Sherwood Anderson |
Teve uma juventude aventureira: trabalhou como redator de publicidade em Chicago, lutou em Cuba durante a Guerra Hispano-Americana e dirigiu uma fábrica de pinturas no Estado de Ohio. Aos 40 anos, publicou suas primeiras novelas. Em Chicago, entrou em contato com escritores como Theodore Dreiser e Froyd Dell. Suas primeiras obras, que retratavam a vida provinciana do Meio-Oeste Americano, alcançaram um grande sucesso. Entre elas encontra-se Winesburg, Ohio (1919).
Suas personagens são seres angustiados diante de um mundo materialista e conformado, no qual não conseguem interferir através de um ato de vontade ou de coragem. É um dos iniciadores da moderna novela americana e um dos primeiros a se bater contra o preconceito racial imperante no meio-oeste. Entre suas principais obras encontram-se Pobre branco (1920), O triunfo do ovo (1921) e Riso sombrio (1925). Teve uma influência marcante na formação literária de Wiliam Falkner. Sua obra mais festejada é mesmo Winesburg, Ohio, em que explora o tema da solidão e da frustração, tendo como cenário uma pequena cidade dos Estados Unidos.
No escrever, o autor parece frequentemente deslocado, num estilo que se empresta aos pensamentos meio-conscientes e emoções cruas dos residentes de Winesburg (uma cidade fictícia) e sua inabilidade em expressar as suas esperanças mais profundas e também os seus medos. A obra acabou sendo vertida para a televisão em pequenos capítulos em 1973, com bastante sucesso. Em 2008, o conto 'O triunfo do ovo' foi transformado em filme, sob a direção de Mark Freed. O mesmo ocorreu com os romances 'Chicago Heights' em 2009 e 'A última alma em uma noite de verão' em 2012, ambos com direção de Daniel Nearing.
:: Fonte: Tiooda (acessado em 9.7.2016).
:: PUBLICO/PT.. “Sherwood Anderson trocou as tintas de parede pela tinta permanente”. in: jornal Público-pt, 7/4/2010. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
:: Biografia, cronologia e obra (inglês): Sherwood Anderson Foundation (acessado em 9.7.2016).
"A transição para a condição de adulto ocorre quando pensamos pela primeira vez no passado."
- Sherwood Anderson, em "Winesburg, Ohio". [tradução José Lima; posfácio de John Updike]. Lisboa: Ahab Edições, 2011.
OBRA PUBLICADA EM PORTUGUÊS
Sherwood Anderson, por Hyde Man - 1930 |
:: O livro dos grotescos (Winesburg, ohio). Sherwood Anderson. [tradução Constantino Paleólogo]. Revista Branca, 1952.
:: A verdade de cada um (Winesburg, ohio). Sherwood Anderson. [tradução James Amado e Moacyr Werneck de Castro]. São Paulo: Cultrix, 1967.
:: Winesburg, ohio. Sherwood Anderson. [tradução James Amado e Moacyr Werneck de Castro]. Porto Alegre: L&PM Editores, 1987.
:: Cidade dos estranhos (Winesburg, ohio). Sherwood Anderson. [tradução James Amado e Moacyr Werneck de Castro; capa de Bernardo Marques]. Colecção Miniatura 13. Lisboa: Editora Livros do Brasil, 1988.
:: Winesburg, Ohio. Sherwood Anderson. [tradução José Lima; posfácio de John Updike]. Lisboa: Ahab Edições, 2011.
:: Winesburg, ohio. Sherwood Anderson. [tradução, notas e posfácio de Nils Skare; capa, diagramação e revisão de Gustavo Paim]. Curitiba: L-dopa, 2012.
:: Morte nos bosques. Sherwood Anderson. [tradução Nils Skare].Curitiba: L-dopa, 2015.
Coletânea e antologias (participação)
:: Norte-americanos: antigos e modernos. [organização Vinícius de Moraes; tradução Décio de Almeida Prado]. Editora Leitura, 1945.
:: Contos norte-americanos. [seleção e organização de Jacob Penteado; tradução..?]. Coleção Primores do Conto Universal, vol. 3. São Paulo: Edigraf, 1950.
:: Maravilhas do conto norte-americano. [vários autores; tradução..]. São Paulo: Cultrix, 1958.
