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Zygmunt Bauman - vivemos tempos líquidos

Zigmunt Bauman - foto: (...)
Zygmunt Bauman nasceu em 1925, na Polônia. Sociólogo, iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logo em seguida emigrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Responsável por uma prodigiosa produção intelectual, recebeu os prêmios Amalfi (em 1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra). Professor emérito das universidades de Varsóvia e Leeds, tem mais de trinta livros publicados no Brasil, com enorme sucesso de público, dentre os quais destacam-se Amor Líquido, Globalização: as Consequências Humanas e Vidas Desperdiçadas. 
Fonte: Livraria Travessa.


"Se os direitos políticos podem ser usados para enraizar e solidificar as liberdades pessoais assentadas no poder econômico, dificilmente garantirão liberdades pessoais aos despossuídos, que não têm direito aos recursos sem os quais a liberdade pessoal não pode ser obtida nem, na prática, desfrutada."
- Zygmunt Bauman, em "Tempos líquidos". Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 70.  


Cegueira moral: a perda da sensibilidade na modernidade líquida

"Pensar tira nossa mente da tarefa em curso, que requer sempre a corrida e a manutenção da velocidade. E na falta do pensamento, o patinar sobre o gelo fino que é uma fatalidade para todos os indivíduos frágeis na realidade porosa pode ser equivocadamente tomado como seu destino."
– Zygmunt Bauman, trecho do livro "Modernidade líquida". [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.

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Entrevista: Diálogos com Zygmunt Bauman
Zygmunt Bauman, filósofo polonês, reflete sobre a individualização da sociedade contemporânea em entrevista exclusiva concedida a Fernando Schüler e Mário Mazzilli na Inglaterra. Democracia, laços sociais, comunidade, rede, pós-modernidade, dentre outros tópicos analisados por uma das grandes mentes da contemporaneidade. Conferencista do Fronteiras do Pensamento 2011.
Ficha técnica
Fronteiras do Pensamento
Produção Telos Cultural
Produção Audiovisual Mango Films 
Montagem Tokyo Filmes
Edição Pedro Zimmermann
Finalização Marcelo Allgayer
Tradução Wilney Ferreira Giozza

Zygmunt Bauman - Fronteiras do Pensamento - 2011 (legendado pt)

Entrevista: Zygmunt Bauman: la crítica como llamado al cambio
Zygmunt Bauman es sociólogo y filósofo polaco. Es uno de los pensadores más representativos de la actual crítica de la cultura, Tras la invasión nazi, su familia se refugió en la zona soviética y Bauman se alistó en el ejército polaco, que liberaría su país junto a las tropas soviéticas. Fue miembro del Partido Comunista hasta la represión antisemita de 1968; la consiguiente purga le obligó a abandonar su puesto como profesor de filosofía y sociología en la Universidad de Varsovia. Desde entonces ha enseñado sociología en Israel, Estados Unidos y Canadá. Es profesor emérito en la Universidad de Leeds. Su pensamiento se ha movido desde la especificidad del análisis del movimiento obrero hasta la critica global de la modernidad. Es autor de una obra abundante, entre la que se encuentran libros fundamentales de la sociología contemporánea como La vida líquida, Vida consumo, El arte de la vida, Miedo líquido, y tantas otras obras.
Bauman ha alcanzado un notorio reconocimiento público y sus obras cada vez tienen más difusión en castellano. 
Este video es una grabación realizada en la casa del autor en Leeds, Gran Bretaña.

Zygmunt Bauman: la crítica como llamado al cambio (em espanhol)

Entrevista: Encontro com Zygmunt Bauman: prof. João Manfio
Encontro com Zygmunt Bauman: prof. João Manfio.


"O medo está lá, saturando diariamente a existência humana, enquanto a desregulamentação penetra profundamente nos seus alicerces e os bastiões de defesa da sociedade civil desabam. O medo está lá - e recorrer a seus suprimentos aparentemente inexauríveis e avidamente renovados a fim de reconstruir um capital político depauperado é uma tentação à qual muitos políticos acham difícil resistir. E a estratégia de lucrar com o medo está igualmente bem arraigada, na verdade uma tradição que remonta aos anos iniciais do ataque liberal ao Estado social."
- Zygmunt Bauman, em "Tempos líquidos". Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 23.


"Massas cada vez maiores de pessoas desperdiçadas no equilíbrio político e social da coexistência humana planetária. A conseqüência da globalização do mercado financeiro e de trabalho, da modernização administrativa pelo capital, do modo de vida moderno, colaboram para os “escoadouros” humanos, excluindo os não pertencentes ao meio. [...] A vida moderna produz uma “escala crescente: a população supérflua, supranumerária e irrelevante - a grande quantidade de sobras do mercado de trabalho e o refugo da economia orientada para o mercado, acima da capacidade dos dispositivos de reciclagem.”
- Zygmunt Bauman, em "Tempos líquidos". Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 35. 


