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Cristiano Ottoni de Menezes - foto: arquivo do autor |
Cristiano carioca, morador de Copacabana, nascido e criado em Botafogo. Cresceu jogando bola, matando aula e mudando de escola. Fez o ginásio no São Bento e Zé Bonifácio, clássico no Santo Inácio, o que não foi fácil, chegou a estudar direito, mas saiu errando por aí.
Nos anos 1970, meteu o pé na estrada, rodou o país de carona. Foi ator na peça “A dança da Lebre Celeste” direção de Mossa Ossa (Teatro Ipanema, RJ e Oficina, SP). Descobriu o rádio e tornou-se um louco-ator. Levou a poesia e o teatro para os microfones das emissoras em que atuou durante 37 anos. Poetas da Nuvem Cigana e outros tantos passaram por seus programas. Começou a publicar seus poemas em suplementos literários e antologias. Fez programas para região amazônica roteirizando e dramatizando o conteúdo das cartas que recebia dos ouvintes. Passou a dizer seus poemas em bares, teatros, praças, livrarias, festas e feiras literárias.
Trabalhou em jornal, televisão e rádio, como programador musical, locutor, repórter, produtor e apresentador. Foi produtor no Circo Voador, produziu shows de bandas como Blitz, Legião Urbana, Brylho, entre outras. É autor de letras em parcerias com Cláudio Nucci, Jovi Joviniano e Perinho Santana. Escreveu e dirigiu radionovelas. Produziu e apresentou programas sobre meio ambiente e ciência & tecnologia. Apresentou programas de auditório na Rádio Nacional com o Conjunto Época de Ouro, onde recebia artistas com Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Roberto Silva, Paulo Moura, Beth Carvalho, Monarco, Nelson Sargento, Cláudio Jorge, Yamandú Costa, Hamilton de Hollanda, Joel Nascimento, entre outros, muitos outros.
É autor de “Guardanapos“ (Editora 7 Letras – 2014). Em 2016, escreve e viaja. Em todos os sentidos. Brincou nas onze, Mantém-se inquieto e prepara novo livro.
"O poeta Cristiano escreve quase como se fala, sem artifício, como se atirasse numa pauta musical livre de cinco linhas. Deve ser o pistom, ou a noite, o samba, o jazz, a canção, os amores, as luzes da cidade."
- Xico Chaves, no 'prefácio' de Guardanapos. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014, p 8.
OBRA POÉTICA
:: Guardanapos. [prefácio Xico Chaves]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Antologia (participação)
:: República dos Poetas - antologia poética. [organização Ricardo Muniz de Ruiz]. Rio de Janeiro: Museu da República Editora, 2005.
:: Antologia poética “Trinta Anos-Luz: Poetas celebram 30 anos de Psiu Poético. [organização Aroldo Pereira, Luis Turiba e Wagner Merije]. São Paulo: Aquarela Brasileira Livros, 2016.
:: Poesias para a pandemia. [seleção e organização Paulo Sabino]. Rio de Janeiro: selo Bem-Te-Li; Autografia Editora, 2021 {142 poemas e textos poéticos de 142 autores}.
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Cristiano Menezes visita o Jardim Botânico de Brasília - foto: arquivo do autor |
Ciclos
Súbito surge
exige súditos
entorna-se devastadora
até que reflui
e novamente se faz navegável
enfim amável
Às vezes percebo
às vezes não
e quando assim
me instrua
me lembre das máres
das fases da lua
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Circunstâncias
Quando me foge a certeza
só me resta a leveza
Aí fico balão
corro o risco dos ventos
me esqueço do chão
me aceno como um lenço
E não penso no que duvido
muito menos onde pousar
Mas quando tenho a certeza
sou âncora tatuada
nos braços dos mares
namoro as baías
me exibo nos bares
E ao sabor dos vinhos
vencendo a todos os moinhos
festejo
entro na dança
e com Sancho
encho a pança
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Comigo mesmo
Não tenho mais o cordão
dele só a marca no umbigo
com frio no coração
aprendi o calor dos amigos
Podia ter morrido
junto com tudo o que matei
mas nasci atento
pras coisas que ainda não sei
E assim, a cada dia novo dia,
sempre dono do meu nariz
vivo o medo e a alegria
de quem está sempre por um triz
Na corda bamba é o que se vê quem é
o passo adiante é pra quem está solto
lá embaixo a plateia está de pé
aqui no peito o meu mar revolto
O salto é meu
a mão, do companheiro,
e só quando me lanço
é que me sinto inteiro
Agradeço a carona
mas sou filho de mim mesmo
do norte, do sul
da minha vida a esmo
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Criação
o espetáculo dos ensaios
não cabe nas molduras
se não transbordar
não transforma
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Fio da meada
O presente sem memória
é linha partida
pipa solta no ar
e a estória de quem pegar
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Frio
O seu olhar indiferente
mais do que vago
é a expressão do vácuo
É o nada
Nem morno
nem frio
nem quente
Vazio que invade
cala profundo
no beijo não dado
Eco da ausência
avesso de tudo
antes tão presente
O seu olhar indiferente...
