Graciliano Ramos |
- Graciliano Ramos, em "Memórias do Cárcere", cap. 5,
1953.
“Os dados biográficos é que não posso
arranjar, porque não tenho biografia. Nunca fui literato, até pouco tempo vivia
na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e
escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas
aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses
infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz.
Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital,
coisas piores e três romances fabricados em situações horríveis – Caetés,
publicado em 1933, S. Bernardo, em 1934, e Angústia, em 1936. Evidentemente,
isso não dá uma biografia. Que hei de fazer? Eu devia enfeitar-me com algumas
mentiras, mas talvez seja melhor deixá-las para romances.”
- Trecho de carta enviada em nov.1937 por Graciliano a Raúl
Navarro, tradutor argentino, para ser anexado a um conto em vias de publicação
em Buenos Aires IN: Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores
argentinos Benjamín de Garay e Raúl Navarro, p. 123, EDUFBA, 2008.
Graciliano_Ramos, por Hugo Enio Braz |
Comentário
crítico
A
obra de Graciliano Ramos surge num contexto de grande projeção do romance de 30
no Nordeste, marcado por um regionalismo problemático que, como nota Antonio
Candido, não se limita ao mero descritivismo de paisagens e costumes rurais,
que caracteriza essa vertente ficcional no século XIX com o romantismo.
O
romance de 30 se concentra nos dramas específicos das regiões onde mais se
evidencia a situação de atraso do Brasil. Assim, o ciclo desolador da seca e a
vida itinerante do sertanejo surgem nos romances de José Américo de Almeida
(1887 - 1980) e nos de Rachel de Queiroz (1910 - 2003), ao passo que a
decadência da aristocracia rural é retraçada pelo ciclo da cana-de-açúcar de
José Lins do Rego (1901 - 1957), além da vida miserável do trabalhador rural e
urbano nas páginas de Jorge Amado (1912 - 2001) e Amando Fontes (1899 - 1967),
entre outros.
Ramos
tem seu nome muitas vezes associado a essa vertente da ficção, embora essa
associação seja objeto de polêmica e contestação por parte de importantes
historiadores e críticos literários. Isso porque romances como Caetés e
Angústia, apesar de transcorrerem no cenário nordestino (capital e províncias),
não se detêm em problemas específicos da região. E quando essa problemática tem
mais ênfase, como ocorre em Vidas Secas ou mesmo em São Bernardo, ela não chega
a prevalecer sobre os personagens, o que não implica, absolutamente,
subestimá-la.
Graciliano Ramos, por Arpad Snezes |
Se
Caetés é visto como um campo de provas em que o escritor pode testar sua
técnica narrativa e seu estilo, estes já aparecem completamente definidos no
livro seguinte. Em São Bernardo, pode-se reconhecer as principais marcas
estilísticas da escrita ("clássica", a seu modo) de Graciliano Ramos:
a preferência por frases curtas ou mesmo elípticas, as orações simples e os
períodos coordenados, o vocabulário reduzido e algumas gírias. Como diz o poeta
João Cabral de Melo Neto (muito influenciado pela escrita de Ramos), o
romancista alagoano parece sempre escrever com as mesmas 20 palavras. Dessa
escrita enxuta resulta a força de seu estilo seco e de seu lirismo contido, sem
ênfase de nenhuma natureza.
Como
no romance de estreia, São Bernardo também é narrado na primeira pessoa. Nos
dois primeiros capítulos, o narrador não se ocupa propriamente da história, mas
de sua composição, relatando os antecedentes do livro que só tem "início"
no terceiro capítulo. O narrador dá como "perdidos" esses dois
capítulos iniciais, mas a verdade é que eles já revelam muito de seu modo de
ser e de agir, bem como de sua história. A partir do terceiro capítulo, o que
ele faz é retraçar sua trajetória de ascensão social, passando de guia de cego
a proprietário das terras de São Bernardo, que sempre foi a grande meta de sua
vida. O que se vê na primeira parte do romance é "a construção de um
burguês", como nota Carlos Nelson Coutinho. O protagonista Paulo Honório é
o "emblema complexo e contraditório do capitalismo nascente", que
invade o sertão brasileiro, sob a orientação de três ideais burgueses:
"Ação transformadora, velocidade enérgica, posse total", segundo João
Luís Lafetá.
Paulo
Honório é um herói movido pelo sentimento de propriedade não só em relação aos
bens materiais, mas também em relação aos seres que vivem ao seu redor, que
acabam sendo convertidos, por ele, em "coisas" que podem ser
manipuladas e possuídas como os demais bens. E assim, depois da posse das
terras de São Bernardo, Paulo Honório, levado por esse mesmo sentimento,
pretende ter uma esposa para constituir uma família. O alvo escolhido,
entretanto, a professora Madalena, mulher intelectualmente preparada e
emancipada, não se sujeita ao autoritarismo e à brutalidade do marido em
relação a todos que frequentam suas terras, moram e trabalham nelas. Paulo
Honório, por sua vez, não compreende a posição humanitária da esposa, irrita-se
por ela não se sujeitar aos seus desígnios. Uma desconfiança infundada em
relação a Madalena leva-o à hipótese de traição e ao ciúme, que, como bem nota
Antonio Candido, nada mais é senão uma "variante do seu sentimento de
propriedade", que acaba por destruir ambos. O retrato de Paulo Honório como
ciumento permite aproximá-lo de outro grande personagem da tradição literária
brasileira: Bento Santiago, o Dom Casmurro, de Machado de Assis (1839 - 1908).
Graciliano Ramos, por Guidacci |
Depois
de Angústia, Ramos abandona a narrativa em primeira pessoa, à qual ainda
retorna adiante. Nesse meio-tempo, explora as possibilidades da narrativa em
terceira pessoa em contos publicados em jornais brasileiros e argentinos
(posteriormente reunidos, com supressões, rearranjos e acréscimos, na coletânea
Insônia) e sobretudo em uma de suas maiores realizações ficcionais: Vidas
Secas, que retraça a famigerada errância do sertanejo expulso pela seca,
enfocando uma família de retirantes. Originado de um (ou alguns) conto(s), o
romance preserva, em sua estruturação, as marcas de origem: são 13 capítulos
marcados por certa autonomia, "verdadeiros casulos de vida isolada".
