Henriqueta Lisboa expondo o título de Cidadã Honorária na Câmara Municipal de Belo Horizonte, em 21 julho de 1972. Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG |
- Henriqueta Lisboa, in “Casa de pedra: poemas
escolhidos”. São Paulo: Ática, 1979, p. 18-19.
“Força é
reconhecer: nenhum poeta sobrevive se se distancia do tempo em que vive. O que
se alienar trairá seu coração e sua consciência. Mesmo sem alusão direta a
circunstâncias, o poeta se acusa como ser comunitário.”
- Henriqueta Lisboa, in "Vivência
poética". Belo Horizonte: Ed. São Vicente, 1979, p.18.
Henriqueta Lisboa nasceu em Lambari,
MG, em 15 de julho de 1901 e morreu em Belo Horizonte em 9 de outubro de 1985,
filha de João de Almeida Lisboa, deputado federal, e de Maria Rita Vilhena
Lisboa. Foi poeta, tradutora, ensaísta e, ainda,
docente de literaturas hispano-americana e brasileira e de literatura geral.
Fez o curso normal no Colégio Sion em Campanha, MG.
Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1924. Seu
primeiro livro de poemas, publicado em 1925, intitulava-se Fogo fátuo, de
tendência simbolista, traço marcante de sua obra até a década de 1940. Recebeu
durante sua vida vários prêmios: em 1931, foi agraciada com o Prêmio de Poesia
Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras pelo livro Enternecimento; em
1952, a Câmara Brasileira do Livro premiou seu livro infantil Madrinha lua;
pelo conjunto de sua obra obteve três prêmios, a Medalha da Inconfidência de
Minas Gerais em 1955, o Prêmio Brasília de Literatura em 1971 e o Prêmio
Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras em 1984.
Sua extensa produção intelectual é composta por ensaios
literários, traduções, organização de antologias de poesias. Colaborou com
várias revistas editadas no Rio de Janeiro e Minas Gerais, entre as quais O
Malho, Revista da Semana, A Manhã, O Jornal, com a revista Kosmos e com a
revista Festa ao lado de Gilka Machado e Cecília Meireles. Foi membro do
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Entre 1940 e 1945 manteve com
o escritor Mário de Andrade, uma vasta correspondência, onde discutiam temas
pessoais e literários.
Foi a primeira mulher eleita para a Academia Mineira de
Letras em 1963, onde ocupou a cadeira de nº 26. Sua poesia tornou-se conhecida
no exterior, sendo traduzida em várias línguas, como o francês, inglês,
italiano, espanhol, alemão e latim. Henriqueta Lisboa traduziu obras de Dante,
Guillén, Gabriela Mistral, entre outros. Em Senhorita X, encontramos o poema
Quando tenhas de vir, de sua autoria.
Fonte: BNdigital
Henriqueta Lisboa em sua sala de trabalho, 1949. Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
“Henriqueta
Lisboa é uma prisioneira consentida. O que lhe faz o caráter mais especial da
sua qualidade poética é mesmo bem essa alegria esvoaçante e ácida de um coração
magoado. Há todo um esplendor, todo um arrebatamento, toda uma felicidade
sufocada. E o coração magoado sorri. [...] Henriqueta é tão meiga, cômoda em
sua qualidade, que soube ultrapassar a dor viva dos ideais e das ânsias completamente
mulher, perdoando sem esquecer. Muitas são as suas compensações, está claro. E
entre elas esse lirismo que a excetua, uma carícia simples, dor recôndita em
sorriso leve, e a frase contida – coisas raras na poesia nacional.”
- Mário de Andrade, in artigo "Coração
magoado”, publicado O Diário de São Paulo, em 2 de abril de 1941.
CRONOLOGIA
Henriqueta Lisboa, 1949 Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
1901 - Nasce
em 15 de julho na cidade de Lambari, sul de Minas Gerais. Faz o curso primário
no Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior, em Lambari, e o curso normal no
Colégio Sion de Campanha, onde estuda os clássicos de língua portuguesa e
francesa.
1924 - O pai é
eleito deputado federal e a família muda-se para o Rio de Janeiro.
1925 - Publica
Fogo Fátuo, poemas.
1929 - Publica
Enternecimento, poemas.
1931 - Recebe
o prêmio de Poesia Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras pelo livro
Enternecimento.
1935 - Muda-se
com a família para Belo Horizonte, sendo o pai, João Lisboa, membro da
Constituinte Mineira. É nomeada inspetora federal de ensino secundário.
1936 - Publica
Velário, poemas. Representa a mulher mineira no III Congresso Feminino
Nacional, realizado no Rio de Janeiro.
1937 - Recebe
medalha e diploma de O Malho como uma das cinco intelectuais brasileiras
laureadas no plebiscito "Levemos a mulher à Academia de Letras".
1940 - Inicia
correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu 42 cartas no período de
24 de fevereiro de 1940 a 20 de janeiro de 1945.
1941 - Publica
Prisioneira da Noite, poemas.
1943 - Publica
O Menino Poeta, poemas. A convite de Henriqueta Lisboa, com o apoio do Prefeito
Juscelino Kubitschek, Gabriela Mistral, Prêmio Nobel de Literatura 1945,
profere duas conferências: uma sobre o Chile e outra sobre O Menino Poeta, de
Henriqueta Lisboa, no Instituto de Educação de Belo Horizonte.
1945 - Publica
A Face Lívida, poemas, e o ensaio Alphonsus de Guimaraens. Ingressa no ensino
superior lecionando Literatura Hispano-americana e Literatura Brasileira na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Maria da Universidade Católica
de Minas Gerais.
1949 - Publica
Flor da Morte, poemas -1950 - Recebe o prêmio Othon Bezerra de Mello da
Academia Mineira de Letras pela obra Flor da Morte.
1951 - Começa
a lecionar História da Literatura na Escola de Biblioteconomia de Minas Gerais.
1952 - Publica
Madrinha Lua, poemas. Recebe o primeiro prêmio da Câmara Brasileira do Livro
(São Paulo) pela obra Madrinha Lua.
1955 - Publica
Convívio Poético, livro de ensaios. Recebe a Medalha de Honra da Inconfidência
de Minas Gerais.
1956 - Publica
Azul Profundo, poemas.
1958 - Publica
Lírica, que reúne sua obra poética. Ingressa no Instituto Histórico e
Geográfico de Minas Gerais.
1959 - Publica
Montanha viva: Caraça, poemas. Recebe medalha da Academia Mineira de Letras.
1960 - Recebe
o diploma de Personalidade de Minas Gerais no setor de literatura.
Henriqueta Lisboa, 1953 - Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
1961 - Publica
Antologia poética para a infância e a juventude (edição do Instituto Nacional
do Livro / Ministério da Educação e Cultura).
1962 - Recebe
medalha conferida pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália.
1963 - Publica
Além da Imagem, poemas. É eleita a primeira mulher para a Academia Mineira de
Letras.
1965 - Publica
o texto 'Mário de Andrade, o poeta', no livro Mário de Andrade, e 'O meu
Dante', no livro O meu Dante; contribuições e depoimentos.
1966 - Publica
o texto 'O motivo infantil na obra de Guimarães Rosa' no livro Guimarães Rosa.
1967 - Recebe
a Medalha de Mérito da Municipalidade de Belo Horizonte.
1968 -
Aposenta-se como técnica de ensino, pelo MEC, e passa a dedicar-se
exclusivamente a seus livros. Publica Vigília Poética, ensaios.
1969 - Publica
Cantos de Dante; traduções do Purgatório, Poemas escolhidos de Gabriela Mistral
e Literatura oral para a infância e a juventude. Recebe o título de cidadã
Honorária de Belo Horizonte. Toma posse na Academia Mineira de Letras.
1970 - Recebe
o prêmio Presença d'Itália in Brazile. Realiza uma viagem à Europa a convite do
governo italiano e é recebida oficialmente em Portugal.
1971 - Publica
Nova Lírica; poemas selecionados. Recebe o prêmio Brasília de Literatura pelo
conjunto da obra, conferido pela Fundação Cultural do Distrito Federal.
1972 - Publica
Belo Horizonte bem querer, poemas.
1973 - Publica
O alvo humano, poemas.
1974 - São
publicados dois livros com tradução de seus poemas: em francês (Poèmes choisis,
tradução de Vera Conradt) e em inglês (Chosen poems, tradução de Hélcio Veiga
Costa).
1975 - Recebe
o diploma do Ano Internacional da Mulher conferido pelo governo do Estado de
Minas Gerais.
1976 - Publica
Reverberações, poemas, e Miradouro e outros poemas. Recebe o prêmio poesia 76,
conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
1977 - Publica
Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra, poemas. É publicada a edição
bilíngüe, português- latim de Montanha viva; Caraça / Mons vivus seu Mons
Caracensis, poemas, tradução de padre Pedro Sarneel e do Professor J. Lourenço
de Oliveira.
1978 - Publica
A poesia de Jorge Guillén, ensaio. São editados nos EUA Selected poems,
tradução de Blanca Lobo Filho e o ensaio The poetry of Emily Dickson and
Henriqueta Lisboa de Blanca Lobo Filho.
1979 - Publica
Vivência Poética, livro de ensaios. Recebe o diploma de membro fundador da
Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil e o título de
personalidade do Ano Internacional da Criança, conferido pela União Brasileira
de Escritores. Recebe o diploma de mérito poético por decreto do Governador do
Estado de Minas Gerais, comemorativo dos cinqüenta anos de poesia.
