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Lêdo Ivo – uma aventura poética


Lêdo Ivo - foto: (...)

"A passagem do tempo é uma das marcas da minha poesia. Eu sou o que passa. E o símbolo deste tempo é a água que leva sempre as imagens da vida, que é fluência e renovação."
- Lêdo Ivo, em 'entrevista' a Jairo Máximo/EuroLantinNews.  


Poemas
A um crítico
Sou o que sou quando não sou.
Sou o espelho onde os outros
em mim se contemplam.
Pensas que não passo
de um pássaro canoro
embora eu seja uma esfinge.
E porque não me decifras
Lêdo Ivo, by Robson Vilalba (Revista Ler e Cia).
eu te devoro.

A noite misteriosa
Quando durmo, um pássaro
pousa no meu ombro.
Vou sem minha sombra
por essa alameda
que só há nos sonhos.
O sol rompe a névoa
que cai do céu branco
O pássaro voa
e termina o assombro.

O dia insuficiente
Tamanho dia não me guarda inteiro.
Dele sobra a minha alma distraída.
Nesta cinta no excesso me agasalho,
o ouvido surdo a toda marulhada
que se derrama pelo chão cativo.
Pela roda dos anos aprendi
tudo que ensina a morte, quando ensina,
como cartilha aberta sobre a mesa.
Despartido da vida, embora vivo,
em vão procuro a terra do outro lado.
Transposta esta fronteira, não há légua
nem estrelas, nem novo dia claro.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", Topsbooks/Braskem, 2004.


Lêdo Ivo é jornalista e escritor de prosa e verso. Nasceu em Maceió, Alagoas, no dia 18 de fevereiro de 1924. Faleceu no dia 23 de dezembro de 2012, aos 88 anos, na Espanha.

Lêdo Ivo - foto: Jairo Máximo
Em Recife (PE), para onde se transferiu em 1940, continuou seus estudos e passou a colaborar na imprensa local, o que lhe proporcionou conviver com os intelectuais daquela cidade. Dedicou-se à vida literária, participando do I Congresso de Poesia do Recife em 1941.

Em 1943, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil e passou a colaborar em suplementos literários e a trabalhar na imprensa carioca, como jornalista profissional. Foi redator da “Tribuna da Imprensa” e da revista “Manchete”, colaborador de “O Estado de São Paulo” e editorialista do “Correio da Manhã”.

Seu primeiro livro de poesias, “As imaginações”, foi lançado em 1944. Formou-se em 1949 pela Faculdade Nacional de Direito, mas nunca advogou, preferindo continuar exercendo o jornalismo.

No início de 1953, foi morar em Paris. Visitou vários países da Europa e, em agosto de 1954, retornou ao Brasil, voltando às atividades literárias e jornalísticas. Em 1963, a convite do governo norte-americano, realizou uma viagem de dois meses pelos Estados Unidos, pronunciando palestras em universidades e conhecendo escritores e artistas.

Em 1982, Lêdo Ivo foi distinguido com o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de suas obras. Em 1986, recebeu o Prêmio Homenagem à Cultura, da Nestlé, pela obra poética. Eleito “Intelectual do Ano de 1990”, recebeu o Troféu Juca Pato do seu antecessor nessa láurea, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Lêdo Ivo é considerado uma das figuras de maior destaque na moderna literatura brasileira, notadamente na poesia. Seu romance Ninho de cobras (1973) foi traduzido para o inglês, sob o título “Snakes’ Nest”, e em dinamarquês, sob o título“Slangeboet”. No México, saíram várias coletâneas de seus poemas, entre as quais “La imaginaria ventana abierta”, “Oda al crepúsculo”, “Las pistas e Las islas inacabadas”. Em Lima, Peru, foi editada uma antologia, “Poemas”, e na Espanha saiu a antologia “La moneda perdida”.

Eleito em 13 de novembro de 1986 para a Academia Brasileira de Letras, Cadeira nº 10, sucedendo a Orígenes Lessa, foi recebido em 7 de abril de 1987, pelo acadêmico Dom Marcos Barbosa.
Fonte: Releituras


"O meu leitor não é o que me lê. É o que me relê (caso exista). Um autor lido unicamente uma vez não tem leitores, por mais retumbante que seja o seu sucesso."
- Lêdo Ivo, in "Confissões de um Poeta".


CRONOLOGIA
Lêdo Ivo durante entrevista na ABL, março 2011.
 foto: Fernando Rabelo -31.mar.2011/Folhapress
1924 - Nasce Lêdo Ivo em 18 de fevereiro, em Maceió. Filho de Floriano Ivo e Eurídice Plácido de Araújo Ivo;
Década 1930 - Faz o primário e o secundário em sua cidade natal nos colégios Americano Batista, D. Pedro II e Diocesano;
1940 - Muda-se para o Recife, colabora na imprensa local e convive com um grupo literário que conta com o crítico Willy Lewin (1901 - ?), uma grande influência em sua formação cultural;
1941 - Participa do 1º Congresso de Poesia do Recife;
1942 - Termina o curso complementar no Liceu Alagoano, em Maceió;
1943 - Muda-se para o Rio de Janeiro e matricula-se na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Começa a trabalhar na imprensa carioca;
1945 - Publica o livro Ode e Elegia, pelo qual recebe o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras - ABL;
1947 - Publica seu primeiro romance, As Alianças, que lhe rende o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha;
1949 - Forma-se pela Faculdade Nacional de Direito, mas não exerce a advocacia, prefere atuar como jornalista e literato;
1953 - Parte em viagem de um ano para Paris e outros países da Europa;
1954 - Retorna ao Brasil e retoma suas atividades jornalísticas e literárias;
1957 - Publica o livro de crônicas A Cidade e os Dias, que recebe o Prêmio Carlos de Laet, da ABL;
1963 - A convite do governo norte-americano, realiza uma viagem de dois meses pelos Estados Unidos, pronunciando palestras em universidades e conhecendo escritores e artistas;
1972 - Lança o livro Finisterra, que lhe rende prêmios Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil; Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; da Fundação Cultural do Distrito Federal; e Casimiro de Abreu, do governo do Estado do Rio de Janeiro;
1973 - Publica o romance Ninho de Cobras, que lhe confere o Prêmio Nacional Walmap;
1979 - Edita a autobiografia Confissões de um Poeta, e recebe o prêmio de memória da Fundação Cultural do Distrito Federal;
Lêdo Ivo em 2011, foto: Fernando Alvarado/Efe
1982 - Recebe o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de sua obra;
1983 - Recebe o Prêmio Nacional de Ensaio do Instituto Nacional do Livro pelo livro de ensaios A Ética da Aventura;
1986 - Recebe o Prêmio Homenagem à Cultura, da Nestlé, pela sua obra poética. Ingressa na ABL para ocupar a cadeira número 10;
1990 - É eleito o intelectual do ano e recebe o Troféu Juca Pato;
1996 - Pelo livro Curral de Peixe é agraciado com o Prêmio Cassiano Ricardo do Clube de Poesia de São Paulo;
2001 - Recebe o Prêmio Jabuti por O Rumor da Noite;
2004 - Sai a edição da Poesia Completa do autor;
2012 - Morre em 23 de dezembro em Sevilha, Espanha.



