Giuseppe Ungaretti - foto (...) |
:: Fonte: DEC.UFCG/EduBR. (acessado em 3.3.2016).
Ungaretti, por Mino Maccari |
:: A alegria (L'allegria). Giuseppe Ungaretti. [tradução Sérgio Wax]. Belém: CEJUP, 1992.
:: Razões de uma poesia. Giuseppe Ungaretti. [organizacäo de Liicia Wataghin]. São Paulo: Edusp; Imaginário, 1994.
:: Giuseppe Ungaretti: vida de um homem (escolha poética).. [tradução Luís Pignatelli]. Coleção Cão Vagabundo 14, edição bilíngue. São Paulo: Editora Hiena, 1985, 72p.
:: Invenção da poesia moderna: lições de literatura no Brasil, 1937-1942. Giuseppe Ungaretti. [tradução de Antônio Lázaro de Almeida Prado]. São Paulo: Ática, 1996.
:: Ungaretti: daquela estrela à outra. [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
:: A alegria (L'allegria). Giuseppe Ungaretti. [tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.
Antologia (participação)
:: Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro: Imago Edições, 1998.
Giuseppe Ungaretti - foto (...) |
BREVE ANTOLOGIA POÉTICA DE UNGARETTI
A alegria L`allegria
1914-1919
Eterno
Entre uma flor colhida e o dom de outra
o nada inexprimível
Eterno
Tra un fiore colto e l’altro donato
l’inesprimibile nulla
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos). em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Tédio
Também esta noite passará
Esta solidão em torno
sombra titubeante de fios viários
sobre o úmido asfalto
Olho como os cocheiros
a meio-sono
cabeceiam
Noia
Anche questa notte passerà
Questa solitudine in giro
titubante ombra dei fili tranviari
sull’umido asfalto
Guardo le teste dei brumisti
nel mezzo sonno
tentennare
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Tapete
Cada cor se expande e demora
nas outras
Para ficar mais só basta mirá-lo
Tappeto
Ogni colore si espande e si adagia
negli altri colori
Per essere più solo se lo guardi
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Giuseppe Ungaretti, por Serena Maff |
É a névoa que nos cancela
Nasce talvez um rio no alto
Escuto agora o canto das sereias
do lago onde a cidade fora
Nasce forse
C'è la nebbia che ci cancella
Nasce forse un fiume quassù
Ascolto il canto delle sirene
del lago dov'era la città
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Recordação africana
O sol rapta a cidade
Nada mais se vê
Nem mesmo os túmulos resistem muito
Ricordo d’affrica
Il sole rapisce la città
Non si vede più
Neanche le tombe resistono molto
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Noite de maio
O céu põe sobre
os minaretes
guirlandas de luzes
Notte di maggio
Il cielo pone in capo
ai minareti
ghirlande di lumini
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Na galeria
Um olho de estrela
nos espia daquele tanque
e filtra sua bênção gelada
sobre este aquário
de tédio sonámbulo
In galleria
Un occhio di stelle
ci spia da quello stagno
e filtra la sua benedizione ghiacciata
su quest’acquario
di sonnambula noia
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
O porto sepulto
Mariano, 29 de julho de 1916
Eis que chega o poeta
e volta depois para a luz com os seus cantos
e os despende
Desta poesia
me resta
aquele nada
de inexaurível segredo
Il porto sepolto
Mariano il 19 giugno 1916
Vi arriva il poeta
e poi torna alla luce con i suoi canti
e li disperde
Di questa poesia
mi resta
quel nulla
d’inesauribile segreto
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Sol-pôr
Versa, 20 de maio de 1916
O encarnado do céu
desperta oásis
para o nômade de amor
Tramonto
Versa il 20 maggio 1916
Il carnato del cielo
sveglia oasi
al nomade d’amori
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Esta noite
Balaustrada de brisa
para apoiar noite adentro
a minha melancolia
Stasera
Versa il 22 maggio 1916
Balaustrata di brezza
per appogiare stasera
la mia malinconia
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Danação
Recluso entre coisas mortais
(Mesmo o céu estrelado findará)
Ardo por Deus por quê?
Dannazione
Mariano il 29 giugno 1916
Chiuso fra cose mortali
(Anche il cielo stellato finirà)
Perchè bramo Dio?
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Destino
Voltados para a fadiga
feito qualquer
fibra criada
nós por que nos lamentamos?
Destino
Mariano il 14 luglio 1916
Volti al travaglio
come una qualsiasi
fibra creata
perchè ci lamentiamo noi?
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Ungaretti, por Paola Imposimato. |
De que regimento,
irmãos?
Palavra que treme
na noite
Folha neonata
No ar de espasmo
involuntária revolta
do homem presente à sua
fragilidade
Fraternidade
Fratelli
Mariano il 15 luglio 1916
Di che reggimento siete
fratelli?
Parola tremante
nella notte
Foglia appena nata
Nell’aria spasimante
involontaria rivolta
dell’uomo presente alla sua
fragilità
Fratelli
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Sou uma criatura
Como esta pedra
de São Miguel
tão fria
tão dura
tão ressecada
tão refratária
tão totalmente
exânime
Como esta pedra
é o meu pranto
que não se vê
A morte
desconta-se
vivendo
Sono una Creatura
Valloncello di Cima Quattro il 5 agosto 1916
Come questa pietra
del S. Michele
così fredda
così dura
così prosciugata
così refrataria
così totalmente
disanimata
Come questra pietra
è il mio pianto
che non si vede
La morte
si sconta
vivendo
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Universo
Do mar
me fiz talhar
um ataúde:
puro frescor
Universo
Devetachi il 24 agosto 1916
Col mare
mi son fatto
una bara
di freschezza
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Atrito
Com minha fome de lobo
amaino
meu corpo de cordeiro
Sou como
a barca ínfima
e o libidinoso oceano
Attrito
Locvizza il 23 settembre 1916
Con la mia fame di lupo
ammaino
il mio corpo di pecorella
Sono come
la misera barca
e come l’oceano libidinoso
- Giuseppe Ungaretti, em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Alegria do náufrago
E pronto retoma
a viagem
como
após-naufrágio
um sobrevivo
lobo do mar
Allegria di naufragi
Versa il 14 febbrario 1917
E subito riprende
il viaggio
como
dopo il naufragio
un superstite
lupo di mare
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Manhã
Deslumbro-me
de imenso
Mattina
Santa Maria La Longa il 26 gennaio 1917
M'illumino
d'immenso
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Longe
Longe para longe
feito um cego
que vai pela mão não sabe aonde
Lontano
Versa il 15 febbrario 1917
Lontano lontano
come un cieco
m’hanno portato per mano
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Ritratto di Giuseppe Ungaretti |
Junho
Quando
me morresse
esta noite
e feito um outro
pudesse olhá-la
e adormecer-me
ao rugitar
das ondas
afinal
enoveladas
à cerca de acácias
de minha casa
Quando me despertar
no teu corpo
que se modula
feito voz de rouxinol
Se extenua
como a cor
reluzente
do grão maduro
Na transparência
da água
o ouro velino
da tua pele
se brunirá de mouro
Librada
pelos ladrilhos
estrídulos
do ar serás
como pantera
Ao talho
móvel
da sombra
te esfolharás
Rugindo
emudecida na
poeira
me sufocarás
Depois
entreabrirás as pálpebras
Veremos nosso amor reclinar-se
feito o entardecer
Depois verei
sereno
no horizonte de betume
de tuas íris morrerem-me
as pupilas
Agora
o ar sereno se clausura
assim como
na minha terra da Africa
os jasmins
Perdi о sono
Oscilo
num canto da rua
qual lucíola
Me Morrerá
esta noite?
Giugno
Campolongo il 5 luglio 1917
Quando
mi morirà
questa notte
e come un altro
potrò guardarla
e mi addormenterò
al fruscio
delle onde
che finiscono
di avvoltolarsi
alla cinta di gaggie
della mia casa
Quando mi risveglierò
nel tuo corpo
che si modula
come la voce dell'usignolo
Si estenua
come il colore
rilucente
del grano maturo
Nella trasparenza
dell'acqua
l'oro velino
della tua pelle
si brinerà di moro
Librata
dalle lastre
squillanti
dell'aria sarai
come una
pantera
Ai tagli
mobili
dell'ombra
ti sfoglierai
Ruggendo
muta in
quella polvere
mi soffocherai
Poi
socchiuderai le palpebre
Vedremo il nostro amore reclinarsi
come sera
Poi vedrò
rasserenato
nell'orizzonte di bitume
delle tue iridi morirmi
le pupille
Ora
il sereno è chiuso
come
a quest'ora
nel mio paese d'Affrica
i gelsumini
Ho perso il sonno
Oscillo
al canto d'una strada
come una lucciola
Mi morirà
questa notte?
