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Rosalvo Acioli - foto: Waldson Gouveia |
Estreou na literatura brasileira com o livro Sonhos Imaginários (Poesia), publicado pela Editora Global, São Paulo, em 1984. A obra foi indicada ao Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Poesia em 1985, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), e ao Prêmio Olavo Bilac de Melhor Livro de Poesia em 1986, promovido pela Academia Brasileira de Letras (CBL).
Em 1987, publicou Maceió (Poesia), Editora Senha, Maceió. Em 1988, publicou ensaio e co-organizou o livro Jornal de Alagoas – 80 Anos, (Ensaios) Editora Escopo, Brasília. Em 1989, fundou e editou dois números do jornal de literatura Página Aberta, distribuído no meio literário nacional e internacional.
Foi selecionado e incluído na Antologia da Nova Poesia Brasileira, organização, seleção, notas e apresentação de Olga Savary, publicada em 1992 pela Fundação Rio / Rio Arte, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Editora Hipocampo, Rio de Janeiro.
A poesia de Rosalvo Acioli Júnior mereceu opiniões dos críticos e ensaístas Gilberto Mendonça Teles, Luciana Stegagno Picchio, Reynaldo Bairão, João Manuel Simões, José Paulo Paes e Paulo Rónai, e dos poetas Lêdo Ivo, Márcio Catunda, Ferreira Gullar e João Cabral de Melo Neto, entre outros escritores.
Atualmente, Rosalvo Acioli Júnior edita a revista Página Aberta, que publica textos inéditos de escritores brasileiros e estrangeiros.
:: Fonte: Antonio Miranda (acessado em 10.9.2015).
PRÊMIOS
1985 - Prêmio Gustavo Paiva, da Academia Alagoana de Letras (AAL), Melhor Livro de Poesia, pela obra "Sonhos imaginários" (1984).
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capa dos livros de poesia e ensaio, de Rosalvo Acioli Júnior |
Poesia
:: Sonhos imaginários. [prefácio Lêdo Ivo]. São Paulo: Global Editora, 1984.
:: Maceió. Maceió, AL: Editora Senha, 1987.
:: Inventário de cinzas. Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
:: Árvores tristes (Тъжни Дървета).. [Seleção, tradução e prefácio de Rumen Stoyanov]. Edição bilíngue. Sófia, Bulgária: Editora Ogledalo, 2014.
Ensaio
:: Tempo de memória. Maceió, AL: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2012.
Co-organizou
:: Jornal de Alagoas – 80 Anos. (ensaio). Brasília, DF: Editora Escopo, 1988.
Antologias e coletâneas (participação)
:: Coletânea de poetas novos. Maceió, AL: Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e Cultura de Alagoas (SENEC)/Departamento de Assuntos Culturais do Ministério da Cultura (MEC), 1978.
:: Antologia. (32 Poetas inéditos). Maceió, AL: Plaquete mimeografada, 1985.
:: Antologia da nova poesia brasileira. [organização, seleção notas e apresentação de Olga Savary]. Rio de Janeiro: Fundação Rio / Rio Arte, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Editora Hipocampo, 1992.
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Rosalvo Acioli - foto: Marcelo Albuquerque |
A luz e a náusea
Por entre extremos vertem-se meus dias,
e neles, rútilos, o lúcido fio de esperança
transmuda os escombros desta terra selvagem:
província torta, cemitério de mortos-vivos.
Nas frestas da eternidade, escolhidos,
os suicidas, os leprosos, os assassinados,
me sacramentam e esplendem meus ossos,
por mais que em Maceió haja mel e fel
e ruminem os ecos da vertigem dos mortos.
Por Deus, há luz no chão do Universo.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Maceió". Maceió, AL: Editora Senha, 1987.
A pedra
O homem é a pedra do sono.
Preso à terra,
sonha o salto mortal
sobre o lar dos mortos.
Salta onde bóia o anjo
e sonha.
Suas pálpebras cobrem
duas luas em rotação
nos sonhos do anjo.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
Caminhos
Aos caminhos inteiros
também me sei navegador
com meus dias de tormenta.
Na mão ou contramão,
lanço-me às fronteiras,
aos meus desafios -
viver ou não viver,
busco o tempo perfeito.
Não sei se mordo o futuro
ou se o futuro me morde -
sou o tempo imperfeito.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
Composição
Tu me incendiaste os olhos.
E estas nossas almas tão puras
são rubras como a fonte das mãos.
É que me soubeste o prodígio
deste intenso amor vazado de paixões.
Sou possuído de tua bela loucura,
aurora e crepúsculo de teu amor.
Eis que tu me és, não sou.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Sonhos imaginários". São Paulo: Global Editora, 1984.
Elementos do coração
No ar está meu coração -
couraça de sonhos,
que pulsa paixões eternas.
No fogo está meu coração -
extremo de luz
que crepita minhas substâncias.
Na terra está meu coração -
sentinela de cinzas
que guarda meus sumos.