Quem é Lêdo Ivo?
"- É muito difícil saber isso. Você é você e você é aquilo que você pensa que é. E você é o que os outros pensam que você é. Então, você se faz com esta dupla imagem: uma real e outra imaginária. Embora ninguém saiba onde começa a realidade ou termina o imaginário. O filósofo alemão Schopenhauer (1788-1860) diz que o mundo é a representação que a pessoa tem dele. Este é o problema. Vivemos hoje numa época de incertezas. Guerras absurdas. Fome. Crises terríveis. Retrocessos. Um mundo cada vez mais kafkaniano como se a própria vida real -a vida acordada- fosse o pesadelo para milhões de pessoas. Talvez o próprio mundo em que vivamos seja hoje um mundo virtual no qual a gente não tem como sair. Esta é a minha visão. E dentro deste mundo eu não sei o que sou, nem quem sou."
- Lêdo Ivo, em 'entrevista' a Jairo Máximo/EuroLantinNews.



OBRAS PUBLICADAS

Poesia
Lêdo Ivo, por Netto
As imaginações. Rio de Janeiro: Pongetti, 1944.
Ode e elegia. Rio de Janeiro: Pongetti, 1945.
Acontecimento do soneto. Barcelona: O Livro Inconsútil, 1948.
Ode ao crepúsculo. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948.
Cântico. [Ilustrações de Emeric Marcier]. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1949.
Linguagem: (1949-19041). Rio de Janeiro, J. Olympio, 1951.
Ode equatorial. [Com xilogravuras de Anísio Medeiros]. Niterói: Hipocampo, 1951.
Acontecimento do soneto. incluindo Ode à noite. [Introdução de Campos de Figueiredo]. 2ª ed. Rio de Janeiro: Orfeu, 1951.
Um brasileiro em Paris e O rei da Europa. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1955.
Magias. Rio de Janeiro: Agir, 1960.
Uma lira dos vinte anos.(contendo: As imaginações, Ode e elegia, Acontecimento do soneto, Ode ao crepúsculo, A jaula e Ode à noite). Rio de Janeiro: Liv. São José, 1962.
Estação central. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1964.
Rio, a cidade e os dias: crônicas e histórias. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1965.
Finisterra. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972.
O sinal semafórico. (contendo: de As imaginações à Estação central). Rio de Janeiro: José Olympio, 1974.
O soldado raso. Recife: Edições Pirata, 1980.
A noite misteriosa. Rio de Janeiro: Record, 1982.
Calabar. Rio de Janeiro: Record, 1985.
Mar Oceano. Rio de Janeiro: Record, 1987.
Crepúsculo civil. Rio de Janeiro: Topbooks, 1990.
Curral de peixe. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
Noturno romano. [Com gravuras de João Athanasio]. Teresópolis: Impressões do Brasil, 1997.
O rumor da noite. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2000
Plenilúnio. Rio de Janeiro: Topbooks, 2004.
Réquiem, Rio de Janeiro: A Contracapa, 2008. [Poesia Completa - 1940-2004]. Rio de Janeiro: Topbooks, 2004.
Réquiem. [Com pinturas de Gonçalo Ivo e desenho de Gianguido Bonfanti]. Rio de Janeiro: editora Contra Capa, 2008. 
Mormaço. (120 poemas, escritos entre 2005 e 2010). publicado em em 2011 na Espanha, sob o título "Calima". [a edição brasileirta traz 42 pinturas do artista norte-americano Steven Alexander], Contra Capa Editora, 2013.


Conto
Use a passagem subterrânea. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1961.
O flautim. Rio de Janeiro: Bloch, 1966.
10 [dez] contos escolhidos. Brasília: Horizonte, 1986.
Os melhores contos de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1995.
Um domingo perdido. São Paulo: Global, 1998. 


Crônica
A cidade e os dias. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1957.
O navio adormecido no bosque. São Paulo: Duas Cidades, 1971.
As melhores crônicas de Lêdo Ivo. [Prefácio e notas de Gilberto Mendonça Teles]. São Paulo: Global, 2004.


Lêdo Ivo - foto: (...)
Romance
As Alianças (Prêmio da Fundação Graça Aranha). Rio de Janeiro: Agir, 1947; 2ª ed., Rio, Editora Record, 1982; 3ª ed., Coleção Aché dos Imortais da Literatura Brasileira. São Paulo: Editora Parma, 1991; 4ª edição, Belo Horizonte: Editora Leitura, 2007.
O Caminho Sem Aventura. São Paulo: Instituto Progresso Editorial, 1948; 2ª ed. revista [com xilogravuras de Newton Cavalcanti], Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1958; 3ª ed., Rio de Janeiro: Editora Record, 1983.
O Sobrinho do General. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964; 2ª ed., Editora Record, 1981.
Ninho de Cobras (V Prêmio Walmap). Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1973; 2ª ed., Editora Record, 1980; 3ª ed. Editora Topbooks, 1997; 4ª ed. Maceió: Editora Catavento.
A Morte do Brasil. Rio de Janeiro: Editora Record, 1984; 2ª ed., São Paulo: Círculo do Livro, 1990; 3ª Edição, Belo Horizonte: Editora Leitura, 2007. 


Autobiografia
Confissões de um poeta. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1979.
O aluno relapso. São Paulo: Massao Ohno, 1991. 
O Aluno relapso - Afastem-se das hélices. [Ilustração Gonçalo Ivo], (edição póstuma). Editora Apicuri, 2013, 152 p.


Literatura Infanto-juvenil
O menino da noite. São Paulo: Companhia. Editora Nacional, 1995.
O canário azul. São Paulo: Scipione, 1990.
O rato da sacristia. São Paulo: Global, 2000.
 A história da Tartaruga. São Paulo: Global, 2009. 


Ensaios e Discursos
Lêdo Ivo - foto: (...)
Lição de Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1951.
O preto no branco. [Exegese de um poema de Manuel Bandeira]. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1955.
 Raimundo Correia: poesia [apresentação, seleção e notas]. Rio de Janeiro: Agir, 1958.
Paraísos de papel. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1961.
Ladrão de flor. [Capa de Ziraldo]. Rio de Janeiro: Elos, 1963.
O universo poético de Raul Pompéia. [Em apêndice: Canções sem metro, e Textos Esparsos de Raul Pompéia]. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1963.
Poesia observada. [Ensaios sobre a criação poética, contendo: Lição de Mário de Andrade, O preto no branco, Paraísos de papel e as seções inéditas Emblemas e Convivências]. Rio de Janeiro: Orfeu, 1967.
Modernismo e modernidade. [Nota de Franklin de Oliveira]. Rio de Janeiro: Liv. São José, 1972.
Teoria e celebração. São Paulo: Duas Cidades, 1976.
Alagoas. Rio de Janeiro: Bloch, 1976.
A ética da aventura. Rio de Janeiro: F. Alves, 1982.
Discurso de Posse na ABL. Rio de Janeiro: ABL, 7/4/1987. Disponível no Link. (acessado 21.4.2013).
A república da desilusão. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
O Ajudante de Mentiroso. Rio de Janeiro:Educam/ABL, 2009.
João do Rio. Rio de Janeiro: ABL, 2009.



