Gravarei no muro
Uma claridade:
Sol e Liberdade!"
- Jamil Almansur Haddad, em "Romanceiro Cubano".Jamil Almansur Haddad (São Paulo, em 13 de outubro de 1914 — São Paulo, 4 de maio de 1988) foi um médico, crítico, ensaísta, poeta, historiador, teatrólogo, antologista e tradutor brasileiro.
Em 1935 publicou Alkamar, a Minha Amante: Orações Negras mereceu o prêmio da Academia Brasileira de Letras, para poesia, em 1937. Com Oração ao Médico Jovem concorre para orador da sua turma. Trata-se de uma oração antológica, inspirada por um grande coração, demonstrando todo seu talento, e superior à própria oração de Maimônides (1135-1204), médico e filósofo cordovês que viveu sob o domínio árabe, uma das mais destacadas figuras do período de ouro espanhol. "Enche de sonho, a tua medicina", dizia Jamil. "Enche pensando que o caso médico, muito antes de um caso médico, é um caso humano, uma tragédia humana". "Eu sei que nos meus caminhos verei os tormentos violentos, os desesperados sofrimentos, o martírio que grita e o martírio que é mudo. Para olhar tanta dor terrena, faze minha alma serena. faze com que, ao sofredor se estenda a minha mão: filho da mesma lama e do mesmo pecado, o homem, seja qual for, é sempre um meu irmão! Na caridade e no amor, plasma-me à tua imagem, meu Senhor!" E assim continua Jamil essa portentosa oração, tão expressiva e bela. No Museus Histórico da Faculdade de Medicina, ela lá se encontra, completa, eterna fonte de inspiração à conduta dos médicos de todos os tempos.
Do livro Orações Negras, Jamil Almansur Haddad |
Cântico
Nem viver, nem morrer. O melhor é naufragar.
Amor, pensas que é apenas o abajur e o leito.
Mas não. É o céu e é o mar. E o teu corpo,
côncavo de velas, singra pelo mar alto.
O barco tem asas para voar ao céu quando preciso.
Mas não é preciso.
Amada, na dureza das minhas docas ancoraste irremediável.
Teu pescoço é farol.
Brilham mais alto as duas luzes de oitocentas velas.
Flutuante alabastro,
és redonda como uma quilha e alta como um mastro.
E hoje há aviso aos navegantes:
no mar do poeta
haverá um naufrágio em cada hora do dia.
Amada, pensas que apenas é a cópula. Mas não.
Iremos para Taiti, Shangai, Cuba, Vladivostock, Ceilão e para o céu e para o inferno e para a vida e para a morte.
Compraremos apenas o bilhete de ida.
Quem volta de uma viagem para Vladivostock ou para a Morte?
Para Vladivostock, não! navio que eu amo.
Iremos colher as mandrágoras nos crepúsculos de Manilha
e tomar ópio em Hong-Kong, e comer pêssego em Oman e dormir com meretrizes morenas em rendez-vonz de Port Ssaid.
Mostra os teus braços de abismo
e os seios, duas naves fendidas e encalhadas e encendiadas de um fogo
vermelho na ponta,
mostra-me principalmente
o lago, o vasto lago do ventre,
onde há a ilha do umbigo e o princípio tormentoso do sexo
pois não quero viver nem morrer... que o melhor é naufragar...
- Jamil Almansur Haddad, em "Lua do Remorso". São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1951.
Capa Alkamar, A Minha Amante, Jamil Almansur Haddad |
___
Fonte: LACAZ, Carlos da Silva; MAZZIERRI, Berta Ricardo de. A faculdade de Medicina e a USP. [Jamil Almansur Haddad, por Carlos da Silva Lacaz - pp. 133-136]. São Paulo: Edusp, 1995.
OBRA
Poesia
:: Alkamar, a minha amante. (poesia). Livraria Editora Record, 1935.
Jamil Almansur Haddad |
:: Poesia: Orações roxas, novas orações negras, orações vermelhas. Edições Cultura, 1943.
:: Primavera na flandres. (poesia). Editora Bolsa do Livro, 1948.
:: A lua do remorso. (poesia).. [Capa de Oswald de Andrade Filho]. Livraria Martins Fontes, 1951, 133p.
:: Romanceiro cubano. (poesia).. [Capa de Luis Ventura]. São Paulo: Editora Brasiliense, 1960, 236p.
