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Marcos Avelino Martins - poemas

Pierre-Auguste Renoir -Picking Flowers 1875
 Marcos Avelino Martins, Poeta goiano. Engenheiro Eletricista pela Universidade de Brasília por formação, Analista de Sistemas por opção, proprietário de uma pequena software house há mais de 30 anos, casado, 2 filhos, 2 noras e 1 neto, apreciador de boa música, cinema, literatura, HQs,  seriados e amigos.



 Marcos Avelino Martins
OBRA POÉTICA DE MARCOS AVELINO MARTINS
Coletânea de poesias líricas, românticas, eróticas e fantásticas
:: Os oceanos entre nós[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.
:: Pássaro apedrejado[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.
:: Cabrália. [fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.
:: Nunca te vi, mas nunca te esqueci[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.
:: Sob o olhar de netuno[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 5ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.
:: O tempo que se foi de repente[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.
:: Memórias de um futuro esquecido[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.
:: Até a última gota de sangue[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 8ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, maio/2016.

Coletânea de poemas eróticos e sensuais
:: Erótique[fotos e capa Marcos Avelino Martins; ilustrações Miriam Baêta]. 9ª vol. da série 'Olympus'. E-book, edição do autor, junho/2016.

Antologias (participação)
:: Declame para Drummond. Antologia. [Organização Marina Mara]. Rio de Janeiro, 2012.
:: Literatura Goyaz. Antologia. [organização Adalberto de Queiroz]. Goiânia: Kickante, 2015.


© Leonid Afremov
POEMAS SELECIONADOS DE MARCOS AVELINO MARTINS

PRÓLOGO 
Escalar incríveis montanhas, 
Viajar sem rumo entre estrelas inacessíveis, 
Jogar-se de aviões em chamas sem paraquedas ou escadas, 
Vencer corridas de carros, mesmo correndo de bicicleta, 
Abrir o peito até chegar às entranhas, 
Chorar por inexistentes amores impossíveis, 
Sonhar com anjos, duendes e fadas, 
Fazem parte do ofício de poeta…
- Marcos Avelino Martins, em "Os oceanos entre nós". 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

OS OCEANOS ENTRE NÓS
Não sei mais como cruzar 
Os oceanos entre nós. 
Chego às vezes em frente ao seu mar 
E grito seu nome, sem ouvir a minha voz…

Não sei mais como explicar 
Tantos turbilhões em minha cabeça. 
Tento de seu lindo rosto me lembrar, 
Antes que você também me esqueça…

Não sei mais como enfrentar 
Os seus implacáveis maremotos, 
Imensas ondas de ira a devastar 

Meus sonhos em mares tão remotos…

Não sei mais como naufragar 
Essa tristeza em meu coração, 
Que loucamente insiste em navegar 
Contra essas correntes de solidão…

Não sei mais como expulsar 
Esse desespero, esses desenganos. 
São poucos metros a nos separar, 

Mas são tantos oceanos…
- Marcos Avelino Martins, em "Os oceanos entre nós". 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

VELHAS FERIDAS 
Revirando velhos documentos guardados, 
Encontrei uma antiga e esquecida foto tua, 
Do tempo em que ainda éramos namorados,
 Deslumbrantemente linda e nua... 

Lembrei-me pesaroso dos belos dias 
Em que vivíamos somente para esse amor, 
Que hoje só resistem em poucas fotografias, 
Que ainda me avassalam com teu olhar sedutor... 

Amores do passado um dia sempre voltam 
Para assombrar os que sobrevivem no presente, 
Fantasmas que se foram, mas de repente retornam, 
Mesmo que estivessem presos nos abismos da mente… 

Velhos amores são como adormecidos vulcões 
Que subitamente ressuscitam suas chamas, 
Despertando ocultas e submersas paixões, 
Reacendendo antigos e esquecidos dramas... 

Antigas fotografias possuem a estranha propriedade 
De ressuscitar memórias aparentemente adormecidas, 
De reviver, como por mágica, amor, ternura e saudade, 
E também de reabrir velhas e escondidas feridas... 

Queria não ter descoberto a tua fotografia, 
Mas agora infelizmente já é tarde demais, 
Para esquecer o quanto te amei um dia, 

Ou para te arquivar em minhas memórias uma vez mais...
- Marcos Avelino Martins, em "Os oceanos entre nós". 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

SOU EU 
Sou eu quem procuras Pelas noites escuras, 
Por teus mares em revolta; 
Não importa com quem estejas, 
Sou eu quem desejas, 
Sou eu teu caminho sem volta... 

Estou marcado em teu fim, 
Teus passos conduzem a mim, 
Mesmo que não o saibas ainda. 
Em teus sonhos me fotografaste, 
Sou eu quem sempre esperaste, 
Sou eu tua esperança infinda... 

Não importa para onde corras, 
Nem em quais sombrias masmorras 
Escondas os teus sentimentos. 
Fomos marcados para nos amarmos, 
Para um dia nos encontrarmos, 
Para cruzarmos nossos caminhos sedentos... 

