COMPARTILHE NAS SUAS REDES

Wisława Szymborska - poemas I

Wislawa Szymborska - poeta polonesa


Wisława Szymborska, nasceu em 1923 em Bnin, na Polônia, e morreu em 2012. Em 1931 mudou-se com a família para a Cracóvia, onde estudou literatura e sociologia. Ao longo da vida, publicou doze pequenas coletâneas de poemas. Em 1996, a poeta ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Leia mais sobre a autora AQUI!


O poeta e o mundo

Discurso do Nobel 1996

Ao que parece, a primeira frase de um discurso é sempre a mais difícil. Pois bem, essa eu já deixei para trás... Mas sinto que as próximas também serão difíceis, a terceira, a sexta, a décima, até a última, porque tenho que falar de poesia. Raramente falei sobre esse tema, aliás quase nunca. E sempre com a convicção de que não o faço muito bem. Por isso meu discurso não será muito longo. Toda imperfeição é mais tolerável se oferecida em doses pequenas.
O poeta de hoje é cético e desconfiado até — ou talvez principalmente — em relação a si mesmo. Com relutância declara em publico ser poeta — como se isso o deixasse um pouco envergonhado. Mas nesta época ruidosa é muito mais fácil reconhecer nossas faltas, desde que as apresentemos elegantemente, e muito mais difícil admitir nossas qualidades, pois estão escondidas mais fundo e nós mesmos não acreditamos nelas de todo… Em questionários variados ou em conversas com interlocutores casuais, quando o poeta enfim é obrigado a declarar sua ocupação, prefere o termo geral “literato” ou então nomeia outro ofício adicional a que se dedica. Burocratas e desconhecidos dividindo o mesmo ônibus reagem com leve estranheza e inquietação ao descobrem que estão lidando com um poeta. Suponho que um filósofo também desperte desconforto semelhante. No entanto está em melhor posição, porque na maioria das vezes pode adornar seu ofício com um título acadêmico. Professor de Filosofia — isso já soa muito mais sério.
Mas não há professores de poesia. Pois isso significaria um emprego que exige estudos especializados, exames regulares, trabalhos escritos teóricos enriquecidos de bibliografia e notas de rodapé e, por fim, diplomas recebidos solenemente. E isso significaria, por sua vez, que para fazer um poeta não bastam folhas de papel nem mesmo com os mais belos poemas — é necessário, acima de tudo, um papel com algum carimbo. Lembremos que, justamente por falta dele, a gloria da poesia russa Jóssif Bródski, futuro ganhador do Prêmio Nobel, foi condenado ao desterro. Foi considerado um “parasita” por não ter uma declaração oficial que o autorizasse a ser poeta...
Há alguns anos tive a honra e o prazer de conhecê-lo pessoalmente. Percebi que só ele, entre os poetas que conheço, gostava de nomear-se “poeta”. Pronunciava a palavra sem resistências internas, até com certa desenvoltura desafiadora. Acho que isso se devia à lembrança das brutais humilhações que sofreu na juventude.
Em países mais afortunados, onde a dignidade humana não é violada tão facilmente, os poetas desejam, é claro, ser publicados, lidos e compreendidos, mas já não fazem nada, ou muito pouco, para se diferenciar das outras pessoas no dia a dia. Ainda há não pouco tempo, nas primeiras décadas de nosso século, os poetas gostavam de chocar com suas roupas extravagantes e comportamento excêntrico. Mas esse era sempre um espetáculo para uso público. Chegava o instante em que o poeta fechava a porta atrás de si, tirava todas aquelas pelerines, os badulaques e outros acessórios poéticos e ficava em silêncio, à espera de si mesmo diante da folha de papel ainda em branco. Porque é só isso que realmente conta.
Coisa característica: o tempo todo são produzidos filmes biográficos sobre grandes cientistas e grandes artistas. Os diretores mais ambiciosos se impõem como tarefa uma apresentação fiel do processo criativo que resultou em importantes descobertas científicas ou no surgimento das mais famosas obras de arte. Pode-se, com relativo sucesso, mostrar o trabalho de alguns cientistas: os laboratórios, os diversos instrumentos, os mecanismos postos a funcionar conseguem reter a atenção do público por algum tempo. Além disso, costumam ser dramáticos os instantes de incerteza: o experimento, repetido pela milésima vez, com uma pequenina modificação, trará o resultado desejado? Filmes sobre pintores soem ser espetaculares — pode-se mostrar todas as fases da criação de uma obra, desde o traço inicial até a ultima pincelada. A música preenche os filmes sobre compositores — dos primeiros compassos que o músico ouve dentro de si à forma madura da obra orquestrada para os instrumentos. Tudo isso ainda é ingênuo, e não esclarece nada desse estranho estado de espirito que chamamos popularmente de inspiração, mas pelo menos há algo a que se assistir e escutar.
Os poetas levam a pior. Seu trabalho é irremediavelmente não fotogênico. O sujeito senta à mesa ou deita no sofá e olha fixamente a parede ou o teto, de quando em quando escreve sete versos, dos quais, depois de quinze minutos, risca um e de novo passa uma hora sem que nada aconteça… Que espectador aguentaria assistir a uma coisa assim?
Mencionei a inspiração. Quando lhes perguntam o que é — se é que existe —, os poetas contemporâneos respondem com evasivas. Não porque nunca tenham sentido o beneficio desse impulso interno. A razão é outra. Não é fácil explicar para os outros o que nós mesmos não entendemos.
Eu também, quando às vezes me perguntam sobre isso, passo longe do amago da questão. Mas costumo responder o seguinte: a inspiração não é privilégio exclusivo dos poetas ou dos artistas em geral. Existe, existiu e sempre existirá um grupo de pessoas a quem a inspiração visita. São todos aqueles que escolhem conscientemente seu trabalho e o fazem com amor e imaginação. Existem médicos, pedagogos, jardineiros e centenas de outros profissionais assim. Seu trabalho pode ser uma constante aventura desde que consigam ver nele sempre novos desafios. Apesar das dificuldades e fracassos, sua curiosidade não arrefece. A cada problema resolvido segue-se um enxame de novas perguntas. A inspiração, seja ela o que for, nasce de um incessante “não sei”.
Não há muitas pessoas assim. A maioria dos habitantes da Terra trabalha para se sustentar, trabalha porque precisa. Não são eles que escolhem o trabalho por paixão; são as circunstâncias da vida que o escolhem por eles. Um trabalho detestado, um trabalho monótono, valorizado somente porque nem mesmo esse tipo está disponível para todos, esse é um dos maiores infortúnios humanos. E não há indicio de que os próximos séculos trarão uma mudança para melhor.
Posso então dizer que, embora negue aos poetas o monopólio da inspiração, mesmo assim coloco-os no grupo seleto dos escolhidos da sorte.
Aqui, entretanto, podem surgir dúvidas nos ouvintes. Diversos torturadores, ditadores, fanáticos, demagogos lutando pelo poder com a ajuda de quaisquer palavras de ordem bradadas bem alto também gostam de seu trabalho e também o executam com fervorosa inventividade. Sim, mas eles “sabem”. Sabem, e aquilo que sabem lhes basta de uma vez por todas. Não querem saber de nada mais, pois isso poderia diminuir a força de seus argumentos. E todo conhecimento que não gera em si novas perguntas logo se torna morto, perde a temperatura que sustém a vida. Nos casos mais extremos, que conhecemos bem da história antiga e contemporânea, pode até ser um perigo mortal para as sociedades.
Por isso valorizo tanto estas duas pequenas palavras: “não sei”. Pequenas, mas de asas poderosas que expandem nossa vida por espaços contidos em nós mesmos e espaços nos quais está suspensa nossa minúscula Terra. Se Isaac Newton nunca tivesse dito a si mesmo “não sei”, as maçãs do pomar poderiam ter caído como granito diante de seus olhos e ele, na melhor das hipóteses, teria se abaixado para apanhar uma e comido com apetite. Se minha conterrânea Marie Sklodowska-Curie não tivesse dito a si mesma “não sei”, provavelmente teria se tornado professora de química numa escola para moças de boa família e nesse emprego — aliás, perfeitamente respeitável — teria passado sua vida. No entanto, repetiu para si mesma “não sei” e assim essas duas palavras a trouxeram, não uma, mas duas vezes, para Estocolmo, onde pessoas de espírito inquieto e eternamente inquiridor são agraciadas com o prêmio Nobel.
Também o poeta, se é um poeta de verdade, deve repetir constantemente para si mesmo “não sei”. Cada poema seu é uma tentativa de resposta, mas assim que ele coloca o ponto final, já o espreita a dúvida, já começa a se dar conta de que aquela é uma resposta temporária e totalmente insuficiente. E assim tenta mais uma vez, e mais outra e depois os historiadores da literatura juntam com um grande clipe essas sucessivas provas de sua insatisfação consigo mesmo e chamam-nas de sua “obra”...
Às vezes sonho com situações impossíveis de realizar. Imagino, por exemplo, na minha audácia, que posso ter uma conversa com Eclesiastes, o autor daquele lamento tão comovente sobre a vaidade de todas as ações humanas. Eu lhe faria uma profunda reverência, pois se trata de um dos poetas mais importantes — pelo menos para mim. Mas depois tomaria sua mão. “Nada de novo sob o sol” — escreveste, Eclesiastes. No entanto tu mesmo nasceu novo sob o sol. E o poema que criaste também é novo sob o sol, já que ninguém o escreveu antes de ti. E novos sob o sol são todos os teus leitores, pois os que viveram antes de ti não puderam ler teu poema. E também o cipreste à sombra do qual sentaste não cresce aqui desde o começo do mundo. Ele surgiu de outro cipreste parecido com o teu, mas não exatamente o mesmo. E além disso, Eclesiastes, queria te perguntar o que de novo sob o sol tenciona escrever agora. Será algo com que ainda complementes teus pensamentos ou acaso estás tentando a contradizer alguns deles? Na tua obra anterior, vislumbraste a alegria — que importa que seja fugaz? Portanto, quem sabe será sobre ela teu novo poema novo sob o sol? Já tens anotações, os primeiros rascunhos? Não dirás decerto: “Escrevi tudo, não tenho nada a acrescentar”. Nenhum poeta no mundo pode dizer tal coisa, muito menos um poeta como tu.
O mundo, o que quer que dele pensemos, amedrontados por sua vastidão e nosso próprio desamparo diante dele ou amargurados por sua indiferença aos sofrimentos individuais — das pessoas, dos animais e até mesmo das plantas (pois como ter certeza de que as plantas não sofrem?); o que quer que pensemos de seus espaços transpassados por raios de estrelas, estrelas ao redor das quais se começou a descobrir planetas (já mortos? ainda mortos? — não sabemos); o que quer que pensemos desse teatro incomensurável para o qual temos uma entrada reservada, mas cuja validade é risivelmente curta, limitada por duas datas irrevogáveis; o que quer que ainda pensemos sobre este mundo — ele é espantoso.
Porém, no termo “espantoso” se esconde uma armadilha lógica. Espantamo-nos, afinal, com o que diverge de alguma norma conhecida e comumente aceita, de alguma obviedade à qual nos acostumamos. Mas a questão é que não há um mundo óbvio. Nosso espanto existe por si só e não resulta de nenhuma comparação com coisa alguma.
É fato que na linguagem coloquial, na qual não se pondera sobre cada palavra, todos usamos termos como “o mundo comum”, “a vida comum”, “a ordem comum das coisas”... Entretanto, na linguagem da poesia, na qual se pesa cada palavra, nada é comum ou normal. Nenhuma pedra e sobre ela nenhuma nuvem. Nenhum dia e depois dele nenhuma noite. E acima de tudo nenhuma existência do que quer que seja neste mundo.
Pelo visto os poetas sempre vão ter muito que fazer.

*

Wislawa Szymborska - poeta polonesa
Poeta I Świat

Wislawa Szymborska — Odczyt Noblowski 1996

Podobno w przemówieniu pierwsze zdanie jest zawsze najtrudniejsze. A więc mam je już poza sobą … Ale czuję, że i następne zdania będą trudne, trzecie, szóste, dziesiąte, aż do ostatniego, ponieważ mam mówić o poezji. Na ten temat wypowiadaiam się rzadko, prawie wcale. I zawsze towarzyszyło mi przekonanie, że nie robię tego najlepiej. Dlatego mój odczyt nie będzie zbyt długi. Wszelka niedoskonałość lżejsza jest do zniesienia, jeśli podaje się ją w małych dawkach.
Dzisiejszy poeta jest sceptyczny i podejrzliwy nawet ń a może przede wszystkim ń wobec samego siebie. Z niechęcią oświadcza publicznie, że jest poetą ń jakby się tego trochę wstydził. Ale w naszej krzykliwej epoce dużo łatwiej przyznać się do własnych wad, jeżeli tylko prezentują się efektownie, a dużo trudniej do zalet, bo są głębiej ukryte, i w które samemu nie do końca się wierzy … W różnych ankietach czy rozmowach z przypadkowymi ludźmi, kiedy poecie już koniecznie wypada określić swoje zajęcie, podaje on ogólnikowe “literat” albo wymienia nazwę dodatkowo wykonywanej pracy. Wiadomość, że mają do czynienia z poetą, przyjmowana jest przez urzędników czy współpasażerów autobusu z lekkim niedowierzaniem i zaniepokojeniem. Przypuszczam, że i filozof budzi podobne zakłopotanie. Jest jednak w lepszym położeniu, bo najczęściej ma możność ozdobienia swojej profesji jakimś tytułem naukowym. Profesor filozofii ń to brzmi już dużo poważniej.
Nie ma jednak profesorów poezji. To by przecież znaczyło, że jest to zatrudnienie wymagające specjalistycznych studiów, regularnie zdawanych egzaminów, rozpraw teoretycznych wzbogaconych bibliografią i odnośnikami, a wreszcie uroczyście otrzymywanych dyplomów. A to z kolei oznaczałoby, że po to, żeby zostać poetą, nie wystarczą kartki papieru zapisane choćby najświetniejszymi wierszami ń konieczny jest i to przede wszystkim, jakiś papierek z pieczątką. Przypomnijmy sobie, że na takiej właśnie podstawie skazano na zesłanie chlubę poezji rosyjskiej, późniejszego Noblistę, Josifa Brodskiego. Uznano go za “pasożyta”, ponieważ nie miał urzędowego zaświadczenia, że wolno mu być poetą …
Przed kilkoma laty miałam zaszczyt i radość poznać Go osobiście. Zauważyłam, że on jeden, spośród znanych mi poetów, lubił mówić o sobie “poeta”, wymawiał to słowo bez wewnętrznych oporów, z jakąś nawet wyzywającą swobodą. Myślę, że to przez pamięć brutalnych upokorzeń, jakich doznał w młodości.
W krajach szczęśliwszych, gdzie godność ludzka nie jest naruszana tak łatwo, poeci pragną być oczywiście publikowani, czytani i rozumiani, ale nie robią już nic albo bardzo niewiele, żeby na co dzień wyróżniać się wśród innych ludzi. A jeszcze tak niedawno temu, w pierwszych dziesięcioleciach naszego wieku, poeci lubili szokować wymyślnym strojem i ekscentrycznym zachowaniem. Było to jednak zawsze widowisko na użytek publiczny. Przychodziła chwila, kiedy poeta zamykał za sobą drzwi, zrzucał ze siebie te wszystkie peleryny, błyskotki i inne poetyczne akcesoria, i stawał w ciszy, w oczekiwaniu na samego siebie, nad niezapisaną jeszcze kartką papieru. Bo tak naprawdę tylko to się liczy.
Rzecz charakterystyczna. Produkuje się ciągle dużo biograficznych filmów o wielkich uczonych i wielkich artystach. Zadaniem ambitniejszych reżyserów jest wiarygodne przedstawienie procesu twórczego, który w rezultacie prowadził do ważnych odkryć naukowych czy powstawania najsłynniejszych dzieł sztuki. Można z jakim takim sukcesem ukazać pracę niektórych uczonych: laboratoria, przeróżne przyrządy, mechanizmy wprowadzone w ruch są zdolne przez pewien czas utrzymać uwagę widzów. Ponadto bardzo dramatyczne bywają chwile niepewności, czy powtarzany po raz tysiączny eksperyment, z drobną tylko modyfikacją, przyniesie wreszcie spodziewany wynik. Widowiskowe potrafią być filmy o malarzach ń można odtworzyć wszystkie fazy powstawania obrazu od początkowej kreski do ostatniego dotknięcia pędzla. Filmy o kompozytorach wypełnia muzyka ń od pierwszych taktów, które twórca słyszy w sobie, aż do dojrzałej formy dzieła rozpisanego na instrumenty. Wszystko to jest w dalszym ciągu naiwne i nic nie mówi o tym dziwnym stanie ducha, zwanym popularnie natchnieniem, ale przynajmniej jest co oglądać i jest czego słuchać.
Najgorzej z poetami. Ich praca jest beznadziejnie niefotogeniczna. Człowiek siedzi przy stole albo leży na kanapie, wpatruje się nieruchomym wzrokiem w ścianę albo w sufit, od czasu do czasu napisze siedem wersów, z czego jeden po kwadransie skreśli, i znów upływa godzina, w której nic się nie dzieje … Jaki widz wytrzymałby oglądanie czegoś takiego?
Wspomniałam o natchnieniu. Na pytanie, czym ono jest, jeśli jest, poeci współcześni dają odpowiedzi wymijające. Nie dlatego, że nigdy nie odczuli dobrodziejstwa tego wewnętrznego impulsu. Przyczyna jest inna. Niełatwo wyjaśnić komuś coś, czego się samemu nie rozumie.
Ja także, pytana o to czasami, istotę rzeczy obchodzę z daleka. Ale odpowiadam w sposób taki: natchnienie nie jest wyłącznym przywilejem poetów czy artystów w ogólności. Jest, była, będzie zawsze pewna grupa ludzi, których natchnienie nawiedza. To ci wszyscy, którzy świadomie wybierają sobie pracę i wykonują ją z zamiłowaniem i wyobraźnią. Bywają tacy lekarze, bywają tacy pedagodzy, bywają tacy ogrodnicy i jeszcze setka innych zawodów. Ich praca może być bezustanną przygodą, jeśli tylko potrafią w niej dostrzec coraz to nowe wyzwania. Pomimo trudów i porażek, ich ciekawość nie stygnie. Z każdego rozwiązanego zagadnienia wyfruwa im rój nowych pytań. Natchnienie, czymkolwiek ono jest, rodzi się z bezustannego “nie wiem”.
Takich ludzi nie jest zbyt wielu. Większość mieszkańców tej ziemi pracuje, żeby zdobyć środki utrzymania, pracuje, bo musi. To nie oni z własnej pasji wybierają sobie pracę, to okoliczności życia wybierają za nich. Praca nie lubiana, praca, która nudzi, ceniona tylko dlatego, że nawet w tej postaci nie dla wszystkich jest dostępna, to jedna z najcięższych ludzkich niedoli. I nie zanosi się na to, żeby najbliższe stulecia przyniosły tutaj jakąś szczęśliwą zmianę.
Wolno mi więc powiedzieć, że wprawdzie odbieram poetom monopol na natchnienie, ale i tak umieszczam ich w nielicznej grupie wybrańców losu.
Tutaj jednak mogą się w słuchaczach zbudzić wątpliwości. Rozmaici oprawcy, dyktatorzy, fanatycy, demagodzy walczący o władzę przy pomocy kilku byle głośno wykrzykiwanych haseł, także lubią swoją pracę i także wykonują ją z gorliwą pomysłowością. No tak, ale oni “wiedzą”. Wiedzą, a to, co wiedzą, wystarcza im raz na zawsze. Niczego ponad to nie są ciekawi, bo to mogłoby osłabić siłę ich argumentów. A wszelka wiedza, która nie wyłania z siebie nowych pytań, staje się w szybkim czasie martwa, traci temperaturę sprzyjającą życiu. W najskrajniejszych przypadkach, o czym dobrze wiadomo z historii dawnej i współczesnej, potrafi być nawet śmiertelnie groźna dla społeczeństw.
Dlatego tak wysoko sobie cenię dwa małe słowa: “nie wiem”. Małe, ale mocno uskrzydlone. Rozszerzające nam życie na obszary, które mieszczą się w nas samych i obszary, w których zawieszona jest nasza nikła Ziemia. Gdyby Izaak Newton nie powiedział sobie “nie wiem”, jabłka w ogródku mogłyby spadać na jego oczach jak grad, a on w najlepszym razie schylałby się po nie i zjadał z apetytem. Gdyby moja rodaczka Maria Skłodowska-Curie nie powiedziała sobie “nie wiem”, zostałaby pewnie nauczycielką chemii na pensji dla panienek z dobrych domów, i na tej ń skądinąd zacnej ń pracy upłynęłoby jej życie. Ale powtarzała sobie “nie wiem” i te właśnie słowa przywiodły ją, i to dwukrotnie, do Sztokholmu, gdzie ludzi o duchu niespokojnym i wiecznie poszukującym nagradza się Nagrodą Nobla.
Poeta również, jeśli jest prawdziwym poetą, musi ciągle powtarzać sobie “nie wiem”. Każdym utworem próbuje na to odpowiedzieć, ale kiedy tylko postawi kropkę, już ogarnia go wahanie, już zaczyna sobie zdawać sprawę, że jest to odpowiedź tymczasowa i absolutnie niewystarczająca. Więc próbuje jeszcze raz i jeszcze raz, a potem te kolejne dowody jego niezadowolenia z siebie historycy literatury zepną wielkim spinaczem i nazywać będą “dorobkiem” …
Marzą mi się czasami sytuacje niemożliwe do urzeczywistnienia. Wyobrażam sobie na przykład w swojej zuchwałości, że mam okazję porozmawiania z Eklezjastą, autorem jakże przejmującego lamentu nad marnością wszelkich ludzkich poczynań. Pokłoniłabym mu się bardzo nisko, bo to przecież jeden z najważniejszych ń przynajmniej dla mnie ń poetów. Ale potem pochwyciłabym go za rękę. “Nic nowego pod słońcem” ń napisałeś, Eklezjasto. Ale przecież Ty sam urodziłeś się nowy pod słońcem. A poemat, którego jesteś twórcą, też jest nowy pod słońcem, bo przed Tobą nie napisał go nikt. I nowi pod słońcem są wszyscy Twoi czytelnicy, bo ci, co żyli przed Tobą, czytać go przecież nie mogli. Także i cyprys, w którego cieniu usiadłeś, nie rośnie tutaj od początku świata. Dał mu początek jakiś cyprys inny, podobny do Twojego, ale nie całkiem ten sam. I ponadto chciałabym Cię spytać, Eklezjasto, co nowego pod słońcem zamierzasz teraz napisać. Czy coś, czym uzupełnisz jeszcze swoje myśli, czy może masz pokusę niektórym z nich zaprzeczyć jednak? W swoim poprzednim poemacie dostrzegłeś także i radość ń cóż z tego, że przemijającą? Więc może o niej będzie Twój nowy pod słońcem poemat? Czy masz już notatki, jakieś pierwsze szkice? Nie powiesz chyba: “Napisałem wszystko, nie mam nic do dodania”. Tego nie może powiedzieć żaden na świecie poeta, a co dopiero tak wielki jak Ty.
Świat, cokolwiek byśmy o nim pomyśleli zatrwożeni jego ogromem i własną wobec niego bezsilnością, rozgoryczeni jego obojętnością na poszczególne cierpienia ń ludzi, zwierząt, a może i roślin, bo skąd pewność, że rośliny są od cierpień wolne; cokolwiek byśmy pomyśleli o jego przestrzeniach przeszywanych promieniowaniem gwiazd, gwiazd, wokół których zaczęto już odkrywać jakieś planety, już martwe? jeszcze martwe? ń nie wiadomo; cokolwiek byśmy pomyśleli o tym bezmiernym teatrze, na który mamy wprawdzie bilet wstępu, ale ważność tego biletu jest śmiesznie krótka, ograniczona dwiema stanowczymi datami; cokolwiek jeszcze pomyślelibyśmy o tym świecie ń jest on zadziwiający.
Ale w określeniu “zadziwiający” kryje się pewna logiczna pułapka. Zadziwia nas przecież to, co odbiega od jakiejś znanej i powszechnie uznanej normy, od jakiejś oczywistości, do której jesteśmy przyzwyczajeni. Otóż takiego oczywistego świata nie ma wcale. Nasze zadziwienie jest samoistne i nie wynika z żadnych z czymkolwiek porównań.
Zgoda, w mowie potocznej, która nie zastanawia się nad każdym słowem, wszyscy używamy określeń: “zwykły świat”, “zwykłe życie”, “zwykła kolej rzeczy” … Jednak w języku poezji, gdzie każde słowo się waży, nic już zwyczajne i normalne nie jest. Żaden kamień i żadna nad nim chmura. Żaden dzień i żadna po nim noc. A nade wszystko żadne niczyje na tym świecie istnienie.
Wygląda na to, że poeci będą mieli zawsze dużo do roboty.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.


