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Rachel de Queiroz - a dama sertaneja das letras

Rachel de Queiroz,  Foto: Edu Simões (1997)
"Doer, dói sempre. 
Só não dói depois de morto. 
Porque a vida toda é um doer."
- Rachel de Queiroz, in "Dôra, Doralina: 
romance". José Olympio Editora, 1984.




"A vida eu acho que ensina surrando..."




Raquel de Queiróz, por Mello
Rachel de Queiroz, nasceu em Fortaleza - CE, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna — "dona Miliquinha" — era prima José de Alencar, autor  de "O Guarani"), e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas em Quixadá, onde residiam e seu pai era Juiz de Direito nessa época.

Em 1913, voltam a Fortaleza, face à nomeação de seu pai para o cargo de promotor. Após um ano no cargo, ele pede demissão e vai lecionar Geografia no Liceu. Dedica-se pessoalmente à educação de Rachel, ensinando-a a ler, cavalgar e a nadar. Aos cinco anos a escritora leu "Ubirajara", de José de Alencar, "obviamente sem entender nada", como gosta de frisar.

Fugindo dos horrores da seca de 1915, em julho de 1917 transfere-se com sua família para o Rio de Janeiro, fato esse que seria mais tarde aproveitado pela escritora como tema de seu livro de estréia, "O Quinze".

Logo depois da chegada, em novembro, mudam-se para Belém do Pará, onde residem por dois anos. Retornam ao Ceará, inicialmente para Guaramiranga e depois Quixadá, onde Rachel é matriculada no curso normal, como interna do Colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em 1925, aos 15 anos de idade. Sua formação escolar pára aí.

Rachel retorna à fazenda dos pais, em Quixadá. Dedica-se inteiramente à leitura, orientada por sua mãe, sempre atualizada com lançamento nacionais e estrangeiros, em especial os franceses. O constante ler estimula os primeiros escritos. Envergonhada, não mostrava seus textos a ninguém.

Em 1926, nasce sua irmã caçula, Maria Luiza. Os outros irmãos eram Roberto, Flávio e Luciano, já falecidos).

Raquel de Queiróz
Com o pseudônimo de "Rita de Queluz" ela envia ao jornal "O Ceará", em 1927, uma carta ironizando o concurso "Rainha dos Estudantes", promovido por aquela publicação. O diretor do jornal, Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, diante do sucesso da carta a convida para colaborar com o veículo. Três anos depois, ironicamente, quando exercia as funções de professora substituta de História no colégio onde havia se formado, Rachel foi eleita a "Rainha dos Estudantes". Com a presença do Governador do Estado, a festa da coroação tinha andamento quando chega a notícia do assassinato de João Pessoa. Joga a coroa no chão e deixa às pressas o local, com uma única explicação "Sou repórter".

Seu pai adquiri o Sítio do Pici, perto de Fortaleza, para onde a família se transfere. Sua colaboração em "O Ceará" torna-se regular. Publica o folhetim "História de um nome" — sobre as várias encarnações de uma tal Rachel — e organiza a página de literatura do jornal.

Submetida a rígido tratamento de saúde, em 1930, face a uma congestão pulmonar e suspeita de tuberculose, a autora se vê obrigada a fazer repouso e resolve escrever "um livro sobre a seca". "O Quinze" — romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca — é mostrado aos pais, que decidem "emprestar" o dinheiro para sua edição, que é publicada em agosto com uma tiragem de mil exemplares. Diante da reação reticente dos críticos cearenses, remete o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, sendo elogiado por Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. O livro logo transformaria Rachel numa personalidade literária. Com o dinheiro da venda dos exemplares, a escritora "paga" o empréstimo dos pais.

Em março de 1931, recebe no Rio de Janeiro o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha, mantida pelo escritor, em companhia de Murilo Mendes (poesia) e Cícero Dias (pintura). Conhece integrantes do Partido Comunista; de volta a Fortaleza ajuda a fundar o PC cearense.

Casa-se com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira, em 1932. É fichada como "agitadora comunista" pela polícia política de Pernambuco. Seu segundo romance, "João Miguel", estava pronto para ser levado ao editor quando a autora é informada de que deveria submetê-lo a um comitê antes de publicá-lo. Semanas depois, em uma reunião no cais do porto do Rio de Janeiro, é informada de que seu livro não fora aprovado pelo PC, porque nele um operário mata outro. Fingindo concordar, Rachel pega os originais de volta e, depois de dizer que não via no partido autoridade para censurar sua obra, foge do local "em desabalada carreira", rompendo com o Partido Comunista.

Raquel de Queiróz
Publica o livro pela editora Schmidt, do Rio, e muda-se para São Paulo, onde se aproxima do grupo trotskista.

Nasce, em Fortaleza, no ano de 1933, sua filha Clotilde.

Muda-se para Maceió, em 1935, onde faz amizade com Jorge de Lima, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Aproxima-se, também, do jornalista Arnon de Mello (pai do futuro presidente da República, Fernando Collor, que a agraciou com a Ordem Nacional do Mérito). Sua filha morre aos 18 meses, vítima de septicemia.

O lançamento do romance "Caminho de Pedras", pela José Olympio - Rio, se dá em 1937, que seria sua editora até 1992. Com a decretação do Estado Novo, seus livros são queimados em Salvador - BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de subversivos. Permanece detida, por três meses, na sala de cinema do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.

Em 1939, separa-se de seu marido e muda-se para o Rio, onde publica seu quarto romance, "As Três Marias".

Por intermédio de seu primo, o médico e escritor Pedro Nava, em 1940 conhece o também médico Oyama de Macedo, com quem passa a viver. O casamento duraria até à morte do marido, em 1982. A notícia de que uma picareta de quebrar gelo, por ordem de Stalin, havia esmigalhado o crânio de Trótski faz com que ela se afaste da esquerda.

Deixa de colaborar, em 1944, com os jornais "Correio da Manhã", "O Jornal" e "Diário da Tarde", passando a ser cronista exclusiva da revista "O Cruzeiro", onde permanece até 1975.

Estabelece residência na Ilha do Governador, em 1945.

Seu pai vem a falecer em 1948, ano em que publica "A Donzela e a Moura Torta". No ano de 1950, escreve em quarenta edições da revista "O Cruzeiro" o folhetim "O Galo de Ouro".

Rachel de Queiroz
Sua primeira peça para o teatro, "Lampião", é montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, no ano de 1953. É agraciada, pela montagem paulista, com o Prêmio Saci, conferido pelo jornal "O Estado de São Paulo".

Recebe, da Academia Brasileira de Letras, em 1957, o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.

Em 1958, publica a peça "A beata Maria do Egito", montada no Teatro Serrador, no Rio, tendo no papel-título a atriz Glauce Rocha.

O presidente da República, Jânio Quadros, a convida para ocupar o cargo de ministra da Educação, que é recusado. Na época, justificando sua decisão, teria dito: "Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista."

O livro "As Três Marias", com ilustrações de Aldemir Martins, em tradução inglesa, é lançado pela University of Texas Press, em 1964.

O golpe militar de 1964 teve em Rachel uma colaboradora, que "conspirou" a favor da deposição do presidente João Goulart.

O presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco, seu conterrâneo e aparentado, no ano de 1966 a nomeia para ser delegada do Brasil na 21ª. Sessão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, junto à Comissão dos Direitos do Homem.

Passa a integrar o Conselho Federal de Cultura, em 1967, e lá ficaria até 1985. Depois de visitar a escritora na Fazenda Não me Deixes, em Quixadá, o presidente Castelo Branco morre em desastre aéreo.

Estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969, com "O Menino Mágico", em 1969.

No ano de 1975, publica o romance "Dôra, Doralina".

Em 1977, por 23 votos a 15, e um em branco, Rachel de Queiroz vence o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras. A eleição acontece no dia 04 de agosto e a posse, em 04 de novembro.  Ocupa a cadeira número 5, fundada por Raimundo Correia, tendo como patrono Bernardo Guimarães e ocupada sucessivamente pelo médico Oswaldo Cruz, o poeta Aluísio de Castro e o jurista, crítico e jornalista Cândido Mota Filho.

Rachel de Queiroz
Seu livro, "O Quinze", é publicado no Japão pela editora Shinsekaisha e na Alemanha pela Suhrkamp, em 1978.

