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Jules Laforgue - e a arte poética

Jules Laforgue, por (...)
Jules Laforgue nasceu em Montevidéu – Uruguai, em 16 de agosto de 1860, descendente de uma família de origem bretã, França. Passou a infância em Tarbes e foi, em Berlim que durante vários anos trabalhou como leitor oficial, em francês, da imperatriz Augusta de Saxe-Weimar.
Poeta inventor, em seus experimentos linguísticos fez uso da ironia, da frase corrente e coloquial, inclusive o balbuciar e a descontinuidade sintática. Toda sua poesia, além disso, se acha repleta de exclamações e interjeições, o que se traduz em um ritmo entrecortado e muito marcante.
Jules Laforgue publicou 4 livros em vida: “Les Complaintes” (1885), “L’Imitation de Notre-Dame la Lune” (1886) – financiados por ele mesmo -, além de “Concile Féerique” (1886) e “Moralités Légendaires” (1887). Em 1890, três anos após sua morte, foram publicados os “Derniers Vers”. O suficiente para tornar-se mestre de T.S. Eliot (1888-1965); Ezra Pound (1885-1972 e Marcel Duchamp (1887-1968), além da grande influência deixada aos poetas brasileiros Pedro Kilkerry (1885-1917), Marcelo Gama (1878-1915), Manuel Bandeira (1886-1968), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e entre outros.
Conforme Wilson Coelho: ” A poesia de Jules Laforgue é aquela que faz bailar o pobre corpo humano que lamenta as paisagens da natureza com uma vontade que não tem desejos e, tampouco, piedade, porque a vontade é em potência, porém o desejo e a piedade são angústias metafísicas que impedem o des-velamento”.
Tradutor de Walt Whitman, Laforgue foi um dos primeiros poetas franceses a escrever no verso livre, o primeiro a fazê-lo de forma sistemática. 
Os escritos de Jules Laforgue são também imbuídos de melancolia – spleen – pelo sentimento de desgraça, pelo pessimismo, em razão de sua vida solitária e por seu estudo dos filósofos alemães Arthur Schopenhauer e Eduard von Hartmann, e ainda o desejo intenso de fuga.
Faleceu em Paris em 20 de agosto de 1887.
:: Fonte: Ditirambos (acessado em 7.7.2016)



auto-retrato Laforgue
"Considerado um mestre por T.S.Eliot, Ezra Pound e Marcel Duchamp, entre outros, sua poesia implicou uma mudança radical no modo de conceber a literatura. Sobre a importância da poesia de Laforgue, Mário Faustino afirmou: "Antes de mais nada, serviço de limpeza, de higiene, de purgação, de crítica. Depois dele um Flaubert não teria mais coragem de escrever Salammbô (...), ninguém na França ousará mais escrever pieguices auto-acalantos, etc. Ah se Laforgue (e Corbière) fosse mais lido no Brasil! Laforgue é um cadinho e um crivo da literatura francesa e do mundo burguês. Laforgue examina, seleciona, corta, amputa. Pega o que tem de bom em Verlaine (a preocupação com a Melopeia) e acrescenta-lhe o que faltava: o bom verbalismo (Pound), a boa logopeia, a 'prosa' poética e a 'poesia' prosaica. Diversifica como ninguém antes (...) a linguagem poética: vocabulário científico, gíria... E faz o que quer com o verso tradicional: não respeita nem o 'impar' de Verlaine nem o 'par' dos outros; cria seus próprios ritmos e, finalmente, juntamente com Gustave Kahn cria, ou recria, na França, o chamado vers libre, ou polirrítimico.""
- Orelha do livro "Laforgue, J. Litanias da lua". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

OBRAS DE JULE LAFORGUE EM PORTUGUÊS
Jules Laforgue, par Emile Laforgue
Poesia
:: Jules Laforgue. Litanias da lua. [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.
:: Últimos poemas do pierrô lunar.Jules Laforgue. [tradução de Luiz Carlos de Britto Rezende]. Rio de Janeir: Sette Letras, 1997.

Estórias curtas|fábulas
:: Moralidades lendárias - fábulas filosóficas. Jules Laforgue. [tradução de Mary Amazonas de Barros]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

Antologias (participação)
:: Versos, reverso controverso. [organização e tradução de Augusto de Campos]. São Paulo: Editora Perspectiva, 1988.
:: Poetas franceses do século XIX. [organização e tradução José Lino Grünewald]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
:: ABC da literatura - Ezra Pound. [organização e apresentação de Augusto de Campos; tradução de Augusto de Campos e José Paulo Paes]. São Paulo: Cultrix, 2006.

Edição digital
:: Laforgue - 8 poemas. [tradução André Vallias]. Edição digital. Errática. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016). 
Jules Laforgue - foto (...)
POEMAS SELECIONADOS DE JULES LAFORGUE (EDIÇÃO BILÍNGUE)

EM TRADUÇÃO DE AUGUSTO DE CAMPOS


O CIGARRO
Sim, este mundo é chato e o outro, uma graça.
Eu vou resignado, sem me fiar na sorte,
E pra matar o tempo, enquanto espero a morte,
Lanço ao nariz dos deuses fitas de fumaça.

Ide, esqueletos do futuro, pobre raça.
Eu, o meandro azul que para o céu serpeia,
Mergulho em êxtase sem fim, cabeça cheia
De ópios febris de alguma estranha taça.

Adentro o paraíso, em sonhos todo imerso,
Nos quais se vão mesclar, em fantásticos ritos,
Elefantes em cio a coros de mosquitos.

E quando acordo, meditando no meu verso,
O coração pleno de júbilo, balanço
Meu polegar cozido - uma coxa de ganso.
.

LA CIGARETTE
Oui, ce monde est bien plat: quant à l'autre, sornettes.
Moi, je vais résigné, sans espoir à mon sort,
Et pour tuer le temps, en attendant la mort,
Je fume au nez des dieux de fines cigarettes.

Allez, vivants, luttez, pauvres futurs squelettes.
Moi, le méandre bleu qui vers le ciel se tord
Me plonge en une extase infinie et m'endort
Comme aux parfums mourants de mille cassolettes.

Et j'entre au paradis, fleuri de rêves clairs
Ou l'on voit se mêler en valses fantastiques
Des éléphants en rut à des choeurs de moustiques.

Et puis quand je m'éveille en songeant à mes vers,
Je contemple, le coeur plein d'une douce joie
Mon cher pouce rôti comme une cuisse d'oie.
- Jules Laforgue, em "Versos, reverso controverso". [organização e tradução de Augusto de Campos]. São Paulo: Editora Perspectiva, 1988.

§

LOCUÇÕES DOS PIERRÔS 

IX
Teu olhar,
Huri,
Tem o ar de um memento mori
Que diz no fundo: – Ah, deixa estar... 

Mas direi tudo de uma vez,
E por que parto, à fé de honrado
Bardo
Francês.

Teu coração tem fiador honesto, 
O meu vive de duplicatas             
Levadas             
A protesto. 
.

LOCUTIONS DES PIERROTS

IX
Ton geste, 
Houri, 
M'a l'air d'un memento mori 
Qui signifie au fond: va, reste...

Mais, je te dirai ce que c'est, 
Et pourquoi je pars, foi d'honnête 
Poète 
Français.

Ton coeur a la conscience nette, 
Le mien n'est qu'un individu 
Perdu 
De dettes.
- Jules Laforgue, em "Versos, reverso controverso". [organização e tradução de Augusto de Campos]. São Paulo: Editora Perspectiva, 1988.

§

OUTRO LAMENTO DE LORD PIRRÔ
Essa que me vai pôr ao corrente da Fêmea!
Eu lhe direi, então, com ares indiscretos:
"A soma dos ângulos de um triângulo, minh'alma,
               "É igual a dois retos."

E se lhe sai este grito: "Deus meu, como te amo!"
― "Deus reconhecerá os seus." Ou est'outro, incisivo:
― "Meus teclados têm alma, só tu serás meu tema."
                Eu: "Tudo é relativo."

Com todo o olhar, sentindo-se banal, agora:
"Não me amas nem um pouco, e eu não sou nada feia!"
Mas eu, com um olhar que em si mesmo se alheia:
              "― Bem, obrigado, e a senhora?"

― "Ah, qual de nós é o mais fiel? Apostemos!"
― "Só se quem perde ganha." Ou lágrimas d'amor:
― "Ah! Tu te cansarás primeiro, estou certa..."
              "― Primeiro as damas, por favor."

Enfim, se ela um dia morre nos meus livros,
Doce; como quem decifra um mistério,
Terei um: "Ora essa, ainda há pouco estava viva!
             "Mas então era sério?"
.