"[…] Tomar distância, tomar tempo – a fim de separar o destino e a fatalidade, de emancipar o destino da fatalidade, de torná-lo livre para confrontar a fatalidade e desafiá-la: essa é a vocação da sociologia. E é o que os sociólogos pode fazer caso de esforcem consciente, deliberada e honestamente para refundir a vocação a que atendem – sua fatalidade – em seu destino."
– Zygmunt Bauman, trecho do livro "Modernidade líquida". [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.


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OBRA DE ZYGMUNT BAUMAN PUBLICADA NO BRASIL 
:: Ética pós-moderna, de Zygmunt Bauman. [tradução João Rezende Costa]. 1ª ed., São Paulo: Paulus Editora, 1997.
:: Modernidade e holocausto, de Zygmunt Bauman. [tradução Marcus Antunes Penchel]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
:: Modernidade e ambivalência, de Zygmunt Bauman. [tradução Marcus Antunes Penchel]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
:: Globalização: as consequências humanas, de Zygmunt Bauman. [tradução Marcus Penchel]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
:: O mal-estar da pós-modernidade, de Zygmunt Bauman. [tradução Cláudia Martinelli Gama e Mauro Gama]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1999. Disponível em pdf no link. (acessado em 13.9.2015).
:: Em busca da política, de Zygmunt Bauman. [tradução Marcus Antunes Penchel]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Zahar, 2000. Disponível em pdf no link. (acessado em 13.9.2015).
:: Modernidade líquida, de Zygmunt Bauman. [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.
:: Comunidade: a busca por segurança no mundo atual, de Zygmunt Bauman. [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2003.
:: Amor líquidode Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2004.
:: Vidas desperdiçadas, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.
:: Identidadede Zygmunt Bauman. (Entrevista a Benedetto Vecchi).. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.
:: Europa - uma aventura inacabadade Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.
:: Vida líquida, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 2ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2007.
:: Tempos líquidos, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2007.
:: Medo líquido, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2008.
:: Vida para consumo, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2008.
:: A sociedade individualizada - vidas contadas e histórias vividas, de Zygmunt Bauman. [tradução José Gradel]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2008. 
:: Confiança e medo na cidade, de Zygmunt Bauman. [tradução Eliana Aguiar]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2009.
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:: A arte da vida, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2009.
:: Capitalismo parasitário, de Zygmunt Bauman. [tradução Eliana Aguiar]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.
:: Legisladores e interpretes, de Zygmunt Bauman. [tradução Renato Aguiar]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.
:: A ética é possível num mundo de consumidores?, de Zygmunt Bauman. [tradução Alexandre Vieira Werneck]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.
:: Aprendendo a pensar com a sociologia, de Zygmunt Bauman e Tim May. [tradução 
Alexandre Vieira Werneck]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.
:: A vida a  crédito, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2010.
:: Bauman sobre Bauman, de Zygmunt Bauman. (Biografia).. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2011.
:: Vida em fragmentos - sobre a ética pós-moderna, de Zygmunt Bauman.[tradução Alexandre Vieira Werneck]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2011.
:: 44  cartas do mundo líquido moderno, de Zygmunt Bauman. [tradução Vera Pereira]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2011.
:: Ensaios sobre o conceito de cultura, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2012.
:: A cultura no mundo líquido moderno, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2012. 
:: Isto não é um diário, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2012. 
:: Sobre a educação e juventudede Zygmunt Bauman. (Conversas com Riccardo Mazzeo).. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2013.
:: Danos colaterais - desigualdades sociais numa era globalde Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2013. 
:: Vigilância líquida, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2014.
:: Cegueira moral: a perda da sensibilidade na modernidade líquida, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2014.
:: A riqueza de poucos beneficia todos nós?, de Zygmunt Bauman. [tradução Renato Aguiar]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2014.
:: Para que serve a sociologia?, de Zygmunt Bauman. [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2015.

Editora no Brasil
:: Zahar editora


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Entrevistas com Zigmunt Bauman
ALMEIDA, Nara. Comunicação líquida. (entrevista). Observatório da Imprensa, 27 de janeiro de 2015. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
BARRANCO, Justo. Zygmunt Bauman: "É possível que já estejamos em plena revolução". (entrevista). MGMagazine/ Fronteiras do Pensamento, 09 de dezembro de 2014. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
BITTENCOURT, Renato Nunes. A aflição de uma vida líquida. (entrevista). Portal Ciência e vida - revista Filosofia. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
DINES, Alberto. O construtor em tempos líquidos. Observatório da Imprensa, edição 867, 11 de setembro de 2015. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
DUARTE, Fernando. 'Foi um motim de consumidores excluídos', diz sociólogo Zygmunt Bauman. (entrevista). O Globo, 12 de agosto de 2011. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
OLIVEIRA, Dennis de.. Entrevista – Zygmunt Bauman. Revista Cult, edição 138, ano 12, 03/08/2009. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
PALLARES- BURKE, Maria Lúcia Garcia. Entrevista com Zigmunt Bauman. Tempo social, vol.16 nº1, São Paulo - Junho 2004. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
PRADO, Adriana. Zygmunt Bauman "Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar". (entrevista). Istoé entrevista- online. 24 de setembro de 2010. Disponível no link. (acessado em 12.9.2015).
LA REPUBBLICA. A elite na sociedade líquido-moderna. Artigo de Zygmunt Bauman. [tradução Moisés Sbardelotto]. IHU. Unisinos, 29 janeiro de 2009 [artigo originalmente publicado no jornal La Repubblica, 19-01-2009]. Disponível no link. (acessado em 26.9.2015).

