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Eduardo Pitta - a poética do instante

Eduardo Pitta - foto: Enric Vives-Rubio
Eduardo Pitta (poeta, escritor, ensaísta e crítico literário português). Nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, a 9 de Agosto de 1949. Viveu em Moçambique até Novembro de 1975. Desde 2011 é crítico literário da revista SÁBADO. Escreve e publica desde 1967. Entre 1974 e 2013 publicou dez livros de poesia, um romance, uma trilogia de contos, seis volumes de ensaio, dois diários de viagem e um livro de memórias. Os títulos mais recentes são Desobediência (2011), Cadernos Italianos (2013), Um Rapaz a Arder (2013) e Pompas Fúnebres (2014). Um ensaio sobre a homossexualidade na literatura portuguesa contemporânea, Fractura (2003), é considerado por Mark Sabine «the first history of Portuguese literary homosexuality». Participou em encontros de escritores, congressos, seminários e festivais de poesia em Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Colômbia. Poemas seus encontram-se traduzidos em castelhano, italiano, francês e inglês. Traduzido por Alison Aiken, o conto Kalahari foi publicado em 2005 na revista inglesa Chroma. Eduardo Pitta colaborou e colabora em publicações literárias de vária índole, de Portugal, Brasil, Espanha, França e Estados Unidos. Em 2008 adaptou para crianças o clássico de Eça de Queirós O Crime do Padre Amaro. Dirige a edição das obras completas de António Botto. Entre Abril de 2008 e Janeiro de 2014 assinou a coluna Heterodoxias na revista LER. Fez crítica literária nas revistas Colóquio-Letras (1987-2005), da Fundação Calouste Gulbenkian, e LER (1990-2006), bem como nos jornais Diário de Notícias (1996-1998) e Público (2005-2011). Desde 2011 é crítico literário na revista Sábado. A seu respeito tem-se falado de visão pulsional e agreste da existência, ritmo acelerado, timbre neo-expressionista, pathos autobiográfico, triunfo do recalcado, narrador centrado na identidade sexual do sujeito e, last but not least, hermenêutica gay. Mantém desde 2005 o blogue Da Literatura. Casou em 2010 com Jorge Neves, seu companheiro desde 1972.
:: Fonte: Site oficial Eduardo Pitta /com acréscimos. (acessado em 15.7.2016).


A vida é uma ferida?
O coração lateja?
O sangue é uma parede cega?
E se tudo, de repente?
- Eduardo Pitta, "'Amuletos'/Arbítrio" (1991), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.


OBRA DE EDUARDO PITTA
Eduardo Pitta - julho 2014
Poesia
:: Sílaba a sílabaColecção O Som e o Sentido. Lourenço Marques: Livraria Académica, 1974.
:: Um cão de angústia progrideColecção Licorne. Lisboa: Arcádia, 1979.
:: A linguagem da desordemColecção Plural. Lisboa: Imprensa Nacional, 1983.
:: Olhos calcinadosLisboa: Ariel, 1984.
:: Archote GlaciarLisboa: Frenesi, 1988.
:: ArbítrioLisboa: & etc, 1991.
:: Marcas de água. [prefácio de Eugénio Lisboa]. Colecção Biblioteca de Autores Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional, 1999.
:: Poesia escolhida: Eduardo PittaLisboa: Círculo de Leitores, 2004.
:: Y si Todo, de Repente?. Antologia poéticaEduardo Pitta[selecção, prólogo e tradução de Antonio Sáez Delgado].  Col. Letras Portuguesas. Mérida: Editora Regional de Extremadura, 2011.
:: Desobediência - poemas escolhidos[prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

Ficção
:: Persona. Colecção Política dos Autores. Coimbra: Angelus Novus,2000; Edição revista. Colecção Literatura Portuguesa. Lisboa: QuidNovi, 2007.
:: Cidade proibida. [prefácio de Fernando Pinto do Amaral]. Colecção Literatura Portuguesa. Lisboa: QuidNovi, 2007; 3ª ed., 2014.