Correspondência
E agora adeus: correspondência para Lêdo Ivo. 1ª ed., Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles, 2007, 237p. [O livro que reúne cartas remetidas por intelectuais ao escritor alagoano Lêdo Ivo. João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Murilo Mendes, Mário de Andrade, Clarice Lispector, José Geraldo Vieira, Otto Maria Carpeaux, Ribeiro Couto, Erico Veríssimo, Cassiano Ricardo, Menotti Del Picchia, Jorge Amado, José Américo de Almeida, Lauro Escorel, Abgar Renault, Carlos Drummond de Andrade, Ivan Junqueira e Antonio Cândido - são os autores da correspondência que, num período que vai de 1941 até 2004, trata de literatura, relações pessoais e temas do cotidiano. O livro traz ainda um texto de Gilberto Mendonça Teles, que serve de introdução às cartas de João Cabral].



Lêdo Ivo, foto: Guilherme Gonçalves/ABL.
Antologias
Antologia Poética. Rio de Janeiro: Ed. Leitura, 1965.
O Flautim. Rio de Janeiro: Editora Bloch, 1966.
50 Poemas Escolhidos pelo Autor. Rio de Janeiro: MEC, 1966.
Os Melhores Poemas de Lêdo Ivo. São Paulo: Ed. Global, 1983. 2ª ed., 1990.
Central Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1976.
10 Contos Escolhidos. Brasília: Ed. Horizonte, 1986.
Cem Sonetos de Amor. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1987.
Antologia Poética. [Organização de Walmir Ayala; introdução de Antonio Carlos Vilaça]. Rio de Janeiro: Ediouro, 1991.
Os Melhores Contos de Lêdo Ivo. São Paulo: Global Editora, 1995.
Um Domingo Perdido (contos). São Paulo: Global Editora, 1988.
Poesia Viva. Recife: Editora Guararapes, 2000.
Melhores Crônicas de Lêdo Ivo. [Prefácio e notas de Gilberto Mendonça Teles]. São Paulo: Global Editora, 2004.
50 Poemas Escolhidos pelo Autor. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2004.
Cem Poemas de Amor. São Paulo: Escrituras Editora, 2005.
O vento do mar. Rio de Janeiro: Contracapa/ABL, 2010.


Edição Conjunta
O Navio Adormecido no Bosque. [reunindo A Cidade e os Dias e Ladrão de Flor]. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1971. 



TRADUÇÕES DE OBRAS INTERNACIONAIS FEITAS POR LÊDO IVO
AUSTEN, Jane. A abadia de Northanger. (Northanger Abbey).. [tradução Lêdo Ivo]. Rio de Janeiro: Panamericana, 1944; Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1982.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O adolescente. (Подросток).. [tradução Lêdo Ivo]. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1960; São Paulo: Global editora, 1983.
GOES, Albrecht. O Holocausto[tradução Lêdo Ivo]. Rio de Janeiro: Agir, 1960.
MAUPASSANT, Guy de. Nosso coração. (Notre coeur).. [tradução Lêdo Ivo]. São Paulo: Martins, 1953.
MAUPASSANT, Guy de. Luisa La Roche/O Horla. (Le petite Roche & Le horla).. [tradução Lêdo Ivo e Lauro de Almeida]. São Paulo: Martins, 1956.
RIMBAUD, Arthur. Uma temporada no inferno e Iluminações. (Une saison en enfer & Les Illuminations)..  [tradução Lêdo Ivo]. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957.
TOLSTÓI, Leon. Katia. [tradução Lêdo Ivo]. Rio de Janeiro: Panamericana, 1944.



TRADUÇÕES E EDIÇÕES ESTRANGEIRAS
Dinamarquês
Lêdo Ivo - foto: (...)
Slangeboet [Ninho de Cobras]. Tradução Peter Poulsen. Kobenhavn, Copenhague: Vindrose, 1984.


Espanhol
La Imaginaria Ventana Abierta. Tradução Carlos Montemayor. (Libros del Bicho, 9.) México: Premia Editora, 1980.
Poemas - Antología. Tradução Pedro Cateriano. Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1980.
Oda al Crepúsculo. Tradução Manuel Núñez Nava. México: Universidad Autónoma Metropolitana, 1983.
Las Islas Inacabadas. Tradução Maricela Terán. México: Universidad Autónoma Metropolitana, 1985.
Las Pistas. Tradução Stefan Baciu e Jorge Lobillo. México: Universidad Veracruzana, 1986.
La Moneda Perdida. Antología. Tradução Amador Palacios. Zaragoza: Olifante, 1989.
Poemas. Tradução Eduardo Cobos. Aragua, Venezuela: La Liebre Libre Editora, 1994.
El Sol de los Amantes. Tradução Nídia Hernández. (Colección Luna Nueva), Caracas: Universidad Metropolitana, 2003.
La Tierra Allende. [Antología poética 1944-2005]. Edición bilíngüe. Tradução de José Emilio Pacheco, Carlos Montemayor, Angel Crespo e outros. Chihuahua, México: Ediciones del Azar, 2005.
Los Murciélagos. Tradução de Maricela Terán e Adán Méndez. Santiago, Chile: Editora Chile-¬Poesia, 2005.
Mia Patria Húmeda. Tradução e apresentação de Jorge Lobillo. México: Universidade Veracruzana, 2006.
Mia Patria Húmeda. Tradução Jorge Lobillo. México: Universidade Veracruzana, 2006.
Requiem. Edição bilíngüe. Tradução de Jorge Lobillo. México: Alforja, 2008.
Dónde la geografia es uma esperanza. Antologia. Xiapas, México: Editora Estrella del Paraíso, 2008.
Poesia en general (Antologia 1940-2004). Tradução de Rodolfo Alonso. México: La Cabra Ediciones, 2008.
 El Mar, los Sueños y los Pájaros. Seleção e apresentação de Gaspar Aguilar Díaz. México: Gobierno del Estado  de Michoacan de Campo, 2008.
Los Andaimos del Mundo y otros poemas (antologia poética). Livro eletrônico. Santo Domingo, Republica Dominicana: Muestratio de Poesia, 36, Intercoach, 2009.
Réquiem. Tradução de Marta Spagnuolo. Cuba: Casa de las Americas, 2009.
La Aldea del sal. Seleção e tradução de Guadalupe Grande e Juan Carlos Mestre. Madrid, Espanha: Calambur Editorial, 2009.
Rumor Nocturno. Tradução de Martín López-Vega. Barcelona/México: Vaso Roto Ediciones, 2009.
Plenilúnio. Tradução de Martín Lopez-Vega. Barcelona/México: Vaso Roto Ediciones, 2010.