Pois sou eu com quem sonhas, 
Depois de noites medonhas, 
Depois de cada desilusão. 
São os meus teus caminhos, 
Escritos em velhos pergaminhos, 

E gravados em teu coração…
- Marcos Avelino Martins, em "Os oceanos entre nós". 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

METAMORFOSE 
De teu riso cálido o amor se fez, 
Caudaloso e profundo como o oceano, 
Lírico, nostálgico e mágico, talvez 
Uma mescla inefável de divino e humano. 
De intenso êxtase foi nossa primeira vez, 
Levando-nos ao Nirvana num gozo profano... 

De repente, tua ausência se tornou saudade, 
Um vento cortante sobre minha pele nua, 
Um choque brutal de dura realidade, 
Uma tempestade insana devastando a rua, 
Mostrando-me a mais pura verdade: 
Que a minha alma se tornara tua... 

Então, minha paixão se tornou poesia, 
Ensinando rimas e sonhos ao luar, 
Derramando-se pela cidade até então tão fria, 
Convidando os solitários para sonhar, 
Até que a longa noite se tornasse dia, 

E eu pudesse enfim te reencontrar...
- Marcos Avelino Martins, em "Os oceanos entre nós". 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

DICOTOMIA
Um poeta tem um pé no céu, e outro no inferno, 
Um no verão, e outro no inverno. 
Costuma ser um iludido, um sonhador, 
Sempre a fantasiar a paixão e o amor, 
E a cantar a divina beleza 
Da vida, dos sonhos, da Natureza. 
Se a inspiração por acaso lhe falta, 
O desespero logo entra em alta, 
Pois o que seria um poeta, 
Se não fosse um pobre esteta 
Tentando traduzir em versos 

Histórias de mil Universos?
- Marcos Avelino Martins, em "Os oceanos entre nós". 1ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

MORFINA
Na dor de tua ausência, 
Nenhum remédio dá jeito! 
Fica essa estranha ardência 
Devastando o meu peito, 
Como se fosse uma praga 
Devorando a plantação, 
Como se fosse uma adaga 
Transpassando o coração... 
Tentei até usar morfina, 
Mas nem isto resolveu, 
E eis-me aqui, parado em tua esquina, 

Esperando em vão por um sorriso teu!
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

DELIRIUM
A garrafa de vinho esvazia-se devagar 
Diante de meus olhos soturnos, 
A contemplar o incrível balé etéreo 
De teu corpo nu e irreal a rodopiar
 Em meus alcoólicos sonhos noturnos, 
Embalados por teu canto que gravei em estéreo... 

Escondes o rosto atrás de uma negra máscara 
Mas é inútil, conheço cada pedaço de ti,
Todos eles gravados em minha indelével memória, 
Despertada cada vez que ouço o doce som de tua cítara, 
No belo concerto que mil vezes revi, 
E onde começou a nossa estranha história... 

Mostras-me de perto cada uma de tuas curvas, 
Fomentando as minhas necessidades insanas 
De teu amor que não tenho mais! 
E mesmo nessas minhas lembranças turvas, 
Meu coração por certo já não enganas, 
Mas, para meu desespero, não te esqueço jamais... 
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

REMINISCÊNCIAS 
Um dia, guardei meu coração em uma caixa, 
E te coloquei a chave, numa corrente, junto ao peito. 
Descrevi com paixão o meu amor em uma faixa, 
Para saberes que viver sem ti, não tinha jeito. 

Mas o tempo inclemente passou por cima de tudo, 
Como uma tsunami, arrastando o mundo em suas águas. 
O violão que cantava nosso amor jaz num canto, mudo, 
E o sentimento se afogou em nossas mágoas. 

Tanto amor não resistiu à ação de intempestivas chuvas, 
Que, insensatas, o mataram de desgosto. 
Bateste-me no rosto molhado de lágrimas, com tuas luvas, 
Deixando para sempre tuas marcas em meu rosto. 

Pergunto-me onde andará agora aquela caixa, 
Cuja chave sei que jogaste pela janela... 
Meus sentimentos andam hoje tão em baixa, 
Que te compus esta cantiga tão singela. 

Quem sabe, quando a leres sozinha na penumbra, 
Relembres que um dia nos amamos tanto, 
E se ilumine num sorriso teu rosto, que ainda me deslumbra, 
E reacenda em ti, todo aquele mágico encanto... 

Quem sabe, se um dia desses me ligasses, 
Poderíamos ter, talvez, uma segunda chance, 
Se nos abraçássemos, com o perdão exposto em nossas faces, 

E nos amássemos com sofreguidão, em novo romance...
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

MÃE 
Em tua barriga sofrida, 
Um dia carregaste um fardo, 
Doce fardo que encheste de carinho,
Vendo-o crescer, mexer-se, chutá-la, 
E encher teu coração de ternura... 

