiro
Que marca o preciso momento e o destino
Da gente se amar.

São flocos de nuvens que pairam
No céu de Brasília
Dão na vista textura arquitetura obra de artista

São blocos caiados de branco
Banhados de chuva e de luz
Necessidade nessa cidade
De afeto é o que conduz

Me induzo a ficar a pensar
Que sou o céu.

E o bico da torre é a antena
Que marca o momento apenas
- Luis Turiba, em "Livro na rua". micro-antologia. Série Escritores Brasileiros - contemporâneos, 17. Brasília: Thesaurus Editora, 2005.

§

Borboletras,      borboletrem!
Quando você borboleta
Eu te aero o porto
Quando você bicicleta
Eu me arco e flecha
Quando você me poeta
Eu te arreio rimas
Quando você se planeta
Eu te arejo o cosmos
Quando você me soletra
Eu te armo pousos
Quando você se escopeta
Eu te arte em balas
Quando você biblioteca
Eu te aço as bíblias
Quando você m’encapeta
Eu te a eros gozos
- Luis Turiba, em "Livro na rua". micro-antologia. Série Escritores Brasileiros - contemporâneos, 17. Brasília: Thesaurus Editora, 2005.

§

DeseStresseio
Stress é um aperreio
Nasce nos pés
Vem sem freio
Cresce no bigo
Corre nos veio
Inté chegar
No último fio
Dos penteio

Para domá-lo
Pare! Pense!
Puxe os arreio
Vá ao esvazeio!

Seio ou não seio?
Tudo é uma questão
De filosofeio
- Luis Turiba, em "Bala". Salvador, Bahia: P555 Edições, 2005.

§

Falecido
Pode ter medo
Até de barata
Menos de amor
Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
Que é o grande barato
Do criador

Quando em mim
Morre um amor
Morro junto

Vou ao velório
Mando flores
Consolo a viúva
Faço missa de sétimo dia

Rei morto, rei posto
Vida que segue
Mesmo a contragosto

Se o falecido morreu
Antes ele, do que eu

Quando eu for
Quero ir como flor
Sorriso no peito
Leve perfume de dor
- Luis Turiba, em "Qtais". Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2013.

§

Língua à brasileira
Ó órgão vernacular alongado
Hábil áspero ponteado
Móvel Nobel ágil tátil
Amálgama lusa malvada
Degusta deglute deflora
Mas qual flora antropofágica
Salva a pátria mal amada

Língua-de-trapo Língua solta
Língua ferina Língua douta
Língua cheia de saliva
Savará Língua-de-fogo e fósforo
Viva & declinativa
Língua fônica apócrifa
Lusófona & arcaica
Crioula iorubaica.

Língua-de-sogra Língua provecta
Língua morta & ressurecta
Língua tonal viperina
Palmo de neolatina
Poema em linha reta
Lusíadas no fim do túnel
Caetano não fica mudo
Nem “Seo” Manoel lá da esquina

Por ti Guesa Errante, afro-gueixa
O mar se abre o sol se deita
Por Mários de Sagarana
Por magos de Saramago
Viva os lábios!
Viva os livros!
Dos Rosas Campos & Netos
Os léxicos Andrades, os êxtases
Toda a síntese da sintaxe
Dos erros milionários
Desses malandros otários
Descartáveis, de gorjetas.
Língua afiada a Machado
Afinal, cabeça afeita
Desafinada índia-preta
Por cruzas mil linguageiras
A coisa mais Língua que existe
É o beijo da impureza
Desta Língua que adeja
Toda a brisa brasileira
Por mim
                Tupi,
                               Por tu Guesa
- Luis Turiba, em "Livro na rua". micro-antologia. Série Escritores Brasileiros - contemporâneos, 17. Brasília: Thesaurus Editora, 2005.

§

Jóia da coroa
diamantina é um extraordinário 
quebra-cabeça
do sonho lusitano em terras brasileiras
a jóia da coroa no arraial do tejuco
bem acima da vila rica do ouro bruto

dínamo dos diamantes
música para amantes

com quantas pedras foi construída?
quantas almas
sangues vidas
quantos escravos
homens mulheres
mandos desmanchos
grandezas detalhes
pepitas petardos?

praça das missões
rua da glória
rua da luz
macau de cima
caminho do escravo
macau de baixo
macau do meio
beco do tejuco

brasil é um beco do mota
romanceiro inconfidente
o som do clube de esquina
liberdade sol do oriente 
- Luis Turiba, em Meiaoito 68 Razões de 68". (Coleção Oi Poema, v. 1). Brasília: Athalaia Gráfica e Editora, 2010. 