Em 1980, a editora francesa Stock lança "Dôra, Doralina". Estréia da Rede Globo de Televisão a novela "As Três Marias", baseada no romance homônimo da escritora.

Com direção de Perry Salles, estréia no cinema a adaptação de "Dôra, Doralina", em 1981.

Em 1985, é inaugurada em Ramat-Gau, Tel Aviv (Israel), a creche "Casa de Rachel de Queiroz". "O Galo de Ouro" é publicado em livro.

Retorna à literatura infantil, em 1986, com "Cafute & Perna-de-Pau".

A José Olympio Editora lança, em 1989, sua "Obra Reunida", em cinco volumes, com todos os livros que Rachel publicara até então destinados ao público adulto.

Segundo notícia que circulou em 1991, a Editora Siciliano, de São Paulo, pagou US$150.000,00 pelos direitos de publicação da obra completa de Rachel.

Já na nova editora, lança em 1992 o romance "Memorial de Maria Moura".

Em 1993, recebe dos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões e da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato. A Siciliano inicia o relançamento de sua obra completa.

1994 marca a estréia, na Rede Globo de Televisão, da minissérie "Memorial de Maria Moura", adaptada da obra da escritora. Tendo no papel principal a atriz Glória Pires, notícias dão conta que Rachel recebeu a quantia de US$50.000,00 de direitos autorais.

Inicia seu livro de memórias, em 1995, escrito em colaboração com a irmã Maria Luiza, que é publicado posteriormente com o título "Tantos anos".

Pelo conjunto de sua obra, em 1996, recebe o Prêmio Moinho Santista.

Rachel de Queiroz
Em 2000, é publicado "Não me Deixes — Suas histórias e sua cozinha", em colaboração com sua irmã, Maria Luiza.

Em novembro deste ano, quando a escritora completou 90 anos de idade, foi inaugurada, na Academia Brasileira de Letras, a exposição "Viva Rachel". São 17 painéis e um ensaio fotográfico de Eduardo Simões resumindo o que os organizadores da mostra chamam de “geografia interior de Rachel, suas lembranças e a paisagem que inspirou a sua obra”.

Rachel de Queiroz chega aos 90 anos afirmando que não gosta de escrever e o faz para se sustentar. Ela lembra que começou a escrever para jornais aos 19 anos e nunca mais parou, embora considere pequeno o número de livros que publicou. “Para mim, foram só cinco, (além de O Quinze, As Três Marias, Dôra, Doralina, O Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura), pois os outros eram compilações de crônicas que fiz para a imprensa, sem muito prazer de escrever, mas porque precisava sustentar-me”, recorda ela. “Na verdade, eu não gosto de escrever e se eu morrer agora, não vão encontrar nada inédito na minha casa”.

Recebe, em 06-12-2000, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Em 2003, é inaugurado em Quixadá (CE), o Centro Cultural Rachel de Queiroz.

Faleceu, dormindo em sua rede, no dia 04-11-2003, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou, aguardando publicação, o livro "Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz", uma fusão de imagens do Ceará fotografadas por Maurício com textos de Rachel de Queiroz.
Fonte: Releituras

"...da inocência da infância até à velhice extrema, continuará exatamente assim, só atribuindo interesse e grandeza àquilo que está a serviço da sua pessoa e da sua importância."
- Rachel de Queiroz, in "Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas", Editora Siciliano, 1994.


Rachel de Queiroz, à direita, aos três anos de idade
CRONOLOGIA
1910 - Nasce em Fortaleza, no dia 17 de novembro, filha do juiz de direito Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin.
1910 - Muda-se para Fazenda do Junco, propriedade da família em Quixadá, Ceará.
1913 - Em Fortaleza, o pai assume o cargo de promotor, motivando mais uma transferência familiar.
1917 - O pai passa a trabalhar como advogado e a família o acompanha, agora para o Rio de Janeiro, mas, no fim do ano, mudam-se novamente, quando ele é nomeado para o cargo de juiz em Belém, onde permanecem por 2 anos.
1919 - Retornam ao Ceará e residem inicialmente em Fortaleza, depois em Guaramiranga e por fim em Quixadá.
1920 - O pai a presenteia com o terreno no qual, em 1955, a escritora estabelece a Fazenda Não me Deixes.
1921 - Em Quixadá, matricula-se no curso normal do Colégio Imaculada Conceição.
1925 - Conclui o curso normal e retorna à Fazenda do Junco; dedica-se à leitura de clássicos nacionais e estrangeiros e exercita seus primeiros escritos.
1927 - Muda-se com a família para Fortaleza e trabalha no jornal O Ceará, na página de literatura. Publica o folhetim História de um Nome e escreve a peça teatral Minha Prima Nazaré.
1930 - Acometida por uma congestão pulmonar, começa a escrever o romance O Quinze, publicado em agosto, com tiragem de mil exemplares custeada pelos pais. O livro recebe críticas elogiosas de Mário de Andrade (1893 - 1945), Augusto Frederico Schmidt (1906 - 1965) e Alceu Amoroso Lima (1893 - 1983). Trabalha como professora substituta de história no Colégio Imaculada Conceição.
Rachel de Queiroz
1931 - No Rio de janeiro recebe o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha e trava contato com integrantes do Partido Comunista Brasileiro - PCB, cujo núcleo no Ceará ajuda a fundar. Termina seu segundo romance, João Miguel, que é censurado pelo PCB, levando-a a romper com o partido.
1932 - Muda-se para Itabuna, Bahia.
1933 - Transfere-se para São Paulo e ali conhece e integra o grupo trotskista liderado pelo crítico de artes plásticas  Mário Pedrosa (1900 - 1981). Faz traduções para a Editora Atena e ministra aulas no Sindicato de Professores de Ensino Livre.
1934 - Retorna a Fortaleza e, como integrante da Frente Única do Partido Socialista, candidata-se a deputada
1935 - Muda-se para Maceió, onde conhece os escritores Graciliano Ramos (1892 - 1953),Jorge de Lima (1893 - 1953) e José Lins do Rego (1901 - 1957), o pintor Tomás Santa Rosa (1909 - 1956) e o crítico e ensaísta Aurélio Buarque de Holanda (1910 - 1989). Volta para Fortaleza.
1937 - Seus livros, apontados como subversivos, são queimados em praça pública. Permanece detida por três meses.
1939 - Muda-se em definitivo para o Rio de Janeiro e colabora no jornal Diário de Notícias.
1940 - Escreve para os periódicos Correio da Manhã, O Jornal, Diário da Tarde e O Estado de S. Paulo. Funda, com Mário Pedrosa, o jornal Vanguarda Socialista
1942 - Ao lado dos escritores Aníbal Machado (1894 - 1964), Jorge Amado (1912 - 2001), José Lins do Rego e Graciliano Ramos, publica o romance Brandão entre o  Mar e o Amor.
1945-1975  - É cronista da revista O Cruzeiro.
1950 -  Publica, em quarenta edições da revista O Cruzeiro, o folhetim O Galo de Ouro.
Rachel de Queiroz
1953 - Encenada em São Paulo, a peça teatral Lampião, recebe o Prêmio Saci, consedido pelo jornal O Estado de S. Paulo.
1957 - Recebe o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras - ABL, pelo conjunto de sua obra.
1961 - Recusa convite do presidente Jânio Quadros (1917 - 1992) para assumir o Ministério da Educação
1962 - Com os escritores Viriato Corrêa (1884 - 1967), Dinah Silveira de Queiroz (1911 - 1982), Lucio Cardoso (1913 - 1968), Herberto Sales (1917 - 1999), Jorge Amado, João Conde (1912 - 1995), Guimarães Rosa (1908 - 1967), Antonio Callado (1917 - 1997) e Orígines Lessa (1903 - 1986), publica o romance policial O Mistério dos MMM.
1964 - Apóia o Golpe Militar.
1966 - Nomeada pelo presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco (1900 - 1967), representa o Brasil como delegada na 21ª Sessão da Assembléia das Nações Unidas, junto à Comissão dos Direitos do Homem. Passa a integrar o Diretório Nacional da Arena, partido da situação
1967 - Integra o Conselho Federal de Cultura.
Rachel de Queiroz,1958 (Foto Arquivo/AE)
1971 - Em parceria com Nilda Bethlen, publica a série de livros .didáticos Meu Livro de Brasil - volumes 3, 4 e 5 - destinada ao ensino de Educação Moral e Cívica de primeiro grau. Com Marion Vilas Bôas Sá Rego, publica a cartilha de alfabetização para adultos intitulada Luís e Maria.
1977 - Torna-se a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras.
1985 - O folhetim O Galo de Ouro é publicado em livro.
1993 - Recebe o Prêmio Camões, conferido pelos governos de Portugal e do Brasil e os Prêmios União Brasileira dos Escritores e Juca Pato.
1996 - Recebe, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Moinho Santista.
2000 - É titulada Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
2003 - Em Quixadá, é inaugurado o Centro Cultural Rachel de Queiroz.
2003 - Morre no Rio de Janeiro, em 4 de novembro.