1980 - Publica
Casa de Pedra; poemas escolhidos. Recebe a Grande Medalha da Inconfidência.
1982 - Publica
Pousada do Ser, sua última coletânea de poemas.
1983 - Recebe
a Medalha Santos Dumont.1984 - Recebe o prêmio Pen Club do Brasil, pela obra
Pousada do Ser e o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras,
pelo conjunto da obra.
1985 - Morre
em 9 de outubro, em sua residência de Belo Horizonte. É lançado o primeiro
volume das obras completas com o título Obras completas: I - poesia geral 1929
- 1983.
1987 - É
criado o Prêmio Literário Henriqueta Lisboa, pela Secretaria de Cultura de
Minas Gerais.
1989 - Doação,
pela família de Henriqueta Lisboa, do acervo da escritora para o Centro de
Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFMG. Realização da Semana
Henriqueta Lisboa, com depoimentos e conferências sobre a sua obra, no Centro
Cultural da UFMG.
1990 -
Publica-se Querida Henriqueta: cartas de Mário de Andrade a Henriqueta Lisboa..
Revisão, introdução e notas por Pe. Lauro Palú. Rio de Janeiro: José Olympio.
2001 - Criada
a Comissão especial de comemoração do centenário de nascimento da poeta
Henriqueta Lisboa pelo Governo do Estado de Minas Gerais. Publicam-se
Henriqueta Lisboa: poesia traduzida. Organização, introdução e notas por
Reinaldo Marques e Maria Eneida Victor Farias. Belo Horizonte: Editora UFMG. E
Henriqueta Lisboa: melhores poemas. Introdução e seleção por Fábio Lucas. São
Paulo, Global Editora.
Fonte: A cronologia de Henriqueta Lisboa foi retirada
do livro Presença de Henriqueta, organizado por Abigail de Oliveira Carvalho,
Eneida Maria de Souza e Wander Melo Miranda. Rio de Janeiro: José Olympio,
1992. e atualizada por Eneida Maria de Souza e Reinaldo Marques./Ufmg.
"Trabalhar
com seriedade e amor. No trabalho se inclui a leitura de escolha, o estudo da
língua, a pesquisa estética, o esforço técnico, a meditação sobre o tempo
presente, a contemplação do passado e do futuro, a observação da natureza, a
experiência pessoal, e um Pormenor importante: a consulta ao dicionário."
- Henriqueta Lisboa, em Entrevista concedida a José
Afrânio Moreira Duarte, publicada no Diário de Minas, em Belo Horizonte, 5 de
julho de 1970.
Henriqueta Lisboa com sua família em 1943 |
“A forma
límpida, cristal sem jaça de sua poesia, a agudeza das imagens, a densidade das
palavras, a segurança do ritmo, sua humildade, constituem sua força expressiva
e comunicativa.”
- Sérgio Milliet
Henriqueta Lisboa com suas irmãs: Alaíde, Henriqueta, Abigail e Maria
(1925). Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG
|
"Não haverá, em nosso acervo poético, instantes mais altos do que os atingidos por este tímido e esquivo poeta."
- Carlos Drummond de Andrade, in "Um poeta conta-nos da morte", (1952)
OBRAS
Poesia
Fogo-fátuo. Rio de Janeiro: S/ed.,1925,
147p.
Enternecimento. Rio de Janeiro: Pongetti,
1929, 132p.
Velário. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial, 1936, 131p.
Prisioneira da noite. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1941, 138p.
O menino poeta. Rio de Janeiro:
Bedeschi, 1943, 126p.
O menino poeta. [Edição especial
ampliada], Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1975, 213p.
O menino poeta. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1984, 54p.
O menino poeta. [Ilustrações de Marilda
Castanha] São Paulo: Global Editora, 2003.
O menino poeta. [Ilustrações de Nelson Cruz]. São Paulo: Peirópolis, 2008.
A face lívida. [à memória de Mário de
Andrade, falecido nesse ano], Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1945, 147p.
Flor da morte. Belo Horizonte:
Calazans, 1949, 98p.
Poemas: flor da morte e a Face lívida.
Belo Horizonte: Calazans, 1951, 196p.
Madrinha Lua. Rio de Janeiro:
Hipocampo, 1952, 8p.
Madrinha Lua. [os Cadernos de Cultura].
2ª ed., Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1953, 57p.
Madrinha Lua. 3ª ed., Belo Horizonte:
Coordenadoria de Cultura do Estado de Minas Gerais, 1980, 62p.
Azul profundo. Belo Horizonte: Ariel,
1955, 112p.
Azul profundo. 2ª ed., São Paulo: Xerox
do Brasil, 1969, 129p.
Lírica. Rio de Janeiro: José Olympio,
1958, 274 p.
Montanha viva: Caraça. Belo Horizonte:
Imprensa Oficial, 1959, 176p.
Montanha viva: Caraça. [Mons vivus seu
Mons Carecensis]. Belo Horizonte: São Vicente, 1977.
Além da imagem. Rio de Janeiro: Livros
de Portugal, 1963, 75p.
Nova Lírica. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial, 1971, 204p.
Belo Horizonte bem querer. Belo
Horizonte: Eddal, 1972, 74p.
O alvo humano. São Paulo: Editora do
Escritor, 1973, 65p.
Reverberações. Belo Horizonte: São
Vicente, 1976, 62p.
Miradouro e outros poemas. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1976, 168p.
Miradouro e outros poemas. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1977.
Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra.
Belo Horizonte: [s.n], 1977.
Casa de pedra. [Poemas escolhidos]. São
Paulo: Ática, 1979, 95p.
Pousada do ser. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1982 113p.
Obras completas: I - poesia geral 1929 -1983.
São Paulo: Duas Cidades, 1985, 563p.
Henriqueta Lisboa: poesia traduzida.
[Introdução e notas Reinaldo Marques. Maria Eneida Victor Farias]. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2001.
Henriqueta Lisboa: melhores poemas.
[Seleção Fábio Lucas]. São Paulo: Global Editora, 2001.
Obra completa
Henriqueta Lisboa. Obra completa. [organização Reinaldo Marques e Wander Melo Miranda]. Editora Peiropolis, 2020.
Retrato de Henriqueta Lisboa - desenho de Tossan.
Fonte:
A Gazeta Esportiva, 18/09/1966. AHL/AEM /CELC/UFMG
|
Convívio poético. Belo Horizonte:
Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1955.
Vigília poética. Belo Horizonte:
Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1968.
Vivência poética. Belo Horizonte: São
Vicente, 1979.
Antologias
organizadas
Antologia poética para a infância e a juventude.
Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1961, 225p.
Antologia poética para a infância e a juventude.
Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1966, 337p.
Literatura oral para a infância e a juventude.
[Lendas, contos e fábulas populares no Brasil]. São Paulo: Cultrix, 1968, 188p.
Conceito de estilo. Folha de Minas.
Belo Horizonte, 1956.
Alphonsus e Severiano. Colóquio/Letras,
Lisboa: n.6, p. 27-34, mar. 1972.
“O Movimento Modernista está perfeitamente realizado”.
Correio Paulistano, São Paulo, 25 fev. 1945. Entrevista a Domingos Carvalho da
Silva.
Entrevista com Henriqueta Lisboa. [Entrevista
a Alcino Leite Netto e José Machado]. Voz da verdade, Lambari, 9 maio 1976.
Esse
despojamento
FORTUNA CRÍTICA DE HENRIQUETA LISBOA
ALVES, Betania
Viana. A poesia infantil na obra de
Henriqueta Lisboa. (Dissertação Mestrado em Letras). Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, Brasil, 2009. Disponível no
link. (acessado 4.5.2013).
CANDIDO,
Antonio. O menino poeta. Suplemento
Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, 28 fev. 1970.
KOPKE, Carlos
Burlamaqui. Arte de Henriqueta Lisboa.
In: _______. Faces descobertas. São Paulo: Martins, 1944.
MACHADO FILHO,
Aires da Mata. O menino poeta. O
Diário. Belo Horizonte, 2 dez. 1942.
PALÚ, Lauro. Henriqueta Lisboa – Poeta do Humano.
Estado de Minas Gerais – Suplemento literário, n° 690-691, 22-29 dezembro de
1979.
SOUZA, Eneida
Maria de. A dona ausente. In: GALVÃO, Walnice. GOTLIB, Nádia
Gotlib.(Org.). Prezado senhor, Prezada senhora. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000.
“Pela educação
de hoje, o poeta de amanhã poderá vir a ser o poeta das crianças: se o reino
poético infantil for puro e livre, aumentam as probabilidades do aparecimento
de uma poesia em que a dignidade e a graça se completem. A seiva que alimenta
as raízes circulará nas frondes vindouras. Quase todos os terroristas da arte
aproximam a poesia de um como estado da infância. De fato, que numerosos
acordes na psicologia comparada do poeta e da criança! Reagem ambos contra o
insolúvel por meio de metáforas. Em ambos uma divinatória intuição compensa as
deficiências do conhecimento. Chegam a perscrutar a ciência pela imaginação.
Vivem pela imaginação.”