Diário e memórias
:: Os dias de VenezaColecção Biblioteca Primeiras Pessoas.  Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2005.
:: Cadernos italianosColecção Viagens. Lisboa: Tinta da China, 2013.
:: Um rapaz a arder: memórias 1975-2001. Série Língua Comum. Lisboa: Quetzal, 2013.

Ensaio e crítica
:: Comenda de fogoLisboa: Temas & Debates / Círculo de Leitores, 2002.
:: Fractura: A condição homossexual na literatura portuguesa contemporânea. Colecção Marfim. Coimbra: Angelus Novus, 2003.
:: Metal fundente. Colecção Biblioteca Espaço do Invisível. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2004.
:: Intriga em famíliaColecção Biblioteca Espaço do Invisível. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2007.
:: Aula de poesiaColecção Textos Breves. Lisboa: Quetzal, 2010.
:: Pompas fúnebres Lisboa: Ulisseia, 2014.

Contos dispersos
(textos dispersos por jornais, revistas e websites)
- A vida dizimada. 2008.
- O estratagema. 2008.
- O coleccionador de martelos. 2009.
- Outro dia. 2010.

Adaptação
Eduardo Pitta - foto: ©José Teófilo Duarte
:: O crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz. [literatura para a infância]. Colecção Clássicos Portugueses Contados às Crianças. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2008.

Edição e organização
:: António Botto: canções e outros poemas vol. 1. [fixação de texto, introdução, cronologia e notas de Eduardo Pitta]. Colecção Biblioteca amor e ódio. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2008.
:: António Botto: Fátima.  vol. 2. [fixação de texto, introdução, cronologia e notas de Eduardo Pitta]. Colecção Biblioteca amor e ódio. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2008.

Obras coletivas (participação)
:: Século de ouro - Antologia crítica da portuguesa do século XX. Coimbra e Lisboa: Angelus Novus e Cotovia, 2002.
:: Viagem. álbum bilingue de poesia e pintura alusivo à ilha de Moçambique. Porto: Fundação Júlio Resende, 2004.
::  O livro de NatérciaVila Nova de Famalicão: Quasi, 2005.
::  Um natal assim. Lisboa: QuidNovi, 2008.

Antologia poética (participação)
:: No reino de caliban. [organização de Manuel Ferreira]. Tomo III. Lisboa: Plátano, 1985.
:: Sião. [organização de Al Berto, PCD e Rui Baião]. Lisboa: Frenesi, 1987.
:: Especial Portugal. [organização de Juan Carlos Valera]. Cuenca: Menu, 1989.
:: Poetas escolhem poetas. [organização de A. R. Navarro e Orlando Neves]. Porto: Lello, 1992.
:: Poemas de amor. [organização de Inês Pedrosa]. Lisboa: Dom Quixote, 2001.
:: O futuro em anos-luz. [organização de Valter Hugo Mãe]. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2001.
:: A alma não é pequena. [organização de Valter Hugo Mãe e J. Reis-Sá]. Lisboa: Atlântico, 2003.
:: 366 poemas que falam de amor. [organização de Vasco Graça Moura]. Lisboa: Quetzal, 2003.
:: Poesia à mesa. [organização de Valter Hugo Mãe]. Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2004.
:: Poesia do mundo. [organização de Maria Irene Ramalho de Sousa Santos]. Coimbra: Palimage, 2007.
:: Memorias. [organização de Fernando Rendón]. Medellín: Prometeo, 2008.
:: Poemas portugueses. [organização de J. Reis-Sá e Rui Lage]. Porto: Porto Editora, 2009.


Eduardo Pitta - foto: Enric Vives-Rubio
POEMAS ESCOLHIDOS DE EDUARDO PITTA

A noite toda a selva
dissolvendo-se em sândalo
e esquecimento.

Casas, degraus a prumo, águas
despedaçadas. Equilíbrio precário
num fio de luz.