§


Oração para nossa senhora da bala perdida
Mãe,
Afaste de mim esta bala
Este dardo inflamável
Esta seta diuturna
Este terror sem rumo
Este projétil alado e raso

Pois já que elas não cessam
Que pelo menos nos errem

Rogai por nós os passantes
Os transeuntes os pedestres
Os motoristas e as crianças
E principalmente as mães

Não nos faça alvos fáceis
Desta chuva de petardo
Não nos atinja o corpo
Nem a alma nem os prantos

Que veloz, não me alcance
Que sua força não me curve
Que seu fogo não me queime
Que o acaso não me derrube

Eu que diariamente passo
Por favelas becos vielas
Por túneis curvas células
Eu que faço o bom combate

Protegei as nossas vísceras
Das emboscadas bandidas
Dos acertos entre quadrilhas
Do fogo amigo ou polícia
Só te peço oh mãe amiga
Santa do cotidiano
Poupe-nos o banho de sangue

De passagem tão insana
- Luis Turiba, em "Qtais". Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2013.

§

Passagem
quanto mais leve o fardo
mais farta é a levitação

e cada passo
um descongelamento
de um futuro avivamento

o bom da morte
é a inacessível condição
de cerimônia de passagem
deixa tudo em suspensão
no mergulho fascinante
compromissos amores certezas
e as contas a pagar
tal qual porto
ou parto
- Luis Turiba, em "Qtais". Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2013.



POESIA ERÓTICA
Luis Turiba em "Inocentes eróticos". Poemas. [ilustrações Tarciso Viriato, Alex Moraes]. 
Rio de Janeiro: Tertulia Artesanato Cultural, 2015.


Luis Turiba em "Inocentes eróticos". Poemas. [ilustrações Tarciso Viriato, Alex Moraes]. 
Rio de Janeiro: Tertulia Artesanato Cultural, 2015.

POESIA INFANTIL
Luis Turiba, em "Luísa Lulusa, a atriz principal".
[Desenhos e colagens de Carlos Lambash].
Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2010.

Luis Turiba, em "Luísa Lulusa, a atriz principal". 
[Desenhos e colagens de Carlos Lambash]. 
Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2010.

Flagrante
Lágrima na floresta
Testemunha sexo selvagem
Entre a motosserra e a árvore
- Luis Turiba, em "Livro na rua". micro-antologia. Série Escritores Brasileiros - contemporâneos, 17. Brasília: Thesaurus Editora, 2005.



Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
FORTUNA CRÍTICA DE LUIS TURIBA
ARIAS, Lalo. Revista Bric-a-Brac revisitada. in: revista Musara, 7.3.2012. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
AUGUSTO, Ronald. Bala: a "bricolage" poética de Luis Turiba. in: artistas gauchos, 5.5.2008. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
CASTELLO, José. Poesia e alegria. in: Gazeta do Povo, 8.2.2014. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
COSTA, Luiz Carlos Guimarães da.. História da literatura brasiliense. Brasília: Thesaurus Editora, 2005.
FREITAS, Marcos. Bric-a-Brac, Maior Idade. in: Em Verso e Pros@, 2 julho de 2007. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
HOLLANDA, Heloísa Buarque; PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. Literatura Comentada - poesia jovem anos 70. Rio de Janeiro: Editora Abril Cultural, 1982.
KHOURI, Omar. Revistas na era pós-verso: revistas experimentais e edições autônomas de poemas no Brasil dos anos 70 aos 90. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.
MEDEIROS, Jotabê. Revive em Brasília a publicação cult Bric-a-Brac. in: Caderno 2, O Estado de S. Paulo, 14.6.2007 | reproduzida em DO Próprio Bol$so. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
MILLARCH, Aramis. "Bric à Brac", a grande revista das vanguardas. in: Almanaque, Estado do Paraná, 19 de julho de 1991 | reproduzida em "Millarch". Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).
SANTOS, Tiago Borges dos.. Lira Pau-Brasília. (Dissertação Mestrado em História). Universidade de Brasília, UnB, 2008. Disponível no link e link. (acessado em 29.3.2016).
VIEIRA, José Carlos; FRANCISCO, Severino; MAGGIO, Sergio. Muito prazer - Luis Turiba. in: Correio Braziliense, 12.9.2010. Disponível no link. (acessado em 29.3.2016).