Ternura que transbordou quando ele nasceu; 
E em seu lento processo de crescer, 
Deste-lhe dedicação, atenção, e um amor infindo. 
Fazendo-o dormir acalentado em teus braços, 
As mãos a acariciar seus cabelos tão finos... 

Choraste quando ele chorava, 
Riste sofregamente junto com seu riso, 
Zelaste por seu sono nas madrugadas, 
Medicaste-o em suas doenças, 
Ensinaste-o enquanto crescia... 

Arrumaste em silêncio a bagunça de seu quarto, 
Dando-lhe o exemplo baseado na vida, 
Sonhando que um dia traga-te flores, 
E um cartão dedicado com afeto, 
Agradecendo-te pela linda jornada... 

E pela vida continuas a zelar por ele, 
Mesmo adulto, continua a ser teu filhinho, 
E vais sofrendo por suas dores de amores, 
Chorando pelas palavras mal proferidas, 

Ajudando-o sempre em seu caminho... 

Deus te abençoe, anjo da guarda chamado mãe, 
E te recompense pelas noites em claro, 
Pelo desprendimento de teu carinho eterno, 
Pela beleza de tua alma tão pura, 

E pelo amor que em teu peito se encerra…
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

FEITICEIRA
Voas livre pelos ares, 
Enfeitiçando todas as criaturas, 
Por entre as nuvens te elevas, 
Espalhando pelos céus as tuas trevas, 
Sem nem te lembrares 
Desse amor cuja saudade é a maior das torturas…
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

PÁSSARO  
Singrava, livre, pelo infinito azul do firmamento; 
Sobre as nuvens, extasiava-me com o sol poente, 
Abria as asas, e deixava-me levar pelo vento, 
Para, de madrugada, ver o sol nascer lentamente. 

Voava alegremente, junto de minha amada, 
Juntando folhas para rechear nosso ninho, 
E cheio de encanto, via crescer a ninhada, 
Motivo de orgulho de qualquer passarinho. 

Quando as folhas das árvores caíam, ao findar do outono, 
Voava com meus amigos para longe do inverno, 
Deixando meu ninho em completo abandono, 
Pois um pássaro nada tem de eterno... 

Tempos depois, ao despertar da primavera, 
Voltávamos ao lar, celebrando com nosso canto, 
Essa linguagem de amor que Deus nos dera: 
O verde que sobre a terra estendia o manto... 

Hoje, eis-me prisioneiro de uma gaiola dourada, 
Tudo que me circunda são essas quatro paredes, 
Não sei que destino levou a minha amada, 
O que me resta é essa tristeza que vedes. 

Por isto, amigo que, ao passar pela rua, 
De meu destino infeliz tivestes piedade, 
Soltai-me, para eu poder brindar à Lua, 
O maior dom que Deus me deu: Liberdade!
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

VIOLINO
Teu violino toca suavemente 
Tirando belos acordes 
Na mística desse poente. 
Como é linda essa música, 
Mais do que um dia recordes. 
Pelo céu espalhas a tua mágica, 
Mesmo que não concordes, 

Mesmo que seja para mim somente…
- Marcos Avelino Martins, em "Pássaro apedrejado". 2ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

CABRÁLIA 
Navegava entre as estrelas, 
Ao som melancólico da lua cheia, 
Velas soltas aos ventos solares, 
Tomando chuva de tempestades cósmicas, 
Quando aportei em tua praia. 
E teu mar era tão belo e profundo, 
De águas transparentes e calmas, 
Que, quando dei por mim, Já havia nele mergulhado. 
Surfei entre tuas ondas, 
Matei a sede com teu líquido agridoce; 
Vi a mim mesmo refletido, 
No fundo de tuas águas claras. 
Adormeci em tuas areias brancas, 
E aplacaste-me o frio com teu vento cálido, 
Embalaste-me o sono com a música de tuas ondas, 
E, quando acordei, vi que era feliz: 
Tranquila, dormias ao meu lado, 
Esplêndida, em tua majestade eterna.
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

O ÚLTIMO BEIJO 
Às vezes, quedo-me perplexo e pasmo 
A admirar essa tua infinita beleza, 
Maior ainda quando tens um orgasmo. 
És meu oásis, nesses tempos de incerteza!

E quando estiver perto do fim, eu prevejo 
Que, ao brotar dos céus o definitivo amanhecer, 
Ao partir, será por certo meu derradeiro desejo 
Dar-te um último beijo, e depois morrer…
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

RÉQUIEM 
Depois que eu me for desta vida, 
Não temas, de onde estiver, não vou te abandonar... 
Quando uma leve brisa soprar em teus ouvidos, 
Ouvirás a minha voz, a sussurrar: “Te amo”! 
Se vires um bando de borboletas a esvoaçar pelo céu, 
Sua dança exuberante será ao som de minha música... 
Cada pássaro a singrar os ares à tua volta, 
Deixará para ti uma mensagem cifrada em sua trilha; 
Ao olhares para o céu noturno nublado e cinzento, 
A única estrela a piscar para ti será a minha... 
No escuro da noite, disfarçados de pirilampos, 
Meus olhos brilharão para iluminar teu caminho. 
Quando sentires um arrepio em tua nuca, 
Terá sido um beijo que te enviei com o vento. 
E se uma suave chuva molhar os teus cabelos, 
Sentirás o gosto de minhas lágrimas escorrerem em tua face. 
Ao dormires, velarei a teu lado o teu sono, 
Minha mão invisível a afagar teus cabelos, 
Minha lembrança cálida a acalentar os teus sonhos, 