:: Aviso aos Navegantes ou A Bala Adormecida no Bosque. (poesia). Primeiro livro das Suratas. São Paulo: Editora Ciências Humanas, 1980, 350p. Originalmente publicado na França: Avis aux Navigateurs. Le Premier Livre das Sourates. Paris: François Maspero, 1977.
Crítica literária e outros
:: O romantismo brasileiro e as sociedades secretas de tempo. São Paulo: Indústria Gráfica Siqueira, 1945.
:: Introdução a poesia de Gonçalves Dias. São Paulo: Cultura, 1942.
:: Axiologia e crítica literária. (Sesiones: VII. Estética.). Actas del Primer Congreso Nacional de Filosofía (Mendoza 1949), Universidad Nacional de Cuyo, Buenos Aires 1950, tomo III, págs. 1475-1479. Disponível no link. (acessado em 18.4.2014).
:: Românticos esquecidos. Revista Arquivo Municipal de São Paulo, nº 109, pp. 35-38, 1946.
:: O Amor no Pensamento Humano. Editora Flama, 1947.
:: Contribuição da Ilustração no Brasil. Anais I Congresso Brasileiro de Filosofia. São Paulo, vol. I, pp. 127-133, 1950.
:: Revolução Cubana e Revolução Brasileira. Editora Civilização Brasileira, 1961.
:: O que é islamismo? [Coleção Primeiros passos Nº 41]. Editora Brasiliense, 1981.
:: Interpretações das mil e uma noites. Conferência Proferida na Semana de Estudos Árabes, 1986. Disponível no link. (acessado em 18.4.2014).
:: Roteiro da Poesia Brasileira – Anos 30 [Direção Edia van Steen; seleção e prefácio de Ivan Junqueira]. São Paulo: Global Editora, 2008.
Organização, prefácio, notas e seleção
:: Tempo,de Guilherme de Almeida. [prefácio de Jamil Almansur Haddad e ilustrações de Quirino], São Paulo: Editora Flama, 1944, 247p.
:: História poética do Brasil: história do Brasil narrada pelos poetas. [Seleção Jamil Almansur Haddad]. Editora Letras Brasileiras, 1944, 442p.
:: Memórias da Rua do Ouvidor, de Joaquim Manuel de Macedo. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1952.
:: Revisão de Castro Alves. (3 volumes - avulso).. [Coleção Cruzeiro do sul, 1-3]., São Paulo: Edição Saraiva, 1953.
:: As obras-primas da poesia religiosa brasileira. São Paulo: Martins, 1954, 395p.
:: Maravilha do conto Árabe. Editora Cultrix, 1954, 280p.
:: Poemas de Amor, de Castro Alves [Organização e prefácio Jamil Almansur Haddad]. Editora Civilização Brasileira, 1957, 172p.
:: Castro Alves: Poesias Completas. [Organização de Jamil Almansur Haddad]. Editora Nacional, 1952, 500p.
:: Àlvares de Azevedo, a Maçonaria e a Dança. Conselho Estadual de Cultura e Imprensa Oficial, 1960, 140p.
:: Noite Santa. (Antologia de poemas de Natal).. [Organização Jamil Almansur Haddad]. Coleção Poesia - Volume 1, Editora Autores Reunidos, 1960, 294p.
:: Defesa e Ilustração da Antologia. [Jamil Almansur Haddad e Alfredo Buzaid]. Editora Companhia Nacional, 1961.
:: Novelas Brasileiras. [Seleção Jamil Almansur Haddad]. Editora Cultrix, 1963, 234p.
:: Novelas Orientais. [Seleção Jamil Almansur Haddad]. Editora Cultrix, 1963, 254p.
:: Literatura e mistificação. Emp. Jornalística , 1967, 180p.
:: Poemas Escolhidos de Castro Alves. [Organização e prefácio Jamil Almansur Haddad]. Editora Cultrix, 1967, 193p.
:: Poemas de Amor de Fagundes Varela. Editora Civilização Brasileira, 1970, 212p.
:: Poema de Amor de Machado de Assis. Editora Civilização Brasileira, 1970, 267p.
:: Poemas de Amor de Àlvares de Azevedo. Editora Civilização Brasileira, 1970.
:: Contos árabes. Editora Ediouro, 1976.
