COMPARTILHE NAS SUAS REDES

Robert Walser - escritor e poeta suíço

  • Robert Walser - escritor e poeta suíço de língua alemã

Nota: Página em construção, 9.3.2024


"Tenho de procurar uma nova vida, mesmo que a minha vida inteira venha a ser apenas a busca de uma nova vida."
- Robert Walser 'Os Irmãos Tanner'. tradução Isabel Castro Silva. Relógio d’Água, 2009.


"O mais solitário de todos os poetas solitários"


Robert Walser nasceu em 15 de abril de 1878 em Biel, na Suíça. Em 1907, estreou no romance com Os irmãos Tanner. Walser morava então em Berlim, no bairro de Charlottenburg. Ainda em 1908, terminou de escrever Jakob von Gunten, publicado em 1909 e considerado por muitos sua obra-prima. Em 1913, Walser retorna a Biel, onde aluga uma água-furtada no Hotel Blaues Kreuz. Ali permanecerá durante os sete anos seguintes. Em 1921, muda-se para Berna, onde, por algumas semanas, trabalhará como segundo bibliotecário do Berner Staatsarchiv. Entre 1922 e 1926, sempre em Berna, troca de endereço mais de dez vezes. Em 1925, a Ernst Rowohlt de Berlim lança aquele que será seu último livro publicado em vida, Die Rose (A rosa). Em janeiro de 1929, aos 50 anos, Robert Walser se interna na Clínica Psiquiátrica Waldau, nas cercanias de Berna. Segue ainda com seu trabalho literário até 1933, quando, contra a vontade, é transferido para uma instituição psiquiátrica ligada a seu cantão natal, Appenzell, em Herisau. Walser permanece ali até o fim da vida. Morre no dia de Natal de 1956.

Por mais de meio século, o nome de Robert Walser esteve mais ligado à obra de Franz Kafka que à sua própria. A partir de 1913, quando o escritor tcheco lançou seu primeiro livro, Contemplação, diversas resenhas compararam sua prosa à do já então conceituado autor suíço. O austríaco Robert Musil foi dos primeiros a estabelecer esse vínculo. Para ele, a prosa curta kafkiana mais parecia “um caso particular do tipo Walser”. A comparação perduraria por décadas e acabaria, inadvertidamente, por ocultar o gênio de Walser sob a sombra avassaladora de Kafka. Além de identificar certo parentesco entre a obra dos dois escritores, a resenha de Musil inaugurou uma extensa galeria de ilustres admiradores confessos do escritor suíço. Para citar apenas alguns, ela inclui Thomas Mann e Elias Canetti, Walter Benjamin e Susan Sontag, W. G. Sebald e J.M. Coetzee, além, é claro, do próprio Franz Kafka.

Hoje, crítica e público percebem diferentemente o parentesco que o une ao escritor tcheco: como Kafka, Walser é um mestre, modelo e fonte de inspiração para alguns dos maiores escritores do nosso tempo. “Walser é um visionário das pequenas coisas.” – W. G. Sebald / “As figuras humanas de Robert Walser partilham sua nobreza infantil com os personagens dos contos de fadas.” – Walter Benjamin / “Walser extrai de sua experiência o material para seus romances. No caso de Jakob von Gunten, essa experiência sofre uma maravilhosa transmutação.” – J.M. Coetzee / “Seu repúdio profundo e instintivo a tudo quanto é ‘elevado’ faz de Robert Walser um poeta fundamental do nosso tempo, a quem o poder sufoca.” – Elias Canetti  / “É um escritor verdadeiramente magnífico e pungente.” – Susan Sontag.



«As coisas de todos os dias são suficientemente belas e ricas para que delas se possa extrair faíscas poéticas», dizia Walser a Seelig numa das suas longas caminhadas pelas montanhas e pelos campos em redor de Herisau. Um grande escritor não precisa de um tema nobre: pela sua arte pode transmutar as «coisas de todos os dias» – mesmo as mais corriqueiras, como um botão, uma luva, um chapéu, um prego em mau estado ou um fósforo – em literatura do mais fino quilate.
SARAIVA, José Cabrita. O supremo encanto das coisas pequenas. {resenha/crítica}. In: Sol, Sapo.pt, 29 de março 2023. Disponível no link. (acessado 3.2.2024)


"Quando escrevemos, somos forçados à confidência imprudente. Nas cartas, a alma quer sempre ter a palavra e por regra usa-a para se recriminar. Por isso é melhor não escrever nada."
- Robert Walser 'Os Irmãos Tanner'. tradução Isabel Castro Silva. Relógio d’Água, 2009.


  • Robert Walser - escritor e poeta suíço de língua alemã


ROBERT WALSER - OBRA PUBLICADA EM PORTUGUÊS

Robert Walser no Brasil

:: O Ajudante. Robert Walser. [tradução e apresentação Jose Pedro Antunes]. São Paulo: Arx; Siciliano, 2003.
:: Jakob von Gunten: um diário. Robert Walser. tradução Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
:Absolutamente nada e outras histórias. Robert Walser. [tradução Sergio Tellaroli; orelhas Matilde Campilho]. São Paulo: Editora 34, 2014.
:: Os irmãos Tanner / Geschwister Tanner. Robert Walser. [tradução Sergio Tellaroli]. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
------
:: Passeios com Walser. Carl Seelig [tradução Douglas Pompeu; prefácio Bernardo Carvalho; capa do artista Odyr Bernardi; desenhos Melissa Mendes Vogelgsang]. Coleção Archimboldi. Papéis Selvagens, 2021.


Em antologias / revistas e afins
:: Aquarela. Robert Walser. tradução e nota introdutória Modesto Carone. In: revista Serrote, julho 2010. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
:: Exercícios de Redação de Fritz Kocher - O Outono, de Robert Walser. tradução Peter Welper{microconto}. In: Revista RapaDura, 25 de abril de 2011. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
:: Sentimento / Empfindung. Robert Walser. tradução Cide Piquet. {poesia / edição bilíngue}.. Bólide - revista de literatura e arte, nº 3. Debates - setembro - outubro - novembro, Editora Medusa, 2013. p. 78-79. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).
:: A solicitação de emprego. Robert Walser. tradução Sergio Tellaroli {conto}. In: Os Efeitos das obras destes autores são de sua responsabilidade.. Bólide - revista de literatura e arte 3. Debates - setembro - outubro - novembro, Editora Medusa, 2013. p. 76-77. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).
:: Inéditos. Poemas de Robert Walser. apresentação, seleção e tradução André Caramuru Aubert. {5 poemas em edição bilíngue}. In: Rascunho, n. 166, fevereiro 2013, p. 30. Disponível no link. (acessado em 3.3.2024).
:: "Resposta a uma pergunta" / "Carta a Therese Breitbach" - Robert Walser (1878-1956). tradução e apresentação Guilherme Gontijo Flores / tradução Sergio Tellaroli {prosa / contos}. In: escamandro - poesia, tradução, 2.7.2015. Disponível no link. (acessado 3.3.2024)
:: 4 poemas: 'Além' (Weiter) / 'E foi' (Und ging) / 'Ao lado' (Beiseit) / e 'Dístico' (Couplet) - Robert Walser (1878-1956). {tradução Guilherme Gontijo Flores/ edição bilíngue}. In: escamandro - poesia, tradução, 4.2.2018. Disponível no link. (acessado 3.3.2024)
::  Algumas traduções de Robert Walser. [tradução Cristina Fernandes]. In: Bicho Ruim, 8.6.2019.  {microcontos'A música' - 'O barco' - 'As luvas' - 'Outono' - 'A chinesa e o chinês' - 'Rádio' - 'A última peça de prosa'}. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
:: Passeios pelo interior. Carl Seelig. tradução Douglas Pompeu {trecho do livro Passeios com Robert Walser}. In: Revista Piauí, edição 176, maio 2021. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)