AUTRE COMPLAINTE DE LORD PIERROT
Celle qui doit me mettre au courant de la Femme! 
Nous lui dirons d'abord, de mon air le moins froid: 
“La somme des angles d'un triangle, chère âme, 
“Est égale à deux droits.”

Et si ce cri lui part: “Dieu de Dieu! que je t'aime!”
— “Dieu reconnaîtra les siens.” Ou piquée au vif:
— “Mes claviers ont du cœur, tu seras mon seul thème.”
Moi: “Tout est relatif.”

De tous ses yeux, alors! se sentant trop banale: 
“Ah! tu ne m'aimes pas; tant d'autres sont jaloux! 
Et moi, d'un œil qui vers l'Inconscient s'emballe: 
“Merci, pas mal; et vous?”

—  “Jouons au plus fidèle! — A quoi bon, ô Nature!”
“Autant à qui perd gagne!” Alors, autre couplet:
— “Ah! tu te lasseras le premier, j'en suis sûre...” 
— “Après vous, s'il vous plaît.”

Enfin, si, par un soir, elle meurt dans mes livres, 
Douce; feignant de n'en pas croire encor mes yeux, 
J'aurai un: “Ah ça, mais, nous avions De Quoi vivre! 

“C'était donc sérieux?”
- Jules Laforgue, em "Versos, reverso controverso". [organização e tradução de Augusto de Campos]. São Paulo: Editora Perspectiva, 1988.

§

PENÚLTIMA PALAVRA
Jules Laforgue
O Espaço?
– A vida
Ida
Sem traço.

O Amor?
– Seu preço:
Desprezo
E dor.

O Sonho?
– Infindo,
É lindo
(Suponho).

Que vou
Fazer 
Do ser
Que sou?

Isto;
Aquilo,
Aqui,
Ali.
.

AVANT-DERNIER MOT  
L’Espace?
— Mon Cœur
Y meurt
Sans traces.....

La Femme?
— J’en sors,
La mort
Dans l’âme....

Le Rêve?
— C’est bon
Quand on
L’achève....

Que faire
Alors
Du corps
Qu’on gère?

Ceci,
Cela,
Par-ci

Par-là....
- Jules Laforgue, em "Versos, reverso controverso". [organização e tradução de Augusto de Campos]. São Paulo: Editora Perspectiva, 1988.

§

SPLEEN *
Tudo é tédio. Manhã. Olho pela janela.
No alto, risca-se o céu no giz da chuva fria.
Em baixo, a rua. Sob a cerração sombria
Vultos deslizam na água turva de barrela.

Olho sem ver (até meu cérebro regela)
Maquinalmente sobre o vidro que embacia
Meu dedo faz rabiscos de caligrafia.
Bah! Saiamos. Quem sabe, alguma coisa bela.

Nenhum livro. Perfis estúpidos. Ninguém.
Fiacres, lama, e ainda a chuva nos telhados…
Enfim a noite, o gás, volto com pés pesados…

Janto, bocejo, leio, nada me convém…
Bah! Dormir. – Meia noite. Uma. É sem remédio.
Só eu não durmo, só. E tudo é tédio. 
.

SPLEEN
Tout m'ennuie aujourd'hui. J'écarte mon rideau,
En haut ciel gris rayé d'une éternelle pluie,
En bas la rue où dans une brume de suie
Des ombres vont, glissant parmi les flaques d'eau.

Je regarde sans voir fouillant mon vieux cerveau,
Et machinalement sur la vitre ternie
Je fais du bout du doigt de la calligraphie.
Bah! sortons, je verrai peut-être du nouveau.

Pas de livres parus. Passants bêtes. Personne.
Des fiacres, de la boue, et l'averse toujours...
Puis le soir et le gaz et je rentre à pas lourds...

Je mange, et baille, et lis, rien ne me passionne...
Bah! Couchons-nous. – Minuit. Une heure. Ah! chacun dort!
Seul, je ne puis dormir et je m'ennuie encor.
- Jules Laforgue [tradução de Augusto de Campos].

* Tradução originalmente publicada num número especial do Folhetim (Folha de S. Paulo, 26 de agosto de 1987, nº. 551), comemorativo do centenário da morte de Laforgue. Deste mesmo número constam duas traduções ("Spleen" e "Nossa Cara Metade") feitas por Augusto de Campos e ainda não recolhidas em livro. Augusto de Campos já havia, anteriormente, traduzido três poemas de Laforgue publicados no livro “Verso, Reverso, Controverso” (Editora Perspectiva, 1978).


****
EM TRADUÇÃO DE JOSÉ LINDO GRÜNEWALD

JOGOS
Ah! a Lua, a Lua me assedia...
Acreditas que algo remedia?

Morto? Porque ela dorme assim seria,
Em clorofórmio cósmico, alvadia?

Rosácea em tumular eflorescência
Da Basílica do Silêncio.

Persistes em tua atitude,
Eu me sufocando em solitude!

Sim, sim, tens o colo bem feito;
Mas se eu jamais ali me aleito?...

Mais uma tarde, e minhas berquinadas 
Vão-se rir às bandeiras despregadas,

Dando ao meu platonismo um teor
De êxtase digno de pescador!

Salve Regina dos Lys! a que reina,
Quero te atravessar com as falenas!

Quero beijar a tua pátena triste,
(A travessa viúva da cabeça!)
De São João Batista!

Quero achar um lied! que te toca,
Faz que emigres para esta boca! 

– Mas, nem mesmo mais rimas para a Lua...
Ah! que lamentável lacuna!
.

JEUX
Ah! la Lune, la Lune m'obsède... 
Croyez-vous qu'il ait un remède?

Morte? Se peut-il pas qu'elle dorme 
Grise de cosmiques chloroformes?

Rosace en tombale efflorescence 
De la Basilique du Silence.

Tu persistes dans ton attitude, 
Quand je suffoque de solitude!

Oui, oui, tu as la gorge bien faite; 
Mais, si jamais je ne m'y allaite?...

Encore un soir, et mes berquinades 
S'en iront rire à la débandade,

Traitant mon platonisme si digne 
D'extase de pêcheur à la ligne!

Salve Régina des Lis! reine, 
Je te veux percer de mes phalènes!

Je veux baiser ta patène triste, 
Plat veuf du chef de Saint Jean Baptiste!

Je veux trouver un lied! qui te touche 
A te faire émigrer vers ma bouche! 

– Mais, même plus de rimes à Lune... 
Ah! quelle regrettable lacune!

- Jules Laforgue, em "Poetas franceses do século XIX". [organização e tradução José Lino Grünewald]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

§

O INVERNO QUE VEM
Bloqueio sentimental! Despachos do Levante!...
Oh, cair da chuva! Oh! cair da noite,
Oh! o vento!...
O Dia de Todos os Santos, o Natal e o Ano Entrante,
Oh! na garoa, todos as minhas chaminés!...
De fábricas...

Não se pode mais sentar, todos os bancos, molhados;
Creia-me, tudo acabado até o ano que vem,
Todos os bancos, molhados, com os bosques embotados,
E assim as trompas sopraram ton ton, sopraram ton taine!...

Ah! nuvens vindas lá da Mancha,
Nosso último domingo, vocês mancham.

Está garoando;
As teias de aranha na floresta molhada
Vergam sob as gotas e ficam aruinadas.
Sóis plenipotenciários da lavoura
Em fontes de ouro
Dos espetáculos agrículas,
Onde estais sepultados? 
Esta tarde um sol que morre
Jaz no cume do morro
Jaz sobre o flanco
Nas giestas, sobre um manto.
Um sol branco 
Como tabuleta de boteco
Sobre uma liteira de giestas amarelas,
As giestas amarelas do outono.
E soam-lhe as trompas!
Que ele retorne...
Que a si próprio retorne!
Taïaut! Taïaut! e hallali!
Ó triste antífona, chegas ao fim!...
E fingem-se em folia!...
Ele alí jaz, como uma glândula arrancada de um pescoço,
E fremente, 
sem ninguém presente!...

Vamos, vamos  e hallali!
É o Inverno conhecido que se avizinha;
Oh! as curvas das grandes estradas,
E sem o pequeno Chapeuzinho Vermelho que caminha!...
Oh! seus sulcos dos carros do outro mês,
Subindo em trilhas quixotescas
Rumo às patrulhas das nuvens em derrota
Que o vento maltrate os apriscos transatlânticos!...
Aceleremos, aceleremos, é a estação agora conhecida.

E o vento, nesta noite, fez das suas!
Ó ninhos, ó ruínas, ó jardins desgados!
Meu coração e meu sono: ó ecos de machados!...

Todos estes ramos ainda tinham folhas verdes,
Sob as plantas apenas um esterco de folhas mortas;
Folhas, folíolos, que vos leve um bom vento
Para os charcos, aos enxames,
Ou para o fogo dos couteiros,
Ou os enxergões das ambulâncias
Para os soldados longe da França.