Livros sobre Zigmunt Bauman
SILVA, Paulo Fernando da.. Conceito de ética na contemporaneidade segundo Bauman. São Paulo: FEU - Fundação Editora Unesp); Cultura Acadêmica, 2013.


"Transformações sociais, culturais e políticas associadas à passagem do estágio "sólido" para o estágio "líquido" da modernidade, o afastamento da nova elite (localmente estabelecida, mas globalmente orientada e apenas ligada de forma distante ao lugar em que se instalou) de seu antigo compromisso com a população local e a resultante brecha espiritual/ comunicacional."
- Zygmunt Bauman, em "Tempos líquidos". Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 84. 


"O amor pode ser, e frequentemente é, tão atemorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento. Faz sentido pensar na diferença entre amor e morte como na que existe entre atração e repulsa. Pensando bem, contudo, não se pode ter tanta certeza disso. As promessas do amor são, via de regra, menos ambíguas do que suas dádivas. Assim, a tentação de apaixonar-se é grande e poderosa, mas também o é a atração de escapar. E o fascínio da procura de uma rosa sem espinhos nunca está muito longe, e é sempre difícil de resistir." 
Zygmunt Bauman, trecho de livro "Amor líquido". [tradução Carlos Alberto Medeiros]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2004.


"Nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas vidas."
– Zygmunt Bauman, trecho do livro "Modernidade líquida". [tradução Plinio Dentzien]. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.

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Umberto Eco - migração e refugiados

Umberto Eco - foto: Nuno Botelho/Expresso
“Acontecerá algo terrível antes de se encontrar um equilíbrio.”
- Umberto Eco

A entrevista dele ao Expresso era sobre livros, mas Umberto Eco falou sobre mais - incluindo este tema que o preocupa há muito, o da migração e dos refugiados. Recuperamos o que ele enunciou em abril agora que estamos despertos para uma tragédia que se estende não há dias nem semanas, mas há meses e quase anos. É uma reflexão dura: “ A Europa irá mudar de cor. E isto é um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue”. Mas também com fé no outros homens - nos que estão e nos que vêm: “A migração produz a cor da Europa”

Era abril quando entrevistámos Umberto Eco no seu apartamento em Milão. Atendeu o intercomunicador e abriu a porta de casa, revelando a sua alta figura e a cordialidade que seria uma constante durante a conversa. De eterno cigarro apagado entre os dedos - desistiu de fumar mas não se desfez do gesto - ofereceu café e sentou-se na sua poltrona de cabedal. Falámos da infância, da escrita, de jornalismo - central em "Número Zero", o novo romance que saiu em maio em Portugal. Mas falámos também da Europa e dos longos processos migratórios que a configuraram. Para Eco, estamos a atravessar um deles e não será um caminho fácil nem desprovido de desafios. Eis alguns excertos da entrevista.
- por Luciana Leiderfarb [texto]/Expresso (Portugal)

1. CULTURA NÃO QUER DIZER ECONOMIA
"Desde a juventude que sou um apoiante da União Europeia. Acredito na unidade fundamental da cultura europeia, aquém das diferenças linguísticas. Percebemos que somos europeus quando estamos na América ou na China, vamos tomar um copo com os colegas e inconscientemente preferimos falar com o sueco do que com o norte-americano. Somos similares. Cultura não quer dizer economia e só vamos sobreviver se desenvolvermos a ideia de uma unidade cultural."

2. UM GRANDE ORGULHO
"Quando atravesso a fronteira sem mostrar o passaporte e sem ter de trocar dinheiro, sinto um grande orgulho. Durante dois mil anos, a Europa foi o cenário de massacres constantes. Agora, esperemos um bocado: mesmo que o mundo hoje seja mais veloz, não se pode fazer em 50 anos o que só fomos capazes de fazer em dois mil. E mesmo indo nessa direção, não sei como os países europeus poderão sobreviver: estão a tornar-se menos importantes do que a Coreia do Sul, e não apenas do ponto de vista industrial. Culturalmente, está-se a traduzir mais livros lá do que em França."

3. A COMISSÃO DAS PESSOAS SÁBIAS
Umberto Eco - foto: Nuno Botelho/Expresso
"Entidades nacionais como Portugal ou Itália tornar-se-ão irrelevantes se não fizerem parte de uma unidade maior. Mas nada disto se constrói em pouco tempo. O problema da Europa é estar a ser governada por burocratas. Uma vez, uma instituição europeia - não me recordo qual - decidiu criar uma comissão de pessoas sábias. Estava lá Gabriel García Márquez, Michel Serres e eu próprio. Os outros convidados eram burocratas europeus. Cada reunião servia para discutir a ordem de trabalhos da reunião seguinte. Aquilo era o retrato da Europa: pessoas a governarem uma máquina autorreferencial. Porém, é o que temos. É como a democracia segundo Winston Churchill: um sistema horrível, mas melhor do que os outros."

