COMPARTILHE NAS SUAS REDES

Tymoteusz Karpowicz - poeta e dramaturgo polonês

 
  • Tymoteusz Karpowicz - foto: Czeslaw Czaplinski

Tymoteusz Karpowicz (15 de dezembro de 1921 / 29 de junho de 2005) – poeta, prosador, dramaturgo, tradutor; associado como um dos principais criadores de poesia linguística (ele próprio se opôs a tais termos), considerado o autor de um dos últimos grandes projetos poéticos do século XX.

Ele nasceu na aldeia de Zielona. Durante a guerra, participou no movimento de resistência polaco. Ele estudou filologia polonesa em Wrocław. Editor do semanário "Novos Sinais" (fechado em 1957). Karpowicz também foi posteriormente afastado das redações de "Poezja" e "Odra". A partir de 1973 viveu permanentemente no exterior. Desde 1978, professor da Universidade de Illinois em Chicago (aposentado desde 1993).

A sua atividade literária foi percebida principalmente no contexto da tendência linguística da poesia, embora o projeto de Karpowicz fosse mais extenso e ultrapassasse as barreiras qualitativas e os parâmetros físicos existentes na poesia (especialmente o volume “Luz Invertida”).

POESIA TRADUZIDA DE TYMOTEUS KARPOWICZ PARA O PORTUGUÊS


Em antologias
:: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996. 
:: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.

Em revistas
:: Tymoteusz Karpowicz (1921-2005) - poemas. p. 50-52 / Poesia Sempre - Polônia. [editor e apresentação Marco Lucchesi; editor adjunto Ruy Espinheira Filho; coordenação editorial Raquel Fábio, Raquel Martins Rêgo e Tarso Tavares; vários tradutores]. In: Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15, 2008. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008.   


  • Tymoteusz Karpowicz - poeta e dramaturgo polonês

SELETA DE POEMAS DO POETA POLONÊS TYMOTEUSZ KARPOWICZ 


Incêndio
as lágrimas que ouvi
caíam sobre mim
como flocos de fogo

pregado por um folha de papel
estava sentado
na chuva de fogo

e quando depressa
o fogo me atingiu
pensei -- o mundo incendiou-se

e o papel consumiu-se
acima de minha cabeça
**
- Tymoteusz Karpowicz [tradução Aleksandar Jovanovic]. In: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. Hucitec, 1996. 

§§


Sonho
que coisa terrível sonhou o poeta
para saltar do sonho
feito corça da floresta que arde

a borboleta de sua metáfora
cobriu-o com as asas

e a fechadura descrita
mexeu-se na porta

**

Sen
Co przyśniło sie strasznego poecie
że wyskoczył ze snu
niby jeleń z płonącego lasu?
Oto motyl z jego metafory
przykrył go swoim skrzydłem
i klamka opisana
poruszyła się w drzwiach
- Tymoteusz Karpowicz [tradução Aleksandar Jovanovic]. In: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. Hucitec, 1996. 

§§

Uma lição de silêncio
Quando uma borboleta
batia suas asas
forte demais, gritavam-lhe:
Silêncio, por favor!

Se um pássaro assustado
roçava a pluma num
raio de sol, gritavam-lhe:
Silêncio, por favor!

Assim os elefantes
aprenderam a andar
sem som sobre o tambor 
os homens, sobre a terra.

As árvores nos campos
se erguiam silenciosas
como os cabelos quando
se eriçam de terror

**

Lekcja ciszy
Gdy motyl 
Zbyt gwałtownie 
Czasem złożył skrzydła - 
Wołano: proszę o spokój!

Zaledwie piórko 
Spłoszonego ptaka 
Trąciło o promień - 
Wołano: proszę o ciszę!

Tak nauczono 
Bezszelestnie chodzić 
Słonia po bębnie, 
Człowieka po ziemi.

Wstawały drzewa 
Bez szumu nad polem 
Tak jak powstają 
Włosy z przerażenia.
- Tymoteusz Karpowicz [tradução Nelson Ascher]. In: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Imago, 1998.

§§

O sonho do lápis
Quando o lápis se despe para o sono
feito pedra ele decide
dormir rijo
e preto

ajuda-lhe nisso
a inflexibilidade inata
de cada medula do mundo
a medula espinhal do lápis
quebra mas não se curva

nunca haverá de sonhar
com ondas cabelos
só com soldados alertas de pé
ou caixões

o que se põe nele
é reto
o mais é torto
boa noite

**

Pencil's Dream*
when the pencil undresses for sleep
he firmly decides
to sleep stiffly
and blackly
he is helped in it
by the inborn inflexibility
of all the piths of the world
the spinal pith of the pencil
will break but cannot be bent
he will never dream
of waves or hair
only of a

**

Sen Ołówka
gdy ołówek rozbiera się do snu
twardo postanawia
spać sztywno
i czarno
pomaga mu w tym
wrodzona nieugiętość
wszystkich rdzeni świata
rdzeń pacierzowy ołówka
pęknie a nie da się zgiąć
nigdy nie przyśnią mu się
fale albo włosy
tylko żołnierze stojący na baczność
albo trumny
to co w nim się układa
jest proste
co poza nim krzywe
dobranoc
Tymoteusz Karpowicz [tradução Marcelo Paiva de Souza*]. In: Poesia Sempre - Polônia. Revista Poesia Sempre, n. 30 - ano 15, 2008. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008.
{*Poema original, "Sen oiówka", extraído de Czeslaw Mitosz. the Hutory of Polish Literature. 2ª ed. Berkeley: University of Califórnia Press, 1983}. 