Como quadros justapostos, os capítulos tendem a focalizar os personagens
separadamente, num deslizar contínuo, ora para o mundo exterior, ora para o
interior: uma perspectiva recíproca que ilumina o personagem pelo acontecimento
e este por aquele, no dizer de Candido. Essa tomada parcial de cada personagem
acentua a condição de vida isolada, encasulada no seu próprio cismar. Não há interação
entre eles, visto que lhes falta o essencial: a palavra. Fabiano, sua mulher e
filhos são seres espoliados não só de casa e comida, mas também de linguagem,
pois, fiéis ao clima da seca, fazem uso de uma fala truncada e de alguns sons
guturais. Para suprir essa fala minguada, a impossibilidade de comunicação e
expressão, Ramos recorre a um narrador extremamente onisciente, que sabe e diz
tudo o que se passa dentro e fora da cabeça dos personagens, inclusive da
cachorrinha Baleia, numa passagem antológica. Essa voz narrativa pode se
mostrar, num primeiro momento, restrita à função mediadora de dar voz aos que
não a têm, de modo puramente impessoal. Mas, como demonstra Alfredo Bosi, numa
leitura mais atenta, percebe-se todo um jogo de aproximação e distanciamento do
narrador em relação à consciência dos personagens, de modo a sinalizar a não
pactuação com a alienação do sertanejo em relação à realidade de sua condição.
Depois
de Vidas Secas, o escritor alagoano retoma a narração em primeira pessoa com Infância
e Memórias do Cárcere, marcando, assim, a transição da ficção para a confissão
que, segundo Cândido, sintetiza a lógica evolutiva da trajetória literária de
Graciliano Ramos. É certo, porém, que esse caráter confessional tem sempre de
ser relativizado, já que persiste muito de ficcional na reconstituição de seres
e eventos do passado. Memórias do Cárcere é também obra inacabada, interrompida
pela morte prevista e registrada nas páginas iniciais:
"Estou
a descer para a cova, este novelo de casos em muitos pontos vai emaranhar-se,
escrevo com lentidão - e provavelmente isto será publicação póstuma, como
convém a um livro de memórias".
Essa
não é a única publicação póstuma. Logo em seguida surge Viagem, que relata a
visita feita à União Soviética. Vêm, depois, as coletâneas Linhas Tortas
(reunião de crônicas e artigos escritos entre 1915 e 1952), Viventes das
Alagoas (quadros de costumes e paisagens do Nordeste), Alexandre e Outros
Heróis (histórias infantis) e o volume que recolhe suas Cartas.
"(…)como outros espíritos miúdos dependiam de nós, e era preciso calçá-los, vesti-los, alimentá-los, mandá- los ouvir cantigas e decorar feitos patrióticos, abandonamos as tarefas de longo prazo, caímos na labuta diária, contando linhas, fabricamos artigos, sapecamos traduções, consertamos engulhando produtos alheios. De alguma forma nos acanalhamos."
- Graciliano Ramos, em "Memórias do Cárcere".
"A primeira
coisa que guardei na memória foi um vaso de louça vidrada, cheio de pitombas,
escondido atrás da porta. Ignoro onde o vi, quando o vi, e se uma parte do caso
remoto não desaguasse noutro posterior, julgá-lo-ia sonho. [...]"
- Graciliano Ramos, em 'Infância', 1945.
Graciliano Ramos, por (...) |
“Se não fosse
aquilo... Nem sabia. O fio da idéia cresceu, engrossou – e partiu-se. Difícil
pensar. Vivia tão agarrado aos bichos... Nunca vira uma escola. Por isso não
conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares. O demônio daquela
história entrava-lhe na cabeça e saía. Era para um cristão endoidecer. Se lhe
tivessem dado ensino, encontraria meio de entendê-la. Impossível, só sabia
lidar com bichos.”
- Graciliano Ramos, em 'Vidas Secas', 1938.
“Na planície
avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham
caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam
pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem
progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem
dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado
no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a
tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda da
pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás."
- Graciliano Ramos, em 'Vidas Secas' - cap. 01, 1938.
CRONOLOGIA
1892, 27/out. - Graciliano Ramos de
Oliveira nasce em Quebrangulo – AL, primeiro de dezesseis irmãos.
1895, 23/jun. - Muda-se com os pais
para a Fazenda Pintadinho, em Buíque, sertão de Pernambuco.
1899 - Muda-se com os pais para
Viçosa – AL.
1904, 24/jun. - Publica o conto
Pequeno Pedinte, n’O Dilúculo, jornal do Internato Alagoano, de Viçosa-AL, onde
estudava.
1905 - Muda-se para Maceió, onde
passa a frequentar o Colégio Quinze de Março.
Graciliano Ramos, por Relêvo de Edmilson Oliveira. |
1909, 10/fev. - Inicia sua colaboração
ao Jornal de Alagoas, publicando o soneto Céptico, como Almeida Cunha. Neste
jornal, publicou diversos textos sob vários pseudônimos, entre eles Soares de
Almeida Cunha e Lambda, usado para trabalhos em prosa até.
1913 - Também colabora regularmente
em O Malho, sob os pseudônimos de Soeiro Lobato e Soares de Almeida Cunha.
1910, 27/out. - No dia de seu 18º
aniversário, passa a residir em Palmeira dos Índios – AL. Nesse ano, dá sua
primeira entrevista como escritor ao Jornal de Alagoas, de Maceió.
1911 - Colabora no Correio de
Maceió, como Soeiro Lobato.
1914, 17/ago. - Embarca em Maceió
em direção ao Rio de Janeiro, à época Capital Federal, para tentar a sorte na
imprensa, acompanhado de seu amigo Joaquim Pinto da Mota Lima Filho. Nesse ano,
trabalha como revisor dos jornais cariocas Correio da Manhã, A Tarde e O
Século, colaborando simultaneamente para o jornal fluminense Paraíba do Sul e
para o Jornal de Alagoas, assinando “R.O.” (Ramos de Oliveira). A compilação
destes textos compõe sua obra póstuma Linhas Tortas.