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Rosas em chamas
Sobre um oceano
que tilinta
repentina
voga uma outra manhã
Rose in fiamme
Vallone il 17 agosto 1917
Su un oceano
di scampanelli
repentina
galleggia un'altra mattina
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Soldados
Se está como
no outono
sobre árvores
folhas
Soldati
Bosco di Courton Iuglio 1918
Si sta come
d'autunno
sugli alberi
le foglie
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
Sentimento do Tempo Sentimento del Tempo
1919-1935
Uma pomba
De outros dilúvios uma pomba escuto.
Una colomba
1925
D’altri diluvi una colomba ascolto.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Duas notas
Anela relvas um arroio
Um lago torvo o céu glauco ofende.
Due note
1927
Inanella erbe un rivolo,
Un lago torvo il cielo glauco offende.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Juno
Redonda ao ponto de me dar tormento
A tua coxa destaca de sobre a outra...
Dilate essa tua fúria uma acre noite!
Giunone
1931
Tonda quel tanto che mi dà tormento,
La tua coscia distacca di sull'altra...
Dilati la tua furia un'acre notte!
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
A MORTE MEDITADA
Canto primeiro
Ó irmã da sombra
Noturna quanto mais a luz tem força
Me persegues, morte.
Num jardim puro
A luz te deu o ingênuo ardor
E a paz perdeu-se,
Pensosa morte,
Sobre tua boca.
Desde esse instante
Te ouço no fluir da mente
Aprofundar lonjuras
Émula sofrente do eterno
Mãe venenosa dos evos
No pavor do palpitar
E da solidão
Beleza punida e risonha
No apaziguar-se da carne
Sonhadora evasiva
Atleta sem sono
Da nossa grandeza
Quando me houveres domado, dize-me:
Na melancolia dois vivos
Voará longamente minha sombra?
Canto segundo
Escava as íntimas vidas
Da nossa infeliz máscara
(Clausura de infinito)
Com blandícia fanática
A fusca vigília dos pais.
Morte, palavra muda,
Areia deposta como um leito
Pelo Sangue
Te ouço cantar como uma cigarra
Na rosa enlutada dos reflexos.
Canto terceiro
Incide sobre as rugas secretas
Da nossa máscara infeliz
A mofa infinita dos pais.
Tu, na luz profunda,
Ó Confuso silêncio,
Insiste como as cigarras irosas.
Canto quarto
Tomaram-me pela mão nuvens.
Queimo sobre colinas tempo e espaço
Como um teu mensageiro,
Como um sonho, divina morte.
Canto quinto
Fechaste os olhos.
Nasce uma noite
Plena de furos fictícios,
De sons mortos
Feito cortiças
De redes caídas n`água.
Tuas mãos se fazem como um sopro
De invioláveis lonjuras,
Inaferráveis com idéias,
E o equívoco da lua
E o balançar, dulcíssimos,
Se as queres pousar-me sobre os olhos
Tocam a alma
És a mulher que passa
Feito uma folha
E deixa nas árvores um fogo de outono.
Canto sexto
Ó bela presa,
Voz noturna,
Tuas movências
Fomentam a febre.
Só tu, memória demente,
A liberdade podes capturar.
Sobre tua carne inaferrável,
E vacilante dentro de espelhos túrbidos,
Quais delitos, sonho,
Não me ensinaste a consumar?
Com vós, fantasmas, não tenho mais detença,
E de vossos remorsos meu coração replena
Quando se faz dia.
LA MORTE MEDITATA
Canto primo
1932
O sorella dell'ombra,
Notturna quanto più la luce ha forza,
M'insegui, morte.
In un giardino puro
Alla luce ti diè l'ingenua brama
e la pace fu persa,
Pensosa morte,
Sulla tua bocca.
Da quel momento
Ti odo nel fliure della mente
Approfondire lontananze,
Emula sofferente dell'eterno.
Madre velenosa degli evi
Nella paura del palpito
E della solitudine,
Bellezza punita e ridente,
Nell'assopirsi della carne
Sognatrice fuggente,
Atleta senza sonno
Della nostra grandezza,
Quando m'avrai domato, dimmi:
Nella malinconia dei vivi
Volerà a lungo la mia ombra?
Canto secondo
1932
Scava le intime vite
Della nostra infelice maschera
(Clausura d’infinito)
Com blandizia fanatica
La buia veglia dei padri
Morte, muta parola,
Sabbia deposta come um letto
Dal sangue,
Ti odo cantare come uma cicala
Nella rosa abbrunata dei riflessi.
Canto terzo
1932
Incide le rughe segrete
della nostra infelice maschera
la beffa infinita dei padri.
Tu, nella luce fonda,
o confuso silenzio,
insisti come le cicale irose.
Canto quarto
1932
Mi presero per mano nuvole.
Brucio sul colle spazio e tempo,
Come un tuo messaggero,
Come il sogno, divina morte.
Canto quinto
1932
Hai chiuso gli occhi.
Nasce una notte
Piena di finte buche,
Di suoni morti
Come di sugheri
Di reti calate nell'acqua.
Le tue mani si fanno come un soffio
D'inviolabili lontananze,
Inafferrabili come le idee,
E l'equivoco della luna
E il dondolio, dolcissimi,
Se vuoi posarmele sugli occhi,
Toccano l'anima.
Sei la donna che passa
Come una foglia
E lasci agli alberi un fuoco d'autunno.
Canto sesto
1932
O bella preda,
Voce notturna,
Le tue movenze
Fomentano la febbre.
Solo tu, memoria demente,
La libertà potevi catturare.
Sulla tua carne inafferrabile
E vacillante dentro specchi torbidi,
Quali delitti, sogno,
Non m'insegnasti a consumare?
Con voi fantasmi, non ho mai riteggno,
E dei vostri rimorsi ho pieno il cuore
Quando fa giorno
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
O caderno do velho Il taccuino del vecchio
1919-1935
ÚLTIMOS COROS PARA A TERRA PROMETIDA
14
Símil à luz crescente,
Ou, no zênite, o amor,
Se por um só momento
Ela do Sul declina,
Já se sabe que é morte.
15
Se é volúpia que os cinge
À busca exasperando-se do claro
Em nuvem ele a vê
Que insaciável talha
Ao encavalar-se de tufões, freios.
16
Daquela estrela à outra
A noite se encarcera
Em turbinosa vazia desmesura.
Daquela solidão de estrela
Àquela solidão de estrela.
17
Invisto reluzir de ofuscados
Espaços onde imemorável
Vida passam astros
Insanos do gravame solidão.
24
Grifos azuis de milhafre me aferrem
E no pino do sol
Me deixem sobre a areia
Cair, pasto de corvos.
Às espáduas não mais sofrer o lastro
Da lama, polido pelo fogo,
Por bicos rapinantes,
Pelas azedas presas dos chacais.
Depois o beduíno há de mostrar
Dessepulta, na areia,
Tacteando com o bastão,
Uma ossada branquíssima.
25
Sem lua em Siracusa desabava
A noite e a agua plúmbea
E tarda no seu fosso ressurgia.
Andávamos sozinhos por ruinas,
Dos confins moveu-se um cordeiro.
27
O amor já não é como tormenta
Que no ofuscar noturno
Ainda acorrentava-me até pouco
Entre insônia e insânia
Vagalumear de um farol
Para o qual vai tranqüilo
O velho capitão.
ULTIMO CORI PER LA TERRA PROMESSA
Roma, 1952-1960
14
Somiglia a luce in crescita,
Od al colmo, l’amore.
Se solo d’un momento
Essa dal Sud si parte,
Già puoi chiamarla morte.
15
Se voluttà li cinge,
In cerca disperandosi di chiaro
Egli in nube la vede
Che insaziabile taglia
A accavallarsi d'uragani,. freni.
16
Da quella stella all’altra
Si carcera la notte
In turbinante vuota dismisura,
Da quella solitudine di stella
A quella solitudine di stella.
17
Rilucere inveduto d'abbagliati
Spazi ove immemorabile
Vita passano gli astri
Dal peso pazzi della solitudine.
24
Mi afferri nelle grinfie azzurre il nibbio
E, all'apice del sole,
Mi lasci sulla sabbia
Cadere in pasto ai corvi.
Non porterò piu sulle spalle il fango,
Mondo mi avranno il fuoco,
I rostri crocidanti
L'azzannare afroroso di sciacalli.
Poi mostrerà il beduino,
Dalla sabbia scoprendolo
Frugando col bastone,
Un ossame bianchissimo.
25
Calava a Siracusa senza luna
La notte e l'acqua plumbea
E ferma nel suo fosso riappariva,
Soli andavamo dentro la rovina,
Un cordaro si mosse dal remoto.