Robert Walser em Portugal

:: Os irmãos Tanner. Robert Walser. [tradução Isabel Castro Silva]. Lisboa: Relógio d’água, 1997. Edição bilingue {romance}.
:: Gata Borralheira; Branca de Neve; A Bela Adormecida. Robert Walser. [tradução Célia Henriques; revisão literária Vitor Silva Tavares]. Lisboa: & etc, 2000.
:: O passeio e outras histórias. Robert Walser. [tradução Fernanda Gil Costa; selecção e posfácio Gonçalo Vilas-Boas]. Porto: Granito Editores e Livreiros, 2001. {contos}.
:: O salteador. Robert Walser. [tradução Leopoldina Almeida]. Lisboa: Relógio d'Água, 2003.
:: A rosa. Robert Walser. [tradução Leopoldina Almeida]. Lisboa: Relógio d'Água, 2004.
:: Jakob van Gunten: um diário. Robert Walser. [tradução Isabel Castro Silva]. Lisboa: Relógio d'Água, 2005.
:: O ajudante. Robert Walser. [tradução Isabel Castro Silva]. Lisboa: Relógio d'Água, 2006.
:: Histórias de amor. Robert Walser. [tradução Isabel Castro Silva]. Lisboa: Relógio d'Água, 2008.
:: Histórias de imagens. Robert Walser. [tradução Pedro Sepúlveda]. Lisboa: Edições Cotovia, 2011. 
:: Estou só e fora do mundo: 50 poemas. Robert Walser. [tradução e introdução João Barrento; ilustrações Ana Mata]. Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022. {Edição bilingue português e alemão} 
:: As Redacções de Fritz Kocher e Outras Histórias / Fritz Kochers Aufäsatze. Robert Walser. [tradução Isabel Castro Silva]. Arcozelo: Bazarov, 2021. {prosa curta}.
:: Gata Borralheira; Branca de Neve; A Bela Adormecida. Robert Walser. [tradução Célia Henriques; prefácio Walter Benjamin;  revisão literária Vitor Silva Tavares; revisão (para a presente edição) Andreia Baleiras; capa e grafismo Luís Henriques]. Lisboa: Maldoror, 2021.
:: Cinza, Agulha, Lápis e Fosforozitos & outros brevíssimos textos sobre quase nada. Robert Walser.  [selecção, tradução e prefácio Ricardo Gil Soeiro; capa Cornelis Norbertusa Gijsbrechts "Uma Porta de Armário Aberta"]. Coleção Gato Maltês. Porto: Edições Assírio & Alvim, 2023. {microcontos}
.....
:: Caminhadas com Robert Walser. Carl Seelig. tradução Bernardo Ferro; prefácio de Hans Ulrich Obrist. Edições BCF, 2019.

Em antologias portuguesas
:: Descida brusca de temperatura - alguma poesia Suíça. [selecção, tradução e nota introdutória Luís Filipe Parrado]. Editora Contracapa, 2022

  • Robert Walser, by Serge Carsum

Em espanhol
:: Poemas - Blancanieves. Robert Walser. traducción y prólogo de Carlos Ortega. Icaria editorial, 1950.
:: Los hermanos Tanner / Geschwister Tanner. Robert Walser. traducción Juan José del. Alfaguara. Madrid. 1985
:: La habitación del poeta. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 197'. Ediciones Siruela, 2005.
:: Escrito a lápiz. Microgramas II (1926-1927). Robert Walser. edición y prólogo Bernhard Echte, Werner Morlang; traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 239'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2006.
:: Escrito a lápiz. Microgramas III (1925-1932). Robert Walser. edición Bernhard Echte, Werner Morlang; traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 258'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2007.
:: Ante la pintura - Narraciones y poemas. Robert Walser. edición y epílogo Bernhard Echte; traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 287'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2009.
:: Vida de poeta. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 295'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2010.
:: Historias. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 301'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2010.
:: El ayudante. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 135'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 3ª ed., 2010.
:: El bandido. Robert Walser. traducción Juan de Sola Llovet. Colección 'Libros del Tiempo 176'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2ª ed., 2010.
:: Escrito a lápiz. Microgramas I (1924-1925). Robert Walser. traducción Juan de Sola Llovet; epílogo Werner Morlang; introducción Bernhard Echte. Colección 'Libros del Tiempo 217'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2ª ed., 2010.
:: Historias de amor. Robert Walser. traducción Juan de Sola Llovet. Colección 'Libros del Tiempo 159'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 3ª ed., 2010.
:: Sueños. Robert Walser. traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 312'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2012.
:: Los hermanos Tanner. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 119'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2012.
:: La rosa. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 96'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 3ª ed., 2012.
:El paseo. Robert Walser. traducción Carlos Fortea; prólogo Menchu Gutiérrez. Colección 'Libros del Tiempo 342'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2014.
:: Jakob von Gunten. Robert Walser. traducción Juan José del Solar. Colección 'Libros del Tiempo 160'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 5ª ed., 2015.
:: Desde la oficina. Robert Walser. selección y epílogo Reto Sorg y Lucas Marco Gisi; traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 330'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2016.
:: El pequeño zoológico. Robert Walser. traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 356'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2017.
:: Lo mejor que sé decir sobre la música. Robert Walser. traducción Rosa Pilar Blanco. Colección 'Libros del Tiempo 373'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2019.
:: Berlín y el artista. Robert Walser. selección Reto Sorg, Thomas Hirschhorn; traducción Isabel García Adánez; prólogo Thomas Hirschhorn. Colección 'Libros del Tiempo 392'. Madrid/España: Ediciones Siruela, 2021.
:: El hombre que perdió la cabeza. Robert Walser. traducido por Juan de Sola; ilustrada por Carmen Segovia. Editorial Las Afueras, 2021. 


  • Robert Walser - 2004, por Klaus Dennhardt

Robert Walser, por 
Jean-Jacques Pollet 
(…) O destino de Robert Walser foi o de um «sem préstimo» romântico: filho de família numerosa, começou o seu ciclo de viagens aos dezassete anos; tenta em vão iniciar uma carreira de actor no teatro de Estugarda, depois desempenha toda a espécie de profissões, desde praticante de escritório a criado de uma família burguesa. De 1905 a 1913, vive em Berlim em casa do irmão, o pintor Karl Walser (que ilustraria os seus livros) e consagra-se à literatura, encorajado pelas relações de amizade com B. Cassirer, S. Fischer, G. Hauptmann e Liebermann. Mas, no momento em que se vislumbra o sucesso, foge de Berlim e refugia-se em Biel, onde leva uma vida de recluso. Após várias depressões, uma breve tentativa de reinserção na vida social (em Berna, 1929), o seu equilíbrio mental fica definitivamente abalado. Em 1933, entra para a clínica psiquiátrica onde passará o resto da vida.

No seu primeiro livro, Fritz Kochers Aufsätze [As Redacções de Fritz Kocher], de 1904, Walser confessa com ironia, a respeito da sua pessoa, que lhe interessa «menos a procura de um dado assunto do que a escolha de palavras felizes e harmoniosas». Sentença demasiado peremptória ou ponta de malícia secreta do autor, mas que revela ao mesmo tempo um traço característico da sua produção literária. Nas suas três obras mais importantes, a saber, Geschwister Tanner (Os Irmãos Tanner, 1907), Der Gehülfe (O Ajudante, 1908) e Jacob von Gunten (1909), o romancista dissolve a acção dramática sob a forma de um jornal íntimo para descrever estados de alma de sonhadores extravagantes e solitários. As novelas publicadas sob o título Geschichten (1914) e Kleine Dichtungen (1914) traduzem a mesma atitude a um tempo lírica e pudica dum humorista melancólico. Walter Benjamin nota justamente que as personagens de Robert Walser parecem todas «convalescentes», frágeis e superficiais «como se tivessem acabado de superar uma crise mental». «Estou aterrorizado perante a ideia de conseguir alguma coisa na vida», escreveu Walser. Os seus heróis partilham deste terror, não por timidez ou ressentimento, mas em virtude de uma espécie de epicurismo: querem, simplesmente, sair da noite e reencontrar o prazer naif de existir. O que talvez explique a atracção confessa de Franz Kafka pela obra de Robert Walser.
 

"Não sou mais do que alguém que escuta e espera, nisso porém sou exímio, pois aprendi a sonhar enquanto espero."
- Robert Walser "Os Imãos Tanner". tradução Isabel Castro Silva. Relógio d’água, 1997.

  • Robert Walser, eine Serigrafie von Heinz Jost, Bern

ROBERT WALSER - SELETA DE POEMAS  - EM EDIÇÃO BILÍNGUE


SENTIMENTO
O que por anos tive sob os olhos
e me alegrou, e ao mesmo tempo não
pôde trazer-me calma, a Natureza,
logo estará distante, mundo afora.

Sem ela seguirei, e com paixão
hei de cantar seu brilho, o ressoar
de timbres e de cores. De algum modo,
o que se perde é duplamente amado,
como um mistério nunca decifrado.

Por toda parte espalha-se a beleza
de algo belo tão de perto vislumbrado.
Que vãos lamentos não se ouçam.
O que resguardas
caminha para sempre do teu lado

*

EMPFLINDUNG*  
Was mir so lange noch vor Augen lag,
was mich erheiterte, und was mich doch nicht
ruhig zu machen hat vermocht, Natur,
wird über kurzem weit, weit draußen sein.

Ich werde es entbehren und begeistert
besingen, dieses Leuchten, dieses Klingen
von Schällen und von Farben. Irgendwie
werd’ ich’s vermissen und drum doppelt lieben,
als wäre es ein Rätsel mir geblieben.

Üb’rall ist’s schön,
sobald nur innerlich wir irgend etwas
Schönes sehn.
Horche nicht falschem Flehn.
Was du bewahrst, wird immer mit dir gehn.
- Robert Walser [tradução Cide Piquet]. In: Bólide - revista de literatura e arte, nº 3. Editora Medusa, 2013 // * A referência da publicação original do poema é: Robert Walser, Sämtliche Werke, vol. 13, “Die Gedichte”. Suhrkamp,

§§

SOB UM CINZENTO CÉU   
Sob um cinzento céu
sob um pesado céu
há uma casinha branca.
Dentro da casinha branca,
dentro de sua pequena sala,
eu estou sentado, triste.
Através das árvores desfolhadas,
através das árvores molhadas,
meu olho procura, vê,
e descobre pobres campinas.
Em nome destas campinas
Eu choro amargamente.

