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Wisława Szymborska - poemas II

Wislawa Szymborska - poeta polonesa

Wisława Szymborska, nasceu em 1923 em Bnin, na Polônia, e morreu em 2012. Em 1931 mudou-se com a família para a Cracóvia, onde estudou literatura e sociologia. Ao longo da vida, publicou doze pequenas coletâneas de poemas. Em 1996, a poeta ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Leia mais sobre a autora AQUI!


“(…) O poeta, se é um poeta de verdade, deve repetir constantemente para si mesmo: ‘não sei’. Cada poema seu é uma tentativa de resposta, mas, assim que ele coloca o ponto final, já o espreita a dúvida, já começa a se dar conta de que aquela é uma resposta temporária e totalmente insuficiente. E assim tenta mais uma vez, e mais outra e depois os historiadores da literatura juntam com um grande clipe essas sucessivas provas de sua insatisfação consigo mesmo e chamam-nas de sua ‘obra’.”
- Wislawa ao receber o Nobel, fala sobre o ofício do poeta. 


Seleção de poemas da poeta polonesa Wisława Szymborska em edição bilíngue

*Leia a primeira seção de POEMAS I. AQUI!


INSTANTE 

Instante

Caminho pela encosta de uma colina verdejante.
Grama, florezinhas na grama,
como numa gravura para crianças.
O céu nevoento já azulando.
A vista de outras colinas se amplia em silêncio.

Como se aqui não tivesse havido cambrianos e silurianos,
rochas rosnando uma para a outra,
abismos elevados,
noites em chamas
e dias em nuvens de escuridão.

Como se por aqui não tivessem se movido as planícies
em delírios febris,
calafrios gelados.

Como se só alhures tivessem fervilhado os mares
e rompido as margens dos horizontes.

São nove e trinta, hora local.
Tudo no lugar e em assente concórdia.
No vale, um riacho pequeno como riacho pequeno.
Um caminho em forma de um caminho desde sempre para sempre.

Um bosque simulando um bosque pelos séculos dos séculos, amém,
e no alto, pássaros em voo no papel de pássaros em voo.
Até onde a vista alcança, reina aqui o instante.
Um daqueles instantes terrenos
que se pede que durem.

*

Chwila

Idę stokiem pagórka zazielenionego.
Trawa, kwiatuszki w trawie
jak na obrazku dla dzieci.
Niebo zamglone, już błękitniejące.
Widok na inne wzgórza rozlega się w ciszy.

Jakby tutaj nie było żadnych kambrów, sylurów,
skał warczących na siebie,
wypiętrzonych otchłani,
żadnych nocy w płomieniach
i dni w kłębach ciemności.

Jakby nie przesuwały się tędy niziny
w gorączkowych malignach,
lodowatych dreszczach.

Jakby tylko gdzie indziej burzyły się morza
i rozrywały brzegi horyzontów.

Jest dziewiąta trzydzieści czasu lokalnego.
Wszystko na swoim miejscu i w układnej zgodzie.
W dolince potok mały jako potok mały.
Ścieżka w postaci ścieżki od zawsze do zawsze.

Las pod pozorem lasu na wieki wieków i amen,
a w górze ptaki w locie w roli ptaków w locie.
Jak okiem sięgnąć, panuje tu chwila.
Jedna z tych ziemskich chwil
proszonych, żeby trwały.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

O silêncio das plantas

A relação unilateral entre mim e vocês
até que não vai tão mal.

Sei o que é folha, caule, pétala, pinha e espiga
e o que lhes acontece em abril e em dezembro.

Embora minha curiosidade não seja recíproca,
me debruço só para ver algumas de vocês
e para ver outras ergo a cabeça.

Dou-lhes nomes:
bordo, bardana, hepática,
urze, zimbro, visco, miosótis,
mas vocês não me dão nenhum.

Partilhamos a mesma viagem.
Durante uma viagem conjunta é costume conversar, afinal,
trocar impressões, nem que seja sobre o tempo
ou sobre as estações que passam no trajeto.

Não faltariam assuntos, pois temos muito em comum.
Essa mesma estrela nos mantém sob seu alcance.
Projetamos sombras na base das mesmas leis.
Procuramos saber algo, cada qual do seu jeito,
e somos parecidos também no que não sabemos.

Perguntem, e eu lhes explicarei como puder:
o que é isso de ver com os olhos,
para que bate meu coração
e por que meu corpo não tem raízes.

Mas como responder a perguntas não feitas,
se além disso se é alguém
que para vocês é tão ninguém.

Epífetas, arvoredos, prados, juncos —
tudo que lhes digo é monólogo
e não são vocês que escutam.

Uma conversa entre nós é imperiosa e impossível.
Urgente na vida apressada
e adiada para nunca.

*

Milczenie Roślin

Jednostronna znajomość między mną a wami
rozwija się nie najgorzej.

Wiem, co listek, co płatek, kłos, szyszka, łodyga,
i co się z wami dzieje w kwietniu, a co w grudniu.

Chociaż moja ciekawość jest bez wzajemności,
nad niektórymi schylam się specjalnie,
a ku niektórym z was zadzieram głowę.

Macie u mnie imiona:
klon, łopian, przylaszczka,
wrzos, jałowiec, jemioła, niezapominajka,
a ja u was żadnego.

Podróż nasza jest wspólna.
W czasie wspólnych podróży rozmawia się przecież,
wymienia się uwagi choćby o pogodzie,
albo o stacjach mijanych w rozpędzie.

Nie brakłoby tematów, bo łączy nas wiele.
Ta sama gwiazda trzyma nas w zasięgu.
Rzucamy cienie na tych samych prawach.
Próbujemy coś wiedzieć, każde na swój sposób,
a to, czego nie wiemy, to też podobieństwo.

Objaśnię jak potrafię, tylko zapytajcie:
co to takiego oglądać oczami,
po co serce mi bije
i czemu moje ciało nie zakorzenione.

Ale jak odpowiadać na niestawiane pytania,
jeśli w dodatku jest się kimś
tak bardzo dla was nikim.

Porośla, zagajniki, łąki i szuwary —
wszystko, co do was mówię, to monolog,
i nie wy go słuchacie.

Rozmowa z wami konieczna jest i niemożliwa.
Pilna w życiu pospiesznym
i odłożona na nigdy.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Poça d´água

Lembro bem daquele medo na infância.
Evitava as poças,
sobretudo as novas depois da chuva.
Afinal uma delas poderia não ter fundo
mesmo se parecendo com as outras.

Piso e súbito desabo inteira,
levanto voo para baixo,
cada vez mais para baixo,
na direção das nuvens reflectidas
e talvez mais além.

Depois a poça seca,
se fecha sobre mim,
e eu presa para sempre — onde —
com um grito que não chega à superfície.

Só mais tarde veio a compreenção:
nem todas as aventuras más
cabem nas regras do mundo
e mesmo que quisessem
não poderiam acontecer.

*

Kałuża

Dobrze z dzieciństwa pamiętam ten lęk.
Omijałam kałuże,
zwłaszcza te świeże, po deszczu.
Któraś z nich przecież mogła nie mieć dna,
choć wyglądała jak inne.

Stąpnę i nagle zapadnę się cała,
zacznę wzlatywać w dół
i jeszcze głębiej w dół,
w kierunku chmur odbitych
a może i dalej.

Potem kałuża wyschnie,
zamknie się nade mną,
a ja na zawsze zatrzaśnięta — gdzie —
z niedoniesionym na powierzchnię krzykiem.

Dopiero później przyszło zrozumienie:
nie wszystkie złe przygody
nieszczą się w regułach świata
i nawet gdyby chciały,
nie mogą się zdarzyć.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

O primeiro amor

Dizem
que o primeiro amor é o mais importante.
Isso é muito romântico,
mas não é o meu caso.

Algo entre nós houve e não houve,
se deu e se perdeu.

Não me tremem as mãos
quando encontro as pequenas lembranças
e o maço de cartas atadas com barbante
— se ao menos fosse uma fita.

Nosso único encontro, anos depois
foi um dialogo de duas cadeiras
junto a uma mesa fria.

Outros amores
ainda respiram profundamente em mim.
Este não tem fôlego para suspirar.

E no entanto tal como é
consegue o que os outros ainda não conseguem:
deslembrando,
nem sequer sonhado,
me acostuma com a morte.

*

Pierwsza Miłość

Mówią,
że pierwsza miłość najważniejsza,
To bardzo romantyczny,
ale nie mój przypadek.

Coś między nami było i nie było,
działo się i podziało.

Nie drżą mi ręce,
kiedy natrafiam na drobne pamiątki
i zwitek listów przewiązanych sznureczkiem
— żeby chociaż wstążeczką.

Nasze jedyne spotkanie po latach
to rozmowa dwóch krzeseł
przy zimnym stoliku

Inne miłości
głęboko do tej pory oddychają we mnie.
Tej brak tchu, żeby westchnąć.

A jednak właśnie taka, jaka jest,
potrafi, czego tamte nie potrafią jeszcze:
niepamiętana,
nie śniąca się nawet,
oswaja mnie ze śmiercią.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Fotografia de 11 de setembro

Saltaram dos andares em chamas —
um, dois, alguns mais
acima, abaixo.

A fotografia os susteve em vida
e agora os mantém
sobre a terra em direção à terra.

Cada um ainda é um todo
com um rosto próprio
e o sangue bem escondido.

Há bastante tempo
para os cabelos se soltarem
e dos bolsos caírem
chaves, dinheiro trocado.

Ainda estão ao alcance do ar,
nos limites dos lugares
que acabaram de se abrir.

Só posso fazer duas coisas por eles —
descrever esse voo
e não acrescentar a última sentença.

*

Fotografia z 11 września

Skoczyli z płonących pięter w dół —
jeden, dwóch, jeszcze kilku
wyżej, niżej.

Fotografia powstrzymała ich przy życiu,
a teraz przechowuje
nad ziemią ku ziemi.

Każdy to jeszcze całość
z osobistą twarzą
i krwią dobrze ukrytą.

Jest dosyć czasu,
żeby rozwiały się włosy,
a z kieszeni wypadły
klucze, drobne pieniądze.

Są ciągle jeszcze w zasięgu powietrza,
w obrębie miejsc,
które się właśnie otwarły.

Tylko dwie rzeczy mogę dla nich zrobić —
opisać ten lot
i nie dodawać ostatniego zdania.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Bagagem de volta

Uma quadra de pequenas tumbas no cemitério.
Nós, que vivemos muito, passamos furtivamente,
como os ricos passam pelos bairros dos pobres.

Aqui jazem a Zosia, o Jacek, o Dominik,
prematuramente tirados do sol, da lua,
da mudança das estações, das nuvens.

Não juntaram muito na bagagem de volta.
Fragmentos de vista
não muito no plural.
Um punhado de ar com uma borboleta voando.
Uma colherinha de saber amargo no sabor amargo do remédio.

Desobediências miúdas,
algumas delas mortais.
Corrida alegre atrás de uma bola na estrada.
Patinação feliz sobre o gelo fino.

Aquela ali e aquela ao lado e aqueles mais além:
antes de alcançarem a altura da maçaneta,
quebrarem o relógio,
estilhaçaram a primeira vidraça.

Malgorzata, de quatro anos,
dois dos quais deitada a fitar o teto.
Rafalek: faltou um mês para cinco anos,
e à Zuzia faltou a festa natalina
com a fumacinha da respiração no ar gelado.

Que dizer então de um dia de vida,
de um minuto, um segundo:
escuridão, o fulgor de uma lâmpada, escuridão de novo?

KÓSMOS MAKRÓS
CHRÓNOS PARÁDOKSOS
Só o grego pétreo tem palavras para isto.

*

Bagaż powrotny

Kwatera małych grobów na cmentarzu.
My, długo żyjący, mijamy ją chyłkiem,
jak mijają bogacze dzielnicę nędzarzy.