Onde viverei em paz para sempre contigo!
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

FÊNIX 
Um dia, na calada da noite, eles virão, 
E tentarão calar minha lira, 
De tantos e tão sentidos versos, 
Colocando-lhe uma infame mordaça. 
Tentarão em seguida comprar-me, 
Mas não podem pagar meu preço. 
Depois, tentarão quebrar meu espírito, 
Mas este, é mais forte do que eu, 
E não se alquebra tão fácil quanto meu corpo. 
Por último, tentarão jogar-me na lama, 
Difamando meu nome e maldizendo meus versos; 
Mas no fundo, sabem que isto de nada adianta, 
Pois quanto mais tentam subjugar-me, 
Mais forte fico, e ressurjo sempre das cinzas, 
Qual uma fênix incansável e imortal. 
Por fim, um dia, as armas silenciam, 
Os canhões se calam, e vão-se embora em silêncio, 
E de sua passagem restam apenas tristes memórias, 
Arquivos queimados, fotos destruídas, 
Sangue inocente derramado pelas ruas, 
Lembranças ruins de um sonho que passou, 
E o brado heroico de minha resistência…
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

EMBALANDO ESTRELAS
Sonhei que estavas entre bilhões de estrelas, 
Com tua voz suave a cantar... 
Entre galáxias, embalando estrelas, 
Entoando cantigas sem parar... 
Na noite mágica, inspirando estrelas, 
Com teu canto macio a ecoar... 
Como é possível que até mesmo estrelas 
Consigas tão simplesmente encantar? 
Tão inspirada estavas, distraindo estrelas, 
Que, de tanto enlevo, paravam de piscar... 
A noite passava, derramando estrelas, 
Em teu lindo vestido de luar... 
E eu mais te amava, eu e as estrelas, 
Aproveitando a noite para sonhar... 
Até que acordei, te procurando de novo sob as estrelas, 

Tão distantes quanto estou de te olvidar…
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

LIVRO
Vivi milhares de aventuras 
Em tuas páginas desbotadas, 
Contra monstros, bruxas e dragões. 
Alegrias, amores e desventuras 
Pelos mares, céus e estradas, 
Em carros, navios ou aviões. 
Por mais de 1001 noites, 
Distribuindo beijos, socos e balas, 
Debaixo de chicotes, chibatas e açoites, 
Convencendo as damas a deixarem-me amá-las. 
Fadas, deusas, princesas, foram tantas escolhas, 
E eu as amei através de tuas folhas! 
Obrigado, livro amigo, 
Por tantos sonhos vividos junto contigo…
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

SOLIDÃO
Nesse mundo sem graça, 
A vida não passa, 
Nem há mais primavera, 
Somente o inverno, 
Aqui tão perto do inferno! 
Manda-me de volta a quimera 
Que tu me levaste 
Quando juraste que virias 
E sozinho aqui me deixaste, 
Entre essas paredes vazias…
- Marcos Avelino Martins, em "Cabrália". 3ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

DÚVIDA
Não sei se te encontro no inverno, 
Ou se no início da primavera. 
Não sei se me aguardas no inferno, 
Ou no fundo de alguma quimera...

Não sei se flutuas ou se danças, 
Mas pela vida busquei alguém como tu. 
Porém, não sei onde guardei tuas lembranças, 
No fundo esquecido de algum baú...

Não sei se te encontro no céu, 
Ou se no leito do mar. 
Não sei se teus lábios têm mel, 
Ou se apenas o fundo de teu olhar...

Não sei se teus olhos são claros, 
Ou se somente lampejam no escuro. 
Não sei se teus beijos são raros, 
Ou se no fundo do bar te procuro...

Não sei se te encontro na bruma, 
Ou se dentro do nevoeiro. 
Não sei se me aprontas alguma, 
No fundo de algum pardieiro...

Não sei se és boa de cama, 
Ou se devo ensinar-te sozinho. 
Não sei se és apenas um holograma, 
Brilhando no fundo do meu caminho...

Não sei se te encontro nesta vida, 
Ou somente em antigas histórias. 
Não sei se és alguma amante perdida 

No fundo de minhas memórias…
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

SHERLOCK
Coloquei um chapéu igual ao do Sherlock, 
E saí por aí, a investigar um mistério: 
Como pode você, com um simples toque 
Tirar-me tanto assim do sério?

Como pode ser que você me provoque 
Tantas emoções, tantos desatinos, 
Deixando meu indefeso coração em choque, 
Sem saber como juntar nossos destinos?

