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Damião Martins - série pintores brasileiros

Damião Martins - foto: acervo do autor
Damião Martins pintor autodidata, natural de Sapucaia, Estado do Rio, Damião Martins incentivado por sua avó materna, por quem tinha grande amizade, fez um curso técnico de desenho buscando um aprendizado voltado para as artes plásticas. Criou seu primeiro quadro cubista em 1978 para uma exposição na cidade de Paraíba do Sul, Estado do Rio. Hoje vive há mais de 20 anos em Maricá, região dos lagos. Sobre as variações temáticas dos seus trabalhos podemos dizer que a caligrafia se mantém, a paisagem é que muda. Damião Martins mais parece um mineiro lá do interior, jeito manso, falar macio, sorriso triste, humildade cheia de grandeza. Todo o seu ser se transforma quando conversa com as telas na linguagem viva as cores. Vocação talento, predestinação, o fato é que Damião já desenhava e pintava a vida enquanto os outros meninos ainda estavam na infância. Nestes dias que passam a preto e branco, esse artista emergente abre diariamente sua janela para o sol, desde a alvorada até as cores do crepúsculo. Se nuvens mais densas pintam no horizonte ele imagina logo a paleta curvilínea de um arco íris e surge a vida pintada a sete cores na faina das lavadeiras, dos garimpeiros, das floristas, das colheitas no campo, dos arrastões junto ao mar. Nos momentos de introspecção, esse monge da arte dá ao trabalho um feitio de oração e surpreende a poesia no rosto de uma criança, na ternura da maternidade, na serenidade mística de um santo. Francisco de Assis, de preferência. Seu estilo é pessoal, personalístico. Claro que tem um pouco dos mestres, onde buscou amparo por admiração. Assim, seu leque de temas e cores tem a vibração dos impressionistas, tecnicamente aprisionados por um desenho bem cuidado que dá suporte a um cubismo multifacetado, suavizado pelos vários matizes em degrade. Por isso suas telas encontram eco instantâneo nos espectadores. Coisa de amor à primeira vista.
:: Fonte:  blog do autor (acessado em 5.3.2016).


EXPOSIÇÕES DO PINTOR DAMIÃO MARTINS (PARTICIPAÇÃO)
Os três pescadores, © Damião Martins
INDIVIDUAIS
1974 - Cidade de Três Rios - RJ.
1979 - Cidade de Paraíba do Sul - RJ.
2000 - Cidade de Teresópolis RJ - Pinacoteka Galeria de Arte.

COLETIVAS
1983 - Shogun Arte - Ipanema - RJ.
1983 - Rio Art Gallery - RJ.
1984 - Flumitur - Centro - RJ.
1986 - Aliança Francesa - Méier - RJ.
1986 - Norte Shopping - Del Castilho - RJ.
1987 - Arquivo Geral - Centro - RJ - Menção Honrosa.
1987 - Galeria Maria Portugal - Tijuca - RJ - Menção Honrosa.
1987 - Sociedade Brasileira de Belas Artes - RJ - Menção Honrosa.
1987 - Norte Shopping - Del Castilho - RJ.
1987 - Rotary Clube do Méier - RJ - Medalha de Prata.
1987 - Marina Barra Clube - Barra da Tijuca -  RJ -  Medalha de Prata.
1988 - Shopping Campos - RJ - Medalha de Bronze.
1989 - Marina Barra Clube - Barra da Tijuca -  RJ - Medalha de Ouro.
1998 - Salão de Arte da Fortaleza da Santa Cruz - Niterói - Medalha de Prata.
1998 - Salão de Artes Plásticas da Intendência da Aeronáutica - RJ - Menção Honrosa.
1998 - Salão de Belas Artes do Clube Naval - RJ - Medalha de Bronze.
1998 - Salão de Artes Plásticas da Base Aérea do Galeão - RJ - Menção Honrosa.
1999 - Salão de Belas Artes do Clube Naval - RJ - Menção Honrosa.
2000 - Prefeitura de Povoa do Varzim -  Portugal.
2001 - Salão de Artes Plásticas da Polícia Militar do Rio de Janeiro - Menção Honrosa. 