Tu leżą Zosia, Jacek, Dominik,
przedwcześnie odebrani słońcu, księżycowi,
obrotom roku, chmurom.

Niewiele uciułali w bagażu powrotnym.
Strzępki widoków
w liczbie nie za bardzo mnogiej.
Garstkę powietrza z przelatującym motylem.
Łyżeczkę gorzkiej wiedzy o smaku lekarstwa.

Drobne nieposłuszeństwa,
w tym któreś śmiertelne.
Wesołą pogoń za piłką po szosie.
Szczęście ślizgania się po kruchym lodzie.

Ten tam i tamta obok, i ci z brzegu,
zanim zdążyli dorosnąć do klamki,
zepsuć zegarek,
rozbić pierwszą szybę.

Małgorzatka, lat cztery,
z czego dwa na leżąco i patrząco w sufit.
Rafałek: do lat pięciu brakło mu miesiąca,
a Zuzi świąt zimowych
z mgiełką oddechu na mrozie.

Co dopiero powiedzieć o jednym dniu życia,
o minucie, sekundzie:
ciemność i błysk żarówki i znów ciemność?

KÓSMOS MAKRÓS
CHRÓNOS PARÁDOKSOS
Tylko kamienna greka ma na to wyrazy.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Anotação

A vida — única possibilidade
para se cobrir de folhas,
tomar fôlego na areia,
voar com asas;

ser um cão
ou acariciar seu pelo quente;

diferenciar a dor
de tudo que não é ela;

imiscuir-se nos acontecimentos,
perder-se nas paisagens,
procurar o menor dentre os erros.

Ocasião excepcional
para lembrar por um momento
do que se falava
junto à lâmpada apagada;

e uma vez pelo menos        
tropeçar numa pedra,
molhar-se em alguma chuva,
perder chaves na grama
e seguir com a vista uma fagulha ao vento;

e incessantemente não saber
algo de importante.

*

Notatka

Życie — jedyny sposób,
żeby obrastać liśćmi,
łapać oddech na piasku,
wzlatywać na skrzydłach;

być psem,
albo głaskać go po ciepłej sierści;

odróżniać ból
od wszystkiego co nim nie jest;

mieścić się w wydarzeniach,
podziewać w widokach,
poszukiwać najmniejszej między omyłkami.

Wyjątkowa okazja,
żeby przez chwilę pamiętać,
o czym się rozmawiało
przy zgaszonej lampie;

i żeby raz przynajmniej
potknąć się o kamień,
zmoknąć na którymś deszczu,
zgubić klucze w trawie;
i wodzić wzrokiem za iskrą na wietrze;

i bez ustanku czegoś ważnego
nie wiedzieć.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§


DOIS PONTOS       

Ausência

Por pouco
a minha mãe não se casou
com o senhor Zbigniew B. de Zdunska Wola.
E se tivessem tido uma filha — não seria eu.
Seria talvez alguém com melhor memória para nomes e rostos
e para melodias ouvidas uma única vez.
Capaz de distinguir sem erro um pássaro de outro.
Com notas excelentes em física e química
e piores em polonês,
mas fazendo versos em segredo,
de imediato muito melhores do que os meus.

Por pouco
o meu pai nesse mesmo tempo não se casou
com a senhorita Jadwiga R. de Zakopane.
E se tivessem tido uma filha — não seria eu.
Seria talvez mais obstinada em conseguir o que quer.
Saltaria sem medo em águas profundas.
Disposta a render-se às emoções coletivas.
Sempre vista em vários lugares de uma vez.,
mas menos com um livro, mais no quintal,
jogando bola com os meninos.

Talvez as duas até se encontrassem
na mesma escola e na mesma sala.
Mas sem afinidades,
sem nenhum parentesco,
e longe uma da outra na foto da turma.

Aqui, meninas
— diria o fotógrafo — ,
as mais baixas na frente, as mais altas atrás.
E um belo sorriso quando eu der o sinal.
Mas antes contem,
estão todas aí?

— Sim, senhor, todas.

*

Nieobecność

Niewiele brakowało,
a moja matka mogłaby poślubić
pana Zbigniewa B. ze Zduńskiej Woli.
I gdyby mieli córkę — nie ja bym nią była.
Może z lepszą pamięcią do imion i twarzy,
i każdej usłyszanej tylko raz melodii.
Bez błędu poznającą który ptak jest który.
Ze świetnymi stopniami z fizyki i chemii,
i gorszymi z polskiego,
ale w skrytości pisującą wiersze
od razu dużo ciekawsze od moich.

Niewiele brakowało,
a mój ojciec mógłby w tym samym czasie poślubić
pannę Jadwigę R. z Zakopanego.
I gdyby mieli córkę — nie ja bym nią była.
Może bardziej upartą w stawianiu na swoim.
Bez lęku wskakującą do głębokiej wody.
Skłonną do ulegania emocjom zbiorowym.
Bezustannie widzianą w kilku miejscach na raz,
ale rzadko nad książką, częściej na podwórku,
jak kopie piłkę razem z chłopakami.

Może by obie spotkały się nawet
w tej samej szkole i tej samej klasie.
Ale żadna z nich para,
żadne pokrewieństwo,
a na grupowym zdjęciu daleko od siebie.

Dziewczynki, stańcie tutaj
— wołałby fotograf —
te niższe z przodu, te wyższe za nimi.
I ładnie się uśmiechnąć, kiedy zrobię znak.
Tylko jeszcze policzcie,
czy jesteście wszystkie?

—Tak, proszę pana, wszystkie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

ABC

Jamais vou descobrir
o que A. pensava de mim.
Se B. até o fim não me perdoou.
Porque C. fingia que estava tudo bem.
Que papel teve D. no silêncio de E.
O que F. esperava, se é que esperava.
Porque G. fingia, já que sabia muito bem.
O que H. tinha a esconder.
O que I. queria acrescentar.
Se o fato de eu estar ali ao lado
teve qualquer importância
para J., para K. e para o resto do alfabeto.

*

ABC

Nigdy już się nie dowiem,
co myślał o mnie A.
Czy B. do końca mi to wybaczyła.
Dlaczego C. udawał, że wszystko w porządku.
Jaki był udział D. w milczeniu E.
Czego F. oczekiwał, jeśli oczekiwał.
Czemu G. udawała, choć dobrze wiedziała.
Co H. miał do ukrycia.
Co I. chciała dodać.
Czy fakt, że byłam obok,
miał jakiekolwiek znaczenie
dla J. dla K. i reszty alfabetu.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Acontecimento

Céu, terra, manhã,
a hora: oito e quinze.
Sossego e silêncio
na grama amarelada da savana.
Na distância, um ébano
de folhas sempre verdes
e raízes espraiadas.

Súbito uma perturbação na doce imobilidade.
Dois seres que querem viver se lançam numa corrida.
Um antílope em fuga impetuosa
e atrás dele uma leoa ofegante e faminta.
As chances de ambos por um momento são iguais.
O fugitivo tem até certa vantagem.
E se não fosse essa raiz
que repont1a da terra,
se não fosse esse tropeço
de uma das quatro patinhas,
se não fosse a fração de segundo

na quebra do ritmo,
da qual se aproveita a leoa
com um grande salto —

À pergunta de quem é a culpa,
nada, só o silêncio.
Inocente o céu, circulus coelestis.
Inocente terra nutrix, a terra provedora.
Inocente o tempo, tempus fugitivum.
Inocente o antílope, Gazella dorcas.
Inocente a leoa, Leo massaicus.
Inocente o ébano, Diospyros mespiliformis.
E o observador com um binóculo,
em casos como este.
Homo sapiens innocens.

*

Zdarzenie

Niebo, ziemia, poranek,
godzina ósma piętnaście.
Spokój i cisza
w pożółkłych trawach sawanny.
W oddali hebanowiec
o liściach zawsze zielonych
i rozłożystych korzeniach.

Wtem jakieś zakłócenie błogiego bezruchu.
Dwie chcące żyć istoty zerwane do biegu.
To antylopa w gwałtownej ucieczce,
a za nią lwica zziajana i głodna.
Szanse ich obu są chwilowo równe.
Pewną nawet przewagę ma uciekająca.
I gdyby nie ten korzeń,
co sterczy spod ziemi,
gdyby nie to potknięcie
jednego z czterech kopytek,
gdyby nie ćwierć sekundy
zachwianego rytmu,
z czego korzysta lwica
jednym długim skokiem —

Na pytanie kto winien,
nic, tylko milczenie.
Niewinne niebo, circulus coelestis.
Niewinna terra nutrix, ziemia żywicielka.
Niewinny tempus fugitivum, czas.
Niewinna antylopa, gazella dorcas.
Niewinna lwica, leo massaicus.
Niewinny hebanowiec, diospyros mespiliformis.
I obserwator z lornetką przy oczach,
w takich, jak ten, przypadkach
homo sapiens innocens.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Consolação

Darwin.
Dizem que para relaxar lia romances.
Mas tinha uma exigência:
não podiam acabar mal.
Se achasse um assim,
atirava-o ao fogo com fúria.

Verdade ou não —
sou propensa a acreditar.

Percorrendo com a mente tantos espaços e tempos
saturou-se de ver tantas espécies extintas,
tantos triunfos dos mais fortes sobre os mais fracos,
tamanhas tentativas de sobrevivência,
mais cedo ou mais tarde inúteis,
que pelo menos da ficção
e sua microescala
tinha direito de exigir um happy end.

Portanto, necessariamente: um raio de sol entre as nuvens,
os amantes juntos de novo, famílias reconciliadas,
dúvidas dissipadas, fidelidade recompensada,
bens recuperados, tesouros desenterrados,
vizinhos arrependidos de sua birra,
o bom nome devolvido, a avareza envergonhada,
solteironas casadas com respeitáveis pastores,
intrigantes deportados para o outro hemisfério,
falsificadores de documentos jogados das escadas,
sedutores de donzelas a correr para o altar,
órfãos acolhidos, viúvas confortadas,
o orgulho humilhado, feridas cicatrizadas,
filhos pródigos convidados à mesa,
o cálice de amargura derramado ao mar,
lenços molhados das lágrimas de reconciliação,
canto e música gerais,
e o cãozinho Fido,
perdido já no primeiro capítulo,
que corra de novo pela casa
latindo de alegria.

*

Pociecha

Darwin.
Podobno dla wytchnienia czytywał powieści.
Ale miał wymagania:
nie mogły kończyć się smutno.
Jeśli trafiał na taką,
z furią ciskał ją w ogień.

Prawda, nieprawda —
ja chętnie w to wierzę.

Przemierzając umysłem tyle obszarów i czasów
naoglądał się tylu wymarłych gatunków,
takich tryumfów silnych nad słabszymi,
tak wielu prób przetrwania,
prędzej czy później daremnych,
że przynajmniej od fikcji
i jej mikroskali
miał prawo oczekiwać happy endu.

A więc koniecznie: promyk spoza chmur,
kochankowie znów razem, rody pogodzone,
wątpliwości rozwiane, wierność nagrodzona,
majątki odzyskane, skarby odkopane,
sąsiedzi żałujący swojej zawziętości,
dobre imię zwrócone, chciwość zawstydzona,
stare panny wydane za zacnych pastorów,
intryganci zesłani na drugą półkulę,
fałszerze dokumentów zrzuceni ze schodów,
uwodziciele dziewic w biegu do ołtarza,
sieroty przygarnięte, wdowy utulone,
pycha upokorzona, rany zagojone,
synowie marnotrawni proszeni do stołu,
kielich goryczy wylany do morza,
chusteczki mokre od łez pojednania,
ogólne śpiewy i muzykowanie,
a piesek Fido,
zgubiony już w pierwszym rozdziale,
niech znów biega po domu
i szczeka radośnie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

O velho professor

Perguntei-lhe sobre aquele tempo
quando éramos tão jovens,
ingênuos, impetuosos, tolos, despreparados.