Como pode ser que você simplesmente troque
Meu suave coração, batendo ao som de um lindo jazz, 
Por outro que retumbe ao som de uma banda de hard rock, 
Deixando-me aqui prostrado, ajoelhado aos seus pés?

Como pode ser que você me coloque 
Tantos sentimentos à flor da pele, 
E me trate como um descartável berloque, 

Esperando por você até que o Sol congele?
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

ESCOLHAS
Entre viver ou não viver, 
Fico com a vida. 
Entre trabalhar ou descansar, 
Fico com a lida.

Entre sonhar ou não sonhar, 
Fico com o tapete mágico. 
Entre amar ou não amar, 
Fico com o menos trágico.

Entre ferir ou não ferir, 
Fico com a ferida. 
Entre partir ou não partir, 
Fico com a despedida. 

Entre ler ou não ler, 
Fico com a poesia. 
Entre sofrer ou não sofrer, 
Fico com a alegria. 

Entre gostar ou não gostar, 
Fico com o sentimento. 
Entre ficar ou não ficar, 
Vou ficando cada momento.

No livro de minha vida, vou preenchendo as folhas, 
Desenhando o mapa de onde agora estou, 
Pois sou eu que faço minhas escolhas, 

Mas são elas que fazem quem eu sou...
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

FLANANDO
Não sei onde foi parar minha inspiração, 
Depois que saiu flanando atrás de você, 
Mas de que adianta mesmo tanta paixão, 
Se você faz de conta que nem me vê?

Fiz um curso online com a Poesia, 
Mas parece que não tem mais jeito: 
Tento escrever seu nome no papel todo dia, 
Mas você deixou um buraco em meu peito!

E nesse vazio que a saudade encobre, 
Só que o vejo é a sua ausência, 
Sem você, minha poesia é tão pobre!
E para a falta de amor, não existe ciência, 
Somente a solidão que a noite descobre, 

Essa noite sem fim de minha existência...
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

XEQUE-MATE
A vida é mesmo uma estranha fiandeira! 
Olhando para teu lindo sorriso, ainda apaixonado, 
Percebo que tudo que procurei a vida inteira 
Sempre esteve aqui, bem do meu lado...
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

NECROLÓGIO
Minha mais profunda melancolia 
É por não ser sido possível te reter, 
Não por um instante ou por um dia, 
Mas até o próprio tempo desaparecer…

Eu te perdi em alguma curva do caminho, 
Quando partiste sem dizer nada, em silêncio, 
Deixando-me nessa longa estrada sozinho, 
Meu coração partido e esse vazio imenso!

Olho para o passado, para rever teu sorriso, 
E espero o futuro, olhando o maldito relógio, 
Que, lento e angustiante, não traz o que preciso! 
“Morreu de saudade”, dirá o meu necrológio…
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

MARIANA
Quantas tragédias como a de Mariana 
Teremos afinal de calados suportar 
Para acordarmos dessa letargia profana? 
Diga-me, cidadão, quantos Brasis 
Teremos de assistir o governo dinamitar 
Para nos revoltarmos como se fosse em Paris?
- Marcos Avelino Martins, em "Nunca te vi, mas nunca te esqueci". 4ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

SOB O OLHAR DE NETUNO
Eu e você nadamos no Lago da Alegria, 
Descemos de canoa no Rio da Magia, 
Tomamos banho nas Cataratas da Ilusão, 
E nos atiramos das Corredeiras do Sentimento. 
Enfim nos amamos na Enseada dos Apaixonados, 
Mas naufragamos no Mar do Esquecimento, 
E nos perdemos na Baía dos Desesperados, 

Quando mergulhei no Oceano da Desilusão...
- Marcos Avelino Martins, em "Sob o olhar de netuno". 5ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

REPOSITÓRIO
Arquivei todas as dores do mundo 
Dentro de meu sofrido violão 
Embalei e guardei lá no fundo 
Junto aos acordes de uma triste canção

Queria fazer o mesmo com as tristezas 
Mas elas são por demais arredias 
Fazem questão de ficar sobre as mesas 
Escancarando as suas faces sombrias

Mas meu violão ficou com muitas toneladas 
E nunca mais emitiu sequer uma nota 
As suas pobres cordas ficaram trincadas
E esta limpeza selou a sua última quota 
De doces melodias que foram trocadas 

Por guardar a dor desse mundo idiota 
- Marcos Avelino Martins, em "Sob o olhar de netuno". 5ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

BENDITA PEDRA!
Caro poeta Drummond, 
Lembra-se da pedra que estava no meio do seu caminho? 
Pois é, agora a danada plantou-se no meio do meu, 
E não dá sinais de querer ir embora! 
E o pior, essa é uma bendita pedra-bumerangue, 
E se eu a jogo longe, ela volta, 
E cai bem sobre a minha cabeça, 
Que já está cheia de cortes e hematomas! 
Onde é que eu posso encontrar 
Uma outra pedra que se limite a ficar 
Quietinha, simplesmente parada aqui 

Bem no meio do meu caminho?
- Marcos Avelino Martins, em "Sob o olhar de netuno". 5ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

ETERNO
Nosso amor é daqueles sentimentos eternos, 
Que o próprio tempo se esqueceu de apagar, 
Quando me olhas com esses olhos tão ternos, 
Percebo porque para sempre irei te amar.