É a estação, é a estação, a ferrugem invade as massas,
Rói a ferrugem em seus spleens quilométricos
Os fios telegráficos das grandes estradas onde nada passa.

As trompas, as trompas, as trompas – melancólicas!...
Melancólicas!...
Seguem, alterando o tom,
Alterando o tom e a música 
Ton ton, ton taine, ton ton!...
As trompas, as trompas, as trompas!...
Seguiram para o vento Norte.

Não posso deixar tal tom: que ecos!...
É a estação, é a estação, adeus vindimas!...
Com uma calma de anjo chegam as chuvas lá de cima.
Adeus vindimas e adeus a todos os cestos,
Todas os cestos Watteau feixes sob os castanheiros.
É a tosse, no dormitório da escola, que reentra,
É a tisana sem fogão,

É a tísica pulmonar contristando o quarteirão,
E toda a miséria dos grandes centros.

Milho, lanifícios, borracha, farmácia, sonhar,
Cortinas abertas nas varandas à beira-mar
Frente ao oceano dos telhados dos bairros,
Lâmpadas, estampas, chá, petits-fours,
Não sereis meus únicos amores!...
(Oh, e aliás conheces, além dos pianos,
O sóbrio e vesperal mistério hebdomadário
Das estatísticas sanitárias
Nos jornais?)

Não, não! é a estação e o planeta cômico!
Que a ventania, que a ventania
Desfia 
Os chinelos, pois o tempo se tricota!
É a estação, oh dilacerações! é a estação!
Todos os anos, todos os anos,
Tentarei em coro dar a nota.
.

L'HIVER QUI VIENT
Blocus sentimental! Messageries du Levant!...
Oh, tombée de la pluie! Oh, tombée de la nuit!
Oh! le vent!...
La Toussaint, la Noël, et la Nouvelle Année,
Oh, dans les bruines, toutes mes cheminées!...
D'usines....

On ne peut plus s'asseoir, tous les bancs sont mouillés;
Crois-moi, c'est bien fini jusqu'à l'année prochaine,
Tant les bancs sont mouillés, tant les bois sont rouillés,
Et tant les cors ont fait ton ton, ont fait ton taine!...

Ah, nuées accourues des côtes de la Manche,
Vous nous avez gâte notre dernier dimanche.

Il bruine;
Dans la forêt mouillée, les toiles d'araignées
Ploient sous les gouttes d'eau, et c'est leur ruine.
Soleils plénipotentiaires des travaux en blonds Pactoles
Des spectacles agricoles,
Où êtes-vous ensevelis,
Ce soir un soleil fichu gît au haut du coteau
Git sur le flanc, dans les genêts, sur son manteau,
Un soleil blanc comme un crachat d'estaminet
Sur une litière de jaunes genêts,
De jaunes genêts d'automne.
Et les cors lui sonnent!
Qu'il revienne....
Qu'il revienne à lui!
Taïaut! Taîaut! et hallali!
O triste antienne, as-tu fini!...
Et font les fous!...
Et il gît là, comme une glande arrachée dans un cou,
Et il frissonne, sans personne!...

Allons, allons, et hallali!
C'est l'Hiver bien connu qui s'amène;
Oh! les tournants des grandes routes,
Et sans petit Chaperon Rouge qui chemine!...
Oh! leurs ornières des chars de l'autre mois,
Montant en don quichottesques rails
Vers les patrouilles des nuées en déroute
Que le vent malmène vers les transatlantiques bercails!...
Accélérons, accélérons, c'est la saison bien connue, cette fois.

Et le vent, cette nuit, il en a fait de belles!
O dégâts, ô nids, ô modestes jardinets!
Mon coeur et mon sommeil: ô échos des cognées!...

Tous ces rameaux avaient encor leurs feuilles vertes,
Les sous-bois ne sont plus qu'un fumier de feuilles mortes;
Feuilles, folioles, qu'un bon vent vous emporte
Vers les étangs par ribambelles,
Ou pour le feu du garde-chasse,
Ou les sommiers des ambulances
Pour les soldats loin de la France.

C'est la saison, c'est la saison, la rouille envahit les masses,
La rouille ronge en leurs spleens kilométriques
Les fils télégraphiques des grandes routes où nul ne passe.

Les cors, les cors, les cors – mélancoliques!...
Mélancoliques!...
S'en vont, changeant de ton,
Changeant de ton et de musique,
Ton ton, ton taine, ton ton!...
Les cors, les cors, les cors!...
S'en sont allés au vent du Nord.

Je ne puis quitter ce ton: que d'échos!...
C'est la saison, c'est la saison, adieu vendanges!...
Voici venir les pluies d'une patience d'ange,
Adieu vendanges, et adieu tous les paniers,
Tous les paniers Watteau des bourrées sous les marronniers,
C'est la toux dans les dortoirs du lycée qui rentre,
C'est la tisane sans le foyer,

La phtisie pulmonaire attristant le quartier,
Et toute la misère des grands centres.

Mais, lainages, caoutchoucs, pharmacie, rêve,
Rideaux écartés du haut des balcons des grèves
Devant l'océan de toitures des faubourgs,
Lampes, estampes, thé, petits-fours,
Serez-vous pas mes seules amours!...
(Oh! et puis, est-ce que tu connais, outre les pianos,
Le sobre et vespéral mystère hebdomadaire
Des statistiques sanitaires
Dans les journaux?)

Non, non! C'est la saison et la planète falote!
Que l'autan, que l'autan
Effiloche les savates que le Temps se tricote!
C'est la saison, Oh déchirements! c'est la saison!
Tous les ans, tous les ans,

J'essaierai en chœur d'en donner la note.
- Jules Laforgue, em "Poetas franceses do século XIX". [organização e tradução José Lino Grünewald]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.


****
EM TRADUÇÃO DE RÉGIS BONVICINO

MEDIOCRIDADE
No infinito coberto de eternas belezas,
Como átomo perdido, incerto, solitário,
Um planeta chamado Terra, dias contados,
Voa com os seus vermes sobre as profundezas.

Filhos sem cor, febris, ao jugo do trabalho,
Marchando, indiferentes ao grande mistério,
E quando um dos seus é enterrado, já sérios,
Saudam-no. Do torpor não são arrancados.

Viver, morrer, sem desconfiar da história
Do globo, sua miséria em eterna glória,
Sua agonia futura, o sol moribundo.

Vertigens de universo, todo o seu só festa!
Nada, nada, terão visto. Partem do mundo
Sem visitar sequer o seu próprio planeta.
.

MÉDIOCRITÉ
Dans l'Infini criblé d'éternelles splendeurs,
Perdu comme un atome, inconnu, solitaire,
Pour quelques jours comptés, un bloc appelé Terre
Vole avec sa vermine aux vastes profondeurs.

Ses fils, blêmes, fiévreux, sous le fouet des labeurs,
Marchent, insoucieux de l'immense mystère,
Et quand ils voient passer un des leurs qu'on enterre,
Saluent, et ne sont pas hérissés de stupeurs.

La plupart vit et meurt sans soupçonner l'histoire
Du globe, sa misère en l'éternelle gloire,
Sa future agonie au soleil moribond.

Vertiges d'univers, cieux à jamais en fête!
Rien, ils n'auront rien su. Combien même s'en vont
Sans avoir seulement visité leur planète.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LAMENTO-PETIÇÃO 
DO FILHO FAUSTO 
Se soubesses, mamãe Natura, 
O quanto eu me adoro em teu tédio, 
Me darias uma Bela pura, 
   Casta, que remédio!

Se soubesses, essa miuçalha,
Os sóis de Panurgo!, dirias,
Ora, deixe o nosso em migalhas,
    Ao meio-dia.

Se soubesses, o quanto a Lista
De tuas matérias é meu forte.
Me farias contabilista,
    Até a morte.

Se soubesses, as fantasias!
Eu poderia ser o fermento,
Farias de mim o teu Sósia,
    Por um momento.
.

COMPLAINTE-PLACET 
DE FAUST FILS 
Si tu savais, maman Nature,
Comme Je m'aime en tes ennuis,
Tu m'enverrais une enfant pure,
    Chaste aux "et puis?"

Si tu savais quelles boulettes,
Tes soleils de Panurge! dis,
Tu mettrais le nôtre en miettes,
    En plein midi.

Si tu savais, comme la Table
De tes Matières est mon fort!
Tu me prendrais comme comptable,
    Comptable à mort!

Si tu savais! les fantaisies!
Dont Je puis être le ferment!
Tu ferais de moi ton Sosie,

    Tout simplement.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LAMENTO DO POBRE CORPO HUMANO
O Homem e a fêmea são servos 
Do corpo: cloaca basbaque 
De malhas de harpas de nervos 
Servos de tudo, dos tais baques 
De seu repertório de ataques. 