1915, set. - Retorna às pressas
para Palmeira dos Índios – AL, motivado pela morte dos irmãos Otacília, Leonor
e Clodoaldo e do sobrinho Heleno, vitimados pela epidemia de peste bubônica.
1915, 21/out. - Aos 23 anos de
idade, Graciliano se casa em Palmeira dos Índios – AL com Maria Augusta de
Barros, então com 21 anos. Deixa de colaborar com todos os periódicos.
1916, 14/set. - Nasce seu primeiro
filho, Márcio Ramos, em Palmeira dos Índios – AL.
1917, 13/set. - Nasce seu segundo
filho, Júnio Ramos, em Palmeira dos Índios – AL.
1919, 29/set. - Nasce seu terceiro
filho, Múcio Ramos, em Palmeira dos Índios – AL.
1920, 23/Nov. - Nasce seu quarto
filho, Maria Augusta Ramos, batizada com o mesmo nome da mãe, morta aos 26 anos
em função de complicações do parto, em Palmeira dos Índios – AL.
1921- Depois de cinco anos sem
publicação, passa a colaborar com o semanário palmeirense O Índio, sob os
pseudônimos J. Calisto, Anastácio Anacleto, J.C. e Lambda.
1925 - Começa a escrever Caetés,
seu primeiro romance.
1927, 07/out. - É eleito prefeito
de Palmeira dos Índios – AL.
1928, 07/jan. - Toma posse do cargo
de prefeito. Conclui Caetés.
1928, 16/fev. - Aos 35 anos de
idade, Graciliano se casa em Palmeira dos Índios – AL com Heloísa Leite de
Medeiros, então com 18 anos.
1929, 04/jan. - Nasce seu quinto
filho, Ricardo de Medeiros Ramos, primeiro filho do casal, em Palmeira dos
Índios – AL. A 08/jan, envia ao governador de Alagoas o relatório de prestação
de contas do município. O relatório, pela sua qualidade literária, chega às
mãos de Augusto Frederico Schmidt, editor, que procura GR para saber se ele tem
outros escritos que possam ser publicados.
1930, 22/jan. - Nasce seu sexto
filho, Roberto de Medeiros Ramos, segundo filho do casal, em Palmeira dos
Índios – AL. Publica artigos no Jornal de Alagoas sob o pseudônimo Lúcio
Guedes. A 10/abr, renuncia ao mandato de prefeito. A 29/mai, muda-se para
Maceió com a família, e a 31/mai, é nomeado diretor da Imprensa Oficial de
Alagoas. Roberto morre com poucos meses de vida em Maceió – AL.
1931, 19/fev. - Nasce seu sétimo
filho, Luiza de Medeiros Ramos, terceiro filho do casal, em Maceió – AL. A
29/dez, demite-se do cargo de diretor da Imprensa Oficial de Alagoas.
1932, jan. - Escreve na sacristia
da Igreja Matriz de Palmeira dos Índios os primeiros capítulos de São Bernardo,
romance concluído nesse mesmo ano. Em abril, é operado em Maceió. A 09/nov,
nasce seu oitavo filho, Clara Medeiros Ramos, quarto filho do casal, em Maceió
– AL.
1933, 18/jan. - É nomeado diretor
da Instrução Pública de Alagoas, cargo equivalente a Secretário Estadual da
Educação. É contratado como redator do Jornal de Alagoas, onde publica vários
trabalhos, entre eles Comandante dos Burros, Doutores e Mulheres, não
publicados em livro. Publica também o romance Caetés, seu primeiro livro, pela
Editora Schmidt – RJ.
Gracialiano Ramos, por Cássio Loredano |
1936, 03/mar. É preso em Maceió –
AL e levado para o Rio de Janeiro. Em ago, publica Angústia (romance), seu
terceiro livro, pela Editora José Olympio – RJ. Angústia recebe o Prêmio Lima
Barreto, instituído pela Revista Acadêmica.
1937, 03/jan. - É libertado no Rio
de Janeiro. Escreve A Terra dos Meninos Pelados (infantil), que recebe, em
abril do mesmo ano, o Prêmio de Literatura Infantil do Ministério da Educação.
1938 - Publica Vidas Secas
(romance), seu quarto livro.
1939, ago. - É nomeado Inspetor
Federal de Ensino Secundário do Rio de Janeiro. Publica A Terra dos Meninos
Pelados (infantil), pela Livraria do Globo, de Porto Alegre – RS.
1940 - Traduz Memórias de Um Negro,
de Booker T. Washington, para a Editora Nacional – SP.
1941 - Publica uma série de
crônicas intituladas Quadros e Costumes do Nordeste, na Revista Cultura
Política – RJ, material que viria a ser publicado sob o título Viventes das
Alagoas.
1942, out. - Em jantar comemorativo
de seu cinquentenário, recebe o Prêmio Felipe de Oliveira, pelo conjunto de sua
obra. O romance Brandão Entre o Mar e o Amor, escrito em parceria com Jorge
Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz é publicado pela
Livraria Martins – SP.
1943, 04/set. - Morre Maria Amélia
Ramos, mãe de Graciliano, em Palmeira dos Índios – AL.
1944 - Publica Histórias de
Alexandre (literatura infanto-juvenil), pela Editora Leitura – RJ.
1945 - Publica Infância (memórias),
seu quinto livro, pela Editora José Olympio – RJ. Publica também Dois Dedos
(contos) pela Revista Acadêmica – RJ. Em ago, filia-se ao Partido Comunista
Brasileiro, a convite de Luís Carlos Prestes, Secretário Geral do partido.
Graciliano Ramos, por Inima |
1947 - Publica Insônia (contos),
seu sexto livro, pela Editora José Olympio – RJ.
1950, 24/ago. - Morre Márcio Ramos,
primeiro filho de GR, no Rio de Janeiro – RJ. Traduz A Peste, romance de Albert
Camus, para a Editora José Olympio
1951, 26/abr. - torna-se Presidente
da Associação Brasileira de Escritores. Nesse ano, publica Sete Histórias
Verdadeiras pela Editora Vitória – RJ, extraídas de Histórias de Alexandre.