4. UM PROCESSO QUE CUSTARÁ IMENSO SANGUE
"Estou muito preocupado, não por mim, mas pelos meus netos. Escrevi-o há 30 anos: o que se passa no mundo não é um fenómeno de imigração, mas de migração. A migração produz a cor da Europa. Quem aceitar esta ideia, muito bem. Quem não a aceitar, pode ir suicidar-se. A Europa irá mudar de cor, tal como os Estados Unidos. E isto é um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue. A migração dos alemães bárbaros para o Império Romano, que produziu os novos países da Europa, levou vários séculos. Portanto, vai acontecer algo terrível antes de se encontrar um novo equilíbrio. Há um ditado chinês que diz: 'Desejo-te que vivas numa era interessante'. Nós estamos a viver numa era interessante."

5. A ÉTICA DA REPÚBLICA
"Não se deve perguntar porque haverá derramamento de sangue: é um facto. Vejamos a França. É o caso típico de um país que acreditou poder absorver a migração. Porém, por um lado, impôs logo aos migrantes a ética da República; e, por outro, arrumou-os nos bairros remotos. É muito raro encontrar um migrante a viver ao lado de Notre-Dame."

6. INTEGRAÇÃO E ÓDIO
"Porque é que um muçulmano em França se torna fundamentalista? Acha que isso aconteceria se vivesse num apartamento perto de Notre-Dame? A sua integração não foi completa nem poderia ser. De novo, é um facto. A migração a longo prazo pode produzir integração mas a curto prazo não, e a não-integração produz uma reação, que pode ser de ódio."

7. NO SENTIDO EM QUE HITLER NÃO ERA A CRISTANDADE
"O inimigo é sempre inventado, construído. Precisamos dele para definir a nossa identidade. A extrema-direita italiana acredita que são os ciganos ou os migrantes pobres, ou o Islão em geral, ainda que o Islão possa assumir muitas formas. Ora, o Estado Islâmico não é o Islão, no sentido em que Hitler não era a cristandade."

8. RESPOSTA: NÃO
Umberto Eco - foto: Nuno Botelho/Expresso
"A Idade Média não existe, porque tem dez séculos. É uma construção artificial. De qualquer forma, vemos que é uma época de transição entre dois tipos de civilização. E provavelmente - falávamos de migração - estamos numa era de transição, que é sempre difícil. A questão é: houve alguma era que não fosse de transição? Resposta: não. Mas houve momentos em que cada um vivendo no seu país não se apercebia de que havia uma transição a acontecer no mundo."

9. CHAMA OS BOMBEIROS
"Qual o papel do intelectual hoje? Não dar muitas entrevistas! [risos] Falando a sério, penso que é duplo. Primeiro, é dizer o que as outras pessoas não dizem. Não é dizer que há desemprego em Itália. Segundo, não é resolver os problemas imediatos, é olhar para a frente. Se um poeta está num teatro e há um incêndio, não se põe a recitar poemas: chama os bombeiros. Pode é escrever sobre incêndios futuros."

10. PERDA DO PASSADO
"É impossível pensar o futuro se não nos lembrarmos do passado. Da mesma forma, é impossível saltar para a frente se não se der alguns passos atrás. Um dos problemas da atual civilização - da civilização da internet - é a perda do passado."
:: Fonte: Expresso/sapo.pt - “Acontecerá algo terrível antes de se encontrar um equilíbrio.” Migração e refugiados, por Umberto Eco, publicado em 07.09.2015. Disponível no link. (acessado em 11.9.2015).

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** Página atualizada em 13.4.2016



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Amílcar Cabral - o poeta da liberdade