27
L’amore più non è quella tempesta
Che nel notturno abbaglio
Ancora mi avvinceva poco fa
Tra l’insonnia e le smanie,
Balugina da un faro
Verso cui va tranquillo
Il vecchio capitano.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
Últimos dias Derniers jours
1919
Perfeição do negro
a André Breton
Pelo Mont de Pieté *
ecos
ruídos
nos chegam
às vezes
estamos tão longe
de tudo
Perfections du noir
à André Breton
pour le Mont de Piété
des échos
de bruits
nous arrivent
parfois
nous sommes si loin
de tout
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
(*) Trata-se da primeira coletânea de poemas de Breton, publicada em 1919.
§
pombos passeiam
confiantes
sobre o piso
que a lua estende
sobre tuas mãos
que perturbam
antílopes apoiaram seus rins
e voam
só resta uma nuvem
que se desata
o céu árido
como aço
des pigeons se promènent
confiants
sur le pavé
que la lune étend
sur tes mains
qui troublent
des antilopes ont appuyé leurs reins
et s’envolent
il ne reste qu’un nuage
qui se délie
le ciel se fait aride
comme l’acier
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
casas surgem
e vogam
perderam-se de vista
ninguém lhes sabe o itinerário
o alabastro dos minaretes seus corpos escorriam
deixa ao ar como um óleo
um arrulho deixam suas formas
de jasmins a tumba de vidro
um rebanho com meus dentes
de homens dilacerei
desembarcado tuas artérias
ressona
entre outros fardos
um forte odor nós bebemos tanto
de cordas rimos tanto
há alguém estendido
num divã o céu se cobria
de ar damasquinado de corvos
sobre um corno da lua
um corvo no ar recantos
empoleirado de grama
apenas o efeito fresca
duma ponta
de nuvem
e o deserto suando
como bronze
des maisons surgissent
et voguent
on les a perdues de vue
aucun ne sait l’itinéraire
l’albâtre des minarets leurs corps s’écoulaient
laisse à l’air comme une huile
un roucoulement ils laissent leur formes
de jasmins à des caveaux de verre
un troupeau avec mes dents
d’hommes j’ai déchiré
débarqué tes artères
ronfle
parmi d’autres colis
une forte odeur nous avons tant bu
de cordages et tant ri
quelqu’un est étendu le ciel se couvrait
dans un fauteuil de corbeaux
d’air damasquiné
sur une corne de la lune
un corbeau l’air a des coins
perché de gazon
ce n’est que l’effet frais
d’un bout
de nuage
et le désert sonnait
comme l’airain
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
nada resta
de imóvel
senão renques de luzes
no fundo do abismo
e assobios
que retornam
il ne reste
d’immobile
que des rangées de lumières
au fond du gouffre
et des sifflements
qui reviennent
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
sem morada
sem família
sem família
sem amores
sem amigos
sem lembranças
sem esperança
o que vem fazer aqui
sans maison
sans famille
sans famille
sans amours
sans amis
sans souvenirs
sans espoir
que vient-il faire ici
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
nu
como a noite
como uma pedra
no leito de um rio
polida
como uma pedra onde fui eu tombar
de vulcão
roída
alguém a colheu
em sua funda põe de lado
este objeto
perdido
il est nu
comme la nuit
comme une pierre
au lit d’un fleuve
polie
comme une pierre où suis?je tombé
de volcan
rongée
quelqu’un l’a cuellie
dans sa fronde mettez donc de côté
cet objet
perdu
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Ah quisera me extinguir
como um revérbero
à primeira luz
da manhã
Ah je voudrais m’éteindre
comme un réverbère
à la première lueur
du matin
- Giuseppe Ungaretti (tradução Haroldo de Campos), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
§
A dor Il dolore
1937-1946
Tudo perdi Tutto ho perduto
1937
Ungaretti, per Lucera |
Tudo perdi da infância
E não mais poderei
Deslembrar-me num grito.
A infância está enterrada
No fim das madrugadas
E agora, invisível espada,
Separa me de tudo.
De mim lembro que exultava te amando,
E eis me perdido
No infinito das noites.
Desespero que incessante aumenta
A vida mais não é,
Detida no fundo da garganta,
Que uma rocha de gritos.
Tutto ho perduto
Tutto ho perduto dell'infanzia
E non potrò mai più
Smemorarmi in un grido.
L'infanzia ho sotterrato
Nel fondo delle notti
E ora, spada invisibile,
Mi separa da tutto.
Di me rammento che esultavo amandoti,
Ed eccomi perduto
In infinito delle notti.
Disperazione che incessante aumenta
La vita non mi è più,
Arrestata in fondo alla gola,
Che una roccia di gridi.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Se tu meu irmão
Se tu voltasses a me encontrar vivente,
E a mão estendida,
Ainda poderia,
Num repente do oblívio, reapertar-te
A mão, meu mano.
Mas de ti, de ti, mais não me circundam
Que sonhos, vislumbres,
Os fogos sem fogo do passado.
A memória só desenrola imagens
E eu para mim mesmo
Já nada mais sou
Que o aniquilante nada do pensar.
Se tu mio fratello
Se tu mi rivenissi incontro vivo,
con la mano tesa,
ancora potrei,
di nuovo in uno slancio d'oblio, stringere,
fratello, una mano.
Ma di te, di te più non mi circondano
che sogni, barlumi,
i fuochi senza fuoco del passato.
La memoria non svolge che le immagini
e a me stesso, io stesso
non sono già più
che l'annientante nulla del pensiero.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Dia após dia Giorno per giorno
1940-1946
Dia após dia
1
"Ninguém, minha mãe, sofreu tanto assim...'
E o rosto já sumido
Mas vivo ainda o olhar
Do travesseiro volvia à janela
E pássaros enchiam o dormitório
À cata das migalhas que o pai punha
para entreter o filho...
2
Ora só em sonho poderei beijar
As mãos que confiavam...
E converso, trabalho,
Estou apenas mudado, temo, fumo...
Como se dá que agüente tanta noite?...
3
Hão de trazer-me os anos
Quem sabe quais horrores,
Mas sentia-te ao meu lado,
De ti traria consolo...
4
Já nunca sabereis como ilumina
A sombra que vem pôr-se ao lado, tímida
Quando não mais espero...
5
Ora onde está, onde está a voz ingênua
Que ecoando ao correr pelo aposento
Aliviava a aflição do homem cansado?...
A terra já a desfez, protege-a
Um passado de fábula,..
6
Toda voz outra é um eco que se apaga
Agora que uma chama-me
Dos cumes imortais...
7
No céu procuro teu rosto feliz,
E meus olhos em mim nada mais vejam
Quando aprouver a Deus também fechá-los...
8
E amo-te, amo-te, e é um destroçar contínuo!...
9
Enfurecida terra, imane mar
Separa-me do lugar do túmulo
Onde ora se dispersa
O atormentado corpo...
Não conta... Ouço cada vez mais distinta
Aquela voz de alma
Que na terra eu não soube defender...
Ilha-me, amiga sempre mais festiva
Minuto após minuto,
Em seu segredo simples...
10
Voltei aos morros, aos amados pinhos
E do ritmo do ar o pátrio acento
Que contigo não ouço,
Quebra-me a cada sopro...
11
Passa a andorinha e com ela о verão,
E eu também, me digo, passarei...
Mas que reste do amor que me atormenta
Não só sinal, um breve embaciamento,
Se do inferno consigo me aquietar...
12
Do machado, o desenganado ramo
Ao cair, mal se lamenta, menos
Do que a folha ao leve toque da brisa...
E foi a fúria que abateu a tenra
Forma e a prestimosa
Caridade de uma voz me consome...
13
Não mais furores traz a mim o estio,
Nem primavera os seus pressentimentos;
Podes morrer, outono,
Com tuas estultas glórias:
Por um desejo esquálido, o inverno
Abre das estações a mais clemente!...
14
Já desceu nos meus ossos
A secura do outono,
Mas, pela sombra alongado,
Sobrevém infinito
Um demente fulgor:
A tortura secreta do abismado
Crepúsculo...
15
Reevocarei sempre sem remorso
Uma encantada agonia dos sentidos?
Escuta, cego: "Uma alma partiu
Do castigo comum ainda incólume...”
Vai me abater menos não mais ouvir
Os gritos vivos de sua pureza
Do que sentir em mim quase apagado
O assustador estremecer da culpa?
16
Dos laivos que retinem das vidraças
Entalha um reflexo na toalha a sombra,
Voltam ao lustro lábil de uma talha
Hortências fofas do canteiro, um ébrio andorinhão,
O arranha-céu em labaredas de nuvens,
Na árvore, um menino a saltitar...
Inesgotável estampido de ondas
Dá-se que chegue então no cômodo
E, à inquieta firmeza de uma linha
Azul, cada parede desvanece...