E agora
sou eu que lhe peço me envie os versos que está fazendo. Não que eu me tenha
por mentor de ninguém, mas porque sou seu amigo de amizade antiga. Onde já nos
conhecemos antes! Não conhecimento de livros mas daquele conhecimento de desejo,
em que, quando se preenche um afeto ainda vago que tínhamos em nós, a pessoa
que o preenche é coisa nossa, antiga forma de ser insabida da nossa
consciência, mas quotidianamente versada pelos nossos mundos mais íntimos. Você
é conhecimento antigo meu, Henriqueta, uma velha amizade, que agora apenas veio
em realidade preencher o lugar vago que ninguém jamais ocupara. Já quando foi
dos três últimos poemas que você me mandou, tive ímpetos de desmontá-los
friamente numa análise longa. Mas me resguardei em tempo, com medo de parecer
pedante. Agora, lhe quero tão desabusado bem, sou tão seu íntimo que não dura
muito lhe estarei fazendo confidências descaradas, descansando meu pensamento
fraco e tantas vezes horrível nas suas mãos perdoadeiras de mulher. Só temo é
que fuja assustada, não fuja.
Pois nesta intimidade nem temerei ser pedante e lhe direi, com o máximo
rigor, o que descobrir ou inventar nos seus versos. Mas mande muitos, mande de
novo os já mandados (pra me evitar o trabalho de procurá-los neste apartamento
de barafunda) e muito mais, o maior número que puder. O elemento comparação é
imprescindível num estudo e só mesmo tendo um grupo vasto de poemas, poderei
compreender melhor. Mande e nem de longe receie me atrapalhar, sou eu que
preciso de você.
Local: Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG – Belo
Horizonte/MG.
Artigos e
Ensaios
Almas femininas da América do Sul.
Colúmbia, Rio de Janeiro, v.1, n. 1, jul. 1928.
Tristão de Athaíde e o movimento católico.
Brasil feminino, Rio de Janeiro, jun. 1932.
Musa argentina. Brasil feminino, Rio de
Janeiro, n. 14, out. 1933.
Telmo Escobar. Brasil feminino, Rio de
Janeiro, n. 11, abr. 1933.
Musa hispano-americana. Revista da
Semana, Rio de Janeiro, 20 out. 1934.
Vozes na penumbra. O Malho, Rio de
Janeiro, 4 out. 1934.
Aquela voz no ermo da noite. O Malho,
Rio de Janeiro, v.6, p.17, 6 jun. 1935.
“Amai-vos uns aos outros”. O Malho,
Rio de Janeiro, 7 mar. 1935.
Três poetas argentinos. Revista da
Semana, Rio de Janeiro, 18 maio. 1935.
Vida harmoniosa. O Malho, Rio de
Janeiro, 4 out. 1935.
Diálogo entre a ilusão e a realidade. O
Malho. Rio de Janeiro, 18 abril. 1935.
Aurélia Rubião – irmã dos poetas.
Alterosa, Belo Horizonte, v.1, n.2, p.72, p.72-73, set. 1939.
Alphonsus de Guimaraens. Rio de
Janeiro: Agir, 1945. (Coleção Nossos Grandes Mortos, v. 7).
A lição de Alphonsus. O Diário, Belo
Horizonte, 14 jul. 1946, p. 4.
Aspectos da literatura hispano-americana.
O Estado de São Paulo, São Paulo, 15 set.1948, p. 3,14.
Aspectos da literatura hispano-americana II.
O Estado de São Paulo, São Paulo, 17 set.1948.
Ao luar. Auta de Souza. Diário de
Minas, Belo Horizonte, 4 set. 1949.
Galeria poética. . Diário de Minas,
Belo Horizonte, 16 out. 1949.
Bárbara Heliodora. Diário de Minas,
Belo Horizonte, 23 de abr. 1950. p.1-4.
Romance e folclore. Diário de Minas.
Belo Horizonte, abr. 1950, p.1-2.
Poesia, beleza e estética. Folha de
Minas, Belo Horizonte, 3 maio 1953, p.5.
Retrato de Henriqueta Lisboa feito por Lisete Meimberg Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
A educação cívica na escola secundária.
O Diário. Belo Horizonte, 15 abr. 1956, p.6.
O crítico e o escritor. O Diário. Belo
Horizonte, s.d.
A poesia de Ungaretti. Revista do
livro, Rio de Janeiro, v. 2, n. 7, set. 1957. p.197-202.
Gabriela Mistral. O Diário. Belo
Horizonte, 13 jan. 1957, p.4.
A poesia de “Grande sertão: veredas”.
Revista do livro. Rio de Janeiro, v. 3, n. 12, dez. 1958. p. 141-146.
Reflexões sobre a história: discurso.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Belo Horizonte, v.
6, 1959. p. 161-166.
A experiência diz que, afinal, o importante mesmo é a
poesia. Diário da Tarde, Belo Horizonte, 15 jul. 1959.
Mário de Andrade preparou as novas gerações para a
literatura nacional. O Diário, Belo Horizonte, 2 abr. 1960, p.
5.
Pensamento e poesia de Mário de Andrade.
O Estado de São Paulo, São Paulo, 30 abr. 1960, p. 4.
A poesia de Murilo Mendes. O Estado de
São Paulo. São Paulo, 5 nov 1960. Suplemento Literário, p. 3.
Romance com notícias folclóricas.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, v. 8, p. 103-107,
1961.
Alfonso Reyes, ensaísta e poeta. Estado
de Minas, Belo Horizonte, 30 jul. 1963.
Conceituação de poesia entre os franceses.
Revista Brasileira, Rio de Janeiro, v. 10, n. 29, jun. 1964. p. 98-112.
Mário de Andrade, o poeta. Mário de
Andrade. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1965. p. 53-58.
O Meu Dante. O Meu Dante: contribuições
e depoimentos. São Paulo: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, 1965. p. 9-20.
O motivo infantil na obra de Guimarães Rosa.
Guimarães Rosa. Belo Horizonte: Centro
de Estudos Mineiros, 1966. p. 19-30. e In: COUTINHO,
Eduardo F. (sel.). Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1991. (Fortuna Crítica; 6). p. 174.
Conceituação de poesia entre os franceses.
Revista Brasileira, Rio de Janeiro, v. 10, n.29, p. 98-111, jun/ago. 1966.
Vicente de Carvalho. O Estado de São
Paulo, São Paulo, 12 nov. 1966, p. 6.
Formação do poeta. Suplemento Literário
Minas Gerais, Belo Horizonte, 26 nov. 1966, p.2.
Entre mineiros. O Estado de São Paulo,
São Paulo, 5 mar. 1966. Suplemento Literário, p. 1.
Cecília Meireles. Suplemento Literário
Minas Gerais, Belo Horizonte, 12 ago. 1967, p. 1.
O poeta Camilo Pessanha. Suplemento
Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 9 set. 1967, p. 2-3.
À margem do manuscrito holandês. Minas
Gerais, Belo Horizonte, 11 mar. 1967.
Aspectos do movimento modernista.
Suplemento Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 16 mar. 1968, p. 2-3.
Expressão e comunicação. Suplemento
Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 13 jan. 1968, p. 5.
Guimarães Rosa e o conto. O Estado de
São Paulo, São Paulo, 30 nov. 1968, p.6.
Jorge Guillén. Suplemento Literário
Minas Gerais, Belo Horizonte, 12 dez. 1968, p. 8.
Folclore e literatura infantil. Jornal
do Comércio, Rio de Janeiro, fev. 26 out. 1969.
Mário de Sá Carneiro. Suplemento
Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 13 jun. 1970, p. 4-5.
Mário de Sá Carneiro II. Suplemento
Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 20 jun. 1970, p. 10-11.
A poesia de Alphonsus Guimaraens.
Suplemento Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 2 jan. 1971, p. 10-11.
Vicente Huidobro e o criacionismo.
Suplemento Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 1 maio 1971, p.4-5.
Retrato de Henriqueta Lisboa – desenho de Conceição Piló. Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
Confidências e reflexões em torno de um livro.
Minas Gerais, Belo Horizonte, dez. 1972. Suplemento Pedagógico, p.3.
Poeta Severiano de Resende. Suplemento
Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 23 dez. 1972, p. 8-9.
Itinerário do artista. Estado de Minas,
Belo Horizonte, 16 maio 1974, p. 1.
A poesia de Jorge Guillén. Separata de
Insul, Madri, 1978. p. 321-330.
Poesia, esta maravilhosa deidade a que votei toda uma
existência. Suplemento Literário Minas Gerais, Belo Horizonte,
22 dez. 1979. p. 2.
Infância e poesia. Revista do Conselho
Estadual de Cultura de Minas Gerais, Belo
Horizonte, n. 8, 1979. p. 47-50.
Literatura oral e literatura infantil.
Literatura infantil. Rio de Janeiro: PUC, 1980.
Evocação de Mário Casasanta. Minas
Gerais, Belo Horizonte, 4 out. 1980, p. 12-13.
A experiência poética, segredo além do esforço humano.
Estado de Minas, Belo Horizonte, 21 jul. 1984.
Itinerário de Petrônio Bax. Suplemento
Literário Minas Gerais, Belo Horizonte, 3 out. 1987, p. 8.
"O seu caminho
de contenção e austeridade de expressão e sentimento, a sua lúcida visão de um
mundo lírico que se recuse ao gracioso e ao fácil (sem que isso implique,
evidentemente, uma secura, mas sim uma exigência), a busca de uma
essencialidade poética que não é obstrução [...] tudo isso faz que, onde se
abram os seus livros se encontre, menos que uma elegância de post-simbolista,
uma personalidade firme de poeta moderno."