Um pouco disto restou, menos a juventude
— respondeu.

Perguntei-lhe se ainda sabe com certeza
o que é bom e ruim para a humanidade.

É a mais mortal de todas as ilusões possíveis
— respondeu.

Perguntei-lhe sobre o futuro,
se ainda o vê luminoso.

Li demasiados livros de história
— respondeu.

Perguntei-lhe sobre a foto,
aquela da moldura, na escrivaninha.

Existiram, se foram. O Irmão, o primo, a cunhada,
a mulher, a filha no colo da mulher,
o gato nos braços da filha,
a cerejeira em flor, e sobre a cerejeira
o passarinho não identificado voando
— respondeu.

Perguntei se lhe acontece de às vezes ser feliz.

Eu trabalho
— respondeu.

Perguntei-lhe sobre amigos, se ainda os tem.

Alguns dos meus ex-assistentes,
que também já têm seus ex-assistentes,
a senhora Ludmila, que manda lá em casa,
alguém muito próximo, mas no estrangeiro,
duas senhoras da biblioteca, ambas sorridentes,
o pequeno Grześ que mora em frente e Marco Aurélio
— respondeu.

Perguntei-lhe sobre o seu estado de saúde e de espirito.

Me proibiram café, vodca, cigarro,
carregar lembranças e coisas pesadas.
Tenho que fingir que não escuto
— respondeu.

Perguntei sobre o jardim e o banco no jardim.

Quando a noite está clara, observo o céu.
Fico maravilhado de ver
quantos pontos de vista há ali
— respondeu.

*

Stary professor

Spytałam go o tamte czasy,
kiedy byliśmy tacy młodzi,
naiwni, zapalczywi, głupi, niegotowi.

Trochę z tego zostało, z wyjątkiem młodości
— odpowiedział.

Spytałam go, czy nadal wie na pewno,
co dla ludzkości dobre a co złe.

Najbardziej śmiercionośne złudzenie z możliwych
— odpowiedział.

Spytałam go o przyszłość,
czy ciągle jasno ją widzi.

Zbyt wiele przeczytałem książek historycznych
— odpowiedział.

Spytałam go o zdjęcie,
to w ramkach, na biurku.

Byli, minęli. Brat, kuzyn, bratowa,
żona, córeczka na kolanach żony,
kot na rękach córeczki,
i kwitnąca czereśnia, a nad tą czereśnią
niezidentyfikowany ptaszek latający
— odpowiedział.

Spytałam go, czy bywa czasami szczęśliwy.

Pracuję
— odpowiedział.

Spytałam o przyjaciół, czy jeszcze ich ma.

Kilkoro moich byłych asystentów,
którzy także już mają byłych asystentów,
pani Ludmiła, która rządzi w domu,
ktoś bardzo bliski, ale za granicą,
dwie panie z biblioteki, obie uśmiechnięte,
mały Grześ z naprzeciwka i Marek Aureliusz
— odpowiedział.

Spytałam go o zdrowie i samopoczucie.

Zakazują mi kawy, wódki, papierosów,
noszenia ciężkich wspomnień i przedmiotów.
Muszę udawać, że tego nie słyszę
— odpowiedział.

Spytałam o ogródek i ławkę w ogródku.

Kiedy wieczór pogodny, obserwuję niebo.
Nie mogę się nadziwić,
ile tam punktów widzenia
— odpowiedział.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

A cortesia dos cegos

O poeta lê seus versos para os cegos.
Não imaginava que fosse tão difícil.
Treme-lhe a voz.
Tremem-Ihe as mãos.

Sente que cada frase
é posta aqui à prova da escuridão.
Vai precisar se virar sozinha
sem luzes e cores.

Aventura perigosa
para as estrelas em seus versos,
a aurora, o arco-íris, as nuvens, os neons, a lua,
para os peixes até aqui tão prateados sob a água
e o falcão tão alto e silencioso no céu.

Lê — porque já é tarde demais para não ler —
sobre o rapaz de casaco amarelo num prado verde,
sobre os telhados vermelhos, que se podem contar, no vale,
sobre os números agitados nas camisas dos jogadores
e sobre a desconhecida nua na porta entreaberta.

Queria se calar — embora seja impossível —
sobre todos aqueles santos no teto da catedral,
aquele gesto de despedida na janela do trem,
a lente do microscópio e o raio de luz no anel
e a tela e o espelho e o álbum de retratos.

Mas é grande a cortesia dos cegos,
grandes sua compreensão e magnanimidade.
Ouvem, sorriem e aplaudem.

Um deles até se aproxima
com um livro aberto de cabeça para baixo
pedindo o autógrafo que não verá.

*

Uprzejmość niewidomych

Poeta czyta wiersze niewidomym.
Nie przewidywał, że to takie trudne.
Drży mu głos.
Drżą mu ręce.

Czuje, że każde zdanie
wystawione jest tutaj na próbę ciemności.
Będzie musiało radzić sobie samo,
bez świateł i kolorów.

Niebezpieczna przygoda
dla gwiazd w jego wierszach,
zorzy, tęczy, obłoków, neonów, księżyca,
dla ryby do tej pory tak srebrnej pod wodą
i jastrzębia tak cicho, wysoko na niebie.

Czyta — bo już za późno nie czytać —
o chłopcu w kurtce żółtej na łące zielonej,
o dających się zliczyć czerwonych dachach w dolinie,
o ruchliwych numerach na koszulkach graczy
i nagiej nieznajomej w uchylonych drzwiach.

Chciałby przemilczeć — choć to niemożliwe —
tych wszystkich świętych na stropie katedry,
ten pożegnalny gest z okna wagonu,
to szkiełko mikroskopu i promyk w pierścieniu
i ekrany i lustra i album z twarzami.

Ale wielka jest uprzejmość niewidomych,
wielka wyrozumiałość i wspaniałomyślność.
Słuchają, uśmiechają się i klaszczą.

Ktoś z nich nawet podchodzi
z książką otwartą na opak
prosząc o niewidzialny dla siebie autograf.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Desatenção

Ontem me comportei mal no universo.
Vivi o dia inteiro sem indagar nada,
sem estranhar nada.

Executei as tarefas diárias
como se isso fosse tudo o que devia fazer.

Inspirar, expirar, um passo, outro passo, obrigações,
mas sem um pensamento que fosse
além de sair de casa e voltar para casa.

O mundo podia ter sido percebido como um mundo louco,
e eu o tomei somente para uso habitual.

Nenhum — como — e por quê —
e como foi que aqui apareceu —
e de que lhes servem tantas minúcias buliçosas.

Fiquei como um prego mal pregado na parede
ou
(aqui uma comparação que me faltou).

Uma depois da outra ocorreram mudanças
mesmo no estrito espaço de um pestanejar.

Sobre uma mesa mais nova, por mão um dia mais nova,
o pão de ontem foi cortado de um modo diferente.

Nuvens como nunca, uma chuva como nunca,
pois caíram gotas diferentes.

A Terra girou em torno de seu eixo,
mas num espaço já abandonado para sempre.

Isso durou umas boas 24 horas.
1440 minutos de chances.
86 400 segundos para intuições.

O savoir-vivre cósmico,
embora se cale sobre nós,
ainda assim nos exige algo:
alguma atenção, umas frases de Pascal
e uma participação perplexa nesse jogo
de regras desconhecidas.

*

Nieuwaga

Źle sprawowałam się wczoraj w kosmosie.
Przeżyłam całą dobę nie pytając o nic,
nie dziwiąc się niczemu.

Wykonywałam czynności codzienne,
jakby to było wszystko, co powinnam.

Wdech, wydech, krok za krokiem, obowiązki,
ale bez myśli sięgającej dalej
niż wyjście z domu i powrót do domu.

Świat mógł być odbierany jako świat szalony,
a ja brałam go tylko na zwykły użytek.

Żadnych — jak— i dlaczego —
i skąd się taki tu wziął —
i na co mu aż tyle ruchliwych szczegółów.

Byłam jak gwóźdź zbyt płytko wbity w ścianę
albo
(tu porównanie, którego mi brakło).

Jedna za drugą zachodziły zmiany
nawet w ograniczonym polu okamgnienia.

Przy stole młodszym, ręką o dzień młodszą
był chleb wczorajszy inaczej krajany.

Chmury jak nigdy i deszcz był jak nigdy,
bo padał przecież innymi kroplami.

Ziemia się obróciła wokół swojej osi,
ale już w opuszczonej na zawsze przestrzeni.

Trwało to dobre 24 godziny.
1440 minut okazji.
86 400 sekund do wglądu.

Kosmiczny savoir-vivre
choć milczy na nasz temat,
to jednak czegoś od nas się domaga:
trochę uwagi, kilku zdań z Pascala
i zdumionego udziału w tej grze
o regułach nieznanych.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§


AQUI

Aqui

Não sei em outros lugares,
mas aqui na Terra tem um bocado de tudo.
Aqui se fabricam cadeiras e tristezas,
tesouras, violinos, ternura, transistores,
represas, xícaras, piadas.

Talvez em outros lugares tenha mais de tudo,
mas por alguma razão faltam pinturas,
cinescópios, pasteis, lencinhos para as lágrimas.

Aqui há incontáveis lugares com seus arredores.
Você pode gostar de alguns,
chamá-los do seu jeito
e defendê-los do mal.

Talvez haja lugares parecidos alhures,
mas ninguém os acha lindos.

Talvez como em nenhum lugar, ou quase nenhum,
aqui você tem um torso individual,
e com ele os acessórios necessários
para adicionar filhos próprios aos dos outros.
Além disso, mãos, pernas e uma cabeça atônita.

A ignorância aqui tem muito trabalho,
está sempre a contar, comparar, medir alguma coisa,
de onde extrai conclusões e raízes.

Sei bem o que você pensa.
Nada aqui perdura,
pois desde sempre e para sempre à mercê dos elementos.
Mas veja — os elementos facilmente se cansam
e às vezes necessitam de longo repouso
antes de começar de novo.

E sei o que mais você pensa.
Guerras, guerras, guerras.
Mas há pausas mesmo entre elas.
Atenção! — os homens são maus.
Descansar! – os homens são bons.
Na atenção são produzidos desertos.
No descansar com o suor do rosto se constroem casas
e logo nelas se mora.

A vida na terra custa bem pouco.
Pelos sonhos por exemplo não se paga um vintém.
Pelas ilusões — só quando perdidas.
Pela posse do corpo – só com o corpo.

E como se isso fosse pouco,
você gira de graça no carrossel dos planetas,
e com ele de carona na nevasca das galáxias,
por tempo tão vertiginosos,
que nada aqui na Terra nem tremer consegue.

Pois observe bem:
a estante está onde estava,
na estante uma folha tal como colocada,
pela janela aberta só um sopro de ar
e nas paredes nenhuma fenda tenebrosa
pela qual você fosse varrido a lugar algum.

*

Tutaj

Nie wiem jak gdzie,
ale tutaj na Ziemi jest sporo wszystkiego.
Tutaj wytwarza sie krzesla i smutki,
nozyczki, skrzypce, czulosc, tranzystory,
zapory wodne, zarty, filizanki.

Moze gdzie indziej jest wszystkiego wiecej,
tylko z pewnych powodow brak tam malowidel,
kineskopow, pierogow, chusteczek do lez.

Jest tutaj co niemiara miejsc z okolicami.
Niektore mozesz specjalnie polubic,
nazwac je po swojemu
i chronic od zlego.

Moze gdzie indziej sa miejsca podobne,
jednak nikt nie uwaza ich za piekne.

Moze jak nigdzie, albo malo gdzie,
masz tu osobny tulow,
a z nim potrzebne przybory,
zeby do dzieci cudzych dodac wlasne.
Poza tym rece, nogi i zdumiona glowe.