Francês
Requiem (livro eletrônico). Tradução e apresentação de Philippe Chéron. Paris, França: Oeuvres Ouvertes, 2010.


Holandês
Poetry. Tradução August Willemsen. Roterdã: Poetry International, 1993.
Vleermuizen em Blauw Krabben [Morcegos e Goiamuns]. Tradução August Willemsen. Roterdã: Editora Wagner & Van Santem, 2000.
Brazil. Antologia poética trilingue. Textos e traduções de Alexis Levitin (inglês), August Willemsen, Arie Pos e Ruud Ploemgakers (holandês). Rotterdam, Holanda, Poetry International, 2010.


Inglês
Snakes' Nest [Ninho de Cobras]. Tradução Kern Krapohl. Introdução de Jon M. Tolman. Nova York: A New Direction Book, 1981. Londres: Peter Owen, 1989.
Snakes' Nest [Ninho de Cobras]. Tradução Kern Krapohl. Introdução de Jon M. Tolman. Londres: Peter Owen, 1989.


Italiano
Illuminazioni. [Antologia poética]. Tradução Vera Lúcia de Oliveira. Salerno, Itália: Multimídia Edizioni, 2001.
Requiem. Edição bilíngüe. Tradução e introdução de Vera Lucia de Oliveira. Besa Editrice: Nardó, Itália, 2008. 


"Inspiração ou transpiração? Não é uma coisa que entra e sim uma coisa que sai. Não creio na inspiração, mas que ela existe. Eu não posso escrever um poema –quando, como e onde queira- porque é o poema que vem a mim como uma espécie de acúmulo que, de repente, se transforma em linguagem com sua estrutura, forma e rima, como se eu tivesse sido visitado por mim mesmo. O homem visitado pelo poeta."
- Lêdo Ivo, em 'entrevista' a Jairo Máximo/EuroLantinNews. 


Lêdo Ivo - foto: (...)
PRÊMIOS
Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras, pelo seu livro
"Ode e elegia", poesia (1945).
Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha, pelo seu livro "As alianças", romance (1947).
Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras, pelo livro "A cidade e os dias", crônicas (1957).
Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil, pelo seu livro de poesia "Finisterra" (1972).
Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, pelo seu livro de poesia "Finisterra" (1972).
Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo seu livro de poesia "Finisterra" (1972).
Prêmio Casimiro de Abreu, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo seu livro de poesia "Finisterra" (1972).
Prêmio Nacional Walmap, pelo livro "Ninho de cobras", romance (1973).
Prêmio de Memória da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo livro "Confissões de um poeta", autobiografia (1979).
Prêmio Nacional de Ensaio do Instituto Nacional do Livro, pelo seu livro “A ética da aventura”, ensaio (1982).
Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao "conjunto de suas obras" (1983).
Prêmio Homenagem à Cultura, da Nestlé, pela sua “obra poética” (1986).
Prêmio Cassiano Ricardo, do Clube de Poesia de São Paulo, pelo livro "Curral de peixe", poesia (1995).
Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo “conjunto da obra” (2004).
Prêmio de Poesia del Mundo Latino Victor Sandoval (México, 2008)
Prêmio de Literatura Brasileira da Casa de las Américas (Cuba, 2009)
Prêmio Rosalía de Castro, do PEN Clube da Galícia (Espanha, 2010).
Prêmio Leteo 2011, por criar uma poesia “carregada de consciência social” (León/Espanha, 2011). 


"Sou sempre guiado pela dúvida, que é a minha certeza."
- Lêdo Ivo, em Entrevista ao "rascunho" - jornal de literatura/Gazeta do Povo.


Lêdo Ivo - foto: (...)
CONDECORAÇÕES
Ordem do Mérito dos Palmares, no grau de Grã-Cruz
Ordem do Mérito Militar, no grau de Oficial
Ordem do Rio Branco, no grau de Comendador
Medalha Manuel Bandeira.
Cidadão honorário de Penedo, Alagoas
Grande Benemérito do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Alagoas
Pertence ao PEN Clube Internacional, sediado em Paris
Eleito “Intelectual do Ano de 1990”, recebe o Troféu Juca Pato.

  

POEMAS ESCOLHIDOS

A Queimada
Queime tudo o que puder:
as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arteriosclerose

os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.

Seja como os lobos: more num covil
e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.

Destrua os poemas inacabados,os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.



Lêdo Ivo, by Robson Vilalba
A mudança
Mudo todas as horas.
E o tempo, sem demora,
muda mais do que fia.

Mudo mas permaneço
bem longe das mudanças.
Como uma flor, floresço.
Sou pétala e esperança.

Mudo e sou sempre o mesmo,
igual a um tiro a esmo.
Como um rio que corre.

Sem sair de onde estou,
de tanto mudar sou
o que vive e o que morre.
- Lêdo Ivo, in "Plenilúnio", 2004.



As Iluminações
Desabo em ti como um bando de pássaros.
E tudo é amor, é magia, é cabala.
Teu corpo é belo como a luz da terra
na divisão perfeita do equinócio.
Soma do céu gasto entre dois hangares,
és a altura de tudo e serpenteias
no fabuloso chão esponsálício.
Muda-se a noite em dia porque existes,
feminina e total entre os meus braços,
como dois mundos gêmeos num só astro.
- Lêdo Ivo, in "Um Brasileiro em Paris e O Rei da Europa", 1955.



Canção de verão
Preciso da eternidade
como preciso do vento
que sopra sobre a cidade.
Entre o que fica e o que passa
vejo no verão sinistro
um ninho cair da árvore.
A morte ainda é lembrança:
nome inscrito numa lápide.
A morte ainda é esperança

promessa de eternidade
ventania! ventania
soprando sobre a cidade.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.



Canto
A beleza não aprende a ser bela
e vive de ignorar
que o tempo a espreita sem a ver.

Antigamente nossos pais nos levavam para ver no campo
a madureza da fruta.
E no seixo que jogávamos no meio do rio,
cristal de impiedade, se espelhava a vida.

A beleza nada aprende
e ser é o seu segredo
— se você acender a lâmpada da sala,
até a varanda ficará clareada.

A beleza não aprende a morrer.

Não nos comunicamos com os corpos,
nossa parada é jogada com as almas.

As cortinas esvoaçam, nutrindo-se de noroeste
e as formigas preferem jantar os mortos.

A beleza quer sempre ficar acordada.

Sempre evitamos o conforto dos abismos.
Por isso são brancas as mortalhas
com que nos cobrimos na hora de dormir.

A beleza não concorda em morrer
e morre
como os antigos deuses, Ágata, que exaltaram a vida,
como os modernos deuses que insistem em apregoar a conveniência da morte.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.