"[...] tento, com a maior insistência, embora com tão precário resultado (como se tornou evidente), incorporar a linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo à língua com que ganho a vida nas folhas impressas.  Não que o faça por novidade, apenas por necessidade. Meu parente José de Alencar quase um século atrás vivia brigando por isso e fez escola."
- Rachel de Queiroz


Rachel de Queiroz

OBRA DE RACHEL DE QUEIROZ
Romance
O quinze. Fortaleza, 1930 (Prêmio da Fundação Graça Aranha); 2ª ed., 1931; 3ª ed., São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1942, 4ª ed. e seguintes (com desenhos de Poty), Rio de Janeiro, José Olympio, 1948, 51ª ed., 1992; 56ª ed., São Paulo, Siciliano, 1997.
João Miguel. Rio de Janeiro, Schmidt, 1932; 2ª ed., e seguintes (com desenhos de Poty), Rio de Janeiro, José Olympio, 1948; 9ª ed., 1990; 11ª ed., São Paulo, Siciliano.
Caminho de pedras. Rio de Janeiro, José Olympio, 1937. 10ª ed., São Paulo, 1987, São Paulo, Siciliano, 1995.
As três Marias. Rio de Janeiro, José Olympio, 1939 (Prêmio da Sociedade Felipe de Oliveira). 18ª ed., São Paulo, Siciliano, 1997.
Dora, Doralina. Rio de Janeiro/Brasília, José Olympio/INL-MEC, 1975; 2ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1975. 8ª ed., 1987; 10ª ed., São Paulo, Siciliano, 1997.
O galo de ouro.  Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. 2ª ed., 1986; 3ª ed., São Paulo, Siciliano, 1993.
Memorial de Maria Moura. São Paulo, Siciliano, 1992. 9ª ed., 1997.


Teatro
Rachel de Queiroz, por Borges
Lampião (peça dramática em cinco atos). Prêmio Saci de O Estado de S. Paulo. Rio de Janeiro, José Olympio, 1953; 3ª ed., 1990.
A beata Maria do Egito (peça em três atos e quatro quadros). Prêmio Melhor Peça Teatral, da Associação dos Críticos Teatrais de São Paulo (1957); Prêmio de Teatro do INL (1957); Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro (1957).  Rio de Janeiro, José Olympio, 1958; 3ª ed., ver., 1990. Montagem e encenação no Teatro dos Grandes Atores - Barra, Rio de Janeiro, 1997.
Teatro. São Paulo, Siciliano, 1995.
O padrezinho santo (inédita)
A sereia voadora (inédita)

Crônica
A donzela e a moura torta. Rio de Janeiro, José Olympio, 1948.
Cem crônicas escolhidas (Nota de Gilberto Amado). Rio de Janeiro, José Olympio, 1958, 2ª ed., São Paulo, Siciliano, 1994.
O brasileiro perplexo. Rio de Janeiro, Ed. do Autor.
O caçador de tatu (seleção e prefácio de Herman Lima). Rio de Janeiro, José Olympio, 1967.
As menininhas e outras crônicas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1976.
O jogador de sinuca e mais historinhas. 1980.
Mapinguari (integrando O brasileiro perplexo e O jogador de sinuca e mais historinhas). Rio de Janeiro, José Olympio, 1989; 2ª ed., com o título O homem e o tempo. [74 crônicas escolhidas]São Paulo, Siciliano, 1995.
As terras ásperas. São Paulo, Siciliano, 1993.
O Nosso Ceará. (com Maria Luiza de Queiroz Salek), 1994.
Um Alpendre, uma Rede, um Açude. [100 crônicas escolhidas], 1994.
Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)
Falso Mar, Falso Mundo. [89 crônicas escolhidas], 2002.


Literatura infanto-juvenil
O menino mágico (com 67 ilustrações de Gian Calvi). Rio de Janeiro, José Olympio,. 1967; 17ª ed., 1992; 21ª ed., São Paulo, Siciliano, 1997.
Cafute e Pena-de-Prata (com ilustrações de Ziraldo). Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. 3ª ed., 1991; 9ª ed., São Paulo, Siciliano, 1996.
Andira. 1992.
Cenas brasileiras. [Para gostar de ler 17].


Rachel de Queiroz, por J.Bosco
Memórias
Tantos anos (com Maria Luiza de Queiroz Salek). Rio de Janeiro, Siciliano, 1994.
O Não Me Deixes: Suas Histórias e Sua Cozinha (com Maria Luiza de Queiroz Salek), 2000.


Poesia
Mandacaru (Org.) BEZERRA, Elvia. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2010. 159 p. il.
Serenata (1925-30), (Org.) MIRANDA, Ana. Editora Armazém da Cultura, 2010, 164 p.


Diversos
Seleta (org. por Paulo Rónai; notas e estudos do prof. Renato Cordeiro Gomes). Rio de Janeiro, José Olympio, 1973; 22ª ed., 1991.
Discursos na Academia (com Adonias Filho). Rio de Janeiro, José Olympio, 1978.
Arnaldo Niskier (discurso de recepção na Academia). Rio de Janeiro, Bloch, 1984.
Obra reunida. Vol. I (Nota da Editora; Louvado para Rachel de Queiros | Manuel Bandeira |; Vida e obra de Rachel de Queiroz | Antônio Carlos Villaça |; Uma revelação - O quinze | Augusto  Frederico Schmidt |; Caminho de pedras | Graciliano Ramos | ): O quinze, João Miguel e Caminho de pedras. Vol. 2 (As três Marias | Mário de Andrade |): As três Marias e Dora, Doralina; Vol. 3: O galo de ouro e A donzela e a moura torta; Vol. 4 (Rachel de Queiroz | Herman Lima | ): 100 crônicas escolhidas e Caçador de tatu; Vol. 5 (Nota introdutória | Sérgio Milliet |; A beata Maria do Egito | Paulo Rónai | ): Mapinguari, Lampião e A beata Maria do Egito.
CD Rachel de Queiroz - historinhas e crônicas, lidas por Arlete Salles. 1º vol. da Coleção "Os Imortais", da Academia Brasileira de Letras, 1999.


Livros didáticos
Meu livro de Brasil 3 (educação moral e cívica -  1º grau). Rio de Janeiro, José Olympio/Fename/MEC, 1971.
Meu livro de Brasil 4 (educação moral e cívica -  1º grau). Rio de Janeiro, José Olympio/Fename/MEC, 1971.
Meu livro de Brasil 5 (educação moral e cívica -  1º grau). Rio de Janeiro, José Olympio, 1971. Todos em co-autoria com a professora Nilda Bethlem.
Luís e Maria (cartilha de alfabetização de adultos) em co-autoria co a professora Maria Vilas-Boas Sá Rego. São Paulo, Lisa, 1971.


Em colaboração
Raquel de Queiroz, por Fernandes
Brandão entre o mar e o amor (romance) (Co-autoria com: Aníbal Machado, Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego). São Paulo, Marins, 1942.
Nove elas são (crônicas) (Co-autoria com: Maria Eugênia Celso, Emi Bulhões de Carvalho, Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Ondina Ferreira, Leandro Dupré, Lasinha Luís Carlos, Francisca Barros Cordeiro). Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1957.
História do acontecerá (co-autoria com: Álvaro Malheiros, André Carneiro, Antônio Olinto, Clóvis Garcia, Dinah Silveira de Queiroz, Leon Eliachar, Zora Seljan). Rio de Janeiro, GRD, 1961.
O mistério dos MMM (romance) (Co-autoria com: Viriato Correia, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Jorge Amado, José Conde, Guimarães Rosa, Antônio Callado, Orígines Lessa). Rio de Janeiro, O Cruzeiro, 1962.
Elenco de cronistas modernos (Co-autoria com: Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga). Rio de Janeiro, Sabiá, 1971; a partir da 5ª ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1976.
"Noel Nutels", em Memórias e depoimentos, de Noel Nutels (com vários autores). Rio de Janeiro, José Olympio, 1974.