Niewiedza tutaj jest zapracowana,
ciagle cos liczy, porownuje, mierzy,
wyciaga z tego wnioski i pierwiastki.

Wiem, wiem, co myslisz.
Nic tutaj trwalego,
bo od zawsze na zawsze we wladzy zywiolow.
Ale zauwaz — zywioly mecza sie latwo
i musza czasem dlugo odpoczywac
do nastepnego razu.

I wiem, co myslisz jeszcze.
Wojny, wojny, wojny.
Jednak i miedzy nimi zdarzaja sie przerwy.
Bacznosc — ludzie sa zli.
Spocznij — ludzie sa dobrzy.
Na bacznosc produkuje sie pustkowia.
Na spocznij w pocie czola buduje sie domy
i predko sie w nich mieszka.

Zycie na ziemi wypada dosc tanio.
Za sny na przyklad nie placisz tu grosza.
Za zludzenia — dopiero kiedy utracone.
Za posiadanie ciala — tylko cialem.

I jakby tego bylo jeszcze malo,
krecisz sie bez biletu w karuzeli planet,
a razem z nia, na gape, w zamieci galaktyk,
przez czasy tak zawrotne,
ze nic tutaj na Ziemi nawet drgnac nie zdazy.

No bo przyjrzyj sie dobrze:
stol stoi, gdzie stal,
na stole kartka, tak jak polozona,
przez uchylone okno podmuch tylko powietrza,
a w scianach zadnych przerazliwych szczelin,
ktorymi by donikad cie wywialo.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Pensamentos que me visitam nas ruas movimentadas

Rostos.
Bilhões de rostos na face da Terra.
Dizem que cada um diferente
dos que existiram ou existirão.
Mas a Natureza — quem lá a entende —,
talvez cansada do trabalho incessante,
repete suas antigas idéias
e nos coloca rostos
já usados um dia.

Talvez você cruze com Arquimedes de jeans,
a tsarina Catarina com roupas de liquidação,
algum faraó de pasta e de óculos.

A viúva de um sapateiro descalço
de uma Varsóvia ainda pequenina,
um mestre da gruta de Altamira
indo com os netos ao zoológico,
um vândalo cabeludo, ao museu,
deslumbra-se um pouco.

Uns que tombaram duzentos séculos atrás,
cinco séculos atrás,
e meio século atrás.

Alguém transportado aqui numa carruagem dourada,
alguém num vagão de extermínio.
Montezuma, Confúcio, Nabucodonosor,
suas babás, lavadeiras e Semíramis,
que fala somente inglês.

Bilhões de rostos na face da terra.
O teu, o meu, o rosto de quem —
você nunca vai saber.
Talvez a Natureza precise enganar,
e para dar conta de prazos e demandas,
comece a pescar aquilo que está submerso
no espelho da desmemória.

*

Myśli nawiedzające mnie na ruchliwych ulicach

Twarze.
Miliardy twarzy na powierzchni świata.
Podobno każda inna
od tych, co były i będą.
Ale Natura — bo kto ją tam wie —
może zmęczona bezustanną pracą
powtarza swoje dawniejsze pomysły
i nakłada nam twarze
kiedyś już noszone.

Może cię mija Archimedes w dżinsach,
caryca Katarzyna w ciuchu z wyprzedaży,
któryś faraon z teczką, w okularach.

Wdowa po bosym szewcu
z malutkiej jeszcze Warszawy,
mistrz z groty Altamiry
z wnuczkami do zoo,
kudłaty Wandal w drodze do muzeum
pozachwycać się trochę.

Jacyś polegli dwieście wieków temu,
pięć wieków temu
i pół wieku temu.

Ktoś przewożony tędy złoconą karetą,
ktoś wagonem zagłady.

Montezuma, Konfucjusz, Nabuchodonozor,
ich piastunki, ich praczki i Semiramida,
rozmawiająca tylko po angielsku.

Miliardy twarzy na powierzchni świata.
Twarz twoja, moja, czyja —
nigdy się nie dowiesz.
Może Natura oszukiwać musi,
i żeby zdążyć, i żeby nastarczyć
zaczyna łowić to, co zatopione
w zwierciadle niepamięci.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Uma ideia

Me veio uma ideia
para um versinho? para um poema?
Está bem — digo — fique, vamos bater um papo.
Você tem de me contar mais sobre si mesma.
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
Ah, então é isso — digo — interessante.
Faz tempo que estas coisas me pesam no peito.
Mas fazer versos sobre elas? Não, nem pensar.
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
Isso é só impressão sua — respondo —
você superestima minhas forças e capacidade.
Não saberia nem por onde começar.
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
Você se engana — digo —um poema curto e conciso
é muito mais difícil de escrever do que um longo.
Não me canse, não insista, não vai dar.
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
Que seja, vou tentar, já que você insiste.
Mas já vou avisando do resultado.
Vou escrever, rasgar e jogar no cesto de lixo.
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
Você tem razão — digo —decerto que há outros poetas.
Alguns farão isto melhor que eu.
Posso lhe dar os nomes, endereços.
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
É claro que vou ficar com inveja deles.
Invejamos uns aos outros até os poemas medíocres.
E me parece que este precisa... que tem que ter...
Ao que ela sussurra umas palavras ao meu ouvido.
É isso, ter as características que você enumerou.
Portanto, melhor mudar de assunto.
Que tal um café?

Ao que ela apenas soltou um suspiro.

E começou a sumir.

E sumiu.

*

Pomysł

Przyszedł mi pewien pomysł
na wierszyk? na wiersz?
To dobrze — mówię — zostań, pogadamy.
Musisz mi więcej o sobie powiedzieć.
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
Ach, o to chodzi — mówię — to ciekawe.
Od dawna już te sprawy leżą mi na sercu.
Ale żeby wiersz o nich? Nie, na pewno nie.
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
Tak ci się tylko zdaje — odpowiadam —
przeceniasz moje siły i zdolności.
Nawet bym nie wiedziała, od czego mam zacząć.
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
Mylisz się — mówię — wiersz zwięzły i krótki
o wiele trudniej napisać niż długi.
Nie męcz mnie, nie nalegaj, bo to się nie uda.
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
Niech ci będzie, spróbuję, skoro się upierasz.
Ale z góry uprzedzam, co z tego wyniknie.
Napiszę, przedrę i wyrzucę do kosza.
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
Masz rację — mówię — są przecież inni poeci.
Niektórzy zrobią to lepiej ode mnie.
Mogę ci podać nazwiska, adresy.
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
Tak, naturalnie, będę im zazdrościć.
My sobie zazdrościmy nawet wierszy słabych.
A ten chyba powinien… chyba musi mieć…
Na co on szeptem kilka słów na ucho.
No właśnie, mieć te cechy które wyliczyłeś.
Więc lepiej zmieńmy temat.
Napijesz się kawy?

Na co on westchnął tylko.

I zaczął znikać.

I zniknał.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Adolescente

Eu — adolescente?
Se de repente ela me aparecesse aqui, agora,
deveria saudá-la como a uma pessoa próxima,
mesmo que me pareça estranha e distante?

Derramar uma lágrima, beijar a testa
somente pelo motivo
de termos a mesma data de nascimento?

Tanta dessemelhança entre nós
que talvez só os ossos sejam os mesmos,
o formato do crânio, as órbitas.

Pois os olhos deles já parecem maiores,
os cílios mais longos, a estatura mais alta
e o corpo compactamente coberto
de pele lisa, sem defeito.

É verdade que nos unem parentes e amigos,
mas no seu mundo quase todos estão vivos
e no meu quase ninguém
desse círculo comum.

Tanto nos diferenciamos,
de coisas tão diversas falamos, pensamos.
Ela sabe pouco —
mas com absoluta convicção.
Eu sei muito mais —
mas sem certezas.

Me mostra os seus versos,
escritos numa letra clara, caprichada,
que eu já não tenho há anos.

Leio esses versos, releio.
Bom, talvez só este,
se der para encurtar
e corrigir aqui e ali.
Para o resto não vejo futuro.

A conversa não engata.
No seu relógio pobre
o tempo ainda é vacilante e barato.
No meu, muito mais caro e preciso.

Na despedida, nada: um sorriso casual
e nenhuma emoção.

Só quando some
e na pressa esquece o cachecol.

Um cachecol de pura lã,
com listras coloridas,
tricotado à mão para ela
pela nossa mãe.

Eu o guardo ainda.

*

Kilkunastoletnia

Ja — kilkunastoletnia?
Gdyby nagle, tu, teraz, stanęła przede mną,
czy miałabym ją witać jak osobę bliską,
chociaż jest dla mnie obca i daleka?

Uronić łezkę, pocałować w czółko
z tej wyłącznie przyczyny,
że mamy jednakową datę urodzenia?

Tyle podobieństwa między nami,
że chyba tylko kości są te same,
sklepienie czaszki, oczodoły.

Bo już oczy jakby trochę większe,
rzęsy dłuższe, wzrost wyższy
i całe ciało obleczone ścisle
skórą gładką, bez skazy.

Łączą nas wprawdzie krewni i znajomi,
ale w jej świecie prawie wszyscy żyją,
a w moim prawie nikt
z tego wspólnego kręgu.

Tak mocno się różnimy,
tak całkiem o czym innym myślimy, mówimy.
Ona wie mało —
za to z uporem godnym lepszej sprawy.
Ja wiem o wiele więcej —
za to nie na pewno.

Pokazuje mi wiersze,
pisane pismem starannym, wyraźnym,
jakim ja nie piszę już od lat.

Czytam te wiersze, czytam.
No może ten jeden,
gdyby go skrócić
i w paru miejscach poprawić.
Reszta niczego dobrego nie wróży.

Rozmowa się nie klei.
Na jej biednym zegarku
czas chwiejny jeszcze i tani.
Na moim dużo droższy i dokładny.

Na pożegnanie nic, zdawkowy uśmiech
i żadnego wzruszenia.

Dopiero kiedy znika
i zostawia w pośpiechu swój szalik.

Szalik z prawdziwej wełny,
w kolorowe paski
przez naszą matkę
zrobiony dla niej szydełkiem.

Przechowuję go jeszcze.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Vida difícil com a memória

Sou um péssimo público para minha memória.
Ela quer que eu ouça sua voz incessantemente,
mas eu me agito, tusso,
ouço e não ouço,
saio, volto e saio de novo.

Ela requer todo o meu tempo e atenção.
Quando durmo, é mais fácil para ela.
De dia já nem tanto, o que a magoa.

Me propõe zelosamente velhas cartas, fotos,
revolve fatos importantes e desimportantes,
devolve a vista para paisagens ignoradas,
e povoa-as com meus mortos.

Nos seus relatos sou sempre mais jovem.
Isso é bom, mas por que sempre essa história?
Cada espelho me dá outras notícias.

Irrita-se quando dou de ombros.
E então se vinga remexendo todos os meus erros,
graves, mas que já não pesam.
Me olha nos olhos, espera minha reação.
Por fim, me consola; podia ter sido pior.

Quer agora que eu viva só para ela e com ela.
De preferência num quarto escuro e fechado,
mas nos meus planos ainda figuram o sol presente,
as nuvens atuais, as estradas correntes.

Às vezes fico farta de sua companhia.
Proponho nos separarmos. De hoje para sempre.
Então sorri com complacência,
sabe que também para mim seria uma condenação.

*

Trudne życie z pamięcią

Jestem złą publicznością dla swojej pamięci.
Chce, żebym bezustannie słuchała jej głosu,
a ja się wiercę, chrząkam,
słucham i nie słucham,
wychodzę, wracam i znowu wychodzę.

Chce mi bez reszty zająć uwagę i czas.
Kiedy śpię, przychodzi jej to łatwo.
W dzień bywa różnie, i ma o to żal.

Podsuwa mi gorliwie dawne listy, zdjęcia,
porusza wydarzenia ważne i nieważne,
przywraca wzrok na prześlepione widoki,
zaludnia je moimi umarłymi.