Desde o momento em que te conheci, 
Quando pela primeira vez vi teu sorriso, 
Lindo como nem sei se algum dia mereci, 
Invadiste meu coração sem prévio aviso!

Desde então, te tornaste inesquecível, 
Sem ti, minha vida não teria sabor, 
Sem teu amor, ser feliz seria inconcebível,

E, quando pela última vez o Sol se pôr, 
A morte será o único epílogo possível 

Para essa nossa linda história de amor!
- Marcos Avelino Martins, em "Sob o olhar de netuno". 5ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

DOIS NÓS
Restaram apenas sobras de nós, 
Dispersadas como cinzas ao vento,
 Antes entrelaçadas como nós, 
E hoje, espalhadas ao relento.

O desamor foi nosso triste algoz, 
E o desejo se desfez no ar, 
A desilusão calou nossa voz 
Como navios perdidos no mar,

Desataram-se os nossos destinos, 
Restou um sentimento dilacerado, 
Resultado de tantos desatinos,

Que me deixaram ainda marcado. 
Antes ligados por fios tão finos, 

E depois, indo cada um por um lado!
- Marcos Avelino Martins, em "Sob o olhar de netuno". 5ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2015.

§

OS SONS DO SILÊNCIO
Sussurrei o teu lindo nome nos ouvidos do vento, 
Confessando como era grande o meu sentimento, 
Mas o fofoqueiro se encarregou de esparramar 
O meu grande segredo até que pudesses escutar!

Quando olhaste então bem lá no fundo de meu olhar, 
E em tuas pupilas vi um ponto de interrogação, 
Mergulhei mansamente no fundo de teu profundo mar 
Para mostrar que eu era apenas fogo e paixão!

Compartilhei em silêncio minhas doces memórias, 
De amor e esperança no que um dia há de vir, 
Lembrando cada uma das diversas trajetórias,

Que algum dia os nossos corações poderão seguir, 
Pois o silêncio pode contar-nos lindas histórias 

Que nenhuma palavra algum dia poderá traduzir!
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

AD ETERNUM
O amor é uma estrada sinuosa, 
Cheia de curvas e voltas, 
É uma armadilha perigosa, 
Sujeita a mil reviravoltas.

Você se joga do espaço sem paraquedas, 
Esperando cair na segurança do mar, 
Reservando para Caronte duas moedas, 
Uma para a travessia, outra para voltar!

Mas sem que se espere, então aparece 
Um abismo infinito à frente, 
E a separação de repente acontece, 
Viramos náufragos, contra a corrente…

Entre nós dois, aconteceu algo assim: 
Não entendeste o quanto eu te quis, 
E deixaste nossa paixão chegar ao fim, 
Deixando em seu lugar essa incurável cicatriz.

Hoje, não sei se teu amor mereci, 
Mas para sempre espero, 
Que entendas que o amor que te ofereci 

Era sincero!
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

AMIGOS
Quanto mais velhos ficamos, 
Mais valor damos a nossas amizades, 
Mais saudosistas nos tornamos, 
Mais enxergamos eternas verdades!

Muitas pessoas passam por nossas vidas, 
E nos deixam um pouco de suas histórias, 
E sempre fazem parte das lembranças queridas, 
Que carregamos em nossas memórias...

Há os velhos amigos e companheiros 
Que foram nossos colegas de escola, 
Há os que sempre foram cachaceiros, 
E os nossos parceiros de seresta e viola.

Há os amigos que chegam dando porrada, 
Quando nos veem envolvidos em uma briga, 
Os que choram conosco até de madrugada, 
Quando juntos perdemos alguma pessoa amiga.

Há os que nos oferecem os ombros 
Para chorarmos, quando perdemos o rumo, 
Quando tudo que nos restou foram escombros, 
E nos ajudam a recuperar o prumo.

Hoje são comuns os amigos virtuais, 
Que não conhecemos, mas nos identificamos demais. 
Há os que só vemos nos eventos culturais, 
E os que só vimos uma vez, e depois nunca mais.
Há os amigos que são sempre austeros, 
Os brincalhões que nos fazem rir, 
Mas meus preferidos são os sinceros 
Que nos amam desde a 1ª vez que nos viram sorrir…
Mando por esses versos meu abraço apertado 
Para os grandes amigos que passaram por minha vida, 
Quero que saibam que os amo um bocado, 

E que por eles sempre estarei na torcida.
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

CICATRIZES
Olhando para minha imagem no espelho 
Percebo que as rugas que o tempo 
Espalhou pelo meu rosto 
Não dizem nem metade das coisas 
Do que as inúmeras cicatrizes 
Que deixou em meu coração!
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

DIVAGANDO
O poeta vive a divagar, 
Devagar, 
E de repente 
Derrapa nas curvas 
Turvas 
Da mente. 
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

O VENTO 
Descobri que o vento ouve meus pensamentos: 
Sopra forte, quando estou solitário, 
E se cala, quando cultivo o silêncio…
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

PASSAGEIROS
Desta vida, somos passageiros 
Em uma estrada longa ou curta, 
Nossos pés no início são ligeiros, 
Na juventude, se o tempo não a furta.