*

UNTER GRAUEM HIMMEL  
Unter grauem Himmel,
unter schwerem Himmel,
steht das weiße Häuschen.
In dem weiße Häuschen,
in dem kleinem Zimmer
sitze traurig ich.
Durch entlaubte Bäume,
durch vernäßte Bäume
sucht und sieht meun Auge,
findet arme Wiesen.
Wegen diesen Wiesen
wein’ ich bitterlich.
- Robert Walser [tradução André Caramuru Aubert]. In: Inéditos. Poemas de Robert Walser. apresentação, seleção e tradução André Caramuru Aubert. Rascunho, n. 166, fevereiro 2013.

§§

LUZ OPRESSIVA 
Duas árvores se destacam na neve,
o céu, cansado de luz,
vai-se para casa, e nada além
da treva, se aproxima.

E atrás das árvores
casas escuras despontam.
Agora você escuta as vozes de alguém,
agora cães começam a latir.
E a querida, redonda lamparina
da lua, na casa aparece.

E desaparece novamente, a luz
qual uma ferida aberta.
Quão pequena é aqui a vida
e quão grande é o nada.
O céu, cansado da luz,
Tudo deu para a neve.

Duas árvores arqueiam
suas cabeças, uma para a outra.
Nuvens cruzam o silêncio
do mundo, numa dança circular

**

DRÜCKENDES LICHT
Zwei Bäume stehen im Schnee,
der Himmel, müde des lichts,
zieht heim, und sonst ist nichts
als Schwermut in der Näh’.

Und hinter den Bäumen ragen
dunkle Häuser hinauf.
Jezt hört man etwas sagen,
jetzt bellen Hunde auf.

Nun erscheint der liebe, runde
Lampenmond in Haus.
Nun geht das Licht wieder aus,
als klaffte eine Wunde.

Wie klein ist hier das Leben
und wie groß das Nichts.
Der Himmel, müde des Lichts,
hat alles dem Schnee gegeben.

Die swei Bäume neigen
ihre Köpfe sich zu.
Wolken durchziehn die Ruh’
der Welt im Reigen.

- Robert Walser [tradução André Caramuru Aubert]. In: Inéditos. Poemas de Robert Walser. apresentação, seleção e tradução André Caramuru Aubert. Rascunho, n. 166, fevereiro 2013.

§§

MEDO
Eu esperei tanto tempo pela doçura
tons e saudações, um som apenas.

Agora eu tenho medo; nenhum som ou tom,
apenas a névoa baixando em abundância.

Não importa o que estivesse cantando e se escondendo no escuro:
Luto, adoce, agora, o meu pesado caminho.

*

BANGEN  
Ich habe so lang gewartet auf süße
Töne und Grüße, nur einem Klang.

Nun ist bang; nicht Töne und Klingen,
Nur Nebel dringen im Überschwang.

Was Heimlich sang auf dunkler Lauer:
Versüße mir, Trauer, jetzt schweren Gang.
- Robert Walser [tradução André Caramuru Aubert]. In: Inéditos. Poemas de Robert Walser. apresentação, seleção e tradução André Caramuru Aubert. Rascunho, n. 166, fevereiro 2013.

§§

COMO AS COLINAS SORRIRAM 
Você deveria ter visto
as arvorezinhas, seus gestos
eram tão engraçados, parecia que
elas estavam dançando, na sua branco-prateada
limpeza, uma pequena nuvem
lembrava um golfinho, você
deveria ter visto as pequenas colinas
sorrindo amarelo-verde, é uma pena
que você não tenha visto o trem
passando sobre trilhos preto-dourados,
grave e calmo, sereno
e sólido, lindamente indolente
e pesado, ainda que maravilhosamente leve.
E é infinitamente imperdoável
que você também não possa ter visto os passageiros
olhando para fora das janelas.
Uns e outros fixaram os olhos em mim,
que estava deitado na relva,
contando os mourões de madeira
alinhados colina acima,
que olhava para as pontes,
e que estava feliz
no seio da terra.
A chaminé de uma fábrica
que se perdia nas alturas,
uma garotinha caminhava longe.
eu pensei, vendo aquilo tudo à minha volta
que naquela alegria, naquele regozijo,
eu deveria me desfazer como que por encanto
deitando a cabeça para trás:
Oh, quão belo era aquilo!
Existem tantos destinos,
Mas não se requer muito
para se estar em um deles.

*

WIE DIE HÜGELCHEN LÄCHELTEN 
Hättest du die Bäumchen
stehn gesehn, mir war’s als ob
sie tänzelten, so lustig
gestikulierten sie, ein Wölkchen
sah in silberweißer Reinlichkeit
einen Delphin ähnlicht, hättest du
die vielen Hügelchen gelblich-grünlich
lächeln sehen können, schade,
daß du denEisenbahnzug nicht sahest,
der nun auf golden-schwarzer Schiene
gewichtig und zart, leise und gewaltig,
schwerfällig-schön und mühsam
und doch in herrlicher Leichtigkeit vorbeifuhr.
Unendlich bedauerlich finde ich,
daß du nicht auch sehen konntest,
wie die Fahrgäste aus den Wagenfenstern blickten.
Einer wie der andere schaute auf mich,
der im Gras lag,
die Stufen eines Stegleins zählte,
das einen Abhang hinauflief,
die Brücken mit Blicken
inspizeierte, und der an der Brust der Erde
glücklich war.
Ein Fabrikrohr
sich in die Höhe verlor,
ein Mädelchen in einiger Entefernung spazierte.
Ich meinte, ich müsse,
alles rings in solchem Glück,
in solcher Heiterkeit zu sehn,
feengleich vergehn,
bog den Kopf zurück:
O, war das schön!
Ziele gibt es viele, zu sein an einem Ziel,
dazu braucht’s nicht viel.
- Robert Walser [tradução André Caramuru Aubert]. In: Inéditos. Poemas de Robert Walser. apresentação, seleção e tradução André Caramuru Aubert. Rascunho, n. 166, fevereiro 2013.

§§

O ARQUIVISTA 
Houve uma vez um arquivista, que
decidiu dizer a si mesmo estar cansado,
e ciente do incontestável fato
de que ele havia perdido seu amor pela vida,
falou consigo mesmo: “Que rapaz mais desgraçado,
estou cambaleando”. E foi isto de fato o que aconteceu.
Ele foi acometido de um desânimo mortal,
suas pernas estavam bambas, o peso de seu corpo
parecia insuportável. Na floresta
os pássaros de verão estavam cantando;
o regozijo deles soava incandescente, vermelho.
Sua força parecia ter-se ido completamente,
sua alma incapaz de oferecer a mais leve assistência,
ele sorriu de um jeito irônico e morreu.

*

DER ARCHIVAR  
Es kam einmal ein Archivar zu dem
Entschlusse, sich zu sagen, er sei mude,
und weil ihn das Bewußstein nun durchdrang,
daß er den Lebensmut verloren habe,
sprach er zu sich: “Ich unglücksel’ger Knabe,
ich wanke.” Und das tat er in der Tat.
Von einer Ohnmacht wurde er ergriffen,
die Beine zitterten, die Las der Körpers
erchien ihm unerträglich schwer. Im Walde
sangen die sommerlichen Vogelkehlen;
das Jubilieren klang, als sei es glühend rot.
Ihm schien die Festigkeit komplett zu fehlen,
die Seel’ ihm nicht den kleinsten Halt mehr bot,
er lächelte ironisch und war tot.
- Robert Walser [tradução André Caramuru Aubert]. In: Inéditos. Poemas de Robert Walser. apresentação, seleção e tradução André Caramuru Aubert. {5 poemas em edição bilíngue}. Rascunho, n. 166, fevereiro 2013.

§§

ALÉM
Eu quis ficar parado,
o impulso leva além,
por entre negros ramos,
por sob os negros ramos,
eu quis fincar parado,
o impulso leva além,
por entre verdes campos,
adentro os verdes campos,
só quis ficar parado,
o impulso leva além,
em frente a pobres casas,
nalgumas pobres casas,
quem dera estar parado,
e ver a tal pobreza,
e ver vagar fumaça
acima ao céu, quem dera
um longo estar parado.
Assim falei e ria,
e riu campestre verde,
riu fumo da fumaça,
o impulso leva além.

**

WEITER 
Ich wollte stehen bleiben,
es trieb mich wieder weiter,
vorbei an schwarzen Bäumen
doch unter schwarzen Bäumen
woll’t ich schnell stehen bleiben,
es trieb mich wieder weiter,
vorbei an grünen Wiesen,
doch an den grünen Wiesen
wollt’ ich nur stehen bleiben,
es trieb mich wieder weiter,
vorbei an armen Häuschen,
bei einem dieser Häuschen
möcht’ ich doch stehen bleiben,
betrachtend seine Armut,
und wie sein Rauch gemächlich
zum Himmel steigt, ich möchte
jetzt lange stehen bleiben.
Dies sagte ich und lachte,
das Grün der Wiesen lachte,
der Rauch stieg räuchlich lächelnd,
es trieb mich wieder weiter.
- Robert Walser [tradução Guilherme Gontijo Flores]. In: FLORES, Guilherme Gontijo. Robert Walser (1878-1956). Escamandro, 4.2.2018.

