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Dylan Thomas - o poeta galês

Dylan Thomas - foto (...)
Dylan Marlais Thomas nasceu em Swansea, no País de Gales, a 27 de outubro de 1914. Considerado um dos maiores poetas do século XX em língua inglesa, juntamente com W. Carlos Williams, Wallace Stevens, T.S. Eliot e W.B. Yeats. Dylan Thomas teve uma vida muito curta, devido a exagerada boemia que o levou ao fim de seus dias aos 39 anos, mas, ainda teve tempo de nos deixar um legado poético que o tornou um dos maiores influenciadores de toda uma geração de escritores.
A vida curta de Dylan Thomas foi um mar voraz, indomável como as ondas de sua terra natal: País de Gales. Para ele não havia limite. Tudo o que fazia era assinalado por forte luminosidade, mas revelava também carência, autodestruição e um indisfarçável egoísmo. De certa maneira, fazia barulho para chamar a atenção. Gostava de ser visto como um enfant terrible e para imprimir mai veracidade a esta imagem, o poeta vivia rapidamente, aliciado por seus próprios excessos. Isto, no fundo, o divertia.
Aos 11 anos já tinha escrito mais de duzentos poemas. Muito jovem dirigiu o jornal da escola, trabalhou como repórter em Swansea, abrindo logo caminho na BBC de Londres. Era um obsessivo. com a mesma intensidade, produzia e desperdiçava tempo. Refugiava-se nos pubs, consumindo sem medir energia, talento e saúde.
Escreveu roteiros para cinema, fez documentários, participou de movimentos, sinalizou, com seu comportamento, a emergente geração beat. Nos anos de 1950 era uma celebridade. Tinha prazer em ler seus versos em público, sua voz seduzia milhares de ouvintes, atraia novos admiradores; sua irreverência impressionava uma América atônita, em via de transformação.
Dylan Thomas era profundo, um solitário. Como escritor dedicou-se às palavras e compulsivamente, desejava penetrar na alma de todas as letras. Era um apaixonado pela sonoridade e, com estilo incrivelmente pessoal, soube construir uma obra - pequena, é verdade - com nome e sobrenome. O vigor de suas imagens e o ritmo de sua escrita são marcas registradas.
Aos 39 anos, desgastado fisicamente, saboreando a fama e o reconhecimento sem um tostão no bolso, Dylan enfrentava com muitas dificuldades o cotidiano. Em novembro de 1953, o poeta foi longe demais com a bebida: após muitas doses, não resistiu a uma hemorragia cerebral no St. Vicente Hospital, poucas quadras do Chelsea Hotel, sua "casa" em Nova York. O escritor acabou vencido pela boemia, pela ansiedade um tanto juvenil, pela vida nômade e, tragicamente, pelo álcool. Mas deixou um legado indiscutível. Talento do mais puro malte.
Por trás da neblina de suas frases e versos, indiferentes às normas, habita um autor maduro, vivo, do primeiro time da literatura mundial.
Fonte: MELLO, Maria Amélia Mello. 'Dylan Thomas (texto)'. em "Poemas reunidos 1934-1953. Dylan Thomas". [tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira]. Rio de Janeiro: 2ª ed., revista, Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

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CRONOLOGIA DE DYLAN THOMAS
1914 – Nasce em Swansea, no País de Gales, em 27 de outubro, Dylan Marlais Thomas.
1925 – Entra para a Swansea Grammar Scholl.
1930 – Inicia, em abril, o primeiro dos “Notebooks”, onde escreveu os seus primeiros poemas.
1931 – Dylan Thomas deixa a Swansea Grammar Scholl. Torna-se repórter do “South Wales Daily Post”.
1932 – Ao lado da irmã, Nancy Thomas, junta-se a Swansea Little Theatre Company. Escreve, na época, dois terços da sua produção poética.
1933 – Publicado, em maio, no “New English Weekly”, o primeiro poema de Dylan fora de Gales. Em agosto, visita Londres.
1934 – Segunda visita a Londres. Em abril, ganha o prêmio literário “Poet’s Corner”. Publica, em dezembro, “18 Poems”.

Dylan Thomas, by Alread Janes, 1964
1936 – Encontro de Dylan e Caitlin Macnamara, no pub Whetsheaf, em Londres. Publicado, em setembro, “Twenty-Five Poems”.
1937 – Casa-se em julho, contra a vontade dos pais, com Caitlin.
1939 – Nasce, em janeiro, Llewelyn Edouard Thomas, primeiro filho do poeta. Publicado, em agosto, “The Map of Love”.
1943 – Publicado, nos Estados Unidos, “New Poems”. Nasce, em março, Aeronwy Bryn Thomas, em Londres.
1946 – Publica “Deaths and Entrances”.
1949 – Visita, em março, Praga, como convidado da União dos Escritores da Tchecoslováquia. Nasce, em julho, Colm Garan Thomas Hart.
1950 – Parte, em fevereiro, para Nova York, na sua primeira excursão aos Estados Unidos. Retorna à Grã-Bretanha em junho.
1951 – Após uma crise conjugal, Dylan e Caitlin reconciliam-se.
1952 – Dylan e Caitlin partem, em janeiro, para os Estados Unidos. Publicado “Collected Poems”. Morre, em dezembro, em Laugharme, David John Thomas, pai de Dylan Thomas.

1953 – Em outubro, parte para a sua quarta e última turnê aos Estados Unidos. Faz sua última aparição pública, em 29 de outubro, em Nova York. No dia 5 de novembro, cai no Chelsea Hotel. Em 9 de novembro, morre, em Nova York, Dylan Thomas.
:: Fonte: Virtuália - o manifesto digital (acessado em 6.7.2016).


"ali o silêncio batia como um coração humano. E ao sentar-se sob os montes cruéis, ouviu uma voz que estava nele a gritar: 'Porque me trouxeste aqui?'"
- Dylan Thomas, em "Uma visão do mar e outros contos".  [tradução de Nuno Vidal]. 2ª ed., Lisboa: Vega Editora,  p. 28.

