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Wisława Szymborska e os alumbramentos poéticos

Wislawa Szymborska e os seus alumbramentos poéticos


"Poetas e escritores.
É assim que se diz.
Logo, poetas não são escritores, então o quê —
Os poetas são poesia, os escritores são prosa —
Na prosa pode caber tudo, inclusive a poesia,
mas na poesia deve haver só poesia —"
- Wislawa Szymborska no poema "Medo do palco", do livro 
'Um Amor Feliz'.[tradução Regina Przybycien]. Companhia das Letras, 2016.

Wislawa Szymborska nasceu em 1923, no vilarejo polonês de Bninie. Morava em Cracóvia desde os 8 anos. Levou uma vida singela, sem grandes atropelos. Durante a Segunda Guerra, foi funcionária do departamento de estradas de ferro. Mais tarde, trabalhou como secretária, ilustradora e, durante décadas, como editora de uma revista cultural. Começou a escrever poesia aos vinte e poucos anos. Em 1949, seu primeiro livro foi censurado pelo regime comunista, que o considerou obscuro demais para as massas. Talvez Szymborska tenha levado a sério a advertência, pois a obra que viria a consagrá-la é de uma desafetação exemplar. A dicção é coloquial, despojada de retórica e efeito poético. São poemas claros como água pura.

Mas é possível espantar-se com a água, e assim é Wislawa Szymborska: ela se surpreende, seja com as miudezas da vida, seja com os horrores da História. É uma poesia do assombro. Há um espanto de natureza quase darwiniana, suscitado pelo fato de estarmos aqui – nós e não outros. Há o que nasce da consciência de que ninguém está no centro de nada, de que o mundo segue adiante sem o nosso testemunho. Quanto à História, Szymborska a enfrenta sem abrir a guarda para sentimentalismos. O pior acontece, e será esquecido.

Em 1996, a poeta ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, pelo fato de “sua poesia conter uma precisão irônica capaz de permitir que contextos históricos e biológicos ganhem a luz através de fragmentos da realidade humana”. Tinha 73 anos e era praticamente desconhecida fora da Polônia. Foi talvez o único sobressalto de sua vida. Seus outros prêmios incluem o prêmio do Pen Club polonês, um título de Doutor Honoris Causa da Universidade Adam Mickiewicz, o Prêmio Herder, o Prêmio Goethe (1991) e o Prêmio da Cidade de Cracóvia (1954).

No Brasil, Ana Cristina Cesar, Nelson Ascher, Henryk Siewierski e José Santiago Naud traduziram alguns de seus poemas. Regina Przybycien, professora da Universidade Federal do Paraná, traduziu e publicou dois livros com coletâneas de poemas pela editora Companhia das Letras, 'Poemas' e 'Um amor feliz'; já Piotr Kilanowski e Eneida Favre traduziram e publicaram pela editora Âyiné o livro com brincadeiras poéticas e colagens 'Riminhas para crianças grandes'.
:: Fonte: Piauí/Folha de S. Paulo e outros.


“O que quer que ainda pensemos sobre este mundo — ele é espantoso.”
- Wislawa Szymborska, ao receber o 'Nobel de Literatura' (1996).

Wislawa Szymborska - poeta polonesa

Obras Wislawa Szymborska publicadas no Brasil
:: Poemas – Wisława Szymborska. [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
:: Um amor feliz – Wisława Szymborska. [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
:: Riminhas para Crianças Grandes. Wislawa Szymborska. [organização e tradução do polonês por Piotr Kilanowski e Eneida Favre; capa Julia Geiser]. Coleção: série 'Das Andere'. Editora Âyiné, 2018.


Em antologias
:: Lira argenta - poesia em tradução. antologia  [seleção e organização Vanderley Mendonça; tradutores Álvaro Faleiros, Augusto de Campos, Claudio Willer, Cide Piquet, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Fernando Klabin, Guilherme Gontijo Flores, Idalia Morejón López, Juliana Di Fiori Pondian, Larissa Peron, Maíra Mendes Galvão, Marcelo Ariel, Matheus Guménin, Monique Maion, Omar Pérez López, Piotr Kilanowski, Reynaldo Damazio, Ricardo Domeneck, Roberto Zular, Ruy Proença, Tatiana Lima Faria, Vanderley Mendonça, Walter Vetor e Willian Zeytounlian]. edição bilíngue. São Paulo: Selo Demônio Negro, 2017. // {autores presentes: Étienne Dolet, David Lynch, Charles Bukowski, Heiner Müller, Joan Salvat-Papasseit, Hans Arp, Guido Cavalcanti, Ovídio, Basil Bunting, Paul Celan, Victor Hugo, Roberto Juarroz, Boris Vian, Peire Vidal, Sor Juana Inés de la Cruz, Alda Merini, Mina Loy, Arthur Cravan, François Rabelais, William Faulkner, Pier Paolo Pasolini, Vladimir Maiakóvski, Yehuda Amichai, Ingeborg Bachmann, Mitoş Micleuşanu, Nara Mansur Cao, Derek Walcot, Denise Levertov, André Breton, Maria Mercè Marçal, Wisława Szymborska*, Czesław Miłosz, Zbigniew Herbert, Paul Valéry, Emily Dickinson, E. E. Cummings, Meleagro de Gadara, Robert Desnos}. 
:: Noite dilacerada: poezja polaca de guerra. [organização Bruno Reis de Oliveira, Flávia Costa Oliveira e Stéphanie Paes Rodrigues; tradução vários]. Coleção Viva Voz. Edição bilíngue. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2010.  Disponível no link. (acessado em 15.3.2019) 
:: Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Vários autores. [organização, tradução e prefácio Nelson Ascher; orelhas do livro Arthur Nestrovski]. Coleção Lazuli. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
:: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996.
:: Quatro poetas poloneses {Czeslaw Milosz, Tadeusz Rózewicz, Wislawa Szymborska, Zbigniew Herbert}.. [prefácio e tradução Henryk Siewierski e José Santiago Naud]. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, 1994. 
:: Bem acima do silêncio escrevo teu nome - Poesia e Holocausto. [idealização e organização Francisco Mallmann e Laura Nicolli]. Associação Casa de Cultura Beit Yaacov; Museu do Holocausto de Curitiba, s/data. {poetas presentes: Anne Ranasinghe, Charlotte Delbo, Ingeborg Bachmann, Irena Klepfisz, Jerzy Ficowski, Mascha Kaléko Motele, Nelly Sachs, Paul Celan, Paul Éluard, Peretz Markish, René Char, Rose Ausländer, Santino Spinelli, Selma Merbaum, Tadeusz Różewicz, W. H. Auden, Wislawa Szymborska}. Disponível no link. (acessado em 13.3.2024).


Em revistas
:: Wisława Szymborska - poemas. [tradução Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik]. Tradução publicada na revista Religião e Sociedade, n. 9, junho 1983, p. 77-8. {poemas traduzidos: 'Em louvor à consciência compungida, 'Tortura', 'Sumário', 'A mulher de Ló', 'Monólogo para Cassandra', 'Advertência', 'A memória enfim'}. Disponível no link. (acessada em 6.2.2024)
:: Wisława Szymborska - poemas. [tradução Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik]. Tradução publicada na revista Religião e Sociedade (Cadernos do ISER), n. 11, julho 1984. {poemas traduzidos: 'O Quarto do Suicida', 'Retornos', 'Os filhos da época', 'A mulher de Ló', 'A memória enfim' e 'Tortura'} ?? Obs.: Essa referência requer confirmação.
:: Wisława Szymborska (1923–2012) poeta polonesa, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1996. [tradução de Henryk Siewierski]. in Piauí/ Folha de S. Paulo, edição 8, maio de 2007. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).
Wislawa Szymborska, por Negreiros, 2018


Traduções portuguesas (Portugal)
:: Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska. [tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.
:: Instante – Wislawa Szymborska. [tradução Elzbieta Milewska e Sérgio Neves]. Lisboa: Relógio d’água, 2006.
:: Um passo da arte eterna. Wislawa Szymborska. [tradução Teresa Fernandes Swiatkewicz]. Coleção Biblioteca Ibero-Eslava. Lisboa: Esfera do Caos, 2013.


Em antologia
:: Alguns gostam de poesia {Wislawa Szymborska e Czesław Miłosz}.. [introdução e tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio das Neves]. Lisboa: Editora Cavalo de Ferro, 2004.  


"A dimensão da sua poesia é pessoal, a de alguém que reflecte sobre a condição humana. É certo que tal actividade é acompanhada por uma extraordinária reticência; como se a poetisa se encontrasse de repente num palco decorado para uma velha peça de teatro, uma obra que transforma o indivíduo em nada, num número anónimo e como se, nestas circunstâncias, falar de si não fosse o mais indicado.
Os poemas de Szymborska exploram situações pessoais, mas são ao mesmo tempo tão genéricos que permitem à sua autora evitar as confidências. No seu conhecido poema sobre um gato num apartamento vazio, em vez do lamento pela perda do marido de uma amiga, lemos:
Morrer / isso não se faz ao gato.
A reticência e a distância irónica consigo mesmo são, sem dúvida, reveladoras das tendências mais marcadas da poetisa. (…)
Para mim, Szymborska é, antes de mais, uma poetisa da consciência. Isso significa que nos fala, aos seus contemporâneos, como se fosse um de nós, reservando e guardando para si assuntos pessoais e intervindo de certa distância, mas sem deixar de remeter para o que cada um sabe da sua própria vida."
- Czeslaw Milosz (escritor polonês) sobre Wislawa Szymborska. in Relógio D'Água. disponível aqui!


Wislawa Szymborska - poeta polonesa


Seleção de poemas da poeta polonesa Wisława Szymborska em edição bilíngue

OUTROS POEMAS DA POETA WISLAVA SZYMBORSKA
* Leia POEMAS IAQUI!
Leia POEMAS IIAQUI!



Quarto do suicida

Vocês devem achar, sem dúvida, que o quarto esteve vazio.
Mas lá havia três cadeiras de encosto firmes.
Uma boa lâmpada para afastar a escuridão.
Uma mesa, sobre a mesa uma carteira, jornais.
Buda sereno, Jesus doloroso,
sete elefantes para boa sorte, e na gaveta - um caderno.
Vocês acham que nele não estavam nossos endereços?

Acham que faltavam livros, quadros ou discos?
Mas da parede sorria Saskia com sua flor cordial,
Alegria, a faísca dos deuses,
a corneta consolatória nas mãos negras.
Na estante, Ulisses repousando
depois dos esforços do Canto Cinco.
Os rnoralistas,
seus nomes em letras douradas
nas lindas lombadas de couro.
Os políticos ao lado, muito retos.

E não era sem saída este quarto,
aos menos pela porta,
nem sem vista, ao menos pela janela.
Binóculos de longo alcance no parapeito.
Uma mosca zumbindo - ou seja, ainda viva.

Acham então que talvez uma carta explicava algo.
Mas se eu disser que não havia carta nenhuma -
éramos tantos, os amigos, e todos coubemos
dentro de um envelope vazio encostado num copo.

*

Pokój samobójcy

Myślicie pewnie, że pokój był pusty.
A tam trzy krzesła z mocnym oparciem.
Tam lampa dobra przeciw ciemności.
Biurko, na biurku portfel, gazety.
Budda niefrasobliwy, Jezus frasobliwy.
Siedem słoni na szczęście, a w szufladzie notes.
Myślicie, że tam naszych adresów nie było?

Brakło, myślicie, książek, obrazów i płyt?
A tam pocieszająca trąbka w czarnych rękach.
Saskia z serdecznym kwiatkiem.
Rado iskra bogów.
Odys na półce w życiodajnym śnie
po trudach pieśni piątej.
Moraliści,
nazwiska wypisane złotymi zgłoskami
na pięknie grabowanych grzbietach.
Politycy tuż obok trzymali się prosto.

I nie bez wyjścia, chociażby przez dzrwi,
nie bez widoków, chociażby przez okno,
wydawał sie ten pokój.
Okulary do spoglądania w dal leżały na parapecie.
Brzęczała jedna mucha, czyli żyła jeszcze.

Myślicie, że przynajmniej list wyjaśniał coś.
A jeżeli wam powiem, że listu nie było —
i tylu nas, przyjaciół, a wszyscy się pomieścili
w pustej kopercie opartej o szklankę.
- Wisława Szymborska [tradução Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik]. tradução publicada na revista Religião e Sociedade nº 11, julho de 1984.

§§

Os filhos da época

Somos os filhos da época,
e a época é política.

Todas as coisas - minhas, tuas, nossas,
coisas de cada dia, de cada noite
são coisas políticas.

Queiras ou não queiras,
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um brilho político.

O que dizes tem ressonância,
o que calas tem peso
de uma forma ou outra - político.

Mesmo caminhando contra o vento
dos passos políticos
sobre solo político.
Poemas apolíticos também são políticos,
e lá em cima a lua já não dá luar.
Ser ou não ser: eis a questão.
Oh, querida que questão mal parida.
A questão política.

Não precisas nem ser gente
para teres importância política.
Basta ser petróleo, ração,
qualquer derivado, ou até
uma mesa de conferência cuja forma
vem sendo discutida meses a fio.

Enquanto isso, os homens se matam,
os animais são massacrados,
as casas queimadas,
os campos se tornam agrestes
como nas épocas passadas
e menos políticas.

*

Dzieci epoki

Jesteśmy dziećmi epoki,
epoka jest polityczna.

Wszystkie twoje, nasze, wasze
dzienne sprawy, nocne sprawy
to są sprawy polityczne.

Chcesz czy nie chcesz,
twoje geny mają przyszłość polityczną,
skóra odcień polityczny,
oczy aspekt polityczny.

O czym mówisz, ma rezonans,
o czym milczysz, ma wzmowę
tak czy owak polityczną.

Nawet idąc borem lasem
stawiasz kroki polityczne
na podłożu politycznym.

Wiersze apolityczne też są polityczne,
a w górze świeci księżyc,
obiekt już nie księżycowy.
Być albo nie być, oto jest pytanie.
Jakie pytanie, odpowiedz kochanie.
Pytanie polityczne.

Nie musisz nawet być istotą ludzką,
by zyskać na znaczeniu politycznym.
Wystarczy, żebyś był ropą naftową,
paszą treściwą czy surowcem wtórnym.
Albo i stołem obrad, o którego kształt
spierano się miesiącami:
przy jakim pertraktować o życiu i śmierci,
okrągłym czy kwadratowym.

Tymczasem ginęli ludzie,
zdychały zwierzęta,
płonęły domy
i dziczały pola
jak w epokach zamierzchłych
i mniej politycznych.
- Wisława Szymborska [tradução Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik]. tradução publicada na revista Religião e Sociedade nº 11, julho de 1984.

§§

Tortura

Nada mudou.
O corpo sente dor,
tem que comer, respirar, dormir,
a pele fina, o sangue sob a pele,
um bom estoque de dentes e unhas,
os ossos frágeis,
as juntas que se distendem.
Na tortura tudo isto conta.

Nada mudou.
O corpo treme como tremia
antes da fundação de Roma e depois,
no século vinte antes e depois de Cristo.
A tortura existe como existia, apenas o mundo ficou menor
e tudo que acontece, acontece como ali ao lado.

Nada mudou.
Apenas há mais gente.
Além das velhas acusações, surgem outras,
verdadeiras, imaginárias, efêmeras, ou nenhuma,
mas o grito com que o corpo responde
foi, é e será o grito da inocência
na mesmas escala imemorial e no mesmo tom.

Nada mudou.
Talvez os costumes, as cerimônias, talvez as danças.
O gesto das mãos protegendo a cabeça ainda é o mesmo.
O corpo se contorce, estica, luta,
derrubado cai, se dobra, roxo,
incha, baba e sangra.

Nada mudou.
Apenas a linha de fronteiras
de florestas, costas, desertos e icebergues.
Nestas paisagens a alma perambula,
desaparece, volta, se aproxima e se distancia,
desconhecida de si mesma, esquiva,
às vezes certa, às vezes incerta da sua própria existência,
enquanto o corpo é e é e é,
e não tem para onde ir.

*

Tortury

Nic się nie zmieniło.
Ciało jest bolesne,
jeść musi i oddychac powietrzem, i spać,
ma cienką skóre, a tuż pod nią krew,
ma spory zasób zębów i paznokci,
kości jego łamliwe, stawy rozciąglliwe.
W torturach jest to wszystko brane pod uwagę.

Nic się nie zmieniło.
Ciało drży, jak drżało
przed założeniem Rzymu i po jego założeniu,
w dwudziestym wieku przed i po Chrystusie,
tortury są, jak były, zmalała tylko ziemia
i cokolwiek się dzieje, to tak jak za scianą.

Nic się nie zmieniło.
Przybyło tylko ludzi,
obok starych przewinien zjawiły się nowe,
rzeczywiste, wmówione, chwilowe i żadne,
ale krzyk, jakim ciało za nie odpowiada,
był, jest i będzie krzykiem niewinności,
podług odwiecznej skali i rejestru.

Nic się nie zmieniło. 
Chyba tylko maniery, ceremonie, tańce.
Ruch rąk osłaniających głowę
pozostał jednak ten sam.
Ciało się wije, szarpie i wyrywa,
ścięte z nóg pada, podkurcza kolana,
sinieje, puchnie, ślini się i broczy.

Nic się nie zmieniło. 
Poza biegiem rzek,
linią lasów, wybrzeży, pustyń i lodowców.
Wśród tych pejzaży duszyczka się snuje,
znika, powraca, zbliża się, oddala,
sama dla siebie obca, nieuchwytna,
raz pewna, raz niepewna swojego istnienia,
podczas gdy ciało jest i jest i jest
i nie ma się gdzie podziać
- Wisława Szymborska [tradução Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik]. tradução publicada na revista Religião e Sociedade nº 11, julho de 1984.

§§

Céu
Era preciso começar daí: céu.
Janela sem encosto, sem moldura, sem vidraça.
Abertura e nada mais, porém muito bem aberta.
Não preciso aguardar a noite amena:

nem levantar a cabeça
para perscrutar o céu.
Tenho céu atrás de mim, sob as mãos
e debaixo das pálpebras.
Estou enredada de céu
e isto me exalta.

Nem as montanhas mais altas
Estão mais próximas do céu
que os vales mais profundos.
Não há mais céu num lugar
do que em outro.
A nuvem está atada ao céu
indiferente como o túmulo.
A toupeira é tão feliz
quanto a coruja que abre as asas.
O objeto que cai no precipício
cai do céu no céu.

Partes poeirentas, líquidas, montanhosas,
passageiras e queimadas do céu, migalhas do céu,
brisas de céu e montes.
O céu é onipresente
até nas trevas sob a pele.
Devoro o céu, rejeito o céu.