OBRAS SELECIONADAS DE DAMIÃO MARTINS

Mulher e violão, © Damião Martins

Magia do palhaço, © Damião Martins
Dois palhaços, © Damião Martins
   
Mulher com gato no colo, © Damião Martins

Romance na varanda, © Damião Martins
    
Palhaço e o relógio, © Damião Martins

Palhaço romântico, © Damião Martins

Don Quixote, © Damião Martins

Don Quixote e Sancho Pança, © Damião Martins

Don Quixote e Sancho Pança, © Damião Martins

Pierrot e Colombina, © Damião Martins

Feira de flores, © Damião Martins

Descanso dos pescadores , © Damião Martins
    
Arlequim e Colombina, © Damião Martins

Arlequim romântico, © Damião Martins
  
Ternura, © Damião Martins
 
Coral de anjos, © Damião Martins

Baianas, © Damião Martins
  
Barcos, © Damião Martins


Cantiga de amor © Damião Martins

Flautista, © Damião Martins

Os pescadores, © Damião Martins

Gato e flor, © Damião Martins

Menina com gato, © Damião Martins

Menina no jardim, © Damião Martins

Mimos, © Damião Martins
 
Mulher com violão, © Damião Martins


Mulheres musicais, © Damião Martins

São Francisco, © Damião Martins

Retirantes, © Damião Martins

Colheita de margaridas, © Damião Martins


Natureza morta abstrata, © Damião Martins


Natureza com jarro azul, © Damião Martins

Colheita de laranjas, © Damião Martins

Colheita de laranjas, © Damião Martins

Colheita de laranjas, © Damião Martins

Colheita de marcelas (macelas), © Damião Martins

Colheita de açaí, © Damião Martins

Colheita de algodão, © Damião Martins
 
Colheita de algodão, © Damião Martins


Colheita de algodão, © Damião Martins

Colheita de cacau,  © Damião Martins

Colheita de café,  © Damião Martins

Colheita de café, © Damião Martins

Colheita de café, © Damião Martins
  
Colheita de cana, © Damião Martins


Colheita de feno, © Damião Martins


Colheita de feno, © Damião Martins


Colheita de flores, © Damião Martins


Colheita de girassóis, © Damião Martins
Colheita de milho, © Damião Martins

Colheita de milho, © Damião Martins

Colheita de uva, © Damião Martins


Ceramistas, © Damião Martins
 
Barcos no cais, © Damião Martins

Arrastão, © Damião Martins
 
Corrida de cavalos, © Damião Martins


Encantamento, © Damião Martins


Encontro, © Damião Martins


Feira de flores, © Damião Martins


Floristas, © Damião Martins


Lavadeiras, © Damião Martins


Mulher comprando peixe, © Damião Martins


Passeio na praia, © Damião Martins


Pescadores no Porto, © Damião Martins


Pescadores, © Damião Martins


Veleiros, © Damião Martins


Vindima, © Damião Martins


O palhaço, © Damião Martins


Orquidias, © Damião Martins


Hibiscos branco e vermelho, © Damião Martins



Damião Martins - foto: acervo do autor
BLOG DO AUTOR
:: Acesse AQUI!

:: Damião Martins - pinturas cubistas

CONTATOS
(21) 2634 9106 Cel: (21) 99671 0902
Emails: damiao_martins_@hotmail.com | damiaomartinspintor@gmail.com  


© Direitos reservados ao autor

© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração com Gabriela Fenske Feldkircher

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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Damião Martins - série pintores brasileiros. Templo Cultural Delfos, março/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em 20.5.2019.




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Mário Chamie - poeta singular e plural

Mário Chamie - © foto: Arnaldo Pereira
Mário Chamie (poeta, crítico, ensaísta e professor) nasceu no dia 1 de abril de 1933, na cidade de Cajobi, interior do Estado de São Paulo, e morreu em 3 de julho de 2011, na capital paulista. Ainda jovem, em 1948, veio para São Paulo para trabalhar como office boy e prosseguir nos estudos, que incluíram o curso clássico no Colégio Roosevelt e a Faculdade de Direito no Largo do São Francisco, concluída em 1956. Em 1994 defendeu o doutorado
em Literatura na UFRJ.
A obra poética de Mário Chamie é vasta, com 13 livros publicados entre 1955 e 2002. Os seus textos estão traduzidos em 12 idiomas. Vinculado nos primeiros anos de sua produção literária aos concretistas, deles se afasta em 1961, por pretender maior engajamento da poesia nos temas sociais e políticos.
Essa divergência foi traduzida por Mário Chamie na criação do movimento conhecido como Poesia Práxis (Instauração Práxis). Daí decorreu o livro Lavra Lavra, de 1962, com o qual ganhou o prêmio Jabuti de poesia. Acerca da Poesia Práxis, assim se manifesta o autor em entrevista dada ao Projeto Memória Oral, da Biblioteca Mário de Andrade1: “Práxis: fazer e refazer constantemente as coisas, os signos, as pessoas, as emoções, os sentimentos, as palavras, em busca de novos, surpreendentes e contraditórios significados, porque o mundo não é uma inércia adormecida, o mundo não é uma lesma que tomou Lexotan, o mundo é uma coisa vigorosa”.
Mário Chamie desempenhou, ainda, funções públicas como a de Secretário da Cultura do Município de São Paulo (1979-1983), tendo inaugurado o Centro Cultural São Paulo. Atuou em televisão (Programa Dimensão 2. TV. Cultura) e rádio (Programa 50 por 1. Rede Record). Foi membro da Academia Paulista de Letras. Exerceu o magistério na Escola Superior de Propaganda e Marketing, desde 2004 até a proximidade da morte, ministrando a disciplina de Comunicação Comparada.
:: Fonte: CITELLI, Adilson. Mário Chamie: o poeta em busca de novas formas de comunicação. in: Comunicação e Educação (USP), ano XVIII, nº 2, jul/dez 2013.