Raquel de Queiroz, por Lula Palomanes
Prefácios e notas em livros
Iracema - Ubirajara, de José de Alencar.
O coronel e o lobisomem, de José Cândido de Carvalho.
A pedra do reino, de Ariano Suassuna.
Menino de engenho, de José Lins do Rego.
Uma vida e muitas lutas (vol. III), de Juarez Távora.
O enterro do anão, de Chico Anísio.
Proezas do menino Jesus, de Luís Jardim.
O menino do dedo verde, de Maurice Druon.
Os náufragos do Carnapijó, de Sílvio Meira.
Destino da carne, de Samuel  Butler.
A crônica dos Forsyte, de John Galsworthy.
O morro do ventos uivantes, de Emily Brontë.
Moby Dick, de Herman Melville.
Eurídice, de José Lins do Rego.
Vila dos confins, de Mário Palmério.
Paquetá, de Vivaldo Coaracy.
A faca e o rio, de Odylo Costa, filho.
Estrela da vida inteira, de Manuel Bandeira.
O puxador de terço, de Moreira Campos.
Do sindicato ao Catete, de Café Filho (em Caminho de pedras).
Isto é Brasil, de Erich Joachim (prefácio e legendas).
A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
Perfis parlamentares I (discursos parlamentares I), de José de Alencar (prefácio e seleção).


“O homem feliz é o que não tem passado. O maior dos castigos, para o qual só há pior no inferno, é a gente recordar. Lembranças que vem de repente e ataca como uma pontada debaixo das costelas, ali onde se diz que fica o coração. Alguém pode ter tudo, mocidade, dinheiro no bolso, um bom cavalo debaixo das pernas, o mundo todo ao seu dispor. Mas não pode usufruir nada disso por quê? Porque tem as lembranças perturbando. O passado te persegue, como um cão perverso nos teus calcanhares. Não há dia claro, nem céu azul, nem esperança de futuro, que resista ao assalto das lembranças.”
- Rachel de Queiroz, in "Memorial de Maria Moura".


Rachel de Queiroz

OBRA DE RACHEL DE QUEIROZ PUBLICADA NO EXTERIOR
Alemão
Das Jahr 15 [O Quinze]. Tradução Ingrid Schwamborn. Frankfurt: Suhrkamp, 1978.
Die Drei Marias [As Três Marias]. Tradução Ingrid Führer. Munchen: DTV, 1994.


Eslovaco
Cangaceiro Lampiao [Cangaceiro Lampião]. Tradução Eugen Spálený. Praha: Dilia, 1974.


Estoniano
Võlirpoiss. Tradução Aita Kurfeldt. Eesti Raamat, 1978.


Raquel de Queiroz (...)
Francês
Dôra, Doralina. Tradução Mario Carelli. Paris: Stock, 1980. 
Jean Miguel [João Miguel]. Tradução Mario Carelli. Paris: Stock, 1984.
Lànnée de la Grands Sécheresse [O Quinze]. Tradução Jane e Didier Voïta. Paris: Stock, 1986.
Maria Moura [Memorial de Maria Moura]. Tradução Cécile Tricoire. Paris: Métailié, 1995.


Inglês
The Three Marias [As Três Marias]. Tradução Fred P. Ellison. Austin: University of Texas Press, 1963.
Dôra, Doralina. Tradução Dorothy Scott Loos. New York: Avon Books, 1984.


Japonês
Kambatsu [O Quinze]. Tradução Kazuco Hirokawa. Tókio: Shinsekaisha, 1978.
Lampião. Tóquio, 1964.


Português de Portugal
3 romances [O quinze, João Miguel,  Caminho de pedras]. Lisboa, Livros do Brasil (s.d.).
O quinze (s.d.).


"A piedade supõe uma condição de superioridade e a gente só pode se compadecer de quem sofre mais do que nós"
- Rachel de Queiroz, in "Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas", Editora Siciliano, 1994.

Rachel de Queiroz

OBRAS ESTRANGEIRAS TRADUZIDAS POR RACHEL DE QUEIROZ
Romances
AUSTEN, Jane. Mansfield Parlz. José Olympio Editora, 1942.
BALZAC, Honoré de. A mulher de trinta anos. José Olympio Editora, 1948.
BARD, Mary. O doutor meu marido ("Confissão da esposa de um médico") (com Maria Luiza de Queiroz). José Olympio Editora, 1952.
BAUM, Vicki. Helena Wilfuer. José Olympio Editora, 1944.
BELLAMANN, Henry. A intrusa. José Olympio Editora, 1945.
BOTTONE, Phyllis. Tempestade d'alma. José Olympio Editora, 1943.
BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes. José Olympio Editora, 1947.
BRUYÈRE, André. Os Robinsons da montanha. José Olympio Editora, 1948.
BUCK, Pearl. A promessa. José Olympio Editora, 1946.
BUTLER, Samuel. Destino da carne. José Olympio Editora, 1942.
CHRISTIE, Agatha. A mulher diabólica. José Olympio Editora, 1971.
CRONIN, A. J. A família Brodie (O castelo do homem sem alma). José Olympio Editora, 1940.
CRONIN, A. J. Anos de ternura. José Olympio Editora, 1947.
CRONIN, A. J. Aventuras da maleta negra("Os gerânios tornam a florir"). José Olympio Editora, 1948.
DONAL, Mario. O quarto misterioso e Congresso de bonecas. José Olympio Editora, 1947.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Humilhados e ofendidos. José Olympio Editora, 1944.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Recordações da casa dos mortos. José Olympio Editora, 1945.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios. José Olympio Editora, 1951.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamazov, (3 Vols.) . José Olympio Editora, 1952.
DU MAURIER, Daphne. O roteiro das gaivotas. José Olympio Editora, 1943.
FREMANTLE, Anne. Idade da fé (Biblioteca de História Universal Life) . José Olympio Editora, 1970.
GALSWORTHY, John. A crônica dos Forsyte, (3 vols.) . José Olympio Editora, 1946.
Raquel de Queiroz (...)
GASKELL, Elisabeth. Cranford. José Olympio Editora, 1946.
GAUTHIER, Théophile. O romance da múmia. Ed. de Ouro, 1972.
HEIDENSTAM, Verner von. Os carolinos: crônica de Carlos XII. Editora Delta, 1963.
HILTON, James. Fúria no céu(com Cícero Franklin de Lima) . José Olympio Editora, 1944.
LA CONTRIE, M. D'Agon de. Aventuras de Carlota. José Olympio Editora, 1947.
LOISEL, Y. A casa dos cravos brancos. José Olympio Editora, 1947.
LONDON, Jack. O lobo do mar. Ed. de Ouro, 1972.
MAURIAC, François. O deserto do amor. Editora Delta, 1966.
MERREL, Concordia. Coração Indeciso. (com Cícero Franklin de Lima). José Olympio Editora, 1943.
PROUTY, Oliver. Stella Dallas. José Olympio Editora, 1945.
REMARQUE, Erich Maria. Náufragos("E assim acaba a noite"). José Olympio Editora, 1942.
ROSAIRE, Forrest. Os dois amores de Grey Manning. José Olympio Editora, 1948.
ROSMER, Jean. A afilhada do imperador. José Olympio Editora, 1950.
SAILLY, Suzanne. A deusa da tribo. José Olympio Editora, 1950.
VERDAT, Germaine. A conquista da torre misteriosa. José Olympio Editora, 1948.
VERNE, Júlio. Miguel Strogoff. Ed. de Ouro, 1972.
WHARTON, Edith. Eu soube amar("A solteirona"). José Olympio Editora, 1940.
WILLEMS, Raphaelle. A predileta. José Olympio Editora, 1950.