Estou com armadilhas na armadilha,
com o habitante instalado,
com o abraço abraçado,
com a pergunta presente na resposta.

A divisão entre céu e terra
não foi pensada de forma adequada
a respeito desta unidade.
Permite até que se sobreviva
no endereço mais exato,
que pode ser achado mais depressa
se me procurarem.
Os meus sinais característicos são
o arrebatamento e o desespero.

**

Niebo
Od tego trzeba było zacząć: niebo.
Okno bez parapetu, bez futryn, bez szyb.
Otwór i nic poza nim,
ale otwarty szeroko.
 
Nie muszę czekać na pogodną noc,
ani zadzierać głowy,
żyby przyjrzeć się niebu.
Niebo mam za plecami, pod ręką i na powiekach.
Niebo owija mnie szczelnie
i unosi od spodu.
 
Nawet najwyższe góry
nie są bliżej nieba
niż najgłębsze doliny.
Na żadnym miejscu nie ma go więcej
niż w innym.
Obłok równie bezwzględnie
przywalony jest niebem co grób.
Kret równie wniebowzięty
jak sowa chwiejąca skrzydłami....
Rzecz, która spada w przepaść,
spada z nieba w niebo.
 
Sypkie, płynne, skaliste,
rozpłomienione i lotne
połacie nieba, okruszyny nieba,
podmuchy nieba i sterty.
Niebo jest wszechobecne
nawet w ciemnościach po skórą.
 
Zjadam niebo, wydalam niebo.
Jestem pułapka w pułapce,
zamieszkiwanym mieszkańcem,
obejmowanym objęciem,
pytaniem w odpowiedzi na pytanie.
 
Podział na ziemię i niebo
to nie jest właściwy sposób
myslenia o tej całości.

Pozwala tylko przeżyć
pod dokładniejszym adresem,
szybszym do znalezienia,
jeślibym była szukana.
Moje znaki szczególne
to zachwyt i rozpacz.
- Wisława Szymborska [tradução Aleksandr Jovanović]. In: Céu vazio: 63 poetas eslavos. [organização, estudo introdutório, notas biográficas e tradução Aleksandar Jovanovic]. São Paulo: Hucitec, 1996.

§§

Repenso o mundo

Repenso o mundo, segunda edição,
segunda edição corrigida,
aos idiotas o riso,
aos tristes o pranto,
aos carecas o pente,
aos cães botas.

Eis um capítulo:
A Fala dos Bichos e das Plantas,
com um glossário próprio
para cada espécie.
Mesmo um simples bom-dia
trocado com um peixe,
a ti, ao peixe, a todos
na vida fortalece.

Essa há muito pressentida,
de súbito revelada,
improvisação da mata.
Essa épica das corujas!
Esses aforismos do ouriço
compostos quando imaginamos
que, ora, está só adormecido!
O tempo (capítulo dois)
tem direito de se meter
em tudo, coisa boa ou má.
Porém — ele que pulveriza montanhas
remove oceanos e está
presente na órbita das estrelas,
não terá o menor poder
sobre os amantes, tão nus
tão abraçados, com o coração alvoroçado
como um pardal na mão pousado.

A velhice é uma moral
só na vida de um marginal.
Ah, então todos são jovens!
O sofrimento (capítulo três)
não insulta o corpo.
A morte
chega com o sono.

E vais sonhar
que nem é preciso respirar,
que o silêncio sem ar
não é uma música má,
pequeno como uma fagulha,
a um toque te apagarás.
Morrer, só assim. Dor mais dolorosa
tiveste segurando nas mãos uma rosa
e terror maior sentiste ao som
de uma pétala caindo no chão.

O mundo, só assim. Só assim
viver. E morrer só esse tanto.
E todo o resto — é como Bach
tocado por um instante
num serrote.

*

Obmyślam świat

Obmyślam świat, wydanie drugie,
wydanie drugie, poprawione,
idiotom na śmiech,
melancholikom na płacz,
łysym na grzebień,
psom na buty.

Oto rozdział:
Mowa Zwierząt i Roślin,
gdzie przy każdym gatunku
masz słownik odnośny.
Nawet proste dzień dobry
wymienione z rybą
ciebie, rybę i wszystkich
przy życu umocni.

Ta, dawno przeczuwana,
nagle w lawie słów
inprowizacja lasu!
Ta epika sów!
Te aforyzmy jeża
układane, gdy
jesteśmy przekonani,
że, nic tylko śpi!

Czas (rozdział drugi)
ma prawo do wtrącania się
we wszystko czy złe, czy dobre.
Jednakże — ten, co kruszy góry,
oceany przesuwa i który
obecny jest przy gwiazd krążeniu,
nie będzie mieć najmniejszej władzy
nad kochankami, bo zbyt nadzy,
bo zbyt obojęci, z nastroszoną
duszą jak wróblem na ramieniu.

Starość to tylko morał
przy życiu zbrodniarza.
Ach więc wszyscy młodzi!
Cierpienie (rozdział trzeci)
ciała nie zniewala.
Śmierć,
kiedy śpisz, przychodzi.

A śnić bedziesz,
że wcale nie trzeba oddychać,
że cisza bez oddechu
to niezła muzyka,
jesteś mały jak iskra
i gaśniesz do taktu.

Śmierć tylko taka. Bólu więcej
miałeś trzymając róże w ręce
i większe czułeś przerażenie
widząc, że płatek spadł na ziemie.

Świat tylko taki. Tylko tak
żyć. I umierać tylko tyle.
A wszystko innejest — jak Bach
chwilowo grany
na pile.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Dois macacos de Bruegel

É assim meu grande sonho sobre os exames finais:
sentados no parapeito dois macacos acorrentados,
atrás da janela flutua o céu
e se banha o mar.

A prova é de história da humanidade.
Gaguejo e tropeço.

Um macaco, olhos fixos em mim, ouve com ironia,
o outro parece cochilar —
mas quando à pergunta se segue o silêncio,
me sopra
com um suave tilintar de correntes.

*

Dwie małpy Bruegla

Tak wygląda mój wielki maturalny sen:
siedzą w oknie dwie małpy przykute łańcuchem,
za oknem fruwa niebo
i kąpie się morze.

Zdaję z historii ludzi.
Jąkam się i brnę.

Małpa wpatrzona we mnie, ironicznie słucha,
druga niby to drzemie —
a kiedy po pytaniu nastaje milczenie,
podpowiada mi
cichym brząkaniem łańcucha.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Museu

Há pratos, mas falta apetite.
Há alianças, mas o amor recíproco se foi
há pelo menos trezentos anos.

Há um leque — onde os rubores?
Há espadas — onde a ira?
E o alaúde nem ressoa na hora sombria.

Por falta de eternidade
juntaram dez mil velharias.
Um bedel bolorento tira um doce cochilo,
o bigode pendido sobre a vitrine.

Metais, argila, pluma de pássaro
triunfam silenciosos no tempo.
Só dá risadinhas a presilha da jovem risonha do Egito.

A coroa sobreviveu à cabeça.
A mão perdeu para a luva.
A bota direita derrotou a perna.

Quanto a mim, vou vivendo, acreditem.
Minha competição com o vestido continua.
E que teimosia a dele!
E como ele adoraria sobreviver!

*

Muzeum

Są talerze, ale nie ma apetytu.
Są obrączki, ale nie ma wzajemności
od co najmniej trzystu lat.

Jest wachlarz — gdzie rumieńce?
Są miecze — gdzie gniew?
I lutnia ani brzęknie o szarej godzinie.

Z braku wieczności zgromadzono
dziesięć tysięcy starych rzeczy.
Omszały woźny drzemie słodko
zwiesiwszy wąsy nad gablotką.

Metale, glina, piórko ptasie
cichutko tryumfują w czasie.
Chichocze tylko szpilka po śmieszce z Egiptu.

Korona przeczekała głowę.
Przegrała dłoń do rękawicy.
Zwyciężył prawy but nad nogą.

Co do mnie, żyję, proszę wierzyć.
Mój wyścig z suknią nadał trwa.
A jaki ona upór ma!
A jakby ona chciała przeżyć!
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Recital da aurora

Musa, não ser um boxeador é literalmente não existir.
Nos recusaste a multidão ululante.
Uma dúzia de pessoas na sala,
já é hora de começar a fala.
Metade veio porque está chovendo,
o resto é parente. Ó Musa.

As mulheres adorariam desmaiar nesta noite outonal,
e vão, mas só ao assistir a uma luta colossal.
Só lá as cenas dantescas.
E o ascenso aos céus. Ó Musa.

Não ser boxeador, ser poeta,
estar condenado a duras florbelas,
por falta de musculatura mostrar ao mundo
a futura leitura escolar — na melhor das hipóteses —
Ó Musa. Ó Pégaso,
anjo equestre.

Na primeira fila um velhinho sonha docemente
que a finada esposa ressuscitou e
assa para ele um bolo com passas.
Com fogo, mas não alto, para o bolo não queimar,
começamos a leitura. Ó Musa.


*

Wieczór autorski

Muzo, nie byc bokserem to nie być wcale.
Ryczącej publiczności poskąpiłaś nam.
Dwanaście osób jest na sali,
już czas, żebyśmy zaczynali.
Połowa przyszła, bo deszcz pada,
reszta to krewni. Muzo.

Kobiety rade zemdleć w ten jesienny wieczór,
zrobią to, ale tylko na bokserskim meczu.
Dantejskie sceny tylko tam.
I wniebobranie. Muzo.

Nie być bokserem, być poetą,
mieć wyrok skazujący na ciężkie norwidy,
z braku muskulatury demonstrować światu
przyszłą lekturę szkolną — w najszczęśliwszym razie —
o Muzo. O Pegazie,
aniele koński. 

W pierwszym rządku staruszek słodko sobie śni,
że mu żona nieboszczka z grobu wstała i
upiecze staruszkowi placek ze śliwkami.
Z ogniem, ale niewielkim, bo placek sie spali,
zaczynamy czytanie. Muzo.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Conversa com a pedra.

Bato à porta da pedra.
— Sou eu, me deixa entrar.
Quero penetrar no teu interior
olhar em volta,
te aspirar como o ar.

— Vai embora — diz a pedra. —
— Sou hermeticamente fechada.
Mesmo partidas em pedaços
seremos hermeticamente fechadas.
Mesmo reduzidas a pó
não deixaremos ninguém entrar.

Bato à porta da pedra.
— Sou eu, me deixa entrar.
Venho por curiosidade pura.
A vida é minha ocasião única.
Pretendo percorrer teu palácio
e depois visitar ainda a folha e a gota d´água.
Pouco tempo tenho para isso tudo
Minha mortalidade devia te comover.

— Sou de pedra — diz a pedra —
e forçosamente devo manter a seriedade
Vai embora.
Não tenho os músculos do riso.

Bato à porta da pedra.
— Sou eu, me deixa entrar.
Soube que há em ti grandes salas vazias,
nunca vistas, inutilmente belas,
surdas, sem ecos de quaisquer passos.
Admite que mesmo tu sabes pouco disso.

— Salas grandes e vazias — diz a pedra —
mas nelas não há lugar.
Belas, talvez, mas para além do gosto
dos teus pobres sentidos.
Podes me reconhecer, nunca me conhecer.
Com toda a minha superfície me volto para ti
mas com todo o meu interior permaneço de costas.

Bato à porta da pedra.
— Sou eu, me deixa entrar.
Não busco em ti refúgio eterno.
Não sou infeliz.
Não sou uma sem-teto.
O meu mundo merece retorno.
Entro e saio de mãos vazias.
E para provar que de fato estive presente,
não apresentarei senão palavras,
a que ninguém dará crédito.

— Não vais entrar — diz a pedra. —
Te falta o sentido da participação.
Nenhum sentido te substitui o sentido da participação.
Mesmo a vista aguçada até a onividência
de nada te adianta sem o sentido da participação.
Não vais entrar, mal tens ideia desse sentido,
mal tens o seu germe, a sua concepção.

Bato à porta da pedra.
— Sou eu, me deixa entrar.
Não posso esperar dois mil séculos
para estar sob teu teto.

— Se não me acreditas — diz a pedra —
fala com a folha, ela dirá o mesmo que eu.
Com a gota d´água, ela dirá o mesmo que a folha.
Por fim pergunta ao cabelo da tua própria cabeça.
O riso se expande em mim, o riso, um riso enorme,
eu que não sei rir.

Bato à porta da pedra.
— Sou eu, me deixa entrar.

— Não tenho porta — diz a pedra.

*

Rozmowa z kamieniem

Pukam do drzwi kamienia.
— To ja, wpuść mnie.
Chcę wejść do twego wnętrza,
rozejrzeć się dokoła,
nabrać ciebie jak tchu.

— Odejdź — mówi kamień. —
Jestem szczelnie zamknięty.
Nawet rozbite na częsci
będziemy szczelnie zamknięte.
Nawet starte na piasek
nie wpuścimy nikogo.

Pukam do drzwi kamienia.
— To ja, wpuść mnie.
Przychodzę z ciekawości czystej.
Życie jest dla niej jedyną okazją.
Zamierzam przejść się po twoim pałacu,
a potem jeszcze zwiedzić liść i krople wody.
Niewiele czasu na to wszystko mam.
Moja śmiertelność powinna cię wzruszyć.

— Jestem z kamienia — mówi kamień —
i z konieczności muszę zachować powagę.
Odejdź stąd.
Nie mam mięśni śmiechu.

Pukam do drzwi kamienia.
— To ja, wpuść mnie.
Słyszałam że są w tobie wielkie puste sale,
nie oglądane, piękne nadaremnie,
gluche, bez echa czyichkolwiek kroków.
Przyznaj, że sam niedużo o tym wiesz.

— Wielkie i puste sale — mówi kamień —
ale w nich miejsca nie ma.
Piękne, być może, ale poza gustem
twoich ubogich zmysłów.
Możesz mnie poznać, nie zaznasz mnie nigdy.
Całą powierzchnią zwracam się ku tobie,
a całym wnętrzem leżę odwrócony.

Pukam do drzwi kamienia.
— To ja, wpuść mnie.
Nie szukam w tobie przytułku na wieczność.
Nie jestem nieszczęśliwa.
Nie jestem bezdomna.
Mój świat jest wart powrotu.
Wejdę i wyjdę z pustymi rękami.
A na dowód, że byłam prawdziwie obecna,
nie przedstawię niczego prócz słów,
którym nikt nie da wiary.

— Nie wejdziesz — mówi kamień. —
Brak ci zmysłu udziału.
Żadem zmysł nie zastąpi ci zmysłu udziału.
Nawet wzrok wyostrzony aż do wszechwidzenia
nie przyda ci się na nic bez zmysłu udziału.
Nie wejdziesz, masz zaledwie zamysł tego zmysłu,
ledwie jego zawiązek, wyobraźnię.

Pukam do drzwi kamienia.
— To ja, wpuść mnie.
Nie mogę czekać dwóch tysięcy wieków
na wejście pod twój dach.

— Jeżeli mi nie wierzysz —  mówi kamień —
zwróć się do liścia, powie to, co ja.
Do kropli wody, powie to, co liść.
Na koniec spytaj włosa z własnej głowy.
Śmiech mnie rozpiera, śmiech, olbrzymi śmiech,
którym śmiac się nie umiem.

Pukam do drzwi kamienia.
— To ja, wpuść mnie.

— Nie mam drzwi —  mówi kamień
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

A alegria da escrita

Para onde corre essa corça escrita pelo bosque escrito?
Vai beber da água escrita
que lhe copia o focinho como papel-carbono?
Por que ergue a cabeça; será que ouve algo?
Apoiada sobre as quatro patas emprestadas da verdade
sob meus dedos apura o ouvido.
Silêncio — também essa palavra ressoa pelo papel
e afasta
os ramos que a palavra “bosque” originou.

Na folha branca se aprontam para o salto
as letras que podem se alojar mal
as frases acossantes,
perante as quais  não haverá saída.

Numa gota de tinta há um bom estoque
de caçadores de olho semicerrado
prontos a correr pena abaixo,
rodear a corça, preparar o tiro.

Esquecem-se de que isso não é a vida.
Outras leis, preto no branco aqui vigoram.
Um pestanejar vai durar quanto eu quiser,
e ser deixar dividir em pequenas eternidades
cheias de balas suspensas no voo.

Para sempre se eu assim dispuser nada aqui acontece.
Sem meu querer nem uma folha cai
nem um caniço se curva sob o ponto final de um casco.

Existe então um mundo assim
sobre o qual exerço um destino independente?
Um tempo que enlaço com correntes de signos?
Uma existência perene por meu comando?

A alegria da escrita.
O poder de preservar.
A vingança da mão mortal.

*

Radość pisania

Dokąd biegnie ta napisana sarna przez napisany las?
Czy z napisanej wody pić,
która jej pyszczek odbije jak kalka?
Dlaczego łeb podnosi, czy coś słyszy?
Na pożyczonych z prawdy czterech nóżkach wsparta
spod moich palców uchem strzyże.
Cisza — ten wyraz też szeleści po papierze
I rozgarnia
spowodowane słowem „las” gałęzie.

Nad białą kartką czają się do skoku
litery, które mogą ułożyć się źle,
zdania osaczające,
przed którymi nie będzie ratunku.

Jest w kropli atramentu spory zapas
myśliwych z przymrużonym okiem,
gotowych zbiec po stromym piórze w dół,
otoczyć sarnę, złożyć się do strzału.

Zapominają, że nie tu jest życie.
Inne, czarno na białym, panują tu prawa.
Okamgnienie trwać będzie tak długo, jak zechcę,
pozwoli się podzielić na małe wieczności
pełne wstrzymanych w locie kul.
Na zawsze, jeśli każę, nic się tu nie stanie.
Bez mojej woli nawet liść nie spadnie
ani źdźbło się nie ugnie pod kropką kopytka.

Jest więc taki świat,
nad którym los sprawuję niezależny?
Czas, który wiążę łańcuchami znaków?
Istnienie na mój rozkaz nieustanne?

Radość pisania.
Możność utrwalania.
Zemsta ręki śmiertelnej.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Álbum

Ninguém na família nunca morreu de amor.
O que passou, passou, mas nada que alimente um mito.
Romeus tísicos? Julietas diftéricas?
Alguns até atingiram uma idade senil.
Nenhuma vítima de falta de reposta
a uma carta manchada de lágrimas!
Ao fim e ao cabo sempre aparecia algum vizinho
de pincenê carregando um buquê.
Nunca ninguém sufocou num armário estiloso
porque o marido da amante voltou de repente!
Nenhuma mantilha, babado ou fita
nunca impediu ninguém de aparecer na foto.
E nunca na alma o Bosch infernal!
E nunca com uma pistola pelo quintal!
(Faleceram de bala na cabeça, mas por outros motivos
e em macas de campanhas.)
Mesmo essa de coque extático
e olheiras fundas como depois de uma folia
se foi em meio a uma grande hemorragia
mas não para ti, dançarino, e não com pena.
Talvez alguém muito antes do daguerreotipo 
mas desses no álbum, nenhum, que eu tenha sabido.
As tristezas se desfaziam em risos, corriam os dias
e eles consolados sumiam-se de gripe.