§§

Nova versão da tradução de Nelson Ascher

UMA LIÇÃO DE SILÊNCIO 
Quando uma borboleta
batia as asas forte
demais — a repreendiam:
Com calma, por favor!

Se um pássaro assustado
roçava a pluma num
raio de sol – ralhavam-lhe:
Silêncio, por favor!

Assim os elefantes
aprenderam a andar
sem som sobre o tambor,
os homens sobre a terra.

As árvores nos campos
erguiam-se em silêncio
como os cabelos quando
se eriçam de terror.

**

LEKCJA CISZY
Gdy motyl 
Zbyt gwałtownie 
Czasem złożył skrzydła - 
Wołano: proszę o spokój!

Zaledwie piórko 
Spłoszonego ptaka 
Trąciło o promień - 
Wołano: proszę o ciszę!

Tak nauczono 
Bezszelestnie chodzić 
Słonia po bębnie, 
Człowieka po ziemi.

Wstawały drzewa 
Bez szumu nad polem 
Tak jak powstają 
Włosy z przerażenia.
- Tymoteusz Karpowicz [ tradução Nelson Ascher].  10 de fevereiro de 2024 / Do tradutor: versão recorrigida


Tymoteusz Karpowicz - foto: © Czeslaw Czaplinski

FORTUNA CRÍTICA DE TYMOTEUSZ KARPOWICZ

JOVANOVIC, Aleksandar. As temerárias aventuras de um tradutor não-nativo nos jardins da poesia polonesa. In: Revista X, ano v. 15, n. 6, p. 612-618, 2020. Disponível no link. (acessado em 9.2.2024)
KILANOWSKI, Piotr. Vinte e dois poetas poloneses: uma pequena antologia de poesia em tradução. In: Belas Infiéis, Brasília, v. 9 n. 2, 2020. Disponível no link. (acessado em 9.2.2024)
SIEWIERSKI, Henryk; SOUZA, Marcelo Paiva de (Org).. Polônia (antologia poética). In: Poesia Sempre, v. 30,  Rio  de Janeiro, 2009. {poetas: Aleksander Wat, Czesław Miłosz, Tadeusz Różewicz, Tymoteusz Karpowicz, Miron  Białoszewski, Wisława Szymborska, Zbigniew Herbert, Stanisław Grochowiak, Adam Zagajewski e Stanisław Barańczak // tradutores: Marcelo Paiva de Souza, Henryk  Siewierski, José Santiago Naud, Zbigniew Wódkowski, Aleksandar Jovanović, Nelson  Ascher, Ana Cristina César e Grażyna Drabik, Regina Przybycień e Fernando Mendes Viana}. Disponível no link. (acessado em 7.2.2024)
VOIGT, Rafael. Ode à poesia polonesa contemporânea. In: Polonicus , v. 1, p. 167-172, 2010. Disponível no link. (acessado em 9.2.2024)



© Pesquisa, seleção, edição e organizaçãoElfi Kürten Fenske
© Seleção e organização dos poemasJosé Alexandre da Silva


© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros

=== === ===
Trabalhos sobre o autor 
Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina. 

Erros ou atribuições incorretas
:: Caso você encontrar algum erro nos avise através do nosso "e-mail de contato" para que possamos consertar e atualizar as informações;
:: Contribua para que as informações do Templo Cultural Delfos estejam sempre corretas;
:: Primamos pelo conteúdo e a qualidade das informações aqui difundidas;
:: Valorizamos o autor, a obra, o leitor, o patrimônio e a memória cultural da humanidade.

Conteúdo, textos, fotos, caricaturas, charges, imagens e afins
:: Sem identificação: nos ajude a identificar o autor, fontes e afins.
:: Autor(a): caso não concorde com a utilização do seu trabalho entre em contato.

COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA
José Alexandre da.. (pesquisa, seleção, edição e organização). Tymoteusz Karpowicz - poeta e dramaturgo polonês. In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
:: Página atualizada em 17.3.2024.
:: Página original de MARÇO/2024


Direitos Reservados © 2024 Templo Cultural Delfos


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos a visita. Deixe seu comentário!

COMPARTILHE NAS SUAS REDES