W jej opowieściach jestem zawsze młodsza.
To miłe, tylko po co bez przerwy ten wątek.
Każde lustro ma dla mnie inne wiadomości.

Gniewa się, kiedy wzruszam ramionami.
Mściwie wtedy wywleka wszystkie moje błędy,
ciężkie, a potem lekko zapomniane.
Patrzy mi w oczy, czeka, co ja na to.
W końcu pociesza, że mogło być gorzej.

Chce, żebym żyła już tylko dla niej i z nią.
Najlepiej w ciemnym, zamkniętym pokoju,
a u mnie ciągle w planach słońce teraźniejsze,
obłoki aktualne, drogi na bieżąco.

Czasami mam jej towarzystwa dosyć.
Proponuję rozstanie. Od dzisiaj na zawsze.
Wówczas uśmiecha się z politowaniem,
bo wie, że byłby to wyrok i na mnie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Microcosmo

Quando se começou a usar o microscópio,
Um sopro de terror passou e ainda perdura.
A vida até então fora bastante louca
nas suas dimensões e formas.
Também produzira seres pequeninos,
alguns vermes, mosquinhas,
mas pelo menos eram visíveis
ao olho humano nu.

E então de súbito sob o vidro,
diferente até o exagero
e já tão minúsculos
que aquilo que ocupam no espaço
só por piedade se pode chamar de lugar.

O vidro nem sequer os comprime,
eles se desdobram em vários sem obstáculo,
muito a vontade e a esmo.

Dizer que são muitos é dizer pouco.
Quanto mais potente o microscópio
com mais zelo e precisão se multiplicam.

Não têm nem sequer tripas decentes.
Não sabem o que é sexo, infância, velhice.
Talvez nem saibam se são — ou se não são.
No entanto decidem sobre nossa vida e morte.

Alguns congelam numa imobilidade momentânea,
embora não se saiba o que  para eles é momento.
Sendo tão minúsculos
talvez a duração
seja para eles adequadamente pulverizada.

Um grão carregado pelo vento é perto deles
um meteoro das profundezas do cosmos,
e uma impressão digital — um vasto labirinto
onde podem se juntar
para seus surdos desfiles,
suas cegas ilíadas  e upanixades.

Faz tempo que queria escrever sobre eles,
mas é um tema difícil,
sempre adiado para depois
e talvez digno de um poeta melhor
e ainda mais perplexo com o mundo do que eu.
Mas o tempo urge. Escrevo.

*

Mikrokosmos

Kiedy zaczęto patrzeć przez mikroskop,
powiało grozą i do dzisiaj wieje.
Życie było dotychczas wystarczająco szalone
w swoich rozmiarach i kształtach.
Wytwarzało więc także istoty maleńkie,
jakieś muszki, robaczki,
ale przynajmniej gołym ludzkim okiem
dające się zobaczyć.

A tu nagle, pod szkiełkiem,
inne aż do przesady
i tak już znikome,
że to co sobą zajmują w przestrzeni,
tylko przez litość można nazwać miejscem.

Szkiełko ich nawet wcale nie uciska,
bez przeszkód dwoją się pod nim i troją
na pełnym luzie i na chybił trafił.

Powiedzieć, że ich dużo — to mało powiedzieć.
Im silniejszy mikroskop,
tym pilniej i dokładniej wielokrotne.

Nie mają nawet porządnych wnętrzności.
Nie wiedzą, co to płeć, dzieciństwo, starość.
Może nawet nie wiedzą czy są — czy ich nie ma.
A jednak decydują o naszym życiu i śmierci.

Niektóre zastygają w chwilowym bezruchu,
choć nie wiadomo, czym dla nich jest chwila.
Skoro są takie drobne,
to może i trwanie
jest dla nich odpowiednio rozdrobnione.

Pyłek znoszony wiatrem to przy nich meteor
z głębokiego kosmosu,
a odcisk palca — rozległy labirynt,
gdzie mogą się gromadzić
na swoje głuche parady,
swoje ślepe iliady i upaniszady.

Od dawna chciałam już o nich napisać,
ale to trudny temat,
wciąż odkładany na potem
i chyba godny lepszego poety,
jeszcze bardziej ode mnie zdumionego światem.
Ale czas nagli. Piszę.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Divórcio

Para os filhos, pela primeira vez o fim do mundo.
Para o gato, novo dono.
Para a cachorra, nova dona.
Para os móveis, escadas, rangidos, leva ou não leva.
Para a parede, quadrados brancos depois de retirados os quadros.
Para os vizinhos do térreo, um assunto, uma pausa no tédio.
Para o carro, seria melhor se fossem dois.
Para os romances, poesia — está bom, leve o que quiser.
Pior no caso da enciclopédia e do vídeo
e também daquele manual de redação
onde talvez haja regras de uso de dois nomes
se os ligar ainda com a conjunção "e"
ou os separar com ponto final.

*

Rozwód

Dla dzieci pierwszy w życiu koniec świata.
Dla kotka nowy Pan.
Dla pieska nowa Pani.
Dla mebli schody, łomot, wóz i przewóz.
Dla ścian jasne kwadraty po zdjętych obrazach.
Dla sąsiadów z parteru temat, przerwa w nudzie.
Dla samochodu lepiej gdyby były dwa.
Dla powieści, poezji — zgoda, bierz co chcesz.
Gorzej z encyklopedią i sprzętem wideo,
no i z tym poradnikiem poprawnej pisowni,
gdzie chyba są wskazówki w kwestii dwojga imion –
czy jeszcze łączyć je spójnikiem "i",
czy już rozdzielać kropką.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Terroristas

Dias inteiros eles ficam pensando
como matar, para matar,
e quantos matar para matar muitos.
Fora isso comem com apetite,
rezam, lavam os pés, alimentam os pássaros,
dão telefonemas coçando o sovaco,
estancam o sangue quando machucam o dedo,
se são mulheres, compram absorventes,
sombra para as pálpebras, flores para os vasos,
todos gracejam um pouco quando de bom humor,
beber suco cítrico da geladeira,
à noite olham a lua e as estrelas,
colocam fones de ouvido com música suave
e adormecem gostosamente até a aurora
— a menos que o que estão pensando devam fazer à noite

*

Zamachowcy

Całymi dniami myślą
jak zabić, żeby zabić,
i ilu zabić, żeby wielu zabić.
Poza tym z apetytem zjadają swoje potrawy,
modlą się, myją nogi, karmią ptaki,
telefonują drapiąc się pod pachą,
tamują krew, kiedy skaleczą się w palec,
jeśli są kobietami, kupują podpaski,
szminkę do powiek, kwiatki do wazonów,
wszyscy trochę żartują, kiedy są w humorze,
popijają z lodówek soki cytrusowe,
wieczorem patrzą na księżyc i gwiazdy,
zakładają na uszy słuchawki z cichą muzyką
i zasypiają smacznie do białego rana
— chyba że to, co myślą, mają zrobić w nocy.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Exemplo

Uma ventania
à noite arrancou todas as folhas da árvore
exceto uma única folhinha
deixada
para se balançar solo em um galho nu.

Com este exemplo
a Violência demonstra
que, sim —
gosta de brincar de vez em quando.

*

Przykład

Wichura
zdarła nocą wszystkie liście z drzewa
oprócz listka jednego,
pozostawionego,
zeby się kiwał solo na gołej gałęzi.

Na tym przykładzie
Przemoc demonstruje,
że owszem —
pożartować sobie czasem lubi.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Identificação

Que bom que você veio — diz.
Soube que na quinta-feira caiu um avião?
Justo por causa disso
vieram me buscar.
Parece que ele estava na lista de passageiros.
E daí, talvez tenha mudado de ideia.
Me deram um pó para eu não desmaiar.
Depois me mostraram alguém; não sei quem.
Todo negro, queimado, exceto uma das mãos.
Um pedaço de camisa, um relógio, uma aliança.
Fiquei furiosa porque com certeza não era ele.
Ele não ia fazer isso comigo, ficar daquele jeito.
E as lojas estão cheias daquele tipo de camisa.
E aquele relógio é um relógio comum.
E os nossos nomes naquela aliança dele
são nomes muito corriqueiros.
Que bom que você veio. Sente aqui ao meu lado.
Ele de fato devia voltar na quinta.
Mas quantas quintas ainda temos no ano.
Vou colocar a chaleira no fogo para fazer um chá.
Vou lavar o cabelo, e depois, depois o quê,
vou tentar despertar de tudo isso.
Que bom que você veio, lá fazia frio
e ele só naquela espécie de saco de dormir de borracha,
ele, quer dizer, aquele pobre infeliz lá.
Já, já, ponho a quinta-feira no fogo, lavo o chá,
porque nossos nomes afinal são tão corriqueiros —

*

Identyfikacja

Dobrze, że przyszłaś — mówi.
Słyszałaś, że we czwartek rozbił się samolot?
No więc właśnie w tej sprawie
przyjechali po mnie.
Podobno był na liście pasażerów.
No i co z tego, może się rozmyślił.
Dali mi jakiś proszek, żebym nie upadła.
Potem mi pokazali kogoś, nie wiem kogo.
Cały czarny, spalony oprócz jednej ręki.
Strzępek koszuli, zegarek, obrączka.
Wpadłam w gniew, bo to na pewno nie on.
Nie zrobiłby mi tego, żeby tak wyglądać.
A takich koszul pełno jest po sklepach.
A ten zegarek to zwykły zegarek.
A te nasze imiona na jego obrączce
to są imiona bardzo pospolite.
Dobrze, że przyszłaś. Usiądź tu koło mnie.
On rzeczywiście miał wrócić we czwartek.
Ale ile tych czwartków mamy jeszcze w roku.
Zaraz nastawię czajnik na herbatę.
Umyję głowę, a potem, co potem,
spróbuję zbudzić się z tego wszystkiego.
Dobrze, że przyszłaś, bo tam było zimno,
a on tylko w tym takim gumowym śpiworze,
on, to znaczy ten tamten nieszczęśliwy człowiek.
Zaraz nastawię czwartek, umyję herbatę,
bo te nasze imiona przecież pospolite —
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Não leitura

Para a obra de Proust
a livraria não fornece controle remoto,
não dá para mudar
para uma partida de futebol
ou um teleconcurso em que o prêmio é um volvo.
Vivemos mais,
mas com menos exatidão
e com frases mais curtas.

Viajamos mais, mais rápido, mais longe,
mas em vez de memórias trazemos slides.
Aqui eu com um cara.
Ali acho que o meu ex.
Aqui todo mundo pelado,
então deve ser numa praia.

Sete volumes — misericórdia.
Não dava para resumir, encurtar
ou, melhor ainda, colocar em imagens.
Tinha um seriado chamado “Lalka”,
mas minha cunhada diz que era de outro com P.

E afinal de contas esse quem era.
Parece que escrevia na cama por anos a fio.
Folha por folha,
em velocidade reduzida.
Já nós em quinta marcha
e — bate na madeira — saudáveis.

*

Nieczytanie

Do dzieła Prousta
nie dodają w księgarni pilota,
nie można się przełączyć
na mecz piłki nożnej
albo na kwiz, gdzie do wygrania volvo.
Żyjemy dłużej,
ale mniej dokładnie
i krótszymi zdaniami.

Podróżujemy szybciej, częściej, dalej,
choć zamiast wspomnień przywozimy slajdy.
Tu ja z jakimś facetem.
Tam chyba mój eks.
Tu wszyscy na golasa,
więc gdzieś na plaży.

Siedem tomów – litości.
Nie dałoby się tego streścić, skrócić,
albo najlepiej pokazać w obrazkach.
Szedł kiedyś serial pl. Lalka,
ale bratowa mówi, że kogoś innego na P.