Bric-a-Brac - catálogo-revista
EXPOSIÇÃO E CATALOGO DA REVISTA EXPERIMENTAL BRIC-A-BRAC 
:: Bric-a-Brac - catálogo-revista. [editores Luis Turiba e Resa; curadoria Marília Panitz]. Brasília: Caixa Cultural, 2007, 112p.
Revista experimental Bric-a-Brac, 21 anos após sua primeira edição, em 1986. Estamos falando do catálogo da exposição Bric-a-Brac, Maior Idade que lançado gratuitamente dia 10 de julho de 2007, num grande recital poético no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal (CEF) de Brasília.


revista Bric-a-Brac - ano II - nº 2 

Manoel de Barros. Poema publicado na revista Bric-a-Brac nº 3

O poeta e a alquimista
bebo água como te bebo
límpida líquida corrente
cada gole goela abaixo
fluidos positivos de saúde
suor e saudades
folhas cubram
nossos caminhos
de clorofila e paixão
- Luis Turiba, publicado no Blog do Turiba.



Luis Turiba - foto: Arquivo do autor
BLOGUE E CONTATO DO AUTOR
:: Acesse AQUI!
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OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Antonio Miranda I - Antonio Miranda II
:: Bric-a-Brac


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Luis Turiba - o poeta andarilho. Templo Cultural Delfos, março/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Mano Melo - o lavrador de palavras

Mano Melo - foto: arquivo do autor
Mano Melo é poeta, ator, roteirista, com diversos espetáculos realizados e vários livros publicados. É ator formado pelo Conservatório Nacional de Teatro e estudou filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Como ator, participou de vários filmes, dentre eles, André Cara e Coragem, The Bread (Holanda), O Cangaceiro Trapalhão, Os Trapalhões e o Mágico de Orós, Os Trapalhões na Serra Pelada, e O Homem da Capa Preta. É autor de sete livros de poesias publicados. Fez curso de roteiro com Syd Fields. É autor de vários roteiros institucionais para projetos de educação da Fundação Roberto Marinho, e de dias temáticos para o Canal Futura. Em 2003, participou durante seis meses das Noites de Humor, com Chico Anísio, no Rio Design Center Leblon e Rio Design Center Barra, interpretando suas poesias. Atualmente participa da novela América (elenco de apoio), no papel de Severino, o porteiro do edifício de Alex (Thiago Lacerda).
No Teatro, seus trabalhos mais recentes são Guerreiras do Amor, de Domingos Oliveira, direção Jayme Periard, e Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare, no papel de Puck, direção de Paulo Reis. E o monólogo de sua autoria O Lavrador de Palavras, espetáculo itinerante que estreou na Casa da Gávea, em 2000, e depois no Teatro Cândido Mendes. Viajou por 10 anos pela América Latina, Europa, Ásia, África e depois retornou ao Brasil para interpretar seus poemas em teatros, tevês, rádios, bares, centros culturais, ciclos de poesia e congressos brasileiros, além de universidades, escolas, praças e praias em todo país. Recentemente, além de seu trabalho individual, fez parte do projeto de poesia Ver o Verso, junto com Pedro Bial, Alexandra Maia e Claufe Rodrigues. O grupo se apresentou durante três anos, de 1999 a agosto de 2002, uma vez por mês, no Rio de Janeiro, sempre com casa cheia, e percorreu várias cidades brasileiras, por teatros, centros culturais, feiras de livros e congressos de literatura, em São Paulo, Porto Alegre, Passo Fundo, Belo Horizonte, Tiradentes, Itabira, Salvador, Fortaleza, Maceió e Belém. Em dezembro de 2001, foi encenado no evento Papo Cerrado,  encontro de literatura realizado na cidade de Cuiabá  (Teatro Sesc Arsenal). 
Mano Melo - foto (...)
Abriu os festejos do centenário de Carlos Drummond de Andrade em Itabira, MG, encerrando com histórico recital no dia 31 de outubro de 2002, aniversário de cem anos do poeta, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, junto com a orquestra Sinfônica do Theatro Municipal.  Ainda realizou apresentações no Teatro Sesc-Copacabana, Rio de Janeiro, durante o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias, no festival Cante e Conte, na cidade de Baependi, Minas Gerais, no centro cultural  Oboé, em Fortaleza, por ocasião do lançamento na capital cearense do romance de Mano Melo Viagens e Amores de Scaramouche Araújo. Em novembro de 2006, foi apresentado no Teatro Sesc de Sorocaba, SP. Em março de 2007, em Vitória, ES. Em Em outubro, na Festa do Livro e Leitura em Aracati, CE. E em 2008, no espaço Galpão das Artes, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Em 2010, no SESC Nova Friburgo.
Enfim, o poeta e ator Mano Melo mescla poesia e teatro numa estrutura simples: o poeta diante de sua mesa de trabalho, em diálogo sensorial consigo mesmo e com o seu público, trazendo para o contemporâneo a tradição viva da oralidade na poesia brasileira. Veja a entrevista que ele concedeu pra gente.
:: Fonte: Blog Agenda | Poeta Mano Melo (acessado em 28.3.2016).


