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Maria da Conceição Paranhos - desvelando o tempo

Maria da Conceição Paranhos
Maria da Conceição Paranhos Pedreira Brandão poeta, ficcionista, crítica de literatura e artes, dramaturga e tradutora. Nasceu em Salvador/BA, em 8 de junho de 1944. Publica pela primeira vez, em periódicos de Salvador, aos dezesseis anos. Em 1969, conquistou o Prêmio Arthur de Salles, com seu primeiro livro de poesia, Chão Circular, com prefácio de Adonias Filho, publicado em l970. Formada em Letras, cursou o Bacharelado na Faculdade Santa Úrsula da PUC do Rio de Janeiro, e a Licenciatura, pela Universidade Federal da Bahia. Professora Adjunta do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, onde já lecionou as seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Teoria da Comunicação, Teoria da Literatura, Literatura Brasileira e Literatura Comparada. Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal da Bahia. Ph.D. pela Universidade da Califórnia, Berkeley. EUA. Responsável pela criação da Divisão de Produção Literária do Departamento de Literatura da Fundação Cultural do Estado da Bahia, quando realizou várias oficinas de criação e de crítica literária. Ficcionista premiada nacionalmente, no gênero conto. Dramaturga, tradutora, tem a maior parte de sua obra inédita em poesia, embora esteja presente em inúmeros livros, antologias, revistas e periódicos. Autora, dentro outros, de As Esporas do Tempo (Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado/COPENE, 1996), Prêmio COPENE de Cultura e Arte. 
Detentora de vários prêmios nas categorias de poesia, conto e ensaio, tem inúmeras conferências e comunicações sobre temas da teoria e da crítica literária, da literatura comparada, da literatura brasileira, da teoria da história, e da filosofia, no Brasil e nos Estados Unidos. Dramaturga com várias peças montadas na Bahia e em outros estados brasileiros. Da sua experiência como orientadora de Oficinas de Criação Literária publicou o livro As Formas Curtas da Lírica (1987). Entre várias obras inéditas, destaca-se o livro A Construção Tardia (poesia), em 10 cantos, no qual propõe uma fusão do épico ao lírico, utilizando-se de formas da tradição, ao tempo em que dialoga com o Modernismo e o Pós-Modernismo sobre “fazer poesia”.
:: Fonte: Cronópios - perfil / Casa Jorge Amado (acessado em 6.2.2016).


OBRA DE MARIA DA CONCEIÇÃO PARANHOS
Maria da Conceição Paranhos
Poesia
:: Chão circular. [prefácio Adonias Filho]. Salvador: Imprensa Oficial da Bahia,1970.
:: ABC re-obtido. Salvador: Bureau Gráfica e Editora, 1974.

:: Os eternos tormentos. Salvador: Edições Macunaíma, l986.
:: Delírio do ver: seleta de poemas, 1970-2001. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo; Rio de Janeiro: Imago Editora, 2002.
:: As esporas do tempo. [capa e ilustrações Sante Scaldaferri]. Coleção Casa de Palavras, Série poesia nº 7. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado/COPENE, 1996.

Contos
:: Doutor Augusto partiu: contos, relatos e sonhos. São Paulo: Edicoes GRD, 1995.

Ensaios
:: As formas curtas da lírica. 1987.
:: O mundo ficcionalizado - dois ensaios. Belo Horizonte: Editora  UFMG, 1988.
:: Adonias Filho: representação épica da forma dramática. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1989.
:: Jorge de Lima: as asas do poeta - ensaios. Maceió: Secretaria de Cultura, 1993.

Antologias e seletas (participação)
AZEVEDO FILHO, Leodegário Amarante de.; PORTELLA,  Eduardo (org.). Moderna poesia baiana - Antologia. [apresentação Walmir Ayala]. Coleção Tempoesia, nº 7.  Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1967.