§§


Wislawa Szymborska - poeta polonesa

Seleção de poemas da poeta polonesa Wisława Szymborska em edição bilíngue

*Leia a continuação em POEMAS II. AQUI!
CHAMANDO POR YETI

Noite

Deus disse: toma teu filho, teu único filho,
a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriá,
onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.

Mas o que foi que o Isaac fez?
seu padre me diga.
Quebrou a vidraça do vizinho?
Rasgou a calça nova que usava
quando pulou a cerca de ripa?
Roubou um lápis?
Enxotou as galinhas?
Colou na prova?

Os adultos que durmam
um sono tolo assim,
esta noite
eu preciso vigiar até a aurora.
A noite se cala,
mas se cala contra mim,
escura
como o fervor de Abraão.

Onde vou me esconder,
quando em mim pousar
o olhar bíblico de Deus
como pousou em Isaac?
Antigos feitos se quiser
Deus pode ressuscitar.
Por isso gelada de medo
cubro a cabeça com o cobertor.

Algo logo vai
embranquecer diante da janela,
encher o quarto com o zumbido.
de um pássaro ou do vento.
Mas não há nenhum pássaro
de asas grandes como aquelas,
e nem vento
de camisa assim tão longa.

Deus vai fingir
que voou para dentro por acaso,
que não era para estar realmente ali,
e depois vai levar meu pai
para a cozinha confabular sobre o caso
e com uma grande trombeta lhe soprar ao ouvido.

E quando amanhã bem cedo
meu pai pela estrada me levar,
vou, vou,
enegrecida de ódio.
Em nenhum amor, nenhuma bondade,
vou acreditar,
mais indefesa
do que as folhas de novembro.
Nem confiar,
de nada vale a confiança.

Nem amar,
carregar um coração vivo no peito.
Quando acontecer o que tem que acontecer,
quando acontecer,
vai me bater um fungo seco
em vez do coração.

Deus espera
e da sacada das nuvens espia
para ver se alta e bela
queima a fogueira
e verá como
se morre de teimosia,
porque vou morrer
não vou deixar que me salve!

Desde aquela noite
além dos limites de um sono malsão,
desde aquela noite
além dos limites da solidão,
Deus começou
pouco a pouco
devagarinho
a mudança
do literal
para o metafórico.

*

Noc

I rzekł Bóg: Weźmij syna twego jednorodzonego,
którego miłujesz, Izaaka, a idź z nim do ziemi Moria
i tam go ofiarujesz na całopalenie na jednej z gór,
którą tobie wskażę.

Co takiego zrobił Izaak,
proszę księdza katechety?
Może piłką wybił szybę u sąsiada?
Może rozdarł nowe spodnie,
gdy przechodził przez sztachety?
Kradł ołówki?
Płoszył kury?
Podpowiadał?

Niech dorośli
leżą sobie w głupim śnie,
ja tej nocy
muszę czuwać aż do rana.
Ta noc milczy,
ale milczy przeciw mnie
i jest czarna
jak gorliwość Abrahama.

Gdzie się skryję,
gdy biblijne oko boże
spocznie na mnie
jak spoczęło na Izaaku?
Stare dzieje
Bóg, gdy zechce, wskrzesić może.
Więc naciągam koc na głowę
w mrozie strachu.

Coś niebawem
zabieleje przed oknami,
ptakiem, wiatrem
po pokoju zaszumi.
Ale przecież nie ma ptaków
z tak wielkimi skrzydłami,
ani wiatru
w takiej długiej koszuli.

Pan Bóg uda,
że wefrunął przypadkiem,
że to wcale a wcale nie tutaj,
a potem weźmie ojca
do kuchni na konszachty,
z dużej trąby mu w uszy zadmucha.

A gdy jutro skoro świt
ojciec w drogę mnie zabierze,
pójdę, pójdę
pociemniała z nienawiści.
W żadną dobroć, w żadną miłość
nie uwierzę,
bezbronniejsza
od listopadowych liści.
Ani ufać,
nic nie warte jest ufanie.

Ani kochać,
żywe serce nosić w piersiach.
Gdy się stanie, co się stać ma,
gdy się stanie,
bić mi będzie grzyb suszony
zamiast serca.

Czeka Pan Bóg
i z balkonu chmur spoziera,
czy się ładnie, czy się równo
stos zapali
i zobaczy,
jak na przekór się umiera,
bo ja umrę,
nie pozwolę się ocalić!

Od tej nocy
ponad miarę złego snu,
od tej nocy
ponad miarę samotności,
zaczął Pan Bóg
pomalutku
dzień po dniu
przeprowadzkę
z dosłowności
do przenośni.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Nada duas vezes

Nada acontece duas vezes
nem acontecerá. Eis nossa sina.
Nascemos sem prática
e morremos sem rotina.

Mesmo sendo os piores alunos
na escola deste mundão,
nunca vamos repetir
nenhum inverno nem verão.

Nem um dia se repete,
não há duas noites iguais,
dois beijos não são idênticos,
nem dois olhares tais quais.

Ontem quando alguém falou
o teu nome junto a mim
foi como se pela janela aberta
caísse uma rosa do jardim.

Hoje que estamos juntos,
o nosso caso não medra.
Rosa? Como é uma rosa?
É uma flor ou é uma pedra?

Por que você tem, má hora,
que trazer consigo a incerteza?
Você vem – mas vai passar.
Você passa – eis a beleza.

Sorridentes, abraçados
tentaremos viver sem mágoa,
mesmo sendo diferentes
como duas gotas d’água.

*

Nic dwa razy

Nic dwa razy się nie zdarza
i nie zdarzy. Z tej przyczyny
zrodziliśmy się bez wprawy
i pomrzemy bez rutyny.

Choćbyśmy uczniami byli
najtępszymi w szkole świata,
nie będziemy repetować
żadnej zimy ani lata.

Żaden dzień się nie powtórzy,
nie ma dwóch podobnych nocy,
dwóch tych samych pocałunków,
dwóch jednakich spojrzeń w oczy.

Wczoraj, kiedy twoje imię
ktoś wymówił przy mnie głośno,
tak mi było jakby róża
przez otwarte wpadła okno.

Dziś, kiedy jesteśmy razem,
odwróciłam twarz ku ścianie.
Róża? Jak wygląda róża?
Czy to kwiat? A może kamień?

Czemu ty się, zła godzino,
z niepotrzebnym mieszasz lękiem?
Jesteś – a więc musisz minąć.
Miniesz – a więc to jest piękne.

Uśmiechnięci, współobjęci
spróbujemy szukać zgody,
choć różnimy się od siebie
jak dwie krople czystej wody.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Ópera bufa

Primeiro passará o nosso amor,
depois cem, duzentos anos,
depois nos encontraremos de novo:

um casal de comediantes,
os favoritos do público,
vai nos representar no teatro.

Uma pequena farsa com canções,
um pouco de dança, muito riso,
uma boa comédia de costumes
e aplausos.

Você irresistivelmente cômico
nesse palco, com esse ciúme
e essa gravata.

Minha cabeça virada
Meu coração e coroa,
o coração tolo rebentando
e a coroa despencando.

Vamos nos encontrar,
afastar, a sala rindo sem parar,
e sete rios, sete montes
entre nós imaginar.

E como se não bastassem
os fracassos e as dores da vida
— nos feriremos com palavras.

Depois faremos mesuras
e com a farsa terminada,
o público irá dormir
depois de muita risada.

Eles vão viver contentes,
o amor vão amansar,
o tigre vai comer nas suas mãos. 

E nós sempre assim desse jeito,
nós de barretes com guizos,
com seu tinido bárbaro
nos nossos ouvidos.

*

Buffo

Najpierw minie nasza miłość,
potem sto i dwieście lat,
potem znów będziemy razem:

komediantka i komediant,
ulubieńcy publiczności,
odegrają nas w teatrze.

Mała farsa z kupletami,
trochę tańca, dużo śmiechu,
trafny rys obyczajowy
i oklaski.

Będziesz śmieszny nieodparcie
na tej scenie, z tą zazdrością,
w tym krawacie.

Moja głowa zawrócona,
moje serce i korona,
głupie serce pękające
i korona spadająca.

Będziemy się spotykali,
rozstawali, śmiech na sali,
siedem rzek, siedem gór
między sobą obmyślali.

I jakby nam było mało
rzeczywistych klęsk i cierpień
— dobijemy się słowami.

A potem się pokłonimy
i to będzie farsy kres.
Spektatorzy pójdą spać
ubawiwszy się do łez.

Oni będą ślicznie żyli,
oni miłość obłaskawią,
tygrys będzie jadł z ich ręki.

A my wiecznie jacyś tacy,
a my w czapkach z dzwoneczkami,
w ich dzwonienie barbarzyńsko
zasłuchani.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Rememoração

Amaram-se debaixo da aveleira
sob sóis de orvalho
com folhas secas e terra
grudadas no cabelo.

Coração de andorinha
tem piedade deles.

Ajoelhados à beira do lago,
as folhas retiraram,
e reluzentes, como estrelas,
os peixes se aproximaram.

Coração de andorinha
tem piedade deles.

O reflexo das árvores
nas marolas esfumaçado,
andorinha, faz com que nunca
seja por eles olvidado.

Andorinha, espinho de nuvem,
âncora do ar,
Ícaro melhorado,
fraque ascendido ao céu,

andorinha caligrafia,
ponteiro sem os minutos,
protopássaro gótico,
estrabismo nos céus,

andorinha silêncio agudo,
luto alegre,
auréola dos amantes,
tem piedade deles

*

Upamiętnienie

Kochali się w leszczynie
pod słońcami rosy,
suchych liści i ziemi
nabrali we włosy.

Serce jaskółki
zmiłuj się nad nimi.

Uklękli nad jeziorem,
wyczesali liście
a ryby podpływały
do brzegu gwiaździście.

Serce jaskółki
zmiłuj się nad nimi.

Odbicia drzew dymiły
na zdrobniałej fali.
Jaskółko, spraw, by nigdy
nie zapominali.

Jaskółko, cierniu chmury,
kotwico powietrza,
ulepszony Ikarze,
wniebowzięty fraku,

jaskółko kaligrafio,
wskazówko bez minut,
wczesnoptasi gotyku,
zezie na niebiosach,

jaskółko ciszo ostra,
żałobo wesoła,
aureolo kochanków,
zmiłuj się nad nimi.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Funeral

Retirada do barro a caveira
e no mármore colocada,
nana neném medalhas
em purpúreas almofadas.
Retirada do barro a caveira

Leram nas fichas:
a) era um sujeito terno,
b) bandas, comecem a tocar,
c) pena que não fosse eterno.
Leram nas fichas.

E você, nação, avalie
e respeite este feito,
que quem nasce uma vez,
pode ter duas tumbas por leito.
E você, nação, avalie.

Não faltaram desfiles
para trombones e hinos
e polícia para a turba
e badalar para os sinos.
Não faltaram desfiles.

Os seus olhos se erguiam
para ver se as pombas
já voavam carregando
nos bicos as bombas.
Os seus olhos se erguiam.

Entre eles e o povo
só as árvores deviam estar,
somente o que nas folhas
se cala ou se põe a cantar.
Entre eles e o povo.

De repente pontes levadiças,
de repente um cânion empedrado,
com o fundo calçado para tanques,
com eco para ser povoado.
De repente pontes levadiças.

Ainda de seu sangue repletas
com esperança as pessoas descem.
Ainda não sabem que de terror
as cordas dos sinos empalidecem.

Ainda de seu sangue repletas.

*

Pogrzeb

Czaszkę z gliny wyjęli,
położyli w marmury,
luli luli ordery
na poduszkach z purpury.
Czaszkę z gliny wyjęli.

Odczytali z karteczki
a) był to chłop serdeczny,
b) zagrajcie orkiestry,
c) szkoda że nie wieczny.
Odczytali z karteczki.

A ty oceń, narodzie,
a ty szanuj tę zdobycz,
że kto raz się urodzi,
może zyskać dwa groby.
A ty oceń, narodzie.

Nie zabrakło parady
dla tysiąca puzonów
i policji dla tłumów
i huśtania dla dzwonów.
Nie zabrakło parady.

Mieli oczy umkliwe
od ziemi ku niebiosom,
czy już lecą gołębie
i bomby w dziobkach niosą.
Mieli oczy umkliwe.

Między nimi i ludem
miały być tylko drzewa,
to tylko, co się w liściach
przemilczy i prześpiewa.
Między nimi i ludem.

A tu mosty zwodzone,
a tu wąwóz z kamienia,
z dnem gładzonym pod czołgi,
z echem do zadudnienia.
A tu mosty zwodzone.

Jeszcze pełen krwi swojej
lud odchodzi z nadzieją,
jeszcze nie wie, że z grozy
sznury dzwonów siwieją.

Jeszcze pełen krwi swojej.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Ainda

Vão polo país em vagões selados
os nomes transportados,
mas para onde vão assim,
será que a viajem terá fim,
não sei, não direi, não perguntem.