Eis sua cantilena, 
Ó, é de fazer pena! 

Limpo e certo no seu contorno, 
Decorado por modas vãs, 
Ele se admira, bravo corpo, 
E se endominga, de manhã, 
Após a semana de afã. 

Vamos, sim, vamos fêmea, 
Esta é nossa cena! 

Vejamo-lo: tocante, nu, 
Num décor de folhas, virtuose, 
Com tics reflexos de frufru. 
Ais e uis de mundanas poses; 
Sobre um fundo verde: clorose. 

Eis sua cantilena, 
Ó, é de fazer pena! 

As Virtudes e seus Desejos 
Baqueiam-lhe a engrenagem, 
Vive tão só para o manejo 
Das rendas da divina imagem, 
A lei da morte: sabotagem! 

Vamos, sim, vamos, fêmea, 
Nós somos alma gêmea! 

Nutre-se de postas de arte, 
Droga-se, pinta-se, perfuma, 
Empanturra-se, morre tarde; 
E a cozinha que se resuma 
Em mais de mil infecções póstumas. 

Vamos, sim, vamos fêmea, 
Esta é nossa cena! 

Mas o micróbio subversivo 
Nada revela à Substância, 
Cujos dilúvios corrosivos 
Devolvem-no à Inocência: 
Germes loucos da consciência. 

Natura não tem pena, 
Mata, nos envenena!
.

COMPLAINTE DU PAUVRE CORPS HUMAIN
L’Homme et sa compagne sont serfs
De corps, tourbillonnants cloaques
Aux mailles de harpes de nerfs
Serves de tout et que détraque
Un fier répertoire d’attaques.

Voyez l’homme, voyez!
Si ça n’fait pas pitié!

Propre et correct en ses ressorts,
S’assaisonnant de modes vaines,
Il s’admire, ce brave corps,
Et s’endimanche pour sa peine,
Quand il a bien sué la semaine.

Et sa compagne! allons,
Ma bell’, nous nous valons.

Faudrait le voir, touchant et nu
Dans un décor d’oiseaux, de roses;
Ses tics réflexes d’ingénu,
Ses plis pris de mondaines poses;
Bref, sur beau fond vert, sa chlorose.

Voyez l’Homme, voyez!
Si ça n’fait pas pitié!

Les Vertus et les Voluptés
Détraquant d’un rien sa machine,
Il ne vit que pour disputer
Ce domaine à rentes divines
Aux lois de mort qui le taquinent.

Et sa compagne! allons,
Ma bell’, nous nous valons.

Il se soutient de mets pleins d’art,
Se drogue, se tond, se parfume,
Se truffe tant, qu’il meurt trop tard;
Et la cuisine se résume
En mille infections posthumes.

Oh! ce couple, voyez!
Non, ça fait trop pitié.

Mais ce microbe subversif
Ne compte pas pour la Substance,
Dont les déluges corrosifs
Renoient vite pour l’Innocence
Ces fols germes de conscience.

Nature est sans pitié
Pour son petit dernier.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

Jules Laforgue
LAMENTO DA LUA NA PROVÍNCIA                         
Ah! Lua, formosa e cheia,
Gorda, qual fortuna alheia!

A corneta soa ao fundo,
Passa, o senhor adjunto. 

Um cravo toca a vidraça,
Um gato atravessa a praça:

É a província que dorme,
Lançando o último acorde!

O piano bate a janela.
Que hora são agora bela?

Tranqüila Lua, que exílio!
Preciso dizer que brilho?

Lua – Lua diletante,
De nenhum clima distante,

Viste ontem o Missouri,
E as muralhas de Paris,

Fiordes do norte-europeu,
Pólos, mares, que sei eu?

Lua contente, assim olhas,
O comboio, a esta hora,

De sua viagem de núpcias!
Eles partiram pra Escócia.

Que cena, se, este inverno,
Ela seguisse meus versos!

Lua – Lua navegante,
Sejamos então amantes?

Ricas noites! Eu me deito,
A Província no meu peito!

E a Lua, bondosa velha,
Enfia algodão na orelha.
.

COMPLAINTE DE LA LUNE EN PROVINCE
Ah! la belle pleine Lune,
Grosse comme une fortune!

La retraite sonne au loin,
Un passant, monsieur l’adjoint;

Un clavecin joue en face,
Un chat traverse la place:

La province qui s’endort!
Plaquant un dernier accord,

Le piano clôt sa fenêtre.
Quelle heure peut-il bien être?

Calme Lune, quel exil!
Faut-il dire: ainsi soit-il?

Lune, ô dilettante Lune,
À tous les climats commune,

Tu vis hier le Missouri,
Et les remparts de Paris,

Les fiords bleus de la Norvège,
Les pôles, les mers, que sais-je?

Lune heureuse ! ainsi tu vois,
À cette heure, le convoi

De son voyage de noce!
Ils sont partis pour l’Écosse.

Quel panneau, si, cet hiver,
Elle eût pris au mot mes vers!

Lune, vagabonde Lune,
Faisons cause et mœurs communes?

Ô riches nuits! je me meurs,
La province dans le cœur!

Et la lune a, bonne vieille,
Du coton dans les oreilles.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LAMENTO DA BOA DEFUNTA
Pela avenida ela fugia,
Iluminada eu a seguia,
Adivinhei! O olho dizia, 
Hélas! Eu a reconhecia! 

Iluminada eu a seguia,
Boca ingênua, nada via,
Oh! sim eu a reconhecia,
Ou sonhaborto ela seria?

Boca murcha, olho-fantasia;
Branco cravo, azul esvaía;
O sonhaborto amanhecia!
Ela em morta se convertia.

Jaz, cravo, de azul esvaía,
A vida humana prosseguia
Sem ti, defunta em demasia. 
– Oh! já em casa, boca vazia!

Claro, eu não a conhecia.
.

COMPLAINTE DE LA BONNE DÉFUNTE
Elle fuyait par l'avenue, 
Je la suivais illuminé, 
Ses yeux disaient: "J'ai deviné 
Hélas! que tu m'as reconnue!"

Je la suivis illuminé!
Yeux désolés, bouche ingénue, 
Pourquoi l'avais-je reconnue, 
Elle, loyal rêve mort-né?

Yeux trop mûrs, mais bouche ingénue; 
OEillet blanc, d'azur trop veiné; 
Oh! oui, rien qu'un rêve mort-né, 
Car, défunte elle est devenue.

Gis, oeillet, d'azur trop veiné, 
La vie humaine continue 
Sans toi, défunte devenue. 
– Oh! je rentrerai sans dîner!

Vrai, je ne l'ai jamais connue.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LAMENTO-EPITÁFIO 
(uma paráfrase)

A mulher,
Meu ser:
Ah! belos
Apelos

Elos
Velhos,
Que não sei 
Escrever.

Um louco
Se lança,
E dança.

Silêncio...
Ah!
Vança.
.

COMPLAINTE-ÉPITAPHE
La Femme, 
Mon âme: 
Ah! quels 
Appels!

Pastels 
Mortels, 
Qu'on blâme 
Mes gammes!

Un fou 
S’avance, 
Et danse.

Silence... 
Lui, où? 

Coucou.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LITANIAS DOS QUARTOS 
MINGUANTES DA LUA 
Eucaristia 
De nossa arcádia 

Que faz do amor 
Coração-dor, 

Céu dos idílios 
Longe de auxílios, 

Pia batismal 
Pierrot leal,

Última hóstia
De nossa história,

Vortex-Umbigo
Do Nada-Antigo,

Bíblia e espelho
Desses esguelhos,

Hotel real
Do sideral,

Esfigioconda
Das mortas ondas,

Ó Canaã
Das coisas vãs,

Coisas vãs, Meca,
Bibliotecas,

Letes e Lótus
Exaudi nos!
.

LITANIES DES DERNIERS 
QUARTIERS DE LUNE
Eucharistie 
De l'Arcadie,

Qui fais de l'œil 
Aux cœurs en deuil,

Ciel des idylles 
Qu'on veut stériles,

Fonts baptismaux 
Des blancs pierrots,

Dernier ciboire 
De notre Histoire,

Vortex-nombril 
Du Tout-Nihil,

Miroir et Bible 
Des Impassibles,

Hôtel garni 
De l'infini,

Sphinx et Joconde 
Des défunts mondes,

Ô Chanaan 
Du bon Néant,

Néant, La Mecque 
Des bibliothèques,

Léthé, Lotos, 
Exaudi nos!
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

ESTERILIDADES
Cauteriza e coagula
Nestas vírgulas
As lagunas vermelhinhas
Dessas Ofélias felinas
Nossas órfãs em folia.