17
É doce e quiçá aqui por perto passes
Dizendo: "Este sol e tanto espaço te
Acalmem. No puro vento ouvir podes
O tempo caminhar e minha voz.
Em mim juntei aos poucos e encerrei
O ímpeto mudo da tua esperança
Sou para ti a aurora e o intacto dia”.
Giorno per giorno
1
“Nessuno, mamma, ha mai sofferto tanto..."
E il volto già scomparso
Ma gli occhi ancora vivi
Dal guanciale volgeva alla finestra,
E riempivano passeri la stanza
Verso le briciole dal babbo sparse
Per distrarre il suo bimbo...
2
Ora potrò baciare solo in sogno
Le fiduciose mani...
E discorro, lavoro,
Sono appena mutato, temo, fumo...
Come si può ch'io regga a tanta notte?...
3
Mi porteranno gli anni
Chissà quali altri orrori,
Ma ti sentivo accanto,
M'avresti consolato...
4
Mai, non saprete mai come m'illumina
L'ombra che mi si pone a lato, timida,
Quando non spero più...
5
Ora dov’è, dov’è l’ingenua voce
Che in corsa risuonando per le stanze
Sollevava dai crucci un uomo stanco?...
La terra l’ha disfatta, la protegge
Un passato di favola…
6
Ogni altra voce è un’eco che si spegne
Ora che una mi chiama
Dalle vette immortali….
7
In cielo cerco il tuo felice volto,
Ed i miei occhi in me null'altro vedano
Quando anch'essi vorrà chiudere Iddio...
8
E t'amo, t'amo, ed è continuo schianto!...
9
Inferocita terra, immane mare
Mi separa dal luogo della tomba
Dove ora si disperde
Il martoriato corpo...
Non conta... Ascolto sempre più distinta
Quella voce d'anima
Che non seppi difendere quaggiù...
M'isola, sempre più festosa e amica
Di minuto in minuto,
Nel suo segreto semplice...
10
Sono tornato ai colli, ai pini amati
E del ritmo dell'aria il patrio accento
Che non riudrò con te,
Mi spezza ad ogni soffio…
11
Passa la rondine e con essa estate,
E anch'io, mi dico, passerò...
Ma resti dell'amore che mi strazia
Non solo segno un breve appannamento
Se dall'inferno arrivo a qualche quiete...
12
Sotto la scure il disilluso ramo
Cadendo si lamenta appena, meno
Che non la foglia al tocco della brezza...
E fu la furia che abbattè la tenera
Forma e la premurosa
Carità d'una voce mi consuma...
13
Non più furori reca a me l'estate,
Nè primavera i suoi presentimenti;
Puoi declinare, autunno,
Con le tue stolte glorie:
Per uno spoglio desiderio, inverno,
Distende la stagione più clemente!...
14
Già m’è nelle ossa scesa
l’autunnale secchezza,
Ma, protratto dalle ombre,
Sopravviene infinito
Un demente fulgore:
La tortura segreta del crepuscolo
Inabissato...
15
Rievocherò senza rimorso sempre
Un’incantevole agonia di sensi?
Ascolta, cieco: «Un’anima è partita
Dal comune castigo ancora illesa...”
Mi abbatterà meno di non più udire
I gridi vivi della sua purezza
Che di sentire quasi estinto in me
Il fremito pauroso della colpa?
16
Agli abbagli che squillano dai vetri
Squadra un riflesso alla tovaglia l’ombra,
Tornano al lustro labile d’un orcio
Gonfie ortensie dall’aiuola, un rondone ebbro,
Il grattacielo in vampe delle nuvole,
Sull’albero, saltelli d’un bimbetto...
Inesauribile fragore di onde
Si dà che giunga allora nella stanza
E alla freschezza inquieta d’una linea
Azzurra, ogni parete si dilegua...
17
Fa dolce e forse qui vicino passi
Dicendo: “Questo sole e tanto spazio
Ti calmino. Nel puro vento udire
Puoi il tempo camminare e la mia voce.
Ho in me raccolto a poco a poco e chiuso
Lo slancio muto della tua speranza.
Sono per te l’aurora e intatto giorno”.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
O Tempo é mudo Il tempo è muto
1940-1945
O tempo é mudo
O tempo é mudo em imóveis canaviais…
Longe do embarque errava uma canoa…
Extenuado, inerte o remador… Céus
Já decaídos e báratros de fumos…
Em vão debruçado à orla das lembranças,
Talvez cair fosse mercê…
Não soube
Que é a mesma ilusão o mundo e a mente,
Que no mistério de suas próprias ondas
A voz terrena encontra seu naufrágio.
Il tempo è muto
Il tempo è muto fra canneti immoti...
Lungi d'approdi errava una canoa...
Stremato, inerte il rematore... I cieli
Già decaduti a baratri di fumi...
Proteso invano all'orlo dei ricordi,
Cadere forse fu mercé...
Non seppe
Ch'è la stessa illusione mondo e mente,
Che nel mistero delle proprie onde
Ogni terrena voce fa naufragio.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Amargo acordo
Ou então no meio-dia de um outubro,
No meio de densas nuvens descendentes
Dos morros harmoniosos,
Os cavalos dos Dióscuros,
A cujo flanco estática
Uma criança pousara,
Sobre as ondas despegam-se
(A um recordar amarguíssimo de acordos,
Para sombras de bananeiras
E de errantes gigantes,
Tartarugas entre blocos
De enormes águas impassíveis:
Sob outra ordem de astros
Entre insólitos gaviões)
Vôo até a esplanada onde o menino
Remexendo na areia,
Pela luz do relâmpago inflamada
A transparência dos amados dedos
Molhados pela chuva contra o vento,
Agarrava todos os elementos: quatro.
Mas a morte incolor e sem sentidos
Que ignora, como sempre, qualquer lei,
Já o rocava
Com seus dentes lascivos.
Amaro accordo
Oppure in un meriggio d’un ottobre
Dagli armoniosi colli
In mezzo a dense discendenti nuvole
I cavalli dei Dioscuri,
Alle cui zampe estatico
S’era fermato un bimbo,
Sopra i flutti spiccavano
(Per un amaro accordo dei ricordi
Verso ombre di banani
E di giganti erranti
Tartarughe entro blocchi
D’enormi acque impassibili:
Sotto altro ordine d’astri
Tra insoliti gabbiani)
Volo sino alla piana dove il bimbo
Frugando nella sabbia,
Dalla luce dei fulmini infiammata
La trasparenza delle care dita
Bagnate dalla pioggia contro vento,
Ghermiva tutti e quattro gli elementi.
Ma la morte è incolore e senza sensi
E, ignara d’ogni legge, come sempre,
Già lo sfiorava
Coi denti impudichi.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Tu te despedaçaste
1
Os muitos, grandes, soltos, seixos gris
Ainda frementes das secretas fundas
De originárias flamas sufocadas
Ou aos terrores de enxurradas virgens
Desabando em carícias implacáveis,
– Sobre o ofuscar da areia, enrijecidos
Em um vácuo horizonte, não te lembras?
E a reclinada, que se abria ao único
Recolher-se da sombra em todo o vale,
Araucária, arquejando agigantada,
Envolta no árduo sílex de ermas fibras
Refratária, mais que as outras condenadas,
A boca fresca de mato e borboletas
Onde se desgarrava das raízes,
– Não lembras dela delirante muda
Três palmos acima de um redondo caco
Em perfeito equilíbrio
Mágica, sobrestando?
De ramo em ramo, corruíra leve,
Os olhos ávidos ébrios de surpresa
las conquistando seu cimo matizado,
Temerária, música criança,
Só para rever no brilhante imo
De um fundo e quieto báratro marinho
Cágados fabulosos
Despertar entre as algas.
Da natureza extremada, a tensão
E as pompas submarinas,
Fúnebres presságios.
2
Erguias os braços como asas
E ao vento devolvias o nascimento
Correndo no peso do ar imóvel.
Ninguém jamais viu repousar
Teu leve pé dançarino.
3
Graça, feliz,
Não terias tido como não quebrar-te
Numa cegueira tão endurecida
Tu, sopro simples, cristal,
Lampejo demasiado humano
Para o ímpio, encarniçado, zoante
Rugido de um sol desnudo.
Tu ti spezzasti
1
I molti, immani, sparsi, grigi sassi
Frementi ancora alle segrete fionde
Di originarie fiamme soffocate
Od ai terrori di fiumane vergini
Ruinanti in implacabili carezze,
- Sopra l'abbaglio della sabbia rigidi
In un vuoto orizzonte, non rammenti?
E la recline, che s'apriva all'unico
Raccogliersi dell'ombra nella valle,
Araucaria, anelando ingigantita,
Volta nell'ardua selce d'erme fibre
Più delle altre dannate refrattaria,
Fresca la bocca di farfalle e d'erbe
Dove le radici si tagliava,
- Non la rammenti delirante muta
Sopra tre palmi d'un rotondo ciottolo
In un perfetto bilico
Magicamente apparsa?