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OBRA DE DYLAN THOMAS EM PORTUGUÊS
Poemas
:: Poemas reunidos 1934-1953. Dylan Thomas. [tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira]. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991; 2ª ed., revista, Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.
:: A mão ao assinar este papel. Dylan Thomas. [tradução e prefácio Fernando Guimarães]. Colecção Gato Maltês, nº 24, Lisboa: Editora Assírio & Alvim, 1998.
:: As filhas de Rebeca. Dylan Thomas. [tradução ..?]. Coleção Dois Mundos. Editora Livros do Brasil, 1992.

Contos e narrativa
:: Retrato do artista quando jovem cão. Dylan Thomas. [tradução de Alfredo Margarido]. Lisboa: Livros do Brasil, cop. 1961.
:: Uma visão do mar e outros contos. Dylan Thomas. [tradução de Nuno Vidal]. Lisboa: Vega, 1989.
:: Retrato do artista quando jovem cão (Portrait of the artist as young dog)Dylan Thomas. tradução Hélio Pólvora. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1991; 2ª ed., 2002.
:: Retrato do Artista quando Jovem Cão e Outras histórias. Ficção completa. Dylan Thomas. (incluindo o volume 'Retrato do artista quando jovem cão', e o seu romance inacabado, 'Aventuras no comércio de peles').. [tradução de José Lima]. Coleção Dois Mundos. Lisboa: Editora Livros do Brasil, 2015.

Teatro
:: Sob o bosque de leite: uma peça para vozes. Dylan Thomas. [tradução Nuno Vidal]. Lisboa: Cotovia; Teatro Nacional D. Maria II, 1992.

Antologia (participação)
:: O torso e o gato — o melhor da poesia universal. [seleção, organização e tradução Ivo Barroso]. Rio de Janeiro: Editora Record, 1991.
:: Antologia de poesia anglo-americana: de Chaucer a Dylan Thomas. [selecção, tradução, prefácio e notas de António Simões]. Porto: Campo das Letras, 2002.
:: Poesia do século XX, antologia. [tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena]. Porto: Edições ASA, 3ª ed., 2003.
:: Poesia da recusa. [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.


Dylan Thomas - foto (...)
POEMAS SELECIONADOS DE DYLAN THOMAS (EDIÇÃO BILÍNGUE)

EM TRADUÇÃO DE AUGUSTO DE CAMPOS

A força que do pavio verde inflama a flor
A força que do pavio verde inflama a flor
Inflama a minha idade verde; que rói as raízes das árvores
É a que me destrói.
E mudo eu sou pra dizer à rosa curva
Que à minha juventude encurva a mesma febre de inverno.

A força que através das rochas move a água
Move o meu sangue rubro; que seca os rios vociferantes
Torna em cera os meus rios.
E mudo eu sou para gritar às minhas veias 
Que é a mesma boca a sorver a fonte da montanha. 

A mão que faz girar a água no charco
Acorda a areia movediça; que amarra o sopro do vento,
Me arma a vela e a mortalha.
E mudo eu sou pra dizer ao enforcado
Que a minha argila e a do carrasco são a mesma argila.
O tempo com seus lábios suga as minhas fontes;
O amor goteja e coalha mas o sangue caído
Calmará suas chagas.
E mudo eu sou pra dizer ao vento como o tempo 
Pulsou um céu em torno das estrelas.

E mudo eu sou pra dizer ao tumulo da amante
Que, curvo, em meus lençóis, se arrasta o mesmo verme.

1933
.

The force that through the green fuse drives the flower
The force that through the green fuse drives the flower
Drives my green age; that blasts the roots of trees
Is my destroyer.
And I am dumb to tell the crooked rose
My youth is bent by the same wintry fever.

The force that drives the water through the rocks
Drives my red blood; that dries the mouthing streams
Turns mine to wax.
And I am dumb to mouth unto my veins
How at the mountain spring the same mouth sucks.

The hand that whirls the water in the pool
Stirs the quicksand; that ropes the blowing wind
Hauls my shroud sail.
And I am dumb to tell the hanging man
How of my clay is made the hangman’s lime.

The lips of time leech to the fountain head;
Love drips and gathers, but the fallen blood
Shall calm her sores.
And I am dumb to tell a weather’s wind
How time has ticked a heaven round the stars.

And I am dumb to tell the lover’s tomb
How at my sheet goes the same crooked worm.

1933
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§

A mão que assina o ato assassina a cidade
A mão que assina o ato assassina a cidade.
Cinco dedos reais taxam o ar – é a lei.
Cevam o morticínio e ceifam um país;
Os cinco reis que dão cabo de um rei.

A mão que manda mana de um ombro em declínio,
Cãibras deduram nós nos dedos que a cal cala.
Penas de ganso firmam o assassínio
Que pôs fim a uma fala.

A mão que assina o pacto traz a peste,
Praga e devastação, o gafanhoto e a fome;
Grande é a mão que pesa sobre o homem
Ao rabisco de um nome.

Os cinco reis contam os mortos mas não curam
A crosta da ferida e o rosto já sem cor.
A mão rege a clemência como a outra os céus.
Mãos não têm lágrimas a expor.

1933
.

The hand that signed the paper felled a city
The hand that signed the paper felled a city;
Five sovereign fingers taxed the breath,
Doubled the globe of dead and halved a country;
These five kings did a king to death.

The mighty hand leads to a sloping shoulder,
The finger joints are cramped with chalk;
A goose's quill has put an end to murder
That put an end to talk.

The hand that signed the treaty bred a fever,
And famine grew, and locusts came;
Great is the hand the holds dominion over
Man by a scribbled name.

The five kings count the dead but do not soften
The crusted wound nor pat the brow;
A hand rules pity as a hand rules heaven;
Hands have no tears to flow.

1933
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§

E a morte não terá domínio
E a morte não terá domínio.
Nus, os mortos hão de ser um.
Com o homem ao léu e a lua em declínio.
Quando os ossos são só ossos que se vão,
Estrelas nos cotovelos e nos pés;
Mesmo se loucos, hão de ser sãos, 
Do fundo do mar ressuscitarão 
Amantes podem ir, o amor não.
E a morte não terá domínio.

