Leandro Karnal - foto: Jair Magri |
RODA VIVA COM LEANDRO KARNAL
Programa: Roda Viva - TV Cultura de São Paulo
Data: 4 de julho de 2016.
O historiador falou sobre seu livro recém-lançado “Felicidade ou Morte” (coautoria de Clóvis de Barros Filho), que analisa, além de outros pontos, como cada época e sociedade definem o que é uma vida feliz. E também comentou problemas atuais, inclusive a intolerância e o radicalismo nas redes sociais, entre outros assuntos.
:: O Roda Viva, apresentado por Augusto Nunes, reuniu uma bancada de entrevistadores: a atriz Maria Fernanda Cândido, sócia fundadora da Casa do Saber, o professor José Alves de Freitas Neto, do departamento de História da Unicamp, e os jornalistas Bruno Meier (Veja), Ana Cristina Reis (O Globo) e Mônica Manir (Estadão). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.
ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
Leandro Karnal - Roda Viva. 4.7.2016 - programa completo
Sobre a internet
“Você é quem decide. Pode utilizá-la para aprender alemão ou inglês, tocar piano, ler a Odisséia, ou pode passar o dia inteiro num estado de zumbi”
Fascismo
“Como disse Brecht: 'a cadela do fascismo está sempre no cio', sugerindo a intervenção militar, dizendo que a mulher apanhou porque merecia, e estuprada porque foi leviana.”
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"Conservadores fascistas; adeptos de intervenção militar e da diminuição de direitos sociais; extrema-direita; doença que estava controlada; figuras das sombras que a internet deu voz; nosferatus que rastejavam como ácaros e bolores..."
Escola sem partido
“Escola sem partido é uma asneira sem tamanho, uma bobagem conservadora. Coisa de gente que não é formada na área e que decide ter uma ideia absurda: que é substituir o que eles imaginam que seja uma ideologia em sala de aula por outra ideologia, que é a ideologia conservadora.
Eu já desafiei: me diga um fato histórico que não teve opção política? Cortaram a cabeça de Luis XVI: 21 de janeiro de 1793. Cortaram a cabeça de Maria Antonieta: 16 de outubro de 1793. Vamos dizer ‘que pena, coitados dos reis’ ou analisar como um processo de violência típico da revolução e assim por diante?
Não existe escola sem ideologia. Seria muito bom que um professor não impusesse apenas uma ideologia e que abrisse caminho sempre para o debate. Mas é uma crença, em primeiro lugar, fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida de que a escola forme a cabeça das pessoas e que esses jovens saiam líderes sindicais. Os jovens tem sua própria opinião, ouvem o professor, vão dizer que o professor é de tal partido.
Os jovens não são massa de manobra. E os pais e os professores sabem que os jovens têm sua própria opinião. Toda opinião é política – inclusive a escola sem partido. Eu gostaria de uma escola que suscitasse o debate, que colocasse um texto do século 19, de Stuart Mill falando do indivíduo, da liberdade e do mercado ao lado de um texto de Marx e que o aluno debatesse os dois textos.
Mas se o professor for militante de um partido de esquerda ou de centro também faz parte do processo. Isso não é ruim. A demonização da política é a pior herança dessa ditadura militar que, além de matar seres humanos, ainda provocou na educação um dano que ainda vai se arrastar para as próximas décadas.”
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Leandro Karnal - foto (...) |
leandro karnal é historiador. atualmente ministra aulas na unicamp na área de história da américa e tem publicações sobre ensino de história. é autor de teatro da fé (editora hucitec); história na sala de aula (editora contexto) e estados unidos - a formação da nação (editora contexto). possui graduação em historia pela universidade do vale do rio dos sinos (1985) e doutorado em história social pela universidade de são paulo(1994). foi também curador de diversas exposições, como a escrita da memória, em são paulo. colaborou na elaboração curatorial de museus, como o museu da língua portuguesa em são paulo.
:: Fonte: Instituto cpfl.
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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
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A gente sempre aprende alguma coisa assistindo, lendo ou ouvindo Leandro Karnal.
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