25 POETAS - Bahia: de 1633 a 1968. Salvador: Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia; Atelier Planejamento Gráfico, 1968.
FESTAS da Bahia. Álbum de poemas e gravuras. Salvador: Imprensa Oficial da Bahia,1970. 
OLIVEIRA, Adelmo (org.). Breve romanceiro do Natal - poemas. [apresentação de Timóteo Amoroso Anastácio, O.S.B]. Salvador: Editora Beneditina, 1972.
VV.AA. Antologia de poesia da Bahia em alfabeto Braille. Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1976.
BRASIL, Assis (org.). A poesia baiana no século XX - antologia. Coleção Poesia Brasileira. Rio de Janeiro: Imago; Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1999.
TAVARES, Ildásio (coord.). Poemas soltos (seleta). Salvador: Edições Palmares 2000.
TAVARES, Simone Lopes Pontes (org.). A paixão premeditada. Poesia da geração 60 na Bahia. Coleção Bahia: prosa e poesia. Salvador BA: Imago; Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2000. 
TAVARES, Ildásio (org.). Poetas da Bahia século XVII ao século XX. Rio de Janeiro: Editora Imago/Biblioteca Nacional, 2001. 
DAMULAKIS, Gerana (org. e intr.) Antologia Panrâmica do conto baiano - século XX. Coleção Nordestina. lhéus BA: Editora Editus/UESC, 2004. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
FUNCEB (org.). Autores baianos: um panorama. [Antonio Brasileiro; Cyro de Mattos; José Carlos Limeira; José Inácio Vieira de Melo; Lande Onawale; Laura Castro; Luciany Aparecida; Marcus Vinícius Rodrigues; Maria da Conceição Paranhos; Mariana Paiva; Narlan Matos; Tom Correia]. vol. 2. multilíngue português/alemão/inglês e espanhol. Salvador BA: Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB); P55 Edições, 2014. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).

Artigos e ensaios em revistas e jornais
PARANHOS, Maria da Conceição. Affonso Manta, poeta do lúcido delírio. in: jornal de poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Os abismos varridos pelo vento nordeste. in: Usina de Letras, Salvador, 1 de setembro de 2002. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Sobre a poesia de Miguel Antônio Carneiro. in: jornal de poesia, outubro 2003. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . A nau da (in)sanidade. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016). 
_______ . Sanctus (poesia). in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016). 
_______ . O síndico (conto). in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Soares Feitosa - O Segredo das Fontes. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Este livro de Judith Grossmann. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Espelho partido. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Poesia Carlos Cunha - Olor de fruto recém-colhido. in: A Tarde - Cultural, 21/7/2001/reproduzido: jornal de poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Emma Louise. in: Cronópios, 5/10/2006. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Ciconia. in: Cronópios, 22/11/2006. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016). 
_______ . Glosando a glosa. in: Cronópios, 13/4/2008. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Luz inesperada. in: Cronópios, 18/6/2008. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Horácio e Fernando Pessoa (Ricardo Reis): o Tempo e a Aurea Mediocritas. in: Cronópios, 5/7/2008. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
_______ . Romério Rômulo: uma poética implacável. in: Cronópios, 11/8/2010. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016). 

Entrevistas
RIBEIRO, Carlos. Perguntas para Maria da Conceição Paranhos. [entrevista]. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
FELICÍSSIMO, Gustavo. Entrevista: Maria da Conceição Paranhos. in: Overmundo, 3.3.2009. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).

RIBEIRO, Carlos. Subúrbios da memória. [entrevista]. in: Jornal A Tarde, 22.5.2004/ reproduzida: Carlosribeiroescritor. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
BRANDÃO, Fabrício. Pequena sabatina ao artista (Maria da Conceição Paranhos). Entrevista. in: Diversos afins, 28 de fev de 2011. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016). 



POEMAS ESCOLHIDOS DA POETA MARIA DA CONCEIÇÃO PARANHOS

Maria da Conceição Paranhos
A inquietante transilvânia
Há caminhos de perder,
caminhos a se perderem.
Ser, no inquietante ser,
o meio.

Há paisagens por se abrirem,
paisagens por descobrirem
do gesto fugaz, temível,
o nexo.

Há felinos na retina,
asma esgarçando o peito,
agoniza no ar turvo,
um vulto.

Há dançarinos e tango,
vampiros sorvendo o sumo
de uma artéria adormecida,
sem pulso.

Há fileiras de canções,
vozes crescendo em rumor.
Não se divisa de quem,

o grito.
- Maria da Conceição Paranhos, em "Delírio do ver: seleta de poemas, 1970-2001". Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo; Rio de Janeiro: Imago Editora, 2002.

§

Anunciação
 Anunciar.
Lembra-me o encontro,
vez primeira
em que vi teu rosto no entanto oculto
por tanta e tão espessa bruma.

Tarefa de dizer.
Pedi a tua vinda,
supliquei às garras do tempo
o teu encontro.

Vieste,
a indesejada das gentes,
vieste
e te alojaste à flor
do lábio que não abre.

Tomei a iniciativa.
Ou fui, ao revés,
tomada pela iminência,
essa ganância,

essa arrogância,
essa demência,
que se aloja na garganta?

Pouco importa.
Necessário sonharmos juntos.

Vieste,
apesar da hesitação
nas fontes hostis
da História.