Antologias [participação]
:: Antologia da poesia brasileira moderna, 1922-1947. [Organização e seleção Carlos Burlamaqui Köpke]. São Paulo: Clube de Poesia de São Paulo, 1953, 324p.
Traduções realizadas por Jamil Almansur Haddad
:: As Líricas, de Safo. Edições Cultura, 1942.
:: As grandes hipóteses da ciência moderna, de Lazerges. Editora Cultura, 1944, 221p.
:: Cancioneiro, de Petrarca. Editora Jose Olympio, 1945.
:: Livro das canções, de Heinrich Heine. [vários tradutores, seleção e notas de Jamil Almansur Haddad]. Livraria Exposição do Livro, (década 1940).
:: Cântico dos cânticos, atribuídas a Salomão. [ilustrações de Oswald de Andrade Filho].
Saraiva, 1950.
:: Odes Anacreônticas*. (poesia). Coleção Rubaiyat. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952, 126p.
Capa do livro Cântico dos Cânticos, atribuídas a Salamão |
:: Rubaiyat, de Omar Khayyam. São Paulo: A Bolsa do Livro, 1944; Civilização Brasileira, 1956.
:: As flores do mal, de Charles Baudelaire. (coleção Clássicos Garnier). Editora Difusão Européia do Livro (Difel), 1958.
:: Odes e Baladas, de Victor Hugo. Editora das Artes, 1960.
:: Obras completas, de Victor Hugo. [tradução Jamil Almansur Haddad]. São Paulo: Editora das Américas, 1960.
:: Poesias escolhidas, de Giosuè Carducci[tradução Jamil Almansur Haddad; introdução Paul Renucci; e ilustrações Michel Cauvet].. (Coelção Prêmios Nobel da Literatura). Rio de Janeiro: Delta, 1962, 234p., il.
:: Verlaine - Poemas . [Seleção, tradução, prefácio e notas de Jamil Almansur Haddad]. Editora Difusão Européia do Livro (Difel), 1962, 268p.
:: A arte de amar, de Ovídio. Biblioteca, 1964.
:: Decamerão, de Giovanni Boccaccio.
:: Histórias galantes, Giovanni Boccaccio. (28 contos).. [ Tradução, introdução seleção e notas de Jamil Almansur Haddad]. Editora Cultrix, 1959.
:: Brisas do Libano, de Felipe Lutfalla. Editora Do Autor, 1970, 141p.
(*) - Odes Anacreônticas. Saiba mais Aqui! (acessado em 7.5.2016).
"Enche de sonho, a tua medicina... Enche pensando que o caso médico, muito antes de um caso médico, é um caso humano, uma tragédia humana."
- Jamil Almansur Haddad, em "Oração ao Médico Jovem".
FORTUNA CRÍTICA
BANCO DE DADOS.
Ouvindo os "novissimos" - A
literatura contemporânea e os problemas que afligem a humanidade. [Com
Jamil Almansur Haddad]. Almanaque folha, publicado na Folha da Noite, 06 de
julho 1943. Disponível no link. (acessado 18.4.2014).
LAUAND, Luiz Jean. Interpretações das Mil e uma Noites - conferência de Jamil A. Haddad. Revista de Estudos Árabes da Fflch Usp, São Paulo, v. I, n.2, p. 53-63, 1993.
NAMUR, Miriam.
Sincretismo cultural e imagens de mulher
na literatura arabe-brasileira de Assis Féres e Jamil Almansur Haddad.
Disponível no link. (acessado em 18.4.2014).
POEMAS ESCOLHIDOS
Decimo quarto poema da vida
Parece que, no parque, ha um plátano que sua.
Parece que, no céu, ha uma Nuvem que sangra.
Ha dor no ar... ha dor na terra... ha dor nos subterrâneos!
E as delirantes convulsões violentas
da pirosfera
vão erguendo aos céus as cordilheiras
que são os arrepiados, os sofredores braços da Terra!
Oh, as subterraneas torturas da Terra!
Cada vulcão é uma ferida aberta
por onde a terra verte o sangue incandescente.
Talvez sofresse o mar que, no seu desespero,
ergue ás alturas
os seus apocalípticos braços feitos de água.
- Jamil Almansur, em "Orações Negras". São Paulo: Editora Record, 1939.
Balada
Eram duas, mãe e filha,
Rosalina e Rosmanilha.