*

Album

Nikt w rodzinie nie umarł z miłości.
Co tam było, to było, ale nic dla mitu.
Romeowie gruźlicy? Julie dyfrerytu?
Niektórzy wręcz dożyli zgrzybiałej starości.
Żadnej ofiary braku odpowiedzi
na list pokropiony łzami!
Zawsze w końcu zjawiali się sąsiedzi
z różami i binoklami.
Żadnego zaduszenia się w stylowej szafie,
kiedy to raptem wraca mąż kochanki!
Nikomu te sznurówki, mantylki firanki, falbanki
nie przeszkodziły wejść na fotografię.
I nigdy w duszy piekielnego Boscha!
I nigdy z pistoletem do ogrodu!
(Konali z kulą w czaszce, ale z innego powodu
i na polowych noszach.)
Nawet ta, z ekstatycznym kokiem
i oczami podkutymi jak po balu,
odpłynęła wielkim krwotokiem
nie do ciebie, danserze, i nie z żalu.
Może ktoś, dawniej, przed dagerotypem 
ale z tych, co w albumie, nikt, o ile wiem.
Rozśmieszały się smutki, leciał dzień za dniem,
a oni, pocieszeni, znikali na grypę.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Vietnã

Mulher, como você se chama? — Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? — Não sei.
Para que cavou uma toca na terra? — Não sei.
Desde quando está aqui escondida? — Não sei.
Por que mordeu o meu dedo anular? — Não sei.
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? — Não sei.
De que lado você está? — Não sei.
É a guerra, você tem que escolher. — Não sei.
Tua aldeia ainda existe? — Não sei.
Esses são teus filhos? — São.

*

Wietnam

Kobieto, jak się nazywasz? — Nie wiem.
Kiedy się urodziłaś, skąd pochodzisz? — Nie wiem.
Dlaczego wykopałaś sobie norę w ziemi? — Nie wiem.
Odkąd się tu ukrywasz? — Nie wiem.
Czemu ugryzłaś mnie w serdeczny palec? — Nie wiem.
Czy wiesz, że nie zrobimy ci nic złego? — Nie wiem.
Po czyjej jestes stronie? — Nie wiem.
Teraz jest wojna musisz wybrać. — Nie wiem.
Czy twoja wieś jeszcze istnieje? — Nie wiem.
Czy to są twoje dzieci? — Tak.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Muito divertido

Anseios de felicidade
anseios de verdade
anseios de eternidade,
olhem só!

Mal distinguiu o sono do despertar,
mal deduziu que ele é ele,
mal talhou em mão a antiga barbatana
pederneira e foguete,
fácil de se afogar numa colher de oceano,
tão pouco divertido que nem diverte o vazio,
só vê com os olhos,
só ouve com os ouvidos,
o recorde de sua fala é o modo condicional,
com a razão incrimina a razão,
em uma palavra: quase ninguém,
mas a cabeça cheia de liberdade, onisciência e o ser
acima da carne insensata,
olhem só!

Pois afinal parece existir,
aconteceu de ser verdade
sob uma das estrelas provincianas.
Vivaz e bem ativo lá do seu jeito.
Para uma reles degeneração do cristal —
mui seriamente perplexo.
Para uma infância difícil pelas necessidades do rebanho —
nada mal como indivíduo.
Olhem só!

Só um pouco adiante, adiante ainda um instante,
talvez o tempo do piscar de uma galáxia pequenina!
Que finalmente grosso modo se revele
quem ele será, já que é.
E é — obstinado.
Obstinado, deve-se admitir, e muito.
Com essa argola no nariz, nessa toga, nesse suéter.
Seja como foi, divertido.
Pobre-diabo.
Uma pessoa de verdade.

*

Sto pociech

Zachciało mu się szczęścia,
zachciało mu się prawdy,
zachciało mu się wieczności,
patrzcie go!

Ledwie rozróżnił sen od jawy,
ledwie domyślił się, że on to on,
ledwie wystrugał ręką z płetwy rodem
krzesiwo i rakietę,
łatwy do utopienia w łyżce oceanu,
za mało nawet śmieszny, żeby pustkę śmieszyć,
oczami tylko widzi,
uszami tylko słyszy,
rekordem jego mowy jest tryb warunkowy,
rozumem gani rozum,
słowem: prawie nikt,
ale wolność mu w głowie, wszechwiedza i byt
poza niemądrym mięsem,
patrzcie go!

Bo przecież chyba jest,
naprawdę się wydarzył
pod jedną z gwiazd prowincjonalnych.
Na swój sposób żywotny i wcale ruchliwy.
Jak na marnego wyrodka kryształu —
dość poważnie zdziwiony.
Jak na trudne dzieciństwo w koniecznościach stada —
nieźle już poszczególny.
Patrzcie go!

Tylko tak dalej, dalej choć przez chwilę,
bodaj przez mgnienie galaktyki małej!
Niechby się wreszcie z grubsza okazało,
czym będzie, skoro jest.
A jest — zawzięty.
Zawzięty, trzeba przyznać, bardzo.
Z tym kółkiem w nosie, w tej todze, w tym swetrze.
Sto pociech, bądź co bądź.
Niebożę.
Istny człowiek.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Esqueleto de dinossauro

Queridos irmãos,
vemos aqui um problema de erro de proporções:
eis à nossa frente o esqueleto de um dinossauro —

Caros amigos,
à esquerda a cauda se estende numa infinitude
à direita o pescoço se perde noutra —

Prezados companheiros,
no meio quatro patas que se atolaram no lodo
sob um tronco colossal —

Gentis cidadãos,
a natureza não se engana, mas gosta de brincar:
reparem, por favor, nessa cabecinha ridícula —

Senhoras e senhores,
uma cabecinha dessas não poderia prever nada
e por isso é uma cabeça de um réptil extinto —

Honorável assembleia,
um cérebro minúsculo, um apetite gigante,
mais sono tolo do que medo sábio —

Ilustres visitantes,
nesse aspecto estamos em bem melhor forma,
a vida é bela e a terra e nossa —

Seletos delegados,
o céu estrelado sobre o caniço pensante,
e nele a lei moral —

Digníssima comissão,
funcionou uma única vez
e talvez só debaixo deste sol —

Conselho superior,
que mãos hábeis,
que boca eloquente,
quanta cabeça nos ombros —

Suprema instância,
quanta responsabilidade no lugar de um rabo —

*

Szkielet jaszczura

Kochani Bracia,
widzimy tutaj przykład złych proporcji:
oto szkielet jaszczura piętrzy się przed nami —

Drodzy Przyjaciele,
na lewo ogon w jedną nieskończoność,
na prawo szyja w drugą —

Szanowni Towarzysze,
pośrodku cztery łapy, co ugrzęzły w mule
pod pagórem tułowia —

Łaskawi Obywatele,
przyroda się nie myli, ale lubi żarty:
proszę zwrócić uwagę na tę śmieszną główkę —

Panie, Panowie,
taka główka nie mogła przewidzieć
i dlatego jest główką wymarłego gada —

Czcigodni Zgromadzeni,
za mało mózgu, za duży apetyt,
więcej głupiego snu niż mądrej trwogi —

Dostojni Goście,
pod tym względem jesteśmy w dużo lepszej formie,
życie jest piękne i ziemia jest nasza —

Wybitni Delegaci,
niebo gwiaździste nad myślącą trzciną,
prawo moralnej w niej —

Prześwietna Komisji,
udało się raz
i może tylko pod tym jednym słońcem —

Naczelna Rado,
jakie zręczne ręce,
jakie wymowne usta,
ile głowy na karku —

Najwyższa Instancjo,
cóż za odpowiedzialność na miejsce ogona —
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Impressões do teatro

Para mim, o mais importante na tragédia é o sexto ato:
o ressuscitar dos mortos das cenas de batalha,
o ajeitar das perucas e dos trajes,
a faca arrancada do peito,
a corda tirada do pescoço,
o perfilar-se entre os vivos
de frente para o público.

As reverências individuais e coletivas:
a mão pálida sobre o peito ferido,
as mesuras da suicida
o acenar da cabeça cortada.

As reverências em pares:
a fúria dá o braço à brandura,
a vítima lança um olhar doce ao carrasco,
o rebelde caminha sem rancor ao lado do tirano.

O pisar na eternidade com a ponta da botina dourada.
A moral varrida com a aba do chapéu.
A incorrigível disposição de amanhã começar de novo.

A entrada em fileira dos que morreram muito antes,
nos atos três e quatro, ou nos entreatos.
A volta milagrosa dos que sumiram sem vestígios.

Pensar que, pacientes, esperavam nos bastidores
sem tirar os trajes,
sem remover a maquiagem,
me comove mais que as tiradas da tragédia.

Mas o mais sublime é o baixar da cortina
e o que ainda se avista pela fresta:
aqui uma mão se estende para pegar as flores,
acolá outra apanha a espada caída.
Por fim uma terceira mão, invisível,
cumpre o seu dever:
me aperta a garganta.

*

Wrażenia z teatru
Najważniejszy w tragedii jest dla mnie akt szósty:
zmartwychwstanie z pobojowisk sceny,
poprawianie peruk, szatek,
wyrywanie noża z piersi,
zdejmowanie pętli z szyi,
ustawianie się w rzędzie pomiędzy żywymi
twarzą do publiczności.

Ukłony pojedyncze i zbiorowe:
biała dłoń na ranie serca,
dyganie samobójczyni,
kiwanie ściętej głowy.

Ukłony parzyste:
wściekłość podaje ramię łagodności,
ofiara patrzy błogo w oczy kata,
buntownik bez urazy stąpa przy boku tyrana.

Deptanie wieczności noskiem złotego trzewiczka.
Rozpędzanie morałów rondem kapelusza.
Niepoprawna gotowość rozpoczęcia od jutra na nowo.

Wejście gęsiego zmarłych dużo wcześniej,
bo w akcie trzecim, czwartym, oraz pomiędzy aktami.
Cudowny powrót zaginionych bez wieści.

Myśl, że za kulisami czekali cierpliwie,
nie zdejmując kostiumu,
nie zmywając szminki,
wzrusza mnie bardziej niż tyrady tragedii.

Ale naprawdę podniosłe jest opadanie kurtyny
i to, co widać jeszcze w niskiej szparze:
tu oto jedna ręka po kwiat śpiesznie sięga,
tam druga chwyta upuszczony miecz.
Dopiero wtedy trzecia, niewidzialna,
spełnia swoją powinność:
ściska mnie za gardło.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Retornos

Voltou. Não disse nada.
Mas estava claro que teve algum desgosto.
Deitou-se vestido.
Cobriu a cabeça com o cobertor.
Encolheu as pernas.
Tem uns quarenta anos, mas não agora.
Existe — mas só como na barriga da mãe
na escuridão protetora, debaixo de sete peles.
Amanhã fará uma palestra sobre a homeostase
na cosmonáutica metagaláctica.
Por ora dorme, todo enroscado.

*

Powroty

Wrócił. Nic nie powiedział.
Było jednak jasne, ze spotkała go przykrość.
Położył się w ubraniu.
Schował głowę pod kocem.
Podkurczył kolana.
Ma około czterdziestki, ale nie w tej chwili.
Jest — ale tylko tyle ile w brzuchu matki
za siedmioma skórami, w obronnej ciemności.
Jutro wygłosi odczyt o homeostazie
w kosmonautyce metagalaktycznej.
Na razie zwinął się, zasnął.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Discurso na seção de achados e perdidos

Perdi algumas deusas no caminho do sul ao norte,
e também muitos deuses no caminho do oriente ao ocidente.
Extinguiram-se para sempre umas estrelas, abra-se o céu.
Uma ilha, depois outra mergulhou no mar.
Nem sei direito onde deixei minhas garras,
quem veste meu traje de pelo, quem habita minha casca.
Morreram meus irmãos quando rastejei para a terra,
e somente certo ossinho celebra em mim este aniversário.
Eu saía da minha pele, desbaratava vértebras e pernas,
perdia a cabeça muitas e muitas vezes.
Faz muito que fechei meu terceiro olho para isso tudo.
Lavei as barbatanas, encolhi os galhos.

Dividiu-se, desapareceu, aos quatro ventos se espalhou.
Surpreende-me quão pouco de mim ficou:
uma pessoa singular, na espécie humana de passagem,
que ainda ontem perdeu somente a sombrinha no trem.

*

Przemówienie w biurze znalezionych rzeczy

Straciłam kilka bogiń w drodze z południa na północ,
a także wielu bogów w drodze ze wschodu na zachód.
Zgasło mi raz na zawsze parę gwiazd, rozstąp się niebo.
Zapadła mi się w morze wyspa jedna, druga.
Nie wiem nawet dokładnie, gdzie zostawiłam pazury,
kto chodzi w moim futrze, kto mieszka w mojej skorupie.
Pomarło mi rodzeństwo, kiedy wypełzłam na ląd
i tylko któraś kostka świętuje we mnie rocznicę.
Wyskakiwałam ze skóry, trwoniłam kręgi i nogi,
odchodziłam od zmysłów bardzo dużo razy.
Dawno przymknęłam na to wszystko trzecie oko,
machnęłam na to płetwą, wzruszyłam gałęziami.

Podziało się, przepadło, na cztery wiatry rozwiało.
Sama się sobie dziwię, jak mało ze mnie zostało:
pojedyncza osoba w ludzkim chwilowo rodzaju,
która tylko parasol zgubiła wczoraj w tramwaju.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Elogio dos sonhos

Nos sonhos
eu pinto como Vermeer van Delft.

Falo grego fluente
e não só com os vivos.

Dirijo um carro
que me obedece.

Tenho talento,
escrevo grandes poemas.

Escuto vozes
não menos que os mais veneráveis santos.

Vocês se espantariam
com minha performance ao piano.

Flutuo no ar como se deve
isto é, sozinha.

Ao cair do telhado
desço de manso na relva.

Respiro sem problema
debaixo d'água.

Não reclamo:
consegui descobrir a Atlântida.

Fico feliz de sempre poder acordar
pouco antes de morrer.

Assim que começa a guerra
me viro do melhor lado.

Sou, mas não tenho que ser
filha da minha época.

Faz alguns anos
vi dois sóis.

E anteontem um pinguim.
Com toda a clareza.

*

Pochwała snów

We śnie
maluję jak Vermeer van Delft.

Rozmawiam biegle po grecku
i nie tylko z żywymi.

Prowadzę samochód,
który jest mi posłuszny.

Jestem zdolna,
piszę wielkie poematy.

Słyszę głosy
nie gorzej niż poważni święci.

Bylibyście zdumieni
świetnością mojej gry na fortepianie.

Fruwam, jak się powinno,
czyli sama z siebie.

Spadając z dachu
umiem spaść miękko w zielone.

Nie jest mi trudno
oddychać pod wodą.

Nie narzekam:
udało mi się odkryć Atlantydę.

Cieszy mnie, że przed śmiercią
zawsze potrafię się zbudzić.

Natychmiast po wybuchu wojny
odwracam się na lepszy bok.

Jestem, ale nie muszę
być dzieckiem epoki.

Kilka lat temu
widziałam dwa słońca.

A przedwczoraj pingwina.
Najzupełniej wyraźnie.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Sob uma estrela pequenina

Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade.
Me desculpe a necessidade se ainda assim me engano.
Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha.
Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória.
Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.
Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro.
Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa.
Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo.
Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco de minuetos.
Me desculpe a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã.
Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.
Sinto muito, desertos, se não lhes levo uma colher de água.
E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola,
fitando sem movimento sempre o mesmo ponto,
me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado.
Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa.
Me desculpem as grandes perguntas pelas respostas pequenas.
Verdade, não me dê excessiva atenção.
Seriedade, me mostre magnanimidade.
Ature, segredo do ser, se eu puxo os fios das suas vestes.
Não me acuse, alma, por tê-la raramente.
Me desculpe tudo, por não poder estar em toda parte.
Me desculpem todos, por não saber ser cada um e cada uma.
Sei que, enquanto viver, nada me justifica
já que barro o caminho para mim mesma.
Não me julgue má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas,
e depois me esforçar para fazê-las parecer leves.

*

Pod jedną gwiazdką

Przepraszam przypadek, że nazywam go koniecznością.
Przepraszam konieczność, jeśli jednak się mylę.
Niech się nie gniewa szczęście, że biorę je jak swoje.
Niech mi zapomną umarli, że ledwie tlą się w pamięci.
Przepraszam czas za mnogość przeoczonego świata na sekundę.
Przepraszam dawną miłość, że nową uważam za pierwszą.
Wybaczcie mi, daleki wojny, że noszę kwiaty do domu.
Wybaczcie, otwarte rany, że kłuję się w palec.
Przepraszam wołających z otchłani za płytę z menuetem.
Przepraszam ludzi na dworcach za sen o piątej rano.
Daruj, szczuta nadziejo, że śmieję się czasem.
Darujcie mi, pustynie, że z łyżką wody nie biegnę.
I ty, jastrzębiu, od lat ten sam, w tej samej klatce,
zapatrzony bez ruchu zawsze w ten sam punkt,
odpuść mi, nawet gdybyś był ptakiem wypchanym.
Przepraszam ścięte drzewo za cztery nogi stołowe.
Przepraszam wielkie pytania za małe odpowiedzi.
Prawdo, nie zwracaj na mnie zbyt bacznej uwagi.
Powago, okaż mi wspaniałomyślność.
Ścierp, tajemnico bytu, że nie mogę być wszędzie.
Przepraszam wszystkich, że nie mogę być każdym i każdą.
Wiem, że póki żyję, nic mnie nie usprawiedliwia,
ponieważ sama sobie stoję na przeszkodzie.
Nie miej mi za złe, mowo, że pożyczam patetycznych słów,
a potem trudu dokładam, żeby wydały się lekkie.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Um grande número

Quatro bilhões de pessoas nesta terra,
e minha imaginação é como era.
Não se dá bem com grandes números.
Continua a comovê-la o singular.
Esvoaça no escuro como a luz da lanterna,
iluminando alguns rostos ao acaso,
enquanto o resto se perde nas trevas
na deslembrança, no desconsolo.
Mas nem Dante captaria mais.
Que dirá quando não se é.
Nem mesmo com a ajuda de todas as musas.