- Jorge de Sena, crítico português.
Depoimentos e
entrevistas
III Congresso Feminino: Impressões da
representante do Estado de Minas Gerais. O
Imparcial, Rio de Janeiro, 14 out. 1936.
Henriqueta Lisboa e o papel da mulher intelectual na
sociedade. Vamos ler, Rio de Janeiro, 11 set. 1941. p. 18-19.
Entrevista a Milton Pedrosa.
Retrato
de Henriqueta Lisboa – 1984 – Sara Ávila. Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
Henriqueta Lisboa. [Entrevista a Yvonne
Jean]. Revista da Semana, Rio de Janeiro, 6 dez. 1947. p. 49.
Falando francamente. [Entrevista a
Walter Álavares ]. Folha de Minas, em Belo Horizonte, em 09 de outubro de 1949.
Que pintora teria sido Henriqueta, se a poesia não a
“aprisionasse”. [Entrevista a José Orsine Reis]. O Estado,
Niterói, 19 ago. 1951.
Fala aos leitores de Henriqueta Lisboa. Diário de Minas,
Belo Horizonte, 6 jan. 1952.
p.1. Entrevista a Maria Luiza Ramos.
Henriqueta Lisboa mensageira de Minas Gerais.
[Entrevista a Maria de Lourdes Teixeira]. Folha da Manhã, São Paulo, 1 fev. 1953.
p.3.
Henriqueta Lisboa, prisioneira da noite.
[Entrevista a Carlos David]. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 13 jun. 1953.
Amanhã o lançamento de Azul profundo. [Depoimento
de Henriqueta Lisboa]. O Diário, de 11 de setembro de 1956.
Poesia concreta: arte ou mistificação? [Entrevista
a Lúcio de Freitas]. O Diário, Belo Horizonte, 24 abr. 1957.
Poetisa Henriqueta Lisboa. [Entrevista
a Lúcia Veado]. Estados de Minas, Belo Horizonte, 20 set. 1959.
Na guerra da Academia a arma é a poesia.
Binômio, Belo Horizonte, 24 jun. 1963.
O lado humano. [Entrevista a Wanda
Figueiredo]. Estado de Minas, Belo
Horizonte, 9 fev. 1964.
¿Para que sirve el arte? [Entrevista a
J. Montezuma de Carvalho]. El Guayaquil,
13 abr. 1966.
O poema é o vínculo entre o ser e o não ser.
[Entrevista a José Afrânio Moreira Duarte]. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 9
jul. 1966. p. 2.
Henriqueta Lisboa do fundo do azul do mundo.
[Entrevista a Roberto Drummond e Evandro Santiago]. Estado de Minas, Belo
Horizonte, 4 maio 1969. p. 10.
Depoimento da tradutora. In: MISTRAL,
Gabriela. Poesias escolhidas. Trad. De Henriqueta Lisboa. Rio de Janeiro:
Delta, 1969. p. 47-55.
Arte e liberdade. [Entrevista a J.
Montezuma de Carvalho]. Minas Gerais, Belo Horizonte, 28 fev. 1970. Suplemento
Literário, p. 10.
Henriqueta Lisboa: a grande dama da poesia brasileira.
[Entrevista concedida a José Afrânio Moreira Duarte]. Diário de Minas. Belo Horizonte,
5 jul. 1970.
Minha mãe era assim. [Entrevista a
Célia Nascimento]. Estado de Minas, Belo
Horizonte, 10 maio 1970.
Poesia com destinatário não é meu feitio.
[Entrevista a José Afrânio Moreira Duarte]. Jornal de Letras, Rio de Janeiro,
fev/mar 1971. p. 2.
A comunicação lírica de Henriqueta Lisboa.
[Entrevista a Ednalva]. A Cigarra, Rio de Janeiro, out. 1971. p. 96.
O mundo poético de Henriqueta Lisboa, [Entrevista
concedida a Dídimo Paiva]. publicada no Estado de Minas, em Belo Horizonte, em
18 de setembro 1974.
Conversando com Henriqueta Lisboa.
[Entrevista a José Mário Rodrigues]. Jornal do Commercio, Recife, 14 mar. 1976.
Retrato de Henriqueta Lisboa publicado no jornal Correio do Povo, 15 mai.1984. Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
Mandamento primeiro e único (com alguns mistérios)
para conhecer Henriqueta Lisboa. [Entrevista a Maria Cristina
Bahia]. Estado de Minas, Belo Horizonte, 30 out. 1977.
Poesia – vocação desde a infância.
[Entrevista a Stella Leonardos]. Jornal
de Letras, Rio de Janeiro, jul. 1978. p. 3.
A formação do poeta segundo um de seus maiores.
[Entrevista a Carmem Schneider Guimarães]. Estado de Minas, Belo Horizonte, 27
jun. 1979.
Henriqueta Lisboa: unida aos homens e a Deus pela
poesia. [Entrevista concedida a Edla Van Steen]. O Estado de São
Paulo. São Paulo, 5 mai. 1984. Caderno de Programas e Leituras. p. 4. Minas
Gerais. Suplemento Literário. Belo Horizonte, jul. 1984. p. 6-7.
A criação poética como reflexo no espelho.
[Entrevista a Carmelo Virgillo]. Minas Gerais, Belo Horizonte, 17 ago. 1985.
Suplemento literário, p. 8.
De Lambari ao Canadá. [Entrevista a
Antonio A. F. Coppe]. Estado de Minas. Belo Horizonte, 15 out. 1985.
Discurso de Henriqueta Lisboa na
solenidade de premiação da Academia Brasileira de
Letras. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo
Horizonte, 21 jul. 1984. p. 12.
“Sempre frágil
de aparência e forte de espírito; e muito sensível às decepções.”
- depoimento da sobrinha Abigail de Oliveira
Carvalho (sobre Henriqueta Lisboa).
Traduções
realizadas por Henriqueta Lisboa
LISBOA, Henriqueta.
Cantos de Dante: traduções do
“Purgatório”. São Paulo: Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro de São Paulo,
1969. Caderno n. 7, p. 7-20.
MISTRAL,
Gabriela. Poemas escolhidos de Gabriela
Mistral. [Trad. Henriqueta Lisboa]. Rio de Janeiro: Delta, 1969.
"Recordo-me
a primeira vez que vi Henriqueta Lisboa. Ela se parecia com seus livros, coisa
que poucas vezes acontece. Um corpo de menina, parado na adolescência, um talhe
de arbusto e não de árvore, um tamanho de retama. E, em contraste rotundo com essa
infantilidade corporal, uma conversação madura, sem banalidadealguma."
- Gabriela Mistral [sobre Henriqueta foram feitas],
em conferência sobre O menino poeta publicada originalmente no jornal A manhã,
em 26 de março de 1944.
CONDECORAÇÕES E PRÊMIOS
Prêmio de Poesia Olavo Bilac da Academia Brasileira de
Letras, pelo livro Enternecimento, 1931;
Medalha e diploma de O Malho, como uma
das cinco intelectuais brasileiras laureadas no plebiscito "Levemos a
mulher à Academia de Letras", 1937;
Prêmio Othon Bezerra de Mello, da
Academia Mineira de Letras pela obra Flor da Morte, 1950;
Prêmio da Câmara Brasileira do Livro
(São Paulo), pela obra Madrinha Lua, 1952;
Medalha de Honra da Inconfidência,
oferecida pelo governo do Estado de Minas Gerais, por alto mérito literário,
1955;
Medalha da Academia Mineira de Letras,
1959;
Diploma de Personalidade de Minas
Gerais no setor de literatura. 1960;
Medaglia Culturale di Bronzo, oferecida
pelo Ministério das Relações Exteriores do governo italiano, pela tradução de
Dante, 1962;
Eleita a primeira mulher para a Academia Mineira de
Letras, 1963;
Medalha de Mérito da Municipalidade de
Belo Horizonte, 1967;
Título de cidadã Honorária de Belo
Horizonte, 1969;
Prêmio Presença d'Itália in Brazile,
1970;
Prêmio Brasília de Literatura, pelo
conjunto da obra, conferido pela Fundação Cultural do Distrito Federal, 1971;
Prêmio poesia 76, conferido pela
Associação Paulista de Críticos de Arte, 1976;
Diploma de membro fundador da Academia
Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil, 1979;
Título de personalidade do Ano Internacional da
Criança, conferido pela União Brasileira de Escritores, 1979;
Diploma de mérito poético por decreto
do Governador do Estado de Minas Gerais, comemorativo dos cinqüenta anos de
poesia, 1979;
Grande Medalha da Inconfidência, 1980;
Prêmio Pen Club do Brasil, pela obra
Pousada do Ser, 1983;
Prêmio Machado de Assis da Academia
Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra, 1983;
Medalha Santos Dumont, oferecida pelo
governo do Estado de Minas Gerais, 1984;
“Se porventura,
em assombro “flaubertiano”, eu disser esta frase: “Minha poesia sou eu”,
deverei esclarecer que me refiro à poesia em estado de nebulosa ou magma,
anterior a condensação e configuração do poema. Logo que este esteja
construído, perde o vínculo inicial, assim como o ser humano, criado à imagem e
semelhança de Deus, goza de existência própria, desde o primeiro respiro.”
- Henriqueta Lisboa, in “Casa de pedra: poemas
escolhidos”. São Paulo: Ática, 1979, p. 17.