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Nitidez
Para ver melhor
meus contornos
entre o espelho
e o papel
escolho escrever
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Nuances
Os segredos têm a beleza das sombras
De textura sutil como os casulos
gestam a surpresa dos voos
As mentiras são feias
pegajosas teias
tecem a escuridão
com que se disfarçam os medos.
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
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Cristiano Ottoni de Menezes - foto: arquivo do autor |
Que não nos faltem as palavras
palavras faladas
ou no papel
palavras ao léu
palavras
contato
Palavras sem tato
palavras claras
fanhas
loucas
ou roucas
Palavras aflitas
palavras medidas
palavras soltas
nas línguas ferinas
ou afogadas no batom
de bocas carnudas
Palavras confete,
desnudas
envoltas em serpentinas
palavras purpurina
na festa da carne
Palavras sapecas
atrevidas
cintilando
Nas rimas do meu samba na avenida
Palavras signos
do código que nos decifra
alegorias dos enredos
marolas do rio
que me leva ao mar
São palavras que me fazem amar
ou brigar
Palavras excitam
palavras hesitam
e me lançam
como flecha
nos corações desavisados
Palavras
que não nos faltem as palavras
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Sempre
Às vezes me afogo
no fundo de um pouco
até que um afago
me faz menos louco
Às vezes me afobo
com a pressa que não sinto
até que me acalma
um velho e bom tinto
Às vezes me acho
tão longe do perto
até que um susto
me faz mais esperto
Às vezes falo
e não digo palavra
até que me calo
e prossigo na lavra
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Trilha
O que será que há
depois daquela curva
O que será
ao fim deste caminho
que se oferece
e me instiga
a seguir
passo a passo
hesitante
atento ao estalo
de cada galho
em que piso
neste caminho
que se estende
entre verdes
e esperanças
O que será
ali à frente
quando vira
parece que desce
não sei pra onde
e mais adiante
segue morro acima
O que será que há
depois daquela ladeira
Onde vai dar este caminho
que agora vejo
não tem volta
este caminho
que não conheço
mas a cada passo
enfim percebo
é meu este caminho
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
Vida que segue
Quero sentir o perigo
não para morrer
mas para buscar a saída
desse marasmo antigo
que boceja sem perceber
o bafo da pouca vida
Impossível sair tranquilo
ou escolher
o jeito mais delicado
de dizer com estilo
que não há como esconder
nosso anel quebrado
É hora de rabiscar
seguir os traços loucos
dessa mensagem amassada
no guardanapo do bar
onde em desenhos roucos
digo, somos página virada
- Cristiano Menezes, em "Guardanapos". Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2014.
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Claudia Pinheiro, Thiago de Mello e Cristiano Menezes - foto: arquivo do autor |
FORTUNA CRÍTICA
CORREIO Braziliense. Poeta Cristiano Menezes lança livro de poesia Guardanapos. Correio Braziliense, 16.10.2014. Disponível no link. (acessado em 11.9.2015).
GLOBO. Morre Cristiano Ottoni de Menezes, poeta, jornalista e produtor, aos 67 anos. in: O Globo, 2.9.2016. Disponível no link. (acessado em 2.9.2016).
MPB/DCA. Cristiano Menezes. in: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Disponível no link. (acessado em 11.9.2015).
MENDES, André di Bernardi Batista. Universo dentro do peito. (entrevista). in: Divirta-se Uai, 13/9/2014. Disponível no link. (acessado em 11.9.2015).
VIRGÍLIO, Paulo. Morre no Rio o radialista Cristiano Menezes, ex-diretor da Rádio Nacional. in: Agencia Brasil - EBC, 1.9.2016. Disponível no link. (acessado em 1.9.2016)
BLOG OFICIAL DO AUTOR
:: Cristiano Menezes (poeta)
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Cristiano Ottoni de Menezes - foto: arquivo do autor |
EDITORA
:: Editora 7Letras
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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Cristiano Menezes - o poeta cosmopolita. Templo Cultural Delfos, março/2022. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Cristiano Menezes - o poeta cosmopolita. Templo Cultural Delfos, março/2022. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 30.3.2022.
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