Sob uma lâmina de mica
um veneno espera por nós
em Trieste.
- Eduardo Pitta, "Archote Glaciar" (1988), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

As pedras perseguem-nos
e, com elas, melancolias e mitos.

Vestígios de um tempo inscrito
nas vozes solitárias.
- Eduardo Pitta, "A linguagem da desordem" (1983), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Agora que o sorriso envidraçado das quizumbas
nos envolve, os dias
a enrolarem-se-nos aos pés.

Somos daqueles a quem o exílio doeu
como dói uma noite de vidro
coices e violinos.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

A tua ausência
a encher-se de dunas.

Aquele bater de vidraças
na orla da praia.

O silêncio a insistir
a recusar-se ao rumor.

E a vida a fluir,
lá fora.
- Eduardo Pitta, "Um cão de angústia progride" (1979), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§


"São, como deuses, animais sem cio?
Ou são, como animais, humanos que se aceitam?"
- Jorge de Sena

Abandonado e lento como um rio, o corpo
volátil, o rosto suspenso, o ventre liso
e a perna arqueada.
Progressão firme pela
coluna adiante.

Até sacudir a água e vazar
no estuário.

Tinha na retina corpos
imperdoavelmente disponíveis.

Diluídos na poeira das multidões,
até um dia.

De alguns corpos sabemos o objecto
da sua prodigiosa duplicidade.
- Eduardo Pitta, "A linguagem da desordem" (1983), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Agora que as palavras secaram 
e se fez noite 
entre nós dois, 
agora que ambos sabemos 
da irreversibilidade 
do tempo perdido, 
resta-nos este poema de amor e solidão. 

No mais é o recalcitrar dos dias, 
perseguindo-nos, impiedosos, 
com relógios, 
pessoas, 
paredes demasiado cinzentas, 
todas as coisas inevitavelmente 
lógicas. 

Que a nossa nem sequer foi uma história 
diferente. 
A originalidade estava toda na pólvora 
dos obuses, no circunstanciado 
afivelar 
dos sorrisos à nossa volta 
e no arcaísmo da viela onde fazíamos amor. 
- Eduardo Pitta, no livro "Marcas de água". [prefácio de Eugénio Lisboa]. Colecção Biblioteca de Autores Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional, 1999.

§

Ainda se lembrava dos seus tempos de rapaz. 
Quando era tudo de perfil. Nem podia ser 
de outro modo: de perfil e em diorite 
como nos retratos do Império Antigo. Muitos 

iriam acolher depois os ritos do primitivo 
estigma. Nos parques, na penumbra dos relvados, 
ficou dessa queimadura uma legenda. Alguns 
resistem. Paralisa-os a vertigem de uma estreita 

afeição. No limite do conhecimento, a tremer 
de alegria, encontram aquilo que 
tinha sido esquecido. A cabeça entre as pernas 
nem sempre se distingue de um sussurro 

de lâminas. A música de tal desígnio percute 
nas sílabas todas do inominado canto. Às vezes 
por um punhado de lágrimas, equívoco maior. 
É claro que a iniquidade continua impune.  
- Eduardo Pitta, no livro "Arbítrio". Lisboa: & etc, 1991. 

§

Esse mundo acabou,
sobrevive-lhe o eco de
algumas vozes.
O homem que erra de cidade
para cidade
conhece a voracidade dos espelhos
o brilho ácido da cal
o reiterado equívoco das marés.

E sabe, soube sempre
que a casa já lá não está.
Nem a casa nem a memória
que quiseram que tivesse.

Varrido por um sopro insaturável
o olhar vacila, acossado
entre ruínas
e a traficada solidão.
- Eduardo Pitta, "Archote Glaciar" (1988), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Eu diria dos apátridas que somos
daquela pátria que nos sobra.
Diria daqueles que por amá-la
proscritos ficaram,
proscritos morreram.
Diria do exorcismo de um povo
na beira-mar da aventura,
do medo que em nós germina,
da labareda do sonho,
do entardecer da agonia.
Diria da mordaça,
dos estropiados,
dos vagabundos
que nos calcorrearam
por dentro.
Diria ainda da História e da guerra
ali ao lado.
Náufragos irremediáveis dos mares da China
a que não fomos.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Fazemos o circuito
inevitável das coisas ociosas
sem sentido.