Desenho/aquarela feito por Henriqueta Lisboa no Colégio
Sion.
Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. Foto de Henrique Teixeira.
|
Minha história
romântica
No jardim do
meu sonho, outr’ora, quando entrava
na vida, ao
resplendor de um sol de cereja,
tive a promessa
de uma flor que despontava,
na ilusão de
quem vai possuir o que deseja.
E, ardente, do
calor da minha alma que é lava
fulgida, à luz
do olhar que nunca mais se veja,
tendo por
humildade o pranto que eu chorava,
a flor se
abriu, sorrindo, à sombra de uma igreja.
Uma tarde,
porém, sinto que me envenena...
E na volúpia de
augmentar a própria pena,
espedaço-a nas
mãos! Ó Dor, que me confortas!
Hoje, a sós no jardim,
às horas lardas, quedo,
vendo entre um
gozo estranho e uma impressão de medo
boiarem na
piscina umas pétalas mortas.
- Henriqueta Lisboa, in "Fogo fátuo",
1925.
"Já
disseram da poesia de Henriqueta que ela se caracteriza por uma constante
perfeição (como a de Cecília Meireles). Mas essa perfeição não é fruto de fácil
virtuosidade: é perfeição de natureza ascética, adquirida à força de difíceis
exercícios espirituais, de rigorosa economia vocabular."
- Manuel Bandeira, in "Dante e
Henriqueta", 1959.
"Se- e
apóio-me nessa autoridade - que Manuel Bandeira é da mesma opinião: Henriqueta
Lisboa é dos maiores poetas em língua portuguesa."
- Otto Maria Carpeaux, in "Mais livros na
mesa". 1959.
POESIAS ESCOLHIDAS
Amargura
Eu chegarei
depois de tudo,
mortas as horas
derradeiras,
quando alvejar
na treva o mudo
riso de
escárnio das caveiras.
Eu chegarei a
passo lento,
exausta da
estranha jornada,
neste invicto
pressentimento
de que tudo
equivale a nada.
Um dia, um dia,
chegam todos,
de olhos
profundos e expectantes.
E sob a chuva
dos apodos
há mais
infelizes do que antes.
As luzes todas
se apagaram,
voam negras
aves em bando.
Tenho pena dos
que chegaram
e a estas horas
estão chorando...
Eu chegarei por
certo um dia...
assim, tão
desesperançada,
que mais
acertado seria
ficar em meio à
caminhada.
- Henriqueta Lisboa, in "Obras completas: I -
poesia geral 1929 -1983". São Paulo: Duas Cidades, 1985.
Azul profundo,
ó bela
noite inefável
dos
pensamentos de
amor!
Ó estrela
perfeita
sobre o espesso
horizonte!
Ó ternura dos
lagos
refletindo
montanhas!
Ó virginal dor
da primavera
derradeira!
Ó tesouro
desconhecido
por toda a
eternidade!
Ó luz da
solidão,
ó nostalgia, ó
Deus!
- Henriqueta Lisboa, in "Azul profundo",
1956.
Infância
E volta sempre
a infância
com suas
íntimas, fundas amarguras.
Oh! por que não
esquecer
as amarguras
e somente
lembrar o que foi suave
ao nosso
coração de seis anos?
A misteriosa
infância
ficou naquele
quarto em desordem,
nos soluços de
nossa mãe
junto ao leito
onde arqueja uma criança;
nos sobrecenhos
de nosso pai
examinando o
termomêtro: a febre subiu;
e no beijo de
despedida à irmãzinha
à hora mais
fria da madrugada.
A infância
melancólica
ficou naqueles
longos dias iguais,
a olhar o rio
no quintal horas inteiras,
a ouvir o
gemido dos bambus verde-negros
em luta sempre
contra as ventanias!
A infância
inquieta
ficou no medo
da noite
quando a
lamparina vacilava mortiça
e ao derredor
tudo crescia escuro, escuro...
A menininha
ríspida
nunca disse a
ninguém que tinha medo,
porém Deus sabe
como seu coração batia no escuro,
Deus sabe como
seu coração ficou para sempre diante da vida
— batendo,
batendo assombrado!
- Henriqueta Lisboa, in "Prisioneiro da
noite", 1941.
Chuva
Chuva torrencial
carregada
de frutos.
Chuva exausta
de longos
braços
pendentes.
Chuva nos
campos da fatalidade
entregando
bandeiras.
Música opulenta
de rios
que se
despenham.
Durante noites
e noites.
As criaturas
estão à espera
Protegidas
pelas paredes
E a palavra —
sol
Unge todos os
lábios.
Só eu na minha
imensidade sem teto,
só eu te
suporto o peso,
só eu te sorvo
esse gosto,
de morte.
Chuva,
plenitude amarga
de derrota.
Sinto que és
retorno,
corpo cansado
de espírito,
corpo vencido,
corpo
que se entrega
pesadamente
à terra.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
Os lírios
Certa madrugada
fria
irei de cabelos
soltos
ver como
crescem os lírios.
Quero saber
como crescem
simples e belos
— perfeitos! —
ao abandono dos
campos.
Antes que o sol
apareça
neblina rompe
neblina
com vestes
brancas, irei.
Irei no maior
sigilo
para que
ninguém perceba
contendo a
respiração.
Sobre a terra
muito fria
dobrando meus
frios joelhos
farei perguntas
à terra.
Depois de
ouvir-lhe o segredo
deitada por
entre os lírios
adormecerei
tranqüila.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
Expectativa
Neste instante
em que espero
uma palavra
decisiva,
instante em que
de pés e mãos
acorrentada
estou,
em que a maré
montante de meu ser
se comprime no
ouvido à escuta,
em que meu
coração em carne viva
se expõe aos
olhos dos abutres
num deserto de
areia,
— o silêncio é
um punhal
que por um fio
se pendura
sobre meu ombro
esquerdo.
E há uma
eternidade
que nenhum
vento sopra neste deserto!
- Henriqueta Lisboa, in "Prisioneiro da
noite", 1941.
É estranho
É estranho que,
após o pranto
vertido em rios
sobre os mares,
venha pousar-te
no ombro
o pássaro das
ilhas, ó náufrago.
É estranho que,
depois das trevas
semeadas por
sobre as valas,
teus sentidos
se adelgacem
diante das
clareiras, ó cego.
É estranho que,
depois de morto,
rompidos os
esteios da alma
e descaminhado
o corpo,
homem, tenhas
reino mais alto.
- Henriqueta Lisboa, in "Flor da morte",
1949.
Ciranda de
mariposas
Vamos todos
cirandar
ciranda de
mariposas.
Mariposas na
vidraça
são joias, são
brincos de ouro.
Ai! poeira de
ouro translúcida
bailando em
torno da lâmpada.
Ai! fulgurantes
espelhos
refletindo asas
que dançam.
Estrelas são
mariposas
(faz tanto frio
na rua!)
batem asas de
esperança
contra as
vidraças da lua.
- Henriqueta Lisboa, in "O menino poeta",
1943.
Tuas palavras,
amor...
Como são belas
e misteriosas tuas palavras, Amor!
Eu não as tinha
pressentido,
eu era como a
terra sonolenta e exausta
sob a
inclemência do céu carregado de nuvens,
quando, igual a
uma chuva torrencial de verão,
tuas palavras
caíram da altura em cheio
e se
infiltraram nos meus tecidos.
O' a minha
pletora de alegria!...
As árvores
bracejaram recebendo as bátegas entre as ramas,
as corolas bailaram
numa ostentação de taças repletas,
os frutos
amadurecidos rolaram bêbedos no solo.
E eu vivi a
minha hora máxima de lucidez e loucura
sob a chuva
torrencial de verão!
Como são belas
e misteriosas tuas palavras, Amor!...
Minha alma era
um rochedo solitário no meio das ondas,
perdido de
todas as cousas do mundo,
quando, ao
passar dentro da noite na tua caravela fuga,
tu me enviaste
a mensagem suprema da vida.
A tua saudação
foi como um bando de alvoroçadas gaivotas
subindo pelas
escarpas do rochedo, contornando-lhe as arestas,
aureolando-lhe
os cumes.
E a minha alma
esmoreceu ao luar dessa noite,
ilha branca da
paz, num sonho acordado...
Amor, como são
belas e misteriosas as tuas palavras!...
- Henriqueta Lisboa, in "Velário", 1936.
Lábios que não se
abrem, lábios
Lábios que não
se abrem, lábios
com seu segredo
calado
Segredo no ermo
da noite
resiste à rosa
dos ventos
calado.
Flauta sem a
vibração
do sopro.
Luar e espelho,
frente a frente,
em calada
vigília.
Fria espada
unida
ao corpo.
Resto de
lágrimas sobre
lábios
calados.
Borboleta da
morte
em sorvo
pousada à flor
dos lábios
calados
calados.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
Assombro
Século de
assombro — este século.
De violência em
progresso.
E os outros
séculos?
Cada ser ao
sentir o peso do mundo
não terá dito:
século de assombro?
O assombro seca
a própria sombra
de tanto secar
existência:
Sequidão de
corações e mentes
Secura de corpo
nos ossos
Legião de cegos
e de inaptos
Asfixia de
túneis e masmorras
Mantos e
esgares de hipocrisia
Sevícia para
fins de anuência
Acúmulo de
monstros e monturos
— Assombro à
cunha.