§§

E FOI
Leve acenou com seu chapéu
e foi, se diz do mercador.
Rasgou as folhas da uma árvore
e foi, se diz do duro outono.
Rindo espalhou suas mercês
e foi, se diz da majestade.
Bateu à noite nesta porta
e foi, se diz da dor no peito.
Mostrou em pranto o coração
e foi, se diz de um homem pobre.

**

UND GING  
Er schwenkte leise seinen Hut
und ging, heisst es vom Wandersmann.
Er riss die Blätter von dem Baum
und ging, heisst es vom rauhen Herbst.
Sie teilte lächelnd Gnaden aus
und ging, heisst es von der Majestät.
Er klopfte nächtlich an die Tür
und ging, heisst es vom Herzeleid.
Er zeigte weinend auf sein Herz
und ging, heisst es vom armen Mann.
- Robert Walser [tradução Guilherme Gontijo Flores]. In: FLORES, Guilherme Gontijo. Robert Walser (1878-1956). Escamandro, 4.2.2018.

§§

AO LADO  
Eu faço a caminhada;
que passa além do prado
e logo volta; nada
digo; estou ao meu lado.

**

BEISEIT  
Ich mache meinen Gang;
der führt ein Stückchen weit
und heim; dann ohne Klang
und Wort bin ich beiseit.
- Robert Walser [tradução Guilherme Gontijo Flores]. In: FLORES, Guilherme Gontijo. Robert Walser (1878-1956). Escamandro, 4.2.2018.

§§

DÍSTICO 
Assumo que não li nenhuma página de Marcel Proust;
sem conhecer a grande obra, nada sei do que se ajuste.

Vi por acaso as casas Fugger de Augsburg num jornal,
por causa deles na Alemanha sofro da balança comercial.

O banco em que subira a moça, meus queridos, sim, eu vi no viço
brilhando só pelo prazer interno de prestar serviço.

Na igreja vi cantar cantora tão incrivelmente linda: força é que eu confesse
que me senti qual neve pura que de súbito fundida se esvanece.

Mais cedo recebi a carta de um doente triste no abandono.
O forte conteúdo me assolou, até até cair no sono.

O embate deste afã de vida contra a ânsia criadora pouco me molesta;
a natureza, um vinho e um casebre junto ao campo me aliviam cá na testa.

Sem gosto pela vida que ele amara, faleceu Tolstói,
um grande Shakespeare com tragédias claras e comédias secas só lhe dói.

Ah, flórida imortalidade na incompleta vida dada a Heinrich Heine,
Miss Vidagora o censurou pesado e Dama Vidapós deixou-o assim just fine.

**

COUPLET
Ich bin mir schuldig, dass ich nächstdem lese einen Band von Marcel Proust;
bis heut’ ist mir noch nicht das Mindeste von diesem eminenten Mann bewusst.

Vom Fuggerhaus zu Augsburg fand ich kürzlich ein’ge Zeitschfritabbildungen
und bin an Hand derselben in den Handelsblütezustand Deutchlands eingedrungen.

Den Stuhl, von dem ein Fräulein sich erhoben hatte, sah ich euch, o Freunde, glänzen
vor nichts, als vor Vergnügtheit wegen Diensterwiesenheitstendenzen.

In einer Kirche sang ein Sängerinnenexemplar so unbeschreiblich schön, ich will’s gestehn,
dass ich mir erstens rein wie Schnee und andersteils erweicht erschien bis zum Zergehn.

Heut’ früh erhielt ich einen vor Gekränktheit fassungslosen, tiefergriffnen Brief.
Aus Grund des Inhalts, der mich nicht beruhigt lassen sollte, schlief ich tief.

Noch hat der Zwiespalt zwischen Lebenswunsch und Schaffensdrang mich nie gar lang belästigt,
Natur und ein Glas Wein in einem Landgasthaus haben mich jeweils hübsch in mir befestigt.

O, von welch blühender Unsterblichkeit ist wieder dieser doch so unkomplett gewesne Heinrich Heine.
Frau Mitwelt hielt ihm vor, er sei nicht sauber, doch die Dame Nachwelt kam mit ihm ins Reine.
- Robert Walser [tradução Guilherme Gontijo Flores]. In: FLORES, Guilherme Gontijo. Robert Walser (1878-1956). Escamandro, 4.2.2018.

§§

BRUMOR
Há ainda um brumor no mundo, 
que não deixa de rumorejar; 
eu amo e isso nunca vai acabar, 
há um brumor de amor que embala o mundo.

E ainda que eu um cobarde seja, 
ainda que tu sejas um doente: 
tu amas, não sendo tu o amante, 
eu amo, ainda que isso não se veja.

Há um brumor que em silêncio ouço, 
eu sei que odeio este e aquele ser,
mas de nada me serve; pois não posso 
deixar de tudo amar com o mesmo amor.

E depois há horas em que sei  
que em tudo arde o amor é a sua lei.

**

BRAUSEN
Es braust noch immer in der Welt,
das Brausen hört doch niemals auf;
ich liebe – es hört niemals auf,
es braust ein Lieben durch die Welt.

Und ob ich auch ein Feigling bin,
und ob du auch ein Kranker bist:
du liebst, wenn du es auch nicht bist,
der liebt, ich liebe, wenn ich’s auch nicht bin.

Es braust, und ich steh horchend still,
ich weiß, ich hasse den und den,
es nützt mir nichts; wie ich auch will:
ich liebe alles, so auch den.

Dann gibt es Stunden, wo ich weiß,
daß wir vor Liebe alle heiß.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

FORA DO MUNDO
Faço o meu caminho a sós, 
rata leva-me longe, bem fundo; 
depois, sem um som, sem voz, 
estou só e fora do mundo. 

**

BEISEIT 
Ich mache meinen Gang;
Der führt ein Stückchen weit
Und heim; dann ohne Klang
Und Wort bin ich beiseit.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

ILUSÃO
Dói-me de novo a mão, 
sinto a perna a doer, 
no meio da escuridão; 
rio-me até mais não - 
é só para me enganar, 
porque estou a chorar.

**

TRUG
Nun wieder müde Hände,
nun wieder müde Beine,
ein Dunkel ohne Ende,
ich lache, daß die Wände
sich drehen, doch dies eine
ist Lüge, denn ich weine.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

AMOR
Eu sou o preferido de mim mesmo. 
Sou aquele que me ama e me detesta. 
Não há força de amor que como esta 
melhor me faça conhecer a mim mesmo. 
Quantas vezes me deixo, a meditar, 
ficar horas a fio sem companhia, 
umas vezes sou noite, outras sou dia, 
num jogo entre a tortura e o fulgor. 
Eu sou aquele Sol que me acalenta, 
eu sou o coração que me ama assim, 
que se entrega, esquecido de si, 
e que por quem mais ama se apoquenta.

**

LIEBE
Ich bin der Liebling meiner selbst.
Ich bin es, der mich liebt und hasst.
Ach, keine Liebesmacht erfasst
mich selbst so völlig wie ich selbst.
Oft, wenn ich stundenlang allein,
mit mir in Selbstgedanken lag,
war ich mir Nacht, war ich mir Tag,
war ich mir Qual und Sonnenschein.
Ich bin die Sonne, die mich wärmt,
Ich bin das Herz, das mich so liebt,
das so vergessen hin sich gibt,
das sich um seinen Liebling härmt.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento]. Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

SENSAÇÃO
O que tanto tempo tive diante dos meus olhos,
me fazia feliz e, apesar disso, 
não me tranquilizava, a Natureza, 
em breve estará longe, muito longe. 

Viverei com a sua falta, e com entusiasmo 
cantarei os seus fulgores, esta sinfonia 
de sons e de cores. De algum modo 
sentirei a sua falta, e por isso duplamente
a amarei, como se fosse um enigma que ficou. 

O belo está por toda a parte 
desde que vejamos uma qualquer 
beleza interior.
Não dês ouvidos a falsos apelos. 
O que guardares contigo, contigo andará sempre.

*

EMPFINDUNG
Was mir so lange noch vor Augen lag,
was mich erheiterte, und was mich doch nicht
ruhig zu machen hat vermocht, Natur,
wird über kurzem weit, weit draußen sein.

Ich werde es entbehren und begeistert
besingen, dieses Leuchten, dieses Klingen
von Schällen und von Farben. Irgendwie
werd’ ich’s vermissen und drum doppelt lieben,
als wäre es ein Rätsel mir geblieben.