E vamos navegando por essa estrada, 
Para onde for que o vento nos leve, 
Fazendo festa e amor até de madrugada, 
Enquanto dura essa vida tão breve...

Sempre em busca da tal felicidade, 
Que às vezes passa e nem percebemos, 
Sofrendo por amor, desejo ou saudade,

Buscando coisas que sempre tivemos, 
Ou então trocando um amor de verdade 
Por promessas que jamais alcançaremos.
- Marcos Avelino Martins, em "O tempo que se foi de repente". 6ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

MEMÓRIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO

(I)

Num dispositivo do tempo arrojado, 
Projetado por um cientista pirado, 
Num verdadeiro salto no escuro, 
Mergulhei de encontro ao futuro!

Queria deixar teu amor no passado, 
Mas tua lembrança seguiu ao meu lado, 
E o que era meu sonho de consumo, 
Tornou-se mais uma viagem sem rumo!

Eu, pobre viajante do tempo apaixonado, 
Perdido nas dobras do tempo, nessas brumas 
Que me deixam cada vez mais angustiado,

Entre as maravilhas desse futuro enevoado, 
Sem conseguir me esquecer de algumas 
Que eternizei quando estava ao teu lado!

(II)
Finalmente, aprendi a me manter disfarçado, 
Fazendo de conta que não era anacrônico, 
Aos poucos, esquecendo-me do passado, 
Acostumando-me a esse futuro irônico,

De tantas novas invenções maravilhosas, 
Da cura para todas as antigas doenças, 
Mas que não se livrou de rixas poderosas 
Entre raças e religiões, eternas desavenças!

As memórias aos poucos vão se apagando, 
Mas de algumas delas eu nunca me esqueci, 
De nossa paixão que devagar foi definhando,

De todas as canções que um dia cantei para ti, 
Das tristezas que no coração fui guardando, 
De todos os versos que nunca mais te escrevi!
- Marcos Avelino Martins, em "Memórias de um futuro esquecido". 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

CHAGAS
Nessas chagas deixadas pelo amor, 
Não tem nenhum remédio que dê jeito, 
Nem um bom cirurgião consertador, 
Pois não basta somente abrir seu peito,

E tentar remendar o coração, 
Para deixá-lo de novo perfeito, 
À procura de uma nova ilusão, 
Ou de alguém deitada nua no teu leito!

Mas algumas chamas, nunca as apagas, 
Ficam ali na penumbra aguardando, 
Um adeus as converte em novas chagas,

Que não te deixam em paz, até quando 
Outro amor acaba com essas pragas, 
E assim mesmo, ficam ali espreitando...
- Marcos Avelino Martins, em "Memórias de um futuro esquecido". 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

AMOR ETERNO
O mundo nada tem de eterno 
Exceto talvez nosso amor, 
Forte, compassivo e terno, 
Que me seguirá por onde for…

Não sei o que a vida nos reservou, 
Talvez só nos restem tristezas, 
Mas só de saber que tanto me amou, 
Acabam-se todas as incertezas…

Tanta paixão e ternura, as duas, 
Habitam para sempre nossa casa, 
Fugindo da violência das ruas,

Com seu legado de pássaros sem asa. 
Entrelaçamos nossas almas nuas 
Nesse imenso amor que extravasa!
- Marcos Avelino Martins, em "Memórias de um futuro esquecido". 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

SONETO TRÍSSILABO
É demais 
Se te vais 
E desfaz 
Minha paz

Sem razão 
Teu perdão 
Eu te peço 
E começo

Por teu rosto 
Tão perfeito 
Predisposto

Desse jeito 
Bem exposto 
Em meu leito
- Marcos Avelino Martins, em "Memórias de um futuro esquecido". 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

ESQUINAS
O vento passa, vem soprando forte 
Pelas antigas esquinas da vida, 
Deixando-nos as suas tristes canções 
Ecoando no vil silêncio da tarde!

Às vezes, no ar fica um cheiro de morte, 
Entra em nossa mente desprevenida 
E cansada após tantas estações 
E por tantas tristezas sem alarde!