A pequena, pobrezinha!
dia a dia mais definha.
É grande, trágica a fome
que Rosmanilha consome.
E a menina à mãe aflita,
cheia de lágrimas, grita:
"— Mãezinha, tem compaixão!
Tenho fome! Eu quero pão!"
E a mãe triste à sua filha:
"— Não te aflijas, Rosmanilha!
A tua dor é sem nome,
mas eu vou saciar-te a fome."
E lá vai a desgraçada,
taciturna pela estrada...
Onde irá buscar o pão
à filha do coração?
Mas uma idéia domina
a sombria Rosalina:
Ela iria até à cidade
e cheia de alacridade,
cercada das infelizes,
corrompidas meretrizes,
Rosalina cantaria,
para os homens dançaria...
E assim obteria o pão
à filha do coração...
E na hora do amanhecer
houve em casa o que comer.
Quando foi da estação fria,
Rosmanilha imploraria,
olhos doridos de pranto:
"— Tenho frio! Eu quero um manto!"
E Rosalina lhe diz:
"— Para cobrir-te, ó infeliz,
esta noite eu dançaria
até ao despontar do dia..."
Nascendo a manhã tranqüila,
Rosalina foi vesti-la
com um gesto dorido e terno.
E quando veio outro inverno,
por um desígnio do céu,
Rosmanilha adoeceu.
A mãe deixa a filha doente
e vai dançar tristemente.
Quando veio a manhã doce,
com o remédio que ela trouxe,
Rosmanilha ficou sã.
Mas numa negra manhã,
quando o outro inverno chegou,
Rosmanilha transmigrou.
Desígnio torvo do céu!
Por que a pequena morreu?
Rosalina o que faria?
Rosalina cantaria?
Dançaria Rosalina
para enterrar a menina?
- Jamil Almansur Haddad, em "Antologia da poesia brasileira moderna, 1922-1947". [Organização e seleção Carlos Burlamaqui Köpke]. Clube de Poesia de São Paulo, 1953.
TRADUÇÕES REALIZADAS POR JAMIL ALMANSUR HADDAD
Odes atribuídas a Anacreonte (572 a.C. - 485 a.C.)
Exaltação do
vinho
Sobre um
colchão de tênues mirtos
ou de azulado
lótus vago,
quero beber a
longos tragos.
Eros, com um
laço de papiro,
suspende à
espádua o claro manto
e dá-me o vinho
por que aspiro.
E como as
velozes quadrigas
a vida corre no
seu giro;
Fulgure alto o
fogo da orgia
porque seremos
poeira um dia.
- "Odes anacreônticas". [seleção e tradução Jamil Almansur Haddad]. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.
Viver enquanto
é tempo
De que me valem
os arcanos
do tesouro de
Giges, o rei sardo?
Não invejo a
fortuna dos tiranos.
Pois basta a
Anacreonte
umedecer o rosto
de mornos perfumes
e coroar a
pensativa fronte
de rosas
rubras, acendidas como lumes.
Só o dia de
hoje me preocupa... O Amanhã...
Por que pensar
assim nesta sombra tão vã?
Bebe e a Baco
oferece cada dia
a libação antes
que venha a hora sombria
em que a taça
estará para sempre vazia.
"Odes anacreônticas". [seleção e tradução Jamil Almansur Haddad]. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.
Sobre uma
efígie de vênus
Quem gravou a
medalha? Quem nesse disco
esculpiu o
vagalhão arisco?
Quem sobre
estes mares plenos
de nereidas e
algas gravou a solaríssima Venus,
fonte de glória
e virtude,
princípio de
beatitude?
O artífice a
representa quase toda desnudada:
as ondas
recobrem as doces partes proibidas.
Ela deixa atrás
de si um rastro de peixes na água
[salgada.
Ela erra por
entre o alvo tumulto das crescidas
e Venus é
espuma como as outras espumas.
Ela nada e
invade solene o redemoinho
marinho.
As águas vêm
leves como leves painas, como
tênues
plumas
e beijam-lhe a
implacável e gloriosa
carnação de
jacinto e de rosa.
Ao bafejo mole
da brisa
Kypris desliza
na paz das
noites imutáveis e pretas
como se fosse
um grande lírio cercadode violetas.
Nos bordos do
disco de prata
o artífice
retrata
os vagos
Amores.