Tarântula de cortinas
Que recria
Sem nenhum rancor de óvulos
Tais Ofélias felinas
Nossas órfãs em folia.

Surdo à brisa dos escrúpulos
Rumo à lua
(Bolha), adeus, inquilinas
Tais Ofélias felinas
Nossas órfãs em folia.
.

STÉRILITÉS
Cautérise et coagule
En virgules
Ses lagunes de cerises
Des félines Ophélies
Orphelines en folie.

Tarentules de feintises
La remise
Sans rancune des ovules
Aux félines Ophélies
Orphelines en folie.

Sourd aux brises des scrupules,
Vers la bulle
De la lune, adieu, nolise
Ces félines Ophélis
Orphelines en folie!...
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

NOTURNAMENTE
Ó Lua, corra em minha veia, 
E que eu já bem bambo na teia, 

Creia apertar-te em meu peito! 
És pálida, de meter medo!

Mostras pela tez, pelo jeito,
Que tua cor é só degredo!

E retornas, passando mal,
Ao teu cachemire sideral,

Necrópole, Delos errante,
Quero que sigas adiante.

Eu te prometo como ex-voto
Putifares do meu mantô!

Veja, adeus! entro na cidade
Em marcha, idílios de verdade,

Anunciando-me o Hino
Do epitalâmio ao teu Nihil.
.

NUITAMMENT
Ô Lune, coule dans mes veines
Et que je me soutienne à peine,

Et croie t'aplatir sur mon cœur!
Mais, elle est pâle à faire peur!

Et montre par son teint, sa mise,
Combien elle en a vu de grises!

Et ramène, se sentant mal,
Son cachemire sidéral,

Errante Delos, nécropole,
Je veux que tu fasses école;

Je te promets en ex-voto
Les Putiphars de mes manteaux!

Et tiens, adieu; je rentre en ville
Mettre en train deux ou trois idylles,

En m'annonçant par un Péan
D'épithalame à ton Néant.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LOCUÇÕES DO PIERROT X *
Longe está meu tipo, 
Que me disse adeus, 
Pela falta, em meus 
Olhos, de princípios 

Ela, no momento, 
Ela, um doce e tanto, 
Pode estar gerando
Um reles rebento.

Pois caiu nos braços
De um senhor de classe,
Próprio para o enlace,
Mas de gênio escasso.
.

LOCUTIONS DES PIERROTS X
Que loin l'âme type 
Qui m'a dit adieu 
Parce que mes yeux 
Manquaient de principes!

Elle, en ce moment, 
Elle, si pain tendre, 
Oh! peut-être engendre 
Quelque garnement.

Car on l'a unie 
Avec un monsieur, 
Ce qu'il y a de mieux, 
Mais pauvre en génie.
- Jules Laforgue (tradução Nelson Ascher). em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.
* Tradução feita e cedida por Nelson Ascher.

§

LOCUÇÕES DO PIERROT XII
Mais outro livro; ó nostalgias 
Longe de todo este gentio, 
Do tal dinheiro e do elogio, 
Bem longe das fraseologias! 

De novo um dos meus pierrots morto; 
Daquele crônico orfelismo, 
Coração pleno de dandismo 
Lunar em um estranho corpo. 

Nossos deuses se vão; sem cura, 
Os dias, de mal a pior, 
Já fiz o meu tempo. É melhor 
Sim, entregar-se à Sinecura!
.

LOCUTIONS DES PIERROTS XII
Encore un livre; ô nostalgies 
Loin de ces très-goujates gens, 
Loin des saluts et des argents, 
Loin de nos phraséologies! 

Encore un de mes pierrots mort; 
Mort d’un chronique orphelinisme; 
C’était un coeur plein de dandysme 
Lunaire, en un drôle de corps. 

Les dieux s’en vont; plus que des hures 
Ah! ça devient tous les jours pis; 
J’ai fait mon temps, je déguerpis 
Vers l’Inclusive Sinécure!
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

Portrait de Jules Laforgue par son frère Émile
LOCUÇÕES DO PIERROT XIV *
Mãos nos bolsos, pares,
rua acima, ouvi que
repiques 
aos milhares
cantavam pelos ares: 
“Tudo vai a pique!”

Deus tanto me faz,
estou na minha, afeito 
ao leito 
que me apraz,
é tudo. Eu vou direito, 
não perturbo a paz.

Eu conheço a História
e a Natureza pura:
empórios
de rasura;
sou quem lhes assegura:
creiam me, é notório.
.

LOCUTIONS DES PIERROTS XIV
Les mains dans les poches, 
Le long de la route, 
J'écoute
Mille cloches
Chantant: "les temps sont proches; 
"Sans que tu t'en doutes!" 

Ah! Dieu m'est égal! 
Et je suis chez moi! 
Mon toit
Très-natal
C'est Tout. Je marche droit, 
Je fais pas de mal.

Je connais l'Histoire, 
Et puis la Nature, 
Ces foires
Aux ratures;
Aussi je vous assure 
Que l'on peut me croire!
- Jules Laforgue (tradução Nelson Ascher). em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.
Tradução feita e cedida por Nelson Ascher.

§

CLIMA, FAUNA E FLORA DA LUA
Ó Lua, de Imaculada Conceição,
Sim, eu, verme das nuvens de ocasião, 
Amo, das telhas de nossa Babilônia, 
Conceber teu clima, tua flora e tua fauna.

Invento: para te oferecer meus tédios,
Barca do Nada, cais só, sem remédio!

Tua atmosfera: fixa. Sonhas, gelada,
Eco de hipogeu, climas-silêncio, nada,
De um céu átono, onde nuvem nenhuma dorme
E ventos cochicham alto estamos mortos?
Montanhas de nácar e golfos de mármore
Muros de místicos cibórios se espalham
Em angras onde, sobre vigas, ar lento,
Sereias trançam cabelos, movimentos,
Brancas, fartas de luxúrias lunares, 
Ali, golfinhos de mercúrio em geisers.

É o outono encantatório e permanente,
Sem pé, embalsama os mares,  continentes,
Lagos cegos, oftálmicos, sim, fontes,
De Letes, cinzas – ar, porcelanas, montes,
Crateras senis, oásis impotentes, 
Serras árticas, desertos, zinco em frente
Platôs-gesso,  carreiras abandonadas,
Necrópoles não envelhecidas nada,
E dólmens em caravanas – eles todos
Viveram seu tempo, sonham com o novo!

Salve – sapos enrugados, sentinelas
Sobre picos, rangendo bicos a elas,
Rolinhas, que intrigam ares, ou cetáceos
Luminosos! Vós, ao nível coriáceo,
Cisnes de antanho, seres de cataclismas,
Pavões empinados, auroras de  prismas;
Vós, fetos murchos, glabros contemporâneos
Esfinges pastando tédios, nos arames,  
Que, dentro do som de grutas de basalto,
Ruminais o Enfim, tabaco imortal!

Renas de galhos de cristal, ursos brancos
Sérios magos, num passeio, levando-vos,
Braços em cruz, ao néctar do deus silêncio,
Porcos polindo vossas pálidas lanças;
Borboletas empavesadas de jóias,
Abrem asas a dois batentes de in-folios;
Sim, gelatinas de hipopótamos pálidos
Vai e vem de exploradores encefálicos;
Pitons, tripas de crânios, tudo abstrato, 
Num sopro secaria! Elefas mofado!

Vós, flores fixas! mandrágoras com rostos,
Cactos obeliscais, frutos sarcófagos,
Florestas de círios, parques polipeiros,
Palmeiras corais de ferro resineiro,
Vós, lis marmóreos de sorrisos histéricos,
Que ensinais, oh!, os claros sons primevos
De cem em cem anos, quando tiverdes leite,
Champignons com palácios de deleite!

Ó Fixa, não sabemos a quem dar a palma
Do lunar; sobretudo a lição de calma!
Tudo tem o ar de um mesmo ato de fé
No Nada Cotidiano sem porquê!
Nada faz sombra e nada se desagrega;
Vive só de Sortilégio; é a regra,
Sem lares que induzam a gastos excessivos

De amores brancos, lunares, distraídos...
Ó, não terminemos com dor de cabeça,
Rio idiota de mármores à beça
Que tudo se estagne num espelho morto!
Não vamos nos lembrar de sair, absortos,

Ah! mas é pra lá que se volta na certa
E sempre, quando se compreende a Madrépora.
.

CLIMAT, FAUNE ET FLORE DE LA LUNE
Des nuits, ô Lune d'Immaculée-Conception, 
Moi, vermine des nébuleuses d'occasion, 
J'aime, du frais des toits de notre Babylone, 
Concevoir ton climat et ta flore et ta faune.

Ne sachant qu'inventer pour t'offrir mes ennuis, 
Ô Radeau du Nihil aux quais seuls de nos nuits!