Üb’rall ist’s schön,
sobald nur innerlich wir irgend etwas 
Schönes sehn.
Horche nicht falschem Flehn.
Was du bewahrst, wird immer mit dir gehn.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

AO VER CAIR UMA FOLHA 
Se eu não me tivesse voltado 
para trás para ver os ramos 
em parte já despidos, teria perdido 
a cena da folha, vinda 
de um Verão intenso, ao cair,
lenta e dourada,
para o chão.  
Teria escapado ao meu olhar
algo de belo, digno de ser amado, 
tranquilizante e mágico, 
alimento da alma.
Não te esqueças de olhar para trás 
quando precisares de te afirmar.
Olhando em frente não vais lá.
Não viram tudo
aqueles que não olharam à sua volta.

**

WIE ICH EIN BLATT FALLEN SAH
Hätte ich mich nicht nach
den zum Teil bereits nackten
Zweigen umgedreht, so würde mir
er Anblick des langsam –
goldig zu Boden fallenden,
aus üppigem
Sommer stammenden Blattes
entgangen sein. Ich hätte etwas
Schönes nicht gesehen und etwas Liebes,
Beruhigendes und Entzückendes,
Seelenfestigendes nicht empfunden. Schaue öfter
zurück, wenn es dir
dran liegt, dich zu bewahren.
Mit Gradausschauen ist`s nicht getan.
Die sahen nicht alles, 
die nicht rund um sich sah`n.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

A UTILIDADE DA CONVERSA 
Aquilo de que falamos ao falar 
já o vemos também com o olhar profundo. 
A fala quer ser útil, ter o seu lugar, 
e a conversa sobrepõe-se a um mundo.

**

NUTZEN DES REDENS 
Worüber man sich mündlich unterhält,
das sieht man auch schon mit den schau'nden Augen.
Das Sprechen will zu irgend etwas taugen,
und das Gespräch ersetzt uns eine Welt.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

NÃO ME POSSO ESQUECER...
Não me posso esquecer de com Hermann Hesse ir ter 
no meu passeio, para lhe perguntar 
se pelo discurso lírico me posso aventurar; 
ele é publicamente conhecido 
como o detentor da patente 
de alguém que sempre achou que a vida 
era um fardo extremamente pesado; 
vou perguntar-lhe se permite 
que eu acredite 
que, como ele, serei capaz de me sentir 
abatido; amanhã subirei ao estrado 
desse rapaz tão admirado, 
e estou convencido de que serei 
capaz de o fazer sorrir 
do rebanho dos seus admiradores, 
e também aqui e ali não deixarei 
de lhe ciciar em tom de adagio, 
e calorosamente, que todo aquele 
que o seu nome consegue impor 
tem horas em que acharia melhor 
não ter nenhum.

**

DASS ICH JA NICHT VERGESSE...
Daß ich ja nicht vergesse
zu Hermann Hesse
zu spazieren und ihn zu fragen
ob ich lyrisch zu reden dürfe wagen
er gilt ja beim Publikum als der
der das Patent drauf hat
das Leben unsagbar schwer
allerweil genommen zu haben
ob er mir erlaube
daß ich glaube
ich wär wie er imstande mich matt
zu fühlen, morgen denke ich zu traben
zum hochgeschätzten Knaben
und ich bin überzeugt, daß ich ihn werde
über seine Anhängerherde
lächeln machen können
und [mir]werd mir nicht mißgönnen
hie und da mal seelenvoll
adagiohaft zu zwitschern, jeder, der einen
Namen hat erlebt Stunden, wo er lieber keinen
hätte.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

CURVEI-ME SOBRE A CABEÇA DE UMA RAPARIGA...
Curvei-me sobre a cabeça de uma rapariga,
e perguntei-me: «Posso? Nem é minha amiga!> 
Ela não disse nem sim, nem não, 
e eu pensei: estará de acordo então! 
Comecei a cheirar-lhe o cabelo - 
um verdadeiro bálsamo, e que belo! 
Se com pouco souberes contentar-te, 
podes crer que a vida há-de dar-te 
mais do que pedes com a tua exigência. 
Das coisas mais insignificantes 
sairão pássaros cantantes 
pousados no ramo da tua existência. 

**

ICH BEUGTE MICH ÜBER EIN MÄDCHENHAUPT...
Ich beugte mich über ein Mädchenhaupt
wobei ich fragte ist’s erlaubt
Sie sprach nicht ja und auch nicht nein
sie wird einverstanden sein
dachte ich und beroch ihr Haar
was mir ein wahres Labsal war
Bist du mit Wenigem zufrieden
so wird dir mehr beschieden
als was du dir ?
meinst zu holen gedacht hast.
Aus den geringen
Dingen singen
die Vögelchen auf deines Daseins Ast
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

A HONESTIDADE É BANAL ...
A honestidade é banal, 
e a verdade não enche barriga. 
Eu não mudo nada no mundo 
se só falar da mudança. 
Por isso melhor é falar 
com alegria, ter humor, 
ser amável, à noite estar cansado 
e de manhã bem disposto, 
ser infeliz e feliz, 
carregar o peso dourado 
da vida e alijá-lo, 
entregar-me e defender-me, 
olhar para aqui e para ali e ser tudo o que se 
............................................................ pode ser.

**

AUFRICHTIGKEIT IST BANAL...
Aufrichtigkeit ist banal
und keiner wird von Wahrheiten satt
Ich ändere an der Welt nichts
wenn ich vom Ändern rede
Ich soll darum erfreulich
sprechen, unterhaltend sein
und liebreich und nachts müd und
am Morgen heiter
unglücklich und glücklich
die Last des Lebens, die ?
goldene
auf mich nehmen und abschütteln
mich ergeben und mich wehren
hin und hersehen und so viel wie möglich
tun.
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento]. Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

PASSO BEM SEM LIÇÕES DE NINGUÉM 
Passo bem 
sem lições de ninguém. 
Enquanto o meu pão puder 
honradamente ganhar, 
não preciso de ceder 
às palavras ocas da esperteza. 
Para aumentar minha sageza 
basto eu. Sempre o mundo 
será regido p'lo dinheiro, no fundo. 
E tu sempre enganado a esmo, 
se não fores igual a ti mesmo. 
Os chico-espertos são 
sempre um aborto da criação, 
é a minha opinião.

**

EURE LEHRENKANN ICH ENTBEHREN
Eure Lehrenkann ich entbehren
So lang ich mein Brot verzehren
kann in Ehren
brauch ich mich nicht bekehren
zu lassen von blassen leeren
Worten. Weisheit vermehren
kann ich selbst. Die Welt
wird nach wie vor regiert vom Geld
Der wird geprellt
der andere für klüger, als sich selber hält
der es nicht mit sich selbst hält
Daß Besserwisserei
nur eine Unart
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

A VIDA
Não só de quando em vez há que deixar 
a poesia para trás, sem reclamar;
há coisas bem mais importantes 
a acontecer. Não podes agarrar 
pelas pontas as formas de maior valor; 
até que um dia à própria vida, 
por mais que a tentemos segurar, 
teremos naturalmente de renunciar, 
como um pássaro, leve na sua subida.
**
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

É ELA, ELA...
Olho para a noite lá fora, 
da estreita janela do meu quarto. 
As estrelas como fantasmas, lá no alto, 
no silêncio que desceu sobre a casa agora. 
Que quererão elas dizer, 
e quem quererá perguntar? 
Não me levanto eu todos os dias, 
qualquer que seja o meu abrigo
e o que de noite penso e digo, 
da minha cama sem grandes arrelias? 
E não será o lutador mais forte 
um brinquedo nas mãos da morte? 
Não venceu ela já, friamente, 
a soberba de tanta gente? 
É ela que a Terra me faz amar; 
sem ela nada posso desejar, 
sem esta sensação 
de que toda a confusão
 com o seu beijo 
um dia terá seu desfecho.
**
- Robert Walser, no livro "Estou só e fora do mundo: 50 poemas - Robert Walser". [tradução e introdução João Barrento].  Coleção Fulgor Quotidiano. Lisboa: Sr Teste Edições, 2022

§§

A MEU LADO
Faço a minha caminhada;
a volta é larga e traz-me
a casa; então, sem som
ou palavra, sou eu que estou a meu lado

**

BEISEIT 
Ich mache meinen Gang;
der führt ein Stückchen weit
und heim; dann ohne Klang
und Wort bin ich beiseit.
- Robert Walser [tradução Luís Filipe Parrado]. In: Descida brusca de temperatura - alguma poesia Suíça. selecção, tradução e nota introdutória Luís Filipe Parrado. Editora Contracapa, 2022.

------------------------


EM ESPANHOL

CHOPIN
Tocaba como si lo hiciera
para sí —sociedad y soledad
eran lo mismo para él—, pero
quizá abría su intimidad
de par en par
en medio del bullicioso mundo; por eso
tocaba tan bien, porque le satisfacía
regalar su música. Para una naturaleza
noble, dar es una necesidad.
**
- Robert Walser. 'Lo mejor que sé decir sobre la música'. traducción Rosa Pilar Blanco. Siruela. Madrid, 2019

----------
POEMAS EM ESPANHOL
PASTOR, Anxo. Robert Walser. Poemas (1909). [traducción de Carlos Ortega]. In: Fronterad - Revista Digital, 3.12.2021. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).