Abertura
No espaço do campo, passa o homem e sua miragem.
No espaço da cidade, dorme o homem em sua passagem.
No espaço da consciência, gera o vírus a sua voragem.
Por todos esses espaços, de surda força indomável,
passa o espaço da palavra com sua selva sem margem.
Na selva dessa paisagem, no centro de sua arena,
age a força do poema, meu objeto selvagem.

- Mário Chamie, em "Sábado na hora da escuta: antologia poética". São Paulo: Summus Editorial, 1978, p. 11.


Mário Chamie - © foto: (...)

PRÊMIOS
1958 - Prêmio Nacional de Poesia, Porto Alegre RS, pelo livro "Os rodízios".
1962 - Prêmio Jabuti, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, São Paulo SP, pelo livro "Lavra Lavra".
1974 - Prêmio de Televisão, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, São Paulo SP, pelo programa "Dimensão 2" (TV Cultura).
1974 - Prêmio Governador do Estado de São Paulo - São Paulo SP, pelos originais do livro "Linguagem Virtual".
1976 - Prêmio de Ensaio, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte - São Paulo SP, pelo livro "Linguagem virtual".
1977 - Prêmio de Poesia, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, São Paulo SP, pelo livro "Objeto selvagem".

1998 - Prêmio Alphonsus de Guimaraens, concedido pela Fundação Biblioteca Nacional.
2003 - Prêmio Portugal Telecom, (3° lugar), pelo livro "Horizonte de esgrimas".



OBRA DE MÁRIO CHAMIE
Mário Chamie  - © foto: Edu Simões (2001)
Poesia
:: Espaço inaugural. São Paulo: Edições Leia, 1959, 59p.
:: O lugar. 1957.
:: Os rodízios. São Paulo: Clube de Poesia, 1958,  86p.
:: Lavra lavra. São Paulo: Massao Ohno Editora, 1962, 140p.
:: Now tomorow mau. 1963.
:: Indústria. São Paulo: Mirante das Artes, 1967.
:: Planoplenário. 1974.
:: Objeto selvagem.
São Paulo: Edições Quíron|MEX, 1977, 586p.
:: Configurações. 1977.
:: Conquista de terreno. 1977.
:: Sábado na hora da escuta: antologia poética. São Paulo: Summus Editorial, 1978, 126p.
:: A quinta parede. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986, 154p.
:: Natureza da coisa. São Paulo: Maltese, 1993, 117p.
:: Caravana contrária. São Paulo: Geração Editorial, 1998, 200p.
:: Horizonte de esgrimas: poemas. Ribeirão Preto SP: Funpec Editora, 2002, 200p.

:: Objeto selvagem: poesia completa. São Paulo: Editora Scandar, 2007, 1240p.
:: Um roteiro de Lavra lavra. [edição comemorativa do cinquentenário do livro Lavra lavra]. 1ª ed., Ribeirão Preto SP: Funpec Editora, 2011, 301p.

Prosa
:: Paulicéia dilacerada. Ribeirão Preto SP: Funpec Editora, 2009, 204p.

:: Neonarrativas: breves e longas. Ribeirão Preto SP: Funpec Editora, 2011, 289p. 

Ensaio
:: Palavra-levantamento na poesia de Cassiano Ricardo. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1963, 141p.
:: Alguns problemas e argumentos. São Paulo: Conselho Estadual da Cultura, 1968.
:: Intertexto. São Paulo: Edição Praxis, 1970, 509p.
:: A transgressão do texto. São Paulo: Edição Práxis, 1972.
:: Instauração praxis I.
São Paulo: Edições Quíron, 1974.
:: Instauração praxis II. São Paulo: Edições Quíron, 1974.
:: A linguagem virtual.
São Paulo: Edições Quíron, 1976, 221p.
:: A casa da época. São Paulo: Secretaria da Cultura| Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1979, 377p.
:: Mário de Andrade: discurso carnavalesco. 1979.
:: A falação possessória. 1991.
:: Caminhos da carta: uma leitura antropofágica da Carta de Pero Vaz de Caminha. Ribeirão Preto SP: Funpec Editora, 2002, 300p.
:: A palavra escrita: ensaios. Ribeirão Preto SP: Funpec Editora, 2004, 400p.


Mário Chamie - © foto: (...)
Tese Doutorado
CHAMIE, Mário. A falação possessória - vanguarda e modernismo brasileiro. (Tese Doutorado em Letras). Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 1993.


Ensaios, artigos em livros (cap.), revistas e jornais
CHAMIE, Mário.
Depoimento - Mário Chamie. in: Biblioteca Mário de Andrade - BMA|Projeto Memória Oral. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016). 
_______ . The entropic tropic of tropicália. In: Carlos Basualdo. (Org.). Tropicália - A revolution in brazilian culture(1967-1972). 1ª ed., New York: Cosacnaify, 2005, v. 1, p. 261-265.
_______ . Personagens malandros e boêmios da literatura. Bravo!, São Paulo, p. 20-20, 1 ago. 2005.
_______ . Práxis: a vanguarda nova e a nova poesia brasileira. in.: JUNQUEIRA, Ivan (org). Escolas literárias no Brasil. Tomo II. Rio de Janeiro: ABL, 2004.
_______ . Cultura Brasileira: siglas, tombamentos e contradições. Problemas Brasileiros, São Paulo, n.254, p. 4-20, 1985.  
_______ . Enigma: claro e escuro. Suplemento de Cultura - O Estado de São Paulo, 30.9.1984.
_______ . As metáforas da transigência. O Estado de S. Paulo, Suplemento Literário, , v. 1, p. 5 - 5, 8 jul. 1967. 