O lavrador de palavras
O torso descoberto no dorso aberto da tarde
O lavrador de palavras planta palavras na lama.
A cada letra que planta é dez segundos mais velho
( Com licença, Vou me olhar no espelho).
- Mano Melo, em "O lavrador de palavras". Rio de Janeiro: Bapera, 1999.


Mano Melo - foto: Ilana Lichtenstein
OBRA DE MANO MELO
Poesia
:: O lavrador de palavras. Rio de Janeiro: Bapera, 1999.
:: Poemas do amor eterno. Expressão gráfica e Editora, 2011, 244p. (Prêmio Quem 2012, na categoria 'melhor escritor').

Romance
:: Viagens e amores de Scaramouche Araújo. Editora Five Star, 2005.

Poesia (co-autoria)
:: Ver o verso - em mãos. [autores Mano Melo, Alexandra Maia, Claufe Rodrigues e  Pedro Bial]. Rio de Janeiro: Edições O Verso, 2000, 102p.

Poesia (organização)
Mano Melo - foto: arquivo do autor
:: 50 Jovens poetas. [organização Mano Melo e Claufe Rodrigues]. Rio de Janeiro: Edições O Verso, 2002.

Antologia (participação)
:: Ponte de Versos 4 anos: uma antologia carioca. [organização Thereza Christina Motta e Ricardo Ruiz]. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2004, 272p.
:: República dos Poetas - antologia poética. [organização Ricardo Muniz de Ruiz]. Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005.
:: Antologia poetas da confraria. Rio de Janeiro: Editora Sapere, 2012.

Entrevistas
LITERATURAO amor em três atos. in: Diário do Nordeste, caderno 3, 23.5.2011. Disponível no link. (acessado em 28.3.2016).
MACHADO, Luiz Alberto. A arte de Mano Melo e uma entrevista. in: Blog Agenda, 8 março de 2013. Disponível no link. (acessado em 28.3.2016).
NASCIMENTO, Xanda. Mano Melo - entrevista. in: Nossa Galeria de Arte, boletim, 5, 2011. Disponível no link. (acessado em 28.3.2016).
SALDANHA, Jiddu. Entrevista exclusiva com Mano Melo. in: Mestres Narradores, 8 de setembro de 2011. Disponível no link. (acessado em 28.3.2016).
VASCONCELLOS, Selmo. Mano Melo - entrevista nº 367. in: Selmo Vasconcellos site, 30 novembro de 2011. Disponível no link. (acessado em 28.3.2016).
WAACK, Eduardo. Mano Melo, entrevista. in: Revista de los Jaivas, 9 de fevereiro de 2016. Disponível no link. (acessado em 28.3.2016).


Mano Melo - foto: arquivo do autor
BREVE ANTOLOGIA POÉTICA DO POETA MANO MELO

Barco do tempo
tem sonhos que a gente quer
que quanto mais se busca mais foge 
vai se derramando uma chuva ao longe 
a gente pensa que está tudo nascendo 
mas é só do esforço de seguir vivendo 

aí vem uma luz que brilha dentro e corre 
aí vem uma voz que chama dentro e morre 

de tudo que a gente quer 
a gente mais quer quando sente 
que tudo do mundo está dentro da gente 
olhamos para as cores e vemos que tudo é lindo! 
é só da vontade de seguir sorrindo 

aí vem uma luz que chama dentro e cresce 
aí vem uma voz que acalanta e aquece 
o sonho de amar que faz seguir amando 
dá vento ao barco pra ir navegando 

mãe linda embalava olhando as ondas 
do mar encantado 
o barco do tempo foi pescar noutro lado 
cantou pássaro da sorte no pé de coqueiro 
saudade dançou na chama do candeeiro 

barco do tempo 
passa no vento 
barco barco do tempo 
passa passa no vento
- Mano Melo, em "O lavrador de palavras". Rio de Janeiro: Bapera, 1999.