Amílcar Cabral

Amílcar Lopes Cabral (poeta, político, e agrônomo). nasceu em 12 de setembro de 1924 em Bafatá, na Guiné, filho de Juvenal Lopes Cabral e de Iva Pinhel Évora. Aos 12 anos de idade junta-se ao pai, que nessa altura já havia regressado a Cabo Verde, e efetua os seus estudos primários na Rua Serpa Pinto, na Praia. Seguidamente inscreve-se em São Vicente no liceu Infante D. Henrique onde termina os estudos liceais em 1944, classificado como o melhor aluno. Ainda na sua juventude, Cabral evidenciava já uma especial avidez pela percepção do mundo que o rodeava, fato que se espelhava nos seus dotes de poeta e de escritor. Os seus sentimentos nacionalistas eram vistos com reprovação pelas autoridades coloniais.
Em 1945, Cabral é um dos primeiros jovens das colônias portuguesas a ser contemplado com uma bolsa para freqüentar os estabelecimentos de ensino superior em Portugal e matricula-se no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa. A vida de estudante constituiu uma oportunidade para aprofundar o seu sentimento progressista anti-colonial, participando ativamente nas atividades estudantis clandestinas que se desenvolviam à volta da Casa dos Estudantes do Império e da Casa de África; foi aí que veio a conhecer Marcelino dos Santos, Vasco Cabral, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane e outros estudantes que viriam a ser futuros líderes dos movimentos de libertação.
Estando de férias em Cabo Verde, em 1949, Cabral participa na Rádio-Clube elaborando um conjunto de programas de índole cultural que logo são interditados pelas autoridades, devido à sua mensagem nacionalista que era bem acolhida sobretudo no seio dos jovens.
Regressando a Lisboa para continuar os estudos, Cabral retoma as suas atividades políticas, com os estudantes africanos, não obstante a vigilância cerrada e as ameaças cada vez mais insinuantes da polícia política portuguesa, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado).
Em 1952 Cabral terminou o curso e casou-se com Maria Helena Atalaide Vilhena Rodrigues.
No início de 1953 Cabral é colocado como engenheiro agrônomo na Guiné-Bissau, para trabalhar na estação agrária experimental de Pessubé. Ele aproveita-se então da sua atividade profissional para percorrer a Guiné de ponta a ponta e adquirir um bom conhecimento do terreno bem como da constituição social das suas populações; é Cabral quem realiza o primeiro recenseamento agrícola dessa colônia portuguesa.
Amílcar Cabral
Depois de ter militado durante cerca de um ano no MING (Movimento de Libertação Nacional da Guiné), Amílcar Cabral decide fundar o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), a 19 de setembro de 1956.
Um ano mais tarde, Amílcar Cabral foi trabalhar em Angola e aí participou também na criação do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) em Luanda, tendo desenvolvido uma intensa atividade na mobilização de jovens angolanos para a luta contra a dominação colonial.
Em dezembro de 1957, Cabral viaja para Paris onde se encontra com Marcelino dos Santos, da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), e com Lúcio Lara, Mário de Andrade e Viriato da Cruz, do MPLA. Juntos resolvem então realizar a primeira reunião de concertação entre os movimentos de libertação das colônias portuguesas, na qual decidem cooperar em atividades conjuntas no campo internacional e criar em Lisboa um centro que coordenaria as ações entre esses movimentos. Na seqüência dessa reunião, Cabral ao regressar de Paris passa por Lisboa onde mobiliza os estudantes nacionalistas africanos para criarem o MAC (Movimento Anti Colonialista), primeira organização clandestina formada em Portugal por estudantes oriundos das colônias portuguesas.
Cabral desenvolve nessa altura uma série de contctos visando buscar apoios externos para a luta contra a dominação colonial.
Depois do massacre de Pidjiguiti realizado em Bissau pelas forças coloniais de repressão, a 3 de agosto de 1959, ele resolve regressar à Guiné-Bissau onde reúne a direção do PAIGC para analisar a situação da luta no país. Fica então decidido que o PAIGC deveria dar atenção prioritária à mobilização das populações rurais, com vista à preparação de condições para a passagem à luta armada, já que a repressão colonial havia demonstrado não admitir nenhuma veleidade de contestação legal ao sistema.
Em 1960, Cabral decide fugir com os seus companheiros para a Guiné-Conakry onde passaria a ficar instalada a sede do PAIGC. A partir desse país ele trabalha ativamente nos preparativos para o reforço do PAIGC e o arranque da luta armada de libertação nacional.
Em abril de 1960, em Casablanca, ele participa na criação da Conferência das Organizações Nacionalistas das colônias Portuguesas - CONCP.
Durante cerca de três anos Amílcar Cabral desenvolve uma intensa atividade de mobilização das populações no interior da Guiné, ao mesmo tempo que, no campo internacional desenvolve contatos para a obtenção dos apoios indispensáveis para a passagem a uma nova fase de luta.
A 23 de janeiro de 1963 inicia-se a luta armada na Guiné-Bissau.
Revelando-se um homem de grande capacidade intelectual e dotado de uma firme convicção na luta pela liberdade e a justiça social, Amílcar Cabral dedicou todos os seus esforços em prol da independência dos povos da Guiné e de Cabo Verde. De forma genial ele conseguiu conjugar os sucessos que se iam alcançando no terreno da luta militar na Guiné e no da luta política clandestina em Cabo Verde, com o desenvolvimento de uma ação diplomática que ele pessoalmente conduziu da forma mais eficaz.
Vários acontecimentos cruciais durante os anos da luta de libertação nacional constituem hoje datas marcantes da história de Cabo Verde cuja ocorrência se deve fundamentalmente à ação incansável de Amílcar Cabral. De entre eles podemos destacar:
• a elaboração em 1965 das "Palavras de Ordem" do PAIGC destinadas aos combatentes;
• o juramento de fidelidade realizado a 15 de janeiro de 1967, pelo primeiro grupo de 30 cabo-verdianos que receberam formação militar, com vista à preparação para a luta em Cabo Verde;
• a realização do Seminário de Quadros do PAIGC, em 1969;
• o reconhecimento do PAIGC pelas mais altas instâncias internacionais;
• o encontro do Papa em Roma, com os dirigentes dos movimentos de libertação das colônias portuguesas, em 1972;
• a preparação da independência da Guiné-Bissau.
Devido ao sucesso inquestionável que a sua ação vinha conseguindo, fazendo com que o sistema colonial português se sentisse cada vez mais desesperado no plano interno e mais isolado no plano internacional, Amílcar Cabral foi barbaramente assassinado a 20 de janeiro de 1973, por agentes a soldo do colonialismo.
:: Fonte: Gazeta do Racionalismo Cristão (Colaboração de Manuel ROCHA, fevereiro de 2007. Dados extraídos do livro Liberdade, ainda e sempre ..., de autoria da Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP), editado em julho de 1997). Disponível no link. (acessado em 5.7.2015).
:: Apontamentos para uma biografia, em Fundação Amilcar Cabral
(acessado em 5.7.2015).