CD - Poesia
:: Escritor por ele mesmo. Mário Chamie. São Paulo: IMS, 2001.
Sinopse: Na coleção 'O escritor por ele mesmo', diversos nomes da produção literária do país - que participaram de encontros nos centros culturais do IMS - leem trechos de suas obras. Conteúdo - Poema do livro 'Objeto selvagem'; De 'Espaço inaugural'; De 'O lugar'; De 'Configurações'; De 'A quinta parede'; De 'Planoplenário'; De 'Natureza da coisa'; De 'Caravana contrária'; De 'Horizonte de esgrimas'.


Exposição
Mário Chamie - © foto: (...)
:: Geração de 45/50 anos: exposição comemorativa - 25 de maio a 24 de junho de 1995. [colaboradores Emilie Chamie, Mário Chamie, Serviço Social do Comércio, Club de Poesia]. São Paulo: SESC, 1995. 

Antologia (participação)
:: Literaturas ibericas y latinoamericanas contemporaneas - una introducción. [coordinación, introducción y notas Olver Gilberto de León; vários colaborateurs]. Editions Ophrys, 1981.
:: Antologia de poesia contemporânea brasileira. [organização Álvaro Alves de Faria]. Lisboa|Portugal: Editora Alma Azul, 2000. 
:: Os cem melhores poetas brasileiros do século. [seleção José Nêumanne Pinto; textos introdutórios e notas biobibliográfica Rinaldo de Fernandes; ilustrações Tide-Hellmeister; pesquisa, revisão dos poemas e coordenação de direitos autorais Sandra Moura]. 1ª ed., São Paulo: Geração Editorial, 2001; 2ª ed., 2004.
:: 100 anos de poesia: um panorama da poesia brasileira no século XX. [organização Claufe Rodrigues, Alexandra Maia]. 2 vol., Rio de Janeiro: O Verso Edições, 2001.

Entrevista
CASTELLO, José. Mário Chamie. (entrevista). in: O Estado de São Paulo, 19.6.2001 |reproduzida em UBERN. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016). 
PETRONIO, Rodrigo. Mário Chamie: a palavra-poema e a poesia em movimento. (entrevista). in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).


"Mário Chamie, inspirador e principal teórico do grupo Praxis, tentou de certo modo preservar a estrutura do poema, além de manter um forte lastro de realidade. As suas experiências são interessantes como tentativa de manter a tradição de Modernismo sem renunciar o espirito de vanguarda."
- Antonio Candido, "Orelha" do livro "Caravana contrária", de Mário Chamie. São Paulo: Geração Editorial, 1998. 



"Sou um escritor independente. Acredito no poder individual da criação, sem ranço livresco nem subserviência a argumentos de autoridade. Divido o meu trabalho em duas frentes: a da ação poética e a da poética da ação. Minha ação poética está nos livros que escrevi e escrevo. A minha poética da ação está nas obras materiais que realizei, em benefício público e comunitário. Exemplo de ação poética é a Instauração Práxis e a transformação que ela representa para a poesia brasileira da segunda metade do século vinte aos nossos dias."
- Mário Chamie, in: "Antologia de poesia contemporânea brasileira". [organização  Álvaro Alves de Faria]. Lisboa|Portugal: Editora Alma Azul, 2000.


Mario Chamie -  © foto: Jair Bertolucci (Cedoc FPA)

BREVE ANTOLOGIA POÉTICA DE MÁRIO CHAMIE
Auto-estima
     Sou Chamie,
venho de Damasco.
     Franco-egípcio
  é o meu passado.
Sírio sou helenizado.

   De Damasco
ao meu legado,
   sou católico
     e islâmico,
copta apostólico
   catequizado.

     No pórtico
   mediterrânico,
  sou ático e arábico.
 Vou contra o deserto
de desafetos contrários.

Sem custo nem preço
     que se meça,
em nome de meu gênio
  atlântico e adriático,
    desprezo a cabeça
      e a sentença
de meus adversários,
adversos e vicários.

Sou Chamie, Mário.
   Franco-egípcio
  é o meu passado.
 Por onde entro,
venho de Damasco
    pela porta
 do apóstolo Paulo.
Sírio sou helenizado.
Venho de Damasco,
  por onde saio.
- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 26-27.

§


A parábola do algodão e do pão
 se uma mordida num chumaço
de algodão/um arrepio.

se uma mordida num pedaço
de pão/um não vazio.

            se o chumaço
         no ouvido de um faminto
           :um som sentido.

         se um sem sentido 
              do faminto
       :um pedaço não mordido.

se o não vazio de um pedaço
de pão/um bem mordido.

se o bom macio de um chumaço
de algodão/um mal sentido.

o mal sentido do faminto
de pão vazio:

com o sem sentido do vazio
num algodão mordido. 
 