O nome Natan esmurra a parede,
o nome Isaac canta louco de fome,
o nome Sara pede água para o nome
Aarão, que morre de sede.

Não pule do trem, nome Davi.
Você é um nome que ao fracasso condena,
não dado a ninguém, sem lar,
carregá-lo neste pais é uma dura pena.

Que teu filho tenha um nome eslavo,
porque aqui cada fio de cabelo é contado,
porque aqui o bom do mau
pelo nome e feição é separado.

Não pule do trem. Ainda não é hora.
Não pule do trem. Será Lech o teu filho.
Não pule. A noite como uma risada sonora
arremenda o rolar das rodas no trilho.

Uma nuvem de gente sobre o país seguiu,
nuvem grande, chuva pouca, uma lágrima caiu,
chuva pouca, uma lágrima, secura.
Os trilhos dão em uma floresta escura.

Sim, é assim, segue pelos trilhos o trem.
Sim, é assim. O transporte dos gritos de ninguém.
Sim, é assim. Desperta na noite escuto
sim, é assim., o surdo martelar do silêncio.

*

Jeszcze 

W zaplombowanych wagonach
jadą krajem imiona,
a dokąd tak jechać będą,
a czy kiedy wysiędą,
nie pytajcie, nie powiem, nie wiem.

Imię Natan bije pięścią w ścianę,
imię Izaak śpiewa obłąkane,
imię Sara wody woła dla imienia
Aaron, które umiera z pragnienia.

Nie skacz w biegu, imię Dawida.
Tyś jest imię skazujące na klęskę,
nie dawane nikomu, bez domu,
do noszenia w tym kraju zbyt ciężkie.

Syn niech imię słowiańskie ma,
bo tu liczą włosy na głowie,
bo tu dzielą dobro od zła
wedle imion i kroju powiek.

Nie skacz w biegu. Syn będzie Lech.
Nie skacz w biegu. Jeszcze nie pora.
Nie skacz. Noc się rozlega jak śmiech
i przedrzeźnia kół stukanie na torach.

Chmura z ludzi nad krajem szła,
z dużej chmury mały deszcze, jedna łza,
mały deszcz, jedna łza, suchy czas.
Tory wiodą w czarny las.

Tak to, tak, stuka koło. Las bez polan.
Tak to, tak. Lasem jedzie transport wołań.
Tak to, tak. Obudzona w nocy słyszę
tak to, tak, łomotanie ciszy w ciszę.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Natureza-morta com um balãozinho

Em vez da volta das lembranças
na hora de morrer
quero ter de volta
as coisas perdidas.

Pela porta, janela, malas,
sombrinhas, luvas, casaco,
para que eu possa dizer:
Para que tudo isso.

Alfinetes, este e aquele pente,
rosa de papel, barbante, faca,
para que eu possa dizer:
Nada disto me faz falta.

Esteja onde estiver, chave,
tente chegar a tempo,
para que eu possa dizer:
Ferrugem, minha cara, ferrugem.

Caia uma nuvem de atestados,
licenças, enquetes,
para que eu possa dizer:
Que lindo o sol se pondo.

Relógio, aflore do rio
e permita que te segure na mão,
para que eu possa dizer:
Você finge ser a hora.

Vai aparecer também um balãozinho
levado pelo vento,
para que eu possa dizer:
Aqui não há crianças.

Voe pela janela aberta,
voe para o vasto mundo,
que alguém grite: Ó!
para que eu possa chorar.

*

Martwa natura z balonikiem

Zamiast powrotu wspomnień
w czasie umierania
zamawiam sobie powrót
pogubionych rzeczy.

Oknami, drzwiami parasole,
walizki, rękawiczki, płaszcz,
żebym mogła powiedzieć:
Na co mi to wszystko.

Agrafki, grzebień ten i tamten,
róża z bibuły, sznurek, nóż,
żebym mogła powiedzieć:
Niczego mi nie żal.

Gdziekowiek jesteś, kluczu,
staraj się przybyć w porę,
żebym mogła poiwiedzieć:
Rdza, mój drogi, rdza.

Spadnie chmura zaświadczeń,
Przepustek i ankiet,
żebym mogła powiedzieć:
Słoneczko zachodzi.

Zegarku, wypłyń z rzeki,
pozwól się wziąć do ręki,
żebym mogła powiedzicę:
Udajesz godzinę.

Znajdzie się też balonik
porwany przez wiatr,
żebym mogła powiedzieć:
Tutaj nie ma dzieci.

Odfruń w otrarte okno
odfruń w szeroki świat,
niech ktoś zawoła: O!
żebym zapłakać mogła.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

De uma expedição não realizada ao Himalaia

Ah, então este é o Himalaia.
Montanhas correndo para a lua.
O instante da largada fixado
no rasgar súbito do céu.
Deserto de nuvens perfurado.
Um golpe no nada.
Eco — um mudo branco.
Silêncio.

Yeti, lá embaixo é quarta-feira,
tem abecedário, pão
e dois e dois são quatro
e a neve derrete.
Tem rosa amarela,
tão formosa, tão bela.

Yeti, nem só crimes
acontecem entre nós.
Yeti, nem todas as palavras
condenam à morte.

Herdamos a esperança —
o dom de esquecer.
Você vai ver como damos
à luz em meio a ruínas.

Yeti, temos Shakespeare lá.
Yeti, e violinos para tocar.
Yeti, ao cair a noite
acendemos a luz.

Aqui — nem lua nem terra
e a lágrima congela.
Ó Yeti meio lunar,
pense, volte!

Entre as quatro paredes da avalanche
assim eu chamava pelo Yeti
batendo os pés para me aquecer
na neve
na eterna.

*

Z nieodbytej wyprawy w Himalaje

Aha, więc to są Himalaje.
Góry w biegu jak księżyc.
Chwila startu utrwalona
na rozprutym nagle niebie.
Pustynia chmur przebita.
Uderzenie w nic.
Echo — biała niemowa.
Cisza.

Yeti, niżej jest środa,
abecadło, chleb
i dwa a dwa to cztery
i topnieje śnieg.
Jest czerwone jabłuszko
przekrojone na krzyż.

Yeti, nie tylko zbrodnie
są u nas możliwe.
Yeti, nie wszystkie słowa
skazują na śmierć.

Dziedziczymy nadzieję —
dar zapominania.
Zobaczysz jak rodzimy
dzieci na ruinach.

Yeti, Szekspira mamy.
Yeti, na skrzypcach gramy.
Yeti, o zmroku
zapalamy światło.

Tu — ni księżyc, ni ziemia
i łzy zamarzają.
O Yeti Półtwardowski,
zastanów się, wróć!

Tak w czterech ścianach lawin
wołam do Yeti
przytupując dla rozgrzewki
na śniegu
wiecznym.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Sonho de uma noite de verão

Já se acende o bosque de Ardenas.
Não se aproxime de mim.
Tola, tola,
me meti com o mundo.

Comi pão, bebi água,
o vento me envolveu, a chuva me molhou.
Por isso cuidado comigo. Vá-se embora.
E por isso cubra os olhos.

Vá-se embora, vá-se embora, mas não por terra.
Navegue, navegue, mas não por mar.
Voe, voe, meu caro,
mas não toque no ar.

Fitemo-nos de olhos fechados.
Falemo-nos com os lábios cerrados.
Abracemo-nos através de um largo muro.

Dupla pouco divertida esta:
em vez de lua, brilha a floresta
e um forte vento, ó Píramo, inflama
o manto radiativo da tua dama.

*

Sen nocy letniej

Już las w Ardenach świeci.
Nie zbliżaj się do mnie.
Głupia, głupia,
zadawałam się ze światem:

Jadłam chleb, piłam wodę,
wiatr mnie owiał, deszcz mnie zmoczył.
Dlatego strzeż się mnie, odejdź.
I dlatego zasłoń oczy.

Odejdź, odejdź, ale nie po lądzie,
Odpłyń, odpłyń, ale nie po morzu.
Odfruń, odfruń, dobry mój,
ale powietrza nie tykaj.

Patrzmy w siebie zamkniętymi oczami.
Mówmy sobie zamkniętymi ustami.
Bierzmy się przez gruby mur.

Małośmieszna para z nas:
zamiast księżyca świeci las
a podmuch zrywa twojej damie
radioaktywny płaszcz, Pyramie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Atlântida

Existiram ou não existiram.
Era ou não era numa ilha.
Foi o oceano ou não foi o oceano
que os  engoliu ou não.

Alguém pôde amar alguém?
Alguém pôde lutar com alguém?
Sucedeu tudo ou nada,
foi ou não foi.

Havia sete cidades.
Será mesmo?
Queriam ser eternas.
E as provas?

Não inventaram a pólvora, não.
A pólvora, inventaram-na, sim.

Hipoteticos. Duvidosos.
Não comemorados.

Não extraidos do fogo,
da água, da terra, do ar.

Não contidos numa pedra
nem numa gota de chuva.

Não podendo a sério
posar como advertência.

Um meteoro caiu.
Não foi um meteoro.
Um vulcão explodiu.
Não foi um vulcão.
Alguém chamou por algo.
Ninguém, por nada.

Nessa mais ou menos Atlântida.

*

Atlantyda

Istnieli albo nie istnieli.
Na wyspie albo nie na wyspie.
Ocean albo nie ocean
połknął ich albo nie.

Czy było komu kochać kogo?
Czy było komu walczyć z kim?
Działo się wszystko albo nic
tam albo nie tam.

Miast siedem stało.
Czy na pewno?
Stać wiecznie chciało.
Gdzie dowody?

Nie wymyślili prochu, nie.
Proch wymyślili, tak.

Przypuszczalni. Wątpliwi.
Nie upamiętnieni.

Nie wyjęci z powietrza,
z ognia, z wody, z ziemi.

Nie zawarci w kamieniu
ani w kropli deszczu.

Nie mogący na serio
pozować do przestróg.

Meteor spadł.
To nie meteor.
Wulkan wybuchnął.
To nie wulkan.
Ktoś wołał coś.
Niczego nikt.

Na tej plus minus Atlantydzie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

SAL

Um instante em Tróia

Menininhas,
magras e descrentes,
de que as sardas sumirão das bochechas,

não chamam nenhuma atenção,
perambulando pelas pálpebras do mundo,

parecidas com o papai ou a mamãe,
e sinceramente assustadas com isso,

diante do prato,
diante do livro,
da frente do espelho
sucede serem raptadas para Tróia.

Nos grandes vestiários de um pestanejar
se transformam em formosas Helenas.

Ascendem as escadas reais
num sussurro de assombro e de sedas.

Sentem-se leves. Sabem que
a beleza é um descanso,
que a fala assume o sentido dos lábios
e os gestos se esculpem sozinhos
em inspiração fastio.

Seus rostinhos
que valem a demissão dos emissários
se projetam com orgulho de colos
dignos de um cerco.

Ou morenos dos filmes,
os irmãos das colegas,
o professor de desenho,
ah, todos tombarão por elas.

As menininhas
da torre do sorriso
observam a catástrofe.

As menininhas
torcem as mãos
num rito inebriante de hipocrisia.

As menininhas
contra o fundo da devastação
no diadema da cidade em chamas
e os brincos do lamento universal nas orelhas.

Pálidas e sem uma lágrima.
Saciadas da visão. Triunfais.
Tristes somente
de ter que voltar.

As menininhas
voltando.

*

Chwila w Troi

Małe dziewczynki
chude i bez wiary,
że piegi zniknął z policzków,

nie zwracające niczyjej uwagi,
chodzące po powiekach świata,

podobne do tatusia albo do mamusi,
szczerze tym przerażone,

znad talerza,
znad książki,
sprzed lustra
porywane bywają w Troi.

W wielkich szatniach okamgnienia
przeobrażają się w piękne Heleny.

Wstępują po królewskich schodach
w szumie podziwu i długiego trenu.

Czują się lekkie. Wiedzą, że
piękność to wypoczynek,
że mowa sensu ust nabiera,
a gesty rzeźbią się same
w odniechceniu natchnionym.

Twarzyczki ich
warte odprawy posłów
dumnie sterczą na szyjach
godnych oblężenia.

Bruneci z filmów,
bracia koleżanek,
nauczyciel rysunków,
ach, polegną wszyscy.

Małe dziewczynki
z wieży uśmiechów
patrzą na katastrofę.

Małe dziewczynki
ręce załamują
w upadającym obłędzie obłudy.

Małe dziewczynki
na tle spustoszenia
w diademie płonącego miasta
z kolczykami lamentu powszechnego w uszach.

Blade i bez jednej łzy.
Syte widoku. Tryumfalne.
Zasmucone tym tyko,
że trzeba powrócić.

Małe dziewczynki
powracające.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

O resto

Ofélia acabou de cantar cantigas loucas
e saiu de cena preocupada:
será que o vestido não amarrotou, o cabelo
caiu nos seus ombros do jeito que devia?

Para cúmulo da verdade, lava o cenho do negro
desespero e — como filha de Polônio que é —
para ter certeza conta as folhas tiradas do cabelo.
Ofélia, que a Dinamarca perdoe a mim e a ti:
morrerei com asas; sobreviverei com garras práticas.
Non omnis moriar de amor.

*

Reszta

Ofelia odśpiewała szalone piosenki
i wybiegła ze sceny zaniepokojona,
czy suknia nie pomięła się, czy na ramiona
spływały włosy tak, jak trzeba.

Na domiar prawdziwego, brwi z czarnej rozpaczy
zmywa i — jak rodzona Poloniusza córka
liście wyjęte z włosów liczy dla pewności.
Ofelio, mnie i tobie niech Dania przebaczy:
zginę w skrzydłach, przeżyję w praktycznych pazurkach.
Non omnis moriar z miłości.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Umas palavrinhas

La Pologne? La Pologne? Lá deve fazer um frio horrível, não é? —me perguntou e suspirou aliviado. Porque têm surgido tantos desses países que o melhor é falar do clima.
— Ó senhora –— gostaria de lhe responder —, os poetas de meu país escrevem com luvas. Não estou dizendo que nunca as tiram; quando a lua aquece, tiram-nas sim. Em estrofes compostas de gritos tonitruantes, pois só isso vence o bramido do vento, cantam as vidas simples dos pastores de focas. Nossos clássicos gravam com sincelos de tinta nos montes de neve pisoteados. O restante, os decadentes, chora seu fado em estrelinhas de neve. Quem quer se afogar necessita de um machado para fazer um buraco no gelo. Ó senhora, minha cara senhora.
Queria lhe responder assim. Mas esqueci como é foca em francês. E não tenho certeza de como se diz sincelo ou buraco.
— La Pologne? La Pologne? Lá deve fazer um frio horrível, não é?
Pas du tout — respondo gelidamente.

*

Słówka

— La Pologne? La Pologne? Tam strasznie zimno, prawda? — spytała mnie i odetchnęła z ulgš. Bo porobiło się tych krajów tyle, że najpewniejszy jest w rozmowie klimat.
— O pani — chcę jej opowiedzieć — poeci mego kraju piszš w rękawicach. Nie twierdzę, że ich wcale nie zdejmujš; jeżeli księżyc przygrzeje, to tak. W strofach złożonych z gromkich pohukiwań, bo tylko to przedziera się przez ryk wichury, śpiewają prosty byt pasterze fok. Klasycy ryja soplem atramentu na przytupanych zaspach. Reszta, dekadenci, płaczš nad losem gwiazdkami ze śniegu. Kto chce się topic, musi mieć siekierę do zrobienia przerębli. O pani, o moja droga pani.
Tak chcę jej odpowiedzieć. Ale zapomniałam, jak będzie foka po francusku. Nie jestem pewna sopla i przerębli.
— La Pologne? La Pologne? Tam strasznie zimno, prawda?
— Pas du tout — odpowiedziałam lodowato.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Elegia de viagem

Tudo meu, nenhuma posse,
nenhuma posse para a lembrança,
mas meu enquanto olho.

Deusas mal lembradas e já
incertas de suas cabeças.

Da cidade de Samokov só a chuva
e nada além da chuva.

Paris do Louvre às unhas
em brancura se vela.

Do Boulevard Saint-Martin restam escadas
e levam à desaparição.

Nada além de uma ponte e meia
na Leningrado das pontes.

A pobre Uppsala
um pedacinho da grande catedral.

O infeliz dançarino de Sófia
um corpo sem rosto.

Ora um rosto sem olhos,
ora os olhos sem pupilas,
ora as pupilas de um gato.

A águia do Cáucaso volteia
sobre a reconstrução do desfiladeiro,
o ouro do sol insincero
e pedras falsas.

Tudo meu, nenhuma posse,
nenhuma posse para a lembrança,
mas meu enquanto olho.

Inumeráveis, impossuídas,
mas distintas até a menor fibra,
grão de areia ou gota d'água
— as paisagens.

Não conservo nem uma palha
Na sua inteira visibilidade.

Saudação e despedida
numa única olhada.

Para o excesso e a falta
um só mover do pescoço.

*

Elegia podróżna

Wszystko moje, nic własnością,
nic własnością dla pamięci,
a moje dopóki patrzę.

Ledwie wspomniane, już niepewne
boginie swoich głów.

Z miasta Samokow tylko deszcz
i nic prócz deszczu.

Paryż od Luwru do paznokcia
bielmem zachodzi.

Z bulwaru Saint-Martin zostały schodki
i wiodą do zaniku.

Nic więcej niż półtora mostu
w Leningradzie mostowym.

Biedna Uppsala
z odrobiną wielkiej katedry.

Nieszczęsny tancerz sofijski,
ciało bez twarzy.

Osobno jego twarz bez oczu,
osobno jego oczy bez źrenic,
osobno źrenice kota.

Kaukaski orzeł szybuje
nad rekonstrukcją wąwozu,
złoto słońca nieszczere
i fałszywe kamienie.

Wszystko moje, nic własnością,
nic własnością dla pamięci,
a moje, dopóki patrzę.

Nieprzebrane, nieobjęte,
a poszczególne aż do włókna,
ziarnka piasku, kropli wody
— krajobrazy.

Nie uchowam ani źdźbła
w jego pełnej widzialności.

Powitanie z pożegnaniem
w jednym spojrzeniu.

Dla nadmiaru i dla braku
jeden ruch szyi.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Um encontro inesperado

Nos tratamos com muita cortesia,
dizemos que é ótimo nos encontrarmos depois de anos.

Nossos tigres bebem leite.
Nossos falcões andam a pé.
Nossos tubarões se afogam n`água.
Nossos lobos bocejam junto à jaula aberta.

Nossas víboras livraram-se dos relâmpagos,
os macacos da inspiração, os pavões das penas.
Os morcegos já há muito voaram dos nossos cabelos.

Silenciamos no meio da frase,
Imponentes, sorridentes.
Nossa gente
não sabe se falar.

*

Niespodziane spotkanie

Jesteśmy bardzo uprzejmi dla siebie,
twierdzimy, że to miło spotkać się po latach.

Nasze tygrysy piją mleko.
Nasze jastrzębie chodzą pieszo.
Nasze rekiny toną w wodzie.
Nasze wilki ziewają przed otwartą klatką.