E a morte não terá domínio.
Sob os turvos torvelinhos do mar
Os que jazem já não morrerão ao vento,
Torcendo-se nos ganchos, nervos a desfiar,
Presos a uma roda, não se quebrarão,
A fé em suas mãos dobrará de alento,
E os males do unicórnio perderão o fascínio,
Esquartejados não se racharão.
E a morte não terá domínio.

E a morte não terá domínio.
Os gritos das gaivotas não mais se ouvirão
Nem as ondas altas quebrarão nas praias.
Onde uma flor brotou não poderá outra flor
Levantar a cabeça às lufadas da chuva;
Embora sejam loucas e mortas como pregos, 
Testas tenazes martelarão entre margaridas:
Irromperão ao sol até que o sol se rompa,
E a morte não terá domínio.

1933
.

And death shall have no dominion 
And death shall have no dominion.
Dead man naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon; 
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot; 
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again; 
Though lovers be lost love shall not; 
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
Under the windings of the sea
They lying long shall not die windily; 
Twisting on racks when sinews give way,
Strapped to a wheel, yet they shall not break; 
Faith in their hands shall snap in two,
And the unicorn evils run them through; 
Split all ends up they shan't crack; 
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
No more may gulls cry at their ears
Or waves break loud on the seashores; 
Where blew a flower may a flower no more
Lift its head to the blows of the rain; 
Though they be mad and dead as nails,
Heads of the characters hammer through daisies; 
Break in the sun till the sun breaks down,
And death shall have no dominion. 

1933
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§

Recusa a prantear a morte, pelo fogo, de uma menina em Londres
Jamais até que ao homem humilhado
Com ave e fera e flor
A escuridão que os fez
Diga pelo silêncio o fim do último lume
E a hora do torpor
Venha em tropel do mar e se consome

Ainda que eu deva reviver a circular
Sião da perolágrima
E o grão trigal da sinagoga
Hei de salmear a sombra de um só som
Das sementes de sal
No último vale em vestes de lamúria 

À majestade e às chamas da criança.
Não me verão matar 
O que há de humano na verdade rude
Nem violar a via-crucis da lembrança
Com mais alguma
Elegia à inocência e à juventude.

Com o primeiro morto jaz, filha de Londres,
Vestida amigos, grãos além-agora,
Nas veias turvas de sua mãe se encontra,
No mais secreto da água que não chora
Do Tâmisa que trota.
Depois da primeira morte, não há outra.

1945
.

A refusal to mourn the death, by fire, of a child in London
Never until the mankind making
Bird beast and flower
Fathering and all humbling darkness
Tells with silence the last light breaking
And the still hour
Is come of the sea tumbling in harness

And I must enter again the round
Zion of the water bead
And the synagogue of the ear of corn
Shall I let pray the shadow of a sound
Or sow my salt seed
In the least valley of sackcloth to mourn

The majesty and burning of the child's death.
I shall not murder
The mankind of her going with a grave truth
Nor blaspheme down the stations of the breath
With any further
Elegy of innocence and youth.

Deep with the first dead lies London's daughter,
Robed in the long friends,
The grains beyond age, the dark veins of her mother,
Secret by the unmourning water
Of the riding Thames.
After the first death, there is no other.

1945
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§


Dylan Thomas - foto (...)
Neste meu ofício ou arte.
Neste meu ofício ou arte
Soturna e exercida à noite
Quando só a lua ulula
E os amantes se deitaram
Com suas dores em seus braços,
Eu trabalho à luz que canta
Não por glória ou pão, a pompa
Ou o comércio de encantos
Sobre os palcos de marfim
Mas pelo mero salário
Do seu coração mais raro.

Não para o orgulhoso à parte
Da lua ululante escrevo
Nestas páginas de espuma
Nem aos mortos como torres
Com seus rouxinóis e salmos
Mas para os amantes, braços
Cingindo as dores do tempo,
Que não pagam, louvam, nem
Sabem do meu ofício ou arte.

1945
.

In my craft or sullen art.
In my craft or sullen art
Exercised in the still night
When only the moon rages
And the lovers lie abed
With all their griefs in their arms,
I labour by singing light
Not for ambition or bread
Or the strut and trade of charms
On the ivory stages
But for the common wages
Of their most secret heart.

Not for the proud man apart
From the raging moon I write
On these spindrift pages
Nor for the towering dead
With their nightingales and psalms
But for the lovers, their arms
Round the griefs of the ages,
Who pay no praise or wages
Nor heed my craft or art.

1945
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§

Não vás tão docilmente
Não vás tão docilmente nessa noite linda;
Que a velhice arda e brade ao término do dia;
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

Embora o sábio entenda que a treva é bem-vinda
Quando a palavra já perdeu toda a magia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.

O justo, à última onda, ao entrever, ainda,
Seus débeis dons dançando ao verde da baía,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

O louco que, a sorrir, sofreia o sol e brinda,
Sem saber que o feriu com a sua ousadia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.

O grave, quase cego, ao vislumbrar o fim da
Aurora astral que o seu olhar incendiaria,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

Assim, meu pai, do alto que nos deslinda
Me abençoa ou maldiz. Rogo-te todavia:
Não vás tão docilmente nessa noite linda.
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

1945
.

Do not go gentle into that good night
Do not go gentle into that good night, 
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn , too late, they grieved it on its way
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, em now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.