1952, abr a jun. - Viaja pela União
Soviética, Tchecoslováquia, França e Portugal. Em set, é operado, sem sucesso,
em Buenos Aires, Argentina. A 05/out, retorna ao Rio de Janeiro, gravemente
doente. A 27/out, sem sua presença, amigos e admiradores comemoram seu 60º
aniversário no Salão Nobre da Câmara Muncipal do Rio de Janeiro, em sessão
presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras.
1953, 26/jan. - É internado na Casa
de Saúde São Victor. A 20/mar, morre de câncer no pulmão, no Rio de Janeiro –
RJ.
Depois de sua morte
1953 - Heloísa Ramos publica
Memórias do Cárcere (memórias), sétimo livro de Graciliano.
1954 - Heloísa publica Viagem
(crônicas), oitavo livro de Graciliano.
Graciliano Ramos, por Augusto Rodrigues |
1962 - Heloisa Ramos publica Linhas
Tortas (crônicas), Viventes das Alagoas (crônicas), Alexandre e outros Heróis
(literatura infanto-juvenil). Vidas Secas recebe o Prêmio da Fundação William
Faulkner (EUA) como livro representativo da Literatura Brasileira Contemporânea.
1980, 11/out. - Heloisa Ramos doa o
Arquivo Graciliano Ramos ao IEB-USP, reunindo manuscritos, recortes de
colaboração em jornais, revistas e críticas sobre GR, documentos pessoais,
correspondência, fotografias, traduções e alguns livros.
1982 - Heloisa Ramos publica Cartas
(compilação da correspondência pessoal de Graciliano).
1999, 23/jul. - Morre Heloísa
Ramos, viúva de Graciliano, em Salvador – BA.
2012 - Thiago Mio Salla organiza e
lança Garranchos pela Editora Record, livro de textos inéditos de Graciliano.
2013 – Graciliano é homenageado da
FLIP.
"Lembro-me
de um fato, de outro fato anterior ou posterior ao primeiro, mas os dois vêm
juntos. E os tipos que evoco não têm relevo. Tudo empastado, confuso. Em
seguida os dois acontecimentos se distanciam e entre eles nascem outros
acontecimentos que vão crescendo até me darem sofrível noção de realidade. As
feições das pessoas ganham nitidez. De toda aquela vida havia no meu espírito
vagos indícios. Saíram do entorpecimento recordações que a imaginação
completou."
- Graciliano Ramos, em "Angustia", 1936.
Graciliano Ramos, por Álvarus |
Prêmios, homagens e
condecorações a Graciliano Ramos
Prêmio Lima Barreto (Revista Acadêmica), pela obra
“Angústia”, 1936.
Prêmio Literatura
infanto-juvenil
(Ministério da Educação), pela obra “ A Terra dos Meninos Pelados”, 1939.
Prêmio Felipe de Oliveira, pelo Conjunto da Obra, 1942.
Prêmio da Fundação
William Faulkner
(Estados Unidos), pela obra “Vidas Secas”, como livro representativo da Literatura
Brasileira Contemporânea, 1962.
Personalidade Alagoana do
Século XX,
em 2000.
Prêmio Nossa Gente, Nossas Letras / Prêmio
Recordista, em 2003.
Medalha Chico Mendes de
Resistência,
2003.
Escolhido pelo Governo
Federal para o PNBE
- Programa Nacional Biblioteca da Escola - Memórias do Cárcere, 2013.
"Nunca presto atenção nas coisas, não sei para que diabo quero olhos. Trancado num quarto, sapecando as pestanas em cima de um livro, como sou vaidoso, como sou besta! Idiota. Podia estar ali a distrair-me com a fita. Depois, finda a projeção, instruir-me vedos as caras. Sou uma besta. Quando a realidade me entra pelos olhos, o meu pequeno mundo desaba."
- Graciliano Ramos, em 'Angústia', 1936.
Graciliano Ramos, por Castanha |
“A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso.
A palavra foi feita para dizer.”
- Graciliano Ramos, em entrevista a Joel Silveira, 1948.
OBRA DE GRACILIANO RAMOS
Obra publicada - primeiras
edições
Romance
Caetés. [Ilustração de Poty]. 1ª ed.,
Rio de Janeiro: Schmidt, 1933.
São Bernardo. [Ilustração de Darel] 1ª ed.,
Rio de Janeiro: Ariel, 1934.
Graciliano Ramos, por Borges |
Angústia. [Ilustração de Marcelo Grasmann]. 1ª ed., Rio
de Janeiro: José Olympio, 1936.
Vidas Secas. [Ilustração de Aldemir
Martins]. 1ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1938.
Infantil e juvenil
A Terra dos Meninos
Pelados.
1ª ed., Porto Alegre/RS: Editora Globo, 1939.
Histórias de Alexandre. 1ª ed., Rio de Janeiro:
Leitura, 1944.
Alexandre e Outros Heróis. 1ª ed., Rio de Janeiro:
Martins, 1962.
O Estribo de Prata. [é uma das Histórias de
Alexandre]. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1984.
Conto
Dois Dedos. [ilustrações de Axel de
Leskoschek]. 1ª ed., R. A. Editora, 1945.
Histórias Incompletas. 1ª ed. Porto Alegre/RS:
Editora Globo, 1946.
Insônia. [Ilustração de Axel de
Leskoschek]. 1ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1947.
Infância. [Ilustração de Darcy
Penteado]. 1ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1945.
Memórias do Cárcere. [Ilustração de Percy Deane].
1ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1953.
Crônica
Viventes das Alagoas. [Ilustração de Emanoel
Araújo]. 1ª ed. Rio de Janeiro: Martins, 1962.
Linhas Tortas. [Ilustração de Oswald de Andrade Filho]. 1ª ed. Rio de Janeiro: Martins, 1962.
Garranchos. [vários: crônicas, epigramas,
artigos, discursos, cartas, teatro, conto]. (org.Thiago Mio Salla). Rio de
Janeiro: Editora Record, 2012.
Viagem
Viagem. [Ilustração de Telmo de Jesus
Pereira]. 1ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1954.
Graciliano Ramos, por Baptistão |
Correspondência
Cartas. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Record, 1980.
Cartas a Heloísa. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Record, 1992.
Parcerias
Brandão entre o Mar e o
Amor.