Nasze żmije otrząsnęły się z błyskawic,
małpy z natchnień, pawie z piór.
Nietoperze jakże dawno uleciały z naszych włosów.

Milkniemy w połowie zdania
bez ratunku uśmiechnięci.
Nasi ludzie
nie umieją mówić z sobą.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Bodas de ouro

Devem ter sido diferentes um dia,
fogo e água, diferindo com veemência,
sequestrando e se doando
no desejo, no assalto à dessemelhança.
Abraçados, apropriaram-se e expropriaram
por tanto tempo,
que nos braços restou o ar
translúcido depois do relâmpago.

Um dia a resposta antecipou a pergunta.
Uma noite adivinharam a expressão do olhar do outro
pelo tipo de silêncio, no escuro.

O sexo fenece, os segredos se consomem,
na semelhança as diferenças se encontram
como todas as cores no branco.

Qual deles está duplicado e qual aqui está faltando?
Qual sorri com um duplo sorriso?
A voz de quem ressoa nas duas vozes?
Quem assente quando acenam com a cabeça?
Com o gesto de quem levam a colher à boca?

Quem arrancou a pele de quem?
Quem vive e quem morreu
enredado na linha — de qual mão?

Devagarinho, de tanto olhar, nascem gêmeos.
A familiaridade é a mais perfeita das mães —
não faz distinção entre os seus dois filhos,
mal recorda qual é qual.

No dia das bodas de ouro, dia festivo,
uma pomba vista de forma idêntica pousou na janela.

*

Złote Gody

Musieli kiedyś być odmienni,
ogień i woda, różnić się gwałtownie,
obrabowywać i obdarowywać
w pożądaniu, napaści na niepodobieństwo.
Objęci, przywłaszczali się i wywłaszczali
tak długo,
aż w ramionach zostało powietrze
przeźroczyste po odlocie błyskawic.

Pewnego razu odpowiedź padła przed pytaniem.
Którejś nocy odgadli wyraz swoich oczu
po rodzaju milczenia, w ciemności.

Spełza płeć, tleją tajemnice,
w podobieństwie spotykają się różnice
jak w bieli wszystkie kolory.

Kto z nich jest podwojony, a kogo tu brak?
Kto się uśmiecha dwoma uśmiechami?
Czyj głos rozbrzmiewa na dwa głosy?
W czyim potakiwaniu kiwają głowami?
Czyim gestem podnoszą łyżeczki do ust?

Kto z kogo tutaj skórę zdarł?
Kto tutaj żyje a kto zmarł
wplątany w linie — czyjej dłoni?

Pomału z zapatrzenia rodzą się bliźnięta.
Zażyłość jest najdoskonalszą z matek —
nie wyróżnia żadnego z dwojga swoich dziatek,
które jest które ledwie że pamięta.

W dniu złotych Godów, w uroczystym dniu
jednakowo ujrzany gołąb siadł na oknie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Campo da fome em Jasło

Escreve isto. Escreve. Com tinta comum
em papel comum: não lhes deram comida,
todos morreram de fome. Todos?. Quantos?
É uma grande campina. Quanta grama
coube a cada um? Escreve: não sei.
A história arredonda os esqueletos para zero.
Mil e um é sempre e apenas mil.
Esse um, é como se nunca existisse:
embrião imaginado, berço vazio,
cartilha aberta para ninguém,
ar que ri, grita e cresce,
escada para um vazio que corre para o jardim,
lugar de ninguém na fila.

Estamos nesta campina, onde se fez carne.
Mas ela se cala como uma testemunha comprada.
Ao sol. Verde. Ali perto um bosque,
madeira para mascar, debaixo da casca o que beber —
uma porção diária de vista
enquanto a cegueira não chega. No alto
um pássaro a deslizar pelas bocas à sombra
das asas nutritivas. As mandíbulas se abriam,
dente batia contra o dente.

À noite no céu brilhava uma foice
e ceifava o pão sonhado.
Mãos voavam de ícones enegrecidos
segurando cálices vazios.
Na cerca de arame farpado
um homem se contorcia.
Cantava-se com terra na boca. Linda canção
sobre como a guerra atinge direto o coração.
Escreve como aqui há silêncio.
Sim.

*

Obóz głodowy pod Jasłem

Napisz to. Napisz. Zwykłym atramentem
na zwykłym papierze: nie dano im jeść,
wszyscy pomarli z głodu. Wszyscy. Ilu?
To duża łąka. Ile trawy
przypadło na jednego? Napisz: nie wiem.
Historia zaokrągla szkielety do zera.
Tysiąc i jeden to wciąż jeszcze tysiąc.
Ten jeden, jakby go wcale nie było:
płód urojony, kołyska próżna,
elementarz otwarty dla nikogo,
powietrze, które śmieje się, krzyczy i rośnie,
schody do pustki zbiegającej do ogrodu,
miejsce niczyje w szeregu.

Jesteśmy na tej łące, gdzie stało się ciałem.
A ona milczy jak kupiony świadek.
W słońcu. Zielona. Tam opodal las
do żucia drewna, do picia spod kory —
porcja widoku codzienna,
póki się nie oślepnie. W górze ptak,
który po ustach przesuwał się cieniem
pożywnych skrzydeł. Otwierały się szczęki,
uderzał ząb o ząb.

Nocą na niebie błyskał sierp
i żął na śnione chleby.
Nadlatywały ręce z poczerniałych ikon
z pustymi kielichami w palcach.
Na rożnie kolczastego drutu
chwiał się człowiek.
Śpiewano z ziemią w ustach. Śliczna pieśń
o tym, że wojna trafia prosto w serce.
Napisz, jaka tu cisza.
Tak.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Parábola

Pescadores retiraram uma garrafa das profundezas. Nela havia um papel e no papel estavam escritas estas palavras: “Gente, me salvem! Estou aqui. O oceano me jogou nesta ilha deserta. Estou na praia esperando ajuda. Se apressem. Estou aqui!”.
— Não tem data. Decerto já é tarde demais. A garrafa deve ter flutuado muito tempo no mar — disse o primeiro pescador.
— E não diz onde é o lugar. Não dá pra saber nem qual é o oceano — disse o segundo pescador.
— Não é nem tarde demais nem longe demais. A ilha Aqui está em toda parte — disse o terceiro pescador.
Houve um desconforto. Fez-se silêncio. As verdades gerais têm isso.

*

Przypowieść

Rybacy wyłowili z głębiny butelkę. Był w niej papier, a na nim takie były słowa: „Ludzie, ratujcie! Jestem tu. Ocean mnie wyrzucił na bezludna wyspę. Stoję na brzegu i czekam pomocy. Spieszcie się, jestem tu!”
— Brakuje daty. Pewnie już za późno. Butelka mogła długo pływać w morzu — powiedział rybak pierwszy.
— I miejsce nie zostało oznaczone. Nawet ocean nie wiadomo który —  powiedział rybak drugi.
— Ani za późno, ani za daleko. Wszędzie jest wyspa Tu — powiedział rybak trzeci.
Zrobiło się nieswojo, zapadło milczenie. Prawdy ogólne mają to do siebie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

As mulheres de Rubens

Herculinas, fauna feminina,
mas como um ribondo de barris.
Aninham-se em leitos pisados
dormem de bocas abertas para cocoricar.
Suas pupilas fugiram para o fundo
e penetram no interior das glândulas,
donde os fermentos se infiltram no sangue.

Filhas do barroco. Incha a massa na gamela,
banhos soltam vapor, vinhos enrubescem,
galopam pelo céu leitões de nuvens,
trombetas estrondeiam o alarme físico.

Ó aboboradas, ó desmesuradas
e duplicadas pela renuncia das vestes
e triplicadas pela violencia da pose,
pratos gordurosos do amor!

Suas irmãs magras levantaram mais cedo,
antes que clareasse no quadro.
E ninguém viu quando seguiram em fila
do lado não pintado da tela.

Banidas do estilo. Costelas à mostra,
pés e mãos de pássaros.
Tentam voar nas espáduas salientes.

O século treze lhes daria um fundo dourado.
O vinte  — uma tela prateada.
O dezesseis não tem nada para as retilíneas.

Porque ate mesmo o céu é bojudo,
bojudo os anjos e bojudo o deus —
um Febo bigodudo que num corcel suado
cavalga para a alcova fervent

*

Kobiety Rubensa

Waligórzanki, żeńska fauna
jak łoskot beczek nagie.
Gnieżdżą się w stratowanych łożach,
śpią z otwartymi do piania ustami.
Źrenice ich uciekły w głąb
i penetrują do wnętrza gruczołów,
z których się drożdże sącą w krew.

Córy baroku. Tyje ciasto w dzieży,
parują łaźnie, rumienią się wina,
cwałują niebem prosięta obłoków,
rżą trąby na fizyczny alarm.

O rozdynione, o nadmierne
i podwojone odrzuceniem szaty,
i postrojone gwałtownością pozy
tłuste dania miłosne!

Ich chude siostry wstały wcześniej,
zanim się rozwidniło na obrazie.
I nikt nie wiedział, jak gęsiego szły
po niezamalowanej stronie płótna.

Wygnanki stylu. Żebra przeliczone,
ptasia natura stóp i dłoni.
Na sterczących łopatkach próbują ulecieć.

Trzynasty wiek dałby im złote tło.
Dwudziesty — dałby ekran srebrny.
Ten siedemnasty nic dla płaskich nie ma.

Albowiem nawet niebo jest wypukłe,
wypukli aniołowie i wypukły bóg —
Febus wąsaty, który na spoconym
rumaku wjeżdża do wrzącej alkowy.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Concurso de beleza masculina

Caminhando teso do maxilar ao calcanhar
em profusão de óleo a brilhar.
Somente há de escolhido
se qual uma rosca for retorcido.

Com um urso feroz luta sobranceiro
(embora seja um urso implausível).
Caem sob seus golpes certeiros
três jaguares invisíveis.

Mestre dos passos e flexões.
Barriga tanquinho em vinte lições.
O povo aplaude, ele se inclina
e agradece às vitaminas.

*

Konkurs piękności męskiej

Od szczęk do pięty wszedł napięty.
Oliwne na nim firmamenty.
Ten tylko może być wybrany,
kto jest jak strucla zasupłany.

Z niedźwiedziem bierze się za bary
groźnym (chociaż go wcale nie ma).
Trzy niewidzialne jaguary
padają pod ciosami trzema.

Rozkroku mistrz i przykucania.
Brzuch ma w dwudziestu pięciu minach.
Biją mu brawo, on się kłania
na odpowiednich witaminach.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Prólogo a uma comédia

Fez para si um violino de vidro porque queria ver a música. Arrastou um barco até o cimo da montanha e esperou que o mar chegasse até ele. De noite se deleitava lendo a “Tabela de horário dos trens”; os terminais o comoviam até às lágrimas. Cultivava rosas com “z”. Escreveu um poema para crescer o cabelo e depois mais outro. Quebrou o relógio da torre da prefeitura para suspender para sempre a queda das folhas das árvores. Num vaso de cebolinha quis desenterrar uma cidade. Caminhava com a Terra presa ao pé, lentamente, sorridente, feliz, como dois e dois são dois. Quando lhe foi dito que de fato não existe, não podendo morrer de tristeza precisou nascer. Vive por aí, pisca os olhos e cresce. Na hora exata! Num bom momento! Para Nossa Senhora da Misericórdia, a Doce Máquina Sensata em breve será útil, vai trazer um bufão para seu merecido prazer e conforto inocente.

*

Prolog komedii

Zrobił sobie szklane skrzypce, bo chciał zobaczyć muzykę. Wyciągnął łódź na sam wierzchołek góry i czekał, kiedy morze do niego dopłynie. Nocami rozczytywał się w „Rozkładzie jazdy”; końcowe stacje rozczulały go do łez. Hodował róże przez u zwykłe. Napisał wiersz na porost włosów i jeszcze drugi na tenże. Zepsuł zegar na ratuszu, żeby wstrzymać raz na zawsze opadanie liści z drzew. W doniczce po szczypiorku chciał wykopać miasto. Chodzi z Ziemia u nogi, uśmiechnięty, pomalutku, jak dwa i dwa to dwa — szczęśliwy. Kiedy mu powiedziano, że go wcale nie ma, nie mogąc umrzeć z żalu — musiał się urodzić. Już gdzieś tam sobie żyje, mruga oczkami i rośnie. W samą porę! W dobry czas! Miłościwej Pani Naszej, Maszynie Słodkiej Roztropnej dla godziwej rozrywki i niewinnej pociechy rychło błazen się przyda.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Estou perto demais para ele sonhar comigo
Não pairo sobre ele, não fujo dele
sob as raízes das árvores. Estou perto demais.
Não é com minha voz que o peixe canta na rede.
Não é do meu dedo que rola o anel.
Estou perto demais. A casa enorme queima
sem que eu grite por socorro. Perto demais
para que no meu cabelo soe um sino.
Perto demais para que possa entrar como hóspede
diante de quem as paredes se abrem.
Nunca de novo morrerei tão leve,
tão além do corpo, tão inconsciente
como outrora no seu sonho. Estou perto demais,
perto demais. Ouço um sibilo
e vejo a escama brilhante dessa palavra
imobilizada no abraço. Ele dorme,
mais acessível neste instante à caixa do circo
itinerante com um leão, que viu uma única vez,
do que a mim deitada a seu lado.
Para ela cresce nele agora um vale
de folhas rubras, fechado por um monte nevado
no ar azul. Estou perto demais
para lhe cair do céu. Meu grito
só poderia acordá-lo. Pobre de mim,
limitada à minha própria forma,
eu que fui bétula, que fui lagartixa,
e largava os panos e panos
cambiando as cores das peles. E tinha
o dom de desaparecer ante olhos espantados,
riqueza das riquezas. Estou perto demais,
perto demais para ele sonhar comigo.
Retiro de sob sua cabeça adormecida
meu braço dormente, um enxame de alfinetes.
No topo de cada um deles, para serem contados,
assentaram-se os anjos caídos.

***

*

Jestem za blisko, żeby mu się śnić.
Nie fruwam nad nim, nie uciekam mu
pod korzeniami drzew. Jestem za blisko.
Nie moim głosem śpiewa ryba w sieci.
Nie z mego palca toczy się pierścionek.
Jestem za blisko. Wielki dom się pali
beze mnie wołającej ratunku. Za blisko,
żeby na moim włosie dzwonił dzwon.
Za blisko, żebym mogła wejść jak gość,
przed którym rozsuwają się ściany.
Już nigdy po raz drugi nie umrę tak lekko,
tak bardzo poza ciałem, tak bezwiednie,
jak niegdys w jego śnie. Jestem za blisko,
za blisko. Słyszę syk
i widzę połyskliwą łuskę tego słowa,
znieruchomiała w objęciu. On śpi,
w tej chwili dostępniejszy widzianej raz w życiu
kasjerce wędrownego cyrku z jednym lwem
niż mnie leżącej obok.
Teraz dla niej rosnie w nim dolina
rudolistna, zamknięta ośnieżona górą
w lazurowym powietrzu. Ja jestem za blisko,
żeby mu z nieba spaść. Mój krzyk
mógłby go tylko zbudzić. Biedna,
ograniczona do własnej postaci,
a byłam brzozą, a byłam jaszczurką,
a wychodziłam z czasów i atłasów
mieniąc się kolorami skór. A miałam
łaskę znikania sprzed zdumionych oczu,
co jest bogactwem bogactw. Jestem blisko,
za blisko, żeby mu się śnić.
Wysuwam ramię spod głowy śpiącego,
zdrętwiałe, pełne wyrojonych szpilek.
Na czubku każdej z nich, do przeliczenia,
strąceni siedli anieli.

***
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Na torre de Babel

— Que horas são? — Sim, estou feliz,
só me falta um sininho ao pescoço,
que toque sobre você quando dorme.
— Não ouviu o temporal? O vento sacudiu o muro,
a torre bocejou como um leão, o grande portão
rangeu nas dobradiças. — Mas como, esqueceu?
Eu usava um simples vestido cinza
abotoado no ombro. — E logo depois o céu
rompeu em cem clarões. — Como eu podia entrar?
Você não estava sozinho. — E de repente vi cores
preexistentes à própria visão. — Que pena
que não possa me prometer. — Você está certa,
deve ter sido um sonho. — Por que mente,
por que me chama com o nome dela,
você ainda a ama? — Oh, sim, queria
que você ficasse comigo. — Não guardo rancor,
eu devia ter imaginado isso.
— Ainda pensa nele? — Mas não estou chorando.
— E isso é tudo? — Ninguém como você.
— Pelo menos você é sincera. — Fique tranquilo,
vou embora desta cidade. — Fique tranquila,
eu vou embora daqui. — Você tem mãos tão lindas.
— Esta é uma velha história, a lâmina penetrou
sem tocar no osso. — Não tem de quê,
meu caro, não tem de quê. — Não sei
e não quero saber que horas são.

*

Na wieży Babel

— Która godzina? —  Tak, jestem szczęśliwa,
i brak mi tylko dzwoneczka u szyi,
który by brzęczał nad tobą, gdy śpisz.
— Więc nie słyszałaś burzy? Murem targnął wiatr,
wieża ziewnęła jak lew, wielką bramą
na skrzypiących zawiasach. —  Jak to, zapomniałeś?
Miałam na sobie zwykłą szarą suknię
spinaną na ramieniu. — I natychmiast potem
niebo pękło w stubłysku. —  Jakże mogłam wejść,
przecież nie byłeś sam. — Ujrzałem nagle
kolory sprzed istnienia wzroku. — Szkoda,
że nie możesz mi przyrzec. — Masz słuszność
widocznie to był sen. —  Dlaczego kłamiesz,
dlaczego mówisz do mnie jej imieniem,
kochasz ją jeszcze? — O tak, chciałbym,
żebyś została ze mną. — Nie mam żalu,
powinnam była domyślić się tego.
—  Wciąż myślisz o nim? — Ależ ja nie płaczę.
— I to juź wszystko? — Nikogo jak ciebie.
—  Przynajmniej jesteś szczera. — Bądź spokojny,
wyjadę z tego miasta. — Bądź spokojna,
odejdę stąd. —  Masz takie piękne ręce.
—  To stare dzieje, ostrze przeszło
nie naruszając kości. — Nie ma za co,
mój drogi, nie ma za co. — Nie wiem
i nie chcę wiedzieć, która to godzina.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Água

Uma gota de chuva me caiu na mão
extraída do Ganges e do Nilo,

da geada ascendida ao céu no bigodinho de uma foca,
da água dos potes quebrados nas cidades de Ys e de Tiro.

No meu dedo indicador
o mar Cáspio é um mar aberto,

e o Pacífico flui dócil para o Rudawa
o mesmo que flutuava como nuvenzinha sobre Paris

no ano setecentos e sessenta e quatro
em sete de maio às três da manhã.

Não há bocas suficientes para proferir
teus nomes fugazes, ó água.