Non omnis moriar — uma aflição prematura.
Mas será que vivo por inteiro e será que isso basta?
Nunca bastou e muito menos agora.
Escolho excluindo porque não há outro jeito,
mas o que rejeito é mais numeroso,
mais denso, mais insistente do que nunca.
À custa de incontáveis perdas — um poeminha, um suspiro.
Ao chamado ruidoso respondo com um sussuro.
O quanto silencio, isso não direi.
Um rato ao pé da montanha materna.
A vida dura o tempo de umas marcas de garra na areia.

Meus sonhos – nem eles são como deveriam, habitados.
Neles há mais solidão do que multidões e alarido.
Às vezes aparece por momentos alguém há muito falecido.
Move a maçaneta uma mão solitária.
Expande-se em anexos de ecos a casa vazia.
Corro da soleira até o vale
silencioso, como de ninguém, já anacrônico.

De onde vem em mim ainda este espaço —
não sei.

*

Wielka liczba

Cztery miliardy ludzi na tej ziemi,
a moja wyobraźnia jest, jak była.
Źle sobie radzi z wielkimi liczbami.
Ciągle ją jeszcze wzrusza poszczególność.
Fruwa w ciemnościach jak światło latarki,
wyjawia tylko pierwsze z brzegu twarze,
tymczasem reszta w prześlepienie idzie,
w niepomyślenie, w nieodżałowanie.
Ale tego sam Dante nie zatrzymałby.
A cóż dopiero kiedy nie jest się.
I choćby nawet wszystkie muzy do mnie.

Non omnis moriar — przedwczesne strapienie.
Czy jednak cała żyję i czy to wystarcza.
Nie wystarczało nigdy, a tym bardziej teraz.
Wybieram odrzucając, bo nie ma innego sposobu,
ale to, co odrzucam, liczebniejsze jest,
gęstsze jest, natarczywsze jest niż kiedykolwiek.
Kosztem nieopisanych strat — wierszyk, westchnienie.
Na gromkie powołanie odzywam się szeptem.
Ile przemilczam, tego nie wypowiem.
Mysz u podnóża macierzystej góry.
Życie trwa kilka znaków pazurkiem na piasku.

Sny moje — nawet one nie są,jak należałoby, ludne.
Więcej w nich samotności niż tłumów i wrzawy.
Wpadnie czasem na chwilę ktoś dawno umarły.
Klamką porusza pojedyncza ręka.
Obrasta pusty dom przybudówkami echa.
Zbiegam z progu w dolinę
cichą, jakby niczyją, już anachroniczną.

Skąd się jeszcze ta przestrzeń bierze we mnie —
nie wiem.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Agradecimento

Devo muito
aos que não amo.

O alívio de aceitar
que sejam mais próximos de outrem.

A alegria de não ser eu
o lobo de suas ovelhas.

A paz que tenho com eles
e a liberdade com eles,
isso o amor não pode dar
nem consegue tirar.

Não espero por eles
andando da janela à porta.
Paciente
quase como um relógio de sol,
entendo o que o amor não entende,
perdoo,
o que o amor nunca perdoaria.

Do encontro à carta
não se passa uma eternidade,
mas apenas alguns dias ou semanas.

As viagens com eles são sempre um sucesso,
os concertos assistidos,
as catedrais visitadas,
as paisagens claras.

E quando nos separam
sete colinas e rios
são colinas e rios
bem conhecidos dos mapas.

É mérito deles
eu viver em três dimensões,
num espaço sem lírica e sem retórica,
com um horizonte real porque móvel.

Eles próprios não veem
quanto carregam nas mãos vazias.

"Não lhes devo nada" —
diria o amor
sobre essa questão aberta.

*

Podziękowanie

Wiele zawdzięczam
tym, których nie kocham.

Ulgę, z jaką się godzę,
że bliżsi są komu innemu.

Radość, że nie ja jestem
wilkiem ich owieczek.

Pokój mi z nimi
i wolność mi z nimi,
a tego miłość ani dać nie może,
ani brać nie potrafi.

Nie czekam na nich
od okna do drzwi.
Cierpliwa
prawie jak słoneczny zegar,
rozumiem czego miłość nie rozumie,
wybaczam,
czego miłość nie wybaczyłaby nigdy.

Od spotkania do listu
nie wieczność upływa,
ale po prostu kilka dni albo tygodni.

Podróże z nimi zawsze są udane,
koncerty wysłuchane,
katedry zwiedzone,
krajobrazy wyraźne.

A kiedy nas rozdziela
siedem gór i rzek,
są to góry i rzeki
dobrze znane z mapy.

Ich zasługą,
jeżeli żyję w trzech wymiarach,
w przestrzeni nielirycznej i nieretorycznej,
z prawdziwym, bo ruchomym horyzontem.

Sami nie wiedzą,
ile niosą w rękach pustych.

„Nic im nie jestem winna” —
powiedziałaby miłość
na ten otwarty temat.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

A mulher de Lot

Dizem que olhei para trás de curiosa.
Mas quem sabe eu também tinha outras razões.
Olhei para trás de pena pela tigela de prata.
Por distração — amarrando a tira da sandália.
Para não olhar mais para a nuca virtuosa
do meu marido Lot.
Pela súbita certeza de que se eu morresse
ele nem diminuiria o passo.
Pela desobediência dos mansos.
Alerta à perseguição.
Afetada pelo silêncio, na esperança de Deus ter mudado de ideia.
Nossas duas filhas já sumiam pra lá do cimo do morro.
Senti em mim a velhice. O afastamento.
A futilidade da errância. Sonolência.
Olhei para trás enquanto punha a trouxa no chão.
Olhei para trás por receio de onde pisar.
No meu caminho surgiram serpentes,
aranhas, ratos silvestres e filhotes de abutres.
Já não eram bons nem maus  simplesmente tudo que vivia
serpenteava ou pulava em pânico consorte.
Olhei para trás de solidão.
De vergonha de fugir às escondidas.
De vontade de gritar, de voltar.
Ou foi só quando um vento bateu,
despenteou meu cabelo e levantou meu vestido.
Tive a impressão de que me viam dos muros de Sodoma
e caíam na risada, uma vez, outra vez.
Olhei para trás de raiva.
Para me saciar de sua enorme ruína.
Olhei para trás por todas as razões mencionadas acima.
Olhei para trás sem querer.
Foi somente uma rocha que virou, roncando sob meus pés.
Foi uma fenda que de súbito me podou o passo.
Na beira trotava um hamster apoiado nas duas patas.
E foi então que ambos olhamos para trás.
Não, não. Eu continuava correndo,
me arrastava e levantava,
enquanto a escuridão não caiu do céu
e com ela o cascalho ardente e as aves mortas.
Sem poder respirar, rodopiei várias vezes.
Se alguém me visse, por certo acharia que eu dançava.
É concebível que meus olhos estivessem abertos.
É possível que ao cair meu rosto fitasse a cidade.

*

Żona Lota

Obejrzałam się podobno z ciekawości.
Ale prócz ciekawości mogłam mieć inne powody.
Obejrzałam się z żalu za miską ze srebra.
Przez nieuwagę  wiążąc rzemyk u sandała.
Aby nie patrzeć dłużej w sprawiedliwy kark
męża mojego, Lota.
Z nagłej pewności, że gdybym umarła,
nawet by nie przystanął.
Z nieposłuszeństwa pokornych.
W nadsłuchiwaniu pogoni.
Tknięta ciszą, w nadziei, że Bóg się rozmyślił.
Dwie nasze córki znikały już za szczytem wzgórza.
Poczułam w sobie starość. Oddalenie.
Czczość wędrowania. Senność.
Obejrzałam się kładąc na ziemi tobołek.
Obejrzałam się z trwogi, gdzie uczynić krok.
Na mojej ścieżce zjawiły się węże,
pająki, myszy polne i pisklęta sępów.
Już ani dobre, ani złe  po prostu wszystko, co żyło,
pełzało i skakało w gromadnym popłochu.
Obejrzałam się z osamotnienia.
Ze wstydu, że uciekam chyłkiem.
Z chęci krzyku, powrotu.
Albo wtedy dopiero, gdy zerwał się wiatr,
rozwiązał włosy moje i suknię zadarł do góry.
Miałam wrażenie, że widzą to z murów Sodomy
i wybuchają gromkim śmiechem, raz i jeszcze raz.
Obejrzałam się z gniewu.
Aby nasycić się ich wielką zgubą.
Obejrzałam się z wszystkich podanych wyżej powodów.
Obejrzałam się bez własnej woli.
To tylko głaz obrócił się, warcząc pode mną.
To szczelina raptownie odcięła mi drogę.
Na brzegu dreptał chomik wspięty na dwóch łapkach.
I wówczas to oboje spojrzeliśmy wstecz.
Nie, nie. Ja biegłam dalej,
czołgałam się i wzlatywałam,
dopóki ciemność nie runęła z nieba,
a z nią gorący żwir i martwe ptaki.
Z braku tchu wielokrotnie okręcałam się.
Kto mógłby to zobaczyć, myślałby, że tańczę.
Niewykluczone, że oczy miałam otwarte.
Możliwe, że upadłam twarzą zwróconą ku miastu.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

O terrorista, ele observa

A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
Agora são só treze e dezesseis.
Alguns ainda terão tempo de entrar;
alguns de sair.

O terrorista já passou para o outro lado da rua.
A distância o livra de todo mal
e a vista, bom, é como no cinema:

Uma mulher de jaqueta amarela, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Uns jovens de jeans, eles conversam.
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele mais baixo tem sorte, sai de lambreta,
e aquele mais alto entra.

Treze e dezessete e quarenta segundos.
Uma moça, ela passa de fita verde no cabelo.
Só que aquele ônibus a encobre de repente.

Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Se foi tola de entrar ou não.
vai se saber quando os carregarem para fora.

Treze e dezenove.
Parece que ninguém mais entra.
Aliás, um gordo careca sai.
Mas remexe os bolsos como se procurasse algo.
e às treze e vinte menos dez segundos
ele volta para buscar a droga das luvas.

São treze e vinte.
O tempo, como ele se arrasta.
Deve ser agora.
Ainda não.
É agora.
A bomba, ela explode.

*

Terrorysta, on patrzy

Bomba wybuchnie w barze trzynasta dwadzieścia.
Teraz mamy dopiero trzynastą szesnaście.
Niektórzy zdążą jeszcze wejść.
Niektórzy wyjść.

Terrorysta już przeszedł na drugą stronę ulicy.
Ta odległość go chroni od wszelkiego złego
no i widok jak w kinie:

Kobieta w żółtej kurtce, ona wchodzi.
Mężczyzna w ciemnych okularach, on wychodzi.
Chłopaki w dżinsach, oni rozmawiają.
Trzynasta siedemnaście i cztery sekundy.
Ten niższy to ma szczęście i wsiada na skuter,
a ten wyższy to wchodzi.

Trzynasta siedemnaście i czterdzieści sekund.
Dziewczyna, ona idzie z zieloną wstążką we włosach.
Tylko że ten autobus nagle ją zasłania.

Trzynasta osiemnaście.
Już nie ma dziewczyny.
Czy była taka głupia i weszła, czy nie,
to sie zobaczy, jak będą wynosić.

Trzynasta dziewiętnaście.
Nikt jakoś nie wchodzi.
Za to jeszcze wychodzi jeden gruby łysy.
Ale tak, jakby szukał czegoś po kieszeniach i
o trzynastej dwadzieścia bez dziesięciu sekund
on wraca po te swoje marne rękawiczki.

Jest trzynasta dwadzieścia.
Czas, jak on się wlecze.
Już chyba teraz.
Jeszcze nie teraz.
Tak, teraz.
Bomba, ona wybucha.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Retrato de mulher

Deve ser para todos os gostos.
Mudar só para que nada mude.
É fácil, impossível, difícil, vale tentar.
Seus olhos são, se preciso, ora azuis, ora cinzentos,
negros, alegres, rasos d’água sem nenhuma razão.
Dorme com ele como a primeira que aparece, a única no mundo.
Dá-lhe quatro filhos, nenhum filho, um.
Ingênua, mas a que melhor aconselha.
Fraca, mas aguenta.
Não tem cabeça, pois vai tê-la.
Lê Jaspers e revistas de mulher.
Não entende de parafusos mas constrói uma ponte.
Jovem, como sempre jovem, ainda jovem.
Segura nas mãos um pardalzinho de asa partida
seu próprio dinheiro para uma viagem longa e longínqua
um cutelo para carne, uma compressa, um cálice de vodca.
Corre para onde, não está cansada.
Claro que não, só um pouco, muito, não importa.
Ou ela o ama ou é teimosa.
Para o bem, para o mal e para o que der e vier.

*

Portret kobiecy

Musi być do wyboru.
Zmieniać się, żeby tylko nic się nie zmieniło.
To łatwe, niemożliwe, trudne, warte próby.
Oczy ma, jeśli trzeba, raz modre, raz szare,
czarne, wesołe, bez powodu pełne łez.
Śpi z nim jak pierwsza z brzegu, jedyna na świecie.
Urodzi mu czworo dzieci, żadnych dzieci, jedno.
Naiwna, ale najlepiej doradzi.
Słaba, ale udźwignie.
Nie ma głowy na karku, to będzie ją miała.
Czyta Jaspersa i pisma kobiece.
Nie wie po co ta śrubka i zbuduje most.
Młoda, jak zwykle młoda, ciągle jeszcze młoda.
Trzyma w rękach wróbelka ze złamanym skrzydłem,
własne pieniądze na podróż daleką i długą,
tasak do mięsa, kompres i kieliszek czystej.
Dokąd tak biegnie, czy nie jest zmęczona.
Ależ nie, tylko trochę, bardzo, nic nie szkodzi.
Albo go kocha, albo się uparła.
Na dobre, na niedobre i na litość boską.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§


O quarto do suicida

Vocês devem achar que o quarto estava vazio.
Pois havia ali três cadeiras de encosto firme.
Uma boa lâmpada contra a escuridão.
Uma mesinha, e sobre a mesinha uma carteira, jornais.
Um Buda alegre, um Jesus aflito.
Sete elefantes para dar sorte, e na gaveta um caderninho.
Você acha que nele não estavam nossos endereços?

Acham que faltavam livros, quadros ou discos?
Pois lá estava o trompete consolador nas mãos negras.
Saskia com uma flor cordial.
Alegria, centelha divina.
Na estante Ulisses num sono reparador
depois dos esforços do Canto Cinco.
Os moralistas,
seus nomes inscritos em letras douradas
nas lindas lombadas de couro.
Ao lado, também os políticos perfilados.

Não parecia que o quarto fosse
sem saída, pelo menos pela porta,
nem sem vista, pelo menos pela janela.
Os óculos para longe largados no parapeito.
Uma mosca zunindo, ou seja, ainda viva.
Devem achar que ao menos a carta explicasse algo.
E se eu lhes disser que não havia carta —
éramos tantos os amigos e coubemos todos
no envelope vazio apoiado no lado do corpo.

*

Pokój samobójcy

Myślicie pewnie, że pokój był pusty.
A tam trzy krzesła z mocnym oparciem.
Tam lampa dobra przeciw ciemności.
Biurko, na biurku portfel, gazety.
Budda niefrasobliwy, Jezus frasobliwy.
Siedem słoni na szczęście, a w szufladzie notes.
Myślicie, że tam naszych adresów nie było?

Brakło, myślicie, książek, obrazów i płyt?
A tam pocieszająca trąbka w czarnych rękach.
Saskia z serdecznym kwiatkiem.
Rado iskra bogów.
Odys na półce w życiodajnym śnie
po trudach pieśni piątej.
Moraliści,
nazwiska wypisane złotymi zgłoskami
na pięknie grabowanych grzbietach.
Politycy tuż obok trzymali się prosto.

I nie bez wyjścia, chociażby przez dzrwi,
nie bez widoków, chociażby przez okno,
wydawał sie ten pokój.
Okulary do spoglądania w dal leżały na parapecie.
Brzęczała jedna mucha, czyli żyła jeszcze.

Myślicie, że przynajmniej list wyjaśniał coś.
A jeżeli wam powiem, że listu nie było —
i tylu nas, przyjaciół, a wszyscy się pomieścili
w pustej kopercie opartej o szklankę.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

A vida na hora

A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.

Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.

De que trata a peça
devo adivinha já em cena.

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desenvolvimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando, é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis. 

Não dá para retirar as palavras e os reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado —
eis os efeitos deploráveis desta urgência.

Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira antes
ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.
Isso é justo — pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear nos bastidores).

É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz.

*

Życie na poczekaniu

Życie na poczekaniu.
Przedstawienie bez próby.
Ciało bez przymiarki.
Głowa bez namysłu.

Nie znam roli, którą gram.
Wiem tylko, że jest moja, niewymienna.

O czym jest sztuka,
zgadywać muszę wprost na scenie.

Kiepsko przygotowana do zaszczytu życia,
narzucone mi tempo akcji znoszę z trudem.
Improwizuję, choć brzydzę się improwizacją.
Potykam się co krok o nieznajomość rzeczy.
Mój sposób bycia zatrąca zaściankiem.
Moje instynkty to amatorszczyzna.
Trema, tłumacząc mnie, tym bardziej upokarza.
Okoliczności łagodzące odczuwam jako okrutne.

Nie do cofnięcia słowa i odruchy,
nie doliczone gwiazdy,
charakter jak płaszcz w biegu dopinany  —
oto żałosne skutki tej nagłości.

Gdyby choć jedną środę przećwiczyć zawczasu,
albo choć jeden czwartek raz jeszcze powtórzyć!
A tu już piątek nadchodzi z nie znanym mi scenariuszem.
Czy to w porządku  pytam
(z chrypką w głosie,
bo nawet mi nie dano odchrząknąć za kulisami).

Złudna jest myśl, że to tylko pobieżny egzamin
składany w prowizorycznym pomieszczeniu. Nie.
Stoję wśród dekoracji i widzę, jak są solidne.
Uderza mnie precyzja wszelkich rekwizytów.
Aparatura obrotowa działa od długiej już chwili.
Pozapalane zostały najdalsze nawet mgławice.
Och, nie mam wątpliwości, że to premiera.
I cokolwiek uczynię,
zamieni się na zawsze w to, co uczyniłam.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Utopia

Ilha onde tudo se esclarece.

Aqui se pode pisar no sólido solo das provas.

Não há estradas senão as de chegada.

Os arbustos até vergam sob o peso das respostas.

Cresce aqui a árvore da Suposição Justa
de galhos desenredados desde antanho.

A árvore do Entendimento, fascinantemente simples
junto à fonte que se chama Ah, Então É Isso.

Quanto mais denso o bosque, mais larga a vista
do Vale da Evidência.

Se há alguma dúvida, o vento a dispersa.