1945
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§


Visão e prece

Quem
É o ser
Que vai nascer
No quarto tão rente
De mim e tão pungente
Que eu posso ouvir o ventre
Se abrindo na obscura corrente
Sobre o fantasma e o filho cadente
Atrás do muro fino como o osso de um carriço?
No quarto cruento do nascimento avesso
Ao fogo e ao jogo do tempo sem nome
E à cor do coração do homem
Nenhum batismo brando
A escuridão apenas
Abençoando
O que nas-
Ceu

Eu
Devo jazer
Qual pedra mudo
Parado junto ao muro
De osso oco enquanto ouço
O gemido da mãe no calabouço
E a cabeça a sair em dor do escuro
Expulsando o amanhã como um espinho
E as parteiras de portentos com seus coros
Até  que  a  voz  do turbulento  nascituro
Me queime com seu nome e seu calor
E todo o alado muro desmorone
Por sua tórrida coroa
E  o  negro  trone
Do seu lombo
À flux da
Luz.

Se
O osso
Do carriço
Torcer-se e a aurora
Enfurecida por seu rio
Enxamear o reino advindo
Do encantador do astral celeste
E da orvalhada virgem maternante
Que o fez nascer com uma fogueira em sua
Boca e o embalou como um tornado
Eu correrei perdido em momentâneo
Terror e brilhando com o brilho
Do quarto antes sem lampejo
Chorando em vão
No caldeirão
Do seu
Beijo

No
Giro
Do sol insone
Na espuma em brasa
Do ciclone de sua asa
Pois me perdi eu que me atiro
Chorando ao trono húmido e frio
Do homem na primeira fúria do seu rio
E   todos   os   relâmpagos   de   ais   e   suspiros
Ora em negro silencio choram e deploram
Visto que eu me perdi eu que cheguei
Ao porto mais perturbador
 E  ao  único  que acha
E a luz do meio-dia
De  sua c haga
Cega-me a
Dor

Curvado nu
Na furna da urna
Do seu fulgurante
Peito sem fim acordarei
Para o jubilinático juízo
Da profundeza do mar sem peias
À  névoa  da nuvem da nave  da  tumba
E ao pó imposto a velejar para o alto
Com sua flama em cada grão.
Oh! espiral em ascensão
Do vulturino relicário
Da manhã do homem
Quando a terra
Em que ele
Erra

E
O mar
Nato louvam o sol
Aquele Um que se abre
E       um       ereto       Adão
Cantou     sobre     sua     origem!
Oh!      As      asas      das      crianças!
E     o     lacerado     vôo     dos     antigos
Jovens dos mais longevos cânions do oblívio!
A marcha celestial dos sempre mortos
Em      batalha!      A      miragem
Dos santos nos seus olhos!
O mundo sem paragem!
E toda a dor re-
Deia  –  me
E        eu
 Morro.

II

Em nome dos perdidos que se aplaudem
Nos porcinos plainos dos cadáveres
Sob     os     cantos     funéreos
De aves de cargas curvas
Ao peso das carcaças
Do mar e do verde
Pó espectral
Do que
Vem
Do chão
Qual pólen
Na pluma preta
E no bico da lama
Eu clamo em bora não pertença
Inteiramente    a    essa    lamurienta
Hoste porque a alegria alvoreceu no interno
Da  mais  ima  medula  do  osso  da  minha  alma
Que   o   que   aprendeu   agora   o   sol   e   a   lua
Do    leite    de    sua    mãe    retome    alento
Antes que os lábios flamem e floresçam
No quarto do nascer sanguinolento
Atrás   do    muro   de   osso
Do carriço e emudeçam
E o ventre que
P a r i u
Para
T o d o s
Os     homens
A luz do amado infante
Ou   cárcere   de   encanto
Boceje   agora   à   sua    vinda
Em         nome       dos       impuros
Perdidos    na   montanha   sem   batismo
A ele ora eu imploro do    centro   deste   escuro

Deixe que os mortos jazam mesmo que se insurjam
E com suas mãos de urze os alce e urja
À urna de sua úlcera do mundo
E o jardim das gotas de sangue
Clausure a hoste cega
De pedra até o sono
Na escura
E funda
Rocha
Desabroche
Não o osso da alma
Mas que ele se rache
Na   coroa   do   monte
Não comandado pelo sol
E que se arraste enfim o pó
Até o fim da foz do rio mais distante
Sob o negror da noite caíndo para sempre só.

Para sempre caíndo a noite é uma estrela
Conhecida  e  um  país  para  a   legião
Do dormientes cuja língua eu tanjo
Para  prantear  sua   diluviosa
Luz através de mar e solo
E assim viemos
A conhecer
Lugares
Ruas
Labirintos
E passagens
Bairros e túmulos
Da queda interminável.
Agora     lázaro     comum
Das orações que armam os dormientes
Para    nunca    acordar    e     levantar-se
Pois o país da morte   é   igual  a  um  coração

E a estrela dos perdidos tem a forma de olhos.
Em    nome    dos    sem    pai
Em  nome  dos  não  natos
E     dos     que    recusam
As mãos ou instrumentos
Das manhãs parturientes
Oh! em nome
De ninguém
Agora ou
Quem
Quer que
Venha eu oro:
Que o sol carmim
Seja um tumulo sem
Cor e a cor sem cor da argila
Escorra  sobre  o  seu    martírio
No ocaso acaso interpretado enfim
E a conhecida escuridão da terra amém.
Eu viro ao viés da prece e queimo à pira
Sob a consolação de um súbito
Sol. Em nome dos malditos
Todo o meu ser gira
Para a terra oculta
Mas o sol avulta
E batiza
O céu.
Eu
Me acho.
Arda-me e afunde-
Me na ferida do mundo.
Seu raio responde ao meu
Grito. Minha voz queima em sua mão.
 Agora   estou   perdido   e   me  enceguece
O   Um.  O   sol   ruge   ao   término   da   prece.

1945
.


Vision and prayer

W h o
A r e  y o u
Who   is   born
In   the   next   room
So   loud    to   my   own
That  I  can  hear  the  womb
Opening   and    the    dark   run
Over the ghost and the dropped son
Behind  the  wall  thin as a wren’s bone ?
In  the  birth  bloody  room  unknown
To  the  burn  and  turn  of  time
And  the  heart  print  of  man
Bo w s   n o   b a p t i s m
Bu t   d a r k   a l o n e
Blessing       on
The  wild
Child.