Teria que te nomear em todas as línguas
enunciando ao mesmo tempo todas as vogais
e simultaneamente silenciar — pelo lago
ao qual não coube nenhum nome

e que não existe na terra — como no céu
não há estrela nele refletida.

Alguém se afogou, alguém que morria te chamou.
Foi há muito tempo e foi ontem.

Extinguias o fogo de casas, arrastavas casas
como árvores, florestas como cidades.

Estavas nas pias batismais e nas banheiras das cortesãs.
Nos beijos, nas mortalhas.

Roendo pedras, alimentando arco-íris.
No suor e no orvalho das pirâmides, dos lilases.

Como tudo é leve numa gota de chuva.
Com que delicadeza o mundo me toca.

O que quer que, quando quer que, onde quer que
se passou, está escrito na água de babel.

*

Woda

Kropla deszczu mi spadła na rękę,
utoczona z Gangesu i Nilu,

z wniebowziętego szronu na wąsikach foki,
z wody rozbitych dzbanów w miastach Ys i Tyr.

Na moim wskazującym palcu
Morze Kaspijskie jest morzem otwartym

a Pacyfik potulnie wpływa do Rudawy
tej samej, co fruwała chmurką nad Paryżem

w roku siedemset sześćdziesiątym czwartym
siódmego maja o trzeciej nad ranem.

Nie starczy ust do wymówienia
przelotnych imion twoich, wodo.

Musiałbym cię nazwać we wszystkich językach
wypowiadając naraz wszystkie samogłoski
i jednocześnie milczeć — dla jeziora,
które nie doczekało jakiejkolwiek nazwy

i nie ma go na ziemi — jako i na niebie
gwiazdy odbitej w nim.

Ktoś tonął, ktoś o ciebie wołał umierając.
Było to dawno i było to wczoraj.

Domy gasiłaś, domy porywałaś
jak drzewa, lasy jak miasta.

Byłaś w chrzcielnicach i wannach kurtyzan.
W pocałunkach, w całunach.

Gryząc kamienie, karmiąc tęcze.
W pocie i rosie piramid, bzów.

Jakie to lekkie w kropli deszczu.
Jak delikatnie dotyka mnie świat.

Cokolwiek gdziekolwiek kiedykolwiek się działo,
spisane jest na wodzie babel.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

No rio de Heráclito

No rio de Heráclito
um peixe pesca os peixes,
um peixe corta um peixe com um peixe afiado,
um peixe constrói um peixe, um peixe mora num peixe,
um peixe foge de um peixe sitiado.

No rio de Heráclito
um peixe ama um peixe,
teus olhos — diz — brilham como os peixes no céu,
quero nadar contigo até o mar comum,
ó tu, a mais bela do cardume.

No rio de Heráclito
um peixe imaginou o peixe dos peixes,
um peixe se ajoelha ante um peixe, um peixe canta para um peixe,
e pede ao peixe um nado mais leve.

No rio de Heráclito
eu peixe único, eu peixe separado
(ao menos do peixe árvore e do peixe pedra)
escrevo, em momentos isolados, pequenos peixes
de  escamas tão fugazmente prateadas
que talvez a escuridão pisque de embaraço.

*

W rzece Heraklita

W rzece Heraklita
ryba łowi ryby,
ryba ćwiartuje rybę ostrą rybą,
ryba buduje rybę, ryba mieszka w rybie,
ryba ucieka z oblężonej ryby.

W rzece Heraklita
ryba kocha rybę,
twoje oczy — powiada — lśnią jak ryby w niebie,
chcę płynąć razem z tobą do wspólnego morza,
o najpiękniejsza z ławicy.

W rzece Heraklita
ryba wymyśliła rybę nad rybami,
ryba klęka przed rybą, ryba śpiewa rybie,
prosi rybę o lżejsze pływanie.

W rzece Heraklita
ja ryba pojedyncza, ja ryba odrębna
(choćby od ryby drzewa i ryby kamienia)
pisuję w poszczególnych chwilach małe ryby
w łusce srebrnej tak krótko,
że może to ciemność w zakłopotaniu mruga?
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

MUITO DIVERTIDO

Riso

A menina que fui —
conheço-a, é claro.
Tenho umas fotos
de sua vida breve.
Sinto certa pena
de alguns versinhos.
Lembro-me de alguns eventos.

Mas,
para que este que está aqui comigo
ria e me abrace,
recordo só uma histórinha:
o amor de infância
daquela feinha.

Como como
se apaixonou por um estudante,
quer dizer, queria
que ele a olhasse.

Como como
correu em sua direção
com uma bandagem na testa sã
para que, oh, pelo menos perguntasse
o que aconteceu.

Criança engraçada.
Como podia saber
que até o desespero traz vantagens,
se por sorte
se vive mais tempo.

Dar-lhes-ia um dinheirinho
para um doce, um cinema.
Vá, não tenho tempo.

Pois decerto você percebe,
a luz está apagada.
Com certeza entende,
a porta está fechada.
Não force a maçaneta —
este que riu,
este que me abraçou
não é o teu estudante.

Era melhor que você voltasse
para o lugar de onde veio.
Não lhe devo nada,
uma mulher comum
que só sabe
quando
trair um segredo alheio.

Não nos olhe desse jeito
com esses teus olhos
tão abertos
como os olhos dos mortos.

*

Śmiech

Dziewczynka, którą byłam —
znam ją, oczywiście.
Mam kilka fotografii
z jej krótkiego życia.
Czuję wesołą litość
dla paru wierszyków.
Pamiętam kilka zdarzeń.

Ale,
żeby ten, co jest tu ze mną,
roześmiał się i objął mnie,
wspominam tylko jedną historyjkę;
dziecinną miłość
tej małej brzyduli.

Opowiadam,
jak kochała się w studencie,
to znaczy chciała,
żeby spojrzał na nią.

Opowiadam,
jak mu wybiegła naprzeciw
z bandażem na zdrowej głowie,
żeby chociaż, och, zapytał,
co się stało.

Zabawna mała.
Skądże mogła wiedzieć,
że nawet rozpacz przynosi korzyści,
jeżeli dobrym trafem
pożyje się dłużej.

Dałabym jej na ciastko.
Dałabym jej na kino.
Idź sobie, nie mam czasu.

No przecież widzisz,
że światło zgaszone.
Chyba rozumiesz,
że zamknięte drzwi.
Nie szarp za klamkę —
ten, co się roześmiał,
ten, co mnie objął,
to nie jest twój student.

Najlepiej, gdybyś wróciła,
skąd przyszłaś.
Nic ci nie jestem winna,
zwyczajna kobieta,
która tylko wie,
kiedy
zdradzić cudzy sekret.

Nie patrz tak na nas
tymi swoimi oczami
zanadto otwartymi,
jak oczy umarłych.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Censo

Na colina onde ficava Tróia
foram escavadas sete cidades.
Sete cidades. Seis a mais
para uma única epopeia.
Que fazer com elas? Que fazer?
Arrebentam os hexâmetros,
um tijolo afabular espia pelas brechas,
no silêncio do filme mudo, muros derrubados,
vigas queimadas, correntes rompidas,
cântaros esvaziados até a última gota,
amuletos da fertilidade, caroços de fruta
e caveiras tangíveis como a lua de amanhã.

Nossa dose de antiguidade vai crescendo,
fica apinhada de gente,
inquilinos brutais se empurram na história,
hordas de carne para a espada,
extras de Heitor iguais a ele em bravura,
milhares e milhares de rostos singulares,
cada um o primeiro e o último no tempo,
e em cada rosto dois olhos sem par.
Era tão fácil não saber nada sobre isso,
tão comovedor, tão amplo.

Que fazer com eles? O que lhes dar?
Algum século pouco povoado até agora?
Um pouco de apreço pela arte da ourivesaria?
Pois é muito tarde para o juízo final.

Nós, três bilhões de juízes,
temos nossos problemas,
nossas turbas inarticuladas,
estações, arquibancadas, procissões,
incontáveis números de estranhas ruas, andares, paredes.
Desencontramo-nos para sempre nas grandes lojas
comprando um jarro novo.
Homero trabalha num instituto de estatística.
Ninguém sabe o que ele faz em casa.

*

Spis ludności

Na wzgórzu, gdzie stała Troja
odkopano siedem miast.
Siedem miast. O sześć za dużo
jak na jedną epopeję.
Co z nimi zrobić, co zrobić.
Pękają heksametry,
afabularna cegła wyziera ze szczelin,
w ciszy filmu niemego obalone mury,
zwęglone belki, zerwane ogniwa,
dzbanki wypite do utraty dna,
amulety płodności, pestki sadów
i czaszki dotykalne jak jutrzejszy księżyc.

Przybywa nam dawności,
robi się w niej tłoczno,
rozpychają się w dziejach dzicy lokatorzy,
zastępy mięsa mieczowego,
reszki orła-Hektora dorównujące mu męstwem,
tysiące i tysiące poszczególnych twarzy,
a każda pierwsza i ostatnia w czasie,
a w każdej dwoje niebywałych oczu.
Tak lekko było nic o tym nie wiedzieć,
tak rzewnie, tak przestronnie.

Co z nimi robić? co im dać?
Jakiś wiek mało zaludniony do tej pory?
Trochę uznania dla sztuki złotniczej?
Za późno przecież na sąd ostateczny.

My, trzy miliardy sędziów,
mamy swoje sprawy,
własne nieartykułowane rojowiska,
dworce, trybuny sportowe, pochody,
liczebne zagranice ulic, pięter, ścian.
Mijamy się na wieczność w domach towarowych
kupując nowy dzbanek.
Homer pracuje w biurze statystycznym.
Nikt nie wie, co robi w domu.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Monólogo para Cassandra

Sou eu, Cassandra.
E esta é minha cidade sob as cinzas.
E estes são meu bastão e fitas de profeta.
E esta é minha cabeça cheia de dúvidas.

Triunfo, é verdade.
Minha razão em chamas até lambeu o céu.
Só os profetas desacreditados
têm essa vista.
Só aqueles que tiveram um mau começo,
e tudo podia concretizar-se tão rápido,
como se eles nunca tivessem existido.

Recordo claramente agora
como as pessoas, ao me ver, emudeciam.
Morria-lhes o riso.
Desentrelaçavam as mãos.
As crianças corriam para as mães.
Não sabia sequer seus nomes efêmeros.
E aquela canção sobre a folhinha verde —
ninguém a terminava na minha frente.

Eu os amava.
Mas amava do alto.
Acima da vida.
Do futuro. Onde sempre é vazio
e nada é mais fácil do que ver a morte.
Lamento que minha voz fosse dura.
Olhem para si mesmos das estrelas — bradava —
olhem para si mesmos das estrelas.
Escutavam e baixavam os olhos.

Viviam na vida.
Varridos por um grande vento.
Já condenados.
Presos desde nascidos em corpos de despedida.
Mas havia neles uma esperança úmida,
uma chama que se nutre da própria cintilação.
Eles sabiam o que é um instante,
ah, ao menos um, um qualquer
antes que —

Foi como eu falei.
Só que disso não resulta nada.
E estas são minhas vestes chamuscadas.
E estes são meus trastes de profeta.
E esta é minha face contorcida.
Uma face que não sabia que podia ser bela.

*

Monolog dla Kasandry

To ja, Kasandra.
A to jest moje miasto pod popiołem.
A to jest moja laska i wstążki prorockie.
A to jest moja głowa pełna wątpliwości.

To prawda, tryumfuję.
Moja racja aż łuną uderzyła w niebo.
Tylko prorocy, którym się nie wierzy,
mają takie widoki.
Tylko ci, którzy źle zabrali się do rzeczy,
i wszystko mogło spełnić się tak szybko,
jakby nie było ich wcale.

Wyraźnie teraz przypominam sobie,
jak ludzie, widząc mnie, milkli w pół słowa.
Rwał się śmiech.
Rozpalały się ręce.
Dzieci biegły do matki.
Nawet nie znałam ich nietrwałych imion.
A ta piosenka o zielonym listku —
nikt jej nie kończył przy mnie.

Kochałam ich.
Ale kochałam z wysoka.
Sponad życia.
Z przyszłości. Gdzie zawsze jest pusto
i skąd cóż łatwiejszego jak zobaczyć śmierć.
Żałuję, że mój głos był twardy.
Spójrzcie na siebie z gwiazd —wołałam —
spójrzcie na siebie z gwiazd.
Słyszeli i spuszczali oczy.

Żyli w życiu.
Podszyci wielkim wiatrem.
Przesądzeni.
Od urodzenia w pożegnalnych ciałach.
Ale była w nich jakaś wilgotna nadzieja,
własną migotliwością sycący się płomyk.
Oni wiedzieli, co to takiego jest chwila,
och bodaj jedna jakakolwiek
zanim —

Wyszło na moje.
tylko że z tego nie wynika nic.
A to jest moja szmatka ogniem osmalona.
A to są moje prorockie rupiecie.
A to jest moja wykrzywiona twarz.
Twarz, która nie wiedziała, że mogła być piękna.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Decapitação

Decote vem de decollo,
decollo significa corto o pescoço.
A rainha da Escócia Maria Stuart
chegou ao patíbulo numa veste apropriada,
a veste era decotada
e vermelha como uma hemorragia.

No mesmo momento
num quarto apartado
Elizabeth Tudor, rainha da Inglaterra,
estava à janela  num vestido branco.
O vestido vitoriosamente abotoado até o queixo
terminando num rufo engomado.

Pensavam em coro:
“Deus, tende piedade de mim”
“A razão está comigo”
“Viver é atrapalhar”
“Em certas situações a coruja é filha do padeiro”
“Isso nunca vai acabar”
“Isso já acabou”
“O que faço aqui, não tem nada aqui”.

A diferença no traje — sim, dessa tenhamos a certeza.
O detalhe
é inabalável.

*

Ścięcie

Dekolt pochodzi od decollo,
decollo znaczy ścinam szyję.
Królowa szkocka Maria Stuart
przyszła na szafot w stosownej koszuli,
koszula była wydekoltowana
i czerwona jak krwotok.

W tym samym czasie
w odludnej komnacie
Elżbieta Tudor Królowa Angielska
stała przy oknie w sukni białej.
Suknia była zwycięsko zapięta pod brodę
i zakończona krochmaloną kryzą.

Myślały chórem:
„Boże zmiłuj się nade mną”
„Słuszność po mojej stronie”
„Żyć czyli zawadzać”
„W pewnych okolicznośćiach sowa jest córką piekarza”
„To się nigdy nie skończy”
„To się już skończyło”
„Co ja tu robię, tu gdzie nie ma nic”.
Różnica stroju — tak, tej bądźmy pewni.
Szczegół
jest niewzruszony.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Pietà

Na cidadezinha onde nasceu o herói,
olhar o monumento, elogiar o tamanho,
enxotar duas galinhas da soleira do museu deserto,
descobrir onde mora a mãe,
bater, empurrar a porta rangente.
Tem porte ereto, cabelo liso, olhar claro.
Dizer que se veio da Polônia.
Cumprimentar. Perguntar com voz alta e clara.
Sim, amava-o muito. Sim, sempre foi assim.
Sim, estava então rente ao muro da prisão.
Sim,  ouviu a salva de tiros.
Lamentar não ter trazido um gravador
e uma filmadora. Sim, conhece esses aparelhos.
Leu na rádio sua última carta.
Cantou na TV velhas canções de ninar.
Uma vez até atuou num filme, em lágrimas,
devido aos refletores. Sim, a lembrança a comove.
Sim, está um pouco cansada. Sim, vai passar.
Levantar. Agradecer. Se despedir. Sair
cruzando com os próximos turistas no saguão.

*

Pieta

W miasteczku, gdzie urodził się bahater,
obejrzeć pomnik, pochwalić, że duży,
spłoszyć dwie kury z progu pustego muzeum,
dowiedzieć się, gdzie mieszka matka,
zapukać, pchnąć skrzypiące drzwi.
Trzyma się prosto, czezse gładko, patrzy jasno.
Powiedzieć, że się przyjechało z Polski.
Pozdrowić. Pytać głośno i wyraźnie.
Tak, bardzo go kochała. Tak, zawsze był taki.
Tak, stała wtedy pod murem więzienia.
Tak, słyszała tę salwę.
Żałować, że nie wzięło się magnetofonu
i aparatu filmowego. Tak, zna te przyrządy.
W radiu czytała jego list ostatni.
W telewizji śpiewała stare kołysanki.
Raz nawet przedstawiała w kinie, aż do łez
wpatrzona w jupitery. Tak, wzrusza ją pamięć.
Tak, trochę jest zmęczona. Tak, to przejdzie.
Wstać. Podziękować. Pożegnać się. Wyjść
mijając w sieni kolejnych turystów.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Inocência

Concebida num colchão de cabelo humano.
Gerda. Erika. Margareta.
Nada sabe, de verdade, nada sabe sobre isso.
Este tipo de notícia não é adequado
para ser transmitido nem recebido.
As Erínias gregas são demasiado justas.
Hoje nos irritaria o seu alado exagero.

Irma. Brígida. Talvez Frederika.
Tem vinte e dois anos ou pouco mais.
Sabe três línguas estrangeiras necessárias nas viagens.
A firma onde trabalha recomenda exportar
os melhores colchões, só de fibras sintéticas.
A exportação aproxima as nações.

Berta. Ulrika. Talvez Hildegard.
Bela não é, mas alta e magra.
Bochechas, colo, busto, quadris, ventre
ora em pleno viço e esplendor do novo.
Alegremente descalça nas praias da Europa
solta o cabelo claro, comprido até o joelho.

Não aconselho cortar — disse o cabeleireiro —
uma vez cortado, não vai voltar a crescer tão viçoso.
Acredite.
É fato comprovado
tausend — und tausendmal.

*

Niewinność

Poczęta na materacu z ludzkich włosów.
Gerda, Eryka. Margareta.
Nie wie, naprawdę nie wie o tym nic.
Ten rodzaj wiadomości nie nadaje się
ani do udzielenia, ani do przyjęcia.
Greckie Erynie są zbyt sprawiedliwe.
Drażniłaby nas dzisiaj ich ptasia przesada.

Irma. Brygida. Może Fryderyka.
Ma lat dwadzieścia dwa albo niewiele więcej.
Zna trzy języki obce konieczne w podróżach.
Firma, w której pracuje, poleca na eksport
najlepsze materace tylko z włókien sztucznych.
Eksport zbliża narody.

Berta. Ulryka. Może Hildegarda.
Piekna nie, ale wysoka i szczupła.
Policzki, szyja, piersi, uda, brzuch
w pełnym właśnie rozkwicie i blasku nowości.
Radośnie bosa na plażach Europy
rozpuszcza jasne włosy, długie aż do kolan.

Nie radzę ścinać — powiedział jej fryzjer —
raz ścięte, już tak bujnie nie odrosną nigdy.
Proszę mi wierzyć.
To jest rzecz sprawdzona
tausend — und tausendmal.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Filme — anos sessenta

Este homem adulto. Este homem na terra.
Dez bilhões de células nervosas.
Cinco litros de sangue para trezentos gramas de coração.
Esse objeto se desenvolveu por três bilhões de anos.