- Mário Chamie, em "Sábado na hora da escuta: antologia poética". São Paulo: Summus Editorial, 1978.

§


Arado
Não talho, o leve risco talha
                 a terra
e a garra vira a terra e leva
                 o barro
para a via, via de grama e pedra.

Nem malho, a fina serra fende
                 o tronco
e a foice corta o tronco e mostra
                 a polpa
para o dia, dia de sol e faca.

Não fundo, o raso corte trilha
                 o solo
e o sulco sulca o solo e rompe
                 o lodo
para o rio, fio de água e musgo.

Nem brando, o duro aço rasga
                 a carne
e o rasgo marca a face e deixa
                 a terra
para o cio, cio de fêmea e seiva. 

- Mário Chamie, em "Sábado na hora da escuta: antologia poética". São Paulo: Summus Editorial, 1978.

§

Esboço de breve
manifesto dromedário

O movimento dormedário
    das ruas públicas
      traz sem rum
       para dentro
   de câmaras e muros
  o lento sono de cágados
 e baudelaires sonâmbulos.

Drummonds lentíssimos
  de memórias e minas
       moevem
no sono de pastos exclusos
    passos bovinos
  de dromedários graúdos.

Ideogramas e rasuras,
 apócrifos rascunhos
imprimem nos discípulos
    de otários discursos
  elípticos ezra pounds
de dromedários eunucos.

   Colóquios falados
  de bandeiras tísicos e líricos
   sopram na brisa
   de auras alígeras
  pasárgadas vulgívagas
de tímidos dromedários
        ariscos.

   Andrajos de andradas
     e lerdos oswalds
jogam o jogo mínimo,
  cínico e cítrico
com minutos e piadas
  de pífios dromedários
      nanicos.

Brancos espaços, ocas sintáxes
e cacos de mallarmés neófitos
        cobrem por alto
      fúteis galáxias
    de depósitos e códigos
de dromedários monótonos.

   Xadrezes do engano
   hipnóticos cemitérios
    em valery teóricos
    infalma o mistério
     e o rebanho
   dos sonsos hipocampos
  de dromedários tacanhos.

Jorges ilhados de limas
      rimas
   e cactos proféticos
  atraem sobre a calma
    de erros amenos
   faustinos prolixos
  de dormedários ineptos.

Se a palavra basta
       basta
  nos poemas em paes,
      josés e paulos
    de meia-palavra falaz
  mastigam o feno e o menos
 de um dromedário sem gás.

    Ínfames formigas,
      zigue-zagues
   em quinas de mesa
        mínima
   ruminam paralíticas
  cummings contidos
     nas linhas e letras
  de dromedário raquíticos.

    No âmago das convergências
      de plataforma voláteis
 movem-se pânicos e hispânicos
    murilos de vento
     por obra de arte
  de dromedários canônicos.

Desse edifício eu, Mário,
   não sou condômino.
 Sou o anti-dromedário
  dos camelôdromos
     anódinos.

Contra o pasto epigônico,
   gênio único e vulcânico
     sou de mim
 meu próprio homônimo.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 14-17.
 
§

Esfinge de pedra
 Trouxeram
- assim disseram -
sobre omoplatas e clavículas
   a pedra poderosa.
 Disseram ter rosto
  a pedra cósmica.
  Alguém dissera
   que a pedra
   era teósofa.
Alguém sonhara
que, excêntrica, a pedra
  pertencer à esfera adâmica
   que, em seu diâmetro,
   pétreos seres sidéreos
     e outros seres
   vegetais numéricos.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 34.
 
§

Mário Chamie - foto: (...)
Eu cósmico
Por um erro ótico
    e estético,
  Ptolomeu pôs
no centro da terra
o tempo de um eu
   desértico.

Logo, o logos se deu
  que o erro é ótico,
 pois a lógica do eu
  fora da terra
gira em órbita contrária
por dentro de outra esfera.

O eu de Ptolomeu
  cósmico e esteta
por fora se fizera.
Fês da terra o erro
do desterro que navega
e erra por cêus
e círculos concêntricos.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 36.
 
§  

O tolo e o sábio
O sábio que há em você
não sabe o que sabe
o tolo que não se vê.

Sabe que não se vê
o tolo que não sabe
o que há de sábio em você.

Mas do tolo que há em você
não sabe o sábio que você vê.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998.


§

     Os afixos
das palavras escusas
  (incertas garatujas)
   rondam e cavam
    - astúcia fina -
  o fosso de minhas
 pânicas dúvidas cínicas.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 21.
 
§


Palavra de homem
Um pouco de amargura não resolve.
      Um pouco de amargura
      se dissolve,
se nesta cidade
não conheces o outro
que está perto e pouco.

A palavra de homem em tua boca
espera a palavra e o nome
                            de peso e cobre.
Espera a voz do outro
que acusa a palavra pouca
e explode a armadura
dessa amargura rouca.