Na água está meu coração -
pedra de toque
que deságua meus desenganos.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
Jaraguá
Em Jaraguá, sangue e cinzas cingem-se
Em seus velhos casarões de pedra e maresia.
Escorrem os carregadores de açúcar
Ruindo seus olhos na vertigem dos mortos,
Tortos de cana e madrugadas,
Bebendo o cheiro acre das prostituas.
Sob o pão e o vinho do patrão,
Rebentam os carregadores o veio de suas veias
E silenciosos no eclipse de seus rostos
prorrompem para o cais.
Em Jaraguá, arde a eternidade.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Maceió". Maceió, AL: Editora Senha, 1987.
Luzes e fogo
Quantas vezes levei desassossego
ao teu coração escarnecido?
Continuava a ignorar
teu lancinante clamor,
depois elevado aos céus.
Até que em uma noite vi
um terrível coração em chamas.
E tu disseste, espantada:
"Não é nada, filhinho,
isso logo passa!"
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
Manhã de midas
A aurora nasce em abóbora
e o céu risca-se em ouro.
Na manhã de Midas
a luz treluz azul –
Os homens olham
com olhos de peixe.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Sonhos imaginários". São Paulo: Global Editora, 1984.
O templo
Amo todas as mulheres que me possuem como almas.
A alma é sã e exercita a essência da carne.
Desnuda o coração em vértices encantos
e canta a terna proporção da natureza.
Deus não prescindiu dos homens a sabedoria
de seu templo de prazeres e alegrias.
Sábio o que conhece a plenitude do verbo.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Sonhos imaginários". São Paulo: Global Editora, 1984.
Os punhais
Tenho desperto os punhais do amor.
Fazem cicatrizes profundas no corpo amado,
delírio e sina na alma florida
de matizes em intensa dádiva.
O corpo amado é embriaguez divina,
terrena impossibilidade de Deus.
Um instante de amor é subversão à dor.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Sonhos imaginários". São Paulo: Global Editora, 1984.
Poema
Tenho a memória das flores.
De incenso a cálida alma de semens,
mágica transcendência de meus sonhos,
canção dos dias imponderáveis a que alço
como germe a se descobrir nas horas.
Extremas mãos que estendo ao sol.
Tenho a memória das flores
e a missão das sementes.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Sonhos imaginários". São Paulo: Global Editora, 1984.
Poema para meu pai
Meu pai,
os sonhos de teus olhos
de menino
Meu pai,
os sonhos de teus olhos
de menino
quiseram nascer meus olhos.
E te ver,
para que me vendo te visses.
Perdoa-me, meu pai,
se meus olhos não conseguiram
ser os teus.
E te ver,
para que me vendo te visses.
Perdoa-me, meu pai,
se meus olhos não conseguiram
ser os teus.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Sonhos imaginários". São Paulo: Global Editora, 1984.
Ressurgências
Gorjeia o pássaro na manhã,
e com o seu acalanto encanta
o mais próximo dos pecadores;
canta sua natureza sem culpas
neste império de mistérios e dores.
Quem o ouve olha em volta
e o busca na imensidão dos tempos:
cede o instante de perduração
e a memória em triunfo
torna a morte uma crise inútil.
Em vão é o pensamento -
o pássaro na manhã evade-se.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
Sem rancor
Desta vida só deve
o homem querer
as gentilezas.
Desta morte só deve
o homem querer
os desafios.
Destes quereres deve
o homem desejar
os perdões.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
Signos
Desde menino procuro a vida.
Sob seus signos, seus ares,
Sob seus signos, seus ares,
suas incertezas de terra e céu,
aprendo da morte a morte
que rodeia o homem em ilha.
O mundo é minha queda.
Vivendo perdi a vida.
- Rosalvo Acioli Júnior, em "Inventário de cinzas". Rio de Janeiro: Editora Íbis Libris, 2014.
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Capa do livro Presença de Rosalvo Acioli na literatura, de AneteCarvalho |
CARVALHO, Anete. Presença de Rosalvo Acioli na literatura. Maceió, AL: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2012.
“A poesia de Rosalvo Acioli Júnior não se impõe: se insinua. Ela tem a sabedoria de disfarçar o trabalho de elaboração, de modo que parece espontânea, quando de fato é de uma complexidade tornada fluida pela afinidade que faz surgir no leitor. Há nela muita reflexão tornada discurso poético, muita experiência transfigurada de vida e muita sensibilidade – que se tornaram forma e, por meio dela, nos fazem companhia, nos esclarecem, sem perder o toque de mistério em sua construída simplicidade.”
- Antonio Candido, extraído do livro "Presença de Rosalvo Acioli na literatura", de Anete Carvalho. (ibislibris).
REFERÊNCIA E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
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Rosalvo Acioli Júnior - foto: Waldson Gouveia |
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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Rosalvo Acioli Júnior - o poeta inovador. Templo Cultural Delfos, setembro/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Rosalvo Acioli Júnior - o poeta inovador. Templo Cultural Delfos, setembro/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Belos poemas!!!
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