Corpos a ranger
transparentes e leves
sem memória
e sem apelo.

Suburbanos e ausentes
continuam na tarde quente
tão inúteis
como agora.

Incompletos mesmo
partituras negras
monótonos, betonizados
e sem perdão possível.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Gosto da claridade penumbrosa
de adolescentes indecisos.

Gosto deles assim lentos
inaptos, vorazes, sedentos
do labor meticuloso e da
antiquíssima sabedoria de outras mãos.

Anjos devastados, senhores do caos
é para longe que partem.
O primeiro dos vinhos, bebido
da ânfora para a boca, alerta-os -

regressam agora às palavras e
aos gestos de antigamente.

Cumprem-se no jogo.
E ninguém suspeita de nada.
- Eduardo Pitta, "A linguagem da desordem" (1983), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Hesita bastante. O inferno
é uma disciplina como qualquer outra.
Dias de vinho e rosas
pagos a peso de flagelo.
O arrebatado comércio dos sentidos?
Na cidade aberta a dementada luz.
- Eduardo Pitta, "'Mandrágora'/Arbítrio" (1991), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Não basta nomear-lhes um prestígio
equívoco, classificá-los, fazer deles
o álibi da mentira, do lixo, da inépcia
das gentes depredadoras.

As cidades fazem-se todos os dias. Umas envelhecem. Outras tornam-se antigas.
acontece o mesmo aso prédios.
- Eduardo Pitta, "A linguagem da desordem" (1983), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Nenhum de nós passeia impune
pelos retratos: fazem-nos doer
os recessos da memória.

Deles saltam, por vezes, sustos,
primeiras noites, secreta
loucura, lábios que foram.

Interditam-nos sempre.
Trepam-nos pelo torpor
mais desprevenido, subsistem.

A sua perenidade é volátil
e cheia de venenosos ardis.
Um sopro no acetato.

Distintos, os seus contornos
não são nunca
os que supomos.
- Eduardo Pitta, "Olhos calcinados" (1984), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Ocupamos a paisagem
que, desocupada, se ocupa
de nós.
Tempo de ocupação, este.

Somos o estrangeiro
que o silêncio de paredes
brancas e esquecidas
perturbou.

Extasiado ao menor rumor
de um estio
duro e claro
— todo lâminas.

Perplexo da memória
destes dias
sufocados em tédio
e cal.

Da palavra para a pedra
arrastando-se aquáticos
— as mais sazonadas
as menos polidas.

Crestada que foi,
na raiz do tempo, toda
a subliminar tentativa
de retorno.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Ontem choveu chuva cinza.
Era Veneza, São Marcos
em azulejo.

Recear não era lícito
e a volúpia volatiza-se.
Nenhuma testemunha para redimir o gesto.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Queria que ficasses
naquele olhar
a caminho da curva
do meu ombro.

Foi contigo que aprendi a cidade,
pedra, aço e lascas de cristal.

Foi contigo que aprendi a amar
desordenadamente.

Temos um tempo breve para amar
e, todos os dias, à mesma hora,
é o deflagrar dos corpos à distância.

A manhã toda topázio.
Sensação urbana de tendões, poros
e carne. Grito gritado
ao contrário,
diluído em chama, salgado.
A manhã era a labareda do teu corpo.
- Eduardo Pitta, no livro "Sílaba a sílaba". Colecção O Som e o Sentido. Lourenço Marques: Livraria Académica, 1974. 

§

Perseguem-me fantasmas
de outros tempos.

Árvores despidas
que o horizonte plúmbeo
ajudou a recortar
com uma nitidez
de pesadelo.