Biografias e memórias
BUCK, Pearl. A exilada: retrato de uma mãe americana. José Olympio Editora, 1943.
CHAPLIN, Charles. Minha vida (caps. 1 a 7) . José Olympio Editora, 1965.
DUMAS, Alexandre. Memórias de Alexandre Dumas, pai. José Olympio Editora, 1947.
TERESA DE JESUS, Santa. Vida de Santa Teresa de Jesus. José Olympio Editora, 1946.
STONE, Irwin. Mulher imortal (biografia de Jessie Benton Fremont). José Olympio Editora, 1947.
TOLSTÓI, Leon. Memórias (infância, adolescência, juventude). José Olympio Editora, 1944.


Teatro
CRONIN, A. J. Os deuses riem. José Olympio Editora (1952).



Rachel de Queiroz, nov. 1980. (Foto Arquivo/AE)

“Acho que a gente tem que dar o testemunho fiel do seu tempo e da sua gente e as conclusões que sejam tiradas.”

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Raquel de Queiróz, posse na ABL
Sua eleição, em 4 de novembro de 1977 para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras, causou certo frisson nas feministas de então. Mas a reação da escritora ao movimento foi bastante sóbria. Numa entrevista, em meio ao grande furor que sua nomeação causou, declarou: Eu não entrei para a Academia por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres. Um verdadeiro choque anafilático no movimento feminista.
Recebida por Adonias Filho, foi a quinta ocupante da cadeira 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães.




Rachel de Queiroz a primeira mulher Imortal da ABL.

"Cada coisa tem sua hora e cada hora o seu cuidado"
- "Formosa Lindomar" in: "Rachel de Queiroz". Agir Editora.


Raquel de Queiróz

PRÊMIOS OUTORGADOS A RACHEL DE QUEIROZ (OS PRINCIPAIS)
Prêmio Fundação Graça Aranha, pela obra“O quinze”, 1930.
Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira, pela obra “As Três Marias”, 1939.
Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo, para Lampião, 1954
Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra, 1957
Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para A beata Maria do Egito, 1959.
Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo), para O menino mágico, 1969.
Prêmio Nacional de Literatura de Brasília, para conjunto de obra em 1980.
Título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Ceará, em 1981.
Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar, em 1983.
Medalha Rio Branco, do Itamarati, 1985.
Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador, 1986.
Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais, 1989.
Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, 1993, sendo a primeira mulher a recebê-lo.
Título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1993.
Título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral, em 1995.
Diploma de Honra ao Mérito do Rotary Clube do Rio de Janeiro, 1996. 
Prêmio Moinho Santista de Literatura,  na categoria de romance, 1996.
Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ, 2000.
Eleita para o elenco dos “20 Brasileiros empreendedores do Século XX”, em pesquisa realizada pela PPE (Personalidades Patrióticas Empreendedoras), 2000.
Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza, 2001.
Troféu Cidade de Camocim, em 20 de Julho de 2001 – Academia. Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim.

 Rachel de Queiroz na Fazenda Não me Deixes,  no Ceará, em setembro de 1998

"Morrer, só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro, ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha."
- Rachel de Queiroz, in "O brasileiro perplexo; histórias e crônicas: histórias e crônicas". Editora do Autor, 1963.



DOCUMENTÁRIOS SOBRE RACHEL DE QUEIROZ
DocumentárioRachel de Queiroz - um alpendre, uma rede, um açude
Sinopse: Nascida em 1910 em Fortaleza, Rachel de Queiroz surpreende a literatura nacional com a publicação de O Quinze, quando ainda não tinha 20 anos de idade. Passa por muitas outras importantes obras no romance, crônica e jornalismo, até culminar no Memorial de Maria Moura, verdadeiro monumento literário escrito aos 80 anos. No vídeo, Rachel faz algumas revelações que se somam aos depoimentos de Antônio Houaiss, Heloísa Buarque de Holanda, Ana Miranda e Antônio Carlos Villaça.
Direção: Eliane Terra, Karla Holanda
Tipo: Documentário
Formato: Vídeo (S-VHS)
Ano Produção:1995
Origem: Brasil (CE)
Cor / PB: cor
Duração: 30 min.
Prêmios: Segundo Lugar - Festival de Vídeo de Teresina 1996
Roteiro: Eliane Terra, Karla Holanda
Fotografia: Eliane Terra
Operador de Câmera: Eliane Terra
Produção: Karla Holanda
Produtora: Em Foco Multimídia
Disponível no link 



DocumentárioRachel de Queiroz - Vida e Obra
Sinopse: Duas estudantes, no subúrbio do Rio de Janeiro, recorrem ao dono duma biblioteca do bairro para fazer uma pesquisa sobre a vida e a obra da escritora Rachel de Queiroz. Diante do amontoado de livros da biblioteca, as perguntas e respostas vão surgindo, nos dando um pequeno painel do mundo e do tempo de Rachel. Enquanto o bibliotecário orienta e encaminha a pesquisa, a autora responde ou vive as situações apresentadas; começando pela sua infância no sertão do Quixadá e do Colégio das freiras francesas em Fortaleza. Rachel fala da sua experiência como romancista, cronista, autora teatral, escritora de literatura infanto-juvenil... e é com emoção que nos conta também sobre a família, maridos, amigos, patrões e principalmente da filha, que faleceu com um ano e meio de idade. Amigos do mundo político e literário, atores e colaboradores ajudam com seus relatos, na compreensão dos personagens e dos seus mundos; de como nascem do imaginário da autora e ganham vida nas montagens teatrais, filmes, novela e mini-série.
Direção: Jurandir de Oliveira. 
Tipo: Documentário
Formato: Vídeo (Betacam)
Ano Produção: 2001
Origem: Brasil (RJ)
Cor / PB: cor
Duração: 42 min.
Elenco: Vera Fischer, Arlete Salles, Perry Salles, Chico Dias, Karina Barum
Fotografia: Jorge Monclar
Som: Juarez Dagoberto
Música: Andre Lopez, Romulo Cesar
Montagem/Edição: Ana
Produção: Letícia Menescal
Produtora: M e L Produções



DocumentárioRachel de Queiroz: Não Me Deixes
Sinopse: mostra, num relato sutil e íntimo, um perfil das facetas menos conhecidas da escritora, além de traçar sua trajetória, do interior do Ceará para o mundo. Pelo olhar e pelas palavras de familiares, amigos, e de especialistas em sua obra, descortinam-se todas as características pelas quais ela se tornou célebre: suas raízes, sua formação, seu pioneirismo como escritora de forte cunho regional e seu aguçado senso em desvendar a alma feminina. Passeando pelos lugares por onde Rachel viveu, e conversando com pessoas queridas a ela, o documentário pretende mostrar o quanto da força de seu texto vem da importância dessas vivências.
Série: Mestres da Literatura
Duração: 28 min.
Ficha Técnica
Equipe TAL
Roteiro e Direção: Cecília Araújo
Produção Executiva: Malu Viana Batista
Coordenação de Produção: Clara Ramos
Direção de Fotografia: Ivanildo Machado
Edição: Felipe Macedo
Design Gráfico: Deborah Guerra
Música Original: Cacá Machado
Equipe TV Escola: Ministério da Educação
Departamento de Produção e Capacitação em Programas de Educação a Distância - Coordenação-Geral de Produção de Programas em Radiodifusão
Produção TV Escola: Alexandre Fischgold e Érico Monnerat
Disponível em: Pacto audiovisual e TV Escola 


Rachel de Queiroz: Não Me Deixes


"O maior espetáculo para o homem será sempre o próprio homem."
- Rachel de Queiroz


Rachel de Queiroz - "De lá pra cá" - Parte I


Rachel de Queiroz - "De lá pra cá" - Parte II




Rachel de Queiroz - vida e obra
[Documentário produzido e realizado pela TV Câmara].



GloboNews - Arquivo N - Raquel de Queiroz a 
história da mulher que mais se destacou na literatura

ADAPTAÇÃO DA OBRA DE RACHEL DE QUEIROZ PARA A TELEVISÃO
TELENOVELAAs três Marias
Baseado em romance de Rachel de Queiroz
Sinopse: Relata a história de três jovens, conhecidas como as "Três Marias", e amigas desde os tempos de colégio na Suíça. O reencontro das três põe a prova essa amizade quando elas se envolvem com os problemas uma das outras. Paralelamente, corre a investigação sobre a morte misteriosa de Teresa, outra amiga de colégio das três jovens.
Produzida e exibida pela: Rede GloboEscrita: Wilson Rocha e Walther Negrão
Direção: Herval Rossano
Capítulos: 161 capítulos.
Período de exibição: entre 1980 e 1981, no horário das 18 horas.
Memória Rede Globo - As três Marias.