Amílcar Cabral
OBRA DE AMÍLCAR CABRAL
Livros
:: P.A.I.G.C. – Manual político. Porto: Afrontamento, 1974.
:: Guiné-Bissau: nação africana forjada na luta. Lisboa: Nova Aurora, 1974.
:: Obras escolhidas de Amílcar Cabral - Unidade e luta I: A arma da teoria[textos coordenados por Mário Pinto de Andrade]. Lisboa: Seara Nova, 1978.
:: Obras escolhidas de Amílcar Cabral - Unidade e luta II: A prática revolucionária. [textos coordenados por Mário Pinto de Andrade]. Lisboa: Seara Nova, 1977.
:: Análise de alguns tipos de resistência. Guiné-Bissau: Imprensa Nacional, 1979.
:: Estudos agrários de Amílcar Cabral. Lisboa: IICT, 1988.
:: Nacionalismo e Cultura. Galiza: Edicións Laiovento, 1999.
:: As mulheres na frente da nossa vida e da nossa luta. Arquivo Amílcar Cabral, Fundação Mário Soares, documento 07060.027.027.

Artigos
CABRAL, Amílcar. A propósito da educação. Boletim de propaganda e Informação, 1947, n.º21 p. 24-25. 
_______ , Amílcar. Algumas considerações acerca das Chuvas. Boletim de Propaganda e Informação, 1949, n.º 1, p. 5-7. 
_______, Amílcar. Em defesa da terra. Boletim de Propaganda e Informação, 1949-1951, n.º 1 a 24.
_______ , Amílcar. A Cultura e o combate pela independência. Seara Nova, 1974, n.º 1544. 
_______ , Amílcar. Apontamentos sobre a poesia caboverdiana. Revista de Cultura Vozes, N. 1 / 1976 / Ano 70 p. 15 a 21.

Obra poética de Amílcar Cabral
:: Emergência da poesia em Amílcar Cabral (30 poemas de Amílcar Cabral).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983. 


"Era natural (...) que com a morte do famoso estadista e intelectual africano, biógrafos e outros investigariam todas as facetas pertinentes da vida pública e particular de Amílcar Cabral. Deste modo, a revelação mais ampla de Cabral o poeta, além de ser uma homenagem ao herói martirizado, faz parte da restituição da história de Cabo Verde (...) na inter- secção das três esferas. A projecção da poesia de Cabral é uma incorporação, consciente ou inconsciente, de um modo quase esquecido e de uma visão retros- pectiva deste momento."
- Russel G. Hamilton in Literatura Africana Literatura Necessária- II. (fonte: FMSoares).


Amílcar Cabral
POEMAS ESCOLHIDOS DE AMÍLCAR CABRAL

A minha poesia sou eu
... Não, Poesia:
Não te escondas nas grutas de meu ser, 
não fujas à Vida.
Quebra as grades invisíveis da minha prisão, 
abre de par em par as portas do meu ser
— sai...
Sai para a luta (a vida é luta)
os homens lá fora chamam por ti, 
e tu, Poesia és também um Homem. 
Ama as Poesias de todo o Mundo,
— ama os Homens
Solta teus poemas para todas as raças,
para todas as coisas.
Confunde-te comigo...
Vai, Poesia:
Toma os meus braços para abraçares o Mundo,
dá-me os teus braços para que abrace a Vida. 
A minha Poesia sou eu.
- Amílcar Cabral, em "revista Seara Nova". 1946.


Eu sou tudo e sou nada...
Eu sou tudo e sou nada,
Mas busco-me incessantemente,
- Não me encontro!

Oh farrapos de nuvens, passarões não alados,
levai-me convosco!
Já não quero esta vida,
quero ir nos espaços
para onde não sei.
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


Ilha
Tu vives — mãe adormecida —  
nua e esquecida,
 seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…  

Ilha:  
teus montes e teus vales  
não sentiram passar os tempos  
e ficaram no mundo dos teus sonhos  
— os sonhos dos teus filhos —  
a clamar aos ventos que passam,  
e às aves que voam, livres,  
as tuas ânsias!  

Ilha:  
colina sem fim de terra vermelha  
— terra dura —  
rochas escarpadas tapando os horizontes,  
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
- Amílcar Cabral (Praia, Cabo Verde, 1945).