:: Obras-primas do conto norte-americano. [seleção, introdução e notas de Sérgio Milliet; vários tradutores]. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1958.
:: 7 novelas clássicas. [tradução de Márcio Cotrim e outros]. Rio de janeiro: Imago; Lidador, 1967.
:: Folhas vermelhas e outros contos americanos. [tradução Jorge de Sena]. Colecção 2 horas de Leitura nº 1. Lisboa: Público Edições, 2004.
:: A outra mulher. {Uma história de amor, de Miguel de Unamuno | A outra mulher, de Sherwood Anderson}.. [tradução Décio de Almeida Prado]. Lisboa: Rosto Editora, 2011.
Em revistas e jornais
:: Força de Deus (conto). Sherwood Anderson. [tradução de Aurélio Buarque de Hollanda e Paulo Rónai]. na coluna 'conto da semana'|Diário de Notícias, 1958. in: Mar de histórias: antologia do conto mundial, de Aurélio Buarque de Hollanda e Paulo Rónai. vol X. Rio de Janeiro: José Olympio, 1945.
:: * sherwood anderson no brasil - não gosto de plágio - denise bottmann. Disponível no link. (acessado em 9.7.2016).
"...Tinha dúvida sobre se realmente ardia nele a chama do espírito e sonhava com o dia em que uma nova e doce corrente de força chegasse até sua voz e sua alma como um vendaval, e então o povo tremesse ante o espírito de Deus, nele manifestado. - "Sou um pobre graveto, e isto nunca me acontecerá na realidade" - refletia desalentadamente, e então um paciente sorriso iluminava-lhe o rosto. - "Ora, acho que desempenho mais ou menos as minhas funções" - acrescentava filosoficamente."
- Sherwood Anderson, excerto do conto "Força de Deus" de Sherwood Anderson. [tradução de Aurélio Buarque de Hollanda e Paulo Rónai]. na coluna 'conto da semana'|Diário de Notícias, 1958.
Sherwood Anderson - photo: Granger |
- John Updike, "Posfácio". em "Winesburg, Ohio". Sherwood Anderson. [tradução José Lima; posfácio de John Updike]. Ahab Edições, 2011.
"No princípio quando o mundo era novo havia um grande número de pensamentos, mas não aquilo que se chama uma verdade. O homem fez ele próprio as verdades e cada verdade era um composto de um grande número de pensamentos vagos. As verdades estavam por todo o mundo e todas elas eram bonitas.
O velho tinha enumerado centenas de verdades no seu livro. Não vou tentar contá-las todas. Havia a verdade da virgindade e a verdade da paixão, a verdade da riqueza e da pobreza, da frugalidade e da prodigalidade, da atenção e do abandono. Eram centenas e centenas, as verdades, e todas elas eram bonitas.
E então vieram as pessoas. Cada uma delas assim que aparecia agarrava uma das verdades e algumas que eram mais fortes apoderavam-se de uma dúzia delas.
Foram as verdades que tornaram as pessoas grotescas. O velho tinha uma teoria bastante elaborada a tal propósito. Era ideia dele que no momento em que uma pessoa tomava uma das verdades para si própria, chamando-lhe a sua verdade, e se esforçava por conduzir a sua vida de acordo com essa verdade, a pessoa tornava-se grotesca e a verdade que abraçava tornava-se numa mentira."
- Sherwood Anderson, em "Winesburg, Ohio". [tradução José Lima; posfácio de John Updike]. Lisboa: Ahab Edições, 2011, p. 23-24.
FORTUNA CRÍTICA DE SHERWOOD ANDERSON
Sherwood Anderson - photo Alfred Stieglitz - 1923 |
FOERSTER, Norman. A literatura como imagem: a ficção e a poesia americanas do Puritanismo ao Realismo atual. [tradução de Lúcia Carvalho Alves]. Rio de Janeiro: Lidador, 1965.
KÖLLN, Lucas André Berno.. A literatura de Sherwood Anderson e a dimensão histórica da estética. In: Anais do XXVIII Simpósio Nacional de História, Florianópolis, 2015. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
KÖLLN, Lucas André Berno.. Cânticos na cacofonia moderna: Sherwood Anderson e os Mid-American chants. In: Anais do IV Simpósio de Pesquisa Estado e Poder: Ditaduras e Democracias, Marechal Cândido Rondon, 2013. p. 227-231.