I
Must   lie
S t i l l  as  s t o n e
By     the    wren     bone
Wall     hearing     the     moan
Of        the        mother        hidden
And   the   shadowed   head   of   pain
Casting     to-morrow     like     a     thorn
And     the    midwives    of    miracle     sing
Until      the      turbulent      new      born
Burns  me  his  name  and  his  flame
And  the  winged  wall  is  torn
By     his     torrid      crown
And  the  dark  thrown
From     his     loin
T o    b r i g h t
L i g h t.

W h e n
T h e    w r e n
Bone writhes down
And    the    first    dawn
Furied     by     his     stream
Swarms  on  the  kingdom come
Of      the      dazzler      of      heaven
And   the   splashed   mothering   maiden
Who    bore    him     with     a     bonfire    in
His mouth and rocked him like a storm
I   shall     run     lost     in    sudden
Terror     and     shining     from
The    once    hooded    room
C r y i n g     i n     v a i n
I n  the  c a u l d r o n
O  f          h  i  s
K i s s

I n
T h e    s p i n
O f      t h e     s u n
I n     t h e     s p u m i n g
Cyclone      of      his      wing
For    I     was     lost     who     am
Crying  at  the  man  drenched  throne
In     the     first     fury    of    his    stream
A n d  t h e  l i g h t n i n g s  o f  a d o r a t i o n
Back  to  black  silence  melt  and  mourn
For   I   was   lost   who   have   come
To       dumbfounding       haven
And     the     finding     one
And    the    high    noon
Of      his      wound
Blinds         my
C r y.

T h e r e
Crouched bare
I n   t h e   s h r i n e
O f      h i s      b l a z i n g
B r e a s t   I   s h a l l   w a k e n
To     the     judge     blown     bedlam
Of       the       uncaged       sea       bottom
The   cloud    climb   of    the    exhaling    tomb
And      the      bidden      dust      upsailing
With    his    flame    in   every   grain.
O       spiral       of       ascension
From   the   vultured    urn
Of      the      morning
Of   man   when
The     land
And

T h e
B o r n    s e a
Praised    the    sun
T h e   fi n d i n g   o n e
A n d    u p r i g h t    A d a m
S a n g        u p o n        o r i g i n !
O    the    wings     of     the    children!
The   woundward   flight   of   the   ancient
Young    from    the    canyons    of    oblivion!
The   sky   stride    of    the   always   slain
In        battle!        the        happening
Of     saints    to    their     vision!
The   world   winding   home!
And    the    whole    pain
F l o w s        o p e n
A n d              I
D i e.

II

In   the   name   of   the   lost   who   glory   in
The      swinish      plains      of      carrion
U n d e r    t h e    b u r i a l    s o n g
Of     the     birds     of     burden
Heavy   with   the   drowned
And    the    green    dust
A n d    b e a r i n g
The     ghost
F  r  o  m
The   ground
L i k e    p o l l e n
On   the   black  plume
And   the   beak   of   slime
I    pray    though     I     belong
Not    wholly    to     that    lamenting
Brethren    for   joy   has   moved   within
The   inmost    marrow   of    my    heart   bone

That  he  who  learns  now  the  sun  and  moon
Of    his    mother’s    milk    may    return
Before   the   lips   blaze   and   bloom
To    the    birth    bloody   room
Behind    the    wall’s    wren
Bone    and    be   dumb
And     the    womb
T h a t   b o r e
F  o  r
A l l       m e n
T h e     a d o r e d
I n f a n t     l i g h t    o r
The        dazzling        prison
Yawn      to       his       upcoming.
In     the    name     of      the    wanton
Lost    on    the    unchristened    mountain
In    the    centre     of     dark     I     pray    him

That  he  let  the  dead  lie  though  they  moan
For   his   briared   hands   to   hoist   them
To  the  shrine  of  his  world’s  wound
And   the   blood   drop's   garden
E n d u r e     t h e     s t o n e
Blind   host   to   sleep
I n    t h e   d a r k
A n d  d e e p
R  o  c  k
A  w  a  k  e
No   heart   bone
But    let    it    break
On  the  mountain  crown
U n b i d d e n  b y  t h e  s u n
And  the  beating  dust   be   blown
Down    to    the    river    rooting    plain
U n d e r  t h e  n i g h t  f o r e v e r  f a l l i n g.

Forever      falling      night      is      a      known
Star     and     country     to     the     legion
Of   sleepers   whose   tongue   I   toll
T o  m o u r n  h i s  d e l u g i n g
Light  through  sea  and  soil
And    we    have    come
T o    k n o w    a l l
P   l   a   c   e   s
W   a   y   s
M    a    z    e    s
P   a   s   s   a   g   e   s
Quarters      and       graves
O f    t h e    e n d l e s s    f a l l.
N o w       c o m m o n       l a z a r u s
Of      the      charting      sleepers      prays
N e v e r      t o      a w a k e      a n d      a r i s e
For   the   country   of   death   is   the   heart’s   size

And the star of the lost the shape of the eyes.
In     the     name    of     the    fatherless
In    the    name    of    the    unborn
A n d    t h e    u n d e s i r e r s
Of  midwiving  morning’s
Hands or instruments
O  in  the  name
Of   no   one
Now  or
N  o
O n e   t o
B e   I   p r a y
May   the   crimson
Sun  spin  a  grave  grey
And    the    colour    of    clay
Stream    upon     his     martyrdom
I n   t h e   i n t e r p r e t e d   e v e n i n g
And   the   known   dark   of   the   earth   amen.

I    turn    the   corner    of    prayer    and    burn
I n   a   b l e s s i n g   o f   t h e   s u d d e n
Sun.    In  the  name  of  the  damned
I   would   turn   back   and   run
To      the      hidden      land
But    the    loud    sun
Christens    down
T h e     s k y.
I
Am    found.
O     l e t     h i m
Scald   me  and  drown
Me  in  his  world’s  wound.
His    lightening    answers    my
Cry.  My  voice  burns  in  his  hand.
Now    I    am    lost    in    the    blinding
One.    The sun roars  at  the  prayer’s  end.