Porém acima de
qualquer assombro
aquele assombro
vindo de antanho
para atravessar
o século
de ponto a
ponta — flecha escusa — e ser
perene assombro
dos mortais
— a morte.
- Henriqueta Lisboa, in "Pousada do ser",
1982.
Água negra
negros bordes
poço negro
com flor.
Água turva
densa escuma
turvo limo
com flor.
Noite espessa
sem lanterna
espesso poço
com flor.
sobra, corpo
de serpente
na oferenda
da flor
Risco de morte
violenta,
árdua morte
de asfixia
veneno letal
fatal
quase que puro
suicídio
com uma
lenta
lenta
flor.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
Noturno
Meu pensamento
em febre
é uma lâmpada
acesa
a incendiar a
noite.
Meus desejos
irrequietos,
à hora em que
não há socorro,
dançam livres
como libélulas
em redor do
fogo.
- Henriqueta Lisboa, in "Prisioneiro da
noite", 1941.
De súbito
cessou a vida
De súbito
cessou a vida.
Foram simples
palavras breves.
Tudo continuou
como estava.
O mesmo teto, o
mesmo vento,
o mesmo espaço,
os mesmos gestos,
Porém como que
eternizados.
Unção, calor,
surpresa, risos
tudo eram
chapas fotográficas
há muito tempo
reveladas.
Todas as cousas
tinham sido
e se mantinham
sem reserva
numa sucessão
automática.
Passos
caminhavam no assoalho,
talheres batiam
nos dentes,
janelas se
abriam, fechavam.
Vinham noites e
vinham luas,
madrugadas com
sino e chuva.
Sapatos iam na
enxurrada.
Meninas
chegavam gritando.
Nasciam flores
de esmeralda
no asfalto! mas
sem esperança.
Jornais
prometiam com zelo
em grandes
tópicos vermelhos
o fim de uma
guerra. Guerra?...
Os que não
sabiam falavam.
Quem não sentia
tinha o pranto.
(O pranto era
ainda o recurso
de velhas
cousas coniventes.)
Nem o menor
sinal de vida.
Tão-só no fundo
espelho a face
lívida, a face
lívida.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
Denúncia
Os tresloucados
do volante
— ó vendaval —
voam velozes e
ferozes
à caça de carne
humana.
Olhos de abutre
fisgam de rua
em rua
alguma oferta
de acaso.
Rindo brancura
de dentes
mil poderes
aceleram
rumo à vítima
entrevista.
O mundo que
lhes pertence
tomam ao revés
— de assalto.
Sangram
despedaçam
matam
E ombros
erguidos prosseguem
vitoriosos
pressurosos
para os
aplausos da seita.
- Henriqueta Lisboa, in "Pousada do ser",
1982.
Esse
despojamento
esse amargo
esplendor.
Beleza em
sombra
sacrifício
incruento.
A mão sem jóias
descarnada
na pureza das
veias.
A voz por um
fio
desnuda
na palavra sem
gesto.
O escuro em
torno
e a lucidez
violenta
lucidez terrível
batida de
encontro ao rosto
como uma ofensa
física.
Na imensidade
sem pouso,
olhos duros
de pássaro.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
O poço
Com minhas
frágeis
e frias mãos
Cavei um poço
no fundo do
horto
da solidão
Cavei um poço
mas bem
profundo
com minhas
mãos.
- Henriqueta Lisboa, in "A face lívida",
1945.
Serena
Essa ternura
grave
que me ensina a
sofrer
em silêncio, na
suavidade
do entardecer,
menos que pluma
de ave
pesa sobre meu
ser.
E só assim, na
levitação
da hora alta e
fria,
porque a noite
me leve,
sorvo, pura, a
alegria,
que outrora,
por mais breve,
de emoção me
feria.
- Henriqueta Lisboa, in "Azul profundo",
1956.
Do supérfluo
Também as
cousas participam
de nossa vida.
Um livro. Uma rosa.
Um trecho
musical que nos devolve
a horas
inaugurais. O crepúsculo
acaso visto num
país
que não sendo
da terra
evoca apenas a
lembrança
de outra
lembrança mais longínqua.
O esboço
tão-somente de um gesto
de ferina
intenção. A graça
de um retalho
de lua
a pervagar num
reposteiro
A mesa sobre a
qual me debruço
cada dia mais
temerosa
de meus
próprios dizeres.
Tais cousas de
íntimo domínio
talvez sejam
supérfluas.
No entanto
que tenho a ver
contigo
se não leste o
livro que li
não viste a
rosa que plantei
nem
contemplaste o pôr-do-sol
à hora em que o
amor se foi?
Que tens a ver
comigo
se dentro em ti
não prevalecem
as cousas —
todavia supérfluas —
do meu
intransferível patrimônio?
- Henriqueta Lisboa, in "Pousada do Ser",
1982.
Sofrimento
No oceano
integra-se (bem pouco)
uma pedra de
sal.
Ficou o
espírito, mais livre
que o corpo.
A música, muito
além
do instrumento.
Da alavanca,
sua razão de
ser: o impulso,
Ficou o selo, o
remate
da obra.
A luz que
sobrevive à estrela
e é sua coroa.
O maravilhoso.
O imortal.
O que se perdeu
foi pouco.
Mas era o que
eu mais amava.
- Henriqueta Lisboa, in "Flor da morte",
1949.
Vem, doce morte
Vem, doce
morte. Quando queiras.
Ao crepúsculo,
no instante em que as nuvens
desfilam
pálidos casulos
e o suspiro das
árvores — secreto —
não é senão
prenúncio
de um delicado
acontecimento.
Quanto queiras.
Ao meio-dia, súbito
espetáculo
deslumbrante e inédito
de rubros
panoramas abertos
ao sol, ao mar,
aos montes, às planícies
com celeiros
refertos e intocados.
Quando queiras.
Presentes as estrelas
ou já esquivas,
na madrugada
com pássaros
despertos, à hora
em que os
campos recolhem as sementes
e os cristais
endurecem de frio.
Tenho o corpo
tão leve (quando queiras)
que a teu
primeiro sopro cederei distraída
como um
pensamento cortado
pela visão da
lua
em que acaso —
mais alto — refloresça.
- Henriqueta Lisboa, in "Poesia geral",
1985.
O tempo é um
fio
bastante frágil
Um fio fino
que à toa
escapa.
O tempo é um
fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro
com gentileza.
Com mais
empenho
franças
espessas.
Malhas e redes
com mais
astúcia.
O tempo é um
fio
que vale muito.
Franças
espessas
carregam
frutos.
Malhas e redes
apanham peixes.
O tempo é um
fio
por entre os
dedos.
Escapa o fio,
perdeu-se o
tempo.
Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa.
Mas ainda é
tempo!
Soltai os
potros
aos quatro
ventos,
mandai os
servos
de um pólo a
outro,
vencei
escarpas,
voltai com o
tempo
que já se
foi!...
- Henriqueta Lisboa, in "Antologia Poética
Nestlé", [org. Vera Lúcia de Carvalho Marchezi, Ana Maria T. Borgatto
Teresinha Costa H. Bertin]. São Paulo: Fundação Nestlé de Cultura, 2002.
Ó noite
Ó noite,
ensina-me
o teu magno
segredo:
iluminar da
sombra.
Da sombra
permitir
a visão mais
profunda.
Projetar pela
sombra
o roteiro dos
astros.
Quanto mais te
recolhes,
ó noite, nos
teus véus,
tanto mais
fulgem
as
constelações.
Serás acaso
humilde,
generosa,
ou apenas
criadora
de beleza?
Ó noite,
ensina-me
o teu magno
segredo.
- Henriqueta Lisboa, in "Azul profundo",
1985.
Memorando
Então me
concentrei dizendo:
Guarda-a na
memória esta paisagem
que não se
repetirá na face da terra
com as mesmas
indefinidas cores.
E esse vulto
que teus olhos não verão de novo
passar com
idênticos movimentos rítmicos.
E essa voz que
te saudou do outro lado do oceano
assim como um
fugidio marulho de ondas.
A paisagem
desapareceu entre as cinzas do informe.
O vulto não
regressou em sucedimento a si próprio.
A voz perdeu o
timbre no exaurir da mensagem.
Mas por milagre
se conservam tangíveis
dentro de um
vago mundo sem dimensões
a paisagem o
vulto a voz
que de longe em
longe reencontro.
Aquela paisagem
ninguém a viu como eu.
Aquele vulto
não foi captado senão por mim.
Aquela voz me
tocou e não a outrem.
Frágil tesouro
da memória
– antes que a
noite me desarme –
por algum tempo
ainda resguardado
- Henriqueta Lisboa, in "Pousada do Ser",
1982.
O menino poeta
não sei onde
está.
Procuro daqui
procuro de lá.
Tem olhos azuis
ou tem olhos
negros?
Parece Jesus
ou índio
guerreiro?
Trá-lá-lá-li
trá-lá-lá-lá
Mas onde andará
que ainda não o
vi?
Nas águas de
Lambari,
nos reinos do
Canadá?
Estará no berço
brincando com
os anjos,
na escola,
travesso,
rabiscando
bancos?
O vizinho ali
disse que acolá
existe um
menino
com dó os
peixinhos.
Um dia pescou
- pescou por
pescar -
um peixinho de
âmbar
coberto de sal.
Depois o soltou
outra vez nas ondas.
Ai! que esse
menino
será, não
será?...