KÖLLN, Lucas André Berno.. O romance histórico de Sherwood Anderson: historicidade literária e literatura histórica. In: Anais do XI Seminário Nacional de Literatura, História e Memória e II Congresso Internacional de Pesquisa em Letras no Contexto Latino-Americano, 2013.
KÖLLN, Lucas André Berno.. A acabrunhante modernidade: a prosa de Sherwood Anderson nas tramas da história estadunidense do século XX. In: Anais da 16ª Jornada de Estudos Linguísticos e Literários, Marechal Cândido Rondon, 2013.
MATA, Ricardo da.. O mundo lá fora. Belo Horizonte: Agbook, 2014.
RAPUCCI, Cleide Antonia.. Initiation and Disillusionment in The Egg by Sherwood Anderson. Estudos Anglo Americanos, São Paulo, v. 14-15, p. 60-62, 1991.
SPIRY, Zsuzsanna Filomena. Paulo Rónai, um brasileiro made in Hungary. (Dissertação Mestrado em Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês). Universidade de São
Paulo, 2009. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
THORP, Willard. Literatura americana no século XX. [tradução de Luzia Machado da Costa]. Rio de Janeiro: Lidador, 1965.
TOWNSEND, Kim. Sherwood Anderson. Boston: Houghton Mifflin Company, 1987.
WEBER, Brom. Sherwood Anderson. [tradução de Lígia Junqueira]. São Paulo: Martins Fontes, 1966.
Entrevista da “Paris Review” a William Faulkner [tradução de Carlos Vaz Marques]. Edição Tinta-da-China, 2009).
Como é que começou a escrever?
Estava a viver em Nova Orleães, fazendo todo o tipo de trabalho que era preciso fazer para ganhar uns trocos, de quando em vez. Conheci Sherwood Anderson. Costumávamos passear à tarde pela cidade e falar com as pessoas. À noite voltávamos a encontrar-nos e sentávamo-nos com uma ou duas garrafas à frente enquanto ele falava e eu ouvia. De manhã nunca o via. Ele estava recolhido, a trabalhar. Decidi que se a vida de escritor era aquilo, eu queria ser escritor. Comecei então a escrever o meu primeiro livro. Comecei logo a achar que era divertido. Até me esqueci de que já não via o Sr. Anderson há três semanas, altura em que ele me apareceu à porta, na primeira vez em que me vinha visitar, e me disse: “O que é que se passa? Estás zangado comigo?” Eu disse-lhe que estava a escrever um livro. Ele disse: “Meu Deus”, e foi-se embora. Quando acabei o livro – era “Soldier’s Pay” – encontrei a Sra. Anderson na rua. Ela perguntou-me que tal ia o livro e eu contei-lhe que já o tinha acabado. Ela disse: O Sherwood diz que vai fazer um acordo contigo. Se não tiver de ler o manuscrito vai dizer ao editor dele que lho publique.” Eu disse: “Aceito.” E foi assim que me tornei escritor.
"- Eu gosto da minha mulher - disse ele, numa observação supérflua porque eu não pusera em dúvida seu amor pela mulher com quem se casara. Andámos durante dez minutos e ele tornou então a repetir a frase. Voltei-me para encará-lo. Voltou a falar e contou-me a história que neste momento procuro narrar."
- Sherwood Anderson, em "A outra mulher". [tradução Décio de Almeida Prado]. Lisboa: Rosto Editora, 2011.
Sherwood Anderson |
:: O triunfo do ovo (conto). Sherwood Anderson. [tradução Mário Zeidler Filho]. in: Musa Rara - traduções. 6.5.2013. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
:: O homem mudo (conto). Sherwood Anderson. [tradução Abdalan da Gama]. in: Letras FCLAr 2013. 11 de maio. Disponível no link. (acessado em 8.7.2016).
OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
:: Sherwood Anderson Foundation
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Trabalhos sobre o autor:
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Sherwood Anderson - realismo e sensibilidade. Templo Cultural Delfos, julho/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Sherwood Anderson - realismo e sensibilidade. Templo Cultural Delfos, julho/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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