Doçura de ficar
em tua sombra,
permitida dessa luz
inesperada,
que me arrasta
em surtos de violência

Anunciação.

- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996.

§

Construção tardia
Acordamos tarde para a tarefa
de juntar as partes da vida,
jogo de armar em mãos inábeis.

Demasiado próximos da seiva,
enxergamos pouco.
Quem disse que é tão simples
dividir a vida em frases?
(ó infância rasurada!)
Só tempos fases.

A vida invade o tempo
(e não o oposto)
e nos atordoa
com sua face leve,
sedução e jogo,

ó vida, vida,
construção tardia:
acordamos tarde nessa arquitetura.

Grande é a gula. Parcas as nascentes.
Mas a garganta molha-se de sede,
procriando espaços de viver.

- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996.

§

Desvelando o tempo
Ocultem os outros
a palavra tempo
em poemas curtos
com tal tema, centro.

A palavra tempo
deve ser usada
tantas vezes quanto
impuser nossa alma.

A palavra tempo
descerra suas portas
de argila e de vento,
suas linhas tortas.

Escrever o tempo
permite retornos:
ligeiros transtornos,
fugaz contratempo.

Porque tempo, tempo,
tempo passa, corre;
se você não dorme,
ele pára, lento.

Importa saber
com visão preclara
o que quer dizer
o tempo, que exala.

- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996.

§

Escuta
Ocorre que há uns lapsos na história,
há uns lapsos. Então vêm, videntes,
relatar histórias conhecidas
em noites longas de calor, insônia.
Ouvimos. Pacientemente.
Sob discursos jazem outras vozes.

Necessário cantar.
Animais se aninham ao nosso ânimo,
baixam seu brado à espera da canção.
E os leões de pedra dos portões
deixam rolar os globos que os sustentam.

Falamos línguas obscenas.
Não. Endureceu-se o ouvir.
Indefinidamente?
Afrontar a rija espada dos confrontos,
permitir soluções, se o peito arfa
curvado de rajadas imprudentes.
Se não se deixa a alma nesses lances
em que transidos vagamos dementes,
como afrontar as rugas, decifrar mensagens
(não correm ventos nas paisagens mortas,
largadas ao relento)?

Necessário é amar.
Primeiro e último tormento.
 

- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996.

§

Ilha iluminada
A vida surge rara,
ressurge das fenestras,
uma explosão contida,
um girassol sedento
imóvel na moldura.
Vigiam olhos d’água —
aberto azul turquesa,
piscina de desejo
a refletir o alto.

Cá dentro, hospital,
o choro dos nascidos.
Também meu ventre abriu-se,
menino, numa rosa.
De bruços na varanda,
medito e reencontro
um corpo tumescido,
a face repartida
nos ritos da espécie
e sua garra firme
e minha solidão.

Retomo minha voz:
embargo, engasgo,
tosse, difícil
redenção.

Suor, em fio, escorre
da sede de voar.
Janela tão pequena,
qual ilha iluminada,
afronta a escuridão
dos blocos, argamassa,
em fila, ameaça.

Eu grito, de paixão.

- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996.

§

Luz inesperada
Preparei a casa para te esperar:
procurei nos cantos o passado
e engastei-o à soleira da porta,
petrificado em dor, mas refulgente.

Não foi necessário mudar de casa
para te esperar. Bastou a tua vinda,
ainda de madrugada, para que tudo mudasse,
e a lua crescente surgisse ao meio dia.

A cama está feita, a mesa está posta,
nas compoteiras brilham sobremesas
feitas para adoçarem a tua boca
quando a vida amargar, travar-se o riso.

Meu corpo não é o mesmo de ontem,
mas é mais virgem, através das horas,
que me apartaram de outros desejos
dos quais me afasto, emigrada de mim mesma.

Foi gratuito o teu chegar. Por isso fica:
permanece em mim e esquece a lágrima.
Te esperei para chamar-te “meu amor”,
embora ingressem em minha voz e corpo

antigas sereias, com pentes de espelhos,
a retrançar meus cabelos destrançados,
e te convidem para o sábio mergulho
onde habitaremos: nós e o tempo.
 
- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996.

§

O poeta e a rosa
O poeta anda só em seu eito de pedra,
e em riste zunem lanças no peito sem veste,
e nesse batalhar sem fim e lato, medra 
a púrpura da rosa, e seu espinho agreste.

As dores do poeta, reiteradamente,
esquecem a mão ferida, pois sabem da rosa.
E ao ver a flor de chama, arriscada e preciosa,
o menino que é permanece imprudente.