[Mário, por Graciliano]. Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego,
Aníbal Machado e Rachel de Queiroz. 1ª ed. Rio de Janeiro: Martins, 1942.
Tradução
Memórias de um Negro, de Albert Camus. Booker T.
Washington, 1940. [tradução Graciliano Ramos]. 1ª ed. Companhia Editora
Nacional, 1940.
A Peste, de Albert Camus. 1950.
[tradução Graciliano Ramos]. 1ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1950.
"Quem dormiu no chão deve lembra-se disto,
impor-se disciplina, sentar-se em cadeiras duras, escrever em tábuas estreitas.
Escreverá talvez asperezas, mas é delas que a vida é feita: inútil negá-las,
contorná-las, envolvê-las em gaze."
- Graciliano Ramos, em 'Memórias do Cárcere', 1953.
- Graciliano Ramos, em 'Memórias do Cárcere', 1953.
“Quanto mais me
vejo rodeado, mais me isolo e entristeço. Quero recolher-me, afastar-me
daqueles estranhos que não compreendo (…) A multidão é hostil e terrível.
Raramente percebo qualquer coisa que se relacione comigo.”
- Graciliano Ramos
Alemão
Nach
Eden Ist Es Weit [Vidas Secas]. Tradução Wilhelm Keller.
Tübingen-Basel: Horst Erdmann, 1965.
São Bernardo. Tradução Wilhelm Keller. Frankfurt: Fischer Bücherei, 1965.
Angst [Angústia]. Tradução Willy Keller. Frankfurt: Suhrkamp Verlag, 1978.
Karges Leben [Vidas Secas]. Tradução Willy
Kelle. Zurich: TA-Media, AG, 1981.
Raimundo im Land
Tatipirún
[A Terra dos Meninos Pelados]. Tradução Inês Koebel. Zurich: Nagel &
Kimche, 1996.
Kindheit [Infância]. Tradução Inés Koebel. Editora Wagenbach, 2013.
Kindheit [Infância]. Tradução Inés Koebel. Editora Wagenbach, 2013.
Búlgaro
Сух Живот [Vidas Secas]. 1969.
Dinamarquês
Tarke [Vidas Secas]. 1986.
Espanhol
Angústia. Montevideo: Independência,
1944.
Infância. Buenos Aires: Siglo Veinte,
1948.
Vidas Secas. Buenos Aires: Capricórnio,
1958.
Vidas Secas. Habana: Casa de las Américas,
1964.
Vidas Secas. Montevideo: Nuestra América,
1970.
Angústia. Madrid: Alfaguara, 1978.
San Bernardo. Caracas: Monte Ávila, 1980.
Vidas Secas. Tradução Wander Melo Miranda
e Silviano Santiago. Buenos Aires, Ediciones Corregidor, 2001.
Vidas Secas. Montevideo: Ediciones de la
Banda Oriental, 2004.
Finlandês
São Bernardo. Helsinki: Porvoo, 1961.
Flamengo
Vlucht voor de Droogte [Vidas Secas]. Tradução
Cecilia Correia Castilho. Bussum: Het Wereldvenster, 1981.
Francês
Enfance [Infância]. Tradução G.
Gougenheim. Paris: Gallimard, 1956.
Secheresse [Vidas Secas]. Tradução
Geneviève Leibrich. Paris: Gallimard, 1964.
São Bernardo. Tradução Geneviève Leibrich.
Paris: Gallimard, 1986.
Mémoires de Prison [Memórias do Cárcere].
Tradução Jorge Coli e Antoine Sell. Paris: Gallimard, 1988.
Angoisse [Angústia]. Tradução Nicole
Biros e Geneviève Leibrich. Paris: Gallimard, 1992.
Insomnie [Insônia]. Tradução Michel Laban. Paris: Gallimard, 1998.
Holandês
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logo: mata-me devagar, deitando veneno no que me escreveres. Provavelmente
sabes fazê-lo. Não devias ser como és [...]"
- Graciliano Ramos, em 'Cartas de amor à Heloísa', 1992.
"Ateu! Não é
verdade. Tenho passado a vida a criar deuses que morrem logo, ídolos que depois
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“Dificilmente pintaríamos um verão nordestino em que os ramos não estivessem pretos e as cacimbas vazias.”
- Graciliano Ramos, em 'Infância', 1945.
ADAPTAÇÕES PARA O CINEMA E A TELEVISÃO
CINEMA
Filme:
São Bernardo
Livro São Bernardo, Ilustração por Darel |
Ficha
Técnica
Gênero:
Drama
Duração:
110 mm
Lançamento
(Brasil): 1972
Distribuição:
Embrafllme
Direção:
Leon Hirszman
Asistente
de direção: Lúcio Lombardi
Roteiro:
Leon Hirszman
Produção:
Marcos Farias, Márcio Noronha, Henrique Coutinho e Luna Moschovitch
Co-produção:
Saga Filmes, Mapa Filmes e Produções Cinematográflcas L.C.Barreto
Música:
Caetano Veloso
Fotografia:
Lauro Escorel
Camera:
Cláudio Portioli
Assistente
de camera: Renato Laclette
Som:
Walter Goulart
Mixagem:
José Tavares
Desenho
de produção: Luiz Carlos Ripper
Figurino:
Luiz Carlos Ripper
Assistente
de cenografia: Artur Silveira
Edição:
Eduardo Escorei
Assistente
de montagem: Gilberto Santeiro
Maquiagem:
Ronaido Abreu e M.Henrique
Cartaz:
Rogério Guimarães
Letreiros:
Rogério Guimarães
Maquinista:
José Pinheiro
Eletricista:
Roque Pereira
Elenco:
Othon Bastos; Isabel Ribeiro; Nildo Parente; Vanda Lacerda; Mário Lago; Jofre
Soares; Rodolfo Arena; Josef Guerreiro; Audrey Salvador; José Policena; José
Lucena; Angelo Labanca; Luiz Carlos Braga.