Di ramo in ramo fiorrancino lieve,
Ebbri di meraviglia gli avidi occhi
Ne conquistavi la screziata cima,
Temerario, musico bimbo,
Solo per rivedere all'ilmo lucido
D'un fondo e quieto baratro di mare
Favolose testuggini
Ridestarsi fra le alghe.
Della natura estrema la tensione
E le subacquee pompe,
Funebri moniti.
2.
Alzavi le braccia come ali
E ridavi nascita al vento
Correndo nel peso dell'aria immota.
Nessuno mai vide posare
Il tuo lieve piede di danza.
3.
Grazia, felice,
Non avresti potuto non spezzarti
In una cecità tanto indurita
Tu semplice soffio e cristallo,
Troppo umano lampo per l'empio,
Selvoso, accanito, ronzante
Ruggito d'un sole d'ignudo.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
§
Ao encontro de um pinho Incontro a um pino
1943
Ao encontro de um pinho
E quando na ébria espuma as ondas punge
O clamor do crepúsculo ofuscando-as,
Na Pátria me encontrei
Da foz do rio, os meus movidos passos
(Mudava o tempo, das sombras,
De arco em arco pênseis
os vibráteis cílios, melancólico)
Para um pinho aéreo torcido pelos fogos
Dos últimos raios súplices
Que, hóspede almejado de pedras memoriosas,
Invicto macerando-se alastrou.
Incontro a un pino
E quando all'ebbra spuma le onde punse
Clamore di crepuscolo abbagliandole,
In Patria mi rinvenni
Dalla foce del fiume mossi i passi
(D'ombre mutava il tempo,
D'arco in arco poggiate
Le vibratili ciglia malinconico)
Verso un pino aereo attorto per i fuochi
D'ultimi raggi supplici
Che, ospite ambito di pietrami memori,
Invito macerandosi protrasse.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Roma ocupada Roma occupata
1943-1944
Loucos meus passos
As velhas ruas
– Loucos meus passos como de um autômato –
que como por encanto se moviam
Ao meu correr,
Agora já não se abrem mais em graças
Plenas de tempo
Revelando, mudadas a cada meu humor,
Os signos vácuos que as fizeram vivas
Caso nos meçam.
E quando os vidros tinem no crepúsculo,
– Mas as casas não têm mais alegria –
Se por hábito finalmente paro
Desiludido, procurando calma,
Nas sombras cautelosas
Dos quartos abrigados,
Apesar de ser doce a voz que têm,
Nem um só dos esparsos objetos,
De mim envelhecido,
Ou a resíduos de imagens amarrado
Por qualquer fato que a mim acontecera,
Pode voltar a envolver-me inesperado,
Derretendo-me o dizer do coração.
Abriram-se assim os braços estendidos
– Os olhos carnais
De simuladas lágrimas desfeitos,
O ouvido absurdo, –
À humilde esperança
Que arrebatava o tenso Michelangelo
De emurar todo espaço em um instante
Sem conceder à alma
Sequer o recurso de alquebrar-se.
Com desolado frêmito asas dava
A uma urbe, qual semente arcana,
Eternizava em si, certo, o céu – cúpula
Febrilmente supérstite.
Folli i miei passi
Le usate strade
Folli i miei passi come d'un automa
Che una volta d'incanto si muovevano
Con la mia corsa,
Ora più svolgersi non sanno in grazie
Piene di tempo
Svelando, a ogni mio umore rimutate,
I segni vani che le fanno vive
Se ci misurano.
E quando squillano al tramonto i vetri,
Ma le case più non ne hanno allegria
Per abitudine se alfine sosto
Disilluso cercando almeno quiete,
Nelle penombre caute
Delle stanze raccolte
Quantunque ne sia tenera la voce
Non uno dei presenti sparsi oggetti,
Invecchiato con me,
O a residui d'immagini legato
Di una qualche vicenda che mi occorse,
Può inatteso tornare a circondarrni
Sciogiiendomi dal cuore le parole.
Appresero così le braccia offerte
I carnali occhi
Disfatti da dissimulate lacrime,
L'orecchio assurdo,
Quell'umile speranza
Che travolgeva il teso Michelangelo
A murare ogni spazio in un baleno
Non concedendo all'anima
Nemmeno la risorsa di spezzarsi.
Per desolato fremito aIe dava
A un'urbecome una semenza, arcana,
Perpetuava in sé il certo cielo, cupola
Febbrilmente superstite.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Nas veias
Nas veias quase túmulos vazios
O desejo ainda galopante,
Em meus ossos o congelado cerne,
Na alma a saudade surda,
A indomável nequícia, dissolve;
Do remorso, latido interminável,
No escuro indescritível
Terrível clausura,
Resgata-me, e teus cílios piedosos
Do longo sono, soçobra;
Teu signo róseo de improviso,
Mente geratriz, remonte
E retorne a surpreender-me;
Ressuscita, inesperada
Medida incrível, paz;
Faz, na aérea paisagem, com que eu possa
Ressilabar as ingênuas palavras.
Nelle vene
Nelle vene già quasi vuote tombe
L'ancora galoppante brama,
Nelle mie ossa che si gelano il sasso,
Nell'anima il rimpianto sordo,
L'indomabile nequizia, dissolvi;
Dal rimorso, latrato sterminato,
Nel buio inenarrabile
Terribile clausura,
Riscattami, e le tue ciglia pietose
Dal lungo tuo sonno, sommuovi;
Il roseo improvviso tuo segno,
Genitrice mente, risalga
E riprenda a sorprendermi;
Insperata risùscitati,
Misura incredibile, pace;
Fa, nel librato paesaggio, ch'io possa
Risillabare le parole ingenue.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Ungaretti, por (...) |
Defuntos em montanhas
Poucas coisas permanecem visíveis
E, para sempre, o abril
Que arrasta denso a nuvem insolúvel,
Mas de repente esplendido:
Alvor, no Coliseu,
Emerso de altos fumos,
Precipitando em órbitas
Num azul nenhuma sorte excita
Nem mais perturba.
Tal como nas distâncias,
Aparições incertas que transcorrem
O claror empenhando
Nos limites do erro,
A poucos passos vindos
Os passantes à base da parede
Perdiam sua estatura
Dilatando o deserto das alturas,
E a surpresa se, sombras, falavam.
Atento aos ecos de fundos
Desse estranho tambor,
Ao qual suprema ânsia eu respondia
Da vontade, queimando
Ao parecer exausta?
De remotos eventos sobrevindos,
Não me atraíam, ainda familiares
Na lembrança, os pensamentos do orgulho:
Não era nostalgia e nem o delírio;
Nem inveja da calma inalterável.
Foi então que entrando em São Clemente,
Vindo de Masaccio, o crucifixo,
Acolheram-me, o alento separando-nos
Enquanto a raiva eqüestre
Já convertida em rocha emudecida,
Despertos, no brancor
Das tumbas abolidas,
Defuntos, em montanhas
Nascidas leves de levianas nuvens.
Remontando de pertinazes fumos
Foi então que entrevi
Porque a esperança continua acesa.
Defunti su montagne
Poche cose mi restano visibili
E, per sempre, l'aprile
Trascinante la nuvola insolubile,
Ma d'improvviso splendido:
Pallore, al Colosseo
Su estremi fumi emerso,
Col precipizio alle orbite
D'un azzurro che sorte più non eccita
Né turba.
Come nelle distanze
Le apparizioni incerte trascorrenti
Il chiarore impegnando
A limiti d'inganni,
Da pochi passi apparsi
I passanti alla base di quel muro
Perdevano statura
Dilatando il deserto dell'altezza,
E la sorpresa se, ombre, parlavano.
Agli echi fondi attento
Dello strano tamburo,
A quale ansia suprema rispondevo
Di volontà, bruciante
Quanto appariva esausta?
Non, da remoti eventi sobbalzando,
M'allettavano, ancora familiari
Nel ricordo, i pensieri dell'orgoglio:
Non era nostalgia, né delirio;
Non invidia di quiete inalterabile.
Allora fu che, entrato in San Clemente,
Dalla crocefissione di Masaccio
M'aécolsero, d'un alito staccati
Mentre l'equestre rabbia
Convertita giù in roccia ammutoliva,
Desti dietro il biancore
Delle tombe abolite,
Defunti, su montagne
Sbocciate lievi da leggere nuvole.