EPISÓDIOCremilda e o Fantasma [Série Brava Gente]
Baseado no conto homônimo de Rachel de Queiroz
Sinopse: o episódio contará a história de Cremilda (Paloma Duarte) e sua família: seu José (Othon Bastos) e dona Das Dores (Elizabeth Savalla), famosos por suas habilidades como caçadores de fantasmas. A família é chamada às pressas por Juliano (Milton Gonçalves), um corretor de imóveis que não consegue alugar uma casa habitada pelo fantasma Armando (Angelo Antonio). Para surpresa de todos, o fantasma apaixona-se por Cremilda que chega a terminar com o noivo Silvio (Marcelo Faria) e morre para viver na eternidade com Armando.
Produção e Exibição: Rede Globo
Adaptado: Angela Chaves
Direção: Roberto Farias
Ano: 2002



MINISSÉRIE: Memorial de Maria Moura
Adaptação do romance homônimo de Rachel de Queiroz
Produção: Rede Globo
Direção: Denise Saraceni, Mauro Mendonça Filho e Roberto Farias
Supervisão artística: Carlos Manga.
Escrita: por Jorge Furtado e Carlos Gerbase, com a colaboração de Glênio Póvoas e Renato Campão.
Capitulos: 24
Exibição: Rede Globo às 22h30 de 17 de maio a 17 de junho de 1994.


Rachel de Queiroz - Rio de Janeiro, RJ, 6/7/1993
(Foto: Otávio Magalhães/AE)

OBRA DE RACHEL DE QUEIROZ ADAPTADA NO CINEMA


Filme: O Quinze

Sinopse: O ano é 1915. Em pleno sertão central do Ceará, a vida de homens e mulheres se cruzam durante um período de seca devastador. De um lado estão a professora Conceição e seu primo Vicente, que nutrem um pelo outro um amor platônico e preso às convenções. De outro, está Chico Bento e sua família, que largam tudo em Quixadá e rumam a pé para Fortaleza em busca de uma passagem para o Amazonas.
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 107 min.
Ano de Lançamento (Brasil): 2007
Distribuição: Pipa Produções 
Diretor: Jurandir Oliveira
Roteiro: Jurandir Oliveira, baseado em livro de Rachel de Queiróz.
Produção executiva: Leticia Menescal
Fotografia: Luiz Abramo
Desenho de produção: Márcio Rodart 
Direção de arte: Jurandir Oliveira 
Figurino: Dami Cruz 
Música: Roberto Menescal e Flavio Mendes
Trilha Sonora: Roberto Menescal 
Montagem: Luelane Loiola
Elenco: Karina Barum, Juan Alba, Jurandir Oliveira, Sôia Lira, Maria Fernanda, Carry Costa, Vívian Duarte, Fernanda Garcez, Marisa Maia e Haroldo Serra.




RACHEL DE QUEIROZ NO CINEMA
Filme: O Cangaceiro
Sinopse: O bando de cangaceiros do capitão Gaudino semeia o terror pela caatinga nordestina. A professora Maria Clódia, raptada durante um assalto do grupo, se apaixona pelo pacífico Teodoro. O forte amor entre os dois gera grande conflito entre a turma.
Ficha Técnica
Direção e roterio: Lima Barreto
Diálogos criados por: Rachel de Queiroz
Elenco: Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro, Vanja Orico, Ricardo Campos, Galileu Garcia, João Batista Giotto
Produção: Anibal Massaini Neto
Fotografia: H. E. Fowle (Chick Fowle)
Trilha Sonora: Gabriel Migliori
Duração: 105 min.
Ano: 1953
País: Brasil
Gênero: Drama
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Columbia Pictures
Produtora/Estúdio: Companhia Cinematográfica Vera Cruz
Prêmios:
- Melhor Filme de Aventura e Menção Honrosa à  música Olê muié rendeira, interpretada pela também atriz Vanja Orico, no Festival de Cannes.
Importante: O filme "Cangaceiro", de Lima Barreto, foi restaurado em 2011, pela Cinemateca Brasileira, terá cópias em digital, incluindo extras, com mais de 200 fotos still de cenas e bastidores da filmagem, um pequeno documentário mostrando o processo de restauro, e depoimentos de artistas, técnicos e profissionais envolvidos com O Cangaceiro.



"Fala-se muito na crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?"
- Rachel de Queiroz, in "As terras ásperas". Editora Siciliano,1993.




"O QUINZE', DE RACHEL DE QUEIROZ ADAPTADO PARA HQ (HISTÓRIA EM QUADRINHOS)
QUEIROZ, Rachel. O Quinize.[coleção Clássicos Brasileiros em HQ].  Desenhos em aquarela que o artista Shiko. Editora Ática, 2012.
O Livro: No sertão do Ceará, em meio ao desengano e à esperança, três histórias se cruzam sobre uma espera sem fim: Conceição tenta convencer a avó a abandonar sua propriedade no sertão e levá-la para Fortaleza, onde trabalha como professora; o vaqueiro Chico Bento fica desempregado e, sem dinheiro para o trem, é obrigado a caminhar pelas estradas com a família, vivenciando fome, sede, morte; e apenas Vicente permanece na própria fazenda, lutando contra o sol escaldante e a mortandade do gado.
O ano é 1915. Ficaria marcado para sempre na história por uma das maiores secas que o nordeste brasileiro já enfrentou.
Quando o romance foi publicado, nos anos 1930, chamou a atenção por ter sido escrito por uma autora ainda iniciante. Muito foi dito sobre as semelhanças entre ela e sua protagonista: ambas independentes, crescidas no Ceará e levando a vida entre a cidade e o campo. Mas a obra ultrapassou questões biográficas e impressionou pela sobriedade com que tece uma trama de vidas ligadas por um longo ano de estiagem.
Muitas décadas depois, outro artista que viveu a realidade do sertão, e hoje transita entre as principais metrópoles do mundo, adapta o clássico para os quadrinhos. Nascido no interior da Paraíba, Shiko realizou extensa pesquisa para transpor elementos da cultura local com precisão.
___
** Shiko nasceu em Patos, no sertão paraibano, onde viveu até os 20 anos. Começou sua carreira nos quadrinhos - desde 1997 desenha e publica o Margina-zine. Sua produção inclui ilustrações de editoriais e campanhas publicitárias, grafite pelas ruas das cidades, direção de filmes, clipes e curtas de animação. É um dos artistas presentes no álbum MSP Novos 50 e vai participar do projeto Graphic MSP, com o personagem Piteco.


"(...) E se não fosse uma raiz de mucunã arrancada aqui e além, ou alguma batata-branca que a seca ensina a comer, teriam ficado todos pelo caminho, nessas estradas de barro ruivo, semeado de pedras, por onde eles trotavam trôpegos se arrastando e gemendo."
- Rachel de Queiroz, in "O Quinze".