Canto grande
Não tenho mais canções de amor. 
Joguei tudo pela janela. 
Em companhia da linguagem 
fiquei, e o mundo se elucida. 

Do mar guardei a melhor onda 
que é menos móvel que o amor. 
E da vida, guardei a dor 
de todos os que estão sofrendo. 

Sou um homem que perdeu tudo 
mas criou a realidade, 
fogueira de imagens, depósito 
de coisas que jamais explodem. 

De tudo quero o essencial: 
o aqueduto de uma cidade, 
rodovia do litoral, 
o refluxo de uma palavra. 

Longe dos céus, mesmo dos próximos, 
e perto dos confins da terra, 
aqui estou. Minha canção 
enfrenta o inverno, é de concreto. 

Meu coração está batendo 
sua canção de amor maior. 
Bate por toda a humanidade, 
em verdade não estou só. 

Posso agora comunicar-me 
e sei que o mundo é muito grande. 
Pela mão, levam-me as palavras 
a geografias absolutas.  
- Lêdo Ivo, em "Poesia Completa", 2004.


A infância redimida
A alegria, crio-a agora neste poema.

Embora seja trágica e íntima da morte
a vida é um reino - a vida é o nosso reino
não obstante o terror, o êxtase e o milagre.

Como te sonhei, Poesia! não como te sonharam...

Escondo-me no bosque da linguagem, corro em salas de espelhos.

Estou sempre ao alcance de tudo, cheio de orgulho
porque o Anjo me segue a qualquer parte.

Tenho um ritmo longo demais para louvar-te, Poesia.
Maior, porém, era a beira da praia de minha cidade
onde, menino, inventei navios antes de tê-los visto.

Maior ainda era o mar
diante do qual todas as tardes eu recitava poemas,
festejando-o com os olhos rasos d′água e às vezes sorrindo de [paixão,
porque grande coisa é descobrir-se o mar, vê-lo existir no mundo.
Ó mar de minha infância, maior que o mar de Homero.

Brinco de esconder-me de Deus, compactuo com as fadas
e com este ar de jogral mantenho querelas com a morte.
Depois do outro lado, há sempre um novo outro lado a conquistar-se...
Por isso te amo, Poesia, a ti que vens chamar-me para as califórnias da vida.
Não és senão um sonho de infância, um mar visto em palavras.
- Lêdo Ivo, in "O Sinal Semafórico", 1974.



Girassol
Em minha mão fechada cabe o dia,
o fogo aleatório dos instantes
e o silêncio que espalham os amantes
quando termina a festa e nada resta

da luz petrificada entre as montanhas.
Em minha mão aberta cabe a sombra
largada pela vida que me espera
além do inverno, quando a primavera

devolve ao caule a rosa fenecida
e o que foi volta a ser, e toda perda
retorna como um lucro imerecido.

A minha mão sustenta um girassol.
Sou sobra e o excesso, como o vento
ou como a luz incômoda do sol.
- Lêdo Ivo, in "Curral de Peixe", 1995.


Nevoeiro
O amor não é
nem paz nem batalha
nem fogo amealhado
na escura fornalha.

O amor é nevoeiro
a branquidão que esconde
a pedra suspensa
no despenhadeiro.

E sendo sempre tudo
como o sonho dos mudos
o amor não é nada

diante da morte
do vento que sopra
de madrugada.
Lêdo Ivo, em "Curral de Peixe", 1995.


O amor exclusivo
Não sei amar as almas.

Amei um corpo
e a nada mais amei.
Nem mesmo às estrelas.
E nem sequer o vento.

Caminhei entre as luzes
de uma alameda branca.
A aurora me encontrou
num chão de palha.

O mundo era inocente
como um corpo desnudo.
Um silêncio de sol
guardava a claridade.
- Lêdo Ivo, em "Crepúsculo Civil", 1990.


O dardo
Entre fogueiras caminhei
mal a aurora havia rompido
e soletrei junto ao teu corpo
todos os idiomas da treva.

No travesseiro amarfanhado
ficou um fio de cabelo,
o último selo da noite
despojada de suas estrelas.

No vidro sujo da janela
vão passando as nuvens do mundo.
Pouso a mão no trinco da porta.

E o dia voa como um dardo.
E todo o amor é o instante oblíquo

em que o orvalho se evapora.
- Lêdo Ivo, em "Crepúsculo Civil", 1990.


O dia inacabado
Como todos os homens, sou inacabado. 
Jamais termino de ser. 
Após a noite breve um longo amanhecer 
me detém no umbral do dia. 
Perco o que ganho no sonho e no desejo 
quando a mim mesmo me acrescento. 
Toda vez que me somo, subtraio-me, 
uma porção levada pelo vento. 
Incompleto no dia inacabado, 
livre de ser ainda como e quando, 
sigo a marcha das plantas e das estrelas. 
E o que me falta e sobra é o meu contentamento. 
- Lêdo Ivo (Vaso Roto, Barcelona), em "Calima", 2011.



Os Morcegos
Os morcegos se escondem entre as cornijas
da alfândega. Mas onde se escondem os homens,
que contudo voam a vida inteira no escuro,
chocando-se contra as paredes brancas do amor?
A casa de nosso pai era cheia de morcegos
pendentes, como luminárias, dos velhos caibros
que sustentavam o telhado ameaçado pelas chuvas.
“Estes filhos chupam o nosso sangue”, suspirava meu pai.
Que homem jogará a primeira pedra nesse mamífero
que, como ele, se nutre do sangue dos outros bichos
(meu irmão! meu irmão!) e, comunitário, exige
o suor do semelhante mesmo na escuridão?
No halo de um seio jovem como a noite
esconde-se o homem; na paina de seu travesseiro, na luz do
[farol
o homem guarda as moedas douradas de seu amor.
Mas o morcego, dormindo como um pêndulo, só guarda o dia
[ofendido.
ao morrer, nosso pai nos deixou (a mim e a meus oito irmãos)
a sua casa onde à noite chovia pelas telhas quebradas.
Levantamos a hipoteca e conservamos os morcegos.
E entre as nossas paredes eles se debatem: cegos como nós.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.



O coração da liberdade
Estive, estou e estarei
no coração da realidade,
perto da mulher que dorme,
junto do homem que morre,
próximo à criança que chora.

Para que eu cante, os dias são momentâneos
e o céu é o anúncio de um pássaro.
Não me afastarei daqui,
da vida que é minha pátria,
e passa como as águias no sul
e permanece como os vulcões extintos
que um dia vomitam sono e primavera.

Minha canção é como a veia aberta
ou uma raiz central dentro da terra.
Não me afastarei daqui, não trairei jamais
o centro maduro de todos os meus dias.
Somente aqui os minutos mudam como praias
e o dia é um lugar de encontro, como as praças,
e o cristal pesa como a beleza
no chão que cheira à criação do mundo.
Adeus, hermetismo, país de mortes fingidas.
Bebo a hora que é água; refugio-me na estância
quando a aurora é mistura de orvalho e de esterco,
e estou livre, sinto-me final, definitivo
como o tempo dentro do tempo, e a luz dentro da luz
e todas as coisas que são o centro, o coração
da realidade que escorre como lágrimas.
- Lêdo Ivo, in "Linguagem", 1951.