Falar não salva o homem.
- Estás na outra
                  palavra do outro
                      perto e solto.
Falar não abre a porta
            não abre a cela
            não salva o foco
            de tuas chagas.
Falar só salva, salvo
se o outro
                                 do outro lado
fale por tua boca:
               - a fala pouca
               que te dissolve
               a arma pura
               desta amargura
               que não resolve.

 - Mário Chamie, em "Sábado na hora da escuta: antologia poética". São Paulo: Summus Editorial, 1978.

§


Pedregosa rosa 
A mão sorridente
 sobre a boca
  vertiginosa
 põe os dedos efusivos
   sobre a pétala
 desta rosa pedregosa.

 Não é a faca florida
a faca que mais corta
  a cauda dessa rosa
    rancorosa.

o não indecente
   da hora
 suspira e se afoga
 no fofo dessa toca,
a cálida area rósea
desta porosa pedra
   vaporosa.


 Por obra da hora
a mão insolvente
   da pétala
 floresce e afaga
 a boca rochosa
de arestas na pedra
desta pétrea raivosa
    rosa.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 45-46.


§

Submissão
1
no topo desta escada
tem um chefe
que te olha.
na curva desta estrada
tem um dono
que me manda.

2
mais desço quando subo,
a cada passo,
se me movo
para cima e para baixo,
mais volto quando ando,
a cada passo,
para frente e para os lados,
na curva desta estrada,
se me curvo
sem mais nada.

3
no caminho em que caminho
cruzo os braços
a cada passo
e, mudo, avanço
no caminho sem recuo
que me leva
nesta escada,
nesta estrada
a cada curva que me curva
tão curvada.

4
a cada passo,
mais tropeço
se começo
nesta dança
sob o peso
desta canga
que já levo
sobre os ombros;
sobre os ombros
já tão curvos
já tão duros
no silêncio em que me escondo.

5
a cada passo, em cada curva
só te vejo tão curvado,
que dependo da procura procurada
na ida desta volta,
nesta rota que me enrola
nesta terra, neste piso,
neste sítio,
neste estado de capacho
que me prende
pela frente, pelas costas,
já por dentro e já por fora,
lado a lado
no macio do teu corpo,
no consolo de meu pasto. 
 
- Mário Chamie, em "Sábado na hora da escuta: antologia poética". São Paulo: Summus Editorial, 1978.

§

    Tempo imperfeito
 A voz passiva
age por dentro
  A voz ativa
 por fora age
ao sopro do vento.

O sujeito que ativa
   a voz de dentro
    cobra por fora
     a voz passiva
 que sopra o vento.

Nenhum sujeito
  divisa por fora
 O objeto perfeito
 de um verbo neutro
que o tempo acorda.

  Passivo e ativo
   todo sujeito
 por dentro cobra
  o preço e a hora
 que - imperfeito -
   o tempo explora.

- Mário Chamie, em "Caravana contrária". São Paulo: Geração Editorial, 1998, p. 31.


****


"A originalidade de Mário Chamie é plural. Não se repete, tão diversa se apresenta. Imprevistos. Impossíveis. Sugere ionescamente absurdos.
Nunca se banaliza. Seu verso incisivo é unicamente seu. Não apresenta parentesco com o de nenhum outro poeta. É de tal modo singular que a poesia, por vezes, é transpoesia e não poesia. É uma expressão nova em língua portuguesa. Não lembra nenhuma outra. Sua filosofia é também uma filosofia tão sua que é nova. Transfilosofia.
Talvez num ou noutro breve momento seu verbo faça paradoxalmente pensar em Augusto dos Anjos. Mas muito paradoxalmente. Muito absurdamente. Só em ênfases inesperadas de quem canta, pensando. Sem nenhum dos cientificismos de Augusto. Com alguma coisa de "musa social", é certo. Daí José Guilherme Merquior fazer dele, neste particular, outro João Cabral de Melo Neto: o do Cão sem Pluma e do Rio. Mas outro João Cabral, poeta social que, dado o absoluto da sua originalidade, é de fato, muito outro.
Modernista que reviva a tradição brasileira desse ismo? Não creio que seja. Não se compreende que o arguto Antonio Candido sugira tal que aproximações perdem, todas, o sentido de semelhanças mesmo indiretas.
Em Mário Chamie, a criatividade se apresenta tão dele - e tão somente dele - que é como se palavras, ou relações entre palavras, nascessem com ele, como se fossem de todo inventadas."
- Gilberto Freyre, em 'Contracapa' do livro "Caravana contrária", de Mário Chamie. São Paulo: Geração Editorial, 1998.