Ton atmosphère est fixe, et tu rêves, figée 
En climats de silence, écho de l'hypogée 
D'un ciel atone où nul nuage ne s'endort 
Par des vents chuchotant tout au plus qu'on est mort? 
Des montagnes de nacre et des golfes d'ivoire 
Se renvoient leurs parois de mystiques ciboires, 
En anses où, sur maint pilotis, d'un air lent, 
Des Sirènes font leurs nattes, lèchent leurs flancs, 
Blêmes d'avoir gorgé de lunaires luxures 
Là-bas, ces gais dauphins aux geysers de mercure.

Oui, c'est l'automne incantatoire et permanent 
Sans thermomètre, embaumant mers et continents, 
Étangs aveugles, lacs ophtalmiques, fontaines 
De Léthé, cendres d'air, déserts de porcelaine, 
Oasis, solfatares, cratères éteints, 
Arctiques sierras, cataractes l'air en zinc, 
Hauts-plateaux crayeux, carrières abandonnées, 
Nécropoles moins vieilles que leurs graminées, 
Et des dolmens par caravanes, – et tout très 
Ravi d'avoir fait son temps, de rêver au frais.

Salut, lointains crapauds ridés, en sentinelles 
Sur les pics, claquant des dents à ces tourterelles 
Jeunes qu'intriguent vos airs! Salut, cétacés 
Lumineux! et vous, beaux comme des cuirassés, 
Cygnes d'antan, nobles témoins des cataclysmes; 
Et vous, paons blancs cabrés en aurores de prismes; 
Et vous, Fœtus voûtés, glabres contemporains 
Des Sphinx brouteurs d'ennuis aux moustaches d'airain, 
Qui, dans le clapotis des grottes basaltiques, 
Ruminez l'Enfin! comme une immortelle chique!

Oui, rennes aux andouillers de cristal; ours blancs 
Graves comme des Mages, vous déambulant, 
Les bras en croix vers les miels du divin silence! 
Porcs-épics fourbissant sans but vos blêmes lances; 
Oui, papillons aux reins pavoisés de joyaux 
Ouvrant vos ailes à deux battants d'in-folios; 
Oui, gélatines d'hippopotames en pâles 
Flottaisons de troupeaux éclaireurs d'encéphales; 
Pythons en intestins de cerveaux morts d'abstrait, 
Bancs d'éléphas moisis qu'un souffle effriterait!

Et vous, fleurs fixes! mandragores à visages, 
Cactus obéliscals aux fruits en sarcophages, 
Forêts de cierges massifs, parcs de polypiers, 
Palmiers de corail blanc aux résines d'acier! 
Lys marmoréens à sourires hystériques, 
Qui vous mettez à débiter d'albes musiques 
Tous les cent ans, quand vous allez avoir du lait! 
Champignons aménagés comme des palais!

Ô Fixe! on ne sait plus à qui donner la palme 
Du lunaire; et surtout, quelle leçon de calme! 
Tout a l'air émané d' un même acte de foi 
Au Néant Quotidien sans comment ni pourquoi! 
Et rien ne fait de l'ombre, et ne se désagrège; 
Ne naît, ni ne mûrit; tout vit d'un Sortilège 
Sans foyer qui n'induit guère à se mettre en frais

Que pour des amours blancs, lunaires et distraits...
Non, l'on finirait par en avoir mal de tête, 
Avec le rire idiot des marbres Égynètes 
Pour jamais tant tout ça stagne en un miroir mort! 
Et l'on oublierait vite comment on en sort.

Et pourtant, ah! c'est là qu'on en revient encore 
Et toujours, quand on a compris le Madrépore.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

LITANIAS DOS QUARTOS 
CRESCENTES DA LUA
Lua bendita, 
De selenitas, 

Medalhão branco 
De Endimião 

Astro argila 
Que tudo exila, 

Tumba mantô 
De Salambô,

Cais aéreo
Todo Mistério,

Madona, Miss
Diana-Artemis

Santa Vigia
Dessas orgias

Jetaturá 
Do bacará

Dama bem lassa
De nossas praças,

Filtro perfume
De vagalumes,

Rosácea-palma
Últimos salmos,

Olho de gata 
Que nos resgata,

Seja ambulância
De nossas ânsias,

Seja edredão
Do grão perdão!
.

LITANIES DES PREMIERS 
QUARTIERS DE LA LUNE
Lune bénie
Des insomnies,

Blanc médaillon
Des Endymions,

Astre fossile
Que tout exile,

Jaloux tombeau
De Salammbô,

Embarcadère
Des grands Mystères,

Madone et miss
Diane-Artémis,

Sainte Vigie
De nos orgies

Jettatura
Des baccarats,

Dame très-lasse
De nos terrasses,

Philtre attisant
Les vers luisants,

Rosace et dôme
Des derniers psaumes,

Bel œil-de-chat
De nos rachats,

Sois l'Ambulance
De nos croyances!

Sois l'édredon
Du Grand-Pardon!
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

DOMINGOS N.º 1
Jaques Mofley's the only wear.

Eles ensinam
A natureza se divide em três partes,
E sempre afirmam
O perfeccionismo de nossa carne,

Ah! nossos assentos
No vale de Têmporas!

Nossos prados
Temperados,
E das gentes
Indulgentes
Que maculam
A Natura.
Em janeiros,
Os terreiros
Onde se ama
Sem sistema
As bacias
Em folia
De acrobatas
Disparates
Que patinam
Em surdina

Vós que sabeis das coisas
Muito mais do que sei;
Eu não vejo por que
Querer falar depois.
.

DIMANCHES N.º 1
Jaques Mofley's the only wear.

Ils enseignent 
Que la nature se divise en trois règnes, 
Et professent 
Le perfectionnement de notre Espèce.

Ah! des canapés 
Dans un val de Tempé!

Des contrées 
Tempérées, 
Et des gens 
Indulgents 
Qui pâturent 
La Nature. 
En janvier, 
Des terriers 
Où l'on s'aime 
Sans système, 
Des bassins 
Noirs d'essaims 
D'acrobates 
Disparates 
Qui patinent 
En sourdine...

Ah! vous savez ces choses 
Tout aussi bien que moi; 
Je ne vois pas pourquoi 

On veut que j'en recause.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

CASO REDIBITÓRIO (MATRIMÔNIO) *
Minh’alma tem sete dons raros 
e, em número maior que as obras- 
primas, micróbios, aos milhares, 
tornam-me campo de manobras. 

Ora, o sufrágio universal! 
Que chicaneia e clama insultos, 
Cada instante, ao menor sinal, 
Entre meus mil órgãos ocultos!… 

Quisera viver com sucesso, 
segundo um clássico programa, 
associando-me, em congresso, 
a alguma clássica madama. 

Pode-se cogitar, na pauta, 
em tirar exemplares, para 
si, de si mesmo, quando falta,
porém, uma ideia, mais clara?…
.

CAS RÉDHIBITOIRE (MARIAGE)
Ah! mon âme a sept facultés! 
Plus autant qui ‘il de chefs-d’oeuvre,
Plus mille microbes ratés 
Qui m’ont pris pour champ de manoeuvre. 

Oh! le suffrage universel
Qui se bouscule et se chicane, 
À chaque instant, au moindre appel, 
Dans mes mille occultes organes!… 

J’aurais voulu vivre à grands traits, 
Le long d’un classique programme 
Et m’associant en un congrès 
Avec quelque classique femme. 

Mais peut-il être question 
D’aller tirer des exemplaires 
De son individu si on 
N’en a pas une idée plus claire?…
- Jules Laforgue (tradução Nelson Ascher). em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.
Tradução feita e cedida por Nelson Ascher.

§

DOMINGOS Nº 2
No domingo exerço 
Dizer o meu terço 
Às irmãs de berço. 

Orfeu, belo Orfeu! 
Harém, corifeu 
Das margens do Alfeu… 

Jovem Parsifal! 
Pendão virginal 
Nos muros do mal… 

Preso Prometeu! 
Plá que percorreu 
Séculos ateus… 

Nabuco’nosor 
Moloch-esplendor 
Nosso imperador? 

Vós filhas de Eva 
Irmãs, berço e seiva, 
Destino que enleva! 

Salomé de Nada! 
Múmia embalsamada 
Dormem as amadas… 

Ofélia de tudo 
Vinde a mim (outubro) 
Sou surdo e sou mudo. 

Casta Salambô! 
A lua e seu halo, 
Lava meu mantô… 

Irmã Messalina! 
Ó pantera fina 
Rasga musselinas… 

E tu Cinderela 
Reprisa a novela 
Palco sem janela! 

Ou Paulo e Virgínia 
Vinheta bendita 
Dos céus das colônias… 

Ó louca psique! 
Pecado-nenê 
Sem quê nem pra quê…
.