No princípio apareceu na forma de um garotinho.
O garotinho colocava a cabeça nos joelhos da titia.
Onde está esse garotinho. Onde, esses joelhos.
O garotinho cresceu. Ah, já não é a mesma coisa.
Estes espelhos são cruéis e lisos como asfalto.
Ontem atropelou um gato. Esta sim foi uma ideia.
O gato foi libertado do inferno desta época.
A moça no automóvel lhe lançou um olhar.
Não, não tinha aqueles joelhos que ele buscava.
Na verdade, queria era respirar fundo deitado na areia.
Ele e o mundo nada têm em comum.
Sente-se a asa quebrada de um jarro,
embora o jarro não saiba disso e continue a levar a água.
É extraordinário. Alguém ainda labuta.
Esta casa está construída. Esta maçaneta, esculpida.
Esta árvore, enxertada. Este circo vai fazer seu show.
O todo almeja se manter inteiro embora esteja em pedaços.
Como cola, pesadas e espessas sunt lacrimae rerum.
Mas tudo isso ao fundo e só ao lado.
Nele há uma escuridão terrível e na escuridão um garotinho.

Deus do humor, faz dele alguma coisa sem falta.
Deus do humor, faz dele alguma coisa por fim.

*

Film — lata sześćdziesiąte

Ten dorosły mężczyzna. Ten człowiek na ziemi.
Dziesięć miliardów komórek nerwowych.
Pięć litrów krwi na trzysta gramów serca.
Taki przedmiot powstawał trzy miliardy lat.

Z początku zjawił się w formie chłopczyka.
Chłopczyk kładł główkę na kolanach cioci.
Gdzie jest ten chłopczyk. Gdzie są te kolana.
Chłopczyk zrobił się duży. Ach to już nie to.
Te lustra są okrutne i gładkie jak jezdnia.
Wczoraj przejechał kota. Tak, to była myśl.
Kot został wyzwolony z piekła tej epoki.
Dziewczyna w samochodzie spojrzała spod rzęs.
Nie, nie miała tych kolan, o które mu chodzi.
Właściwie to by sobie dyszał leżąc w piasku.
On i świat nic nie mają ze sobą wspólnego.
Czuje się uchem urwanym od dzbana,
choć dzban nic o tym nie wie i wciąż nosi wodę.
To jest zdumiewające. Ktoś jeszcze się trudzi.
Ten dom jest zbudowany. Ta klamka rzeźbiona.
To drzewo zaszczepione. Ten cyrk będzie grał.
Ta całość chce się trzymać, chociaż jest z kawałków.
Jak klej ciężkie i gęste sunt lacrimae rerum.
Ale to wszystko w tle i tylko obok.
W nim jest ciemność okropna a w ciemności chłopczyk.

Boże humoru, zrób z nim coś koniecznie.
Boże humoru, zrób z nim coś nareszcie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Thomas Mann

Caras sereias, assim tinha que ser,
amados faunos, ilustríssimos anjos,
a evolução definitivamente os renegou.
Não lhes falta imaginação, mas vocês e suas
barbatanas do devoniano e peitos do holoceno,
suas palmas digitiformes e cascos nos pés,
seus ombros, não em vez de, mas junto com asas,
esses seus esqueletos,  deus nos guarde, difiléticos,
com caudas fora de hora, chifres por despeito,
bicos surrupiados de pássaros, essas misturas, aglutinações,
esses mistifórios finórios, esses dísticos,
rimando gente com garça com tal mestria
que voa, é imortal, e tudo sabe
— vocês devem admitir que seria uma piada
eternos excessos e chateações
que a natureza não quer ter e não tem.

Já é bom ela permitir a certo peixe voar
com desafiadora pericia. Cada voo desse
é um consolo na norma, uma anistia
da necessidade universal, um dom maior
que o necessário para que o mundo seja mundo.

Já é bom ela permitir cenas tão faustosas
como um ornitorrinco amamentando os filhotes.
Poderia se opor — e quem de nós descobriria
que foi roubado?
                                            Mas o melhor é que
lhe escapou o instante em que surgiu um mamífero
com a mão prodigiosamente emplumada com uma Waterman.

*

Tomasz Mann

Drogie syreny, tak musiało być,
kochane fauny, wielmożne anioły,
ewolucja stanowczo wyparła się was.
Nie brak jej wyobraźni, ale wy i wasze
płetwy z głębi dewonu, a piersi z aluwium,
wasze dłonie palczaste, a u nóg kopytka,
te ramiona nie zamiast, ale oprócz skrzydeł,
te wasze, strach pomyśleć, szkieletki- dwutworki
nie w porę ogoniaste, rogate z przekory
albo na gapę ptasie, te zlepki, te zrostki,
te składanki-cacanki, te dystychy
rymujące człowieka z czaplą tak kunsztownie,
że fruwa i nieśmiertelny jest, i wszystko wie
— przyznacie chyba same, że byłby to żart
i nadmiar wiekuisty, i kłopoty,
których przyroda mieć nie chce i nie ma.

Dobrze, że choć pozwala pewnej rybie latać
z wyzywającą wprawą. Każdy taki wzlot
to pociecha w regule, to ułaskawienie
z powszechnej konieczności, dar
hojniejszy, niż potrzeba, żeby świat był światem.

Dobrze, że choć dopuszcza do scen tak zbytkownych,
jak dziobak mlekiem karmiący pisklęta.
Mogłaby się sprzeciwić — i któż by z nas odkrył,
że jest obrabowany?
                                                 A najlepsze to,
że przeoczyła moment, kiedy pojawił się ssak
z cudownie upierzoną watermanem ręką.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

TODO O CASO

Engano

Soou o telefone na galeria de arte,
soou à meia-noite na sala quieta;
se houvesse gente dormindo, acordaria na certa,
mas aqui há somente insones profetas,
somente reis empalidecem de luar
e olham indiferentes o que há para olhar,
e a mulher do usurário, agitada na aparência, 
fita justo essa coisa sonante na lareira,
mas não, não larga o seu leque,
como os outros aferrada à sua inércia.
Altivamente ausentes, em ricas vestes ou nus,
tratam o alarme noturno com indiferença,
na qual, juro, há mais negro humor
do que se da moldura saltasse o próprio mordomo-mor
(nada além do silêncio, aliás, lhe soa ao ouvido).
E o fato de que alguém na cidade, há longos instantes, se afana
segurando ingenuamente o receptor
tendo discado um número errado? Ele vive, logo se engana.

*

Pomyłka

Rozdzwonił się telefon w galerii obrazów,
rozdzwonił się przez pustą salę o północy;
śpiących, gdyby tu byli, zbudziłby od razu,
ale tu sami tylko bezsenni prorocy,
sami tylko królowie od księżyca bledną
i z tchem zapartym patrzą we wszystko im jedno,
a ruchliwa z pozoru małżonka lichwiarza
akurat w ten dzwoniący przedmiot na kominku,
ale nie, nie odkłada wachlarza,
jak inni pochwycona tkwi na nieuczynku.
Wyniośle nieobecni, w szatach albo nago,
zbywają nocny alarm z nieuwagą,
w której więcej, przysięgam, czarnego humoru,
niż gdyby z ramy zstąpił sam marszałek dworu
(nic zresztą oprócz ciszy w uszach mu nie dzwoni).
A to że ktoś tam w mieście już od dłuższej chwili
trzyma naiwnie słuchawkę przy skroni
nakręciwszy zły numer? Żyje, więc się myli.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

As cartas dos mortos

Lemos as cartas dos mortos como deuses impotentes,
mas deuses assim mesmo, porque conhecemos as datas posteriores.
Sabemos quais dívidas não foram pagas.
Com quem as viúvas rapidamente se casaram.
Pobres mortos, mortos cegos,
enganados, falíveis, canhestramente previdentes.
Vemos as caretas e os sinais feitos pelas costas.
Capturamos o som de testamentos sendo rasgados.
Sentados comicamente diante de nós como no pão com manteiga,
ou correndo atrás do chapéu que o vento lhes arrancou da cabeça.
Seu mau gosto, Napoleão, vapor e eletricidade,
seus remédios mortíferos para doenças curáveis,
seu tolo apocalipse segundo são João,
o falso paraíso na terra segundo Jean-Jacques…
Observamos em silêncio seus peões no tabuleiro,
só que movidos três casas à frente.
Tudo que previam aconteceu de modo totalmente diverso,
ou um pouco diverso, que é o mesmo que totalmente diverso.
Os mais fervorosos nos fitam nos olhos com confiança
porque, segundo suas contas, verão neles a perfeição.

*

Listy umarłych

Czytamy listy umarłych jak bezradni bogowie,
ale jednak bogowie, bo znamy późniejsze daty.
Wiemy, które pieniądze nie zostały oddane.
Za kogo prędko za mąż powychodziły wdowy.
Biedni umarli, zaślepieni umarli,
oszukiwani, omylni, niezgrabnie zapobiegliwi.
Widzimy miny i znaki robione za ich plecami.
Łowimy uchem szelest dartych testamentów.
Siedzą przed nami śmieszni jak na bułkach z masłem,
albo rzucają się w pogoń za zwianymi z głów kapeluszami.
Ich zły gust, Napoleon, para i elektryczność,
ich zabójcze kuracje na uleczalne choroby,
niemądra apokalipsa według świętego Jana,
fałszywy raj na ziemi według Jana Jakuba...
Obserwujemy w milczeniu ich pionki na szachownicy,
tyle że przesunięte o trzy pola dalej.
Wszystko, co przewidzieli, wypadło zupełnie inaczej,
albo trochę inaczej, czyli także zupełnie inaczej.
Najgorliwsi wpatrują się nam ufnie w oczy,
bo wyszło im z rachunku, że ujrzą w nich doskonałość.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Autotomia

Em perigo, a holotúria se divide em duas:
com uma metade se entrega à voracidade do mundo,
com a outra foge.

Desintegra-se violentamente em ruína e salvação,
em multa e prêmio, no que foi e no que será.

No meio do corpo da holotúria se abre um abismo
com duas margens subitamente estranhas.

Em uma margem a morte, na outra a vida.
Aqui o desespero, lá o alento.

Se existe uma balança, os pratos não oscilam.
Se existe justiça, é esta.

Morrer só o necessário, sem exceder a medida.
Regenerar quanto for preciso da parte que restou.

Também nós, é verdade, sabemos nos dividir.
Mas somente em corpo e sussurro interrompido.
Em corpo e poesia.

De um lado a garganta, do outro o riso,
leve, logo sulfocado.

Aqui o coração pesado, lá non omnis moriar,
três palavrinhas apenas como três penas em vôo.

O abismo não nos divide.
O abismo nos circunda.

In memoriam Halina Poświatowska

*

Autotomia

W niebezpieczeństwie strzykwa dzieli się na dwoje:
jedną siebie oddaje na pożarcie światu,
drugą sobą ucieka.

Rozpada się gwałtownie na zgubę i ratunek,
na grzywnę i nagrodę, na co było i będzie.

W połowie ciała strzykwy roztwiera się przepaść
o dwóch natychmiast obcych sobie brzegach.

Na jednym brzegu śmierć, na drugim życie.
Tu rozpacz, tam otucha.

Jeśli istnieje waga, szale się nie chwieją.
Jeśli jest sprawiedliwość, oto ona.

Umrzeć ile konieczne, nie przebrawszy miary.
Odrosnąć ile trzeba z ocalonej reszty.

Potrafimy się dzielić, och prawda, my także.
Ale tylko na ciało i urwany szept.
Na ciało i poezję.

Po jednej stronie gardło, śmiech po drugiej,
lekki, szybko milknący.

Tu ciężkie serce, tam non omnis moriar,
trzy tylko słówka jak trzy piórka wzlotu.

Przepaść nas nie przecina.
Przepaść nas otacza.

Pamięci Haliny Poświatowskiej
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Um amor feliz

Um amor feliz. Isso é normal,
isso é sério, isso é útil?
O que o mundo ganha com dois seres
que não veem o mundo?

Enaltecidos um para o outro sem nenhum mérito,
os primeiros quaisquer de milhões, mas convencidos
que assim devia ser — como prêmio de quê? De nada;
a luz cai de lugar nenhum —
por que justo nesses e não noutros?
Isso ofende a justiça? Sim.
Isso infringe os princípios cuidadosamente acumulados?
Derruba do cume a moral? Infringe e derruba, sim.

Observem estes felizardos:
se ao menos disfarçassem um pouco,
fingissem depressão, confortando assim os amigos!
Escutem como riem — é um insulto.
Em que língua falam — só entendi na aparência.
E esses seus rituais, cerimônias,
elaborados deveres recíprocos —
parece um complô contra a humanidade!

É difícil até imaginar onde se iria parar,
se seu exemplo fosse imitado.
Com que poderiam contar a religião, a poesia,
o que seria lembrado, o que, abandonado,
quem quereria ficar dentro do círculo?

Um amor feliz. Isso é necessário?
O tato e a razão nos mandam silenciar sobre ele
como sobre um escândalo das altas esferas da Vida.
Crianças perfeitas nascem sem sua ajuda.
Nunca conseguiria povoar a terra,
pois raramente acontece.

Os que não conhecem o amor feliz que afirmem
não existir em lugar nenhum um amor feliz.

Com essa crença lhes será mais fácil viver e morrer.

*

Miłość szczęśliwa

Miłość szczęśliwa. Czy to jest normalne,
czy to poważne, czy to pożyteczne —
co świat ma z dwojga ludzi,
którzy nie widzą świata?

Wywyższeni ku sobie bez żadnej zasługi,
pierwsi lepsi z miliona, ale przekonani,
że tak się stać musiało — w nagrodę za co? za nic;
światło pada znikąd —
dlaczego właśnie na tych a nie innych?
Czy to obraża sprawiedliwość? Tak.
Czy narusza troskliwie piętrzone zasady,
strąca ze szczytu morał? Narusza i strąca.

Spójrzcie na tych szczęśliwych:
gdyby się chociaż maskowali trochę,
udawali zgnębienie krzepiąc tym przyjaciół!
Słuchajcie, jak się śmieją — obraźliwie.
Jakim językiem mówią — zrozumiałym na pozór.
A te ich ceremonie, ceregiele,
wymyślne obowiązki względem siebie —
wygląda to na zmowę za plecami ludzkości!

Trudno nawet przewidzieć, do czego by doszło,
gdyby ich przykład dał się naśladować.
Na co liczyć by mogły religie, poezje,
o czym by pamiętano, czego zaniechano,
kto by chciał zostać w kręgu.

Miłość szczęśliwa. Czy to jest konieczne?
Takt i rozsądek każą milczeć o niej
jak o skandalu z wysokich sfer Życia.
Wspaniałe dziatki rodzą się bez jej pomocy.
Przenigdy nie zdołałaby zaludnić ziemi,
zdarza się przecież rzadko.

Niech ludzie nie znający miłości szczęśliwej
twierdzą, że nigdzie nie ma miłości szczęśliwej.

Z tą wiarą lżej im będzie i żyć, i umierać.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

    UM GRANDE NÚMERO

Salmo

Oh, como são permeáveis as fronteiras dos países!
Quantas nuvens flutuam impunemente sobre elas,
quanta areia do deserto passa de um país a outro,
quantas pedras da montanha rolam para terras alheias
com saltos desafiadores.

Devo mencionar um a um cada pássaro que voa
ou que pousa na barreira abaixada da fronteira?
Se fosse um pardal — a cauda já estaria no exterior
e o bico ainda na pátria.
E além do mais, como se agita!

Entre os inúmeros insetos, me limitarei à formiga
que entre a bota esquerda e a  direita do guarda
não se sente obrigada a responder à pergunta de onde? para onde?

Oh, abranger com um único olhar essa confusão
sobre todos os continentes!
Pois não é a alfena da outra margem que
contrabandeia pelo rio sua centésima-milésima folha?
E quem, senão o polvo de longos braços impertinentes,
viola os limites sagrados das águas territoriais?

E como se pode falar de uma ordem qualquer,
se nem dá para separar as estrelas
para saber qual brilha para quem?

E esse confortável dispersar da neblina!
E o pó que pousa sobre toda a estepe,
como se ela não estivesse dividida ao meio!
E o ressoar das vozes nas complacentes ondas do ar:
pipilos apelativos e gorgolejos sedutores!

Só o que é humano pode ser verdadeiramente estrangeiro.
O resto é bosque misto, trabalho de toupeira e vento.

*

Psalm

O, jakże są nieszczelne granice państw!
Ile to chmur nad nimi bezkarnie przepływa,
ile piasków pustynnych przesypuje się z kraju do kraju,
ile górskich kamyków stacza się w cudze włości
w wyzywających podskokach!

Czy muszę tu wymieniać ptaka za ptakiem jak leci,
albo jak właśnie przysiada na opuszczonym szlabanie?
Niechby to nawet był wróbel — a już ma ogon ościenny,
choć dzióbek jeszcze tutejszy. W dodatku ależ się wierci!

Z nieprzeliczonych owadów poprzestanę na mrówce,
która pomiędzy lewym a prawym butem strażnika
na pytanie: skąd dokąd — nie poczuwa się do odpowiedzi.

Och, zobaczyć dokładnie cały ten nieład naraz,
na wszystkich kontynentach!
Bo czy to nie liguster z przeciwnego brzegu
przemyca poprzez rzekę stutysięczny listek?
Bo kto, jeśli nie mątwa zuchwale długoramienna,
narusza świętą strefę wód terytorialnych?

Czy można w ogóle mówić o jakim takim porządku,
jeżeli nawet gwiazd nie da się porozsuwać
żeby było wiadomo, która komu świeci?

I jeszcze to naganne rozpościeranie się mgły!
I pylenie się stepu na całej przestrzeni,
jak gdyby nie był wcale wpół przecięty!
I rozlegnie się głosów na usłużnych falach powietrza:
Przywoływawczych pisków i znaczących bulgotów!

Tylko co ludzkie potrafi być prawdziwie obce.
Reszta to lasy mieszane, krecia robota i wiatr.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilingüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Visto do alto

Um besouro morto num caminho campestre.
Três pares de perninhas dobradas sobre o ventre.
Ao invés da desordem da morte — ordem e limpeza.
O horror da cena é moderado,
o âmbito estritamente local, da tiririca à menta.
A tristeza não se transmite.
O céu está azul.

Para nosso sossego, os animais não falecem,
morrem de uma morte por assim dizer mais rasa,
perdendo — queremos crer  menos sentimento e mundo,
partindo — assim nos parece — de uma cena menos trágica.
Suas alminhas dóceis não nos assombram à noite,
mantêm distância,
conhecem as boas maneiras.

E assim esse besouro morto no caminho,
não pranteado, brilha ao sol.
Basta pensar nele a duração de um olhar:
parece que nada de importante lhe aconteceu.
O importante supostamente tem a ver conosco.
Com a nossa vida somente, só com nossa morte,
uma morte que goza de forçada precedência.