Zresztą, nawiasem mówiąc, kto to taki.
Podobno pisał w łóżku, całymi latami.
Kartka za kartką,
z ograniczoną prędkością.
A my na piątym biegu
i — odpukać — zdrowi.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Ella no céu

Rezava para Deus,
rezava com fervor
para que fizesse dela
uma menina branca feliz.
E se for tarde demais para essas mudanças,
então, meu Deus, olha quanto eu peso
e tira de mim pelo menos a metade.
Mas o bom Deus disse Não.
Só pôs a mão em seu coração,
espiou a garganta, acariciou-lhe a cabeça.
E quando tudo tiver acabado — acrescentou —
você me alegrará vindo a mim,
minha negra consolação, minha tora cantante.

*

Ella w niebie

Modliła się do Boga,
modliła gorąco,
żeby z niej zrobił
białą szczęśliwą dziewczynę.
A jeśli już za późno na takie przemiany,
to chociaż, Panie Boże, spójrz ile ja ważę
i odejmij mi z tego przynajmniej połowę.
Ale łaskawy Bóg powiedział Nie.
Położył tylko rękę na jej sercu,
zajrzał do gardła, pogłaskał po głowie.
A kiedy będzie już po wszystkim — dodał —
sprawisz mi radość przybywając do mnie,
pociecho moja czarna, rozśpiewana kłodo.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Vermeer

Enquanto aquela mulher do Rijksmuseum
atenta no silêncio pintado
dia após dia derrama
o leite da jarra na tigela,
o Mundo não merece
o fim do mundo.

*

Vermeer

Dopóki ta kobieta z Rijksmuseum
w namalowanej ciszy i skupieniu
mleko z dzbanka do miski
dzień po dniu przelewa,
nie zasługuje Świat
na koniec świata.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Metafisica

Foi-se, acabou-se.
Foi-se, então acabou-se.
Numa sequência sempre irreversível,
pois essa é a regra desse jogo perdido.
Conclusão banal, que já não vale escrever,
não fosse um fato incontestável,
um fato pelos séculos dos séculos,
por todo o cosmos, como é e será,
de que algo realmente foi,
até que se acabou,
menos isso
de você hoje ter comido arroz com feijão.

*

Metafizyka

Było, minęło.
Było, więc minęło.
W nieodwracalnej zawsze kolejności,
bo taka jest reguła tej przegranej gry.
Wniosek banalny, nie wart już pisania,
gdyby nie fakt bezsporny,
fakt na wieki wieków,
na cały kosmos, jaki jest i będzie,
że coś naprawdę było,
póki nie minęło,
nawet to,
że dziś jadłeś kluski ze skwarkami.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§


CHEGA

Tem aqueles que

Tem aqueles que executam a vida de modo eficaz.
Põem ordem em si mesmos e ao seu redor.
Têm resposta correta e jeito para tudo.

Adivinham logo quem a quem, quem com quem,
com que objetivo, por onde.

Batem o carimbo nas verdades únicas,
colocam no triturador os fatos desnecessários,
e as pessoas desconhecidas
em fichários de antemão destinados a elas.

Pensam só o quanto vale a pena,
nem um instante mais,
pois detrás desse instante espreita a dúvida.

E quando recebem dispensa da existência,
deixam o posto
pela porta indicada.

Às vezes os invejo
— por sorte isso passa.

*

Są tacy, którzy

Są tacy, którzy sprawniej wykonują życie.
Mają w sobie i wokół siebie porządek.
Na wszystko sposób i słuszną odpowiedź.

Odgadują od razu kto kogo, kto z kim,
w jakim celu, którędy.

Przybijają pieczątki do jedynych prawd,
wrzucają do niszczarek fakty niepotrzebne,
a osoby nieznane
do z góry przeznaczonych im segregatorów.

Myślą tyle, co warto,
ani chwilę dłużej,
bo za tą chwilą czai się wątpliwość.

A kiedy z bytu dostaną zwolnienie,
opuszczają placówkę
wskazanymi drzwiami.

Czasami im zazdroszczę
— na szczęście to mija.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Correntes

Um dia abrasador, uma casa de cachorro e um cachorro na corrente.
Alguns passos além, uma vasilha cheia d´água.
Mas a corrente é curta e o cachorro não alcança.
Acrescentemos ao quadro mais um detalhe:
nossas correntes,
muito maiores e menos visíveis,
graças às quais podemos facilmente passar ao largo.

*

Łańcuchy

Dzień upalny, psia buda i pies na łańcuchu.
Kilka kroków opodal miska pełna wody.
Ale łańcuch za krótki i pies nie dosięga.
Dodajmy do obrazka jeszcze jeden szczegół:
nasze o wiele dłuższe
i mniej widzialne łańcuchy,
dzięki którym możemy swobodnie przejść obok.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Coação

Comemos a vida alheia para viver.
A falecida costeleta com o refinado repolho.
O cardápio é um necrológio.

Mesmo as melhores pessoas
precisam morder, digerir algo morto,
para que seus corações sensíveis
não parem de bater.

Mesmo os poetas mais líricos.
Mesmo os ascetas mais severos
mastigam e engolem algo
que, afinal, crescia.

Acho difícil conciliar isso com os bons deuses.
Talvez credulamente,
talvez ingenuamente
deram à natureza todo o poder sobre o mundo.
E é ela, louca, que nos impõe a fome,
e ali onde há fome,
fim da inocência.

À fome logo se juntam os sentidos:
o paladar, o olfato, o tato e a visão,
pois importam quais iguarias
e em quais pratos.

Até a audição participa
no que sucede,
pois à mesa não raro rolam conversas alegres.

*

Przymus

Zjadamy cudze życie, żeby żyć.
Denat schabowy z nieboszczką kapustą.
Karta dań to nekrolog.

Nawet najlepsi ludzie
muszą coś zabitego przegryzać, przetrawiać,
żeby ich czułe serca
nie przestały bić.

Nawet poeci najbardziej liryczni.
Nawet asceci najbardziej surowi
żują i przełykają coś,
co przecież sobie rosło.

Trudno mi to pogodzić z dobrymi bogami.
Chyba że łatwowierni,
chyba że naiwni,
całą władzę nad światem oddali naturze.
I to ona, szalona, narzuca nam głód,
a tam gdzie głód,
tam koniec niewinności.

Do głodu dołączają się natychmiast zmysły:
smak, powonienie i dotyk, i wzrok
bo nie jest obojętne, jakie są potrawy
i na jakich talerzach.

Nawet słuch bierze udział
w tym, co się odbywa,
bo przy stołach nierzadko wesołe rozmowy.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

O espelho

Sim, lembro-me daquela parede
na nossa cidade destruída.
Projetava-se quase até o sexto andar.
No quarto havia um espelho,
um espelho inacreditável,
não quebrado, fixo com firmeza.

Já não refletia a face de ninguém,
a mão de ninguém ajeitando o cabelo,
nenhuma porta defronte,
nada que se possa chamar de
lugar.

Era como nas férias —
via-se refletido nele o céu vivo,
as nuvens agitadas no ar feroz,
o pó do entulho lavado por chuvas luzentes,
voos de pássaros, estrelas, alvoradas.

E como cada objeto bem-feito
funcionava impecavelmente,
com uma profissional falta de assombro.

*

Lustro

Tak, pamiętam tę ścianę
w naszym zburzonym mieście.
Sterczała prawie do szóstego piętra.
Na czwartym miał lustro,
lustro nie do wiary,
bo nie rozbite, przytwierdzone mocno.

Nie odbijało już niczyjej twarzy,
niczyich rąk układających włosy,
żadnych drzwi naprzeciwko,
niczego, co można nazwać
miejscem.

Było jak na wakacjach —
przeglądało się w nim żywe niebo,
ruchliwe chmury na dzikim powietrzu,
pył gruzów obmywany lśniącymi deszczami,
ptaki w przelocie, gwiazdy, wschody słońca.

I tak, jak każdy dobrze wykonany przedmiot,
działało bez zarzutu,
z zawodowym brakiem zdumienia.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Para o meu próprio poema

Na melhor das hipóteses,
meu poema, você será lido atentamente,
comentado e lembrado.

Na pior das hipóteses
somente lido.

Terceira possibilidade –
embora escrito,
logo jogado no lixo.

Você pode se valer ainda de uma quarta saída –
desaparecer não escrito
murmurando satisfeito algo para si mesmo.

*

Do własnego wiersza

W najlepszym razie
będziesz, mój wierszu, uwaZnie czytany,
komentowany i zapamiętany.

W gorszym przypadku
tylko przeczytany.

Trzecia możliwość –
wprawdzie napisany,
ale po chwili wrzucony do kosza

Masz jeszcze czwarte wyjście do wykorzystania –
znikniesz nie napisany,
z zadowoleinem mruczysz coś do siebie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Mapa

Plano como a mesa
na qual está colocado.
Por baixo dele nada se move
nem busca vazão.
Sobre ele — meu hálito humano
não cria vórtices de ar
e toda a sua superfície
deixa em silêncio.

Suas planícies, vales são sempre verdes,
os planaltos, montanhas amarelos e marrons
e os mares, oceanos são de um azul amistoso
nas margens rasgadas.

Tudo aqui é pequeno, próximo e acessível.
Posso tocar os vulcões com a ponta da unha,
acariciar os polos sem luvas grossas.
Com um olhar posso
abarcar cada deserto
junto com um rio situado logo ao lado.

As selvas são assinaladas com algumas árvores
entre as quais seria difícil se perder.

No oriente e ocidente,
acima e abaixo do equador —
como poeira assentou o silêncio
e em cada partícula
pessoas vivem lá suas vidas.
Valas comuns e súbitas ruínas
não cabem messe quadro.

As fronteiras dos países mal são visíveis
Como se hesitassem entre ser e não ser.

Gosto dos mapas porque mentem.
Porque não dão acesso à verdade crua.
Porque magnânimos e bem-humorados
abrem-me na mesa um mundo
que não é deste mundo.

*

Mapa

Płaska jak stół,
na którym położona.
Nic się pod nią nie rusza
i ujścia sobie nie szuka.
Nad nią — mój ludzki oddech
nie tworzy wirów powietrza
i całą jej powierzchnię
zostawia w spokoju.

Jej niziny, doliny zawsze są zielone,
wyżyny, góry żółte i brązowe,
a morza, oceany to przyjazny błękit
przy rozdzieranych brzegach.

Wszystko tu małe, dostępne i bliskie.
Mogę końcem paznokcia przyciskać wulkany,
bieguny głaskać bez grubych rękawic,
mogę jednym spojrzeniem
ogarnąć każdą pustynię
razem z obecną tuż tuż obok rzeką.

Puszcze są oznaczone kilkoma drzewkami,
między którymi trudno by zabłądzić.

Na wschodzie i zachodzie,
nad i pod równikiem —
cisza jak makiem zasiał,
a w każdym czarnym ziarnku
żyją sobie ludzie.
Groby masowe i nagłe ruiny
to nie na tym obrazku.

Granice krajów są ledwie widoczne,
jakby wahały się — czy być czy nie być.

Lubię mapy, bo kłamią.
Bo nie dają dostępu napastliwej prawdzie.
Bo wielkodusznie, z poczciwym humorem
rozpościerają mi na stole świat
nie z tego świata.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.


§§


*****

Poemas traduzidos pelos tradutores portugueses Elzbieta Milewska e Sérgio Neves

INSTANTE

Vou pela ladeira da colina verdejante.
Erva, florinhas na erva,
como nas gravuras para crianças.
O céu enevoado, a ficar azul.
A vista para as outras colinas propaga-se no silêncio.

Como se por aqui não tivesse havido nenhuns câmbricos, silúricos,
rochas rosnando umas às outras,
abismos sublevados,
nenhumas noites em chamas
nem dias em baforadas de trevas.

Como se por aqui não se tivessem deslocado planícies
em febris delírios
e gélidos calafrios.