DIMANCHES Nº 2
Le Dimanche, on se plaît 
À dire un chapelet 
À ses frères de lait. 

Orphée, ô jeune Orphée! 
Serials des coriphées 
Aux soirs du fleuve Alphée… 

Parcifal, Parcifal! 
Étendart virginal 
Sur les ramparts du mal… 

Prométhée, Prométhée! 
Phrase répercutée 
Par les siècles athées… 

Nabucodonosor! 
Moloch des âges d’or 
Régissez-nous encor?… 

Et vous donc, filles d’Ève, 
Soeurs de lait, soeurs de sève, 
Des destines qu’on se rêve! 

Salomé, Salomé! 
Sarcophage embaumé 
Où dort maint Bien-Aimé… 

Ophélie toi surtout 
Viens moi par ce soir d’août 
Ce sera entre nous. 

Salammbo, Salammbo! 
Lune au chaste halo 
Qui laves nos tombeaux… 

Grande soeur, Messaline! 
Ô panthère câline 
Griffant nos mousselines… 

Oh! même Cendrillon 
Reprisant ses haillons 
Au foyer sans grillon… 

Ou Paul et Virginie, 
Ô vignette bénie 
Des ciels des colonies… 

Psyché, folle Psyché, 
feu-follet du péché, 
vous vous ferez moucher!…
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

Jules Laforgue 
PEQUENAS MISÉRIAS DE MAIO
É o Expresso 
A Benarés! 

São as abóbadas 
Das gentes cósmicas!... 

Nossa canção 
É o perdão! 

Avante, Títiros
De alvos martírios! 

Não! É o grito
Ao infinito!

Sem a clausura
Dessa natureza!

(Deus louvar
Tempo e lugar.)

As boas árvores
Nos candelabros!

Oh! são os hinos
Dos Peregrinos!...

É a ressaca
Dessas cruzadas!... 

– Então, o vício
Desde o início.

Vesgo retornas... 
– Dormiste fora!
.

PETITES MISÈRES DE MAI
On dit: l'Express 
Pour Bénarès!

La Basilique 
Des gens cosmiques!...

Allons, chantons 
Le Grand Pardon!

Allons, Tityres 
Des blancs martyres!

Chantons: Nenni! 
À l'Infini,

Hors des clôtures 
De la Nature!

(Nous louerons Dieu, 
En temps et lieu.)

Oh! les beaux arbres 
En candélabres!...

Oh! les refrains 
Des Pèlerins!...

Oh! ces toquades 
De Croisades!... 

– Et puis, fourbu 
Dès le début.

Et retour louche...
– Ah! tu découches! 
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

RIGORES A NENHUM OUTRO RIVAL  
Dentro do álbum,
Morria fóssil
Certo gerânio
Pego no frio

Um Trovador
Velha legenda
Ria da flor
E suas lendas

– “Réquiem! Réquiem!”
Pedia ela.
– “Não, só desdém,
Mademoiselle!”...
.

RIGUEURS À NULLE AUTRE PAREILLES
Dans un album, 
Mourait fossile 
Un geranium 
Cueilli aux Îles.

Un fin Jongleur 
En vieil ivoire 
Raillait la fleur 
Et ses histoires... 

– “Un requiem!” 
Demandait-elle. 
– “Vous n'aurez rien, 
“Mademoiselle!”...
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

O MISTÉRIO DOS TRÊS CORNOS
Um corno lá no prado
Sopra bem irado,
Um outro, do fundo do bosque,
A ele responde;
Tom tado é seu brado
Nas florestas do lado,
E o outro tom
Ecoa nos montes.

Aquele do prado,
Bastante inchado,
As veias na testa;
E o da floresta,
Poupa, com razões,
Os lindos pulmões. 

– Onde te disfarças,
Bom corno de caça?
És maledicente!

– Busco minha amada
Que ao longe me brada
Ver o sol poente.

– Taiô! Taiô! Eu te amo!
Alali! Ronceveaux!

– Ser amado é um veludo;
Mas o sol, que se vai, antes de tudo!

O sol entrega a pontifícia estola,
E solta as eclusas do Grão Coletor
Em mil Pactolos
Que os mais artistas
De nossos licoristas
Atiçam de cem vidros de vitríolo oriental!...
O sangrento lago logo se estende e se espalha,
Afogando os cavalos da quadriga
Empina-se, confunde-se, fixo termina
Nos seus dilúvios de bengale e álcool!...

Mas as duras dunas e os horizontes pardos
Bebem bem rápido o veneno preparado.

Tom tom tom tado, minha vez!...
E os cornos consternados
Se encontram apertados;
Eles são três;
O vento se vai, frio outra vez.

Tom tom tom tado, minha vez!...

– Braços bem embaraçados,
Antes de entrar no “telhado”,
E se tomássemos, claro,
Um trago?

Pobres cornos. Chegou a hora,
Como diriam com riso amargo!
(Ainda os ouço agora)

Dia seguinte, a hospedeira do Grand-Saint-Hubert
Os encontra, mortos, lá por perto.

E foi chamar as autoridades
Da localidade,

Que iniciaram processo-verbal
Sobre este mistério muito imoral.
.

LE MYSTÈRE DES TROIS CORS
Un cor dans la plaine 
Souffle à perdre haleine, 
Un autre, du fond des bois, 
Lui répond; 
L'un chante ton-taine 
Aux forêts prochaines, 
Et l'autre ton-ton 
Aux échos des monts.

Celui de la plaine 
Sent gonfler ses veines, 
Ses veines du front; 
Celui du bocage, 
En vérité, ménage 
Ses jolis poumons. 

– Où donc tu te caches, 
Mon beau cor de chasse? 
Que tu es mêchant! 

– Je cherche ma belle, 
Là-bas, qui m’appelle 
Pour voir le Soleil couchant.

– Taïaut! Taïaut! Je t'aime! 
Hallali! Roncevaux!

– Être aimé est bien doux; 
Mais, le Soleil qui se meurt, avant tout!

Le Soleil dépose sa pontificale étole, 
Lâche les écluses du Grand-Collecteur 
En mille Pactoles 
Que les plus artistes 
De nos liquoristes 
Attisent de cent fioles de vitriol oriental!... 
Le sanglant étang, aussitôt s'étend, aussitôt s'étale, 
Noyant les cavales du quadrige 
Qui se cabre, et qui patauge, et puis se fige 
Dans ces déluges de bengale et d'alcool!...

Mais les durs sables et les cendres de l'horizon 
Ont vite bu tout cet étalage des poisons.

Ton-ton ton-taine, les gloires!...
Et les cors consternés 
Se retrouvent nez à nez; 
Ils sont trois;
Le vent se lève, il commence à faire froid.

Ton-ton ton-taine, les gloires!...

– “Bras-dessus, bras-dessous, 
“Avant de rentrer chacun chez nous, 
“Si nous allions boire 
“Un coup?”

Pauvres cors! pauvres cors! 
Comme ils dirent cela avec un rire amer! 
(Je les entends encor).

Le lendemain, l'hôtesse du Grand-Saint-Hubert 
Les trouva tous trois morts.

On fut quérir les autorités 
De la localité,

Qui dressèrent procès-verbal 
De ce mystère très-immoral.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.

§

SIMPLES AGONIA 
Ó pária! De novo as simpatias de maio. 
Não podes mais que repetir-se, ó vergonha, 
Inchas e não explodes, raio!, 
Ó pária, sabes muito bem,
Que não é nada disso também.

Oh! que
Adivinhando o instante mais só da natura,
Minha música, toda e única, ponha,
Na tarde e redobre e faça tudo o que pode
E diga a coisa da coisa,
E recaia e remove,
E faça do seis nove,
Ó solo de soluços,
E remove e recaia,
A serviço do oficio saia,
Oh! que Minha melodia
Se crucifique
Segundo a fotografia
Encolhida e melancólica...

Necessário achar novos temas,
Palavras mortais e supremas.
Oh! sim, o mundo tal qual
Eu me farei um mundo mais mortal!

As almas serão musicais,
E os interesses puerilmente carnais,
Ó fanfarras da tardança,
Será bárbaro,
Será sem esperança.

Enquetes, enquetes,
Serão a única festa.
Quem me desafia?
Amontôo sobre a cama, roupa suja, o jornal,
Desenhos de moda, algumas fotografias,
Toda a Capital,
Matriz social.

Que ninguém se meta, contudo,
Nada será tão bom,
Só há uma solução,
É romper com tudo.

Ó fanfarras da tardança!
Será bárbaro,
Será sem esperança.
Por mais que se agrida,
Nunca seremos mais cruéis que a vida,
Que faz animais feridos na veia,
E fêmeas para sempre feias...
Que ninguém se meta, contudo,
É preciso romper com tudo!