Prêmios
Melhor Ator (Othon Bastos), Fotografia
(Lauro Escorel) e Menção Especial (Leon Hirszman), II Festival do Cinema
Brasileiro de Gramado, RS, 1974;
Melhor Diretor, Filme, Ator (Othon Bastos) e
Atriz (Isabel Ribeiro), VII Prêmio "Air France de Cinema', RJ, 1973;
Prêmio Especial (Leon Ilirszman), "Troféu
Carlitos", Prêmio APCA -Associação Paulista de Críticos de Arte, SP, 1972;
Prêmio "Margarida de Prata", CNBB - Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, 1972;
Melhor Diretor, Atriz Secundária (Vanda
Lacerda) e Cenografia (Luiz Carlos Ripper), Prêmio
Coruja de Ouro, INC - Instituto Nacional de Cinema, RJ, 1973;
Melhor Atriz (Isabel Ribeiro) e Composição
(Caetano Veloso), Troféu "Pelé de Ouro", II Festival de Cinema de
Santos, SP, 1973.
Filme:
Vidas Secas
Livro Vidas Secas, Ilustração por Aldemir Martins |
Ficha Técnica
Gênero:
Drama
Duração:
103 min.
Lançamento
(Brasil): 1963
Distribuição:
Sino Filmes, Riofilme e Sagres Vídeo
Direção:
Nélson Pereira dos Santos
Roteiro:
Nelson Pereira dos Santos
Produção:
Luis Carlos Barreto, Herbert Richers Nelson Pereira dos Santos e Danilo Trelles
Música:
Leonardo Alencar
Desenho
de produção: João Duarte
Edição:
Nello Melli e Rafael Justo Valverde
Elenco:
Átila Iório (Fabiano); Genivaldo Lima; Gilvan Lima; Orlando Macedo (Soldado
Amarelo); Maria Ribeiro (Sinhá Vitória); Jofre Soares (Fazendeiro); Pedro
Santos; Maria Rosa; José Leite; Antônio Soares; Clóvis Ramos; Gilvan Leite;
Inácio Costa; Oscar Souza; Vanutério Maia; Arnaldo Chagas; Gileno Sampaio;
Manoel Ordônio; Moacir Costa; e Walter Mointeiro.
Prêmios
-
Prêmio do OCIC (Office Catholique International du Cinéma) e prêmio dos Cinemas
de Arte em Cannes, 1964.
-
Melhor Filme na Resenha de Cinema de Gênova, 1965.
Indicado
a
Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1964
Curiosidade
-
Único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute, como uma das
360 obras fundamentais em uma cinemateca.
Filme:
Memórias do
Cárcere
Livro Memórias de Carcere, Ilustração por Percy Deane |
Ficha Técnica
Gênero:
Drama
Duração:
197min.
Lançamento
(Brasil): 1984
Distribuição: Embrafilme
Direção:
Nelson Pereira dos Santos
Assistente
de direção: Carlos del Pino, Jayme del Cueto, Ney Sant'Anna, Waldir Onofre e
Luelane Maria Loiola Correa
Adaptação
Cinematográfica: Nelson Pereira dos Santos
Roteiro:
Nelson Pereira dos Santos
Produção:
Lucy Barreto, Luiz Carlos Barreto e Nelson Pereira dos Santos
Produção
Executiva: Maria da Salete
Direção
de Produção: José Oliosi
Co-produção
:Produções Cinematográficas L.C.Barreto, Regina Filmes e Embrafilme
Sonografia:
Jorge Saldanha
Fotografia:
José Medeiros e Antônio Luiz Soares
Câmera:
César Elias
Assistente
de Câmera: Sérgio Leandro, Rui Barroso Medeiros, Andréa del Canto, Celso de
Souza
Direção
Artística: Irênio Maia
Cenografia:
Adílio Athos e Emily Pirmez
Figurinos:
Lígia Medeiros
Montagem:
Carlos Alberto Camuyrano
Livro Memórias de Carcere, Ilustração por Percy Deane |
Premios
Melhor
Filme, Festival de Cinema de Gramado, RS, 1984;
Melhor
Filme da Crítica Internacional, Festival de Cannes, França, 1984;
Melhor
Filme, Festival de Tashkent, URSS, 1984;
Prêmio
da Crítica Internacional da Índia, 1985;
Melhor
Filme, Festival de Veneza, Itália.
Filme:
Insônia
[Drama
em três episódios]
Direção:
Luiz Paulino dos Santos
Sinopse:
Ele é médico, mora num subúrbio com a mulher, dona de casa. Parte certa manhã,
apesar dos protestos da mulher, alegando que vai encontrar um velho amigo.
Coloca um anel verde no dedo, dirige- se ao Palácio do Governador, seu amigo de
infância, que tem um anel idêntico no dedo. Pede um emprego, mas é ignorado
pelo ilustre político.
Episódio 2 – “A
prisão”
Direção:
J. Carmo Gomes
Sinopse:
1937. Filho de um militar que censurava suas idéias socializantes, o jornalista
Joel redige textos sobre o valor do trabalho e a exploração do operariado.
Sofre a hostilidade da irmã Aurora, que, junto com uma amiga, denuncia-o à
polícia. É preso e torturado, causando o arrependimento da irmã, que chora em
vão.
Episódio 3 – "Um ladrão"
Direção:
Nelson Pereira dos Santos
Sinopse:
Dois ladrões concluem um roubo, e o mais velho ridiculariza a capacidade
"profissional" do mais jovem, que dias depois visita uma casa, a
pretexto de consertar o fogão, para conhecer a topografia e executar um assalto
à noite. Chegada a hora, temeroso, pula o portão, penetra na casa e executa o
roubo, mas acaba se apaixonando por uma menina que dorme. Encantado, tenta
beijá-la. Ela acorda, grita, todos se levantam, chega a polícia e o
inexperiente ladrão é preso.
Ficha Técnica
Gênero:
Drama
Duração:
103min.
Lançamento
(Brasil): 1982
Livro Insonia, GR Ilustração por Axel de Leskoschek |
Assistente
de direção: Clóvis Scarpino, Francisco Silva Júnior, Catu Burger, J.C.del Cueto.