O sangue estua em brasa, e o olhar só quer a rosa,
envolta em natureza imprecisa e dolorosa,
espinho de veludo ao tato do poeta.

Ele, ao chorar de dor, prefere sempre o pranto
à inanidade fria de vida sem encanto,
a pesar do estertor e da ferida aberta. 

- Maria da Conceição Paranhos, em "Poemas da rosa". (livro inédito).

§

Quatro sonetos cardinais

1
Rosa e ouro se mesclam no teu sexo,
tão gaia espera, confundindo a busca
da flor cilíndrica que tens no púbis.
Quanto me atinges, seta no meu peito?

Colho teu sumo em corpo tão trançado
ao teu enlevo, que me rouba o fôlego,
enquanto o brilho dos teus olhos sádicos
esmaga minha boca a insano sorvo.

Tento dizer-te do tremor da casa,
mas só entendes do ganir do lobo
em minha toca a estertorar de gozo,

a trucidar-me com tua adaga em chama,
menos espero, e já me emborcas, louco.
O meu deleite a ti te adentra. Amas?

2
Mor ventura não há neste meu fado
do que mirar teu corpo e usufruí-lo,
pausadamente, a mão a desvesti-lo,
saboreando teu olhar de dardos,

enquanto sofres com meu gesto lento –
ânsia mortal qual susto em punho destro,
mas à sinistra teço-te uma festa,

deslizando sussurros no teu peito.
Levo tua mão a cada poro intacto:
recobras-me novel e me entrelaças
com vendaval de sons em presto tato.

Cobra no bote, tuas coxas presas,
enrodilhado em meus joelhos altos,
danças e lanças seta no meu alvo.

3
Quero teu corpo quanto quero à chave
retorcer-se em estreita fechadura.
Quando tu tranças tua pele tersa,
exibes nervo e músculo, arma-dura.

Que me estarreces! Miro, deslumbrada,
a ruga tesa e tensa da procura
do rego rijo onde te largas, ávido,
galopando as campinas da luxúria.

Dorso e penugem vejo-te. E revejo
o teu espelho, que a memória é falha.
Teu desatino encontro, meu amigo,

gesto lúbrico, inchado de desejo,
e, sábia mão, tu me abres como a livro
inda não lido, prenhe de tuas marcas.

4
Teu dormir só suscita meu desejo,
pois eu, então, vejo tua chama insone –
corcel insano em desandado trote,
que me galope enquanto ainda sonho

com toda a lava que nos cobre e me arde
em fronha de cetim que se entreabre
ao corpo túrgido, encerrado, dentro,
rasgando a pele – em gana transformado,

rugindo rouquidão. Mucosa ávida,
escancarando-se a teu beijo álacre,
cortante gládio a lacerar-me o gáudio.

Com lassa boca, plena de alvoradas,
eu te derroto quando, exausto, tombas,
e eu te profano com meu terno afago.
- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado/COPENE, 1996. 

 
FORTUNA CRÍTICA DE MARIA DA CONCEIÇÃO PARANHOS
Maria da Conceição Paranhos
COELHO, Nelly Novaes (org.). Dicionário crítico de escritoras brasileiras: 1711-2001. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.
NOGUEIRA, Juliana de Souza Gomes. Caminhos da memória nas poéticas de Sophia de Mello Breyner Andresen e Maria da Conceição Paranhos. (Tese Doutorado em Literatura e Cultura). Universidade Federal da Bahia, UFBA, 2014.
NOGUEIRA, Juliana de Souza Gomes.. Nas tessituras das memórias fluidas de Sophia Andresen e Conceição Paranhos. Revista Crioula (USP), v. 15, p. 1, 2015. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).
NOGUEIRA, Juliana de Souza Gomes.. Memória e descentramento do eu no poema avô materno, de Maria da Conceição Paranhos. In: 19º Congresso de Leitura do Brasil, 2014, Campinas - São Paulo. Leituras sem margens. Campinas SP: Editora da Unicamp, 2014. v. 24. p. 1774-1784.  
PAZ, Vilma Santos da.. Memória e Esquecimento na poesia de Maria da Conceição Paranhos. In: Curso Castro Alves - II Colóquio de Literatura Baiana, 2008, Salvador. O olhar de Castro Alves: Ensaios críticos de Literatura Baiana. Salvador: Assembleia Legislativa da Bahia, Academia de Letras da Bahia, 2008. p. 397-404. 
PAZ, Vilma Santos da.. Todos os cantos: Representações da cidade entre memória e poesia em "Delírio do ver", de Maria da Conceição Paranhos. In: Curso Castro Alves - II Colóquio de Literatura Baiana, 2008, Salvador. O olhar de Castro Alves: Ensaios críticos de Literatura Baiana. Salvador: Assembleia Legislativa da Bahia, Academia de Letras da Bahia, 2008. p. 413-420.  
POEMAS. Maria da Conceição. in: Janela Poética IV - Diversos afins, 6/2013. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).  
REIS, Ricardo Pacheco. Cotidiano, Memória e Experiência urbana na Poesia de Maria da Conceição Paranhos. (Dissertação Mestrado em Literatura e Diversidade Cultural). Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, 2012.
REIS, Ricardo Pacheco. Memória, mulher e experiência urbana na Lírica de Maria da Conceição Paranhos. (Monografia Graduando em Letras Vernáculas). Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS, 2007.
REIS, Ricardo Pacheco. Os delírios do ver na lírica urbana de Maria da Conceição Paranhos. In: Humberto Luiz Lima Oliveira; Marie-Rose Abomo-Maurin. (Org.). Poéticas da alteridade. 1ª ed., Feira de Santana: UEFS, 2011, v. 1, p. 249-259.
REIS, Ricardo Pacheco. Cotidiano e experiência urbana na poesia de Mario de Andrade e Maria da Conceição Paranhos. In: II Seminário Nacional de Literatura e Cultura, 2010, São Cristóvão - SE. Anais do II Seminário Nacional de Literatura e Cultura, 2010. v. 2. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).