*

Widziane z góry

Na polnej drodze leży martwy żuk.
Trzy pary nóżek złożył na brzuchu starannie.
Zamiast bezładu śmierci — schludność i porządek.
Groza tego widoku jest umiarkowana,
zakres ściśle lokalny od perzu do mięty.
Smutek się nie udziela.
Niebo jest błękitne.

Dla naszego spokoju, śmiercią jakby płytszą
nie umierają, ale zdychają zwierzęta
tracąc — chcemy w to wierzyć — mniej czucia i świata,
schodząc — jak nam się wydaje — z mniej tragicznej sceny.
Ich potulne duszyczki nie straszą nas nocą,
szanują dystans,
wiedzą, co to mores.

I oto ten na drodze martwy żuk
w nieopłakanym stanie ku słońcu polśniewa.
Wystarczy o nim tyle pomyśleć co spojrzeć:
wygląda, że nie stało mu się nic ważnego.
Ważne związane jest podobno z nami.
Na życie tylko nasze, naszą tylko śmierć,
śmierć, która wymuszonym cieszy się pierwszeństwem.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Sorrisos

Com mais esperança o mundo vê do que ouve.
Os estadistas precisam sorrir.
O sorriso significa que não perdem o ânimo.
Mesmo o jogo sendo complexo, os interesses, contrastantes,
o resultado, incerto — sempre consola
uma dentição branca e calorosa.

Precisam mostrar uma cara amigável
na pista do aeroporto e na sala de conferência.
Mover-se com energia, parecer alegres.
Para esse, um cumprimento para aquele, um aceno.
Um rosto sorridente é muito necessário
para os objetivos e as multidões.

A odontologia a serviço da diplomacia
garante um resultado espetacular.
Caninos de boa vontade, incisivos aquiescentes
não podem faltar quando a situação pesa.
Nossos tempos ainda não são tão  serenos
para que nos rostos se estampe uma tristeza comum.

A humanidade fraterna, segundo os sonhadores,
transformará a terra no país do sorriso.
Duvido. Os estadistas, neste caso,
não precisariam sorrir o dia inteiro.
Só às vezes: porque é primavera, porque é verão,
sem tensão nervosa e sem pressa.
A essência humana é triste por natureza.
Por ela espero e desde já me alegro.

*

Uśmiechy

Z większą nadzieje świat patrzy niż słucha.
Mężowie stanu muszą się uśmiechać.
Uśmiech oznacza, że nie tracą ducha.
Choć gra zawiła, interesy sprzeczne,
wynik niepewny — zawsze to pociecha,
gdy uzębienie białe i serdeczne.

Muszą życzliwe pokazywać czoło
na sali obrad i płycie lotniska.
Ruszać się żwawo, wyglądać wesoło.
Ów tego wita, ten owego żegna.
Twarz uśmiechnięta bardzo jest potrzebna
dla obiektywów i dla zbiegowiska.

Stomatologia w służbie dyplomacji
spektakularny gwarantuje skutek.
Kłów dobrej woli i siekaczy zgodnych
nie może braknąć w groźnej sytuacji.
Jeszcze nie mamy czasów tak pogodnych,
żeby na twarzach widniał zwykły smutek.

Ludzkość braterska, zdaniem marzycieli,
zamieni ziemię w krainę uśmiechu.
Wątpię. Mężowie stanu, dajmy na to,
uśmiechać by się tyle nie musieli.
Tylko czasami: że wiosna, że lato,
bez nerwowego skurczu i pośpiechu.
Istota ludzka smutna jest z natury.
Na taką czekam i cieszę się z góry.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Elogio à irmã

Minha irmã não escreve poemas
e acho que nem vai de repente começar a escrever poemas.
Puxou isso da nossa mãe, que não escrevia poemas,
e do nosso pai, que também não escrevia poemas.
Sob o teto de minha irmã me sinto segura:
o marido de minha irmã por nada no mundo escreveria poemas.
E embora isso soe repetitivo como uma litania,
nenhum dos nossos parentes se ocupa em escrever poemas.

Nas gavetas de minha irmã não existem poemas antigos,
nem na sua bolsa, poemas recém-escritos.
E quando minha irmã me convida para almoçar,
sei que não tenciona ler poemas para mim.
Faz sopas deliciosas sem premeditação.
E não derrama café sobre manuscritos.

Em muitas famílias ninguém escreve poemas,
mas se isso acontece — é raro ficar numa só pessoa.
Às vezes a poesia desce em cascatas pelas gerações,
criando turbilhões perigosos nos sentimentos mútuos.

Minha irmã pratica uma razoável prosa falada,
e toda a sua obra se limita a postais escritos nas férias,
cujo texto promete o mesmo todo ano:
que ao voltar
tudo
tudo
tudinho ela vai contar.

*

Pochwała siostry

Moja siostra nie pisze wierszy
i chyba już nie zacznie nagle pisać wierszy.
Ma to po matce, która nie pisała wierszy,
oraz po ojcu, który też ;nie pisał wierszy.
Pod dachem mojej siostry czuję się bezpieczna:
mąż siostry za nic w świecie nie pisałby wierszy.
I choć to brzmi jak utwór Adama Macedońskiego,
nikt z krewnych nie zajmuje się pisaniem wierszy.

W szufladach mojej siostry nie ma dawnych wierszy
ani w torebce napisanych świeżo.
A kiedy moja siostra zaprasza na obiad,
to wiem, że nie w zamiarze czytania mi wierszy.
Jej zupy są wyborne bez premedytacji,
a kawa nie rozlewa się na rękopisy.

W wielu rodzinach nikt nie pisze wierszy,
ale jak już — to rzadko jedna tylko osoba.
Czasem poezja spływa kaskadami pokoleń,
co stwarza groźne wiry w uczuciach wzajemnych.

Moja siostra uprawia niezłą prozę mówioną,
a całe jej pisarstwo to widokówki z urlopu,
z tekstem obiecującym to samo każdego roku:
że jak wróci,
to wszystko
wszystko
wszystko opowie.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Número PI

O admirável número Pi
três vírgula um quatro um.
Todos os seus algarismos sucessivos também são iniciais,
cinco nove dois porque não acaba nunca.
Não se deixa abranger seis cinco três cinco pelo olhar
oito nove pelo cálculo
sete nove pela imaginação,
e nem três dois três oito numa piada, ou seja, na comparação
quatro seis com qualquer coisa
dois seis quatro três no mundo.
A cobra mais comprida da terra acaba depois de alguns metros.
O mesmo, embora um pouco depois, fazem  as cobras das fábulas.
O desfile de algarismos que compõem o número Pi
não para na margem da página,
consegue estender-se pela mesa, pelo ar,
pelo muro, folha, ninho de pássaro, nuvens, direto para o céu,
por toda extensão e profundeza do céu.
Oh, como é curto, que nem de rato, o rabo de um cometa!
Como é tênue o raio de uma estrela, que se curva a cada espaço!
E aqui dois três quinze trinta dezenove
o número do meu telefone o tamanho da tua camisa
o ano de mil novecentos e setenta e três o sexto andar
o número de habitantes sessenta e cinco centavos
a medida dos quadris dois dedos charada e cifra,
na qual voa e canta rouxinol meu,
e mais pede-se manter a calma,
e também o céu e a terra passarão,
mas não o número Pi, esse não, nada disso,
ele ainda está aí com seu possível cinco,
um nada mau oito,
um não último sete,
incitando, ah, incitando a indolente eternidade
a durar.

*

Liczba Pi

Podziwu godna liczba Pi
trzy koma jeden cztery jeden.
Wszystkie jej dalsze cyfry też są początkowe,
pięć dziewięć dwa, ponieważ nigdy się nie kończy.
Nie pozwala się objąć sześć pięć trzy pięć spojrzeniem
osiem dziewięć obliczeniem
siedem dziewięć wyobraźnią,
a nawet trzy dwa trzy osiem żartem, czyli porównaniem
cztery sześć do czegokolwiek
dwa sześć cztery trzy na świecie.
Najdłuższy ziemski wąż po kilkunastu metrach się urywa.
Podobnie, choć trochę później, czynią węże bajeczne.
Korowód cyfr składających się na liczbę Pi
nie zatrzymuje się na brzegu kartki,
potrafi ciągnąć się po stole, przez powietrze,
przez mur, liść, gniazdo ptasie, chmury, prosto w niebo,
przez całą nieba wzdętość i bezdenność.
O jak krótki, wprost mysi, jest warkocz komety!
Jak wątły promień gwiazdy, że zakrzywia się w lada przestrzeni!
A tu dwa trzy piętnaście trzysta dziewiętnaście
mój numer telefonu twój numer koszuli
rok tysiąc dziewięćset siedemdziesiąty trzeci szóste piętro
ilość mieszkańców sześćdziesiąt pięć groszy
obwód w biodrach dwa palce szarada i szyfr,
w którym słowiczku mój a leć, a piej
oraz uprasza się zachować spokój,
a także ziemia i niebo przeminą,
ale nie liczba Pi, co to to nie,
ona wciąż swoje niezłe jeszcze pięć
nie byle jakie osiem,
nieostatnie siedem,
przynaglając ach, przynaglając gnuśną wieczność
do trwania.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§


GENTE NA PONTE

Medo do palco

Poetas e escritores.
É assim que se diz.
Logo, poetas não são escritores, então o quê —

Os poetas são poesia, os escritores são prosa —

Na prosa pode caber tudo, inclusive a poesia,
mas na poesia deve haver só poesia —

De acordo com o cartaz que a anuncia
com o floreio art nouveau de um P maiúsculo,
inscrito nas cordas de uma lira alada,
eu deveria entrar voando, não andando —

E não estaria melhor descalça
do que com esse sapato comum
batendo o salto, rangendo,
desajeitado substituto de um anjo? —

Se ao menos o vestido fosse mais longo, esvoaçante,
e os versos saíssem não da bolsa, mas da manga,
e versassem sobre a festa, o desfile, o sino solene,
dim dom
ab ab ba —

Mas lá no pódio já espreita uma mesinha,
meio de sessão espírita, com pés dourados,
e na mesinha esfumaça um castiçal —

De onde deduzo
que terei que ler à luz de velas
o que escrevi à luz de uma lâmpada comum
tac tac tac na máquina —

Sem me preocupar antes do tempo
se isto é poesia
e que poesia —

Se aquela na qual a prosa é malvista —
Ou aquela que é bem-vista na prosa —

E que diferença é essa,
perceptível apenas na penumbra,
sobre o fundo de uma cortina bordô
com franjas violeta?

*

Trema

Poeci i pisarze.
Tak się przecież mówi.
Czyli poeci nie pisarze, tylko kto –

Poeci to poezja, pisarze to proza –

W prozie może być wszystko, również i poezja,
ale w poezji musi być tylko poezja –

Zgodnie z afiszem, który ją ogłasza
przez duże, z secesyjnym zawijasem P,
wpisane w struny uskrzydlonej liry,
powinnam raczej wefrunąć niż wejść –

I czy nie lepiej boso,
niż w tych butach z Chełmka
tupiąc, skrzypiąc
w niezdarnym zastępstwie anioła –

Gdyby chociaż ta suknia dłuższa, powłóczystsza,
a wiersze nic z torebki, ale wprost z rękawa,
od święta, od parady, od wielkiego dzwonu,
od bim do bum,
ab ab ba –

A tam na podium czyha już stoliczek
spirytystyczny jakiś, na złoconych nóżkach,
a na stoliczku kopci się lichtarzyk –

Z czego wniosek,
że będę musiała przy świecach
czytać to, co pisałam przy zwykłej żarówce
stuk stuk stuk na maszynie –

Nie martwiąc się zawczasu,
czy to jest poezja
i jaka to poezja –

Czy taka, w której proza widziana jest źle –
Czy taka, która dobrze jest widziana w prozie –

I co w tym za różnica,
wyraźna już tylko w półmroku,
na tle kurtyny bordo
z fioletowymi frędzlami?
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Sobre a morte sem exagero

Não entende de piadas,
de estrelas, de pontes,
de tecer, minerar, lavrar a terra,
de construir navios e assar bolos.

Quando falamos de planos para amanhã
intromete sua última palavra
sem nada a ver com o assunto.

Não sabe sequer as coisas
diretamente ligadas ao seu ofício:
nem cavar uma cova,
nem fazer um caixão,
nem arrumar a desordem que deixa.

Ocupada em matar,
o faz de modo canhestro,
sem método nem mestria,
como se em cada um de nós estivesse aprendendo.

Triunfos, vá lá,
mas quantas derrotas,
golpes falhos
e tentativas repetidas de novo!

Às vezes lhe faltam forças
para fazer cair uma mosca do ar.
Mais de uma lagarta
rastejando a vence na corrida.

Todos esses bulbos, grãos,
tentáculos, barbatanas, traqueias,
plumagens nupciais e pelame de inverno
testemunham atrasos
no seu trabalho tedioso.

A má vontade não basta,
e mesmo nossa ajuda com guerras e revoluções
é, até aqui, insuficiente.

Corações batem nos ovos.
Crescem os esqueletos dos bebês.
Das sementes brotam duas primeiras folhinhas,
e amiúde também árvores altas no horizonte.

Quem afirma que ela é onipotente
é ele mesmo a prova viva
de que onipotente ela não é.
Não há vida
que pelo menos por um momento
não tenha sido imortal.

A morte
chega sempre atrasada àquele momento.

Em vão força a maçaneta
de uma porta invisível.
A ninguém pode subtrair
o tempo alcançado

*

O śmierci bez przesady

Nie zna się na żartach,
na gwiazdach, na mostach,
na tkactwie, na górnictwie, na uprawie roli,
na budowie okrętów i pieczeniu ciasta.

W nasze rozmowy o planach na jutro
wtrąca swoje ostatnie słowo
nie na temat.

Nie umie nawet tego,
co bezpośrednio łączy się z jej fachem:
ani grobu wykopać,
ani trumny sklecić,
ani sprzątnąć po sobie.

Zajęta zabijaniem,
robi to niezdarnie,
bez systemu i wprawy.
Jakby na każdym z nas uczyła się dopiero.

Tryumfy tryumfami,
ale ileż klęsk,
ciosów chybionych
i prób podejmowanych od nowa!

Czasami brak jej siły,
żeby strącić muchę z powietrza.
Z niejedną gąsienicą
przegrywa wyścig w pełzaniu.

Te wszystkie bulwy, strąki,
czułki, płetwy, tchawki,
pióra godowe i zimowa sierść
świadczą o zaległościach
w jej marudnej pracy.

Zła wola nie wystarcza
i nawet nasza pomoc w wojnach i przewrotach,
to, jak dotąd, za mało.

Serca stukają w jajkach.
Rosną szkielety niemowląt.
Nasiona dorabiają się dwóch pierwszych listków,
a często i wysokich drzew na horyzoncie.

Kto twierdzi, że jest wszechmocna,
sam jest żywym dowodem,
że wszechmocna nie jest.
Nie ma takiego życia,
które by choć przez chwilę
nie było nieśmiertelne.

Śmierć
zawsze o tę chwilę przybywa spóźniona.

Na próżno szarpie klamką
niewidzialnych drzwi.
Kto ile zdążył,
tego mu cofnąć nie może.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

A casa de um grande homem

Escrito no mármore em letras douradas:
Aqui viveu e trabalhou e morreu um grande homem.
Ele próprio espalhou o cascalho nestas veredas.
Este banco — não tocar — ele esculpiu na pedra.
E — atenção — três degraus — vamos entrar.

Conseguiu vir ao mundo num tempo ainda adequado.
Tudo que devia se passar se passou nesta casa.
Não em conjuntos residenciais,
não em áreas mobiliadas mas vazias,
entre vizinhos desconhecidos,
em décimos quintos andares
para onde seria difícil conduzir excursões escolares.

Neste quarto meditava,
nesta alcova dormia
e aqui recebia as visitas.
Retratos, poltrona, escrivaninha, cachimbo, globo, flauta,
tapete gasto, varanda envidraçada.
Aqui trocava reverências com o alfaiate e o sapateiro
que costuravam sob medida para ele.

Não é a mesma coisa que fotografias em caixas,
canetas com tinta seca em canecas de plástico,
roupas em séries nos armários de série,
janela da qual se veem melhor nuvens do que pessoas.

Feliz? Infeliz?
Não se trata disso.
Ainda fazia confidências nas cartas,
sem pensar que no trajeto seriam abertas.

Mantinha também um diário preciso e sincero,
sem temor de vê-lo confiscado numa revista.
Mais que tudo o inquietava o passar de um cometa.
O fim do mundo estava só nas mãos de Deus.

Teve ainda a sorte de não morrer num hospital,
atrás de uma divisória branca qualquer.
Junto a ele havia alguém que memorizou
as palavras balbuciadas.

Como se lhe tivesse sido dada
uma vida muitas vezes reutilizável:
mandava recapar os livros,
não apagava da agenda os nomes dos mortos.
E as árvores que plantou no jardim da casa
cresciam-lhe ainda como junglans regia
e quercus rubra e ulmus e latrix
e fraxinus excelsior.

*

Dom wielkiego człowieka

Wypisano w marmurze złotymi zgłoskami:
Tu mieszkał i pracował, i wielki człowiek.
Te ścieżki osobiście posypywał żwirem.
Tę ławkę — nie dotykać — sam wykuł z kamienia.
I — uwaga — trzy schodki — wchodzimy do wnętrza.

Jeszcze w stosownym czasie zdążył przyjść na świat.
Wszystko, co miało mijać, minęło w tym domu.
Nie w blokach,
nie w metrażach umeblowanych a pustych,
wśród nieznanych sąsiadów,
na piętnastu piętrach,
dokąd trudno by było wlec wycieczki szkolne.

W tym pokoju rozmyślał,
w tej alkowie spał,
a tu przyjmował gości.
Portrety, fotel, biurko, fajka, globus, flet,
wydeptany dywanik, oszklona weranda.
Stąd wymieniał ukłony z krawcem albo szewcem,
co szyli mu na miarę.

To nie to samo, co fotografie w pudełkach,
zeschnięte długopisy w plastykowym kubku,
konfekcja z magazynu w szafie z magazynu,
okno, skąd lepiej widzi się chmury niż ludzi.

Szczęśliwy? Nieszczęśliwy?
Nie o to tu chodzi.
Jeszcze zwierzał się w listach,
bez myśli, że po drodze zostaną otwarte.

Prowadził jeszcze dziennik dokładny i szczery,
bez lęku, że go straci przy rewizji.
Najbardziej niepokoił go przelot komety.
Zagłada świata była tylko w rękach Boga.

Udało mu się umrzeć jeszcze nie w szpitalu,
za białym parawanem nie wiadomo którym.
Był jeszcze przy nim ktoś, kto zapamiętał
wymamrotane słowa.

Jakby przypadło mu w udziale życie
wielokrotnego użytku:
książki słał do oprawy,
nie wykreślał z notesu nazwisk osób zmarłych.
A drzewa, które sadził w ogrodzie za domem,
rosły mu jeszcze jako
juglans regia
i quercus rubra i ulmus i larix
i fraxinus excelsior.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Feira dos milagres

Um milagre comum:
isso de acontecerem muitos milagres comuns.