Aleluia, Terra pária.
Será sem esperança,
Da aurora à tardança,
Quando nada mais existia, haverá outra hora,
Da tardança à aurora,
Aleluia, Terra pária.
Os homens de arte
Disseram: "Sim, é muito tarde!",
Não há mais razão
Para não começar a quebração
Às armas! Cidadãos! Não há mais RAZÂO!

Ele se resfriou no último outono,
Encantou-se com as penas dos cornos,
No fim de um dia maior.
Foi por tal cor e pelo outono,
Que ele mostrou que "se morre de amor”!
Não o veremos mais nas festas nacionais,
Se encerrou na História e arrancou as asas,
Veio muito cedo e partiu sem muitos ais!
Vós que me escutais, o jeito é ir pra casa.
.

SIMPLE AGONIE
Ô paria! – Et revoici les sympathies de mai. 
Mais tu ne peux que te répéter, ô honte! 
Et tu te gonfles et ne crèves jamais. 
Et tu sais fort bien, ô paria, 
Que ce n'est pas du tout ça.

Oh! que 
Devinant l'instant le plus seul de la nature, 
Ma mélodie, toute et unique, monte, 
Dans le soir et redouble, et fasse tout ce qu'elle peut 
Et dise la chose qu'est la chose, 
Et retombe, et reprenne, 
Et fasse de la peine, 
Ô solo de sanglots, 
Et reprenne et retombe 
Selon la tâche qui lui incombe. 
Oh! que ma musique 
Se crucifie, 
Selon sa photographie 
Accoudée et mélancolique!...

II faut trouver d’autres thèmes, 
Plus mortels et plus suprêmes. 
Oh! bien, avec le monde tel quel, 
Je vais me faire un monde plus mortel!

Les âmes y seront à musique, 
Et tous les intérêts puérilement charnels, 
Ô fanfares dans les soirs, 
Ce sera barbare, 
Ce sera sans espoir.

Enquêtes, enquêtes, 
Seront l'unique fête! 
Qui m'en défie? 
J'entasse sur mon lit, les journaux linge sale, 
Dessins de mode, photographies quelconques, 
Toute la capitale, 
Matrice sociale.

Que nul n’intercède, 
Ce ne sera jamais assez, 
Il n'y a qu’un remède, 
C'est de tout casser.

Ô fanfares dans les soirs! 
Ce sera barbare, 
Ce sera sans espoir. 
Et nous aurons beau la piétiner à l'envi, 
Nous ne serons jamais plus cruels que la vie, 
Qui fait qu'il est des animaux injustement rossés, 
Et des femmes à jamais laides...
Que nul n’intercède, 
Il faut tout casser.

Alléluia, Terre paria. 
Ce sera sans espoir, 
De l'aurore au soir, 
Quand il n'y en aura plus il y en aura encore, 
Du soir à l’aurore. 
Alléluia, Terre paria! 
Les hommes de l'art 
Ont dit: “Vrai, c'est trop tard.” 
Pas de raison, 
Pour ne pas activer sa crevaison.

Aux armes, citoyens! Il n'y a plus de RAISON:

Il prit froid l'autre automne, 
S'étant attardé vers les peines des cors, 
Sur la fin d'un beau jour. 
Oh! ce fut pour vos cors, et ce fut pour l'automne, 
Qu'il nous montra qu' “on meurt d’amour”! 
On ne le verra plus aux fêtes nationales, 
S'enfermer dans l'Histoire et tirer les verrous, 
Il vint trop tôt, il est reparti sans scandale; 
Ô vous qui m'écoutez, rentrez chacun chez vous.
- Jules Laforgue, em "Litanias da lua. Jules Laforgue". [tradução e organização de Régis Bonvicino]. São Paulo: Iluminuras, 1989.


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MANUSCRITO
Jules Laforgue, dessins et manuscrits

FORTUNA CRÍTICA DE JULES LAFORGUE
Jules Laforgue
BERTRAND, Jean-Pierre; DURAND, Pascal. Les poétes de la modernité: de Baudelaire à Apollinaire. Paris: Seuil, 2006. 
BLOCK DE BEHAR, Lisa: Jules Laforgue, ou les métaphores du déplacement. [tradução do l'espagnol par Albert Bensoussan. Paris: L'Harmattan, 2004.
CORSETTO, Patrizia. Jules LaForgue. in: Lancaneando. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
DESSONS, Gérard. Jules Laforgue: a descultura de Os lamentos. Alea: Estudos Neolatinos, vol. 7 no.1 Rio de Janeiro Jan/June 2005. Disponível no link. (acessado em 7.7.2016).
DURRY, M.J.. Jules Laforgue. Paris: Pierre Seghers, 1971.
GONÇALVES, Cristiane Roveda. O mito de Salomé na obra de Jules Laforgue. In: Seminério Internacional Fazendo Gênero 9: Diásporas, Diversidades, Deslocamentos, 2010, Florianópolis. Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 9: Diásporas, Diversidades, Deslocamentos, 2010. v. 1.
GROJNOWSKI, Daniel. Jules Laforgue et l’ “originalité”. Genève: Baconnière, 1988. 
GROJNOWSKI, Daniel. Jules Laforgue et les usages du mythe. Vortex, nº 2. Paris VII, 1998. 
GROJNOWSKI, Daniel. Jules Laforgue:spectacle et oralité. Vortex, n°1, Université de Liège, 1997.
GUICHARD, Léon. Jules Laforgue et ses poésies. Paris: Librairie A. G. Nizet, 1977. 
HIDDLESTON, J. (org.). Laforgue aujourd’hui. Paris: Corti, 1988. 
LAFORGUE, Jule. Les Complaintes et les premiers poèmes. Paris: Gallimard, 1979.
LAFORGUE, Jule. Oeuvres complètes – Lettres II (1883 – 1887). Paris: Mercure de France, 1915.
LAGO, Flavia Togni do.. Manuel Bandeira e Jules Laforgue: Dor, ironia. (Dissertação Mestrado em Literatura brasileira). Universidade de São Paulo, 2012. Disponível no link. (acessado em 6.7.2016).
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OLIVEIRA, Andressa Cristina de.. O insólito em Salomé, de Jules Laforgue. In: Anais do II Colóquio Vertentes do Fantástico na Literatura, 2011.
OLIVEIRA, Andressa Cristina de.; MACHADO, Guacira Marcondes. Tradução da novela “Les Deux Pigeons”, de Jules Laforgue. in: Lettres Françaises, n. 12, 2011. Disponível no link e link. (acessado em 8.7.2016).
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Jules Laforgue et son frère Emile
PINEZI, Aline Taís Cara. Jules Laforgue e Carlos Drummond de Andrade: a ironia na construção do gauche. (Tese Doutorado em Estudos Literários). UNESP - FCLAr, 2015. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
PINEZI, Aline Taís Cara. A Relação Ironia/Oralidade em L' Imitation de Notre-Dame la Lune, de Jules Laforgue. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2010. Disponível no link. (acessado em 6.7.2016).
PINEZI, Aline Taís Cara. Jules Laforgue e Carlos Drummond de Andrade: a ironia na construção do gauche. Revista do SELL, v. 3, p. 50-61, 2011.
PINEZI, Aline Taís Cara. A relação ironia/oralidade na obra poética de Jules Laforgue. Lettres Francaises (UNESP Araraquara), v. 9, p. 11-20, 2008.
PINEZI, Aline Taís Cara. Jules Laforgue: um diálogo com o clássico. Anais XXIII SEC, v. -, p. 49-59, 2008.
PINEZI, Aline Taís Cara. Jules Laforgue e Carlos Drummond de Andrade: a ironia na construção do gauche. In: XII Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários e VII Semana de Estudos Teatrais -, 2011, Araraquara-SP. XII Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários e VII Semana de Estudos Teatrais -, 2011. p. 17-26.
PINEZI, Aline Taís Cara; LEITE, Guacira Marcondes Machado. Jules Laforgue: um diálogo com o clássico. In: XXIII Semana de Estudos Clássicos / V Encontro de Iniciação Científica em Estudos Clássicos, 2008, Araraquara. Jules Laforgue: um diálogo com o clássico, 2008.
SCEPI, H.. Les Complaintes de Jules Laforgue. Paris: Gallimard, 2000.
SCEPI, H.. Poétique de Jules Laforgue. (Colléction Ecriture). Paris: PUF, 2000.  



Jules Laforgue, by Vallotton
OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
português
:: A poesia de Jules Laforgue - Ditirambos
:: não gosto de plágio - denise bottmann
:: Jules Laforgue (1860-1887) – tradução | L-Dopa Publicações

francês
:: Jules Laforgue

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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Jules Laforgue - e a arte poética. Templo Cultural Delfos, julho/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
** Página atualizada em 9.7.2016.




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