Da pertinaci fiumi risalito
Fu allora che intravidi
Perchè m'accende ancora la speranza.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Meu rio tu também
1
Meu rio tu também, Tibre fatal,
Ora que a noite perturbada escorre;
Ora que persistente
E como a custo irrompido da pedra
Um gemido de ovelhas se propaga
Perdido pela estrada apavorada;
Pois a espera sem descanso do mal,
Dos males o mais cruel,
Pois a espera do mal imprevisível
Entrava ânimo e passos;
Que infinitos soluços e estertores
Regelam casas, indivisas covas;
Agora que a noite corre já lanhada,
Que a cada instante somem de repente
Ou receiam a ofensa tantos signos
Vindos, quase formas divinas, a luzir
Pela ascensão de milênios humanos;
Ora que já assolada corre a noite,
E quanto um homem pode sofrer sei;
Agora, enquanto escravo
O mundo de abismal pena sufoca;
Ora que insuportável o tormento
Desata entre os irmãos ira mortal;
Ora que ousam dizer
Os meus blasfemos lábios:
“Cristo, pulsar absorto,
Por que de nós tão longe
Tua bondade?”
2
Ora que ovelhinhas com carneiros
Desnorteiam-se atônitas, e nas ruas
Que já foram urbanas, se desolam;
Ora que um povo prova
Depois dos raptos das emigrações,
A estultice iníqua
Das deportações;
Agora que nos fossos
Com fantasia retorta
E mãos despudoradas
Das humanas feições o homem lacera
A imagem divina
E a piedade contrai-se em grito pétreo;
Agora que a inocência
Um mero eco reclama,
E geme até no coração mais duro;
Quando soam em vão os outros gritos,
Na noite triste vejo claramente.
Na noite triste eu aprendo agora,
Sei que o inferno se exibe sobre a terra
À medida de quanto
O homem se subtrai, insano,
À pureza da Tua paixão.
3
Chaga no coração
Soma de tanta dor
Que vai espalhando sobre a terra o homem;
Teu coração é a apaixonada sé
Do amor não frustro.
Cristo, pulsar absorto,
Astro encarnado nas humanas trevas,
Irmão sempre imolado
Perenemente para edificar
Humanamente o homem,
Santo, Santo que sofres,
Mestre, irmão, Deus pai de nós, os débeis,
Santo, Santo que sofres
Para livrar da morte os mortos
E sustentar-nos, infelizes vivos,
De um pranto que é só meu não mais pranteio,
Eis que Te chamo, Santo,
Sofrente Santo.
Mio fiume Anche tu
1
Mio fiume anche tu, Tevere fatale,
Ora che notte già turbata scorre;
Ora che persistente
E come a stento erotto dalla pietra
Un gemito d'agnelli si propaga
Smarrito per le strade esterrefatte;
Che di male l'attesa senza requie,
Il peggiore dei mali,
Che l'attesa di male imprevedibile
Intralcia animo e passi;
Che singhiozzi infiniti, a lungo rantoli
Agghiacciano le case tane incerte;
Ora che scorre notte già straziata,
Che ogni attimo spariscono di schianto
O temono l'offesa tanti segni
Giunti, quasi divine forme, a splendere
Per ascensione di millenni umani;
Ora che già sconvolta scorre notte,
E quanto un uomo può patire imparo;
Ora ora, mentre schiavo
Il mondo d'abissale pena soffoca;
Ora che insopportabile il tormento
Si sfrena tra i fratelli in ira a morte;
Ora che osano dire
Le mie blasfeme labbra:
"Cristo, pensoso palpito,
Perchè la Tua bontà
S'è tanto allontanata?"
2
Ora che pecorelle cogli agnelli
Si sbandano stupite e, per le strade
Che già furono urbane, si desolano;
Ora che prova un popolo
Dopo gli strappi dell'emigrazione,
La stolta iniquità
Delle deportazioni;
Ora che nelle fosse
Con fantasia ritorta
E mani spudorate
Dalle fattezze umane l'uomo lacera
L'immagine divina
E pietà in grido si contrae di pietra;
Ora che l'innocenza
Reclama almeno un eco,
E geme anche nel cuore più indurito;
Ora che sono vani gli altri gridi;
Vedo ora chiaro nella notte triste.
Vedo ora nella notte triste, imparo,
So che l'inferno s'apre sulla terra
Su misura di quanto
L'uomo si sottrae, folle,
Alla purezza della Tua passione.
3
Fa piaga nel Tuo cuore
La somma del dolore
Che va spargendo sulla terra l'uomo;
Il Tuo cuore è la sede appassionata
Dell'amore non vano.
Cristo, pensoso palpito,
Astro incarnato nell'umane tenebre,
Fratello che t'immoli
Perennemente per riedificare
Uamnamente l'uomo,
Santo, Santo che soffri,
Maestro e fratello e Dio che ci sai deboli,
Santo, Santo che soffri
Per liberare dalla morte i morti
E sorreggere noi infelici vivi,
D'un pianto solo mio non piango più,
Ecco, Ti chiamo, Santo,
Santo, Santo che soffri.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Ungaretti, por (...) |
Ocorrerá?
Sempre tendendo à angústia
E ao limite da morte:
Ventura terrífica;
Mas, anelante de graça,
Em tanta Tua agonia
Vinhas redescobrir,
Sem nunca dar-te paz,
Que, no princípio e nos sumos suspiros
Por uma só esperança consolados,
Os homens são iguais,
Filhos de um só, de um sempiterno Sopro.
Trágica Pátria, ensinaste-o pródiga
A cada livre fala,
E das origens tiveram sua pureza
As imagens remotas,
As mais novas, raiz imemorável.
Mas na mente dos povos poderá
Não mais tornar-se fértil
A palavra inspirada,
E que Tu no Teu imo,
Mais generosa quanto mais sofrida,
Não a reencontres formosa, ainda,
Quanto mais queime oculta?
Há vinte séculos mata-Te o homem
E tu incessantemente vivificas-te,
Humilde intérprete do Deus unânime.
Pátria lassa das almas,
Ocorrerá, universal nascente,
Que tu não mais refuljas?
Sonho, grito, milagre estarrecente,
Semente de amor na noite humana,
Esperança, flor, canto,
Ocorrerá que a cinza prevaleça?
Accadrà?
Tesa sempre in angoscia
E al limite di morte:
Terribile ventura;
Ma, anelante di grazia,
In tanta Tua agonia
Ritornavi a scoprire,
Senza darti mai pace,
Che nel principio e nei sospiri sommi
Da una stessa speranza consolati,
Gli uomini sono uguali,
Figli d'un solo, d'un eterno Soffio.
Tragica Patria, l'irisegnasti prodiga
A ogni favella libera,
E ne ebbero purezza dell'origine
Le immagini remote,
Le nuove, immemorabile radice.
Ma nella mente ora avverrà dei popoli
Che non più tomi fertile
La parola ispirata,
E che Tu nel Tuo cuore,
Più generosa quanto più patisci,
Non la ritrovi ancora, più incantevole
Quanto più ascosa bruci?
Da venti secoli T'uccide l'uomo
Che incessante vivifichi rinata,
Umile interprete del Dio di tutti.
Patria stanca delle anime,
Succederà, universale fonte,
Che tu non più rifulga?
Sogno, grido, miracolo spezzante,
Seme d'amore nell'umana notte,
Speranza, fiore, canto,
Ora accadrà che cenere prevalga?
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
As lembranças I ricordi
1942-1946
O anjo do pobre
Ora que invade as obscuras mentes
Mais áspera aflição de sangue e terra,
Ora que nos mensura a cada frêmito
O silêncio de tanta injusta morte,
Anjo do pobre, é hora que tu acordes,
Gentileza supérstite da alma ...
Com o gesto inextinguível de séculos
Ponha-te à testa do teu velho povo,
Em meio às sombras ...
L'angelo del povero
Ora che invade le oscurate menti
Più aspra pietà del sangue e della terra,
Ora che ci misura ad ogni palpito
Il silenzio di tante ingiuste morti,
Ora si svegli l'angelo del povero,
Gentilezza superstite dell'anima...
Col gesto inestinguibile dei secoli
Discenda a capo del suo vecchio popolo,
In mezzo alle ombre...
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Não gritem mais
Parem de matar os mortos,
Não gritem mais, não gritem
Se ouvir ainda os quiserem,
Se imperecer ainda esperam.
Eles, sussurro imperceptível,
Não fazem mais ruído
Que o mato quando cresce,
Alegre, onde homem não passa.
Non gridate più
Cessate d’uccidere i morti,
Non gridate più, non gridate
Se li volete ancora udire,
Se sperate di non perire.
Hanno l’impercettibile sussurro,
Non fanno più rumore
Del crescere dell’erba,
Lieta dove non passa l’uomo.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
As lembranças
As lembranças, inútil infinito,
Mas sós e unidas contra o mar, intacto
No meio de estertores infinitos...
O mar,
Voz de grandeza libertada,
Inocência inimiga das lembranças,
Rápida em apagar os doces traços
De um pensamento fiel...