O eco toma a palavra sem ser chamado
e de bom grado desvenda os segredos dos mundos.

Do lado direito uma caverna onde mora o sentido.

Do lado esquerdo o lago da Convicção Profunda.
A verdade surge do fundo e suave vem à tona.

Domina o vale a Inabalável Certeza.
Do seu cume se descortina a Essência das Coisas.

Apesar dos encantos a ilha é deserta
e as pegadas miúdas vistas ao longo das praias
se voltam sem exceção para o mar.

Como se daqui só se saísse
e sem voltar se submergisse nas profundezas.

Na vida imponderável.

*

Utopia

Wyspa, na której wszystko się wyjaśnia.

Tu można stanąć na gruncie dowodów.

Nie ma dróg innych oprócz drogi dojścia.

Krzaki aż uginają się od odpowiedzi.

Rośnie tu drzewo Słusznego Domysłu
o rozwikłanych odwiecznie gałęziach.

Olśniewająco proste drzewo Zrozumienia
przy źródle, co się zwie Ach Więc To Tak.

Im dalej w las, tym szerzej się otwiera
Dolina Oczywistości.

Jeśli jakieś zwątpienie, to wiatr je rozwiewa.

Echo bez wywołania głos zabiera
i wyjaśnia ochoczo tajemnice światów.

W prawo jaskinia, w której leży sens.

W lewo jezioro Głębokiego Przekonania.
Z dna odrywa się prawda i lekko na wierzch wypływa.

Góruje nad doliną Pewność Niewzruszona.
Ze szczytu jej roztacza się Istota Rzeczy.

Mimo powabów wyspa jest bezludna,
a widoczne po brzegach drobne ślady stóp
bez wyjątku zwrócone są w kierunku morza.

Jak gdyby tylko odchodzono stąd
i bezpowrotnie zanurzano się w topieli.

W życiu nie do pojęcia.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Excesso

Foi descoberta uma nova estrela,
o que não significa que ficou mais claro
nem que chegou algo que faltava.

A estrela é grande e longínqua,
tão longínqua que é pequena,
menor até que outras
muito menores que ela.
A estranheza não teria aqui nada de estranho
se ao menos tivéssemos tempo para ela.

A idade da estrela, a massa da estrela, a posição da estrela,
tudo isso quiçá seja suficiente
para uma tese de doutorado
e uma modesta taça de vinho
nos círculos aproximados do céu:
o astrônomo, sua mulher, os parentes e os colegas,
ambiente informal, traje casual,
predominam na conversa os temas locais
e mastiga-se amendoim.

A estrela é extraordinária,
mas isso ainda não é razão
para não beber à saúde das nossas senhoras
incomparavelmente mais próximas.

A estrela não tem consequência.
Não influi no clima, na moda, no resultado do jogo,
na mudança de governo, na renda e na crise de valores.

Não tem efeito na propaganda nem na indústria pesada.
Não tem reflexo no verniz da mesa de conferência.
Excedente em face dos dias contados da vida.

Pois o que há para perguntar,
sob quantas estrelas um homem nasce,
e sob quantas logo em seguida morre.

Nova.
— Ao menos me mostre onde ela está.
— Entre o contorno daquela nuvenzinha parda esgarçada
e aquele galhinho de acácia mais à esquerda.
— Ah — exclamo.

*

Nadmiar

Odkryto nową gwiazdę,
co nie znaczy, że zrobiło się jaśniej
i że przybyło czegoś czego brak.

Gwiazda jest duża i daleka,
tak daleka, że mała.
nawet mniejsza od innych
dużo od niej mniejszych.
Zdziwienie nie byłoby tu niczym dziwnym,
gdybyśmy tylko mieli na nie czas.

Wiek gwiazdy, masa gwiazdy, położenie gwiazdy,
wszystko to starczy może
na jedną pracę doktorską
i skromną lampkę wina
w kołach zbliżonych do nieba:
astronom, jego żona, krewni i koledzy,
nastrój niewymuszony, strój dowolny,
przeważają w rozmowie tematy miejscowe
i gryzie się orzeszki ziemne.

Gwiazda wspaniała,
ale to jeszcze nie powód,
żeby nie wypić zdrowia naszych pań
nieporównanie bliższych.

Gwiazda bez konsekwencji.
Bez wpływu na pogodę, modę, wynik meczu,
zmiany w rządzie, dochody i kryzys wartości.

Bez skutków w propagandzie i przemyśle ciężkim.
Bez odbicia w politurze stołu obrad.
Nadliczbowa dla policzonych dni życia.

Po cóż tu pytać,
pod iloma gwiazdami człowiek rodzi się,
a pod iloma po krótkiej chwili umiera.

Nowa.
— Przynajmniej pokaż mi, gdzie ona jest.
— Między brzegiem tej burej postrzępionej chmurki
a tamtą, bardziej w lewo, gałązką akacji.
— Aha — powiadam.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Paisagem com grão de areia

Nós o chamamos de grão de areia.
Mas ele mesmo não se chama de grão, nem de areia.
Dispensa um nome
geral, particular
passageiro, permanente,
errado ou apropriado.

De nada lhe serve nosso olhar, nosso toque.
Não se sente olhado nem tocado.
E ter caído no parapeito da janela
é uma aventura nossa, não dele.
Para ele é o mesmo que cair em qualquer coisa
sem a certeza de já ter caído,
ou de ainda estar caindo.

Da janela há uma bela vista para o lago,
mas a vista não vê a si mesma.
Existe neste mundo
sem cor e sem forma,
sem som, sem cheiro, sem dor.

Sem fundo o fundo do lago
e sem margem as suas margens.
Nem molhada nem seca a sua água.
Nem singular nem plural a onda
que murmureja surda ao seu próprio murmúrio
ao redor de pedras nem grandes nem pequenas.

E tudo isso sob um céu por natureza inceleste,
no qual o sol se põe na verdade não se pondo
e se oculta não se ocultando atrás de uma nuvem insciente.
O vento a varre sem outra razão
que a de ventar.

Passa um segundo.
Dois segundos.
Três segundos.
Mas são três segundos somente nossos.

O tempo correu como um mensageiro com notícias urgentes.
Mas isso é só um símile nosso.
Uma personagem inventada, a sua pressa imposta
e a notícia inumana.

*

Widok z ziarnkiem piasku

Zwiemy je ziarnkiem piasku.
A ono siebie ani ziarnkiem, ani piasku.
Obywa się bez nazwy
ogólnej, szczególnej,
przelotnej, trwałej,
mylnej czy właściwej.

Na nic mu nasze spojrzenie, dotknięcie.
Nie czuje się ujrzane i dotknięte.
A to, że spadło na parapet okna,
to tylko nasza, nie jego przygoda.
Dla niego to to samo, co spaść na cokolwiek,
bez pewności, czy spadło już,
czy spada jeszcze.

Z okna jest piękny widok na jezioro,
ale ten widok sam siebie nie widzi.
Bezbarwnie i bezkształtnie,
bezgłośnie, bezwonnie
i bezboleśnie jest mu na tym świecie.

Bezdennie dnu jeziora
i bezbrzeżnie brzegom.
Nie mokro ani sucho jego wodzie.
Nie pojedynczo ani mnogo falom,
co szumią głuche na swój własny szum
wokół nie małych, nie dużych kamieni.

A wszystko to pod niebem z natury bezniebnym,
w którym zachodzi słońce nie zachodząc wcale
i kryje się nie kryjąc za bezwiedną chmurę
Targa nią wiatr bez żadnych innych powodów,
jak tylko ten, że wieje.

Mija jedna sekunda.
Druga sekunda.
Trzecia sekunda.
Ale to tylko nasze trzy sekundy.

Czas przebiegł jak posłaniec z pilną wiadomością.
Ale to tylko nasze porównanie.
Zmyślona postać, wmówiony jej pośpiech,
a wiadomość nieludzka.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

A curta vida dos nossos antepassados

Não eram muitos os que passavam dos trinta.
A velhice era privilégio das pedras e das árvores.
A infância durava tanto quanto a dos filhotes dos lobos.
Era preciso se apressar, dar conta da vida
antes que o sol se pusesse,
antes que a primeira neve caísse.

Meninas de treze anos gerando filhos,
meninos de quatro rastreando ninhos de pássaros na moita,
jovens de vinte servindo de guias nas caçadas —
ainda há pouco não existiam, já não existem.
Os fins da infinitude rápido se juntavam.
As bruxas ruminavam maldições
ainda com todos os dentes da mocidade.
Sob os olhos do pai o filho se tornava homem.
Sob as órbitas do avô nascia o neto.

De todo modo, não contavam os anos.
Contavam as redes, os tachos, os ranchos, os machados.
O tempo, tão generoso para qualquer estrela no céu,
estendia-lhes a mão quase vazia
e a retirava rápido, como se tivesse pena.
Mais um passo, mais dois
ao longo de um rio brilhante,
que da treva emerge e na treva some.

Não havia nem um instante a perder,
perguntas a postergar e iluminações tardias
a não ser as que tivessem sido antes experimentadas.
A sabedoria não podia esperar os cabelos brancos.
Tinha que ver claro, antes que a claridade chegasse,
e ouvir toda voz, antes que ela se propagasse.

O bem e o mal —
dele sabiam pouco, porém tudo:
quando o mal triunfa, o bem se esconde;
quando o bem aparece, o mal fica de tocaia.
Nem um nem outro se pode vencer
nem colocar a uma distância sem volta.
Por isso se há alegria, é com um misto de aflição,
se há desespero, nunca é sem um fio de esperança.
A vida, mesmo se longa, sempre será curta.
Curta demais para se acrescentar algo.

*

Krótkie życie naszych przodków

Niewielu dożywało lat trzydziestu.
Starość to był przywilej kamieni i drzew.
Dzieciństwo trwało tyle co szczenięctwo wilków.
Należało się śpieszyć, zdążyć z życiem
nim słońce zajdzie,
nim pierwszy śnieg spadnie.

Trzynastoletnie rodzicielki dzieci,
czteroletni tropiciele ptasich gniazd w sitowiu,
dwudziestoletni przewodnicy łowów —
dopiero ich nie było, już ich nie ma.
Końce nieskończoności zrastały się szybko.
Wiedźmy żuły zaklęcia
wszystkimi jeszcze zębami młodości.
Pod okiem ojca mężniał syn.
Pod oczodołem dziadka wnuk się rodził.

A zresztą nie liczyli sobie lat.
Liczyli sieci, garnki, szałasy, topory.
Czas, taki hojny dla byle gwiazdy na niebie,
wyciągał do nich rękę prawie pustą
i szybko cofał ją, jakby mu było szkoda.
Jeszcze krok, jeszcze dwa
wzdłuż połyskliwej rzeki,
co z ciemności wypływa i w ciemności znika.

Nie było ani chwili do stracenia,
pytań do odłożenia i późnych objawień,
o ile nie zostały zawczasu doznane.
Mądrość nie mogła czekać siwych włosów.
Musiała widzieć jasno, nim stanie się jasność,
i wszelki głos usłyszeć, zanim się rozlegnie.

Dobro i zło —
wiedzieli o nim mało, ale wszystko:
kiedy zło tryumfuje, dobro się utaja;
gdy dobro się objawia, zło czeka w ukryciu.
Jedno i drugie nie do pokonania
ani do odsunięcia na bezpowrotną odległość.
Dlatego jeśli radość, to z domieszką trwogi,
jeśli rozpacz, to nigdy bez cichej nadziei.
Życie, choćby i długie, zawsze będzie krótkie.
Zbyt krótkie, żeby do tego coś dodać.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Primeira foto de Hitler

E quem é essa gracinha de tiptop?
É o Adolfinho, filho do casal Hitler!
Será que vai se tornar um doutor em direito?
Ou um tenor da ópera de Viena?
De quem é essa mãozinha, essa orelhinha, esse olhinho, esse narizinho?
De quem é essa barriguinha cheia de leite, ainda não se sabe:
de um tipógrafo, padre, médico, mercador?
Quais caminhos percorrerão estas pernocas, quais?
Irão para o jardinzinho, a escola, o escritório, o casório
com a filha do prefeito?

Anjinho, pimpolho, docinho de coco, raiozinho de sol,
quando chegou ao mundo um ano atrás,
não faltaram sinais na terra nem no céu:
gerânios na janela, um sol primaveril,
a música de um realejo no portão,
votos de bom augúrio envoltos em papel crepom rosa,
pouco antes do parto, o sonho profético da mãe:
sonhar com uma pomba — sinal de boas-novas,
se for pega — vem uma visita muito esperada.
Toc toc, quem é, é o coraçãozinho do Adolfinho que bate.

Fralda, babador, chupeta, chocalho,
o menino, com a graça de Deus e bate na madeira, é sadio,
parecido com os pais, com um gatinho no cesto,
com os bebês de todos os outros álbuns de família.
Não, não vai chorar agora,
o fotógrafo atrás do pano preto vai fazer um clique.

Ateliê Klinger, Grabenstrasse Braunau,
e Braunau é uma cidade pequena mas respeitável,
firmas sólidas, vizinhos honestos,
cheiro de massa de pão e de sabão cinzento.
Não se ouve o ladrar dos cães nem os passos do destino.
Um professor de história afrouxa o colarinho
e boceja sobre os cadernos.

*

Pierwsza fotografia Hitlera

A któż to jest ten mały dzidziuś w kaftaniku?
Toż to mały Adolfek, syn państwa Hitlerów!
Może wyrośnie na doktora praw?
Albo będzie tenorem w operze wiedeńskiej?
Czyja to rączka, czyja, uszko, oczko, nosek?
Czyj brzuszek pełen mleka, nie wiadomo jeszcze:
drukarza, konsyliarza, kupca, księdza?
Dokąd te śmieszne nóżki zawędrują, dokąd?
Do ogródka, do szkoły, do biura, na ślub
może z córką burmistrza?

Bobo, aniołek, kruszyna, promyczek,
kiedy rok temu przychodził na świat,
nie brakło znaków na niebie i ziemi:
wiosenne słońce, w oknach pelargonie,
muzyka katarynki na podwórku,
pomyślna wróżba w bibułce różowej,
tuż przed porodem proroczy sen matki:
gołąbka we śnie widzieć — radosna nowina,
tegoż schwytać — przybędzie gość długo czekany.
Puk, puk, kto tam, to stuka serduszko Adolfka.

Smoczek, pieluszka, śliniaczek, grzechotka,
chłopczyna, chwalić Boga i odpukać, zdrów,
podobny do rodziców, do kotka w koszyku,
do dzieci z wszystkich innych rodzinnych albumów.
No, nie będziemy chyba teraz płakać,
pan fotograf pod czarną płachtą zrobi pstryk.

Atelier Klinger, Grabenstrasse Braunau,
a Braunau to niewielkie, ale godne miasto,
solidne firmy, poczciwi sąsiedzi,
woń ciasta drożdżowego i szarego mydła.
Nie słychać wycia psów i kroków przeznaczenia.
Nauczyciel historii rozluźnia kołnierzyk
i ziewa nad zeszytami.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Ocaso do século

Era para ter sido melhor que os outros o nosso século XX.
Agora já não tem mais jeito,
os anos estão contados,
os passos vacilantes,
a respiração curta.

Coisas demais aconteceram,
que não eram para acontecer,
e o que era para ter sido
não foi.

Era para se chegar à primavera
e à felicidade, entre outras coisas.

Era para o medo deixar os vales e as montanhas.
Era para a verdade atingir o objetivo
mais depressa que a mentira.

Era para já não mais ocorrerem
algumas desgraças:
a guerra por exemplo,
e a fome e assim por diante.

Era para ter sido levada sério
a fraqueza dos indefesos,
a confiança e similares.

Quem quis se alegrar com o mundo
depara com uma tarefa
de execução impossível.

A burrice não é cômica.
A sabedoria não é alegre.
A esperança
já não é aquela bela jovem
et cetera, infelizmente.

Era para Deus finalmente crer no homem
bom e forte
mas bom e forte
são ainda duas pessoas.

Como viver — me perguntou alguém numa carta,
a quem eu pretendia fazer
a mesma pergunta.

De novo e como sempre,
como se vê acima,
não há perguntas mais urgentes
do que as perguntas ingênuas.

*

Schyłek wieku

Miał być lepszy od zeszłych nasz XX wiek.
Już tego dowieść nie zdąży,
lata ma policzone,
krok chwiejny,
oddech krótki.

Już zbyt wiele się stało,
co się stać nie miało,
a to, co miało nadejść,
nie nadeszło.

Miało się mieć ku wiośnie
i szczęściu, między innymi.

Strach miał opuścić góry i doliny.
Prawda szybciej od kłamstwa
miała dobiegać do celu.

Miało się kilka nieszczęść
nie przydarzyć już,
na przykład wojna
i głód, i tak dalej.

W poważaniu być miała
bezbronność bezbronnych,
ufność i tym podobne.

Kto chciał cieszyć się światem,
ten staje przed zadaniem
nie do wykonania.

Głupota nie jest śmieszna.
Mądrość nie jest wesoła.
Nadzieja
to już nie jest ta młoda dziewczyna
et cetera, niestety.

Bóg miał nareszcie uwierzyć w człowieka
dobrego i silnego,
ale dobry i silny
to ciągle jeszcze dwóch ludzi.

Jak żyć — spytał mnie w liście ktoś,
kogo ja zamierzałam spytać
o to samo.

Znowu i tak jak zawsze,
co widać poniżej,
nie ma pytań pilniejszych
od pytań naiwnych.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Filhos da época

Somos filhos da época
e a época é política.

Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas,
são coisas políticas.

Querendo ou não querendo,
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um aspecto político.

O que você diz tem ressonância,
o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro político.

Até caminhando e cantando a canção
você dá passos políticos
sobre um solo político.

Versos apolíticos também são políticos,
e no alto a lua ilumina
com um brilho já pouco lunar.
Ser ou não ser, eis a questão.
Qual questão, me dirão.
Uma questão política.

Não precisa nem mesmo ser gente
para ter significado político.
Basta ser petróleo bruto,
ração concentrada ou matéria reciclável.
Ou mesa de conferência cuja forma
se discutia por meses a fio:
deve-se arbitrar sobre a vida e a morte
numa mesa redonda ou quadrada.

Enquanto isso matavam-se os homens,
morriam os animais,
ardiam as casas,
ficavam ermos os campos,
como em épocas passadas
e menos políticas.

*

Dzieci epoki

Jesteśmy dziećmi epoki,
epoka jest polityczna.

Wszystkie twoje, nasze, wasze
dzienne sprawy, nocne sprawy
to są sprawy polityczne.

Chcesz czy nie chcesz,
twoje geny mają przyszłość polityczną,
skóra odcień polityczny,
oczy aspekt polityczny.