Como se somente em outro lugar se tivessem revoltado os mares
e se rompessem as orlas dos horizontes.

São nove e trinta, hora local.
Tudo no seu lugar e em impecável concórdia.
No vale, a pequena ribeira na qualidade de pequena ribeira.
A vereda sob a forma de vereda desde sempre e para sempre.

O bosque sob o pretexto de bosque por toda a eternidade, ámen.
No alto, os pássaros no papel de pássaros em voo.
Até onde a vista alcança, reina o instante.
Um desses instantes terrenos
aos quais se pede que perdurem.

*

CHWILA

Idę stokiem pagórka zazielenionego.
Trawa, kwiatuszki w trawie
jak na obrazku dla dzieci.
Niebo zamglone, już błękitniejące.
Widok na inne wzgórza rozlega się w ciszy.

Jakby tutaj nie było żadnych kambrów, sylurów,
skał warczących na siebie,
wypiętrzonych otchłani,
żadnych nocy w płomieniach
i dni w kłębach ciemności.

Jakby nie przesuwały się tędy niziny
w gorączkowych malignach,
lodowatych dreszczach.

Jakby tylko gdzie indziej burzyły się morza
i rozrywały brzegi horyzontów.

Jest dziewiąta trzydzieści czasu lokalnego.
Wszystko na swoim miejscu i w układnej zgodzie.
W dolince potok mały jako potok mały.
Ścieżka w postaci ścieżki od zawsze do zawsze.

Las pod pozorem lasu na wieki wieków i amen,
a w górze ptaki w locie w roli ptaków w locie.
Jak okiem sięgnąć, panuje tu chwila.
Jedna z tych ziemskich chwil
proszonych, żeby trwały.
 - Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

UM NÃO ACABAR MAIS

Sou quem sou.
Um acaso inconcebível
como todos os acasos.

Outros antepassados
poderiam, afinal, ser os meus,
e então de outro ninho
sairia voando,
de debaixo de outro tronco
rastejaria, coberta de escamas.

No guarda-roupa da Natureza
há trajes de sobra:
o traje da aranha, da gaivota, do rato do campo.
Cada um assenta de imediato que nem uma luva
e usa-se obedientemente
até se gastar por completo.

Eu tampouco tive alternativa,
mas não me queixo.
Poderia ser alguém
muito menos individual.
Alguém do cardume, do formigueiro, do enxame zuninte,
uma partícula da paisagem agitada pelo vento.

Alguém muito menos feliz,
criado para dar a pele,
para a mesa festiva,
ou algo que nadasse sob a lente.

Uma árvore presa à terra,
da qual o fogo se aproximasse.

Um mero cisco esmagado
pela marcha dos acontecimentos inconcebíveis.

Um indivíduo nascido sob a estrela ruim
que para outros seria boa.

E o que seria se despertasse nas pessoas medo?
Ou só aversão?
Ou só piedade?

Se não tivesse nascido
na tribo certa
e todos os caminhos se me fechassem?

Até agora, a sorte
mostrou-se-me favorável.

Poderia não ter-me sido dada
a recordação dos bons instantes.

Poderia ter-me sido negada
a tendência para comparar.

Poderia até ser eu própria
mas sem o dom da admiração,
quer dizer — alguém completamente diferente.

*

W ZATRZĘSIENIU

Jestem kim jestem.
Niepojęty przypadek
jak każdy przypadek.

Inni przodkowie
mogli byc przecież moimi,
a już z innego gniazda
wyfrunęłabym,
już spod innego pnia
wypełzła w łusce.

W garderobie natury
jest kostiumów sporo.
Kostium pająka, mewy, myszy poknej.
Każdy od razu pasuje jak ulał
i noszony jest posłusznie
aż do zdarcia.

Ja też nie wybierałam,
ale nie narrzekam.
Mogłam być kimś
o wiele mniej osobnym.
Kimś z ławicy, mrowiska, brzęczącego roju,
szarpaną wiatrem cząstką krajobrazu.

Kimś dużo mniej szczęśliwym,
hodowanym na futro,
na świąteczny stól,
czymś, co pływa pod szkiełkiem.

Drzewem uwięzłym w ziemi,
do którego zbliża się pożar.

Źdźbłem tratowanym
przez bieg niepojętych wydarzeń.

Typem spod ciemnej gwiazdy,
która dla drugich jaśnieje.

A co, gdybym budziła w ludziach strach,
albo tylko odrazę,
albo tylko litość?

Gdybym się urodziła
nie w tym, co trzeba, plemieniu
i zamykały się przede mną drogi?

Los okazał się dla mnie
jak dotąd łaskawy.

Mogła mi nie być dana
pamięć dobrych chwil.

Mogła mi być odjęta
skłonność do porównań.

Mogłam być sobą — ale bez zdziwienia,
a to by oznaczało,
że kimś całkiem innym.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

NUVENS

Para descrever as nuvens
muito teria de apressar-me,
pois numa fracção de segundo
deixam de ser estas e começam a ser outras.

É sua propriedade
não se repetir
nas formas, tonalidades, poses e configurações.

Sem o peso de qualquer lembrança,
pairam sem dificuldade sobre os factos.

Mas nem testemunha-los podem,
pois logo se dissipam em todas as direcções.

Comparada com as nuvens,
a vida afigura-se firme,
quase duradoura, eterna.

Perante as nuvens
até uma pedra parece nossa irmã,
na qual se confia,
mas elas, enfim, umas levianas primas afastadas.

As pessoas que existam, caso queiram,
e depois morram uma por uma,
as nuvens não têm nada a ver com
coisas
tão estranhas.

Sobre toda a tua vida
e sobre a minha, ainda não toda,
desfilam com pompa, como desfilavam.

Não têm obrigação de morrer conosco.
Não precisam do nosso olhar para navegar.

*

CHMURY

Z opisywaniem chmur
musiałabym się bardzo śpieszyć –
już po ułamku chwili
przestają być te, zaczynają być inne.

Ich właściwością jest
nie powtarzać się nigdy
w kształtach, odcieniach, pozach i układzie.

Nie obciążone pamięcią o niczym,
unoszą się bez trudu nad faktami.

Jacy tam z nich świadkowie czegokolwiek –
natychmiast rozwiewają się na wszystkie strony.

W porównaniu z chmurami
życie wydaje się ugruntowane,
omalże trwałe i prawie że wieczne.

Przy chmurach
nawet kamień wygląda jak brat,
na którym można polegać,
a one, cóż, dalekie i płoche kuzynki.

Niech sobie ludzie będą, jeśli chcą,
a potem po kolei każde z nich umiera,
im, chmurom nic do tego
wszystkiego
bardzo dziwnego.

Nad całym Twoim życiem
i moim, jeszcze nie całym,
paradują w przepychu jak paradowały.

Nie mają obowiązku z nami ginąć.
Nie muszą być widziane, żeby płynąć.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

AS TRÊS PALAVRAS MAIS ESTRANHAS:

Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não-ser.

*

TRZY SŁOWA NAJDZIWNIEJSZE

Kie­dy wymawiam słowo Przyszłość,
pierwsza sylaba odchodzi już do przeszłości.

Kiedy wymawiam słowo Cisza,
niszczę ją.

Kiedy wymawiam słowo Nic,
stwarzam coś, co nie mieści się w żadnym niebycie.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

POÇA DE ÁGUA

Recordo bem este medo da infância.
Evitava as poças,
sobretudo as novas, após a chuva.
Afinal, uma delas poderia não ter fundo,
ainda que parecesse igual às outras.

Ponho o pé e, de súbito, afundar-me-ei,
voando para baixo,
cada vez mais baixo,
rumo às nuvens reflectidas
ou talvez mais além.

Depois a poça secar-se-á,
fechar-se-á por cima de mim,
e eu para sempre trancada — onde —
ficarei com um grito não repercutido à superfície.

Só mais tarde compreendi que
nem todas as más aventuras
cabem nas regras do mundo
e mesmo que o quisessem,
não poderiam acontecer.

*

KAŁUŻA

Dobrze z dzieciństwa pamiętam ten lęk.
Omijałam kałuże,
zwłaszcza te świeże, po deszczu.
Któraś z nich przecież mogła nie mieć dna,
choć wyglądała jak inne.

Stąpnę i nagle zapadnę się cała,
zacznę wzlatywać w dół
i jeszcze głębiej w dół,
w kierunku chmur odbitych
a może i dalej.

Potem kałuża wyschnie,
zamknie się nade mną,
a ja na zawsze zatrzaśnięta — gdzie —
z niedoniesionym na powierzchnię krzykiem.

Dopiero później przyszło zrozumienie:
nie wszystkie złe przygody
nieszczą się w regułach świata
i nawet gdyby chciały,
nie mogą się zdarzyć.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

O PRIMEIRO AMOR

Dizem
que o primeiro amor é o mais importante.
É muito romântico,
mas não é o meu caso.

Algo entre nós houve e não houve,
deu-se e perdeu-se.

Não me tremem as mãos
quando encontro pequenas lembranças,
aquele maço de cartas atadas com um cordel,
se ao menos fosse uma fita.

O nosso único encontro, passados anos,
foi uma conversa de duas cadeiras
junto a uma mesa fria.

Outros amores
continuam até hoje a respirar dentro de mim.
A este falta fôlego para suspirar.

No entanto, sendo como é,
não lembrado,
nem sequer sonhado,
consegue o que os outros ainda não conseguem:
acostuma-me com a morte.

*

PIERWSZA MIŁOŚĆ

Mówią,
że pierwsza miłość najważniejsza,
To bardzo romantyczny,
ale nie mój przypadek.

Coś między nami było i nie było,
działo się i podziało.

Nie drżą mi ręce,
kiedy natrafiam na drobne pamiątki
i zwitek listów przewiązanych sznureczkiem
— żeby chociaż wstążeczką.

Nasze jedyne spotkanie po latach
to rozmowa dwóch krzeseł
przy zimnym stoliku

Inne miłości
głęboko do tej pory oddychają we mnie.
Tej brak tchu, żeby westchnąć.

A jednak właśnie taka, jaka jest,
potrafi, czego tamte nie potrafią jeszcze:
niepamiętana,
nie śniąca się nawet,
oswaja mnie ze śmiercią.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

FOTOGRAFIA DE 11 DE SETEMBRO

Atiraram-se dos andares em chamas.
Um, dois, ainda alguns,mais acima, mais abaixo.
A fotografia deteve-os na vida,

preservou-os
sobre a terra
rumo à terra.

Cada um ainda na íntegra,
com rosto individual
e sangue bem guardado.

Ainda há tempo
para os cabelos esvoaçarem
e do bolso caírem
chaves e alguns trocos.

Ainda estão ao alcance do ar,
no âmbito dos lugares
que acabaram de se abrir.

Só duas coisas posso por eles fazer:
descrever este voo
e não acrescentar a última frase.

*

FOTOGRAFIA Z 11 WRZEŚNIA

Skoczyli z płonących pięter w dół —
jeden, dwóch, jeszcze kilku
wyżej, niżej.

Fotografia powstrzymała ich przy życiu,
a teraz przechowuje
nad ziemią ku ziemi.

Każdy to jeszcze całość
z osobistą twarzą
i krwią dobrze ukrytą.

Jest dosyć czasu,
żeby rozwiały się włosy,
a z kieszeni wypadły
klucze, drobne pieniądze.

Są ciągle jeszcze w zasięgu powietrza,
w obrębie miejsc,
które się właśnie otwarły.

Tylko dwie rzeczy mogę dla nich zrobić —
opisać ten lot
i nie dodawać ostatniego zdania.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

DAS RECORDAÇÕES

Estávamos à conversa
e de repente calámo-nos.
No terraço apareceu uma rapariga,
ai que bonita,
demasiado bonita
para a nossa estadia aqui, tão sossegada.