O caminho branco
Viajo sem levar nada. 
Minhas mãos estão vazias. 
Minha boca está calada. 
Vou só com o meu silêncio 
e a minha madrugada. 
Não escuto, entre os barrancos, 
a voz do galo estridente 
que, na treva do terreiro, 
anuncia as alvoradas. 
Nem mesmo escuto a minha alma: 
não sei se ela vai dormindo 
ou me acompanha acordada, 
se ela é vento ou se ela é cinza 
ou nuvem rubra raiante 
no dia que se levanta 
como vela desdobrada 
em nave que corta as vagas. 
Não sei nem mesmo se é alma 
ou apenas sal de lágrimas. 
Vou por um caminho branco 
que parece a Via Láctea. 
Só sei que vou tão sozinho 
que nem sequer me acompanho, 
como se eu fosse um caminho 
pisado por vulto estranho. 
Não sei se é dia ou se é noite 
o que surge à minha frente, 
se é fantasma do passado 
ou vivente do presente. 
Não sei se é a torrente clara 
da água que corre entre pedras 
ou se um gavião me espreita 
oculto no nevoeiro, 
espantalho prometido 
ao meu dia derradeiro. 
Atravessando barrancos 
e plantações de tomate 
e ouvindo o canto escarlate 
de airosos galos polacos, 
vou por um caminho branco: 
brancura de bruma e prata. 
Entre tufos de carqueja 
há constelações de orvalho 
e um clarão de meio-dia 
cega a minha madrugada. 
Vou como vim, sem saber 
a razão da travessia. 
Nem sequer levo na boca 
o gosto de água salgada 
que relembra a minha infância 
feita de mar e de mangue. 
Nem sequer levo nos olhos 
— nos meus olhos de menino —
a mancha rubra de sangue 
deixada pelo assassino 
que vi certa madrugada. 
Vou por um caminho branco 
e nada levo nem tenho: 
nem ninho de passarinho 
nem fogo santo de lenho. 
Só vou levando o meu nada. 
Foi tudo quanto juntei 
para oferecer a Deus 
nesta madrugada. 
- Lêdo Ivo, em "Poesia Completa", 2004.


Claridade
A minha claridade é noite escura,
sol negro desviado por um muro
branco de cal, clarão que apaga o sol,
luz que me ofusca, sendo treva e luz.

Às estrelas reclamo que iluminem
o papel branco do meu longo dia,
o grafito que suja o alvo muro
do sol que, sendo noite, me alumia.

Quanto mais luz procuro, mais obscuro
me torno em pleno dia, e mais me assombram
as sombras que se juntam no arrebol.

Recorro à noite se quero mostrar
as frutas expostas do meu ser.
E se quero esconder-me, busco o sol.
- Lêdo Ivo, in "Crepúsculo Civil", 1990.



O dia
Das profundezas da tarde vem o dia em que se vive eternamente
igual à água múrmura entre os rochedos
onde se ocultam na antemanhã os peixes perseguidos pelos
homens.

Não se percebe o outro dia melodioso lá fora
nas perspectivas dos arranha-céus, nos cinemas e no trânsito.
A hora tem uma espessura de segredo guardado
e as gargantas de onde as sedes emigraram
suplicam apenas o que sobrou do frio e do sono.

As imprecações dormem no ar, com uma resistência de anjos,
e as doçuras se desfiguram numa ilusão de joelhos fendidos

n′água
como se os corpos sentissem que o tempo foi embora.
A vida, liberta dos vocabulários eventuais, festeja-se sem

memória
no espírito acorrentado a um infinito agora
eternamente presente como o oceano nas praias.
- Lêdo Ivo, in "Cântico", 1949.



O ofício de viver
Vou sempre além de mim mesmo
em teu dorso, ó verso.
O que não sou nasce em mim
e, máscara mais verdadeira
do que o rosto, toma conta
de meus símbolos terrestres.
Imaginação! teu véu
envolve humildes objetos
que na sombra resplandecem.
Vestíbulo do informulável,
poesia, és como a carne,
atrás de ti é que existes.
E as palavras são moedas.
Com elas, tudo compramos,
a árvore que nasce no espaço
e o mar que não escutamos,
formas tangíveis de um corpo
e a terra em que pisamos.

Se inventar é o meu destino,
invento e invento-me. Canto.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.



Recomeço
Como o cavalo que relincha impaciente
e bate os cacos diante da estalagem
e com o rabo fustiga as moscas que o importunam
assim a morte está sempre à nossa espera.
Após a primeira morte outras virão
e continuamos a morrer, habitando o espaço
onde se movem os pássaros e as abelhas
e o peixe imprudente que salta entre as pedras.
Tudo em nós é recomeço, origem devolvida.
Além da noite escura encontramos o dia,
reinício da vida leve como palha
que estremece perene entre as estrelas.
- Lêdo Ivo, in "Crepúsculo Civil", 1990.



Canto grande
Lêdo Ivo - foto: (...)
Não tenho mais canções de amor.
Joguei tudo pela janela.
Em companhia da linguagem
fiquei, e o mundo se elucida.

Do mar guardei a melhor onda
que é menos móvel que o amor.
E da vida, guardei a dor
de todos os que estão sofrendo.

Sou um homem que perdeu tudo
mas criou a realidade,
fogueira de imagens, depósito
de coisas que jamais explodem.

De tudo quero o essencial:
o aqueduto de uma cidade,
rodovia do litoral,
o refluxo de uma palavra.

Longe dos céus, mesmo dos próximos,
e perto dos confins da terra,
aqui estou. Minha canção
enfrenta o inverno, é de concreto.

Meu coração está batendo
sua canção de amor maior.
Bate por toda a humanidade,
em verdade não estou só.

Posso agora comunicar-me
e sei que o mundo é muito grande.
Pela mão, levam-me as palavras
a geografias absolutas.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.



Soneto de Abril
Agora que é abril, e o mar se ausenta,
secando-se em si mesmo como um pranto,
vejo que o amor que te dedico aumenta
seguindo a trilha de meu próprio espanto.
Em mim, o teu espírito apresenta
todas as sugestões de um doce encanto
que em minha fonte não se dessedenta
por não ser fonte d'água, mas de canto.
Agora que é abril, e vão morrer
as formosas canções dos outros meses,
assim te quero, mesmo que te escondas:
amar-te uma só vez todas as vezes
em que sou carne e gesto, e fenecer
como uma voz chamada pelas ondas.
- Lêdo Ivo, in "Acontecimento do Soneto",1948.