O czym mówisz, ma rezonans,
o czym milczysz, ma wzmowę
tak czy owak polityczną.

Nawet idąc borem lasem
stawiasz kroki polityczne
na podłożu politycznym.

Wiersze apolityczne też są polityczne,
a w górze świeci księżyc,
obiekt już nie księżycowy.
Być albo nie być, oto jest pytanie.
Jakie pytanie, odpowiedz kochanie.
Pytanie polityczne.

Nie musisz nawet być istotą ludzką,
by zyskać na znaczeniu politycznym.
Wystarczy, żebyś był ropą naftową,
paszą treściwą czy surowcem wtórnym.
Albo i stołem obrad, o którego kształt
spierano się miesiącami:
przy jakim pertraktować o życiu i śmierci,
okrągłym czy kwadratowym.

Tymczasem ginęli ludzie,
zdychały zwierzęta,
płonęły domy
i dziczały pola
jak w epokach zamierzchłych
i mniej politycznych.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Torturas

Nada mudou.
O corpo sente dor,
necessita comer, respirar e dormir,
tem a pele tenra e logo abaixo sangue,
tem uma boa reserva de unhas e dentes,
ossos frágeis, juntas alongáveis.
Nas torturas leva-se tudo isso em conta.

Nada mudou.
Treme o corpo como tremia
antes de se fundar Roma e depois de fundada,
no século XX antes e depois de Cristo,
as torturas são como eram, só a terra encolheu
e o que quer que se passe parece ser na porta ao lado.

Nada mudou.
Só chegou mais gente,
e às velhas culpas se juntaram novas,
reais, impostas, momentâneas, inexistentes,
mas o grito com que o corpo responde por elas
foi, é e será o grito da inocência
segundo escala e registro sempiternos.

Nada mudou.
Exceto talvez os modos, as cerimônias, as danças.
O gesto da mão protegendo o rosto,
esse permanece o mesmo.
O corpo se enrosca, se debate, se contorce,
cai se lhe falta o chão, encolhe as pernas,
fica roxo, incha, baba e sangra.

Nada mudou.
Além do curso dos rios,
do contorno das costas, matas, desertos e geleiras.
Entre essas paisagens a pequena alma passeia,
some, volta, chega perto, voa longe,
estranha a si própria, inatingível,
ora certa, ora incerta da sua existência,
enquanto o corpo é, é, é
e não tem para onde ir.

*

Tortury

Nic się nie zmieniło.
Ciało jest bolesne,
jeść musi i oddychac powietrzem, i spać,
ma cienką skóre, a tuż pod nią krew,
ma spory zasób zębów i paznokci,
kości jego łamliwe, stawy rozciąglliwe.
W torturach jest to wszystko brane pod uwagę.

Nic się nie zmieniło.
Ciało drży, jak drżało
przed założeniem Rzymu i po jego założeniu,
w dwudziestym wieku przed i po Chrystusie,
tortury są, jak były, zmalała tylko ziemia
i cokolwiek się dzieje, to tak jak za scianą.

Nic się nie zmieniło.
Przybyło tylko ludzi,
obok starych przewinien zjawiły się nowe,
rzeczywiste, wmówione, chwilowe i żadne,
ale krzyk, jakim ciało za nie odpowiada,
był, jest i będzie krzykiem niewinności,
podług odwiecznej skali i rejestru.

Nic się nie zmieniło. 
Chyba tylko maniery, ceremonie, tańce.
Ruch rąk osłaniających głowę
pozostał jednak ten sam.
Ciało się wije, szarpie i wyrywa,
ścięte z nóg pada, podkurcza kolana,
sinieje, puchnie, ślini się i broczy.

Nic się nie zmieniło. 
Poza biegiem rzek,
linią lasów, wybrzeży, pustyń i lodowców.
Wśród tych pejzaży duszyczka się snuje,
znika, powraca, zbliża się, oddala,
sama dla siebie obca, nieuchwytna,
raz pewna, raz niepewna swojego istnienia,
podczas gdy ciało jest i jest i jest
i nie ma się gdzie podziać
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Escrevendo um currículo

O que é preciso?
É preciso fazer um requerimento
e ao requerimento anexar um currículo.

O currículo tem que ser curto
mesmo que a vida seja longa.

Obrigatória a concisão e seleção dos fatos.
Trocam-se as paisagens pelos endereços
e a memória vacilante pelas datas imóveis.

De todos os amores basta o casamento,
e dos filhos só os nascidos.

Melhor quem te conhece do que o teu conhecido.
Viagens só se for para fora.
Associações a quê, mas sem por quê.
Distinções sem a razão.

Escreva como se nunca falasse consigo
e se mantivesse à distância.

Passe ao largo de cães, gatos e pássaros,
de trastes empoeirados, amigos e sonhos.

Antes o preço que o valor
e o título que o conteúdo.
Antes o número do sapato que aonde vai,
esse por quem você se passa.

Acrescente uma foto com a orelha de fora.
O que conta é o seu formato, não o que se ouve.
O que se ouve?
O matraquear das máquinas picotando papel.

*

Pisanie życiorysu

Co trzeba?
Trzeba napisać podanie,
a do podania dołączyć życiorys.

Bez względu na długość życia
życiorys powinien być krótki.

Obowiązuje zwięzłość i selekcja faktów.
Zamiana krajobrazów na adresy
i chwiejnych wspomnień w nieruchome daty.

Z wszystkich miłości starczy ślubna,
a z dzieci tylko urodzone.

Ważniejsze, kto cię zna, niż kogo znasz.
Podróże tylko jeśli zagraniczne.
Przynależność do czego, ale nie dlaczego.
Odznaczenia bez za co.

Pisz tak, jakbyś z sobą nigdy nie rozmawiał
i omijał z daleka.

Pomiń milczeniem psy, koty i ptaki,
pamiątkowe rupiecie, przyjaciół i sny.

Raczej cena niż wartość
i tytuł niż treść.
Raczej już numer butów, niż dokąd on idzie,
ten, za kogo uchodzisz.

Do tego fotografia z odsłoniętym uchem.
Liczy się jego kształt, nie to, co słychać.
Co słychać?
Łomot maszyn, które mielą papier.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Funeral

“tão de repente, quem podia adivinhar”
“nervos e cigarro, eu bem que avisei”
“mais ou menos, obrigado”
“desembrulhe essas flores”
“o irmão também foi do coração, deve ser de família”
“com essa barba eu nunca ia reconhecer você”
“a culpa é dele, estava sempre metido em alguma”
“aquele novo ia fazer o discurso, não consigo encontrar ele”
“O Kazek está em Varsóvia, o Tadek no exterior”
“só você foi esperta, trouxe o guarda-chuva”
“e daí que era o mais talentoso deles”
“um quarto de passagem, a Baska não vai concordar”
“claro que ele tinha razão, mas isso ainda não é motivo”
“com uma portinha esmaltada, adivinha quanto”
“duas gemas, uma colherinha de açúcar”
“não era da conta dele, pra que isso”
“só azuis e só números pequenos”
“cinco vezes, e nenhuma resposta”
“que seja, eu podia, mas você também podia”
“ainda bem que pelo menos ela tinha esse cargo”
“não, não sei, talvez parentes”
“o padre é a cara do Belmondo”
“ainda não estive nessa parte do cemitério”
“sonhei com ele faz uma semana, foi um pressentimento”
“não é feia a filha”
“é o que nos espera a todos”
“deem pêsames à viúva por mim, tenho que correr para”
“no entanto em latim soava mais solene”
“foi-se, acabou-se”
“adeus, minha senhora”
“que tal uma cerveja”
“me ligue, a gente se fala”
“o número quatro ou o doze”
“vou pra cá”
“nós pra lá”

*

Pogrzeb

„tak nagle, kto by się tego spodziewał”
„nerwy i papierosy, ostrzegałem go”
„jako tako, dziękuję”
„rozpakuj te kwiatki”
„brat też poszedł na serce, to pewnie rodzinne”
„z tą brodą to bym pana nigdy nie poznała”
„sam sobie winien, zawsze się w coś mieszał”
„miał przemawiać ten nowy, jakoś go nie widzę”
„Kazek w Warszawie, Tadek za granicą”
„ty jedna byłaś mądra, że wzięłaś parasol”
„cóż z tego, że był najzdolniejszy z nich”
„pokój przechodni, Baśka się nie zgodzi”
„owszem, miał rację, ale to jeszcze nie powód”
„z lakierowaniem drzwiczek, zgadnij ile”
„dwa żółtka, łyżka cukru”
„nie jego sprawa, po co mu to było”
„same niebieskie i tylko małe numery”
„pięć razy, nigdy żadnej odpowiedzi”
„niech ci będzie, że mogłem, ale i ty mogłeś”
„dobrze, że chociaż ona miała tę posadkę”
„no, nie wiem, chyba krewni”
„ksiądz istny Belmondo”
„nie byłam jeszcze w tej części cmentarza”
„śnił mi się tydzień temu, coś mnie tknęło”
„niebrzydka ta córeczka”
„wszystkich nas to czeka”
„złóżcie wdowie ode mnie, muszę zdążyć na”
„a jednak po łacinie brzmiało uroczyściej” „było, minęło”
„do widzenia pani”
„może by gdzieś na piwo”
„zadzwoń, pogadamy”
„czwórką albo dwunastką”
„ja tędy”
„my tam”
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Opinião sobre a pornografia

Não há devassidão maior que o pensamento.
Essa diabrura prolifera como erva daninha
num canteiro demarcado para margaridas.

Para aqueles que pensam, nada é sagrado.
O topete de chamar as coisas pelos nomes,
a dissolução da análise, a impudicícia da síntese,
a perseguição selvagem e debochada dos fatos nus,
o tatear indecente de temas delicados,
a desova das ideias — é disso que eles gostam.

À luz do dia ou na escuridão da noite
se juntam aos pares, triângulos e círculos.
Pouco importa ali o sexo e a idade dos parceiros.
Seus olhos brilham, as faces queimam. Um amigo desvirtua o outro.
Filhas depravadas degeneram o pai.
O irmão leva a irmã mais nova para o mau caminho.

Preferem o sabor de outros frutos
da árvore proibida do conhecimento
do que os traseiros rosados das revistas ilustradas,
toda essa pornografia na verdade simplória.
Os livros que os divertem não têm figuras.

A única variedade são certas frases
marcadas com a unha ou com o lápis.

É chocante em que posições,
com que escandalosa simplicidade
um intelecto emprenha o outro!
Tais posições nem o Kamasutra conhece.

Durante esses encontros só o chá ferve.
As pessoas sentam nas cadeiras, movem os lábios.
Cada qual coloca sua própria perna uma sobre a outra.
Dessa maneira um pé toca o chão,
o outro balança livremente no ar.
Só de vez em quando alguém se levanta,
se aproxima da janela
e pela fresta da cortina
espia a rua.

*

Głos w sprawie pornografii

Nie ma rozpusty gorszej niż myślenie.
Pleni się ta swawola jak wiatropylny chwast
na grządce wytyczonej pod stokrotki.

Dla takich, którzy myślą, święte nie jest nic.
Zuchwałe nazywanie rzeczy po imieniu,
rozwiązłe analizy, wszeteczne syntezy,
pogoń za nagim faktem dzika i hulaszcza,
lubieżne obmacywanie drażliwych tematów,
tarło poglądów — w to im właśnie graj.

W dzień jasny albo pod osłoną nocy
łączą się w pary, trójkąty i koła.
Dowolna jest tu płeć i wiek partnerów.
Oczy im błyszczą, policzki pałają.
Przyjaciel wykoleja przyjaciela.
Wyrodne córki deprawują ojca.
Brat młodszą siostrę stręczy do nierządu.

Inne im w smak owoce
z zakazanego drzewa wiadomości
niż różowe pośladki z pism ilustrowanych,
cała ta prostoduszna w gruncie pornografia.
Książki, które ich bawią, nie mają obrazków.
Jedyna rozmaitość to specjalne zdania
paznokciem zakreślone albo kredką.

Zgroza, w jakich pozycjach,
z jak wyuzdaną prostotą
umysłowi udaje się zapłodnić umysł!
Nie zna takich pozycji nawet Kamasutra.

W czasie tych schadzek parzy się ledwie herbata.
Ludzie siedzą na krzesłach, poruszają ustami.
Nogę na nogę każdy sam sobie zakłada.
Jedna stopa w ten sposób dotyka podłogi,
druga swobodnie kiwa się w powietrzu.
Czasem tylko ktoś wstanie,
zbliży się do okna
i przez szparę w firankach
podgląda ulicę.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Possibilidades

Prefiro o cinema.
Prefiro os gatos.
Prefiro os carvalhos sobre o Warta.
Prefiro Dickens a Dostoiévski.
Prefiro-me gostando das pessoas
do que amando a humanidade.
Prefiro ter agulha e linha à mão.
Prefiro a cor verde.
Prefiro não achar
que a razão é culpada de tudo.
Prefiro as exceções.
Prefiro sair mais cedo.
Prefiro conversar sobre outra coisa com os médicos.
Prefiro as velhas ilustrações listradas.
Prefiro o ridículo de escrever poemas
ao ridículo de não escrevê-los.
Prefiro, no amor, os aniversários não marcados,
para celebrá-los todos os dias.
Prefiro os moralistas
que nada me prometem.
Prefiro a bondade astuta à confiante demais.
Prefiro a terra à paisana.
Prefiro os países conquistados aos conquistadores.
Prefiro guardar certa reserva.
Prefiro o inferno do caos ao inferno da ordem.
Prefiro os contos de Grimm às manchetes dos jornais.
Prefiro as folhas sem flores às flores sem folhas.
Prefiro os cães sem a cauda cortada.
Prefiro os olhos claros porque os tenho escuros.
Prefiro as gavetas.
Prefiro muitas coisas que aqui não mencionei aqui
a muitas outras também não mencionadas.
Prefiro os zeros soltos
do que postos em fila para formar cifras.
Prefiro o tempo dos insetos ao das estrelas.
Prefiro bater na madeira.
Prefiro não perguntar quanto tempo ainda e quando.
Prefiro ponderar a própria possibilidade
do ser ter sua razão

*

Możliwości

Wolę kino.
Wolę koty.
Wolę dęby nad Wartą.
Wolę Dickensa od Dostojewskiego.
Wolę siebie lubiącą ludzi
niż siebie kochającą ludzkość.
Wolę mieć w pogotowiu igłę z nitką.
Wolę kolor zielony.
Wolę nie twierdzić,
że rozum jest wszystkiemu winien.
Wolę wyjątki.
Wolę wychodzić wcześniej.
Wolę rozmawiać z lekarzami o czymś innym.
Wolę stare ilustracje w prążki.
Wolę śmieszność pisania wierszy
od śmieszności ich niepisania.
Wolę w miłości rocznice nieokrągłe,
do obchodzenia co dzień.
Wolę moralistów,
którzy nie obiecują mi nic.
Wolę dobroć przebiegłą od łatwowiernej za bardzo.
Wolę ziemię w cywilu.
Wolę kraje podbite niż podbijające.
Wolę mieć zastrzeżenia.
Wolę piekło chaosu od piekła porządku.
Wolę bajki Grimma od pierwszych stron gazet.
Wolę liście bez kwiatów niż kwiaty bez liści.
Wolę psy z ogonem nie przyciętym.
Wolę oczy jasne, ponieważ mam ciemne.
Wolę szuflady.
Wolę wiele rzeczy, których tu nie wymieniłam
od wielu również tu nie wymienionych.
Wolę zera luzem
niż ustawione w kolejce do cyfry.
Wolę czas owadzi od gwiezdnego.
Wolę odpukać.
Wolę nie pytać, jak długo jeszcze i kiedy.
Wolę brać pod uwagę nawet tę możliwość,
że byt ma swoją rację.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Gente na ponte

Estranho planeta e nele essa gente estranha.
Sujeita ao tempo, não o reconhece.
Tem seu jeito de expressar seu desagrado.
Faz pequenas pinturas assim como esta:

Nada especial à primeira vista.
Vê-se a água.
Vê-se uma das suas margens.
Vê-se uma canoa forçando seu curso contra a corrente.
Vê-se uma ponte sobre a água e vê-se gente na ponte.
Essa gente claramente apressa o passo,
porque de uma nuvem escura
começou a cair uma bruta chuva.

A questão é que ali nada mais acontece.
A nuvem não muda a cor nem a forma.
A chuva nem aumenta nem cessa.
A canoa navega sem se mover.
A gente na ponte corre
no mesmo lugar de ainda há pouco.

É difícil passar sem um comentário:
Esse não é de modo algum um quadro inocente.
Aqui o tempo foi suspenso.
Deixou-se de levar em conta suas leis.

Foi privado da influência no curso dos eventos.
Foi desrespeitado e insultado.

Por causa de um rebelde
um tal Hiroshige Utagawa,
(um ser que por sinal,
como sói acontecer, faz muito que se foi),
o tempo tropeçou e caiu.

Talvez seja só uma simples brincadeira,
uma travessura na escala de um par de galáxias,
em todo caso porém
acrescentemos o seguinte:

Tem sido de bom-tom há gerações
ter a obra em alta conta,
deslumbrar-se e comover-se com ela.

Tem aqueles para quem nem isso basta.
Ouvem até o barulho da chuva,
sentem as gotas frias no pescoço e nas costas,
olham a ponte e as pessoas,
como se lá também se vissem,
na mesma corrida que nunca termina
na estrada sem fim, eternamente à frente
e acreditam, na sua desfaçatez,
que de fato é assim.

*

Ludzie na moście

Dziwna planeta i dziwni na niej ludzie.
Ulegają czasowi, ale nie chcą go uznać.
Mają sposoby, żeby swój sprzeciw wyrazić.
Robią obrazki jak na przykład ten:

Nic szczególnego na pierwszy rzut oka.
Widać wodę.
Widać jeden z jej brzegów.
Widać czółno mozolnie płynące pod prąd.
Widać nad wodą most i widać ludzi na moście.
Ludzie wyraźnie przyśpieszają kroku,
bo właśnie z ciemnej chmury
zaczął deszcz ostro zacinać.

Cała rzecz w tym, że nic nie dzieje się dalej.
Chmura nie zmienia barwy ani kształtu.
Deszcz ani się nie wzmaga, ani nie ustaje.
Czółno płynie bez ruchu.
Ludzie na moście biegną
ściśle tam, co przed chwilą.

Trudno tu obejść się bez komentarza:
To nie jest wcale obrazek niewinny.
Zatrzymano tu czas.
Przestano liczyć się z prawami jego.
Pozbawiono go wpływu na rozwój wypadków.
Zlekceważono go i znieważono.