Adaptação:
Emmanuel Cavalcanti
Roteiro:
Emmanuel Cavalcanti, Luís Paulino, Nelson Pereira dos Santos
Produção
Executiva: Pedro Aurélio Gentil e José Carlos Escalero
Direção
de Produção: Fernando Arruda
Equipe
técnica: Antônio Teixeira, Antônio Martins, Antônio Duque, Francisco Mota, Joel
Ferreira, Wilson Finizola, José Augusto, João Cléber, Alfredo Gomes e Luiz
Fernando Noel
Co-produção:
Combate, Cooperativa Misto Brasileira de Artistas e Técnicos, Embrafilme,
Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio
de Janeiro
Som:
José Carlos Barbosa, Juarez Dagoberto e Joaquim Santana
Direção
de Fotografia: Edson Batista, José Almeida, Jorge Monclair
Efeitos
Sonoros: Antônio César
Assistente
de Fotografia: Sebastião Fonseca, Carlos Monclair, Zeca Mauro e Wively Cobbett
Fotografia
de Cena: Luís Genari e Paulo Bondar
Figurinos:
Emily Combecau, Adílio Athos, Ademir Gonçalo, Carmélio Cruz, Lúcia Maria
Gutierrez e Sandra Suely de Souza
Montagem:
Severino Dadá, Mário Murakami, Carlos Alberto Camuyrano, Maria Neli Costa Neves
e Jussara Queiroz
Eletricista:
José Pereira, Waldemar Finizola, Jorge Rodrigues, Hilmo Ferreira, Lídio da
Rocha, Oswaldo Goulart, Aroldo Silva Telles e Sandoval Dória
Maquinista:
José Pinheiro Carvalho
Costureiras:
Shirley Antônia Alves Dias, Cacilda Fernandes da Silva, Constância Alves, Hilda
Martins, Maria Nazareth Cerino
Maquiagem:
Elizabeth Fairbanks e La Banca
Claquetista:
Leandro Flávio
Programação
visual: Fernando Pimenta, Paulo Carvalho e Elso Silva Júnior
Pesquisa:
Denise Couto Santos Cruz
Elenco:
Nelson Dantas; Beth Mendes; Otávio Augusto; Ângelo Labanca; Luiz Barreto Leite;
Jackson de Souza; Olney São Paulo Júnior; Nizzo Neto; Antônio Carnera; Paulo
Neves; Clemente Viscaino; Samuel Vasconcelos; Luiz Gonzaga Vasconcelos; Roberto
Ananias; Ilva Niño; Antônio Duarte; Munira Haddad; Thelma Guimarães; Sebastião
Pimentel; Cecília Loyola; Rita Moraes; Milena; Patrícia Constantino; Iran;
Paulo Henrique; Úrsula; Érica e Patrícia; Wanda Lacerda; Joel Barcellos; Zeni
Pamplona; Cláudio McDowell; Ruy Polanah; Pascoal Villaboim; Ruy Rezende;
Procópio Ferreira; Raul Rocha; Jubem Cardoso; Gerusa Cardoso; Wilson Manfio;
J.Queiroz; Fernando Arruda; Carlinhos; Zaqueu José; Ura de Aga; Ney Santana;
Wilson Grey; Nádia Lippi; Thelma Reston; Fernando Reski; Miguel Rosenberg; Anna
Zelma; Luiz Magnelli; e Carolina Bandeira.
TELEVISÃO
Título:
São Bernardo
[Caso
Especial]
Adaptação
para a TV da obra "São Bernardo”,
de Graciliano Ramos.
Sinopse:
"São Bernardo” é o relato seco e sem floreios da vida de um homem duro,
ambicioso, que age a fala sem rodeios. Paulo Honório expõe, sem máscaras, sua
ambição desmedida, sua prepotência e violência e o ciúme doentio que sentia
pela mulher, Madalena.
Graciliano Ramos, por (...) |
Assim,
ele se vê como um monstro, como um reflexo do que tinha por dentro. Brilhante
retrato de Graciliano Ramos das rudes condições de vida de nosso agreste com
reflexos nos sentimentos das pessoas.
Ficha Técnica
Adaptação:
Lauro César Muniz
Ano:
1983
Duração:
1h 27 Minutos
Direção:
Paulo José
Elenco:
Regina Duarte; José Wilker; Beatriz Segal; Carlos Gregório; Tonico Pereira; e
Nildo Parente.
Exibição:
29 de junho de 1983
Emissora:
Rede Globo
Título:
A Terra dos
Meninos Pelados
Baseado
na obra clássica de Graciliano Ramos, A Terra dos Meninos Pelados é a história
da fantástica viagem de Raimundo por uma terra mágica chamada Tatipirun. Por
ter um olho azul e o outro preto, e nem um fio de cabelo na cabeça, Raimundo é
discriminado pelos colegas. Na verdade, Raimundo é um garoto como outro
qualquer, só que diferente. Mas quem disse que ser diferente é proibido?
A
turminha de Pedro Bento vive zombando dele… É “pelado” pra cá, “maluco” pra lá.
De tanto ouvir apelidos, Raimundo nem liga mais e até se acostumou com eles.
Mas às vezes ele tem de se esconder para conseguir ficar em paz.
Ficha Técnica
Data:
dez.2003
Emissora:
Rede Globo
Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz |
GRACILIANO RAMOS POR RACHEL DE QUEIROZ
Graciliano Ramos por Rachel de Queiroz (Acervo Rachel de Queiroz/IMS) |
“Graciliano Ramos foi um autor que sempre se
preocupou com o sentido político de sua obra, sem, no entanto, fazer dela um
uso doutrinário ou panfletário. Foi um escritor meio avesso a momentos solenes,
como esse aqui, de alguma maneira, não pode deixar de ser. E foi muito desconfiado
da mitificação da figura do escritor, especialmente numa sociedade como a
brasileira, onde a cultura letrada muitas vezes segue também como símbolo de
demarcação das diferenças sociais.”
- Miguel Conde,
curador da Flip 2013.
"Tive
abatimentos, desejo de recuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham que
andei mal? A verdade é que nunca soube quais foram os meus atos bons e quais
foram os maus. Fiz coisas boas que me trouxeram prejuízos; fiz coisas ruins que
me deram lucro."
- Graciliano Ramos, em 'São Bernardo', 1934.