E tudo agora me diz
dos tempos em que
menino
me deleitava no estalar
de folhas em carne viva.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Pouco tenho para alinhavar.
Dizer-te que estou longe
não apaga esta ausência que
inelutavelmente
nos distanciou.

Cercam-nos muros de silêncio
opresso.
A própria hera não ousa
na despudorada nudez branca
de paredes que interditam

a fantasia ao forasteiro
voraz.
O gesto tolhido
o pretexto adiado
a memória a estiolar.
- Eduardo Pitta, "Sílaba a sílaba" (1974), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Tinha na retina corpos
imperdoavelmente disponíveis

Diluídos na poeira das multidões,
até um dia.
- Eduardo Pitta, "A linguagem da desordem" (1983), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.

§

Toda a noite a luz multiplicou
o instantâneo de um rosto intraduzível.
Esquiva, a tua morte não escapou
à ladainha de regra.

Correu uma versão torpe quando
te viram a sorrir
uma ironia de druida clandestino,
indiferente à voragem dos bárbaros.
- Eduardo Pitta, "'Lâminas'/Arbítrio" (1991), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.


§

Eduardo Pitta - fonte: DN
FORTUNA CRÍTICA DE EDUARDO PITTA
AMARAL, Ana Luísa. A marca da excisão na poesia de Eduardo Pitta. in: Colóquio-Letras, n. 155/156. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, janeiro/2000, p. 378-380. Disponível no link. (acessado em 15.7.2016).
AMARAL, Fernando Pinto do.. Eduardo Pitta: uma poesia da fosforescência, recensão de Archote Glaciar. in: Colóquio-Letras n.º 103, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988, p. 77-79. 
AMARAL, Fernando Pinto do.. Outros poetas dos anos 70: contributos para um mosaico fluido. in: Mosaico fluido: Modernidade e pós-modernidade na poesia portuguesa mais recente. Lisboa: Assírio & Alvim, 1991, p. 163-173.
AMARAL, Fernando Pinto do.. O lugar da literatura (1945-95). in: Portugal nas Artes, nas Letras e nas Ideias, Lisboa: Centro Nacional de Cultura, 1998. 
AMARAL, Fernando Pinto do.. O fogo e o gelo, recensão de Marcas de Água. in: suplemento Leituras, Público: Lisboa, 10 de Abril, 1999, p. 7. 
AMARAL, Fernando Pinto do.. História da literatura portuguesa (Anos 70 e 80). Vol. 7, Óscar Lopes e Maria de Fátima Marinho (Eds.), Lisboa: Alfa, 2002.
AMARAL, Fernando Pinto do.. Lisboa, a cidade proibida, recensão de Cidade Proibida. in: Jornal de Letras: Lisboa, 12 de Setembro, 2007.
BARBAS, Helena. Educação sentimental (recensão a Persona. in: Expresso, suplemento Cartaz. Lisboa, 2 de fevereiro, 2002, p. 42.
Eduardo Pitta - foto (...)
BARREIRA, Cecília. recensão a Arbítrio, de Eduardo Pitta. in: revista Colóquio-Letras, n. 129/130. Liboa: Fundação Galouse Gulbenkian, 1993, p. 253. Disponível no link. (acessado em 16.7.2015).
BASTOS, Jorge Henrique. O artesanato (recensão a Marcas de água). in: Expresso, suplemento Cartaz. Lisboa, 17 de julho, 1999, p. 33.
BESSA, Carlos. A subida ao prazer, recensão de Marcas de Água. in: Pé de Página, Expresso das Nove: Ponta Delgada, 21 de Maio 1999. 
BESSA, Carlos. Recensão de Persona. in: Ultravioleta, Expresso das Nove: Ponta Delgada, 1 de Junho 2001.
BESSA, Carlos. Recensão de Comenda de Fogo. in: Ultravioleta, Expresso das Nove: Ponta Delgada, 24 de Maio 2002.
CÂNCIO, Fernanda. Roteiro da ferida. in: DN - gente, 5 de março de 2011. Disponível no link. (acessado em 15.7.2016).
CARVALHO, Lourenço de.. Recensão de Sílaba a Sílaba. in: Letras & Artes, Tempo: Lourenço Marques, Novembro 1974.
CASCAIS, António Fernando. Um nome que seja seu: Dos estudos gays e lésbicos à teoria queer. in: Indisciplinar a Teoria. Estudos Gays, Lésbicos e Queer, Lisboa: Fenda 2004.
CASTRO, E. M. de Melo e.. Poesia, anos 80: sobreviver na Costa Atlântica. in: Ler Escrever, Diário de Lisboa, 11 de Setembro 1986.
COSTA, Linda Santos. Requiem por um mundo, recensão de Persona. in: revista (livros) n.º 20: Lisboa 2001.
COSTA, Sara Figueiredo. Recensão de Persona. in: Canal de Livros (web). 2001.
DAUM, António. Palavras de laminar astúcia dos gatos, recensão de Comenda de Fogo. in: Diário de Notícias: Lisboa, 29 de Março 2002.