Rachel de Queiroz

Louvação

(à Rachel de Queiroz)
Louvo o Padre, louvo o Filho,
O Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel, minha amiga,
nata e flor do nosso povo.
Ninguém tão Brasil quanto ela,
pois que, com ser do Ceará,
tem de todos os Estados,
do Rio Grande ao Pará.
Tão Brasil: quero dizer
Brasil de toda maneira
-- brasílica, brasiliense,
brasiliana, brasileira.
Louvo o Padre, louvo o Filho,
o Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel e, louvada
uma vez, louvo-a de novo.
Louvo a sua inteligência,
e louvo o seu coração.
Qual maior? Sinceramente,
meus amigos, não sei não.
Louvo os seus olhos bonitos,
louvo a sua simpatia.
Louvo a sua voz nortista,
louvo o seu amor de tia.
Louvo o Padre, louvo o Filho,
o Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel, duas vezes
louvada, e louvo-a de novo.
Louvo o seu romance: O Quinze
E os outros três; louvo As Três
Marias especialmente,
mais minhas que de vocês.
Louvo a cronista gostosa.
Louvo o seu teatro: Lampião
e a nossa Beata Maria.
Mas chega de louvação,
porque, por mais que a louvemos,
Nunca a louvaremos bem.
Em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, amém.
- Manuel Bandeira


Rachel de Queiroz e Gilberto Freyre, mar./1980
[foto: Acervo Gilberto Freyre]

FORTUNA CRÍTICA DE RACHEL DE QUEIROZ
[Bibliografia e Estudos Acadêmicos sobre Rachel de Queiroz]
Rachel de Queiroz e José Américo de Almeida no dia
da posse na ABL, 1977 (Foto Acervo Pessoal).
ABDALA JR., Benjamin. Utopia e ideologia em O quinze, de Rachel de Queiroz. In: Anais do V Seminário Nacional Mulher e Literatura. Natal: UFRN Universitária, 1995.
ABREU, Laile Ribeiro de.  Rachel de Queiroz: Diálogo entre as crônicas O Cirino, Roteiro de um haver encoberto e o romance Memorial de Maria Moura. In: Constãncia Lima Duarte; Eduardo Assis Duarte; Marcos Antônio Alexandre.. (Org.). Falas do outro - Literatura, gênero, etnicidade.. Falas do outro - Literatura, gênero, etnicidade.. 1ªed. Belo Horizonte: Nandyala Livros e Serviços Ltda, 2010, v. único, p. 1-344.
ABREU, Laile Ribeiro de. Análise da Memória e da Diáspora em duas Marias: Maria Moura e Maria Nova. In: Pretov, Petar; SOUZA, Pedro Quintino de; SAMARTIM, Roberto López-Iglésias; FEIJÓ, Elias J. Torres. (Org.). Avanços em Literatura e Cultura Brasileiras Século XX. Avanços em Literatura e Cultura Brasileiras Século XX. 1ª ed. Santiago de Compostela-Faro: AIL - Através Editora, 2012, v. 2, p. 13-453.
ABREU, Laile Ribeiro de. Memorial de Maria Moura: percurso crítico e representação da memória. (Dissertação Mestrado em Letras). Faculdade de Letras, 2011.
ABREU, Laile Ribeiro de. Rachel de Queiroz e sua escrita sertaneja. Em Tese (Belo Horizonte. Impresso), v. 17, p. 58-65, 2011.
ABREU, Laile Ribeiro de. Rachel de Queiroz e sua escrita sertaneja. In: ARRUDA, Aline Alves; Neves, Ana Caroline Barreto; DUARTE, Constância Lima; PAIVA, Kelen Benfenatti; PEREIRA, Maria do Rosário.. (Org.). A escritura no feminino. A escritura no feminino. 1ªed.Florianópolis: Editora Mulheres, 2011, v. I, p. 13-425.
ALENCAR, Socorro Edite Oliveira Acioli de. Rachel de Queiroz. 1. ed. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2003. v. 1. 135p.
ALVES, Andresa Guedes Kaminski. Relações Entre Espaço e Personagem em O Quinze de Rachel de Queiroz. In: VII Seminário de Literatura, História e Memória I Simpósio de Pesquisa em Letras da Unioeste, 2007, CASCAVEL - PR. VII Seminário de Literatura, História e Memória I Simpósio de Pesquisa em Letras da Unioeste. Cascavel: Edunioeste, 2007. v. 7. p. 1-12.
AMADO, Gilberto. Prefácio. a 100 crônicas escolhidas.
ANDRADE, Mário de. As três Marias. In: O empalhador de passarinho. 2. ed. São Paulo: Livraria Martins, 1989.
ANDRADE, Mário de. Estudo. em O empalhador de passarinho, São Paulo, Martins.
ANDRADE, Mário de. Rachel de Queiroz. Táxi e crônicas no Diário Nacional. São Paulo: Duas Cidades; Secretaria de Cultura, 1930.
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira (Org.).; BARBOSA, Lourdinha Leite. (Org.). 100 Anos De Rachel De Queiroz Vida E Obra. Fortaleza: Editora INESP, 2010, v.
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira.  A Fabuladora Artífice Rachel de Queiroz: Vidas Feitas de Terra, Mar e Palavra. In: FIUZA, Regina Pamplona. (Org.).. Panorama Literário. Fortaleza: Academia Cearense de Letras/Expressão Gráfica, 2006, v. , p. 163-192.
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira.  Xosé Neira Vilas e Rachel de Queiroz, Fabuladores Artífices. 1ª. ed. Edicións do Castro, 2000. v. 1.
Rachel de Queiroz, 31/08/86. (Foto:César Diniz/ AE)
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira. Ceará e Galícia na Literatura: Os Fabuladores Artífices Raquel de Queiroz e Xosé Neira Vilas, Vidas Feitas de Terra, Mar e Palavra. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Ceará, UFC, Brasil, 1998.
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira. Los narradores artífices Xosé Neira Vilas y Rachel de Queiroz : guardianes de la memoria de Galicia, Ceará, y de otras tierras. A TRABE DE OURO. Publicación Galega de Pensamento Crítico, Galicia, v. tomoII, n.Ano IX, p. 173-181, 1998.
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira. Rachel de Queiroz e Xosé Neira Vilas: Vidas Feitas de Terras e Palavras. 1. ed. Fortaleza: Edições UFC, 2012. 242p .
ARAGÃO, Cleudene de Oliveira. Rachel de Queiroz: Uma Sertaneja Cearense Contada por Si Mesma. Presente! (Centro de Estudos e Assessoria Pedagógica), v. 03, p. 50-55, 2010.
ARAÚJO, Felipe. Entrevista de Rachel de Queiroz. O Povo - Jornal do Ceará (da Editoria do Sábado - 26.09.1998). Disponível no link. (acessado em 16.11.2012).
ARAÚJO, Kárita de Fátima. 1915: A Seca e o Sertão Sob o Olhar de Raquel de Queiroz. Estudios Historicos – CDHRP- Diciembre 2009 - Nº 3. Disponível no link. (acessado em 16.11.2012).
ARAÚJO, Silvera Vieira de. "O Quinze" e a representação da cultura popular do sertanejo do inicio do século XX. In: II Encontro Nacional sobre literatura infanto juvenil e ensino, 2008, Campina Grande. II Encontro Nacional sobre literatura infanto juvenil e ensino. Campina Grande: Bagagem, 2008. v. 2. p. 31-40.
ARAÚJO, Silvera Vieira de. As Percepções do Feminino no Romance O Quinze de Rachel de Queiroz. In: II Coloquio Nacional de Genero e Sexualidade, 2006, Campina Grande-PB. Anais Do II Coloquio Nacional de Genero e Sexualidade. João Pessoa-PB: EDUFPB, 2006. v. II. p. 809-814.
ARAÚJO, Silvera Vieira de. História e seus dialogos com a literatura regionalista: "O Quinze" na representação da cultura popular do sertanejo. In: II Semana de pesquisa em história: história, memória e documentação, 2008, Campina Grande. II Semana de pesquisa em história: história, memória e documentação. Campina Grande: EDUEP, 2008. p. 52-60.
ATHAYDE, Tristão de. Estudo. em Meio século de presença literária, Rio de Janeiro, José Olympio, 1969.
BANDEIRA, Manuel. Louvado para Rachel de Queiroz. em Estrela da vida inteira.
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As escritoras Lygia Fagundes Teles e Rachel de Queiroz
São Paulo, SP, 5/1993 (Foto: Fernando Arellano/ AE)



Valdemar Cavalcanti (crítico literário), Graciliano Ramos, Aloísio Branco (poeta),
Rachel de Queiroz e José Auto (poeta e marido de Rachel). Maceió, 1932 
(Acervo: Família Graciliano Ramos)

"...Não gosto de memórias. Nunca pretendi escrever memória alguma. Se quiser, terá que me extorquir as lembranças do passado, as coisas que testemunhei, as pessoas que conheci... Há coisas na vida de cada um, que não se contam..."
- Rachel de Queiroz


Os jornalistas e cronistas do jornal O Estado de S. Paulo,
Paulo Francis e Rachel de Queiroz - São Paulo, SP, 01/05/1991.
 (Foto: Sérgio Moreira/ AE)

HOMENAGEM
Estátua Rachel de Queiroz. [bronze], criada por Murilo Sá Toledo. Localização: Praça dos Leões, em Fortaleza/CE.