§


Mano Melo - foto: arquivo do autor
Espaçomoto
Sonhei que voava numa espaçomoto colorida
Sobre a Cidade Maravilhosa destruída
Com as ondas do mar batendo nos tetos
Dos prédios de concreto.

Não havia sinal de gente.
Tudo abandonado.
Os sinais piscando pra carro nenhum
E os neons anunciando para ninguém.

As lojas todas vazias
E as mercadorias
Espalhadas no balcão
Inúteis
Carros supermercados preços marcados
Discos roupas computadores sapatos
Tudo para os ratos.

Foi terremoto maremoto
Ou desilusão
Da Bahia a Nova Iorque
Da Dinamarca aos Açores
Se calaram os pregões das bolsas de valores
- Mano Melo, em "República dos poetas - antologia poética". [organização Ricardo Muniz de Ruiz]. Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005.

§

Lendo cartas de Van Gogh a Théo
Escrever é o que resta.
Espremer os sentidos como uma laranja.
Ouvir os sons do silêncio mudo
No burburinho da cidade imunda,
Com suas inumeráveis descargas abertas e tortas
Seus miseráveis abortos de carnes vivas e mortas

Olhando pela janela do ônibus
Andando a pé
Sentado no último vagão do metro vazio
Passeando entre os iguais de diferentes tribos
Vou fazendo versos.
Cru cozido grelhado assim e assado
E et caterva
Assim escrevo.
Mergulhando no lago largo e amargo de amor e lama
Chamado o âmago
Em busca da melhor forma na expressão.
Descobrir a cor de cada palavra
Como Van Gogh descobriu as cores de cada cor
- Mano Melo, em "República dos poetas - antologia poética". [organização Ricardo Muniz de Ruiz]. Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005.

§

Nada consta
Sua vida é uma luz escura,
onde não cabem saudades nem salamaleques.
Quando precisa de alguém,
sai na noite e procura.
Não permite nenhum afeto se intrometer,
nenhum querer-bem.
Seu coração é um bloco de granito
em cofre de banco.
Aguentar o tranco,
suportar o atrito,
sufocar a dor,
calar o grito
são seus atributos.
Estudou teatro e literatura,
mas acha atores e literatos
um tanto ou quanto prostitutos,
vaidosos e chatos.

Gosta de um rapaz,
à sua maneira.
Não se entrega por inteiro.
No dia em que o vê
está bem.
E quando não,
também.
Se o encontra com outra,
aceita.
Ama,
mas não demonstra.
No livro do amor,

nada consta.
- Mano Melo, em "Poemas do amor eterno". Expressão gráfica e Editora, 2011.

§

Nada vai apagar meu sorriso
Podem ameaçar com as bombas e morteiros
da Marinha americana,
podem roubar meu dinheiro
e chamar os hômes pra me levar em cana.
Nem que as vacas tussam e as porcas torçam seus rabos,
nem que eu seja atacado por mil cachorros brabos,
mesmo que me acusem de tudo que é heresia
e arranquem meu dente de siso
sem anestesia,
nada vai apagar meu sorriso.

Podem ameaçar com o Armageddon
e as trombetas do Juízo Final.
Podem pintar o mar de marrom
e botar dez mil crianças assaltando no sinal,
podem parar o mundo e apagar a luz,
abrir a caixa dos pregos e me pregar na cruz,
podem rodar a baiana, podem soltar a franga,
bordar tudo mais feio que o cão chupando manga,
destruir a ferro e fogo os frutos do paraíso,
nada vai apagar meu sorriso.

Podem sujar a atmosfera
até fazer doloroso o ato de respirar.
Podem abrir a jaula e soltar a besta-fera
com sua boca horrenda para me devorar,
perfurar meus olhos com setas envenenadas
até que fiquem cegos,
me fechar no escuro junto com morcegos,
ratazanas e baratas aladas,
sem nenhum sinal ou prévio aviso,
nada vai apagar meu sorriso.