O tempo é um velho amigo do vento, 
Um e outro dividem velhas memórias 
De nossas derrotas e vãs vitórias,

E escarnecem de tanto sofrimento 
Contido nas nossas velhas histórias 
Murmuradas em segredo ao relento!
- Marcos Avelino Martins, em "Memórias de um futuro esquecido". 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

ARQUITETOS DE SONHOS
Poetas são grandes arquitetos aéreos 
Sempre construindo castelos no ar 
Feitos com imensos pilares etéreos 
Moldados com a essência do sonhar

Poetas podem ser jardineiros funéreos 
Plantando jardins com flores mortas 
Distribuídas com canhões antiaéreos 
De amor descrito por linhas tortas

Poetas são escritores maquiavélicos 
Buscando amores em becos sombrios 
Fugindo de sinistros sonhos bélicos

Com suas rimas quentes e corações frios 
Sonhando com falsos amores angélicos 
Mas sinuosos como as curvas dos rios
- Marcos Avelino Martins, em "Memórias de um futuro esquecido". 7ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, 2016.

§

O BURACO DA AGULHA
Diz a lenda que é mais fácil um camelo 
Passar pelo buraco da agulha 
Do que um rico entrar no paraíso. 
Mas parece que algum pulha, 
Saído de algum pesadelo, 
Já deu no primeiro um jeito, 
Arrancando-me um contrafeito sorriso: 
Em vez de um buraco onde mal passa um cabelo, 
Construiu uma agulha gigante, 
Por onde passa até um enorme elefante, 
Muito maior do que um camelo! 
Agora que o paradoxo foi extinto, 
Certamente, esse infame sujeito 
Ao morrer tentará arrombar o cadeado 
Que veda a entrada do pecado 
Naquele divino recinto… 
- Marcos Avelino Martins, em "Até a última gota de sangue". 8ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, maio/2016.

§

NAU DOS INSENSATOS
A vida é um livro mal documentado, 
Cheia de perigos e armadilhas 
Em suas perversas sendas e trilhas! 
É difícil escapar de tantos pecados 
Que te esperam bem na porta ao lado… 
Luxúria, ira, inveja, são forças ocultas, 
Que o demônio deixa bem disfarçados 
Em belas faces e mentes incultas… 
E ameaças ficam por aí espalhadas:
Atrás do sorriso da linda moça da esquina, 
Com suas curtas roupas assanhadas, 
Pode se esconder uma feroz assassina, 
Aguardando um incauto em sua teia, 
Como se fosse uma linda sereia, 
Que com seus cantos de diversos formatos 
Atraísse vítimas para serem seus escravos 
Em profanos barcos escandinavos, 
Navegando nesse moderno Mar dos Insensatos!
- Marcos Avelino Martins, em "Até a última gota de sangue". 8ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, maio/2016.

§

ERAS
Eras perfeita, mesmo através das eras, 
Ah, quão amável e linda tu eras, 
Emprestando teu frescor às gentis primaveras, 
Alimentando as minhas doces quimeras, 
Amansando com tua alegria todas as feras, 
Mantendo ao teu redor as amizades austeras, 
Acalentando os sonhos de quem um dia quiseras, 
Eternizando frases que nem mesmo disseras! 
E eu, aguardando por beijos que jamais me trouxeras, 
Querendo ganhar abraços que nunca liberas, 
Cultuando os mesmos santos que tu veneras, 
Deixando de cantar as músicas que não toleras, 
Esperando que um dia dissesses que me amas deveras, 
E descobrindo por fim que jamais me esperas, 
E nunca farei parte de tuas paixões mais sinceras, 
E que de meu insensato amor nem mesmo souberas, 
Pois amizade era a única coisa que um dia me deras…
- Marcos Avelino Martins, em "Até a última gota de sangue". 8ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, maio/2016.

§

ORA, DIREIS!
Ora, direis: “Fazer poesia, 
Por certo, ficaste maluco, 
Foste a um Baile da Fantasia, 
Ou então já estás caduco…

De que te serve escrever versos, 
Se não te enchem a barriga? 
Não serão uns poemas controversos 
Que pagarão a casa que te abriga!

Acorda, homem, apeia de teus sonhos, 
Arranja um meio de ganhar dinheiro, 
Que não fazer poemas medonhos! 
Larga dessa alucinação o dia inteiro,

Não sei mais o que fazer contigo, 
Depois que foste viver no Mundo da Lua, 
Acho que vou ter que te botar de castigo, 
Ou então te mandar para o meio da rua!”
- Marcos Avelino Martins, em "Até a última gota de sangue". 8ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, maio/2016.

§

DUALIDADE
Seres humanos são duais 
Compartilham trevas e luz 
Ódio e amor 
Maldição e cruz 
Bênçãos e terror 
Tristeza e alegria 
Vingança e perdão 
Concretismo e fantasia 
Pena e condenação 
Desespero e felicidade 
Liberdade e prisão 
Degradação e divindade 
Justiça e injustiça 
Lealdade e traição 
Hiperatividade e preguiça 
Desprezo e paixão 
Guerra e paz 
Esperança e desilusão 
Deus e Satanás 
Como poderia dar certo?
- Marcos Avelino Martins, em "Até a última gota de sangue". 8ª vol. da série 'Olympus'. E-book. Goiânia: edição do autor, maio/2016.

§

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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske
____
Página atualizada em 1.8.2016.


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