Naus sem rumo
Dispersas,
emersas,
sozinhas sôbre o Oceano …
Sequiosas,
rochosas,
pedaços do Africano,
do negro continente,
as engeitadas filhas,
nossas ilhas,
navegam tristemente …

Qual naus da antiguidade,
qual naus
do velho Portugal,
aquelas que as entradas
do imenso mar abriram …
As naus
que as nossas descobriram.

Ao vento, à tempestade,
navegam
de Cabo Verde as ilhas,
as filhas
do ingente
e negro continente …

São dez as caravelas
em busca do Infinito …
São dez as caravelas,
sem velas,
em busca do Infinito …
A tempestade e ao vento,
caminham …
navegam mansamente
as ilhas,
as filhas
do negro continente …

- Onde ides naus da Fome,
da Morna,
do Sonho,
e da Desgraça? …

- Onde ides? …

Sem rumo e sem ter fito,
Sozinhas,
dispersas,
emersas,
nós vamos,
sonhando,
sofrendo,
em busca do Infinito! …
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


No fundo de mim mesmo...
No fundo de mim mesmo
eu sinto qualquer coisa que fere minha carne,
que me dilacera e tortura …

… qualquer coisa estranha (talvez seja ilusão),
qualquer coisa estranha que eu tenho não sei onde
que faz sangrar meu corpo,
que faz sangrar também
a Humanidade inteira!

Sangue.

Sangue escaldante pingando gota a gota
no íntimo de mim mesmo,
na taça inesgotável das minhas esperanças!
Luta tremenda, esta luta do Homem:
E beberei de novo – sempre, sempre, sempre -
este sangue não sangue, que escorre do meu corpo,

este sangue invisível – que é talvez a Vida!
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


(Poemas da juventude)
Eu lembro-me ainda dos tempos antigos, 
Dos tempos sem nome, só teus e só teus …
Em que eras um homem de poucos amigos,
Metido contigo, contigo e com Deus …

Outro homem és hoje – e outro serás,
Bem forte na luta, em prol dos Humanos.
Na luta da vida – eu sei – vencerás,
Num Mundo de todos, sem Mal e sem danos.
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


Regresso
Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde,
da cor mais bela, porque é a cor da esp´rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


Sim quero-te...
Quero-te quando solitário cismo
na nossa vida,
nossa triste vida …
e optimista, esperançoso eu vejo
o meu futuro,
o teu futuro,
e uma vida melhor …

Quero-te quando a nossa melodia,
a nossa morna,
cantas docemente …
… e eu sonho, eu vivo, e eu subo a escada mágica
da tua voz serena,
e eu vou viver contigo!

Quero-te quando contemplo o nosso mundo,
um mundo de misérias,
de dor,
e de ilusões …
… e penso, e creio e tenho
a máxima Certeza
de que o romper da aurora
do “dia para todos”
não tarda … e vem já perto …

… E o mundo de misérias
será um mundo de Homens …

Eu quero-te! Eu quero-te!
Como o dia de amanhã! …
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


Poema
Quem é que não se lembra
Daquele grito que parecia trovão?!
– É que ontem
Soltei meu grito de revolta.
Meu grito de revolta ecoou pelos vales mais longínquos da Terra,
Atravessou os mares e os oceanos,
Transpôs os Himalaias de todo o Mundo,
Não respeitou fronteiras
E fez vibrar meu peito...

Meu grito de revolta fez vibrar os peitos de todos os Homens,
Confraternizou todos os Homens
E transformou a Vida...

... Ah! O meu grito de revolta que percorreu o Mundo,
Que não transpôs o Mundo,
O Mundo que sou eu!

Ah! O meu grito de revolta que feneceu lá longe,
Muito longe,
Na minha garganta!


Na garganta de todos os Homens
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.


Que fazer?!...
Eu não compreendo o Amor,
eu não compreendo a Vida
Mistérios insondáveis,
Formidáveis,
Mistérios que o Homem enfrenta
Mistérios de um mistério
Que é a alma humana …

Eu não compreendo a Vida:
Há luta entre os humanos,
Há guerra,
Há fome, e há injustiça imensa:
H á pobres seculares,
Aspirações que morrem …
Enquanto os fortes gastam
Em gastos não precisos
Aquilo que outros querem …

Eu não compreendo o amor:
Amamos quem sabemos impossível
Sentir por nós aquilo
Que tanto cobiçamos …

A Vida não me entende,
Eu não compreendo a Vida.
Quero entender o Amor,

E o amor não me compreende!
- Amílcar Cabral, em "Emergência da poesia em Amílcar Cabral" (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.