Entre os campos de batalha dessa guerra infame,
busco trocar amor com quem também me ame.
E sei que a maioria das pessoas são pessoas decentes,
gente do bem trabalhando para criar filhos
e passar sua herança de conhecimentos.
Por isso, quando o trem parece correr fora dos trilhos
e o dragão ameaça cuspir fogo pelas ventas,
eu sei que tudo na vida tem uma explicação
e que existem razões que são estranhas até à própria razão.
Não importa as teias que a aranha teça,
a gente tem que se cuidar pra não virar presa.
Se a aranha tá a fim de te jantar,
você não pode permanecer passivo.
Não apenas navegar, viver também é preciso.
Eu fico mais forte quando penso nisso:
nada vai apagar meu sorriso.
- Mano Melo, em "Poemas do amor eterno". Expressão gráfica e Editora, 2011.

§

O Amor
é
Mano Melo - foto: arquivo do autor

Terno.

O
Amor
é

Fêmero.

O
Amor
é

Fé.

O
Amor


É.
- Mano Melo, em "Poemas do amor eterno". Expressão gráfica e Editora, 2011.

§

O tempo
O Tempo é um rinoceronte
que range e ruge de longe.
O Tempo é um elefante,
um elevador,
um altofalante
perto e distante.
O Tempo é um diamante,
um trilho, uma trilha,
macho e fêmea,
filho e filha.
O Tempo
é um cachorro.
Range
os dentes,
ruge,
e foge
latindo
para uma vaca
que muge.
Enquanto a onça ronca,
o macaco ranga.
Quando a onça
abandona seu posto,
a raposa vai à caça
e o cabrito faz seu pasto.
Viver é um passeio nos astros.
Os bichos deixam seus rastros –
a alma humana, seus lastros…
- Mano Melo, em "Poemas do amor eterno". Expressão gráfica e Editora, 2011.

§

Toque 
É tempo de ter um amuleto amarelo com um amor bordado dentro
É tempo de cavar as palavras secas no fundo do pescoço
É tempo de descobrir o rubi que você pensa que é uma pedra nos sapatos
É tempo do tempo morto morrer dentro de você
É tempo de nascer o poeta inato que você é

O abismo do ser sozinho fica nos limites das forças
Atravessar por inteiro depende da prática do timoneiro
É desviar o barco por águas claras e maré calma
Pois os limites das forças são as divisas com a alma
Aguenta o barco firme
Aguenta o barco
Com muita calma
Irmão

Você é o juiz que se julgou perdido
Sua própria mão bateu as três marteladas
Pregando a sentença de sua perdição
Existe um oásis em cada um dos lados de teu corpo quadrado
Escolher seja sul seja norte seja leste seja oeste
Adiante deserto e oásis são a mesma coisa
As mesmas partes do caminho andado
Não existe caminho errado
Existe preguiça de continuar pra qualquer um dos lados
- Mano Melo, em "República dos poetas - antologia poética". [organização Ricardo Muniz de Ruiz]. Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005.


Mano Melo na Casa da Gávea - foto: Arquivo do autor
PROJETOS DE  POESIA DO POETA MANO
Recital-show poético com gravação: Mano a Mano com a poesia
Datas: Toda à (segunda) terça-feira de cada mês
Horário: 21h00
Local: Casa da Gávea
Endereço: Praça Santos Dumont, 116 - Gávea, Rio de Janeiro - RJ
Telefonte: (21) 2239-3511
Site: Casa da Gávea

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Programa de rádio: Mano a Mano com a Poesia
Seu programa de Música, Humor & Versos.
Apresentação: Mano Melo & Cristina Bethencourt. 
Quando? Toda à (primeira) quarta-feira de cada mês
Horário: 23h00 
Emissora: Rádio Roquette Pinto, 94.1 fm
Site: Rádio Roquette Pinto - Rio de Janeiro



Mano Melo - foto: arquivo do autor
CONTATO COM O POETA MANO MELO
:: E-mail: manomelo45@gmail.com
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OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Antonio Miranda
:: Mano Melo (blogue 2008)
:: Revista Biografia

* Título da 'página' é homônimo ao livro do autor.

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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Mano Melo - o lavrador de palavras. Templo Cultural Delfos, março/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 28.3.2016.



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