SCHEINOWITZ, Celina de Araújo. Maria da Conceição Paranhos. In: Carlos Ribeiro. (Org.). Com a palavra o escritor. 1ª ed., Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado/Braskem, 2002, v. 1, p. 84-92. 
SILVA, Edson Oliveira da.. Cegos de tanto ver: o olhar em movimentos na poesia de Maria da Conceição Paranhos. Revista Outros Sertões, v. 1, p. 16-22, 2010.
SILVA, Edson Oliveira da.. Cegos de tanto ver: o olhar em fragmentos na poesia de Maria da Conceição Paranhos. In: Aleilton Fonseca; Rosana Ribeiro Patrício. (Org.). Cantos & recantos da cidade. Itabuna: Via Litterarum, 2009, v. , p. -.
SILVA, Edson Oliveira da.. As três faces da "rosa" na poesia de Maria da Conceição Paranhos. In: II Seminário de Estudos Filológicos - SEF, 2007, Feira de Santana. Caderno de Resumos. Feira de Santana: UEFS, 2007. v. 1. p. 29-29. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).

SILVA, Suely de Souza. Euterpe [in] cantos parisienses, paulistanos e cariocas. in: conlire - I Congresso Nacional de Linguagens e Representações: Linguagens e Leituras; III Encontro Nacional da Cátedra UNESCO de Leitura; VII Encontro Local do PROLER. UESC, Ilhéus BA, 14 a 17 de outubro de 2009. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016). 
TAVARES, Ildásio. Uma poesia neobarroca. in: Jornal de Poesia. Disponível no link. (acessado em 6.2.2016).

Adolesce
[...]
A cidade. A grande cidade.
O prazer das ruas, o cheiro do mar
penetrando na pele, soltos os cabelos,
a ele mais morena, o corpo mais redondo,
suave, itinerando.

Sem roteiros, andar pela cidade,
Convivendo com seus cantos e ruelas-
Cada lugar inscrito no seu corpo,
Enquanto ocorre o espetáculo:
As amplas avenidas e a busca
Da cidade como agulha no palheiro.

Como estancar esse andar de peregrino,
Confundir-se com todos, ser igual?
Mas sendo igual. É tão diversos.

- Maria da Conceição Paranhos, em "As esporas do tempo". Salvador BA: Fundação Casa de Jorge Amado/ COPENE, 1996, p. 19.



Maria da Conceição Paranhos
OUTRAS FONTES E REFERÊNCIAS DE PESQUISA
 :: Alguma Poesia - Carlos Machado
:: Antonio Miranda
:: Jornal de Poesia - Soares Feitosa 
:: Blog GLN - Página de Maria da Conceição Paranhos



* "Desvelando o tempo", é um poema de Maria da Conceição Paranhos, do livro 'As esporas do tempo'. Que também dá o ttítulo a esta página. 

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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten (pesquisa, seleção e organização). Maria da Conceição Paranhos - desvelando o tempo. Templo Cultural Delfos, fevereiro/2016. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
** Página atualizada em 6.2.2016.



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