Mário Chamie - foto: (...)
FORTUNA CRÍTICA DE MÁRIO CHAMIE
AUDIGIER, Emilie Geneviève. Mário Chamie in La poésie du Brésil: anthologie du XV au XXe siècle. (verbete). Paris: Chandeigne, 2012. 
BORBA, Samanta Angélica Spindler de.. Uma revisão crítica da Poesia Concreta a partir da postura de Chamie. (Monografia Graduação em Língua Portuguesa e Literaturas). Universidade Federal de Pelotas, UFPel, 2004.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2003.
CABRAL, Antonio Carlos. Texto Praxis. São Paulo: Edição Praxis, 967. 
CARVALHO, Helba. Da poesia concreta ao poema-processo: um passeio pelo fio da navalha. (Dissertação Mestrado em Literatura Brasileira). Universidade de São Paulo, USP, 2002. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
CITELLI, Adilson. Mário Chamie: o poeta em busca de novas formas de comunicação. in: Comunicação e Educação (USP), ano XVIII, nº 2, jul/dez 2013, p. 115-119.
DUCLÓS, Nei. Cultura e futebol: a lógica do improviso. in: Consciência, 5 set. 2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).

FRANCHETTI, Paulo. Estudos de literatura brasileira e portuguesa. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.
FREITAS, Anderson de Moura. O poema curto na literatura brasileira: um percurso pelo século XX. Mestrado em Literaturas de Língua Portuguesa). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, 2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
JC ONLINE. Aos 78 anos, morre o poeta Mário Chamie. in: Jornal Cruzeiro, 4.7.2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
LABAKI, Amir. Os vários Mários de Chamie. in: Valor, 12.8.11| reproduzido em "BresserPereira. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
JUNQUEIRA, Ivan. Escolas literárias no Brasil. Volume 1. Coleção Austregésilo de Athayde. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2004, 838p.
MENDONÇA, Antônio Sérgio; , Álvaro. Poesia de vanguarda no Brasil: de Oswald de Andrade ao poema visual. Rio de Janeiro: Antares, 1983.
MOISÉS, Carlos Felipe. A quinta parede, Mário Chamie (resenha). Revista Visão, São Paulo, p. 68 - 69, 6 ago. 1986. 
PEREIRA, Rodrigo Cardoso. A concepção de palavra na poesia práxis. (Dissertação Mestrado em Teoria e História Literária). Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2010. Disponível no link e link. (acessado em 1.3.2016).
PETRONIO, Rodrigo. A palavra-poema e a poesia em movimento. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
PINTO, José Nêumanne. Mário Chamie. in: neumanne. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
PINTO, José Nêumanne. Um testamento de plena liberdade. in: Estadão - cultura, 9 julho de 2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
PINTO, José Nêumanne. Mário Chamie. Um testamento de plena liberdade. in: © O Estado de S. Paulo, sábado, 9 de julho de 2011, Sabático, S05. reproduzido em Neumanne. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
PORTELA, Eduardo. Mário Chamie (1933-2011). in: Revista Brasileira, n. 68 - Academia Brasileira de Letras - ABL, p.65-66. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016). 
QUEVEDO, Rafael Campos. A poesia no horizonte do impossível: uma análise dos fundamentos utópicos da poesia concreta e do poema-práxis. (Dissertação Mestrado em Estudos Literários). Universidade Federal do Espírito Santo, UFES, 2007. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
RICARDO, Cassiano. Poesia Práxis e 22. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966. 
ROVEDO, Salomão (org.). Abgar Renault. Antologia de sonetos. Exceto Sonetos Antigos, 1923. Compilados de Obra poética. Record, 1990. Disponível no link. (acessado em 1.3.2016).
SANTOS, Acácio Luiz. Observações sobre Espaço inaugural, de Mário Chamie. Cadernos de Letras - UFF no. 9, Niterói - RJ, v. 1, p. 75-79, 1994.
SCHWARZ, Roberto. No centro: Mário Chamie. in: O Estado de São Paulo, 18.4.1959.


"Esta ruptura en la vanguarida literaria se debe a la aparción de un poeta revolucionário, pero al mismo tiempo cuidadoso de las innovaciones poéticas que han abierto un ilimitado campo de acción al arte: Mário Chamie quien se ha colocado com su libro Objeto Salvaje como uno de los más importante poetas da América latina."
- Aguilar de La Torre, "Orelha" do livro "Caravana contrária", de Mário Chamie. São Paulo: Geração Editorial, 1998.
 
Mário Chamie - foto (...)

“A poesia brasileira alimenta, ao longo de sua história, um jogo de oposições e contrastes. Esse jogo não implica necessariamente rivalidade mortal dos pólos opostos, de tal modo que um sobreviva à custa da exclusão do outro. A tradição dos opostos pendulares de nossa poesia não elimina os contrários. Não. Na verdade, o que  ela estabelece é uma transfusão das substâncias próprias de cada um. Transfusão sem a qual nem um nem outro subsistiria. 
 Mário Chamie, em "Enigma: claro e escuro". Suplemento Cultura - O Estado de São Paulo, 30.9.1984.


Mário Chamie - foto (...)
OUTRAS REFERÊNCIAS E FONTES DE PESQUISA 
:: Academia Paulista de Letras
:: Alguma Poesia - Carlos Machado
:: Antonio Miranda
:: Biblioteca Mário de Andrade - Prefeitura de São Paulo

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João Guimarães Rosa - carta ao cônsul Cabral

João Guimarães Rosa - foto: acervo família JGR
Encontramos* na loja do "Seu Brasinha" cópia de uma carta escrita por Guimarães Rosa, endereçada ao cônsul Cabral, seu colega, publicada no dia 25/11/1967, no Jornal da Tarde, poucos dias após a sua morte:

Célebre carta composta completamente com C comprida, contém cantada, crítica conta cônsules.