ENTREVISTAS. Eduardo Pitta. Acesse aqui. (acessado em 16.7.2016).
GOMES, Aldónio; CAVACAS, Fernanda. Dicionário de Autores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Lisboa: Caminho, 1997.
GUEDES, Maria Estela. Recensão de Um Cão de Angústia Progride. in: Livros, Diário Popular: Lisboa, 17 de Janeiro 1980.
GUIMARÃES, Fernando. A Poesia Contemporânea Portuguesa e o Fim da Modernidade. Lisboa: Caminho, 1989.
JORNAL I. Eduardo Pitta. “Os grandes nomes da cena literária vivem alheados dos holofotes” (entrevista). in: Jornal I, 20.5.2013. Disponível no link. (acessado em 15.7.2016).
KNOPFLI, Rui. Recensão de Olhos Calcinados. in: Colóquio-Letras n.º 89. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986.
LEONARDO, Ana Cristina. Linha de Fronteira, recensão de Cidade Proibida. in: Actual, Expresso: Lisboa, 16 de Junho 2007.
LISBOA, Eugénio. Carta de Moçambique: Balanço de 1973. in: Colóquio-Letras n.º 18. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 1974.
LISBOA, Eugénio. Texto de badana em Sílaba a Sílaba. Lourenço Marques: Livraria Académica. 1974.
LISBOA, Eugénio. Recensão de A Linguagem da Desordem. in: Colóquio-Letras n.º 83. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 1985.
LISBOA, Eugénio. O brilho ácido da cal, prefácio de Marcas de Água. Lisboa: Imprensa Nacional 1999.
LISBOA, Eugénio. Sob o signo da brevidade (ensaio), Jornal de Letras, Lisboa: Maio. 1999.
Eduardo Pitta - foto (...)
LISTOPAD, Jorge. Recensão de Um Cão de Angústia Progride. in: Colóquio-Letras n.º 62. Lisboa: Fundação Calousate Gulbenkian, 1981.
LISTOPAD, Jorge. Nota de leitura de A Linguagem da Desordem. in: Secos & Molhados, Diário de Notícias: Lisboa, 1984.
LISTOPAD, Jorge. Nota de leitura de Persona. in: Sol & Sombra, Jornal de Letras: Lisboa, 21 de Março, 2001.
MACHADO, Álvaro Manuel. Dicionário de Literatura Portuguesa. Lisboa: Presença, 1996.
MARTELO, Rosa Maria. Marcas de Água de Eduardo Pitta: uma poética do instante. O Escritor  n.º 13-14. Lisboa, 1999.
MARTINS, Manuel Frias. 10 Anos de Poesia em Portugal: 1974-1984. Leitura de uma Década. Lisboa: Caminho, 1986.
McGOVERN, Timothy.  La fundación del canon de la literatura gay portuguesa. in: Revista de Filología Portuguesa, n.º 2: Salamanca, 2002.
MENDES, Paulo Simões. A anatomia do desejo refractário na obra literária de Eduardo Pitta. (Dissertação Mestrado em Estudos Românicos). Universidade de Lisboa, 2006. Disponível no link. (acessado em 15.7.2016).
MENDES, Paulo Simões. Recensão de Metal Fundente. in: Canal de Livros (web), 2004.
MENDES, Paulo Simões. Recensão de Os Dias de Veneza. in: Canal de Livros (web), 2005.
MENDES, Paulo Simões. A Hora de Veneza, recensão de Os Dias de Veneza. in: Mil Folhas, Público: Lisboa, 5 de Novembro, 2005.
MESTRE, David. Três Poetas de Moçambique. in: Artes & Letras, A Província de Angola: Luanda, 21 de Novembro 1977.
MEXIA, Pedro. Recensão de Marcas de Água. in: DNA, Diário de Notícias: Lisboa, Abril 1999.
MEXIA, Pedro. O prazer e o texto, recensão de Persona. in: DNA, Diário de Notícias: Lisboa, 10 de Fevereiro 2001.
MEXIA, Pedro. Biblos: Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa. Vol. 4. Lisboa, 2001.
MEXIA, Pedro. A literatura gay muda do armário para a prateleira, recensão de Fractura.... in: Diário de Notícias: Lisboa, 10 de Outubro 2003.
MEXIA, Pedro. O centro e as margens, recensão de Aula de Poesia. in: Ípsilon, Público: Lisboa, 12 de Fevereiro 2010.
MOSER, Gerald; FERREIRA, Manuel. Bibliografia das Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1983.
NELSON, José-Emílio. Uma Escrita Inclusa, recensão de Olhos Calcinados. in:  Jornal de Notícias: Porto 1984.
NELSON, José-Emílio. Volúpia e Luxúria, recensão de Arbítrio. in: Jornal de Notícias: Porto, 16 de Abril 1991.
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Eduardo Pitta - foto (...)
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Eduardo Pitta e Jorge Neves, em Serralves |  Junho de 1989.
poema sobre o amor eterno
para o eduardo e para o jorge neves