O mar, as suas caricias acidiosas
Quanto ferozes e quanto desejadas,
E à agonia delas,
Presente sempre, renovada sempre,
No pensamento vígil, a agonia....
As lembranças,
O derramar-se vão
De areia que se move
Sem pesar sobre a areia,
Breves ecos protelados,
Sem voz, ecos do adeus
A minutos, pareciam felizes...
I ricordi
I ricordi, un inutile infinito,
ma soli e uniti contro il mare, intatto
in mezzo a rantoli infiniti..
Il mare,
voce d'una grandezza libera,
ma innocenza nemica nei ricordi,
rapido a cancellare le orme dolci
d'un pensiero fedele...
Il mare, le sue blandizie accidiose
quanto feroci e quanto,. quanto attese,
e alla loro agonia,
presente sempre, rinnovata sempre,
nel vigile pensiero l'agonia...
I ricordi,
il riversarsi vano
di sabbia che si muove
senza pesare sulla sabbia,
echi brevi protratti,
senza voce echi degli addii
a minuti che parvero felici...
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
§
Terra
Poderia haver sobre a foice
Um claro brilho, e o rumor
Volte e perder-se por graus
Pelas grutas, e poderia o vento
De outro sal queimar os olhos...
Poderias, a quilha submersa
Ouvir deslocar-se ao largo,
Ou o gavião irar-se ao bicar,
Já sem presa, o espelho...
Do grão de noites e dias
Repletas mostrastes as mãos,
Dos avos tiremos, delfinos
Pintados tu viste, em secretos
Muros imateriais, e atrás
Dos navios, depois, vivos voar,
E terra és ainda de cinzas
De inventores, sem nenhum repouso.
Cauto poderia tontas borboletas
O olival ramalhando de um átimo a outro
Despertar,
Vigília inspirada restarás de extintas,
Insones intervenções de ausentes,
O vigor das cinzas – as sombras
Na rápida oscilação da prata.
Que o vento contínuo, marulhando,
De palmas e abetos o estrépito
Para sempre abafe, silente,
O grito dos mortos: mais forte.
Terra
Potrebbe esserci sulla falce
Una lucentezza, e il rumore
Tornare e smarrirsi per gradi
Dalle grotte, e il vento potrebbe
D'altro sale gli occhi arrossare...
Potresti la chiglia sommersa
Dislocarsi udire nel largo,
O un gabbiano irarsi a beccare,
Sfuggita la preda, lo specchio...
Del grano di notti e di giorni
Ricolme mostrasti le mani,
Degli avi tirreni delfini
Dipinti vedesti a segreti
Muri immateriali, poi, dietro
Alle navi, vivi volare,
E terra sei ancora di ceneri
D'inventori senza riposo.
Cauto ripotrebbe assopenti farfalle
Stormire agli ulivi da un attimo all'altro
Destare,
Veglie inspirate resterai di estinti,
Insonni interventi di assenti,
La forza di ceneri - ombre
Nel ratto oscillamento degli argenti.
Il vento continui a scrosciare,
Da palme ad abeti lo strepito
Per sempre desoli, silente
Il grido dei morti è più forte.
- Giuseppe Ungaretti (tradução Aurora Bernardini), em "Ungaretti: daquela estrela à outra". [tradução Haroldo de Campos e Aurora Bernardini; organização Lucia Wataghin]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
TRADUÇÃO GERALDO HOLANDA CAVALCANTI
Ungaretti, por Paolo Ongaro |
Versa, 22 de maio de 1916
Balaustrada de brisa
para apoiar nesta noite
minha melancolia
Stasera
Versa il 22 maggio 1916
Balaustrata di brezza
per appoggiare stasera
la mia malinconia
- Giuseppe Ungaretti, em "A alegria" (L'allegria). [tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Record, 2003.
§
Eterno
Entre uma flor colhida e outra ofertada
o inexprimível nada
Eterno
Tra un fiore colto e l'altro donato
l'inesprimibile nulla
- Giuseppe Ungaretti, em "A alegria" (L'allegria). [tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Record, 2003.
§
O porto sepulto
Mariano, 29 de julho de 1916
Ali chega o poeta
e depois regressa à luz com seus cantos
e os dispersa
Desta poesia
me sobra
aquele nada
de inesgotável segredo
Il porto sepolto
Mariano il 29 giugno 1916
Vi arriva il poeta
e poi torna alla luce con i suoi canti
e li disperde
Di questa poesia
mi resta
quel nulla
d'inesauribile segreto
- Giuseppe Ungaretti, em "A alegria" (L'allegria). [tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Record, 2003.
§
Peso
Mariano, 29 de junho de 1916
Aquele camponês
se fia na medalha
de Santo Antonio
e segue tranquilo
Mas bem só e bem nua
sem qualquer miragem
carrego minha alma
Peso
Mariano il 29 giugno 1916
Quel contadino
si affida alla medaglia
di Sant'Antoni
e va leggero
Ma ben sola e ben nuda
senza miraggio
porto la mia anima
- Giuseppe Ungaretti, em "A alegria" (L'allegria). [tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Record, 2003.
§
Vagamundo
Campo de Mailly, maio de 1918
Em parte
alguma
do mundo
me sinto
em casa
Em cada
clima
novo
que encontro
reconheço
abatido
que
um dia
a ele também já estive
afeiçoado
E dele me despego sempre
estrangeiro
Nascendo
de volta de épocas demasiado
vividas
Gozar um único
minuto da vida
primal
Busco um país
inocente
Girovago
Capo di Mailly maggio 1918
In nessuna
parte
di terra
mi posso
accasare
A ogni
nuovo
clima
che incontro
mi trovo
languente
che
una volta
già gli ero stato
assuefatto
E me ne stacco sempre
straniero
Nascendo
tornato da epoche troppo
vissute
Godere un solo
minuto di vita
iniziale
Cerco un paese
innocente
- Giuseppe Ungaretti, em "A alegria" (L'allegria). [tradução e notas de Geraldo Holanda Cavalcanti]. Edição bilingue. Rio de Janeiro: Record, 2003.
TRADUÇÃO NELSON ASCHER
Giuseppe Ungaretti |
Cima Quatro, 23 de Dezembro de 1915
Toda uma noite em claro
caído ao lado
de um companheiro
massacrado
com sua boca
arreganhada
exposta à lua cheia
com o hematoma
de suas mãos
cravado
em meu silêncio
escrevi
cartas cheias de amor
Não tinha nunca estado
tão
aferrado à vida
Veglia
Cimma Quattro il 23 dicembre 1915
Un’intera nottata
buttato vicino
ad un compagno
massacrato
con la sua bocca
digrignata
volta al plenilunio
con la gestione
delle sue mani
penetra
nel mio silenzio
ho scritto
lettere piene d’amore
Non sono mai stato
tanto
attaccato alla vita
- Ungaretti, em "Poesia alheia: 124 poemas traduzidos. [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro: Imago Edições, 1998.
Giuseppe Ungaretti - foto (...) |
FORTUNA CRÍTICA DE UNGARETTI
ALMEIDA, Márcia de.. Giuseppe Ungaretti - a busca na trincheira. in: 1ª Semana de Letras Neolatinas, 1996, Rio de Janeiro. Estudos Neolatinos, 1996. v. 1. p. 136-139.
AMÂNCIO, Moacir Ferrrari. Ungaretti, um poeta de três continentes. in: Notizie d'Itália, 6.8.2003. Disponível no link. (acessado em 10.3.2016).
BERNARDINI, Aurora Fornoni. A Poesia Francesa de Ungaretti. Informação Não Declarada, 2002.
BERNARDINI, Aurora Fornoni. Giuseppe Ungaretti e a tradução de Essiênin. Reves do Avesso Ano 7 no. 9, São Paulo, , v. 1, p. 39 - 42.
BIANCO, Vera. Razões de uma poesia de Giuseppe Ungarett, organização de Lúcia Wataghin, Edusp, imaginário, são Paulo. 1994. (resenha). Anucirio de Literatura 2, 1994, pp. 175-179. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
BOSI, Eclea. Seis poemas de Ungaretti: tradução e apresentação. Folha de S. Paulo, São Paulo, p. 2 - 3, 8 abr. 1984.
CANDIDO, Antonio. Ungaretti em São Paulo. Estudos Avançados, vol. 8, nº 22 - set/dez. 1994. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
CAPRARA, Loredana de Stauber. Influenze Del Futurismo Su Ungaretti. Língua e Literatura, v. 9, p. 241-248, 1980.
CAVALLO, Patrizia. Giuseppe Ungaretti. in: Léa Masina; Ricardo Barbarena; Vinícius Carnero. (Org.). Guia de Leitura: 100 poetas que você precisa ler. 1ª ed., Porto Alegre: L&PM, 2015, v. , p. 1-304.