Um milagre normal:
no silêncio da noite
o latido de cães invisíveis.

Um milagre entre tantos:
uma nuvenzinha etérea e pequena
que consegue ocultar a lua grande e pesada.

Vários milagres em um:
um amieiro refletido na água
estar virado da esquerda para direita,
crescer ali com a copa para baixo
e não atingir nunca o fundo,
embora a água seja rasa.

Um milagre na ordem do dia:
vento leve a moderado,
tempestuoso nas tormentas.

Um primeiro milagre melhor:
as vacas são vacas.

Um outro não pior:
este e não outro pomar
desta e não outra semente.

Um milagre sem fraque nem cartola:
pombas brancas levantando voo.

Um milagre — pois como chamá-lo:
o sol hoje nasceu às três e catorze
e vai se pôr às vinte mais um minuto.

Um milagre que não causa tanto espanto quanto devia:
há na verdade menos de seis dedos na mão,
porém mais de quatro.

Um milagre, é só olhar em volta:
o mundo onipresente.

Um milagre extra, como extra é tudo:
o inimaginável
é imaginável.

*

Jarmark Cudów

Cud pospolity:
to, że dzieje się wiele cudów pospolitych.

Cud zwykły:
w ciszy nocnej szczekanie
niewidzialnych psów.

Cud jeden z wielu:
chmurka zwiewna i mała,
a potrafi zasłonić duży księżyc.

Kilka cudów w jednym:
olcha w wodzie odbita
i to, że odwrócona ze strony lewej na prawą,
i to, że rośnie tam koroną w dół
i wcale dna nie sięga,
choć woda jest płytka.

Cud na porządku dziennym:
wiatry dość słabe i umiarkowane,
w czasie burz porywiste.

Cud perwszy lelpszy:
krowy są krowami.

Drugi nie gorzy:
ten a nie inny sad
z tej a nie innej pestki.

Cud bez czarnego fraka i cylindra:
rozfruwające się białe gołębie.

Cud, no bo jak to nazwać:
słońce dziś wzeszło o trzeciej czternaście
a zajdzie o dwudziestej zero jeden.

Cud, który nie tak dziwi, jak powinien:
palców u dłoni wprawdzie mniej niż sześć,
za to więcej niż cztery.

Cud, tylko się rozejrzeć:
wszechobecny świat.

Cud dodatkowy, jak dodatkowe jest wszystko?
co nie do pomyślenia
jest do pomyślenia.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

FIM E COMEÇO

Céu

Daí se devia começar: o céu.
Janela sem parapeito, sem moldura, sem vidraça.
Uma abertura, nada além,
mas largamente aberta.

Não preciso aguardar uma noite serena
nem levantar a cabeça
para observar o céu.
Tenho o céu às costas, à mãos e nas pálpebras.
O céu me envolve firmemente
e me eleva de baixo.

Nem as montanhas mais altas
estão mais próximas do céu
do que os vales mais profundos.
Não há mais dele num lugar
do que em outro.
Uma nuvem é tão implacavelmente
esmagada pelo céu quanto uma tumba.
A toupeira se eleva ao céu tanto
quanto a coruja de asas tremulantes.
Um objeto que caia no abismo
cairá do céu no céu.

Em pó, líquidos, rochosos,
em chamas e voláteis
pedaços de céu, migalhas de céu,
sopros e pilhas de céu.
O céu é onipresente
mesmo na escuridão sob a pele.

Devoro o céu, excreto o céu.
Sou uma armadilha numa armadilha,
um habitante habitado,
um abraço abraçado,
uma pergunta na resposta a uma pergunta.

A divisão entre o céu e a terra
não é um modo apropriado
de pensar essa totalidade.
Permite só sobreviver
num endereço mais preciso,
mais fácil de encontrar,
caso eu fosse procurada.
Meus  sinais particulares
são o encantamento e o desespero.

*

Niebo

Od tego trzeba było zacząć: niebo.
Okno bez parapetu, bez futryn, bez szyb.
Otwór i nic poza nim,
ale otwarty szeroko.

Nie muszę czekać na pogodną noc,
ani zadzierać głowy,
żeby przyjrzeć się niebu.
Niebo mam za plecami, pod ręką i na powiekach.
Niebo owija mnie szczelnie
i unosi od spodu.

Nawet najwyższe góry
nie są bliżej nieba
niż najgłębsze doliny.
Na żadnym miejscu nie ma go więcej
niż w innym.
Obłok równie bezwzględnie
przywalony jest niebem co grób.
Kret równie wniebowzięty
jak sowa chwiejąca skrzydłami.
Rzecz, która spada w przepaść,
spada z nieba w niebo.

Sypkie, płynne, skaliste,
rozpłomienione i lotne
połacie nieba, okruszyny nieba,
podmuchy nieba i sterty.
Niebo jest wszechobecne
nawet w ciemnościach pod skórą.

Zjadam niebo, wydalam niebo.
Jestem pułapką w pułapce,
zamieszkiwanym mieszkańcem,
obejmowanym objęciem,
pytaniem w odpowiedzi na pytanie.

Podział na ziemię i niebo
to nie jest właściwy sposób
myślenia o tej całości.
Pozwala tylko przeżyć
pod dokładniejszym adresem,
szybszym do znalezienia,
jeślibym była szukana.
Moje znaki szczególne
to zachwyt i rozpacz.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Pode ser sem título

Aconteceu de eu estar sentada sob uma árvore
na beira do rio,
numa manhã ensolarada.
É um acontecimento insignificante
e não entrará para a história.
Não é caso de batalhas e pactos,
cujas causas se pesquisam,
nem de tiranicídios dignos de memória.

E entretanto estou à beira de um rio, é um fato.
E já que estou aqui
devo ter vindo de algum lugar,
e antes disso
devo ter aparecido em muitos outros,
exatamente como os conquistadores de terras
antes de subirem a bordo.

Mesmo o instante fugaz tem um passado fecundo,
sua sexta-feira antes do sábado,
seu maio antes de junho.
Tem seu horizonte não menos real
que no binóculo dos comandantes.

Esta árvore é um álamo enraizado há anos.
O rio é o Raba e não é de hoje que corre.
O caminho pelo mato
não é de anteontem que foi pisado.
O vento, para dissipar as nuvens,
precisou antes trazê-las aqui.

E embora ao redor nada de grandioso aconteça,
o mundo não fica mais pobre em detalhes por isso,
menos justificado ou definido
do que quando o conquistaram as migrações de povos.

O silêncio não acompanha só as conspirações secretas.
Nem o cortejo de causas, só as coroações.
Podem ser redondos não só os aniversários de insurreições,
mas também os seixos que rolam na margem.

É denso e intricado o bordado das circunstâncias.
O ponto da formiga na grama.
A grama costurada à terra.
O desenho da onda que um pauzinho transpassa.

Aconteceu de eu estar e observar.
Acima de mim uma borboleta branca tremula no ar
as asas que só pertencem a ela
e passa sobre minhas mãos uma sombra,
não outra, não de outra qualquer, mas dela  somente.

Diante de tal vista sempre me abandona a certeza
de que o importante
é mais importante do que o desimportante.

*

Może być bez tytułu

Doszło do tego, że siedzę pod drzewem,
na brzegu rzeki,
w słoneczny poranek.
Jest to zdarzenie błahe
i do historii nie wejdzie.
To nie bitwy i pakty,
których motywy się bada,
ani godne pamięci zabójstwa tyranów.

A jednak siedzę nad rzeką, to fakt.
I skoro tutaj jestem,
musiałam skądś przyjść,
a przedtem
w wielu jeszcze miejscach się podziewać,
całkiem tak samo jak zdobywcy krain,
nim wstąpili na pokład.

Ma bujną przeszłość chwila nawet ulotna,
swój piątek przed sobotą,
swój przed czerwcem maj.
Ma swoje horyzonty równie rzeczywiste
jak w lornetce dowódców.

To drzewo to topola zakorzeniona od lat.
Rzeka to Raba nie od dziś płynąca.
Ścieżka na niej od przedwczoraj
wydeptana w krzakach.
Wiatr, żeby rozwiać chmury,
musiał je wcześniej tu przywiać.

I choć w pobliżu nic się wielkiego nie dzieje,
świat nie jest przez to uboższy w szczegóły,
gorzej uzasadniony, słabiej określony,
niż kiedy zagarniały go wędrówki ludów.

Nie tylko tajnym spiskom towarzyszy cisza.
Nie tylko koronacjom orszak przyczyn.
Potrafią być okrągłe nie tylko rocznice powstań,
ale i obchodzone kamyki na brzegu.

Zawiły jest i gęsty haft okoliczności.
Ścieg mrówki w trawie.
Trawa wszyta w ziemię.
Deseń fali, przez którą przewleka się patyk.

Tak się złożyło, że jestem i patrzę.
Nade mną biały motyl trzepoce w powietrzu
skrzydełkami, co tylko do niego należą
i przelatuje mi przez ręce cień,
nie inny, nie czyjkolwiek, tylko jego własny.

Na taki widok zawsze opuszcza mnie pewność,
że to co ważne
ważniejsze jest od nieważnego.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngüe: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

O ódio

Vejam como ainda é eficiente,
como se mantém em forma
o ódio no nosso século.
Com que leveza transpõe altos obstáculos.
Como lhe é fácil — saltar, ultrapassar.

Não é como os outros sentimentos
a um tempo mais velhos e mais novos que ele.
Ele próprio gera as causas
que lhe dão vida.
Se adormece, nunca é um sono eterno.
A insônia não lhe tira as forças; aumenta.

Religião, não religião —
contanto que se ajoelhe para a largada
Pátria, não pátria —
contanto que se ponha a correr.
A Justiça também não se sai mal no começo.
Depois ele já corre sozinho.
O ódio. O ódio.
Seu rosto num esgar
de êxtase amoroso.

Ah, estes outros sentimentos —
fracotes e molengas.
Desde quando a fraternidade
pode contar com a multidão?
Alguma vez a compaixão
chegou primeiro à meta?
Quantos a dúvida arrasta consigo?
Só ele, que sabe o que faz, arrasta.

Capaz, esperto, muito trabalhador.
Será preciso dizer quantas canções compôs?
Quantas páginas da história numerou?
Quantos tapetes humanos estendeu
em quantas praças, estádios?

Não nos enganemos:
ele sabe criar a beleza.
São esplêndidos seus clarões na noite escura.
Fantásticos os novelos das explosões na aurora rosada.
Difícil negar o páthos das ruínas
e o humor tosco
da coluna que sobressai vigorosamente sobre elas.

É um mestre do contraste
entre o estrondo e o silêncio,
entre o sangue vermelho e a neve branca.
E acima de tudo nunca o enfada
o tema do torturador impecável
sobre a vítima conspurcada.

Pronto para novas tarefas a cada instante.
Se tem que esperar, espera.
Dizem que é cego. Cego?
Tem a vista aguda de um atirador
e afoito olha o futuro
— só ele.

*

Nienawiść

Spójrzcie, jaka wciąż sprawna,
jak dobrze się trzyma
w naszym stuleciu nienawiść.
Jak lekko bierze wysokie przeszkody.
Jakie to łatwe dla niej — skoczyć, dopaść.

Nie jest jak inne uczucia.
Starsza i młodsza od nich równocześnie.
Sama rodzi przyczyny,
które ją budzą do życia.
Jeśli zasypia, to nigdy snem wiecznym.
Bezsenność nie odbiera jej sił, ale dodaje.

Religia, nie religia —
byle przyklęknąć na starcie.
Ojczyzna nie ojczyzna —
byle się zerwać do biegu.
Niezła i sprawiedliwość na początek.
Potem już pędzi sama.
Nienawiść. Nienawiść.
Twarz jej wykrzywia grymas
ekstazy miłosnej.

Ach, te inne uczucia —
cherlawe i ślamazarne.
Od kiedy to braterstwo
może liczyć na tłumy?
Współczucie czy kiedykolwiek
pierwsze dobiło do mety?
Zwątpienie ilu chętnych porywa za sobą?
Porywa tylko ona, która swoje wie.

Zdolna, pojętna, bardzo pracowita.
Czy trzeba mówić ile ułożyła pieśni.
Ile stronic historii ponumerowała.
Ila dywanów z ludzi porozpościerała
na ilu placach, stadionach.

Nie okłamujmy się:
potrafi tworzyć piętno.
Wspaniałe są jej łuny czarną nocą.
Świetne kłęby wybuchów o różanym świcie.
Trudno odmówić patosu ruinom
i rubasznego humoru
krzepko sterczącej nad nimi kolumnie.

Jest mistrzynią kontrastu
między łoskotem a ciszą,
między czerwoną krwią a białym śniegiem.
A nade wszystko nigdy jej nie nudzi
motyw schludnego oprawcy
nad splugawioną ofiarą.

Do nowych zadań w każdej chwili gotowa.
Jeżeli musi poczekać, poczeka.
Mówią, że ślepa. Ślepa?
Ma bystre oczy snajpera
i śmiało patrzy w przyszłość
— ona jedna.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Cálculo elegíaco

Quantos dos que conheci
(se de fato os conheci)
homens, mulheres
(se esta divisão ainda é válida)
cruzaram esta soleira
(se é uma soleira)
atravessaram esta ponte
(se chamarmos isso de ponte) —

Quantos depois de uma vida curta ou longa
(se isso para eles ainda faz diferença)
boa, porque começou,
má, porque acabou
(se não prefeririam dizer o contrário)
se encontraram na outra margem
(se é que se encontraram
e se a outra margem existe) —

Não me é dada a certeza
de seu destino posterior
(se há mesmo um destino comum
e ainda é um destino) —

Tudo
(se não restrinjo com a palavra)
têm já atrás de si
(se não à sua frente) —

Quantos deles saltaram do tempo que corre
e desapareceram tristemente na distância
(se vale confiar na perspectiva) —

Quantos
(se a pergunta faz sentido,
se é possível chegar à soma final
sem incluir a si mesmo na conta)
caíram no mais profundo dos sonos
(se não há um mais profundo) —

Até logo.
Até amanhã.
Até o próximo encontro.
Isto já não querem
(se não querem) repetir.
Entregues a um infinito
(se não outro) silêncio.
Ocupados só com aquilo
(se é só aquilo)
a que os obriga a ausência.

*

Rachunek elegijny

Ilu tych, ktorych znałam
(jeśli naprawdę ich znałam)
mężczyzn, kobiet
(jeśli ten podział pozostaje w mocy)
przestąpiło ten próg
(jeżeli to próg)
przebiegło przez ten most
(jeśli nazwać to mostem) —

Ilu po życiu krótszym albo dłuższym
(jeśli to dla nich wciąż jakaś różnica)
dobrym, bo się zaczęło,
złym, bo się skończyło
(jeśliby nie woleli powiedzieć na odwrót)
znalazło się na drugim brzegu
(jeśii znalazło się
a drugi brzeg istnieje) —

Nie dana mi jest pewność
ich dalszego losu
{jeśli to nawet jeden wspólny los
i jeszcze los) —

Wszystko
(jeżeli słowem tym nie ograniczam)
mają za sobą
(jeśli nie przed sobą) —

Ilu ich wyskoczyło z pędzącego czasu
i w oddaleniu coraz rzewniej znika
(jeżeli warto wierzyć perspektywie) —

Ilu
(jeżeli pytanie ma sens,
jeżeli można dojść do sumy ostatecznej,
zanim liczący nie doliczy siebie)
zapadło w ten najgłębszy sen
(jeśli nie ma głębszego) —

Do widzenia.
Do jutra.
Do następnego spotkania.
Już tego nie chcą
(jeżeli nie chcą) powtórzyć.
Zdani na nieskończone
(jeśli nie inne) milczenie.
Zajęci tylko tym
(jeżeli tylko tym)
do czego ich przymusza nieobecność.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

§§

Grande sorte

É uma grande sorte
não saber ao certo
em que mundo se vive.

Seria preciso
existir um longo tempo,
decididamente mais longo
do que o mundo existe.

Ainda que só para comparar,
conhecer outros mundos.

Elevar-se acima do corpo
que não sabe nada melhor
do que limitar
e criar dificuldade.

Para o bem das pesquisas,
da clareza da visão
e das conclusões definitivas,
colocar-se acima do tempo,
no qual tudo isso corre e gira.

Dessa perspectiva,
adeus para sempre
aos detalhes e incidentes.

A contagem dos dias da semana
deveria parecer
uma atividade sem sentido,
jogar uma carta na caixa de correio,
uma bobagem de moços,

a inscrição “Não pise na grama”
uma inscrição louca.

*

Wielkie to szczęście

Wielkie to szczęście
nie wiedzieć dokładnie,
na jakim świecie się żyje.

Trzeba by było
istnieć bardzo długo,
stanowczo dłużej
niż istnieje on.

Choćby dla porównania
poznać inne światy.

Unieść się ponad ciało
które niczego tak dobrze nie umie,
jak ograniczać
i stwarzać trudności.

Dla dobra badań,
jasności obrazu
i ostatecznych wniosków
wzbić się ponad czas,
w którym to wszystko pędzi i wiruje.

Z tej perspektywy
żegnajcie na zawsze
szczegóły i epizody.

Liczenie dni tygodnia
musiałoby się wydać
czynnością bez sensu,
wrzucenie listu do skrzynki
wybrykiem głupiej młodości,

napis „Nie deptać trawy”
napisem szalonym.
- Wisława Szymborska, em "Um amor feliz – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

*Leia a continuação em POEMAS II. AQUI!
* E mais sobre a POETA. AQUI!

§§

© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske e José Alexandre da Silva

© Direitos reservados a autora Wisława Szymborska
© Traduções: direito dos tradutores
____
Página atualizada em 21.3.2019.


Direitos Reservados © 2019 Templo Cultural Delfos

11 comentários:

  1. Amei conhecer Wislawa! Obrigada

    ResponderExcluir
  2. I have reading your blog. It is very interesrting Topic, Thanks for its.

    ResponderExcluir
  3. That’s a brilliant story you posted. I will come back to read some more.

    ResponderExcluir
  4. It’s exceptionally useful and you are clearly extremely proficient around there.

    ResponderExcluir
  5. Awesome and entertaining article. I like to write a little comment to support you.

    ResponderExcluir
  6. I did a search on the subject and found mainly people will agree with your blog.

    ResponderExcluir
  7. I like what you guys are up also. Such clever work and reporting.

    ResponderExcluir
  8. Great site. Plenty of helpful info here. I am sending it to several buddies.

    ResponderExcluir
  9. You need to know that you’re doing a really good job.

    ResponderExcluir
  10. Excellent information Providing by this Article thank you for sharing.

    ResponderExcluir
  11. I am reading articles online and this one of the best, Thankyou!

    ResponderExcluir

Agradecemos a visita. Deixe seu comentário!

COMPARTILHE NAS SUAS REDES