****


"Walser nos confronta com uma selva linguística aparentemente desprovida de toda intenção e, no entanto, atraente e até fascinante, uma obra displicente que contém todas as formas, da graciosa à amarga."
- Walter Benjamin "Robert Walser". In: Magia e técnica, arte e política. de  Walter Benjamin. [tradução Sérgio Paulo Rouanet]. São Paulo: Brasiliense, 1998.

  • Robert Walser - 2004 , por Richard Panther


A MÚSICA POR ROBERT WALSER 



A música
A música é a coisa mais doce do mundo. Adoro notas musicais. Correria mil léguas só para ouvir uma. Muitas vezes, no Verão, quando passeio pelas ruas e ouço o som de um piano vindo de uma casa desconhecida, paro, pronto a morrer ali mesmo. Gostava de morrer a ouvir um pouco de música. Imagino isso tão fácil, tão natural, mas claro que é impossível. As notas apunhalam-nos muito suavemente. As feridas que deixam podem arder mas não infectam. Delas jorram melancolia e dor em vez de sangue. Quando as notas param, tudo se acalma de novo dentro de mim. Então vou fazer os trabalhos de casa, comer ou jogar e não penso mais nisso. Um piano, acho, é o que soa com mais encanto. Mesmo nas mãos de um amador. Não é a interpretação que escuto, apenas o som. Nunca poderia ser músico. Porque fazer música nunca seria suficientemente doce, suficientemente inebriante para mim. Ouvir música é, de longe, mais espiritual. A música deixa-me sempre triste, mas triste no sentido em que um sorriso triste é triste. Uma tristeza simpática, é o que quero dizer. A música mais alegre não é alegre para mim e a mais melancólica não me toca com particular melancolia ou desânimo. Ao ouvir música, tenho sempre a mesma impressão: falta qualquer coisa. Nunca descobrirei a causa desta suave tristeza, nunca hei-de investigá-la. Não desejo saber o que é. Não desejo saber tudo. Inteligente, como penso que sou, tenho, no entanto, por assim dizer, pouca sede de conhecimento. Desconfio que é por ser, por natureza, o oposto de um curioso. Sinto-me perfeitamente feliz deixando todas as coisas em meu redor correrem sem preocupar a minha cabeça com o modo como acontecem. De certeza que isto é deplorável e não me ajudará a seguir uma carreira. Talvez. Não tenho medo da morte, por isso também não temo a vida. Vejo que comecei a filosofar. A música é a arte mais estouvada e por isso a mais doce. Os intelectuais nunca a apreciarão, mas são os que mais profundamente beneficiam quando a ouvem. Não é possível querer entender e apreciar uma arte. A arte quer enroscar-se em nós. É uma criatura tão terrivelmente pura e autosatisfeita que se ofende quando alguém tenta passá-la à frente. Castiga quem se aproxima com a intenção de se apoderar dela. Os artistas depressa percebem isto. Acham que a sua profissão é lidar com a arte, com aquela que não se deixa tocar por ninguém. É por isso que nunca quis ser músico. Tenho medo do castigo que uma criatura tão justa possa infligir. É bom gostar de uma arte, mas deve-se ter cuidado e não o admitir para si mesmo. O nosso amor é sempre mais forte quando não sabemos que amamos. — A música magoa-me. Nem sei mesmo se a amo de verdade. É ela que me encontra onde quer que seja, eu não a procuro. Deixo-a acariciar-me. Mas essas carícias são dolorosas. Como hei-de dizer? A música é um choro melodioso, uma evocação em notas, um quadro de sons. Não sei dizer com acerto. Por isso é que ninguém leva a sério as minhas considerações sobre arte. Sem dúvida que elas falham o alvo, aliás, como a música, que hoje ainda não me atingiu. Falta qualquer coisa quando não ouço música e quando ouço, então é que falta mesmo qualquer coisa. É o melhor que posso dizer sobre a música.
- Robert Walser '1902' [tradução Cristina Fernandes, a partir da versão inglesa de Susan Bernofsky]. In: FERNANDES, Cristina. Algumas traduções de Robert Walser. In: Bicho Ruim, 8.6.2019.