inventaram um amor eterno. trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem. mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão. não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça. ficou muito discreto, algo sujo. foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções. carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exacto momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar.
- Valter Hugo Mãe, no livro "Mil e setenta e um poemas". Lisboa: Brasília: Thesaurus Editora, 2008.

§

tu sabes que é para ti
Encontrei-te perplexo
entre duas saídas.
Fomos vagamente planálticos,
nossos rins chicoteando-se
ao entardecer.
Pretexto salivado
do que não aconteceu,
esboço nas tuas mãos de camurça.

Soletrados a compasso,
meticulosos,
acontecemos por acaso
entre acácias e jacarandás.
- Eduardo Pitta (Lourenço Marques, 19.7.1972). no livro "Poesia escolhida". Lisboa: Círculo de Leitores, 2004. p. 33.

Jorge e Eduardo na Ilha de Moçambique|Janeiro, 1975. foto: José António Rosa

Antes de nós outros tentaram.
Muitos não sabem que viagem alguma
se repetirá. Toda a demanda é vã.
Aquele muro não está ali

por acidente. Sequer a gosto de qualquer
feitor com inclinações pré-rafaelitas.
A manhã tinha ficado parecida com um pedaço
de vidro e era nítida a evidência de desastre.
- Eduardo Pitta, "'Lâminas'/Arbítrio" (1991), no livro "Desobediência - poemas escolhidos". [prefácio de Nuno Júdice]. Lisboa: Dom Quixote, 2011.



Eduardo Pitta - fonte: Quetzal
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Eduardo Pitta - a poética do instante. Templo Cultural Delfos, julho/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 16.7.2016.





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Um comentário:

  1. Descobre-se o homem que vive no poeta: amargura e labareda...Adoro!Em breve, farei um programa sobre ele..

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