     Consul caro colega Cabral,
  

    Compareço, confirmando chegada cordial carta.

    Contestando, concordo, contente, com cambiamento comunicações conjunto colegas, conforme citada consolidação confraria camaradagem consular.
    Conte comigo: comprometo-me cumprir cabalmente, cabralmente condições compendiadas cláusulas contexto clássico código. (Contristado, cumpre-me consolidação coligar cordialmente conjunto colegas?...crês?...crédulo!...considera:...”cobra come cobra!...” coletividade cônsules compatrícios contém, corroendo cerne, contubérnios cubiçosos, clãs, críticos, camarilhas colitigantes... contrastando, contam-se, claro, corretos contratipos, capazes, camaradas completos.) Concluindo: contentemo-nos com correspondermo-nos, caro Cabral, como coirmãos compreensivos, colaborando com colegas camaradas, combatendo corja contumaz!...

    Contudo, com comedida cólera, coloco-me contra certos conceitos contidos carta caro colega, cujas conclusões, crassamente cominatórias, combato, classificando-as como corolários cavilosos, causados conturbação critério, comparável consequências copiosa congestão cerebral. Caso concordes cancelá-los , confraternizaremos completamente, com compreenção calorosa, cuja comemoração celebrarei consumindo cinco chopes (cerveja composta, contendo coisas capiciosas: corantes complicados, copiando cevada, causando cólicas cruéis...)

    Céus! Convém cobrar compostura. Cesso contumélias, começando contar coisas cabíveis, crônica comtemporânea:
    Como comprovo, continuo coexistindo concerto conviventes coevos, contradizendo crença conterrâneos cariocas, certamente contando com completa combustão, cremação, calcinação corpos cônsules caipiras cisatlânticos...

    Calma completa? Contrário! Cessado crepúsculo, céu continuamente crepitante. Convergem cimo curvos clarões catanúvens, cobrindo campinas celestes, crivadas constelações.

    Convidados comparecem, como corujas corajosas, contra cidade camuflada. Coruscam célebres coriscos coloridos. Côncavo celeste converte-se cintilante caverna caótica, como casa comadre camarada. Crebro, cavernoso, colérico, clama colossal canhonêio. Canhões cospem cometas com cauda carmesim. Caem coisas cilindro-cônicas, calibrosas, compactas, com carga centrífuga, conteúdo capaz converter casas cascalho, corpos compota, crâneos canjica. Cavam-se ciclópicas crateras (cultura couve-colosso...). Cacos cápsulas contraaéreas completam carnificina. Correndo, (canta, canta calcanhar!...) conjurando Churchil, conjeturando Coventry, campeio competente cobertura, convidativo cantinho, coso-me com chão, cautelosamente. Credo! (como conseguir colocar-me chão carioca Confeitaria Colombo, C.C., Copacabana, Catumbi???)
    Cubiço, como creme capitoso, consulados Calcutá, Cobija!... Calma, calma; conseguiremos conservar carcaças.

    Contestando, comunico cá conseguimos comboiar cobre captado (colheita consular comum), creditando-o cofres consignatário competente, calculo consegui-lo-ás, contanto caves corajosamente.

    Conforme contas, consideras cós curtos como cômoda conjuntura, configuradora cinematográficoa contornos carnes cubicáveis. Curioso! Caso curtificação continue, conseguiremos conhecer coxas, calças?...Cáspite
    Continuarei contando. Com comoção consentânea com cogitações contemporâneas, costumo compor canções. Convém conhêças:


    CANTADA
    Caso contigo, Carmela
    Caso cumpras condição
    Cobrarei casa, comida,
    Cama, cavalo, canção
    Carinho, cobres, cachaça,
    Carnaval camaradão
    Cassino (com conta certa)
    Cerveja, coleira e cão,
    Chevrole cinco cilindros
    Canja e consideração,
    Calista, cabelereiro
    Cinema, calefação,
    Chá, café, confeitaria,
    Chocolate, chimarrão
    Casemira – cinco cortes
    Cada compra, comissão,
    Conforto, comodidades,
    Cachimbo, calma,... caixão,
    Convem-te, cara Carmela?
    Cherubim!...Consolação!...
    (caso contrário, cabaças!
    Casarei com Conceição.)
    Caso contigo, Carmela,
    Correndo com coração!...

    Chega. Caceteei? Consola-te: concluí.

    Com cordial, comovido: colega constante camarada,

    a) J. Guimarães Rosa
    Consul, capitão, clínico conceituado.

    Confirme chegada carta, comunicando-me com cartão.Confirme chegada carta, comunicando-me com cartão.

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:: Fonte: Cordisnotícias | por
*Adriano Bossi com historiador José Osvaldo "Brasinha". 27.2.2016. (acessado em 29.2.2016).


João Guimarães Rosa, por (...)
TEM MAIS JOÃO GUIMARÃES ROSA POR AQUI
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