Soneto da Conciliação
Que o amor não me iluda, como a bruma
que esconde uma imprevista segurança.
Antes, sustente o chão em que descansa
o que se irá, perdido como a espuma.
Veja que eu me elegi, mas sem nenhuma
razão de assim fazer, e sem lembrança
de aproveitar apenas a esquivança
de que o amor não prescinde em parte alguma.
Que também não se alheie ao que esclarece
o motivo real, de uma oferta,
reunir o acessório e o imprescindível.
Antes, atente a tudo o que se tece
distante do seu dia inconsumível
que dá certeza à noite mais incerta.
- Lêdo Ivo, in "Acontecimento do Soneto", 1948.



Soneto das Alturas
As minhas esquivanças vão no vento
alto do céu, para um lugar sombrio
onde me punge o descontentamento
que no mar não deságua, nem no rio.
Às mudanças me fio, sempre atento
ao que muda e perece, e ardente e frio,
e novamente ardente é no momento
em que luz o desejo, poldro em cio.
Meu corpo nada quer, mas a minh'alma
em fogos de amplidão deseja tudo
o que ultrapassa o humano entendimento.
E embora nada atinja, não se acalma
e, sendo alma, transpõe meu corpo mudo,
e aos céus pede o inefável e não o vento.
- Lêdo Ivo, in "Acontecimento do Soneto", 1948.



O portão
O portão fica aberto o dia inteiro
mas à noite eu mesmo vou fechá-lo.
Não espero nenhum visitante noturno
a não ser o ladrão que salta o muro dos sonhos.
A noite é tão silenciosa que me faz escutar
o nascimento dos mananciais nas florestas.
Minha cama branca como a via-láctea
é breve para mim na noite negra.
Ocupo todo o espaço da mundo. Minha mão
desatenta
derruba uma estrela e enxota um morcego.
O bater de meu coração intriga as corujas
que, nos ramos dos cedros, ruminam o enigma
do dia e da noite paridos pelas águas.
No meu sonho de pedra fico imóvel e viajo.
Sou o vento que apalpa as alcachofras
e enferruja os arreios pendurados no estábulo.
Sou a formiga que, guiada pelas constelações,
respira os perfumes da terra e do oceano.
Um homem que sonha é tudo o que não é:
o mar que os navios avariaram,
o silvo negro do trem entre fogueiras,
a mancha que escurece o tambor de querosene.
Se antes de dormir fecho o meu portão
no sonho ele se abre. E quem não veio de dia
pisando as folhas secas dos eucaliptos
vem de noite e conhece o caminho, igual aos mortos
que todavia jamais vieram, mas sabem onde estou
— coberto por uma mortalha, como todos os que
sonham
e se agitam na escuridão, e gritam as palavras
que fugiram do dicionário e foram respirar o ar da
noite que cheira a jasmim
e ao doce esterco fermentado.
os visitantes indesejáveis atravessam as portas
trancadas
e as persianas que filtram a passagem da brisa
e me rodeiam.
Ó mistério do mundo, nenhum cadeado fecha o
portão da noite.
Foi em vão que ao anoitecer pensei em dormir
sozinho
protegido pelo arame farpado que cerca as minhas
terras
e pelos meus cães que sonham de olhos abertos.
À noite, uma simples aragem destrói os muros dos
homens.
Embora o meu portão vá amanhecer fechado
sei que alguém o abriu, no silêncio da noite,
e assistiu no escuro ao meu sono inquieto.
- Lêdo Ivo, in "Peosia Completa", Topsbooks/Braskem, 2004.


Lêdo Ivo - foto: (...)

FORTUNA CRÍTICA DE LÊDO IVO
ALENCAR, Rosana Nunes. O moderno e o tradicional na poética de Lêdo Ivo. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil, 2002.
ALMEIDA, Leda Maria de. Labirinto de águas-imagens literárias e biográficas de Lêdo Ivo. 1ª ed.; Maceió: Edições catavento, 2002, 130p.
ALMEIDA, Leda Maria de. Lêdo Ivo e sua (in) tensa alagoanidade. Graciliano, v. 7, p. 1-63, 2010.
BRASIL, Francisco de Assis Almeida. A trajetória poética de Lêdo Ivo. Rio de Janeiro: Educam, 2006.
CAMPOS, Marco Antonio. Con Lêdo Ivo. in Literatura en voz alta, Medellín, Universidad Autonoma Metropolitana, 1996, pp. 291-295.
CÁRDENAS, Maria Teresa. Lêdo Ivo, poeta lúdico y riguroso. In: Revista de Libros El Mercurio, 17/03/2001, n°. 619.
Lêdo Ivo - foto: (...)
CHAMIE, Mário. A uva, a ave, a neve, a greve e o resgate da poesia. In: IVO, L., Central Poética (Poemas escolhidos), Rio de Janeiro/Brasília, Nova Aguilar/INL, 1976, pp. 9-22.
ESPÍNOLA, Adriano. Curral de imagens e pensamentos. In: Diário de Pernambuco, Recife, 9/12/1995, p. 5.
ESTEVAN, Manuel. Brasil no está lejos.in: Heraldo de Aragon, Zaragoza, 25/1/1990.
EVANGELHISTA, Maria de Jesus. Maceió na visão de dois escritores: Lêdo Ivo e Oliveiros Litrento.BRASILIA, v. 1, n.1, p. 1-8, 1996.
FERNANDES, Ronaldo Costa. Considerações sobre um poeta: Lêdo Ivo.  Rio de Janeiro: separata da Revista Brasileira da Academia Brasileira de Letras, 2008.
FRIAS, Rubens Eduardo Ferreira. A raposa sem as uvas: Uma leitura de Ninho de Cobras, de Lêdo Ivo. [Coleção Austregésilo de Athayde, vol. 17]. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2004.
GOMES, Osmar. Poesia é aventura sem fim. In: Anexo, Florianópolis, 12/3/1996, p. 1.
HELENA, Lúcia. Os melhores poemas de Lêdo Ivo. In: Colóquio Letras, Lisboa, 3/1985, n°. 84, pp. 110-111.
JUNQUEIRA, Ivan. Idílios com a eternidade. In: IVO, L., Curral de Peixe, Rio de Janeiro, Topbooks, 1995.
JUNQUEIRA, Ivan. Quem tem medo de Lêdo Ivo?, in: IVO, L., Poesia Completa (1940-2004), Rio de Janeiro, Topbooks,2004. pp. 25-43.
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Lêdo Ivo - foto: (...)
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MICCOLIS, Leila. Passagem de calabar - Análise do poema dramático de Lêdo Ivo. 1ª ed. Rio de Janeiro: ABL - Academia Brasileira de Letras e Topbooks, 2009. v. 01. 192p.
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PENIDO, Samuel. Crepúsculo Civil. In: Linguagem Viva, São Paulo, 12/19991, p. 5.
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RENNÓ, Elizabeth. A Aventura Poética de Lêdo Ivo. [Coleção Afrânio Peixoto, vol. 11.], Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1989.
RICCIARDI, Giovanni. Lêdo Ivo. In: Auto-retratos, São Paulo, Martins Fontes, 1991, pp. 209-226.
ROZÁRIO, Denira. Estou em busca da mentira e da ficção. [Entrevista], in: Palavra de Poeta, Rio de Janeiro, José Olympio, 1989, pp. 80-87.
SALGUEIRO, Maria Aparecida Andrade. Resenha do Livro A Abadia de Northanger de Jane Austen. [Tradução de Lêdo Ivo]. O Globo, Rio de Janeiro, 31 out. 1982.
SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Lêdo Ivo de corpo inteiro. Maceió: Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas, 1995.
SANTOS, Maicon Araújo dos. Uma voz lírica em tempos de crise: a poesia de Lêdo Ivo nos anos 1940. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Ceará, UFC, Brasil, 2012.
SANTOS, Wladimir Saldanha dos. A Geração de 45: uma quimera de origem -- Lêdo Ivo, João Cabral de Melo Neto e o discurso crítico geracional. Inventário (Universidade Federal da Bahia. Online), v. sv, p. sp, 2012. Disponível no link. (acessado 21.4.2013).
SECCHIN, Antonio Carlos. Poesia em diálogo com o mundo. In: Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 7/10/1995, p. 4.
Lêdo Ivo e Vera Pedrosa - foto: (...)
SILVA, Marcio Ferreira da. A cidade desfigurada: uma análise do romance "Ninho de Cobra" de Lêdo Ivo. 1ª. ed. Maceió: Edições Catavento Ltda, 2002. v. Único. 110p.
SILVA, Marcio Ferreira da. A cidade desfigurada: uma leitura sociocultural do romance "ninho de cobras", de Lêdo Ivo. (Dissertação Mestrado em Letras e Linguística). Universidade Federal de Alagoas, UFAL, Brasil, 2001.
SILVA, Marcio Ferreira da. A cidade, o espaço urbano: formas narrativas em Lêdo Ivo. REVISTA FALARES, v. I, p. 17-30, 2011.
SILVA, Marcio Ferreira da. A geografia literária de Ledo Ivo: a cidade nos romances As alianças e Ninho de cobras. (Tese Doutorado em Letras e Linguística). Universidade Federal de Alagoas, UFAL, Brasil, 2007.
SILVA, Marcio Ferreira da. Cultura, História e Deslocamento em Lêdo Ivo. Anais III Senalic, v. I, p. 77-84, 2011.
SOUZA, Adriana Nunes de. Da Ditadura Militar à Era Vargas: a repressão nas memórias de Lêdo Ivo. In: XI Encontro Regional da ABRALIC, 2007, São Paulo. XI Encontro Regional da ABRALIC. São Paulo: ABRALIC, 2007. p. 1-10.
SOUZA, Adriana Nunes de. História e Modernidade em Ninho de cobras, de Lêdo Ivo. (Dissertação Mestrado em Letras e Lingüística). Universidade Federal de Alagoas, UFAL, Brasil, 2010.
TELES, Gilberto Mendonça. Lêdo Ivo – A aventura da transgressão. In: Latin American Writers, New York (in corso di stampa).