1945
- Dylan Thomas, em "Poesia da recusa". [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

§

EM TRADUÇÃO DE IVO BARROSO

No meu ofício ou arte amarga
Dylan Thomas - foto (...)
No meu ofício ou arte amarga 
Que à noite tarda é exercido 
Quando alucina só a lua 
E dormem lassos os amantes 
Com as dores todas entre os braços, 
É que trabalho à luz cantante 
Não pela glória ou pelo pão, 
Desfile ou feira de fascínios 
Por sobre palcos de marfim, 
Mas pela paga mais afim 
De seus secretos corações! 

Não para alguém altivo à parte 
Da lua irada é que eu escrevo 
Os respingados destas páginas 
Nem pelos mortos presumidos 
Cheios de salmo e rouxinóis. 
Mas para amantes cujos braços 
Têm os cansaços das idades 
Que não me dão louvor nem paga 
Nem prezam meu ofício ou arte.
.

In my craft or sullen art
In my craft or sullen art
Exercised in the still night
When only the moon rages
And the lovers lie abed
With all their griefs in their arms,
I labor by singing light
Not for ambition or bread
Or the strut and trade of charms
On the ivory stages
But for the common wages
Of their most secret heart.

Not for the proud man apart
From the raging moon I write
On these spindrift pages
Nor for the towering dead
With their nightingales and psalms
But for the lovers, their arms
Round the griefs of the ages,
Who pay no praise or wages
Nor heed my craft or art.
- Dylan Thomas, em "O torso e o gato — O melhor da poesia universal". [seleção, organização e tradução Ivo Barroso]. Rio de Janeiro: Editora Record, 1991.

§

EM TRADUÇÃO DE IVAN JUNQUEIRA

Não entres nessa noite acolhedora com doçura
ão entres nessa noite acolhedora com doçura,
Pois a velhice deveria arder e delirar ao fim do dia;
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Embora os sábios, ao morrer, saibam que a treva
                                               [ lhes perdura,
Porque suas palavras não garfaram a centelha
                                               [ esguia,
Eles não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os bons que, após o último aceno, choram pela
                                               [ alvura
Com que seus frágeis atos bailariam numa verde
                                               [ baía
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

Os loucos que abraçaram e louvaram o sol na etérea
                                               [ altura
E aprendem, tarde demais, como o afligiram em sua
                                               [ travessia
Não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os graves, em seu fim, ao ver com um olhar que os
                                              [ transfigura
Quanto a retina cega, qual fugaz meteoro, se
                                              [ alegraria,
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

E a ti,meu pai, te imploro agora, lá na cúpula
                                              [ obscura,
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima
                                              [ bravia.
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.
.

Do not go gentle into that good night
Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay, 
Rage, rage against the dying of the light.

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
- Dylan Thomas, em "Poemas reunidos 1934-1953. Dylan Thomas". [tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira]. 2ª ed., revista, Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

§

Colina de samambaias
Quando, junto à casa em festa, sob os ramos da macieira,
Eu era lépido e jovem, e feliz como era verde a relva,
     A noite suspensa sobre as estrelas do desfiladeiro,
          O tempo a permitir que eu gritasse e me erguesse,
    Dourado, no fulgurante apogeu de seus olhos,
Eu, venerado entre as carroças, era o príncipe da cidade das maçãs,
E certa vez, com orgulho, fiz com que as árvores e as folhas
            Se arrastassem com margaridas e cevada
     Até os rios iluminados pelos frutos caídos sobre a terra. 

E como era moço e descuidado, famoso entre os celeiros
Ao redor do pátio feliz, e cantava, pois a fazenda era o meu lar,
   Sob o sol, que é jovem apena uma vez,
         O tempo deixava-me brincar e ser dourado
    Na misericórdia de seus bens,
E, verde e dourado, eu era caçador e pastor, mugiam os bezerros
Ao som de minha trompa, das colinas vinha o uivo claro e frio das raposas,
        E lentamente ecoava a celebração do domingo
    Nos seixos dos córregos sagrados. 

Tudo fluía e era belo sob o sol: os campos de feno
Altos como a casa, a música das chaminés, tudo era ar
     E ecoava, cheio de água e sortilégio,
         E fogo era tão verde quanto a relva,
    E à noite, sob a luz das estrelas humildes,
Enquanto eu cavalgava rumo ao sono, as corujas subjugavam a fazenda,
E sob a lua, abençoado entre os estábulos, eu ouvia os noitibós
        Voando entre as medas, e os cavalos
    Que flamejavam em meio às trevas. 

E então, ao despertar, a fazenda, como um vagabundo
Branco de orvalho, regressa com o galo sobre o ombro: tudo
    Fulgia, tudo era Adão e sua donzela,
       O céu se adensava outra vez
   E o sol crescia ao redor daquele dia imaculado.
Assim deve ter sido após o nascimento da luz elementar
No primitivo espaço giratório, e os ardentes cavalos encantados
       Saíam relinchando da verde estrebaria
   Rumo ao campos da celebração. 

E na casa em festa, venerado entre raposas e faisões,
Sob as nuvens recém-formadas, e tão feliz quanto era grande o coração,
    Ao sol que renasce a cada dia,
       Eu corria por meus caminhos temerários,
   Meus desejos  se precipitavam pelo alto feno da casa
E nada me importava, em meu comércio celestial, pois o tempo
Em suas órbitas melodiosas, só concede raras canções matinais
         Antes que as crianças verdes e douradas
    O acompanham até o estertor da graça,

Nada me importava, nos dias brancos como cordeiros, que o tempo
                                                                                     [me levasse,
Pela sombra de minhas mãos, até o paiol cheio de andorinhas,
    Sob a lua que jamais deixa de galgar os céus,
      Nem mesmo, ao cavalgar rumo ao sono,
    Que chegasse a ouvi-la flutuar entre os altos campos
E acordasse na fazenda apagada para sempre nessa terra sem crianças,
Ah! Quando eu era lépido e jovem, na misericórdia de seus bens,
   Embora eu cantasse em meus grilhões como canta o mar.
.