Za sprawą buntownika
jakiegoś Hiroshige Utagawy,
(istoty, która zresztą
dawno i jak należy minęła),
czas potknął się i upadł.

Może to tylko psota bez znaczenia,
wybryk na skalę paru zaledwie galaktyk,
na wszelki jednak wypadek
dodajmy, co następuje:

Bywa tu w dobrym tonie
wysoko sobie cenić ten obrazek,
zachwycać się nim i wzruszać od pokoleń.

Są tacy, którym i to nie wystarcza.
Słyszą nawet szum deszczu,
czują chłód kropel na karkach i plecach,
patrzą na most i ludzi,
jakby widzieli tam siebie,
w tym samym biegu nigdy nie dobiegającym
drogą bez końca, wiecznie do odbycia
i wierzą w swoim zuchwalstwie,
że tak jest rzeczywiście.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Alguns gostam de poesia

Alguns —
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.

Gostam —
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.

De poesia —
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a esta pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como a uma tábua de salvação.

*

Niektórzy lubią poezję

Niektórzy —
czyli nie wszyscy.
Nawet nie większość wszystkich ale mniejszość.
Nie licząc szkół, gdzie się musi,
i samych poetów,
będzie tych osób chyba dwie na tysiąc.

Lubią —
ale lubi się także rosół z makaronem,
lubi się komplementy i kolor niebieski,
lubi się stary szalik,
lubi się stawiać na swoim,
lubi się głaskać psa.

Poezję —
tylko co to takiego poezja.
Niejedna chwiejna odpowiedź
na to pytanie już padła.
A ja nie wiem i nie wiem i trzymam się tego
jak zbawiennej poręczy.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Fim e começo

Depois de cada guerra
alguém tem que fazer a faxina.
Colocar uma certa ordem
que afinal não se faz sozinha.

Alguém tem que jogar o entulho
para o lado da estrada
para que possam passar
os carros carregando os corpos.

Alguém tem que se atolar
no lodo e nas cinzas
em molas de sofás
em cacos de vidro
e em trapos ensanguentados.

Alguém tem que arrastar a viga
para apoiar a parede,
pôr a porta nos caixilhos,
envidraçar a janela.

A cena não rende foto
e leva anos.
E todas as câmeras já debandaram
para outra guerra.

As pontes têm que ser refeitas,
e também as estações.
De tanto arregaçá-las,
as mangas ficarão em farrapos.

Alguém de vassoura na mão
ainda recorda como foi.
Alguém escuta
meneando a cabeça que se safou.
Mas ao seu redor
já começam a rondar
os que acham tudo muito chato.

Às vezes alguém desenterra
de sob um arbusto
velhos argumentos enferrujados
e os arrasta para o lixão.

Os que sabiam
o que aqui se passou
devem dar lugar àqueles
que pouco sabem.
Ou menos que pouco.
E por fim nada mais que nada.

Na relva que cobriu
as causas e os efeitos
alguém deve se deitar
com um capim entre os dentes
e namorar as nuvens.

*

Koniec i początek

Po każdej wojnie
ktoś musi posprzątać.
Jaki taki porządek
sam się przecież nie zrobi.

Ktoś musi zepchnąć gruzy
na pobocza dróg,
żeby mogły przejechać
wozy pełne trupów.

Ktoś musi grzęznąć
w szlamie i popiele,
sprężynach kanap,
drzazgach szkła
i krwawych szmatach.

Ktoś musi przywlec belkę
do podparcia ściany,
ktoś oszklić okno
i osadzić drzwi na zawiasach.

Fotogeniczne to nie jest
i wymaga lat.
Wszystkie kamery wyjechały już
na inną wojnę.

Mosty trzeba z powrotem
i dworce na nowo.
W strzępach będą rękawy
od zakasywania.

Ktoś z miotłą w rękach
wspomina jeszcze jak było.
Ktoś słucha
przytakując nie urwaną głową
Ale już w ich pobliżu
zaczną kręcić się tacy,
których to będzie nudzić.

Ktoś czasem jeszcze
wykopie spod krzaka
przeżarte rdzą argumenty
i poprzenosi je na stos odpadków.

Ci, co wiedzieli
o co tutaj szło,
muszą ustąpić miejsca tym,
co wiedzą mało.
I mniej niż mało.
I wreszcie tyle co nic.

W trawie, która porosła
przyczyny i skutki,
musi ktoś sobie leżeć
z kłosem w zębach
i gapić się na chmury.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Gato num apartamento vazio

Morrer — isso não se faz a um gato.
Pois o que há de fazer um gato
num apartamento vazio.
Trepar pelas paredes.
Esfregar-se nos móveis.
Nada aqui parece mudado
e no entanto algo mudou.
Nada parece mexido
e no entanto está diferente.
E à noite a lâmpada já não se acende.

Ouvem-se passos na escada
mas não são aqueles.
A mão que põe o peixe no pratinho
também já não é a mesma.

Algo aqui não começa
na hora costumeira.
Algo não acontece
como deve.
Alguém esteve aqui e esteve,
e de repente desapareceu
e teima em não aparecer.

Cada armário foi vasculhado.
As prateleiras percorridas.
Explorações sob o tapete nada mostraram.
Até uma regra foi quebrada
e os papéis remexidos.
Que mais se pode fazer.
Dormir e esperar.

Espera só ele voltar,
espera ele aparecer.
Vai aprender
que isso não se faz a um gato.
Para junto dele
como quem não quer nada
devagarinho,
sobre patas muito ofendidas.
E nada de pular miar no princípio.

*

Kot w pustym mieszkaniu

Umrzeć — tego się nie robi kotu.
Bo co ma począć kot
w pustym mieszkaniu.
Wdrapywać się na ściany.
Ocierać między meblami.
Nic niby tu nie zmienione,
a jednak pozamieniane.
Niby nie przesunięte,
a jednak porozsuwane.
I wieczorami lampa już nie świeci.

Słychać kroki na schodach,
ale to nie te.
Ręka, co kładzie rybę na talerzyk,
także nie ta, co kładła.

Coś sie tu nie zaczyna
w swojej zwykłej porze.
Coś się tu nie odbywa
jak powinno.
Ktoś tutaj był i był,
a potem nagle zniknął
i uporczywie go nie ma.

Do wszystkich szaf sie zajrzało.
Przez półki przebiegło.
Wcisnęło się pod dywan i sprawdziło.
Nawet złamało zakaz
i rozrzuciło papiery.
Co więcej jest do zrobienia.
Spać i czekać.

Niech no on tylko wróci,
niech no się pokaże.
Już on się dowie,
że tak z kotem nie można.
Będzie się szło w jego stronę
jakby się wcale nie chciało,
pomalutku,
na bardzo obrażonych łapach.
I żadnych skoków pisków na początek.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Amor à primeira vista

Ambos estão certos
de que uma paixão súbita os uniu.
É bela essa certeza,
mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,
se não se lembram –
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?
– mas conheço a resposta.
Não, não se lembram.

Muito os espantaria saber
que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado
para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafando o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro ao outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha ao outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
que logo ao despertar se esvaneceu.

Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio.

*

Miłość od pierwszego wejrzenia

Oboje są przekonani,
że połączyło ich uczucie nagłe.
Piękna jest taka pewność,
ale niepewność piękniejsza.

Sądzą, że skoro nie znali się wcześniej,
nic między nimi nigdy się nie działo.
A co na to ulice, schody, korytarze,
na których mogli się od dawna mijać?

Chciałabym ich zapytać,
czy nie pamietają —
może w drzwiach obrotowych
kiedyś twarzą w twarz?
jakieś „przepraszam” w ścisku?
głos „pomyłka” w słuchawce?
— ale znam ich odpowiedź.
Nie, nie pamietają.

Bardzo by ich zdziwiło,
że od dłuższego już czasu
bawił się nimi przypadek.

Jeszcze nie całkiem gotów
zamienić się dla nich w los,
zbliżał ich i oddalał,
zabiegał im drogę
i tłumiąc chichot
odskakiwał w bok.

Były znaki, sygnały,
cóż z tego, że nieczytelne.
Może trzy lata temu
albo w zeszły wtorek
pewien listek przefrunął
z ramienia na ramię?
Było coś zgubionego i podniesionego.
Kto wie, czy już nie piłka
w zaroślach dzieciństwa?

Były klamki i dzwonki,
na których zawczasu
dotyk kładł się na dotyk.
Walizki obok siebie w przechowalni.
Był może pewnej nocy jednakowy sen,
natychmiast po zbudzeniu zamazany.

Każdy przecież początek
to tylko ciąg dalszy,
a księga zdarzeń
zawsze otwarta w połowie.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Comediazinhas

Se existem anjos
acho que não leem
nossos romances
sobre esperanças frustradas.

Receio que — infelizmente —
nem os nossos versos
reclamando do mundo.

Os espasmos e os gritos
de nossas peças teatrais
devem — suspeito —
impacientá-los.

No intervalo de seus afazeres
angélicos, isto é, não humanos,
assistem antes
às nossas comediazinhas
do tempo do cinema mudo.

Aos que se lamentam,
rasgam as vestes
e rangem os dentes,
preferem — penso eu —
aquele pobre-diabo
que agarra o que se afoga pela peruca
ou faminto devora
o cordão do sapato.

Acima da cintura peitilho e pretensão,
abaixo um camundongo assustado
na perna da calça.
Ó sim,
isso é que é diversão de verdade.

A perseguição em círculos
vira fuga à frente do que foge.
A luz no fim do túnel
se transforma num olho de tigre.
Cem catástrofes
são cem alegres piruetas
sobre cem precipícios.

Se existem anjos,
Deveriam — assim espero —
estar convencidos
dessa alegria que oscila no terror
e nem sequer grita socorro socorro
porque tudo se passa em silêncio.

Ouso até imaginar
que aplaudem com as asas
e que de seus olhos caem lágrimas
pelo menos de riso.

*

Komedyjki

Jesli sa aniolowie,
nie czytaja chyba
naszych powiesci
o zawiedzionych nadziejach.

Obawiam sie — niestety —
ze i naszych wierszy
z pretensjami do swiata.

Wrzaski i drgawki
naszych teatralnych sztuk
musza ich — podejrzewam —
niecierpliwic.

W przerwach od swoich zajec
anielskich czyli nieludzkich
przypatruja sie raczej
naszym komedyjkom
z czasow fllmu niemego.

Bardziej od lamentnikow
rozdzieraczy szat
i zgrzytaczy zebami
cenia sobie —  jak mysle —
tego nieboraka,
co chwyta za peruke tonacego
albo zajada z glodu
wlasne sznurowadla.

Od pasa w gore gors i aspiracje
a nizej przerazona mysz
w nogawce spodni.
O tak,
to musi ich serdecznie bawic.

Gonitwa w kolko
zamienia sie w ucieczke przed uciekajacym.
Swiatlo w tunelu
okazuje sie okiem tygrysa.
Sto katastrof
to sto pociesznych koziolkow
nad stoma przepasciami.

Jesli sa aniolowie,
powinna — mam nadzieje —
trafiac im do przekonania
ta rozhustana na grozie wesolosc,
nie wolajaca nawet ratunku,
bo wszystko dzieje sie w ciszy.

Osmielam sie przypuszczac,
ze klaszczac skrzydlami
a z ich oczu splywaja lzy
przynajmniej smiechu.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Entre muitos

Sou quem sou.
Inconcebível acaso
como todos os acasos.

Fossem outros
os meus antepassados
e de outro ninho
eu voaria
ou de sob outro tronco
coberta de escamas eu rastejaria.

No guarda-roupa da natureza
há trajes de sobra.
O traje da aranha, da gaivota, do rato do campo.
Cada um cai como uma luva
e é usado sem reclamar
até se gastar.

Eu também não tive escolha
mas não me queixo.
Poderia ter sido alguém
muito menos individual.
Alguém do formigueiro, do cardume, zunindo no enxame,
uma fatia de paisagem fustigada pelo vento.

Alguém muito menos feliz,
criado para uso da pele,
para a mesa da festa,
algo que nada debaixo da lente.

Uma árvore presa à terra
da qual se aproxima o fogo.

Uma palha esmagada
pela marcha de inconcebíveis eventos.

Um sujeito com uma negra sina
que para os outros se ilumina.

E se eu despertasse nas pessoas o medo,
ou só aversão,
ou só pena?

Se eu não tivesse nascido
na tribo adequada
e diante de mim se fechassem os caminhos?

A sorte até agora
me tem sido favorável.

Poderia não me ser dada
a lembrança dos bons momentos.

Poderia me ser tirada
a propensão para comparações.

Poderia ser eu mesma — mas sem o espanto,
e isso significaria
alguém totalmente diferente.

*

W zatrzęsieniu

Jestem kim jestem.
Niepojęty przypadek
jak każdy przypadek.

Inni przodkowie
mogli byc przecież moimi,
a już z innego gniazda
wyfrunęłabym,
już spod innego pnia
wypełzła w łusce.

W garderobie natury
jest kostiumów sporo.
Kostium pająka, mewy, myszy poknej.
Każdy od razu pasuje jak ulał
i noszony jest posłusznie
aż do zdarcia.

Ja też nie wybierałam,
ale nie narrzekam.
Mogłam być kimś
o wiele mniej osobnym.
Kimś z ławicy, mrowiska, brzęczącego roju,
szarpaną wiatrem cząstką krajobrazu.

Kimś dużo mniej szczęśliwym,
hodowanym na futro,
na świąteczny stól,
czymś, co pływa pod szkiełkiem.

Drzewem uwięzłym w ziemi,
do którego zbliża się pożar.

Źdźbłem tratowanym
przez bieg niepojętych wydarzeń.

Typem spod ciemnej gwiazdy,
która dla drugich jaśnieje.

A co, gdybym budziła w ludziach strach,
albo tylko odrazę,
albo tylko litość?

Gdybym się urodziła
nie w tym, co trzeba, plemieniu
i zamykały się przede mną drogi?

Los okazał się dla mnie
jak dotąd łaskawy.

Mogła mi nie być dana
pamięć dobrych chwil.

Mogła mi być odjęta
skłonność do porównań.

Mogłam być sobą — ale bez zdziwienia,
a to by oznaczało,
że kimś całkiem innym.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Nuvens

Para descrever as nuvens
eu necessitaria ser muito rápida —
numa fração de segundo
deixam de ser estas, tornam-se outras.

É próprio delas
não se repetir nunca
nas formas, matizes, poses e composição.

Sem o peso de nenhuma lembrança
flutuam sem esforço sobre os fatos.

Elas lá podem ser testemunhas de alguma coisa —
logo se dispersam para todos os lados.

Comparada com as nuvens
a vida parece muito sólida,
quase perene, praticamente eterna.

Perante as nuvens
até a pedra parece uma irmã
em quem se pode confiar,
já elas — são primas distantes e inconstantes.

Que as pessoas vivam, se quiserem,
e em sequência que cada uma morra,
as nuvens nada têm a ver
com toda essa coisa
muito estranha.

Sobre a tua vida inteira
e a minha, ainda incompleta,
elas passam pomposas como sempre passaram.

Não têm obrigação de conosco findar.
Não precisam ser vistas para navegar.

*

Chmury

Z opisywaniem chmur
musiałabym się bardzo śpieszyć —
już po ułamku chwili
przestają być te, zaczynają być inne.

Ich właściwością jest
nie powtarzać się nigdy
w kształtach, odcieniach, pozach i układzie.

Nie obciążone pamięcią o niczym,
unoszą się bez trudu nad faktami.

Jacy tam z nich świadkowie czegokolwiek —
natychmiast rozwiewają się na wszystkie strony.

W porównaniu z chmurami
życie wydaje się ugruntowane,
omalże trwałe i prawie że wieczne.

Przy chmurach
nawet kamień wygląda jak brat,
na którym można polegać,
a one, cóż, dalekie i płoche kuzynki.

Niech sobie ludzie będą, jeśli chcą,
a potem po kolei każde z nich umiera,
im, chmurom nic do tego
wszystkiego
bardzo dziwnego.

Nad całym Twoim życiem
i moim, jeszcze nie całym,
paradują w przepychu jak paradowały.

Nie mają obowiązku z nami ginąć.
Nie muszą być widziane, żeby płynąć.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

Certa gente

Certa gente fugindo de outra gente.
Em certo país sob o sol
e algumas nuvens.

Deixam para trás certo tudo o que é seu,
campos semeados, umas galinhas, cães,
espelhos nos quais agora se fita o fogo.

Trazem às costas trouxas e potes
quanto mais vazios tanto mais pesados a cada dia.

No silêncio alguém cai de exaustão,
na algazarra alguém rouba de alguém o pão
o filho morto de alguém é sacudido.

À sua frente uma estrada sempre errada,
uma ponte, mas não a de que precisam,
sobre um rio curiosamente rosado.
Ao redor uns disparos, ora mais perto, ora mais longe,
no alto um avião meio rodopiante.

Viria a calhar certa invisibilidade,
uma parda rochosidade
ou melhor ainda a inexistência
por um tempo breve ou mesmo longo.

Algo ainda vai acontecer, mas onde e o quê.
Alguém vai lhes barrar o caminho, mas quando, quem,
em quantas formas e com que intenções.
Se tiver escolha,
talvez não queira ser inimigo
e os deixe com alguma vida.

*

Jacyś ludzie

Jacyś ludzie w ucieczce przed jakimiś ludźmi.
W jakimś kraju pod słońcem
i niektórymi chmurami.

Zostawiają za sobą jakieś swoje wszystko,
obsiane pola, jakieś kury, psy,
lusterka, w których właśnie przegląda się ogień.

Mają na plecach dzbanki i tobołki,
im bardziej puste, tym z dnia na dzień cięższe.

Odbywa się po cichu czyjeś ustawanie,
a w zgiełku czyjeś komuś chleba wydzieranie
i czyjeś martwym dzieckiem potrząsanie.

Przed nimi jakaś wciąż nie tędy droga,
nie ten, co trzeba most
nad rzeką dziwnie różową.
Dokoła jakieś strzały, raz bliżej, raz dalej,
w górze samolot trochę kołujący.

Przydałaby się jakaś niewidzialność,
jakaś bura kamienność,
a jeszcze lepiej niebyłość
na pewien krótki czas albo i długi.

Coś jeszcze się wydarzy, tylko gdzie i co.
Ktoś wyjdzie im naprzeciw, tylko kiedy, kto,
w ilu postaciach i w jakich zamiarach.
Jeśli będzie miał wybór,
może nie zechce być wrogiem
i pozostawi ich przy jakimś życiu.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

As três palavras mais estranhas

Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já se perde no passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,
suprimo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não ser.

*

Trzy słowa najdziwniejsze

Kie­dy wymawiam słowo Przyszłość,
pierwsza sylaba odchodzi już do przeszłości.