Giuseppe Ungaretti a Parigi, davanti al quadro di Max Ernst, Le Rendez-vous |
CUNHA, Martim Vasques da.. Giuseppe Ungaretti e a alegria do náufrago. in: Dicta, 17.8.2011. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
DESTRI, Luisa de Aguiar. "O segredo de uma beleza simples". Resenha de "Daquela estrela à outra", de Giuseppe Ungaretti.. Dante Cultural, São Paulo, p. 28 - 29, 1 nov. 2008.
FABRIS, Mariarosaria. A "Terra da Trágica Agonia": Giuseppe Ungaretti no Brasil. in: Revista USP, São Paulo, nº 17, p. 154-167, março/maio, 1998. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
GONÇALVES, Dária Candido. Ungaretti e Murilo Mendes: Duas Experiências Poéticas Consoantes. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 1998.
GONÇALVES, Dária Candido. A poética do hermetismo e a poética de Ungaretti. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 1991.
HELENA, Thais. Giuseppe Ungaretti - brevíssima biografia. in: laletteratura, 10 outubro 2011. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
LANDUCCI, Camila Aparecida; PETERLE, P.. Giuseppe Ungaretti na imprensa italiana. In: IX Seminário de Estudos Literários, 2009, Assis. Anais Assis-2009, 2009.
LUCA, Maria Helena de.. Giuseppe Ungaretti in Brasile: Miito e Cronaca. (Dissertação Mestrado em Linguística). Universidade de São Paulo, USP, 1984.
MAHLMEISTER, Ana Luiza. Uma viagem à Itália por meio da poesia. (Exposição sobre a obra de Giuseppe Ungaretti na Casa das Rosas). in: Passos-tracce.it, 5.7.2012. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
MASSI, Augusto. Entrevista: O jovem amor do velho bardo [com a poeta brasileira Bruna Bianco e sobre o poeta italiano Giuseppe Ungaretti]. Folha de São Paulo [Mais!], São Paulo, 21 jul. 1996.
MIRANDA, Fernando. Travessias Atlânticas: Giuseppe Ungaretti, Hilde Domin e Jorge de Sena na América. (Dissertação Mestrado em Internationale Literatur). Eberhard Karls Universität Tübingen, UT, Alemanha, 2011.
ROMANELLI, Sergio. Uma poesia para o combate: Ungaretti e D'Annunzio. in: Patrícia Peterle; Silvana de Gaspari. (Org.). Itália do Pós-Guerra em Diálogo. 1ª ed., Niterói RJ: Comunità Italiana, 2012, v. 1, p. 44-53.
ROMANELLI, Sergio. Il mio compagno è morto, è disciolto, è sepolto: la poesia bellica di Ungaretti e D'annunzio. In: Alai Garcia Diniz & Carmen Luna. (Org.). IV Simpósio Roa Bastos de Literatura - Imaginários bélicos. 1ª ed., Florianópolis - Vigo: DLLE/CCE, 2010, v. 1, p. 1-9.
ROSSI, Ana Helena. Sur Ingeborg, Paul Celan et Giuseppe Ungaretti. Cahiers de Critique de Poésie, v. 21, p. 156-156, 2011.
RUFFO, Leda Papaleo. Giuseppe Ungaretti e a palavra como trincheira. Cadernos do CNLF, Série VII, nº 4. Disponível no link. (acessado em 3.3.2016).
SANTURANO, Patricia Peterle Figueiredo. Paragens e passagens:possível coleção abissal de Giuseppe Ungaretti. in: Meritxell Hernando Marsal; Alai Garcia Diniz; Raquel de Faria Cardoso Custodio. (Org.). Fluxos Migrantes. 1ª ed., Rio de Janeiro: Comunità, 2013, v. 1, p. 100-113.
Giuseppe Ungaretti - foto (...) |
SILVA, Maria Luiza Berwanger da.. Memòria d'una amistal: presència de G. Ungaretti en la poesia brasilera. In: Giuseppe Ungaretti. (Org.). Quaderns de Versàlia, III. 3ª ed., 2013, v., p. 236-245.
SILVA, Maria Luiza Berwanger da.. Transcrear, transubstanciar: el homenaje de los "Cinco Sentidos" de Haroldo de Campos a Giuseppe Ungaretti. In: LANG, Peter. (Org.). Traducción e Interculturalidad. Frankfurt: Peter Lang GmbH, 2008, v., p. 37-47.
THOMPSON, Maria Elisa Escobar. Murilo Mendes e Giuseppe Ungaretti: presenças da literatura brasileira na Itália. Literatura em Debate (URI), v. 2, p. 1-12, 2008.
WATAGHIN, Lucia. Giuseppe Ungaretti e os modernistas brasileiros: encontros e desencontros. (Tese Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada). Universidade de São Paulo, USP, 2000.
WATAGHIN, Lucia. Giuseppe Ungaretti: Razões de uma poesia e outros ensaios. Traduções e comentários. (Dissertação Mestrado em Letras - Língua e Literatura Italiana). Universidade de São Paulo, USP, 1993.
WATAGHIN, Lucia; PETERLE, Patricia (Org.); SANTURBANO, A.P.F. (Org.). Literatura italiana traduzida no Brasil 1900-1950. 1ª ed. Ro de Janeiro:, 2013. v. 1. 158p.
WATAGHIN, Lucia. Brasil e Itália. Vanguardas. 1ª ed., São Paulo: Ateliê, 2003. v. 1. 310p.
WATAGHIN, Lucia; AMOROSO, Maria Betânia; LAGANÀ, Liliana (Orgs.). Ungaretti, Giuseppe, Razões de uma poesia e outros ensaios. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo|Editora Imaginário, 1994. v. 1.
WATAGHIN, Lucia. Ungaretti e o Pau-Brasil. In: Lucia Wataghin. (Org.). Brasil e Itália: Vanguardas. 1ª ed., São Paulo: Ateliê, 2003, v. 1, p. 205-218.
WATAGHIN, Lucia; COVIZZI, L. M.. Ungaretti tradutor discreto e a analogia entre os poetas árcades Tomás Antônio Gonzaga e Giovanni Meli. Estudos Italianos em Portugal, v. n. 1, p. 181-201, 2006.
WATAGHIN, Lucia; COVIZZI, L. M.. Ungaretti tradutor discreto e a analogia entre os poetas árcades Tomás Antônio Gonzaga e Giovanni Meli. Revista de Italianística, v. VI-VII, p. 181-198, 2003.
WATAGHIN, Lucia. Defunti su montagne, de Giuseppe Ungaretti. Mosaico Italiano, v. 6, p. 2-3, 2003.
WATAGHIN, Lucia. Viagem e fundação: Ungaretti, St-John Perse, Mario de Andrade. Insieme (São Paulo), São Paulo, v. n. 8, p. 27-33, 2001.
WATAGHIN, Lucia. Poesia "popular" e poesia "douta": o tema da contemplação da morte em traduções do português e do árabe de Giuseppe Ungaretti. Língua e Literatura (USP), v. 26, p. 235-244, 2000.
WATAGHIN, Lucia. Um mito tupi traduzido por Giuseppe Ungaretti: Mai Pituna Oiuquau Ana. Revista USP, São Paulo, v. 37, p. 168-173, 1998. Disponível no link. (acessado em 9.3.2016).
WATAGHIN, Lucia. Ungaretti: idee su poesia e traduzione. La Traduzione Saggi e Documenti II, Roma (Itália), v. II, p. 177-187, 1995.
WATAGHIN, Lucia. Entrevista com Antonio Candido sobre sua amizade com Giuseppe Ungaretti. Poesia Sempre, São Paulo e Rio de Janeiro, v. 3, p. 46-49, 1995.
WATAGHIN, Lucia. Giuseppe Ungaretti: descobertas no exílio brasileiro. Folha de São Paulo, São Paulo, 21 jul. 1996.
WATAGHIN, Lucia. Entrevista com Antonio Candido sobre sua amizade com Giuseppe Ungaretti. Jornal da Usp, São Paulo, p. 14, 15 maio 1994.
Giuseppe Ungaretti - foto (...) |
:: Alguma Poesia
:: Acontecimentos
:: Germina Literatura
:: Cronologia-leonardo.it
© Direitos reservados aos herdeiros
© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração com José Alexandre da Silva
=== === ===
Trabalhos sobre o autor:Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina.
Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Giuseppe Ungaretti - poeta italiano. Templo Cultural Delfos, março/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____** Página atualizada em 10.3.2016.
Licença
de uso: O conteúdo deste site, vedado ao seu uso comercial, poderá ser
reproduzido desde que citada a fonte, excetuando os casos especificados
em contrário.
Direitos Reservados © 2016 Templo Cultural Delfos