****


  • Robert Walser - photograph by Carl Seelig

FORTUNA CRÍTICA DE ROBERT WALSER 

AGAMBEN, Giorgio. O passeio filosófico de Robert Walser. In: Revista RapaDura, 2012, p. 74-76. {O texto foi originalmente publicado na revista Mikrogramme e traduzido para o espanhol por Gerardo Muñoz e vertido aqui para o português por Christian Fischgold}. Disponível no link. (acessado em 3.3.2024).
AMARA, Luigi. Robert Walser ou a escrita como caminhada. In: Letras In.Verso E Re.Verso, 20 de junho 2016. Disponível no link. (acessado 1.3.2024)
ANTUNES, José Pedro; LABHART, W.; WALSER, R.. Como Kafka leu Walser. In: Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara - SP, 1 abr. 2015.
ANTUNES, José Pedro. Robert Walser: e o mundo seria um lugar melhor. In: Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara-SP, 15 maio 2013.
ANTUNES, José Pedro; WALSER, Robert. Mais um ensaio de Robert Walser (tradução). In: Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara-SP, 8 maio 2013.
ANTUNES, José Pedro; WALSER, R.. Robert Walser e a morte do poeta. In: Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara-SP, 1 maio 2013.
ANTUNES, José Pedro; WALSER, R.. Berlim e o artista na visão de Robert Walser (tradução). In: Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara-SP, 24 abr. 2013.
ANTUNES, José Pedro. A Robert Walser (os romances da fase berlinense). In: jornal Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara - SP, 9 fev. 2011.
ANTUNES, José Pedro. A arte de caminhar, de Robert Walser. In: jornal Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara - SP, 6 jan. 2010.
ANTUNES, José Pedro. De Robert Walser: Um sonho. In: Jornal Tribuna Impressa de Araraquara, Araraquara, 26 ago. 2009.
ANTUNES, José Pedro. Robert Walser: o preferido de Franz Kafka (4). In: Tribuna Impressa, Araraquara, 12 mar. 2003.
ANTUNES, José Pedro. Robert Walser: o preferido de Franz Kafka (3). In: Tribuna Impressa, Araraquara, 26 fev. 2003.
ANTUNES, José Pedro. Robert Walser: o preferido de Franz Kafka (2). In: Tribuna Impressa, Araraquara, 19 fev. 2003.
ANTUNES, José Pedro. Rober Walser: o preferido de Franz Kafka (1). In: Tribuna Impressa, Araraquara, 12 fev. 2003.
BARBOSA, Davi Pessoa Carneiro. Coletânea de Robert Walser oferece percurso por uma obra original e provocadora. In: O Globo, Rio de Janeiro, 18 jul. 2016.
BARBOSA, Maria Aparecida. A solidão por vales e vilas {resenha "Absolutamente nada e outras histórias"}. In: Rascunho, edição 181, maio de 2015. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
BACKES, Marcelo. "Jakob Von Gunten" ilumina um mundo de insignificâncias. In: Folha de São Paulo, Ilustrada, 9 de julho de 2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
BAYEN, Bruno. Robert Walser Voisin de Clarice Lispector. In: La Nouvelle Quinzaine Littéraire, nº 1.124, p. 11, 2015.  Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
BEJA, Hélder. A escola de Walser {resenha/crítica}. In: Parágrafo - Suplemento Literário do jornal Ponto Final, 30 de abril 2021. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
BELÉM, Euler de França. Robert Walser, o escritor que fez a cabeça de Kafka e Hermann Hesse. In: Revista Bula, 13.5.2023. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
BENJAMIN, Walter. Robert Walser. In: Magia e técnica, arte e política. de  Walter Benjamin. [tradução Sérgio Paulo Rouanet]. São Paulo: Brasiliense, 1998.
BERNOFSKY, Susan. Clairvoyant of the Small. The Life of Robert Walser. New Haven and London: Yale University Press 2021.
BETERELI, Paula Carolina. A poética da constrição. A questão da liberdade em Jakob von Gunten, de Robert Walser. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, 2014. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
BETERELI, Paula Carolina. Migração interior: sobre a memória e o esquecimento em W. G. Sebald. In: Letras em Revista, Teresina, V. 6, n. 2, jul./dez. 2015. Disponível no link. (acessado 3.3.2024)
BETERELI, Paula Carolina. Três faces do discurso em Jakob von Gunten. In: Travessias Interativas / Ribeirão Preto (SP), n. 7 - vol. 4, p. 158–168, jan-jun/2014. Disponível no link. (acessado em 3.3.2024).
CAMARGO, Gilson. Os escritores segundo Elias Canetti. In: Extra Classe, 18.4.2018.  Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
CAMPOS, Priscilla Oliveira Pinto de.. Pasavento e Robert Walser: aproximações --- In: CAMPOS, Priscilla Oliveira Pinto de. Agora que vim até aqui: a representação do espaço em Doutor Pasavento, de Enrique Vila-Matas. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, 2018. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
CANETTI, Elias. Robert Walser.--- In: CANETTI, Elias. Sobre os Escritores. [tradução Kristina Michahelles]. Rio de Janeiro: José Olympio, 2018.
CANETTI, Elias. Sobre os escritores / Über die Dichter. [organização Penka Angelowa e Peter von Matt; tradução Kristina Michahelles]. Rio de Janeiro: José Olympio, 2018.
CANETTI, Elias. Sobre a morte. [tradução Rita Rios]. São Paulo: Estação Liberdade, 2018.
CARVALHO, Bernardo. Inocência fora do lugar é chave da literatura de Walser. In: Folha de São Paulo, Ilustrada - 3 de maio de 2003. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).
CARVALHO, Bernardo. Passeios sem Robert Walser. In: Blog do IMS, 11.7.2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
CARVALHO, Bernardo. A neve é um casaco esplêndido e quente. In: Blog do IMS, 6.2.2012. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
CARVALHO, Bernardo. Uma criança grande demais. In: Blog do IMS, 1.9.2016. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
CAVALCANTI, Mario Filipe. A nadificação do “eu” e o sarcasmo aniquilador na obra de Robert Walser. In: Homolitaratus, 22.4.2016. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
CENEK, Jan. A arte de desaparecer. In: Passa Palavra, 9.8.2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
CHARBEL, Felipe. Retrato apaixonante do escritor que escolheu ser menor. Resenha de 'Passeios com Robert Walser', de Carl Seelig. In: O Globo, Rio de Janeiro, 24 jul. 2021. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
COETZEE, J. M. Robert Walser. In: COETZEE, J. M.. Mecanismos internos – Ensaios sobre literatura (2000-2005). introdução de Derek Attridge; tradução Sergio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letras, 2007
COETZEE, J. M.. The Genius of Robert Walser. In: The New York Review, 2 novembro 2000. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
COUTINHO, Isabel. Os microcontos de Robert Walser e a Primeira Cruzada por Peter Frankopan. {resenha}. In: Público.pt, 11 de março 2023. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
CRÍTICA Livro: Absolutamente Nada e Outras Histórias, de Robert Walser. In: O Grito!, 3 de março de 2015. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
CRUZ, Víctor H. Palacios. Caminando con Robert Walser hacia el no-lugar de su literatura. In: Humanidades Año 6 - nº 1 - Diciembre 2006. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).
ERBER, Laura Rabelo. As vidas minúsculas de Robert Walser. In: Revista Escrita (PUCRJ. Online), v. 1, p. 2-10, 2008. Disponível no link. (acessado 3.3.2024)
ESPINOSA, Pablo. El escritor Robert Walser. In: La Jornada, 8 de enero de 2022, p. a12. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
FERNANDES, Cristina. Algumas traduções de Robert Walser. In: Bicho Ruim, 8.6.2019.  Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)
FERREIRA, Heide-Marie Seybert Pinto. Análise e reflexão teológica baseada no poema "Liebe" de Robert Walser. In: Humanística e Teologia - Universidade Católica Portuguesa, v. 14 - n.2, p. 225-231, 1993. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
FIGUEIREDO, Priscila. A testa enrugada da lei e o olho da rua (sobre 'Jakob von Gunten', de Robert Walser). In: Outras Palavras, São Paulo, 7 jun. 2012. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
FISCHGOLD, Christian. Vila-Matas e Walser: o desaparecimento e a loucura. In: Revista RapaDura, 2012, p. 55-59. Disponível no link. (acessado em 3.3.2024).
GAGLIANONE, Isabela. Walser, Jakob von Gunten. In: O Benedito, 12 de março 2012. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
GUIMARÃES, Maria Helena da Costa Alves. Análise fenomenológica da obra de Robert Walser 'Der Spazierganf' (Dissertação Mestrado em Estudos Alemães). Universidade do Porto - Faculdade de Letras, Porto, 2002. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
KLEIN, Kelvin Falcão. Robert Walser, 'Os irmãos Tanner'. In: O Globo - Segundo Caderno, Rio de Janeiro, p. 3 - 3, 9 set. 2017. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).
KLEIN, Kelvin Falcão. J.M.Coetzee comenta autores clássicos e menos conhecidos em ensaios. In: O Globo, 16.1.2021. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).
IBÁÑEZ, Andrés. Robert Walser, música y golpes. In: ABC Cultural, 5.7.2019. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024)
MACEDO, José Marcos Mariani de.(tradução/artigo).. O passeador solitário - Em memória de Robert Walser. In: São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2010. 
MAGRIS, Claudio. L'anello di Clarisse. Collana 'Einaudi tascabili'. Turim: Einaudi, 1999.
MARQUES, Joana Emídio. A viagem de inverno de Robert Walser. In: Observador, 6.7.2019. Disponível no link. (acessado 3.2.2024)
MARTINS, Marta Lucia Pereira. Sobre algumas imagens em Robert Walser. In: Organon, v. 31, n. 61, 2016. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
MIRA, Gonçalo. Os Irmãos Tanner, Robert Walser. {resenha/ crítica}. In: Orgia Literária, 19 de janeiro 2010. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
MONMANY, Mercedes. Robert Walser y Carl Seelig: historia de una amistad. In: Escrito en Lecturas Turia, s/data.  Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
NEGRONI, María. A arte do erro. [tradução Ayelén Medail e Diogo Cardoso; ilustração Alex Januário]. Editora 100/Cabeças, 2022.
NICKL, Roger. Walser’s Lab. In: News - UZH, 23.2.2022. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
PESSOA, Davi. Coletânea de Robert Walser oferece percurso por uma obra original e provocadora. In: O Globo, 18.7.2015. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
PESSOA, Davi. O método-lápis de Robert Walser. In: Traduzir Passagens, 8.1.2018.  Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
PETERLINI, Claudia Regina. 'Carta de um poeta a um senhor' e notas sobre a literatura de Robert Walser. In: Qorpus, v. Ensaios, p. s.p/, 2019. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
PICCO, Gabriela. Robert Walser, el poeta que prefería ser nadie. In: Cosas Humanas, 12 de septiembre de 2014. Disponível no link. (acessado em 11.3.2024)
PINTO, Mariana Carvalho. Robert Walser e Tadeu Sarmento: um diálogo sobre a formação de identidades nos romances Jakob von Gunten e Associação Robert Walser para sósias anônimos. (Dissertação Mestrado em Ciências Sociais). Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2017.
POMPEU, Douglas. Sobre um retrato vivo de Kleist. In: Literatura/ Cultura • Pandaemonium ger. (18) • Dez 2011. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
REDONDO, Tercio Loureiro. Robert Walser. In: Ficções (Rio de Janeiro), v. 16, p. 25-26, 2007.
REDONDO, Tercio Loureiro. Tradução de um conto de Robert Walser. In: Folha de São Paulo - Caderno Mais, São Paulo, p. 8-8, 20 abr. 2008.
REDONDO, Tercio Loureiro. Arbeit und soziale Fragen bei Robert Walser, Cyro dos Anjos und Graciliano Ramos. In: Lateinamerikanischer Germanistenkongress, 2012, Guadalajara. Transformationen: Lateinamerikanische Germanistik im Wandel. Guadalajara: Universidad de Guadalajara, 2012. p. 106-107.
RESENHA. Jakob Von Gunten se confunde com Robert Walser?. In: Nonada, 28 de julho de 2011.  Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
ROSENFIELD, Kathrin Holzermayr Lerrer. Comentários sobre Walser Prosa e Versoi. In: O Globo, Porto Alegre, p. 10-11.
SAAVEDRA, Mario. El genio, Robert Walser. In: Siempre, 11 de agosto 2019. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
SARAIVA, José Cabrita. O supremo encanto das coisas pequenas. {resenha/crítica}. In: Sol, Sapo.pt, 29 de março 2023. Disponível no link. (acessado 3.2.2024)
SARMENTO, Tadeu. Associação Robert Walser para sósias anônimos. Recife: Cepe, 2015.
CHARBEL, Felipe. 'Passeios com Robert Walser' ajuda a entender como autor virou um 'zero à esquerda'. In: O Globo, 24.7.2021. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
PASTOR, Anxo. Robert Walser. Poemas (1909). [traducción de Carlos Ortega]. In: Fronterad - Revista Digital, 3.12.2021. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024). Em espanhol!
SEBALD, Winfred Georg. O passeador solitário – Em memória de Robert Walser. In: Serrote, vol. 5. Julho 2010, p. 85-107.
SILVA, José Mário. Livros: Robert Walser e os textos que se desfazem no ar. {resenha/crítica}. In: Expresso.pt, 16 de abril 2023. Disponível no link. (acessado 2.3.2024)
SOBRADO, Pedro.. Quase nada. Defesa e interpretação de Robert Walser. Vila Nova de Famalicão: Edições Húmus, 2020.
SONTAG, Susan. Questão de Ênfase. [tradução Rubens Figueiredo]. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
TELLES, Sérgio. Psicanálise em debate: um criado muito peculiar. In: revista Percurso, n. 45, junho 2011, p. 135-140. Disponível no link. (acessado 3.2.2024)
UNSELD, Siegfried. O Autor e seu editor / Der autor und sein verleger. [tradução Áurea Weissenberg]. Editora Guanabara, 1986. {O autor desenvolve aqui uma análise histórica da vida editorial de quatro grandes autores de língua alemã: Rilke, Brecht, Hermann Hesse e Robert Walser}
VANDERLEI, Wanessa Rayzza Loyo da F. M.. A [Lou]Cura como Salvação: o Caso Robert Walser. In: Anais do XIII - Congresso Internacional da ABRALIC, Internacionalização do Regional, 2013. Disponível no link. (acessado em 3.3.2024)
VAZ PINTO, Diogo. Robert Walser. Acaso um escritor de êxito não é, à sua maneira, um assassino?. In: Jornal N, 3.6.2019.  Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
VOLPATO, Cadão. Robert Walser, o escritor que fascinou Kafka e Sontag. In: Valor Econômico, 21.8.2021. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
WALSER, Robert. Ensaios de Fritz Koscher contados por Robert Walser. tradução Carolina Betereli. In: Gratuita, 3, p. 159-161, nov. 2017. Disponível no link. (acessado em 1.3.2024).
WOLFF, Kurt. Memórias de um editor. tradução Flavio Quintale. Coleção das Andere. Ayine Editora, 2018
XERXENESKY, Antônio. Literatura se faz ao andar - Em livro, autor suíço conta dos passeios que fez com Robert Walser, escritor que fugia da grandeza literária. In: Quatro Cinco Um, Folha de S. Paulo, 1 de junho 2021. Disponível no link. (acessado em 1.3.2.2024)
YURGEL, Caio. Robert Walser: contra o grão do zeitgeist. In: Revista Versalete, Curitiba, v. 3, n. 4 jan-jun, 2015, p. 391-400. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024)  
ZEITEL, Gustavo. Fora do inferno. In: Correio.IMS, s/data. Disponível no link. (acessado em 2.3.2024).