Estátua Rachel de Queiroz. [bronze], por Murilo Sá Toledo.
Localização: Praça dos Leões, em Fortaleza/CE.


Rachel na fazenda “Não Me Deixes”, Quixadá, Ceará
 (Foto Acervo Pessoal)

Geometria dos ventos
Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao
                                       mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.
- Rachel de Queiroz, [Poesia feita em homenagem ao poema
"Geometrida dos Ventos" de Álvaro Pacheco].



ACERVO RACHEL DE QUEIROZ
Rachel de Queiroz
Sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2006. O acervo Rachel de Queiroz é composto por cerca de 5 mil itens, entre livros, periódicos, recortes de jornais, manuscritos, correspondências, fotografias e demais documentos. As responsáveis iniciais pela preservação desse material foram a mãe, Clotilde de Queiroz – que reuniu um álbum de recortes com os primeiros artigos que Rachel publicou na imprensa do Ceará – e Alba Frota, amiga que inspirou a personagem Maria José do romance As três Marias.
Local: IMS - Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea - CEP 22451-040 – Rio de Janeiro-RJ
Tel.: 21 3284-7400/ 21 3206-2500 – Fax: 21 2239-5559
De terça a domingos e feriados, das 11h às 20h.
Entrada franca
Site do IMS


CENTRO CULTURAL RACHEL DE QUEIROZ - QUIXADÁ/CE
Centro Cultural Rachel de Queiroz - Quixadá/CE
O Centro Cultural Rachel de Queiroz é uma instituição pública subordinada à Prefeitura do município de Quixadá, Ceará. Seu nome foi dado em homenagem à escritora cearense Rachel de Queiroz.
Possui dois pavimentos com um teatro e um anfiteatro. O centro cultural oferece oficinas de audiovisual, música, teatro e artes plásticas especialmente voltadas para crianças e adolescentes. É também sede do Núcleo de Arte, Educação e Cultura de Quixadá.
Foi construído com recursos do governo do estado e da prefeitura na praça do Chalé da Pedra, um dos pontos turísticos do município. Sua inauguração foi em 18 de janeiro de 2003.


MEMORIAL RACHEL DE QUEIROZ - QUIXADÁ/CE

O memorial foi inaugurado no dia 10 de dezembro de 2010, ano em que o Brasil lembrava o centenário de Rachel de Queiroz.
Acervo: (...)
História do Chalé da Pedra
Chalé da Pedra - Memorial Rachel de Queiroz, Quixadá/CE.
O Chalé da Pedra é uma construção histórica localizada no centro da cidade de Quixadá datada da década de 1920 que tem como uma de seus principais atrativos, o fato de estar sobre um monolito. Hoje abriga um centro cultural.
Até o fim do século XIX havia uma pequena lagoa nas proximidades da pedra que serve de base para a construção. Durante os períodos chuvosos a água dessa lagoa transbordava e ia em direção à Pedra do Cruzeiro. Contudo, no início no século XX, quando Quixadá iniciava a organização de sua estrutura urbana, foi construída uma pequena barragem para represar a água. Com o represamento das águas, o volume acumulado foi ampliado fazendo com que, durante a estação chuvosa, a água atingisse essa pedra. Mesmo assim, por volta de 1919, o proprietário das terras, Fausto Cândido de Alencar, resolveu construir sobre uma casa sobre essa rocha.
Essa construção, feita em estilo arquitetônico Art Noveau, foi inspirada em outro casarão existente nas proximidades da barragem do Açude Cedro que havia sido planejada a por Dr. Revy, engenheiro inglês que iniciou a construção daquele açude, e modificada pelo engenheiro Ulrico Mursa, mas somente concluída por volta de 1899 pelo também engenheiro José bento da Cunha Figueiredo, que, na época, dirigia a 3ª Comissão encarregada da construção do Açude. O Chalé foi tombado como patrimônio histórico de Quixadá, por meio do Conselho Municipal Histórico Cultura e Ambiental, em fevereiro de 2007. (Fonte:  COSTA, João Eudes. Chalé da Pedra In: Retalhos da História de Quixadá. [S.l.]: ABC Editora, 2002. 554-556 p.)

Estátua Rachel de Queiroz. [réplica da existente em Fortaleza/em bronze], criada por Murilo Sá Toledo. (Inaugurada em 17.11.2012). Localização: na Praça em Quixadá/CE.



Estátua Rachel de Queiroz (bronze) - Praça de Cultura, Quixadá/CE

"Uma patroa simpática e de vida simples. Ela adorava acordar com o canto da passarada e acompanhar o por do sol do alpendre da fazenda, sentadinha desse jeito aqui, com elegância"

-  Francisco José Dias, vaqueiro em 'declaração ao DN' (74 anos - 2012)



CASA DE RACHEL DE QUEIROZ NA FAZENDA "NÃO ME DEIXES", EM QUIXADÁ/CE
Casa de Rachel de Queiroz - Fazenda "Não Me Deixes", em Quixadá/CE

“NÃO ME DEIXES”: Fazenda preserva a caatinga

Em Quixadá, a Fazenda “Não de Deixes” guarda lembranças do amor da escritora pelo sertão nordestino
Um das fortes heranças de Rachel de Queiroz na Terra dos Monólitos é a Fazenda Não Me deixes. A propriedade rural pertence à família da escritora. Está localizada no distrito de Daniel de Queiroz, a cerca de 30Km do Centro de Quixadá. A escritora manifestou a sua família o desejo de preservação das características tipicamente rurais da fazenda. Parte do recanto predileto dela foi transformado em reserva particular de preservação. O reconhecimento foi feito pelo Ibama em novembro de 1998.
Detalhes da Casa
São 300 hectares protegidos de caatinga arbórea e arbustiva. A área apresenta boas condições de conservação da vegetação, sendo usada como área de soltura de aves nativas apreendidos pelo órgão ambiental federal em feiras e comércio irregular.
Segundo historiadores, a fazenda chegou a ser vendida por um primo da escritora. Ela havia recebido a propriedade de herança do fazendeiro Arceino de Queiroz, tio-avô de Rachel de Queiroz. Quando ele soube da venda conseguiu recuoerar a fazenda e devolveu para o herdeiro que havia se defeito dela para se aventurar na extração de borracha, no Amazonas. Mas ao devolver a propriedade, o tio fez o aventureiro prometer que não sairia mais do local e o batizaria de “Não Me Deixes”. Quando o proprietário morreu, não tinha filhos e a terra voltou para as mãos do avô de Rachel, que a deu de herança ao pai da escritora, o fazendeiro Daniel de Queiroz Lima.
A casa da fazenda, a qual não ostenta os traços arquitetônicos de “casa grande”, por seu modesto tamanho, foi construída em 1955, por Rachel e o marido Oyama. Os tijolos, as portas, janelas, inclusive os móveis, foram feitos com materiais retirados da própria fazenda.
Foi a escritora que elaborou o projeto, caracterizado por elementos rústicos: cantareiras com potes de barro, o fogão era de lenha e mobília artesanal. Ela fez até uma maquete da construção, com varas de mata-pasto, para mostrar como deveria ficar o telhado alto. A escritora passava meses a fio na fazenda, independentemente de ano seco ou chuvoso. (fonte: Diário do Nordeste)



Adonias Filho, Rachel de Queiroz e Gilberto Freyre

Telha de Vidro
Quando a moça da cidade chegou,
veio morar na fazenda
na casa velha...
tão velha...
quem fez aquela casa foi seu bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha..a.
A moça não disse nada;
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro,
queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora
o quarto onde ela mora
e o quarto mais alegre da fazenda.
Tão clara que, ao meio-dia, aparece uma renda
de arabescos de sol nos ladrilhos vermelhos
que, apesar de tão velhos,
só agora conhecem a luz do dia...

A lua branca e fria
também se mete às vezes pelo claro
da telha milagrosa...
ou alguma estrelinha audaciosa
carateia no espelho onde a moça se penteia...
Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta, fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida?
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
- Rachel de Queiroz, in "Mandacaru".


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Rachel de Queiroz - a dama sertaneja das letras. Templo Cultural Delfos, novembro/2012. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Página atualizada em 30.07.2014.




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