Amilcar Cabral
FORTUNA CRÍTICA DE AMÍLCAR CABRAL
AMADO, Leopoldo. Guerra colonial & guerra de libertação nacional, 1950-1974: o caso da Guiné-Bissau. Lisboa: Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, 2011.
ARAUJO, Bohumila Sampaio de.. Ideário de Amílcar Cabral (1924-1973), baseado na leitura das suas obras.. In: Guido Araujo. (Org.). Trocas culturais afro luso brasileiras. 1ª ed., Salvador: Contraste, 2005, v. 1, p. 52-61.
ANDRADE, Mário Pinto de.. Amílcar Cabral e a reafricanização dos espíritos: um depoimento de Mário Pinto de Andrade. Nô Pintcha. Bissau, ano II, nº 225, 12 de setembro de 1076, p. 8-9.
ANDRADE, Mário Pinto de.. A geração de Cabral/ Palestra feita na Escola Piloto em 8 de Fevereiro de 1973. PAIGC: Instituto Amizade, 1973.
ANDRADE, Mário Pinto de.. Amílcar Cabral: ensaio de biografia política. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
BRAGANÇA, Aquino de.. Amílcar Cabral. Pontos de Vista, 1976.
BUALA. Quem foi a mãe de Amílcar Cabral?. in: Buala. Disponível no link. (acessado em 11.9.2015).
CABRAL, Luís. Crónica da libertação. Lisboa: edição O Jornal, 1984. 
CASSAMÁ, Daniel Júlio Lopes Soares. Amílcar Cabral e a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. (Dissertação Mestrado em Sociologia). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2014. Disponível no link. (acessado em 11.9.2015).
CASTANHEIRA, José Pedro. Quem mandou matar Amílcar Cabral?. Lisboa: Relógio de água, 1995.
CHABAL, Patrick. Amílcar Cabral: revolutinary leadership and people’s war. London: Hurst & Company, 2002.
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DAVIDSON, Basil. A libertação da Guiné: Aspectos de uma revolução africana. Lisboa: Sá da Costa, 1975. 
DUARTE SILVA, Antonio E.. Amílcar Cabral: Documentário (textos políticos e culturais). Lisboa edições Cotovia, Lda 2008.
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FUNDAÇÃO MARIO SOARES. Amílcar Cabral: sou um simples africano... Lisboa: Fundação Mario Soares, 2000. 
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GOMES, Paula Godinho. Os fundamentos de uma nova sociedade. O PAIGC e a luta armada na Guiné-Bissau (1963-1973). Torino, L’Harmattan , Italia, 2010. 
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Amílcar Cabral
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ORAMAS, Oscar. Amílcar Cabral, para além do seu tempo. Lisboa: Hugin, 1998.
Amílcar Cabral, por Fabiana Miraz de Freitas Grecco
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TOMÁS, António. O fazedor de Utopias: Uma autobiografia de Amílcar Cabral. Lisboa: Tinta-da-China, 2007.
VILLEN, Patrícia. L'ideologia coloniale portoghese e la critica di Amílcar Cabral. (Dissertação Mestrado em Filosofia Pratica e Relazioni Umane). Università Ca' Foscari di Venezia, UNIVE, Itália, 2008.
VILLEN, Patrícia. Amílcar Cabral e a crítica ao colonialismo. 1ª ed., São Paulo: Expressão Popular, 2013.
VILLEN, Patrícia. Cultura, resistência e transformação na teoria de Amílcar Cabral. Capoeira. Revista de Humanidades e Letras, v. 1, p. 30-44, 2014. 



Amílcar Cabral
"(...) sentimento de protesto, nascido da inadequação dos valores culturais próprios às situações de opressão e discriminação (...). conduziu à emergência da revolta que se afirmaria como traço distintivo da sua personalidade e factor de formação do revolucionário consequente em que se tornou. Ainda na juventude, estes valores e este espírito traduziram-se em formas de expressão que vão de incursões no campo da literatura à intensa actividade de divulgação cultural! É uma produção literária, quer em verso quer no domínio da ficção, a traduzir um engajamento com a realidade circundante, é a preocupação do estudante de agronomia a debruçar-se na área da sua especialidade, sobre o fenómeno da erosão, problema candente na luta pela sobrevivência do povo caboboverdiano, e a animação cultural através de programas radiofónicos de forte penetração popular que, alertada, a autoridade colonial suspende."
- Aristides Pereira. O perfil de Cabral e a actualidade do seu pensamento, In CONTINUAR CABRAL (Simpósio Internacional Amílcar Cabral).. (fonte: FMSoares).


DOCUMENTÁRIOS E EPISÓDIOS




Cabralista - part 1: Amilcar Cabral



PAIGC/Guiné _ Tite Primeiros Tiros Luta Armada 1963



Assassinato de Amilcar Cabral (1973)


AFRICA EM PAUTA 
Amílcar Cabral, por (...)
:: África em Pauta - memória, história, arte  


ESCRITORES AFRICANOS NESTE SITE
:: Alda Espírito Santo (São Tomé e Príncipe)
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Amílcar Cabral, por  Jaílson Delgado (Jan.2013)
REFERÊNCIAS E OUTRAS FONTES DE PESQUISA
:: Cesar Schofield Cardoso
:: CIDAC
:: Fundação Amílcar Cabral
:: Fundação Mário Soares
:: Vida e Obra de Amílcar Cabral (notícias sapo)


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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Amílcar Cabral - o poeta da liberdade. Templo Cultural Delfos, setembro/2015. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
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** Página atualizada em 11.9.2015.



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