---------

  • Robert Walser - poeta suíço

OBRA ONLINE DE ROBERT WALSER (EM ALEMÃO)

WALSER, Robert. Kritische Ausgabe / sämtlicher Drucke und Manuskripte | Band I 7 - Kleine Dichtungen. University of Zurich, 2023. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Robert Walser-Ausgabe, Kritische Ausgabe sämtlicher Drucke und Manuskripte. Band I,10.2: Komödie. University of Zurich, 2021. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Ausgabe sämtlicher Drucke und Manuskripte / Band I 10.1 - Gedichte 1909/1919 - Die Gedichte. University of Zurich, 2021. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Ausgabe - sämtlicher Drucke und Manuskripte - Supplement 1 - Rezeptionsdokumente zum literarischen Schaffen Robert Walsers 1898–1933. University of Zurich, 2021. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Robert Walser-Ausgabe, Kritische Ausgabe sämtlicher Drucke und Manuskripte. Band VI.3: Mikrogramme 1925 (II). University of Zurich, 2021. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Robert Walser-Ausgabe, Kritische Ausgabe sämtlicher Drucke und Manuskripte. Band VI.2: Mikrogramme 1925 (I). University of Zurich, 2019. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Robert Walser-Ausgabe, Kritische Ausgabe sämtlicher Drucke und Manuskripte. Band IV.3: Seeland (Manuskript). University of Zurich, 2018. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Kritische Robert Walser-Ausgabe, Kritische Ausgabe sämtlicher Drucke und Manuskripte. Band V.2: Prager Manuskripte. University of Zurich, 2018. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
WALSER, Robert. Aufsätze. Project Gutenberg EBook, s/data. Disponível no link. (acessado em 8.3.2024).
-----------
Fontes: University of ZurichProject Gutenberg (acessado em 8.3.2024)

 
"Somos realmente excêntricos. Vagamos pelo mundo como se só nós e mais ninguém vivesse nele. Vem ter comigo depressa. Posso dar-te guarita, como daria guarita a uma noiva"
- Robert Walser "Os irmãos Tanner". tradução Sergio Tellaroli. Companhia das Letras, 2017


****

"É difícil escrever sobre a natureza, sobretudo para um aluno da segunda classe A. Sobre pessoas é fácil: têm características fixas. Mas a natureza é tão indistinta, tão fina, tão inapreensível, tão infinita. Não obstante, vou tentar. Gosto muito de medir forças com o que é difícil. É coisa que instiga o sangue nas veias e atiça os sentidos. Nada é impossível, segundo já ouvi dizer."
- Robert Walser, no livro 'As Redacções de Fritz Kocher e Outras Histórias'. [tradução Isabel Castro Silva]. Bazarov, 2021.

  • Microscript 513v (Detail) by Robert Walser. The microscripts were something like a literary test lab for Robert Walser – a breeding ground for new ideas. (Photograph: Keystone SDA) / fonte: Universität Zürich 

"Escreva poemas apenas quando puder mostrar-se como anjo ou como pecador. Na verdade, de preferência, não escreva poemas nenhuns."
- Robert Walser 'Os Irmãos Tanner'. tradução Isabel Castro Silva. Relógio d’Água, 2009


  • Der junge Robert Walser war begeistert von Schillers Drama «Die Räuber». Das Aquarell zeigt ihn 1894 als 16-Jährigen, kostümiert als «Räuber»-Figur, gemalt von seinem Bruder Karl Walser. | Foto: Keystone/Robert-Walser-Stiftung/Str


"Não sou mais do que alguém que escuta e espera, nisso porém sou exímio, pois aprendi a sonhar enquanto espero."
- Robert Walser, no livro 'Os Irmãos Tanner'. tradução Isabel Castro Silva. Lisboa, Relógio d’água, 1997.  

Robert Walser - escritor e poeta suíço de língua alemã


Robert Walser on April 23, 1939. photograph by Carl Seelig


"Se tudo no mundo fosse novo e estivesse em ordem, deixaria de querer viver e matar-me-ia, Tenho quase o mesmo receio quando penso que tenho de conhecer alguém sofisticado e instruído. Ao temer que eu apenas o posso perturbar, não lhe sendo proveitosos ou agradável, um outro temor se aviva dentro de mim, nomeadamente (para falar abertamente) o de que também o senhor possa ser um estorvo, tornando-se imprestável e desagradável. Há uma alma na condição de cada um de nós; e o senhor precisa absolutamente de tomar conhecimento, e eu não posso deixar de informá-lo que eu prezo muito aquilo que sou, por muito escasso e pobre que isso seja. Considero toda a inveja uma estupidez. A inveja é uma espécie de loucura."
- Robert Walser, no livro "Cinza, Agulha, Lápis e Fosforozitos & outros brevíssimos textos sobre quase nada". Robert Walser.  [selecção, tradução e prefácio Ricardo Gil Soeiro]. Coleção Gato Maltês. Porto: Edições Assírio & Alvim, 2023


Robert Walser - photograph by Carl Seelig

"Príncipe:
Ah, porque sou um canalha
que foge de ti e agora
corre para outra que lhe
excita mais os sentidos.

Branca de Neve:
Canalha, tu? Isso nunca!
Como? Excita-te mais os
sentidos? Os teus sentidos?"
- Robert Walser, no livro 'Gata Borralheira; Branca de Neve; A Bela Adormecida'. [tradução Célia Henriques]. Lisboa: Maldoror, 2021.


"Talvez todos nós, homens de hoje, sejamos como escravos, dominados por concepções de mundo zangadas, chicoteantes e grosseiras"
- Robert Walser 'Absolutamente nada e outras histórias'. tradução Sergio Tellaroli. Editora 34, 2014.


SITE OFICIAL DO AUTOR



© Pesquisa, seleção, edição e organizaçãoElfi Kürten Fenske
© Seleção e organização dos poemasJosé Alexandre da Silva


© Direitos reservados ao autor/e ou seus herdeiros

=== === ===
Trabalhos sobre o autor 
Caso, você tenha algum trabalho não citado e queira que ele seja incluído - exemplo: livro, tese, dissertação, ensaio, artigo - envie os dados para o nosso "e-mail de contato", para que possamos incluir as referências do seu trabalho nesta pagina. 

Erros ou atribuições incorretas
:: Caso você encontrar algum erro nos avise através do nosso "e-mail de contato" para que possamos consertar e atualizar as informações;
:: Contribua para que as informações do Templo Cultural Delfos estejam sempre corretas;
:: Primamos pelo conteúdo e a qualidade das informações aqui difundidas;
:: Valorizamos o autor, a obra, o leitor, o patrimônio e a memória cultural da humanidade.

Conteúdo, textos, fotos, caricaturas, charges, imagens e afins
:: Sem identificação: nos ajude a identificar o autor, fontes e afins.
:: Autor(a): caso não concorde com a utilização do seu trabalho entre em contato.

COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA
José Alexandre da. (pesquisa, seleção, edição e organização). Robert Walser - escritor e poeta suíço In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
:: Página atualizada em 10.3.2024.
:: Página original de MARÇO/2024


Direitos Reservados © 2024 Templo Cultural Delfos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos a visita. Deixe seu comentário!

COMPARTILHE NAS SUAS REDES