Certo peregrino
(passou por
aqui)
conta que um
menino
das bandas de
lá
furtou uma
estrela.
Trá-lá-li-lá-lá
A estrela num
choro
o menino rindo.
Porém de
repente
(menino tão
lindo!)
subiu pelo
morro, tornou a pregá-la
com três pregos
de ouro
nas saias da
lua.
Ai! que esse
menino
será, não
será?...
Procuro daqui
procuro de lá.
O menino poeta
quero ver de
perto
quero ver de
perto
para me ensinar
as bonitas
cousas
do céu e do
mar.
- Henriqueta Lisboa, in "O menino poeta”, 1943.
As coleções
Em primeiro
lugar as magnólias.
com seus
cálices
e corolas:
aquarela
de todas as
tonalidades e suma
delicadeza de
toque.
Pequena aurora
diluída
com doçura –
nos tanques.
Depois a
música: frêmito
e susto de
pássaro.
As valsas – que
sorrateiras. E as flautas.
As noites com
flauta sob a janela
inaugurando a
lua nascida
para o
suspirado amor.
Mais tarde os
campos, as grutas,
a maravilha. E
o caos.
Com seus favos
e suas hidras,
o mundo. O mar
com seus apelos,
horizontes para
o éter,
desespero em
mergulho.
Com o tempo, o
ocaso. As lentas
plumas, os
reposteiros
com seus moucos
ouvidos,
a tíbia madeira
para
o resguardo das
cinzas,
as entabulações
– e com que recuos – da paz.
Finalmente os
endurecidos espelhos,
os cristais sob
o quebra-luz,
dos ângulos o
verniz,
o ouro com
parcimônia, a prata,
o marfim com
seus esqueletos.
- Henriqueta Lisboa, in "Flor da morte",
1985, p. 202.
Uma simples
Tulipa
Em musgo tenro
se acomoda
o pendor da
memória:
moldável
flexível
giratório globo
jamais.
Agora
à distância,
parece
não houve ilha
em verdor
nem flauta azul
à carícia.
Tudo foi entre
nuvens
num tempo de
liliáceas
em campo de
liliáceas
Transplantadas
de mundos transatlânticos.
A tulipa tremia
nos dedos
do enamorado –
e era dádiva.
Àquele momento
as cousas
se dispersavam
pelas auras
do descuido.
E a tulipa
Recolho-a
entanto transferida
à incidência de
muitas luas
bem diversa. Os
matrizes
são outros. A
cera da memória
se molda ao
tempo. Acasalam-se
os relevos: o
de ontem
se mistura ao
barro geral, enquanto
os turíbulos
enevoam
as formas, ai!
Tão numerosas
que se fundem
às côdeas
deste tardo
museu.
A serpe
atravessou veloz a planície
Entre adeuses
de crianças.
Em breve
nada mais
restará
do que uma
superfície coberta
de areia sempre
areia
sem germes sem
sulcos
de que possa
nascer
ou renascer
uma simples
tulipa:
um respiro
uma vida
um marco
entre duas
infinitudes.
- Henriqueta Lisboa, in "O alvo humano",
1973.
Quando tenhas
de vir
Quando tenhas
de vir, Amor, que escolhas
o recanto mais
vago, a hora mais linda.
Pesam ao galho
verde tantas folhas
e estou anciosa
pela tua vinda.
Quando tenhas
de vir, escolhe o instante
em que a
tristeza paire, leve no ar.
Ao crepúsculo,
a sós, o olhar distante,
é quando a
gente principia a amar.
Sôem teus
passos harmonicamente.
Insinua-te aos
poucos. Sombra e calma.
Tenho horror
que tu chegues de repente,
e não encontres
alma na minha alma.
Que eu fique
sem saber quando é que vieste,
quando é que a
luz se fez ao nosso olhar.
Seja assim como
a nevoa azul-celeste
onde á curva do
céo se une a do mar.
Fecho os olhos
á espera... Desce a tarde.
Está sereno o
parque, envolto em bruma.
Perpassa a
brisa sem fazer alarde,
sem assustar no
ramo ave nenhuma.
Seja assim
nosso enlevo... Manso quasi
imperceptível
para o derredor.
Que ande musica
ou verso em cada phrase,
para que eu
possa comprehender melhor.
E enquanto as
flores dormem, sem saber
que doce aroma
trescalando então,
que me desperte
brandamente o ser
um beijo suave
sobre a minha mão.
- Henriqueta Lisboa, in "Senhorita X!...":
revista mensal, social e illustrada, ano 1, n. 1, out. 1932.
A morte é
limpa.
Cruel mas
limpa.
Com seus
aventais de linho
— fâmula —
esfrega as vidraças.
Tem punhos
ágeis e esponjas.
Abre as
janelas, o ar precipita-se
inaugural para
dentro das salas.
Havia
impressões digitais nos móveis,
grãos de poeira
no interstício das fechaduras.
Porém tudo
voltou a ser como antes da carne
e sua desordem.
- Henriqueta Lisboa, in "Flor da morte",
1949.
Flor da morte
I
De madrugada
escuto: há um estalo de brotos,
De lua
atingindo caules.
Difere do rumor
da chuva nas lisas pedras,
Difere do
suspiro do vento nas grades.
É como se a
alma se desprendesse da matéria.
Borboleta que
deixa o casulo e se debate
Conra finas
hastes de ferro.
Nos dédalos da
noite se encontra,
Em atmosfera
tíbia de reposteiros
E caçoulas com
vacilantes chamas azuis,
Teu momento de
êstase e de holocausto, ó libélula!
Mãos que se
procuram com desespero, pacto
Entre o vivo e
o morto, misterioso e rápido
Signo de
tempestade no espelho.
Nos caminhos
sob a lua, ao ar livre, sinuosa
Insinuação de
víbora na relva,
Há um a
proximidade de flor e abismo,
Com vertigem
cerceando espessa os sentidos.
Flor desejada e
temida, promessa do eterno
De que alguém
desvenda o segredo – a estas horas.
II
Flor. A
inacessível.
Do caos, da
escarpa, da salsugem,
Da luxúria dos
vermes, das gavetas
Do asco, do
cuspo, da vergonha
Flor. A
inefável.
A companheira
do anjo.
A que não foi
rorejada de lágrimas.
A que não tocou
sequer o bafejo da aurora.
A que habita
acima das nuvens
por sobre
abismos projetada!
Não sopra o
vento nestas silentes plagas.
Ainda a luz não
se fez, apenas
Paira acordado
o Espírito
Na soleira de
grandes nódoas lácteas.
E há corcéis,
há corcéis de fogo rompendo o horizonte,
Há barcos
velozes impelindo as ondas do tempo,
Há machados
forçando a madeira,
Escaramuças,
estertores e sangue,
Árdido sangue –
pela Flor.
Flor da Morte,
salva das águas,
De corruptas
sementes nutrida,
Única forma de
ser,
Eterna,
Renascendo
inicial, desde sempre
Nas mãos de
Deus – fechada
[...]
- Henriqueta Lisboa, do poema “Flor da Morte”, do
livro ‘Flor da morte’, Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004. p. 7-8.
Lúcia Machado de Almeida, Henriqueta Lisboa, Cecília Meireles e seu marido Heitor Grilo, em visita a Sabará, em 1953. Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
"Sempre pensei que a missão do crítico fosse, acima de
tudo, orientar, desbravar caminhos, adivinhar possibilidades. Não apenas
explicar para o público, testemunhar compreensão, dar
notas ao cabo de exames."
- Henriqueta Lisboa
Poema em homenagem a Henriqueta Lisboa, de Guimarães Rosa. Fonte: Série Memorabilia/homenagens. AHL/AEM/CELC/UFMG. |
"A não ser
em alguns versos do sr. Manuel Bandeira e da sra. Cecília Meireles, não sei de
outra poesia brasileira moderna que seja mais fluida e mais etérea do que a da
sra. Henriqueta Lisboa. É uma delícia a perfeição com que sugere e
descreve."
- Antônio Cândido, in "O menino poeta".
(1944)
Poema em homenagem a Henriqueta Lisboa, de Carlos Drummond Andrade. Fonte: Série Memorabilia/homenagens. AHL/AEM/CELC/UFMG. |
"Nenhuma
concessão ao convencional, neste livro, nenhum sentimentalismo fácil. Um grande
tato na busca da expressão, com belos achados técnicos, e a exumação da palavra
trasflor. Sentimento, há muito, mas, junto com ele, o pudor do sentimento, que
dá em resultado poemas densos e tensos como Elegia, um poema definitivo."
- Mario Quintana, in "província de São Pedro,
Revista nº 5, 1945, p. 155, sobre o livro "A face lívida", de
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Henriqueta Lisboa e Gabriela Mistral (de pé) em conferência sobre o Chile, em Belo Horizonte, 1942 - Fonte: AHL/AEM/CELC/UFMG. |
“Lendo 'O menino
poeta' fiquei sabendo que o português se presta muito mais do que as línguas
famosas à poesia infantil. Henriqueta, quando escreve, dá-nos o melhor do
cantador: o tato das coisas, dar as cores não lhe basta. É tudo feminil, quando
não angélico, nessa minha irmã.”
- Gabriela Mistral
EDUCADOR E O POETA
Retrato de Henriqueta Lisboa pintado por Aurélia Rubião
em 1929.