Fern hill
Now as I was young and easy under the apple boughs
About the lilting house and happy as the grass was green,
     The night above the dingle starry,
          Time let me hail and climb
     Golden in the heydays of his eyes,
And honoured among wagons I was prince of the apple towns
And once below a time I lordly had the trees and leaves
          Trail with daisies and barley
     Down the rivers of the windfall light.

And as I was green and carefree, famous among the barns
About the happy yard and singing as the farm was home,
     In the sun that is young once only,
          Time let me play and be 
     Golden in the mercy of his means,
And green and golden I was huntsman and herdsman, the calves
Sang to my horn, the foxes on the hills barked clear and cold,
          And the sabbath rang slowly
     In the pebbles of the holy streams.

All the sun long it was running, it was lovely, the hay
Fields high as the house, the tunes from the chimneys, it was air
     And playing, lovely and watery
          And fire green as grass.
     And nightly under the simple stars
As I rode to sleep the owls were bearing the farm away,
All the moon long I heard, blessed among stables, the nightjars
     Flying with the ricks, and the horses
          Flashing into the dark.

And then to awake, and the farm, like a wanderer white
With the dew, come back, the cock on his shoulder: it was all
     Shining, it was Adam and maiden,
          The sky gathered again
     And the sun grew round that very day.
So it must have been after the birth of the simple light
In the first, spinning place, the spellbound horses walking warm
     Out of the whinnying green stable
          On to the fields of praise.

And honoured among foxes and pheasants by the gay house
Under the new made clouds and happy as the heart was long,
     In the sun born over and over,
          I ran my heedless ways,
     My wishes raced through the house high hay
And nothing I cared, at my sky blue trades, that time allows
In all his tuneful turning so few and such morning songs
     Before the children green and golden
          Follow him out of grace,

Nothing I cared, in the lamb white days, that time would take me
Up to the swallow thronged loft by the shadow of my hand,
     In the moon that is always rising,
          Nor that riding to sleep
     I should hear him fly with the high fields
And wake to the farm forever fled from the childless land.
Oh as I was young and easy in the mercy of his means,
          Time held me green and dying
     Though I sang in my chains like the sea.
- Dylan Thomas, em "Poemas reunidos 1934-1953. Dylan Thomas". [tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira]. 2ª ed., revista, Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

§

Amor no hospício
Uma estranha chegou
A dividir comigo um quarto nessa casa que anda mal da cabeça, 
Uma jovem louca como os pássaros

Que trancava a porta da noite com seus braços, suas plumas.
Espigada no leito em desordem 
Ela tapeia com nuvens penetrantes a casa à prova dos céus

Até iludir com seus passos o quarto imerso em pesadelo,
Livre como os mortos, 
Ou cavalga os oceanos imaginários do pavilhão dos homens.

Chegou possessa
Aquela que admite a ilusória luz através do muro saltitante, 
Possuída pêlos céus
Ela dorme no catre estreito, e no entanto vagueia na poeira
E no entanto delira à vontade 
Sobre as tábuas do manicômio aplainadas por minhas lágrimas deâmbulas.

E arrebatado pela luz de seus braços, enfim, meu Deus, enfim
Posso de fato 
Suportar a primeira visão que incendeia as estrelas.
.

Love in the asylum
A stranger has come
To share my room in the house not right in the head,
A girl mad as birds

Bolting the night of the door with her arm her plume.
Strait in the mazed bed
She deludes the heaven-proof house with entering clouds

Yet she deludes with walking the nightmarish room,
At large as the dead,
Or rides the imagined oceans of the male wards.

She has come possessed
Who admits the delusive light through the bouncing wall,
Possessed by the skies

She sleeps in the narrow trough yet she walks the dust
Yet raves at her will
On the madhouse boards worn thin by my walking tears.

And taken by light in her arms at long and dear last
I may without fail
Suffer the first vision that set fire to the stars.
- Dylan Thomas, em "Poemas reunidos 1934-1953. Dylan Thomas". [tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira]. 2ª ed., revista, Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

§

EM TRADUÇÃO DE FERNANDO GUIMARÃES

Não entres docilmente nessa noite serena
Não entres docilmente nessa noite serena,
porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;
odeia, odeia a luz que começa a morrer.

No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,
porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles
não entram docilmente nessa noite serena.

Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia
o brilho das suas frágeis acções ter dançado na baía verde,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.

E os loucos que colheram e cantaram o voo do sol
e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,
não entram docilmente nessa noite serena.

Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega
quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.

E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria
venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.
Não entres docilmente nessa noite serena.

Odeia, odeia a luz que começa a morrer.
.

Do not go gentle into that good night
Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light. 

Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night. 

Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light. 

Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night. 

Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light. 

And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
- Dylan Thomas, em "A mão ao assinar este papel. Dylan Thomas". [tradução e prefácio de Fernando Guimarães]. Lisboa: Editora Assírio & Alvim, 1998.

§

EM TRADUÇÃO DE JORGE DE SENA

A luz rompe onde o sol não brilha
A luz rompe onde o sol não brilha;
Onde o mar não corre, as águas do coração
Avançam suas marés;
E, quebrados espectros com pirilampos nas cabeças.

As coisas da luz
Insinuam-se na carne onde carne não cobre os ossos.
Um círio entre as pernas
Aquece a juventude e o sémen e queima o sémen da idade;
Onde sémen se não agita,
O fruto do homem incha nas estrelas,
Brilhante como um figo;
Onde cera não há, o círio mostra os seus cabelos.

A alvorada rompe atrás dos olhos;
De mastros do crânio e dedos dos pés o soprante sangue
Desliza como um mar;
Sem muros nem estacadas, os borbotões do céu
Esguicham para a vara do vedor
Num sorriso o óleo das lágrimas.

A noite nas órbitas arredondada,
Como uma luz de paz, o limite dos globos;
O dia acende o osso;
Onde frio não há, as ventanias desprendem
As vestes do Inverno;
A película da Primavera pende nas pálpebras.