E o corpo da
deusa páfia
como um peixe
imortal corta a solidão marinha.
"Odes anacreônticas". [seleção e tradução Jamil Almansur Haddad]. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1952.BIBLIOTECA PÚBLICA JAMIL ALMANSUR HADDAD
Histórico da Biblioteca
Biblioteca Jamil Almansur Haddad |
Legislação referente à biblioteca:
Criação: Decreto nº 26.365 de 8 de julho de 1988
Denominação: Decreto nº 26.635 de 8 de julho de 1988
Inauguração: 6 de abril de 1991
Patrono
Jamil Almansur Haddad |
Acervo Geral
A biblioteca conta com aproximadamente 22 mil exemplares que é constituído por livros de literatura e informação, revistas, atlas, multimídia, etc. Todo o acervo de livros pode ser encontrado no catálogo online do Sistema Municipal de Bibliotecas. Informe-se sobre outros materiais existentes, pessoalmente ou por telefone. A maior parte das obras pode ser emprestada ao usuário matriculado na biblioteca
Serviço
Rua Andes, 491-A Guaianazes - 08440-180. São Paulo, SP
Tel.: 11 2557-0067
Horário: 2ª a 6ª feira das 9h às 18h e sábado das 9h às 16h.
Site Oficial: Biblioteca Jamil Almansur Haddad
REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
Site Antonio Miranda - Jamil Almansur Haddad
© Direitos reservados ao autor/e ou ao seus herdeiros
© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
=== === ===
Trabalhos sobre o autor:Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina.
Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Jamil Almansur Haddad - a poética e a anatomia. Templo Cultural Delfos, abril 2014. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Jamil Almansur Haddad - a poética e a anatomia. Templo Cultural Delfos, abril 2014. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
Esse artigo sobre Jamil Almansur Haddad despertou em mim a lembrança de um poema
ResponderExcluirque o poeta paulista Júlio Saraiva (1956-2013) consagrou a essa personalidade talentosa.
O poeta mais importante da rua
"Por ser muito escuro,
Gravarei no muro
Uma claridade:
Sol e Liberdade!"
(Jamil Almansur Haddad, Romanceiro Cubano)
- ao Jamil, com saudade das nossas conversas, consagro.
achava que era o poeta mais importante
da minha rua
até que um dia por mero acaso
descobri que o poeta jamil almansur haddad
morava em frente
porque me apaixonei pela sobrinha dele
e bem antes de eu nascer ele já havia traduzido o corão
e publicado o seu romanceiro cubano
além de aviso aos navegantes na frança
que ele próprio traduziu
senti vergonha da minha poesia
e não era mais o poeta mais importante da minha rua
jamil além de poeta era psiquiatra e me entendeu
ficávamos horas na varanda da casa dele conversando
ele me contava das suas viagens de verdade
eu falava das minhas de mentira
(eu era só um menino)
um dia minha mãe com jeito me contou que ele morreu dormindo
sozinho e triste
eu chorei um pouco a morte do meu amigo
mas depois me conformei
: voltei a ser o melhor poeta mais importante da minha rua porque outro não havia
até que um dia casei e mudei
trago comigo o romanceiro cubano que ele me deu
com dedicatória e tudo
lembro dos seus olhos tristes me ensinando o corão
justo ele que não cria em deus
nunca mais fui o poeta importante de rua nenhuma
praga de poeta pega - é pior que de mãe ou de puta
escrevo por vício de amar
(Júlio Saraiva)
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=122654
A versão para o português de Aviso aos Navegantes (que fora publicado na França,
vertido por ele mesmo para o francês, porque, por ser comunista, o Brasil não o quis publicar)
foi feita por Fernanda, sobrinha de Jamil Almansur Haddad, enquanto o amigo poeta
Júlio Saraiva reconstruiu os versos no metro certo, em decassílabos e com as rimas,
como o poeta queria e fez.
Júlio Saraiva teve um blog muito interessante: o Currupião http://www.currupiao.blogspot.it/.
Obrigada por ter tido a paciência de me ler, apesar dos erros de português, língua que estou aprendendo como autodidata.
Meus parabéns pelo excelente site.
Abraço
Manuela Colombo, Novara, Itália.
Primoroso o seu trabalho, Elfi! Minha admiração!
ResponderExcluir