Fonte: AHL/Acervo de Escritores Mineiros/UFMG
|
- Henriqueta Lisboa
“Cabe ao educador
a tarefa de facilitar o convívio lírico, sem sentimentalismo ocioso, com
delicadeza, vivacidade, simpatia e segurança. Para tanto, há de estar certo de
que um poema é um objeto de qualidade definida, que não deve ser transformado
em linguagem comum para ser apenas aprendido, mas sim, conservado em seu todo
para ser bem compreendido.”
- Henriqueta Lisboa, in "Antologia escolar de
poemas para a infância". Rio de Janeiro: Ediouro.
Sua
personalidade inconfundível, seu novíssimo mundo poético que encontra a
expressão bela e segura numa versificação variadíssima e libérrima, seu apurado
intelectualismo em que assoma um fino sentido do popular, dão à obra um valor
destacado excepcional, não só entre os poetas brasileiros, mas entre a lírica
universal contemporânea.
- Joaquim de Entrambasaguas - crítico espanhol.
CORRESPONDÊNCIA
CARTA DE CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE PARA HENRIQUETA LISBOA
Rio, 1 março 1950.
Minha boa e grande Henriqueta:
Não
preciso dizer-lhe o que seu livro representa para mim.
Nem saberia dizer-lhe. A linguagem poética é tão
abrangente em si mes-
mo, que traz resposta às indagações que suscita. Lendo
"Flor da Morte"
encontrei tudo aquilo que precisava encontrar, e
comunguei com V. sem
necessidade de qualquer explicação ou comentário verbal.
V. sabe
que já percorri os mesmos caminhos e ainda me detenho
neles, convencido de que os outros são simples atalhos
sem direção.
Seu
livro me tornou mais amigo de Você. Considero-o também meu,
pelo muito que desejaria tê-lo escrito.
O
afetuoso abraço de agradecimento e compreensão do
Carlos.
Fonte: Acervo de
Escritores Mineiros - CEL/UFMG.
CARTA DE
CECÍLIA MEIRELES PARA HENRIQUETA LISBOA
Rio, 3 de outubro de 1963
Querida Henriqueta: gostaria de poder abraçá-la e dizer-lhe da minha
alegria e do meu agradecimento pelo delicioso livro que
acabo de receber leve e profundo, ele me trouxe delicados momentos de
felicidade, que espero sejam renovados com outros livros - tanto o coração (com
a criatura inteira) é ávido de beleza e sonho.
Vai,
pois, o meu abraço nestas palavras, que desejo cheguem ao seu destino,
um abraço também cheio de saudades e ternuras.
Cecília.
Fonte: Acervo de
Escritores Mineiros - CEL/UFMG.
CARTA DE JOÃO
GUIMARÃES ROSA PARA HENRIQUETA LISBOA
Henriqueta,
"O Menino Poeta" é
lindo - é bem o sempre,
o que a gente não sabe.
Com ele vou brincar muito.
Seu e
grato,
o
Guimarães Rosa.
Fonte: Acervo de
Escritores Mineiros - CEL/UFMG
CARTA DE MÁRIO
DE ANDRADE A HENRIQUETA LISBOA – QUERIDA HENRIQUETA
Rio, 24 de fevereiro de 1940
Minha querida amiga, Henriqueta Lisboa
Faz
apenas uma semana que que voltei ao Rio, depois de umas férias mais ou menos
forçadas. Só agora recebi sua carta de dezembro, 31. O efeito é o mesmo. Ela me
rodeou desse encanto suavíssimo em que sempre me enleava a sua figurinha quando
estive em Belo Horizonte. Aquele mesmo dizer meigo, aquela mesma inteligência
tão sensível e tão capaz de ser feliz pela admiração e aquela mesma discreção
delicada que não consegue disfarçar a intensidade da sua vida interior,
Henriqueta. Adorei a carta.
Foto de Mário de Andrade, com a dedicatória:
“A
Henriqueta Lisboa, lembrança da sua visita à Rua Lopez
Chaves, gratamente, Mário de Andrade, São Paulo,
11/1945”
Fonte: Querida Henriqueta (1991)
|
Eu creio
que nós estamos num dos momentos maiores da Poesia do mundo, não lhe parece?
Não, está claro, quanto à genialidade dos poetas (isto não se pode saber sem a
perspectiva dos séculos), mas quanto à essencialidade da poesia. E, ainda, não
não tanto por estar a poesia esteticamente bem definida - o que não creio, ou
melhor, não interessa - mas porque a alma humana está em estado poético. O
mundo vai horrível, Henriqueta, jamais os crimes contra a consciência do homem
foram tão cientificamente forjados. Eu tenho absoluta certeza (e é por isto que
eu ainda amo o ser humano...) que Hitler, Stalin, Chamberlain, etc, etc. têm
claríssima consciência de que são criminosos, que quando agem arrasam o humano
que ainda existe na vida, que quando falam mentem. Mas tudo é ciência, ciência
de viver, mecânica, engenharia do organismo social, resolvida em plena
matemática. Hoje se faz uma revolução, se prepara uma apoteose, se elimina um
povo e se cria uma raça tão matematicamente como se calcula a resistência de um
material. Fala-se muito na bancarrota do cientificismo do século passado. Não
houve bancarrota nenhuma. Nunca estivemos tão idólatras da Ciência, nunca
estivemos tão escravos do exatismo como agora. Mas há os imponderáveis sempre,
os pequeninos espíritos do ar, mesclados e disfarçados nas ventanias. E tudo é
um caos. E tudo é uma insapiência milagrosa, em que só uma pitonisa declama os
seus veredictos: a adivinhação. Na lei, na regra, no cálculo, na matemática do
mundo atual o imponderável se mistura. Hitler mente? Mas no seu discurso há uma
substância insofrida de poesia. Onde estará o couraçado "Deutschland"
no disfarce dos mares? Um boxeur é apenas uma máquina cientificamente
preparada, como se prepara cientificamente um leite novo pra crianças de seis
meses. No exatismo atual há qualquer coisa de vertiginoso, de convulsivo que se
desfolha, se esfarela, se esfaz em poesia. Não canto o perigo, não, Henriqueta,
nem a guerra, nem o heroísmo. Eu sinto é que no gênero de sofrimento novo a que
o exatismo nos conduziu, há uma substância de poesia muito maior que a de um
vale do Tirol, a de Jesus e as criancinhas ou a de Beatriz -- o incongruente
desta verdadeira inconsciência com que somos excessivamente conscientes de nós
mesmos e dos manejos da vida. É de uma trágica, absurda poesia, basta de
parolagem: Nem sei se o que digo está certo. Sei que sinto poesia, adivinhação,
ilogismo neste nosso mundo atual. Não me agrada mas me deslumbra. Com o carinho
do
Mário de Andrade
Fonte: Acervo de Escritores Mineiros - CEL/UFMG.
Henriqueta Lisboa, Veneza/Itália, Nov. 1970. |
"Recrio o visível
a meu desejo
com particulares matizes
Invento o visível
de acordo com meus próprios olhos
para que através de cotejo
a novos prismas
outros olhos o vejam"
- Henriqueta Lisboa
ARQUIVO HENRIQUETA LISBOA – NO ACERVO DE ESCRITORES
MINEIROS – AEM
Arquivo Henriqueta Lisboa (AHL)
Fonte: AEM /CELC/UFMG.
Foto: Kelen Benfenatti Paiva.
|
Descrição: O arquivo conta com a diversidade de seu
espólio evidenciada pelos números elevados da coleção bibliográfica,
constituída por 4637 livros e 3101 periódicos, além de uma coleção documental
com 4205 documentos, entre os quais estão cartas, manuscritos, fotografias,
quadros e mobiliário, todos doados pela família da escritora à Universidade
Federal de Minas Gerais, em 1989.
No seu arquivo iconográfico conta com cerca de 503
fotografias, dentre as quais 57 foram retiradas de notícias na imprensa. Fotos
suas, de familiares, de amigos, escritores, de eventos importantes em sua
trajetória, de viagens e de lugares onde viveu: Lambari, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Campanha, Brasília, Ouro Preto, São Paulo, Caraça, Paris, Veneza.
Estátua da poetisa Henriqueta Lisboa, na Praça da Savassi, Belo Horizonte. Autor: Andrevruas, fevereiro/ 2009. |
FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
PAIVA, Kelen
Benfenatti. Nos bastidores do arquivo
literário: Henriqueta Lisboa entre versos e cartas. (Tese Doutorado em
Estudos Literários). Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo
Horizonte/MG, 2012. Disponível no link. (acessado 4.5.2013).
CNPQ – Plataforma Lattes
@Arquivo Henriqueta Lisboa - Acervo de Escritores
Mineiros/UFMG
um pouco de
beleza esparsa no caminho,
[...]
E entre todos,
feliz, mais feliz, dos felizes
aquele que
passar solerte, pelo mundo,
carregando no
peito o orgulho de ser bom!”
- Henriqueta Lisboa, do poema "Felizes",
in "Fogo fátuo", 1925.
© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Henriqueta Lisboa - desbravadora de caminhos. Templo Cultural Delfos, maio/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Henriqueta Lisboa - desbravadora de caminhos. Templo Cultural Delfos, maio/2013. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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Maravilhoso acervo!
ResponderExcluirMuito bom. Até o momento, foi o site que me trouxe mais poemas e informações sobre Henriqueta Lisboa.
ResponderExcluirMaravilhoso!!!
ResponderExcluirQue riqueza da nossa história!!!