A luz rompe em lotes secretos,
Em pontas do pensar onde os pensamentos cheiram mal na chuva;
Quando a lógica morre,
O segredo do solo cresce pelos olhos dentro,
E o sangue salta ao sol;
Por sobre os terrenos vagos a alvorada pára.


Light breaks where no sun shines
Light breaks where no sun shines;
Where no sea runs, the waters of the heart
Push in their tides;
And, broken ghosts with glow-worms in their heads,
The things of light
File through the flesh where no flesh decks the bones.

A candle in the thighs
Warms youth and seed and burns the seeds of age;
Where no seed stirs,
The fruit of man unwrinkles in the stars,
Bright as a fig;
Where no wax is, the candle shows its hairs.

Dawn breaks behind the eyes;
From poles of skull and toe the windy blood
Slides like a sea;
Nor fenced, nor staked, the gushers of the sky
Spout to the rod
Divining in a smile the oil of tears.

Night in the sockets rounds,
Like some pitch moon, the limit of the globes;
Day lights the bone;
Where no cold is, the skinning gales unpin
The winter’s robes;
The film of spring is hanging from the lids.

Light breaks on secret lots,
On tips of thought where thoughts smell in the rain;
When logics die,
The secret of the soil grows through the eye,
And blood jumps in the sun;
Above the waste allotments the dawn halts.
- Dylan Thomas, em "Poesia do Século XX, antologia". [tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena]. Porto: Edições ASA, 3ª ed., 2003.

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FORTUNA CRÍTICA DE DYLAN THOMAS
Dylan Thomas - foto (...)
ANDRADA, Fábio de Souza. Dylan Thomas: o vigor poético de um galês beberrão. em Cultura, ano VIII, nº 593, O Estado de S. Paulo, 21.12.1991.
ANDRADE, Fábio Rigatto de Souza.. Dylan Thomas: criação a partir de destroços. Cadernos Entrelivros: Panorama da Literatura Inglesa 978-85-99535-30-1 (ISBN), São Paulo, p. 89, 5 abr. 2007.
ANDRADE, Fábio Rigatto de Souza.. Dylan Thomas: o vigor poético de um galês beberrão. O Estado de S.Paulo (Cultura), S.Paulo, p. 1, 21 dez. 1991.
BERG, Stephen. A metafísica tardia do mito Dylan Thomas. em Ideias / Livros, nº 280, Jornal do Brasil,  Rio de Janeiro, 8.2.1992.
BETTI, Maria Sílvia. Poemas escolhidos de Dylan Thomas. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. (tradução/artigo).
CABRAL, Gladir da Silva. Death in the Poetry of Dylan Thomas. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, 1996.
CABRAL, Gladir da Silva. Death in the poetry of Dylan Thomas. In: Diretoria de Pesquisa da Unesc. (Org.). Catálogo de teses e dissertações. 1ed.Criciúma: Unesc, 2004, v. 1, p. 39-40.
CABRAL, Gladir da Silva. More than a lullaby: Dylan Thomas's attitude towards death in the poem. Fragmentos (Florianópolis), v. 30, p. 183-198, 2006.
CABRAL, Gladir da Silva. Death in Dylan Thomas's poem A Refusal to Mourn the Death, by Fire, of a Child in London and its relation to the Christian Tradition. Publicatio UEPG. Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Lingüística, Letras e Artes, Ponta Grossa (PR), v. 13, n.2, p. 7-17, 2005.
CABRAL, Gladir da Silva. Dylan Thomas's poem And Death Shall Have no Dominion. Todas as Letras (São Paulo), São Paulo (SP), v. 7, p. 83-91, 2005.
CABRAL, Gladir da Silva. Dylan Thomas's attitude towards death in the poem \. Uniletras (UEPG. Impresso), Ponta Grossa (PR), v. 24, n.24, p. 217-225, 2002.
CABRAL, Gladir da Silva. Dylan Thomas's attitude towards death in the poem \. Revista de Ciências Humanas (Criciúma), Criciúma, v. 7, n.2, p. 75-84, 2001.
CABRAL, Gladir da Silva. War and death in Dylan Thomas's poem Ceremony After a Fire Raid. Fragmentos (Florianópolis), Florianópolis (SC), v. 23, p. 41-54, 2005.
CABRAL, Gladir da Silva. Dylan Thomas attitude towards death in the poems "Elegy" and "Among those killed in the dawn was a man aged a hundred". Revista de Ciências Humanas (Criciúma), Criciúma (SC), v. 8, n.2, p. 51-60, 2002.
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"Achou que era uma mulher misteriosa que gostava do escuro porque era escuro. Era velho demais para questionar os segredos da escuridão, e agora, com o fato preto rasgado e molhado e as mãos finas envoltas nas ligaduras da estranha mulher, sentiu-se mais velho do que nunca."
- Dylan Thomas, em "Uma visão do mar e outros contos".  [tradução de Nuno Vidal]. 2ª ed., Lisboa: Vega Editora,  p. 37.


Dylan Thomas e Caitlin Macnamara


John Malcolm Brinnin e Dylan Thomas

"Estamos nus? Temos os nossos ossos e os nossos órgãos, a nossa pele e a nossa carne. Há uma fita de sangue a prender o teu cabelo. Não tenhas medo. Tens um tecido de veias à volta das coxas. O mundo passou numa carga sobre eles, o vento caiu em nada, soprando os frutos da batalha sob a lua. Peter ouviu as canções dos pássaros, mas não eram como as que ouvira aos pássaros, no parapeito do quarto, lançar das gargantas. Os pássaros estavam cegos."
- Dylan Thomas, em "Uma visão do mar e outros contos".  [tradução de Nuno Vidal]. 2ª ed., Lisboa: Vega Editora,  p. 58.


Dylan Thomas, by Michael Fisher
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Dylan Thomas - o poeta galês. Templo Cultural Delfos, julho/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 7.7.2016.




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