Lêdo Ivo - Canções de Farol e Maresia, TV Senado



"A maioria dos biógrafos empenha-se em explicar a obra a partir da vida, quando o correto é exatamente o contrário: trata-se de explicar a vida a partir da obra."
- Lêdo Ivo, in "Confissões de um Poeta".
  
Lêdo Ivo contempla o mar de Porto de Pedras, foto: Carlito Lima.



Transcrição:
“Porto Alegre
10 de junho de 1974
Meu caro Lêdo Ivo:
acabo de receber seu O sinal semafórico. Obrigado! V. sabe como admiro a sua poesia. Vou deixar o volume sobre a mesinha de cabeceira para uma leitura (em muitos casos releitura) lenta. Desde menino aprendi que doce bom não se deve comer depressa, em grandes dentadas, mas saborear devagarinho.
Agora um negócio comercial. Será que v. queria me vender, emprestar ou alugar algumas de suas belas metáforas? Nesta altura da vida ando meio pobre delas, e estou precisando de algumas para o livro que no momento escrevo. (O Quintana seria o outro “fornecedor”).
Um abraço muito cordial do
Erico Verissimo”
Fonte: IMS  

 
Lêdo Ivo - foto: (...)

ACERVO LÊDO IVO
Acervo Lêdo Ivo chegou ao Instituto Moreira Salles em abril de 2006. É formado de biblioteca de 102 livros e 49 periódicos catalogados no site do IMS; e de arquivo com aproximadamente: produção intelectual contendo dez documentos, correspondência com 2.370 itens, 120 documentos pessoais, 690 recortes de jornais e de revistas e 330 fotografias. Merece destaque a correspondência do autor, que reúne cartas que lhe foram enviadas por personalidades mais importantes de sua geração.
Site Oficial – Acervo Lêdo Ivo/IMS


Lêdo Ivo - São Miguel dos Milagres - foto: Carlito Lima

REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA

“Talvez seja a poesia minha razão de ser e existir”
- Lêdo Ivo, em 'entrevista' a Jairo Máximo/EuroLantinNews.


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Lêdo Ivo - uma aventura poética. Templo Cultural Delfos, abril/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em 16.6.2014.



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7 comentários:

  1. Que maravilha !!! Como filha dele,encontrei aqui um tesouro!!! Muito obrigada!!!
    Maria da Graça Ivo

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    Respostas
    1. Olá Maria, tudo bem!?
      Ficamos muito felizes em saber que gostastes, principalmente por ser filha dele, isso tem um peso enorme para nós!
      Muitíssimo obrigada pela visita, volte sempre!
      Abraços

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    2. Vera Lucia de Oliveira2 de maio de 2013 às 10:20

      Oi Gabriela, fui dar nessa pagina quase por acaso,mas fiquei contente em achar nela muito do amigo e querido poeta, Ledo Ivo, que tive o prazer e a honra de traduzir em italiano. A poesia do Ledo me acompanha sempre e espero que muitos jovens no Brasil a descubram, tambem atraves deste site. Vera Lucia de Oliveira. sito: http://www.veraluciadeoliveira.it

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    3. Olá Vera,
      fico muito feliz com sua presença por aqui e, ainda mais, ao saber que gostastes do nosso trabalho.
      Fui dar uma conferida no seu site, muito bacana. Deve ser muito prazeroso traduzir a poesia de Lêdo e torná-la conhecida em mais cantinhos do mundo.
      Parabéns pelo trabalho.
      Abraços e volte sempre!

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  2. Lindíssimo trabalho!

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  3. Cumprimento sua iniciativa e o excelente resultado, Gabriela. Os que conhecemos o Lêdo de perto e nos dedicamos ao estudo de sua vasta e profunda poética nos sentimos felizes quando deparamos com ressonâncias como essa, que contribuem para divulgar mais e mais a prodigiosa obra desse gênio universal, estrela de primeira grandeza no universo da poesia.

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