Heloísa, Graciliano Ramos, Pablo Neruda, Cândido Portinari e Jorge Amado, Rio de Janeiro, 1952 - durante almoço na casa do advogado Letelba Rodrigues de Brito. (Acervo Família Cândido Portinari) |
ACERVO GRACILIANO RAMOS
Doado
por Dona Heloísa Ramos, viúva do titular, em 11 de outubro de 1980 e 17 de
março de 1994.
Arquivo
Aproximadamente
15 000 documentos
Manuscritos
de grande parte da obra ficcional do autor: romances, contos, literatura
infantil, historiografia, memorialística, crônica – além de discursos,
conferências, reflexões sobre a literatura brasileira e crítica. Trata-se de
documentação imprescindível para acompanhar a trajetória do escritor no momento
de criação, bem como para o estabelecimento de textos de Graciliano Ramos
fidedignos e de estudos em geral. Completa a série de manuscritos, a série de
recortes da produção jornalística, a partir das primeiras publicações em
periódicos de Alagoas e do Rio de Janeiro. Iniciada pelo titular e
cuidadosamente completada por Heloísa Ramos, a parcela de recortes sobre o
autor e sua obra é vasta e generosa. Engloba, em mais de duzentas pastas, quase
a totalidade da fortuna crítica de Graciliano Ramos, acompanhando inclusive a
filmografia baseada em suas obras, além de “dossiê” do centenário de nascimento
(1992). A documentação pessoal, a correspondência e as fotos esclarecem vida,
atividade profissional, relações e atuação estimulante junto aos seus pares da
chamada “geração de 30”. Destaca-se ainda a presença de exemplares
de
traduções de autores estrangeiros feitas por Graciliano Ramos e de
traduções
de várias de suas obras para muitos idiomas como o espanhol, o alemão, o
francês, o russo, o polonês e o árabe.
Biblioteca
Cerca
de 2 000 volumes.
Primeiras
edições de contemporâneos do autor, primeiras leituras de
literatura
brasileira e estrangeira do jovem Graciliano Ramos e tradução em várias línguas
de sua produção literária.
Coleção
de Artes Visuais
16
obras
Desenhos
e gravuras, com destaque para ilustrações executadas para o
livro
do escritor, Viventes das Alagoas.
USP/IEB
– Graciliano Ramos no link.
“Além do ressentimento de ter sofrido uma prisão
kafkiana, ele tinha uma visão trágica da vida. Era um bicho do mato, um
caracol. Vivia recolhido e era avesso à publicidade. Não participava da festa
do sucesso dos escritores nordestinos, como José Lins do Rego ou Jorge Amado.
Sua glória é póstuma"”
- Lêdo Ivo
Autorretrato
[Auto-retrato aos 56 anos]
Nasceu em 1892,
em Quebrangulo, Alagoas.
Casado duas
vezes, tem sete filhos.
Sapato n.º 41.
Colarinho n.º 39.
Prefere não
andar.
Não gosta de
vizinhos.
Detesta rádio,
telefone e campainhas.
Tem horror às
pessoas que falam alto.
Usa óculos. Meio
calvo.
Não tem
preferência por nenhuma comida.
Não gosta de
frutas nem de doces.
Indiferente à
música.
Sua leitura
predileta: a Bíblia.
Escreveu
"Caetés" com 34 anos de idade.
Não dá
preferência a nenhum dos seus livros publicados.
Gosta de beber
aguardente.
É ateu.
Indiferente à Academia.
Odeia a
burguesia. Adora crianças.
Romancistas
brasileiros que mais lhe agradam: Manoel Antônio de Almeida, Machado de Assis,
Jorge Amado, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.
Gosta de
palavrões escritos e falados.
Deseja a morte do
capitalismo.
Escreveu seus
livros pela manhã.
Fuma cigarros
"Selma" (três maços por dia).
É inspetor de
ensino, trabalha no “Correio do Manhã”.
Apesar de o
acharem pessimista, discorda de tudo.
Só tem cinco
ternos de roupa, estragados.
Refaz seus
romances várias vezes.
Esteve preso duas
vezes.
É-lhe indiferente
estar preso ou solto.
Escreve à mão.
Seus maiores
amigos: Capitão Lobo, Cubano, José Lins do Rego e José Olympio.
Tem poucas
dívidas.
Quando prefeito
de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas.
Espera morrer com
57 anos.
- Graciliano Ramos
“O Graciliano é um escritor único. Tem uma
personalidade definida, um estilo elaborado e que, ao mesmo tempo, revela um
temperamento exigente, rigoroso. Há nele uma certa rudeza como personalidade,
na maneira de enfocar as coisas, ao lado disso uma exigência estilística, uma
depuração muito grande. Eu acho que isto faz dele uma personalidade única na
literatura brasileira[...]"
- Ferreira Gullar, em
revistacult.
Reunião de escritores. Sentados: Carlos Drummond de Andrade, Ovídio Chaves, João Daudt Filho, Graciliano Ramos, Augusto Meyer. Em pé: Samuel Lima Rocha, Álvaro Moreyra, Paulo Godoy. S/data. |
Murilograma Graciliano Ramos
1
Brabo. Olhofaca. Difícil.
Cacto já se humanizando,
Deriva de um solo sáfaro
Que não junta, antes retira,
Desacontece, desquer.
2
Funda o estilo à sua imagem:
Na tábua seca do livro
Nenhuma voluta inútil.
Rejeita qualquer lirismo.
Tachando a flor de feroz.
3
Tem desejos amarelos.
Quer amar, o sol ulula,
Leva o homem do deserto
(Graciliano-Fabiano)
Ao limite irrespirável.
4
Em dimensão de grandeza
Onde o conforto é vacante,
Seu passo trágico escreve
A épica real do BR
Que desintegrado explode.
- Murilo Mendes (Roma, 1963)
GRACILIANO RAMOS NA REDE
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Graciliano Ramos - última entrevista
FONTES E REFERÊNCIAS DE
PESQUISA
Graciliano Ramos, por Cláudio |
CNPQ – Plataforma Lattes
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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Graciliano Ramos - memória e a geografia do drama humano. Templo Cultural Delfos, julho/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção, edição e organização). Graciliano Ramos - memória e a geografia do drama humano. Templo Cultural Delfos, julho/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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