A Barbara, alarmada, olhou de relance para o marido.
A Krystyna, instintivamente, pousou a suamão
sobre a doZbyszek.
Eu pensei ligar e dizer-te:
por enquanto não venhas,
prevêemchuva para os próximos dias.

Somente a Agnieszka, viúva,
saudou a bonita rapariga com um sorriso.

*

ZE WSPOMNIEŃ

Gawędzilismy sobie,
zamilkliśmy nagle.
Na taras weszła dziewczyna,
ach , jak piękna,
zanadto piękna
jak na nasz spokojny tutaj pobyt.

Basia zerknęła w popłochu na męża.
Krystyna odruchowo położyła dłoń
na dłoni Zbyszka.
Ja pomyślałam : zadzwonię do ciebie,
jeszcze na razie - powiem - nie przyjeżdżaj,
zapowiadają właśnie kilkudniowe deszcze.

Tylko Agnieszka, wdowa,
powitała piękną uśmiechem.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

CONTRIBUIÇÃO PARA AS ESTATÍSTICAS

Em cem pessoas,

sabedoras de tudo melhor —
cinquenta e duas;

inseguras de cada passo —
quase todo o resto;

prontas para ajudar,
desde que não demore muito —
quarenta e nove;

sempre boas,
porque não conseguem de outra forma —
quatro, talvez cinco;

dispostas a admirar sem inveja —
dezoito;

constantemente receosas
de algo ou alguém —
setenta e sete;

aptas para a felicidade —
vinte e tal, quando muito;

individualmente inofensivas,
em grupo ameaçadoras —
mais de metade, com certeza;

cruéis,
por força das circunstâncias —
é melhor não sabê-lo,
nem aproximadamente;

com trancas na porta depois da casa roubada —
quase tantas como
aquelas que as têm, antes da casa roubada;

não levando nada da vida a não ser coisas —
quarenta,
embora preferisse estar enganada;

agachadas, doloridas
e sem lanterna no escuro —
oitenta e três,
mais tarde ou mais cedo;

dignas de compaixão —
noventa e nove;

mortais —
cem em cem.
Número, até agora, não sujeito a alterações.

*

PRZYCZYNEK DO STATYSTYKI

Na stu ludzi

wiedzących wszystko lepiej
— pięćdziesięciu dwóch;

niepewnych każdego kroku
— prawie cała reszta;

gotowych pomóc,
o ile nie potrwa to długo
— aż czterdziestu dziewięciu;

dobrych zawsze,
bo nie potrafią inaczej
— czterech, no może pięciu;

skłonnych do podziwu bez zawiści
— osiemnastu;

żyjących w stałej trwodze przed
kimś albo czymś
— siedemdziesięciu siedmiu;

uzdolnionych do szczęścia
— dwudziestu kilku najwyżej;

niegroźnych pojedynczo,
dziczejących w tłumie
 ponad połowa na pewno;

okrutnych,
kiedy zmuszą ich okoliczności
 tego lepiej nie wiedzieć
nawet w przybliżeniu;

mądrych po szkodzie
— niewielu więcej
niż mądrych przed szkodą;

niczego nie biorących z życia oprócz rzeczy
— czterdziestu,
chociaż chciałabym się mylić;

skulonych, obolałych
i bez latarki w ciemności
— osiemdziesięciu trzech
prędzej czy później;

godnych współczucia
— dziewięćdziesięciu dziewięciu;

śmiertelnych
— stu na stu.
Liczba, która jak dotąd nie ulega zmianie.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

TUDO

Tudo —
palavra atrevida e enfunada de soberba.
Deveria escrever-se entre aspas.
Aparenta nada omitir,
tudo reunir, abarcar, conter e ter.
Porém, não é mais do que um farrapo do caos.

*

WSZYSTKO

Wszystko —
słowo bezczelne i nadęte pychą.
Powinno być pisane w cudzysłowie.
Udaje, że niczego nie pomija,
że skupia, obejmuje, zawiera i ma.
A tymczasem jest tylko
strzępkiem zawieruchy.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

O AMANHECER

Ainda durmo
e entretanto sucedem-se fatos.
Clareia a janela,
acinzentam-me as trevas,
surge o quarto do espaço sombrio
e nele tentam firmar-se rastos de luz pálidos e vacilantes.

A seguir, sem pressas,
pois é uma cerimônia,
amanhecem as superfície do teto e das paredes,
separam-se as formas
umas das outras,
a esquerda da direita.

Alvorecem as distâncias entre os objetos,
chilreiam os primeiros clarões
no copo e na maçaneta.
Já não só parece, agora é no seu todo,
aquilo que ontem foi movido,
o que caiu no chão
e o que se enquadra nas molduras.
Só os pormenores
ainda não deram entrada no campo da visão.

Mas atenção, atenção, atenção,
muito parece indicar que regressam as cores
e mesmo a mais ínfima coisa vai recuperá-las
justamente com os tons da sombra.

Muito raramente isto me espanta, mas deveria.
Habitualmente, acordo na condição da testemunha atrasada,
com o milagre já consumado,
o dia estabelecido
e o amanhecer com mestria em manhã transformado.

*

WCZESNA GODZINA

Śpię jeszcze,
a tymczasem następują fakty.
Bieleje okno,
szarzeją ciemności,
wydobywa się pokój z niejasnej przestrzeni,
szukają w nim oparcia chwiejne, blade smugi.

Kolejno, bez pośpiechu,
bo to ceremonia,
dnieją płaszczyzny sufitu i ścian,
oddzielają się kształty,
jeden od drugiego,
strona lewa od prawej.

Świtają odległości między przedmiotami,
ćwierkają pierwsze błyski
na szklance, na klamce.
Już się nie tyloo zdaje, ale całkiem jest
to, co zostało wczoraj przesunięte,
co spadło napodłogę,
co mieści się w ramach.
Jeszcze tylko szczegóły
nie weszły w pole widzenia.

Ale uwaga, uwaga, uwaga,
dużo wskazuje na to, że powracają kolory
i nawet rzecz najmniejsza odzyska swój własny,
razem z odcieniem cienia.

Zbyt rzadko mnie to dziwi, a powinno.
Budzę się zwykle w roli spóźnionego świadka,
kiedy cud już odbyty,
dzień ustanowiony
i zaranność mistrzowsko zmieniona w poranność.
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§

PLATÃO OU O PORQUÊ

Por obscuros motivos,
em circunstâncias desconhecidas,
o Ser Ideal deixou de ser suficiente a si próprio.

Mas poderia durar e durar sem fim,
talhado das trevas, forjado da claridade
nos seus jardins sonolentos sobre o mundo.

Por que diabo começou a procurar aventuras
na má companhia da matéria?

De que lhe serviram imitadores
falidos, malfadados,
sem perspectivas de eternidade?

A Sabedoria coxa
com um espírito cravado no calcanhar?

A Harmonia dilacerada pelas
águas revoltas?

A Beleza
com os seus nadas atraentes intestinos?
E o Bem —
para quê a sua sombra
se antes não a tinha?

Deve ter havido algum motivo,
por mais fútil que pareça,
mas isso não será revelado nem pela Verdade Nua,
ocupada em remexer
no vestuário terreno.

E ainda, meu Platão, todos estes poetas horríveis,
aparas varridas pelo vento de debaixo das estátuas,
resíduos do grande Silêncio nas alturas...

*

PLATON, CZYLI DLACZEGO

Z przyczyn niejasnych,
w okolicznościach nieznanych
Byt Idealny przestał sobie wystarczać.

Mógł przecież trwać i trwać bez końca,
ociosany z ciemności, wykuty z jasności,
w swoich sennych nad światem ogrodach.

Czemu, u licha, zaczął szukać wrażeń
w złym towarzystwie materii?

Na co mu naśladowcy
niewydarzeni, pechowi,
bez widoków na wieczność?

Mądrość kulawa
z cierniem wbitym w piętę?

Harmonia rozrywana
przez wzburzone wody?

Piękno
z niepowabnymi w środku jelitami
i Dobro
— po co z cieniem,
jeśli go wcześniej nie miało?

Musiał być jakiś powód,
choćby i drobny z pozoru,
ale tego nie zdradzi nawet Prawda Naga
zajęta przetrząsaniem
ziemskiej garderoby.

W dodatku ci okropni poeci, Platonie,
roznoszone podmuchem wióry spod posągów,
odpadki wielkiej na wyżynach Ciszy…
- Wisława Szymborska, em "Instante – Wislawa Szymborska". [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.

§§
*****

Uma tradução inédita de Regina Przybycien

Despedida a uma paisagem

Não reprovo a primavera
por começar de novo.
Não a culpo
por cumprir a cada ano 
a sua obrigação.

Sei que minha tristeza 
não deterá o verde.
A folha da relva, se oscila, 
é só por causa do vento.

Não me causa sofrimento saber
que os ramos dos amieiros sobre as águas
 têm de novo com que sussurrar.

Reconheço
que a margem de certo lago
-- como se você ainda vivesse –
continua bela como era.

Não guardo rancor 
da visão da vista
da baía resplandecente de sol.

Consigo até imaginar 
uns outros, não nós, 
sentados neste instante
no tronco de bétula caído.

Respeito o seu direito 
ao sussurro, ao riso
e a um silêncio feliz.

Suponho inclusive 
que os una o amor 
e que ele a enlace 
com um braço vivo.

Algo novo passarinhável 
farfalha na folhagem.
Desejo sinceramente 
que o escutem.

Nenhuma mudança exijo
 das ondas costeiras,
ora ágeis, ora indolentes 
e não obedientes a mim.

Não reclamo nada
das profundezas 
junto ao bosque, 
ora cor de esmeralda,

ora de safira, ora negras.

Só uma coisa não aceito. 
A minha volta para lá.
O privilégio da presença –
renuncio a ele.

Sobrevivi a você só o quanto 
e somente tanto
para pensar de longe.

*

Pożegnanie widoku

Nie mam żalu do wiosny, 
że znowu nastała.
Nie obwiniam jej o to, 
że spelnia jak co roku 
swoje obowiązki.

Rozumiem, że mój smutek
nie wstrzyma zieleni. 
Źdźbło, jeśli się zawaha, 
to tylko na wietrze.

Nie sprawia mu to bólu,
że kępy olch nad wodami 
znowu mają czym szumieć.

Przyjmuję do wiadomości, 
że – tak jakbyś żył jeszcze – 
brzeg pewnego jeziora 
pozostał piękny jak był.

Nie mam urazy
do widoku o widok
na olśnioną słońcem zatokę.

Potrafię sobie nawet wyobrazić, 
że jacyś nie my
siedzą w tej chwili
na obalonym pniu brzozy.

Szanuję ich prawo
 do szeptu, śmiechu
i szczęśliwego milczenia.

Zakładam nawet, 
że łaczy ich miłość
i że on obejmuje 
ją żywym ramieniem.

Coś nowego ptasiego 
szeleści w szuwarach. 
Szczerze im życzę, 
żeby usłyszeli.

Żadnej zmiany nie żądam 
od przybrzeżnych fal,
to zwinnych, to leniwych
i nie mnie posłusznych.


Niczego nie wymagam 
od toni pod lasem,
raz szmaragdowej, 
raz szafirowej,
raz czarnej.


Na jedno się nie godzę.
Na swój powrót tam. 
Przywilej obecności – 
rezygnuję z niego.

Na tyle Cię przeżyłam

I tylko na tyle,
żeby myśleć z daleka.
- Wisława Szymborska [tradução (inédita) de Regina Przybycien]. publicado na Elyra - Revista da Rede Internacional Lyracompoetics, 9 de junho de 2017. 

*Leia a primeira seção de POEMAS I. AQUI!
* E mais sobre a POETA. AQUI!


§§

© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske e José Alexandre da Silva

© Direitos reservados a autora Wisława Szymborska
© Traduções: direito dos tradutores
____
Página atualizada em 21.3.2019.


Direitos Reservados © 2019 Templo Cultural Delfos

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