Kiedy wymawiam słowo Cisza,
niszczę ją.

Kiedy wymawiam słowo Nic,
stwarzam coś, co nie mieści się w żadnym niebycie.
- Wisława Szymborska, em "Poemas – Wisława Szymborska". [seleção, tradução e prefácio Regina Przybycien]. Edição bilíngue: português-polonês. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

§§

*****
Poemas traduzidos pela poeta Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik

Retornos

Voltou. Não disse nada.
Parecia muito perturbado.
Deitou sem tirar a roupa.
Escondeu-se debaixo do cobertor,
as pernas dobradas.
Tem quarenta anos, mas não neste momento.
Está vivo - mas como no ventre materno
atrás de sete peles, na escuridão que o defende.
Amanhã dá palestra sobre homeostasis
na cosmonáutica metagalática.
Por enquanto se encolhe, adormece.

*

Powroty

Wrócił. Nic nie powiedział.
Było jednak jasne, ze spotkała go przykrość.
Położył się w ubraniu.
Schował głowę pod kocem.
Podkurczył kolana.
Ma około czterdziestki, ale nie w tej chwili.
Jest — ale tylko tyle ile w brzuchu matki
za siedmioma skórami, w obronnej ciemności.
Jutro wygłosi odczyt o homeostazie
w kosmonautyce metagalaktycznej.
Na razie zwinął się, zasnął.
- Wisława Szymborska [tradução Ana Cristina Cesar em colaboração com a polonesa Grazyna Drabik]. tradução publicada na revista Religião e Sociedade nº 11, julho de 1984.




****

Poemas traduzidos pelo tradutor português Júlio Sousa Gomes

Atlântida

Terão ou não existido.
Numa ilha ou talvez não.
Num oceano ou talvez não.
Que os terá ou não engolido.

Coube a alguém amar alguém?
Coube a alguém lutar com alguém?
Passou-se isto tudo ou nada?
Ali ou longe dali?

Sete cidades havia.
De certeza?
E queriam ser eternas.
E as provas?

Não inventaram a pólvora, não.
Inventaram a pólvora, sim.

Supostos. Foram um logro?
Não relembrados.
Da água não retirados,
do ar, da terra ou do fogo.

Não contidos numa pedra
nem numa gota de chuva.
Sem conseguirem sem rir
posar para a objectiva.

Caiu um meteoro.
Não foi um meteoro.
Um vulcão eclodiu.

Não foi nada um vulcão.
Alguém gritou algo.
Ninguém nada.

Nesta mais ou menos Atlântida.

*

Atlantyda

Istnieli albo nie istnieli.
Na wyspie albo nie na wyspie.
Ocean albo nie ocean
połknął ich albo nie.

Czy było komu kochać kogo?
Czy było komu walczyć z kim?
Działo się wszystko albo nic
tam albo nie tam.

Miast siedem stało.
Czy na pewno?
Stać wiecznie chciało.
Gdzie dowody?

Nie wymyślili prochu, nie.
Proch wymyślili, tak.

Przypuszczalni. Wątpliwi.
Nie upamiętnieni.
Nie wyjęci z powietrza,
z ognia, z wody, z ziemi.

Nie zawarci w kamieniu
ani w kropli deszczu.
Nie mogący na serio
pozować do przestróg.

Meteor spadł.
To nie meteor.
Wulkan wybuchnął.

To nie wulkan.
Ktoś wołał coś.
Niczego nikt.

Na tej plus minus Atlantydzie.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Invento o mundo

Invento o mundo, segunda edição,
segunda edição corrigida,
no riso, para os idiotas,
no choro, para os melancólicos,
nos pentes, para os carecas,
nos sapatos, para os cães.

Um capítulo:
Fala das Plantas e dos Bichos,
onde para cada espécie
competente dicionário.
Mesmo o mais simples bom dia
que tu trocas com um peixe,
na vida te fortalece,
a ti, ao peixe e a todos.

Este improviso de bosque —
há muito pressentido
e de súbito em palavras acordado!
Esta epopeia de corujas!
Estes adágios do ouriço
compostos
quando estamos convencidos
de que está só a dormir!

O Tempo (capítulo II)
tem direito a intrometer-se
em tudo, seja no bom ou no mau.
E, contudo, o que corrói as montanhas
e afasta os mares e usa
estar presente no giro das estrelas,
não há-de ter o mais pequeno poder
sobre os amantes,
porque nus de mais,
porque abraçados de mais, o espírito
eriçado como pássaro num ombro.

A velhice é só moral
em vida de criminoso.
Por isso todos são jovens!
Sofrer (capítulo III)
não tira o peso ao corpo
e a morte
virá enquanto dormires.

E sonhares
que afinal nem é preciso respirar,
que o silêncio sem respiração
é boa música,
és pequeno, uma faúlha,
e se te tocam apagas-te.

Morte, só uma assim. Dor maior
experimentaste ao segurares uma rosa,
e terror maior sentiste
vendo a pétala no chão.

Mundo, só um assim. Viver,
só desta maneira. E morrer, como antes visto.
Tudo o resto é como Bach
tocado em serra de circo.
*

Obmyślam świat

Obmyślam świat, wydanie drugie,
wydanie drugie, poprawione,
idiotom na śmiech,
melancholikom na płacz,
łysym na grzebień,
psom na buty.

Oto rozdział:
Mowa Zwierząt i Roślin,
gdzie przy każdym gatunku
masz słownik odnośny.
Nawet proste dzień dobry
wymienione z rybą
ciebie, rybę i wszystkich
przy życu umocni.

Ta, dawno przeczuwana,
nagle w lawie słów
inprowizacja lasu!
Ta epika sów!
Te aforyzmy jeża
układane, gdy
jesteśmy przekonani,
że, nic tylko śpi!

Czas (rozdział drugi)
ma prawo do wtrącania się
we wszystko czy złe, czy dobre.
Jednakże — ten, co kruszy góry,
oceany przesuwa i który
obecny jest przy gwiazd krążeniu,
nie będzie mieć najmniejszej władzy
nad kochankami, bo zbyt nadzy,
bo zbyt obojęci, z nastroszoną
duszą jak wróblem na ramieniu.

Starość to tylko morał
przy życiu zbrodniarza.
Ach więc wszyscy młodzi!
Cierpienie (rozdział trzeci)
ciała nie zniewala.
Śmierć,
kiedy śpisz, przychodzi.

A śnić bedziesz,
że wcale nie trzeba oddychać,
że cisza bez oddechu
to niezła muzyka,
jesteś mały jak iskra
i gaśniesz do taktu.

Śmierć tylko taka. Bólu więcej
miałeś trzymając róże w ręce
i większe czułeś przerażenie
widząc, że płatek spadł na ziemie.

Świat tylko taki. Tylko tak
żyć. I umierać tylko tyle.
A wszystko innejest — jak Bach
chwilowo grany na pile.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Os dois macacos de Brueghel

Sonhei assim com o meu exame do fim do liceu:
amarrados por correntes, dois macacos estão sentados à janela,
voa o céu, banha-se o mar
para além dela.

É a oral de história humana.
Eu gaguejo, vou-me atolando.

Um macaco fixo em mim, irónico vai escutando,
o outro quase dormita —
e no silêncio que se segue à questão posta,
este sussurra-me em segredo uma resposta,
no som baixo da sua trela tilintando.

*

Dwie małpy Bruegla

Tak wygląda mój wielki maturalny sen:
siedzą w oknie dwie małpy przykute łańcuchem,
za oknem fruwa niebo
i kąpie się morze.

Zdaję z historii ludzi.
Jąkam się i brnę.

Małpa wpatrzona we mnie, ironicznie słucha,
druga niby to drzemie
a kiedy po pytaniu nastaje milczenie,
podpowiada mi
cichym brząkaniem łańcucha.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Mulheres de Rubens

Fauna mulheril de Arrasa-Montanhas,
nuas como um estrondo de barris.
Aninham-se em leitos amachucados,
dormem de bocas abertas como galos para cantar.
Fugiram-lhe as pupilas para as entranhas
e penetram no interior das glândulas,
cujos fermentos se espalham pelo sangue.

Filhas gradas do barroco. Cresce o bolo na masseira,
fumegam banhos, ruborescem vinhos,
leitões de neblina galopam no céu,
trompas estrondeiam num físico alarme.

Ó aboboradas, ó excessivas
e duplicadas pelo rejeitar das vestes,
e triplicadas pela pose truculenta,
ó gordas iguarias do amor!

As suas manas magras erguerase mais cedo
antes que no quadro a manhã clareasse.
E ninguém se deu conta da fila em que seguiram
pelo lado da tela por pintar.

Banidas do estilo. Costelas contadas,
natureza de ave nas nãos e nos pés.
Tentam erguer voo nas espáduas em quilha.

O século XIII dar-lhes-ia um fundo de ouro.
O século XX dar-lhes-ia ecrã de prata.
Em seiscentos não há nada para as chatas.

Eu diria até nédio o próprio céu,
nédios os anjos e nédia a divindade,
um bigodudo Febo que num suado
corcel vai penetrando na alcova ardente.

*

Kobiety Rubensa

Waligórzanki, żeńska fauna
jak łoskot beczek nagie.
Gnieżdżą się w stratowanych łożach,
śpią z otwartymi do piania ustami.
Źrenice ich uciekły w głąb
i penetrują do wnętrza gruczołów,
z których się drożdże sącą w krew.

Córy baroku. Tyje ciasto w dzieży,
parują łaźnie, rumienią się wina,
cwałują niebem prosięta obłoków,
rżą trąby na fizyczny alarm.

O rozdynione, o nadmierne
i podwojone odrzuceniem szaty,
i postrojone gwałtownością pozy
tłuste dania miłosne!

Ich chude siostry wstały wcześniej,
zanim się rozwidniło na obrazie.
I nikt nie wiedział, jak gęsiego szły
po niezamalowanej stronie płótna.

Wygnanki stylu. Żebra przeliczone,
ptasia natura stóp i dłoni.
Na sterczących łopatkach próbują ulecieć.

Trzynasty wiek dałby im złote tło.
Dwudziesty — dałby ekran srebrny.
Ten siedemnasty nic dla płaskich nie ma.

Albowiem nawet niebo jest wypukłe,
wypukli aniołowie i wypukły bóg —
Febus wąsaty, który na spoconym
rumaku wjeżdża do wrzącej alkowy.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Na torre de Babel

— Que horas são? — Sim, estou feliz
e só me falta um guizo no pescoço
para enquanto tu dormes ele retinir sobre ti.
— Não ouviste então a tempestade? O vento assolou as muralhas,
a torre urrou como um leão pelo portão
a ranger nas dobradiças. — Como é que podes não te lembrar?
Eu trazia um vestido cinzento muito simples
de abotoar nos ombros. — E logo a seguir
o céu explodiu em mil clarões. — Como é que eu podia entrar
se tu não estavas sozinho! — E vi de súbito
as cores de antes de haver olhar. — É pena
que não possas perdoar-me. — Tens toda a razão,
foi um sonho de certeza. — Por que é que mentes?
Por que me tratas pelo nome dela?
Amá-la ainda? — Sim! Queria muito
que ficasses comigo. — Não estou triste,
eu devia ter adivinhado.
Ainda pensar nele? — Não estou a chorar!
E é tudo? — De ninguém como de ti.
Pelo menos és sincera. — Fica tranquilo,
vou-me embora da cidade. — Fica tranquilo,
eu vou-me embora daqui. — Tens umas mãos tão bonitas.
É uma velha história. Foi duro
mas passou sem deixar mossas. — Não tem de quê,
meu caro, não tem de quê. — Não sei
que horas são e nem quero saber.

*

Na wieży Babel

— Która godzina? —  Tak, jestem szczęśliwa,
i brak mi tylko dzwoneczka u szyi,
który by brzęczał nad tobą, gdy śpisz.
— Więc nie słyszałaś burzy? Murem targnął wiatr,
wieża ziewnęła jak lew, wielką bramą
na skrzypiących zawiasach. —  Jak to, zapomniałeś?
Miałam na sobie zwykłą szarą suknię
spinaną na ramieniu. — I natychmiast potem
niebo pękło w stubłysku. —  Jakże mogłam wejść,
przecież nie byłeś sam. — Ujrzałem nagle
kolory sprzed istnienia wzroku. — Szkoda,
że nie możesz mi przyrzec. — Masz słuszność
widocznie to był sen. —  Dlaczego kłamiesz,
dlaczego mówisz do mnie jej imieniem,
kochasz ją jeszcze? — O tak, chciałbym,
żebyś została ze mną. — Nie mam żalu,
powinnam była domyślić się tego.
—  Wciąż myślisz o nim? — Ależ ja nie płaczę.
— I to juź wszystko? — Nikogo jak ciebie.
—  Przynajmniej jesteś szczera. — Bądź spokojny,
wyjadę z tego miasta. — Bądź spokojna,
odejdę stąd. —  Masz takie piękne ręce.
—  To stare dzieje, ostrze przeszło
nie naruszając kości. — Nie ma za co,
mój drogi, nie ma za co. — Nie wiem
i nie chcę wiedzieć, która to godzina.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Álbum

Na minha família ninguém morreu de amor.
Se alguma coisa houve não passou de historieta.
Tísicas de Romeu? Difterias de Julieta?
Alguns envelheceram até ganhar bolor.
Ninguém a definhar por falta de resposta
a uma carta molhada e dolorosa.
Apareceu sempre por fim algum vizinho
com lunetas e uma rosa.
Ninguém a desfalecer no armário de asfixia
de algum marido voltando sem contar.
E os mantos e os folhos e as fitas de apertar
a nenhuma impediram de ficar na fotografia.
E nunca no espírito satânico de Bosch!
E nunca pelos quintais de arma em punho!
De bala na cabeça teve a morte outro cunho
e em macas de campanha alguém os trouxe.
De olheiras fundas como após grande folia,
até esta aqui de carrapito extático,
se fez ao largo em grande hemorragia
mas não por ti, ó bailarino, e com viático.
Talvez antes do daguerreótipo, alguém,
mas dos deste álbum, ninguém, que eu verifique.
Tristezas dissiparam-se, os dias sucederam-se,
e eles, reconfortados, sumiram-se de gripe.

*

Album

Nikt w rodzinie nie umarł z miłości.
Co tam było, to było, ale nic dla mitu.
Romeowie gruźlicy? Julie dyfrerytu?
Niektórzy wręcz dożyli zgrzybiałej starości.
Żadnej ofiary braku odpowiedzi
na list pokropiony łzami!
Zawsze w końcu zjawiali się sąsiedzi
z różami i binoklami.
Żadnego zaduszenia się w stylowej szafie,
kiedy to raptem wraca mąż kochanki!
Nikomu te sznurówki, mantylki firanki, falbanki
nie przeszkodziły wejść na fotografię.
I nigdy w duszy piekielnego Boscha!
I nigdy z pistoletem do ogrodu!
(Konali z kulą w czaszce, ale z innego powodu
i na polowych noszach.)
Nawet ta, z ekstatycznym kokiem
i oczami podkutymi jak po balu,
odpłynęła wielkim krwotokiem
nie do ciebie, danserze, i nie z żalu.
Może ktoś, dawniej, przed dagerotypem
ale z tych, co w albumie, nikt, o ile wiem.
Rozśmieszały się smutki, leciał dzień za dniem,
a oni, pocieszeni, znikali na grypę.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Amor feliz

Amor feliz. Será normal,
será sério, será útil? —
que tem o mundo a ver com duas pessoas
que não vêem o mundo?

Erguidos ao seu céu sem mérito nenhum,
os melhores entre milhões e convencidos
que assim tinha que ser — a premiar o quê? Nada;
de algum ponto cai a luz —
e porquê logo sobre estes e não outros?
Ofenderá isto a justiça? Sim.
Perturbará os princípios estabelecidos com cuidado?
Derrubará do seu púlpito a moral? Perturba e derruba.

Olhem-me bem estes felizardos:
se ao menos se mascarassem um pouquinho,
fingissem melancolia dando assim algum ânimo aos amigos!
Ouçam bem como se riem — é um insulto.
A linguagem que usam — entendivel, pelos vistos.
E aquelas cerimónias, etiquetas,
obrigações rebuscadas um para com o outro —
parece mesmo um acordo nas costas da humanidade.

É difícil até de prever no que daria
se um tal exemplo pudesse ser seguido.
Com que é que poderiam contar as religiões, a poesia,
de que nos recordaríamos, de que desistiríamos,
quem quereria pertencer ao círculo?

Amor feliz. Assim terá que ser?
Tacto e bom senso mandam omiti-lo
como a um escândalo nas altas esferas da Existência.
Magníficas crianças nascem sem a sua ajuda.
Nunca por nunca ele poderia povoar a terra
já que tão raro é acontecer.

Deixem que quem não conheceu o amor feliz
afirme que não há amor feliz.

Com esta crença mais leve lhes será tanto viver como morrer.

*

Miłość szczęśliwa

Miłość szczęśliwa. Czy to jest normalne,
czy to poważne, czy to pożyteczne —
co świat ma z dwojga ludzi,
którzy nie widzą świata?

Wywyższeni ku sobie bez żadnej zasługi,
pierwsi lepsi z miliona, ale przekonani,
że tak się stać musiało — w nagrodę za co? za nic;
światło pada znikąd —
dlaczego właśnie na tych a nie innych?
Czy to obraża sprawiedliwość? Tak.
Czy narusza troskliwie piętrzone zasady,
strąca ze szczytu morał? Narusza i strąca.

Spójrzcie na tych szczęśliwych:
gdyby się chociaż maskowali trochę,
udawali zgnębienie krzepiąc tym przyjaciół!
Słuchajcie, jak się śmieją — obraźliwie.
Jakim językiem mówią — zrozumiałym na pozór.
A te ich ceremonie, ceregiele,
wymyślne obowiązki względem siebie —
wygląda to na zmowę za plecami ludzkości!

Trudno nawet przewidzieć, do czego by doszło,
gdyby ich przykład dał się naśladować.
Na co liczyć by mogły religie, poezje,
o czym by pamiętano, czego zaniechano,
kto by chciał zostać w kręgu.

Miłość szczęśliwa. Czy to jest konieczne?
Takt i rozsądek każą milczeć o niej
jak o skandalu z wysokich sfer Życia.
Wspaniałe dziatki rodzą się bez jej pomocy.
Przenigdy nie zdołałaby zaludnić ziemi,
zdarza się przecież rzadko.

Niech ludzie nie znający miłości szczęśliwej
twierdzą, że nigdzie nie ma miłości szczęśliwej.

Z tą wiarą lżej im będzie i żyć, i umierać
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

O terrorista… olha

A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
São neste momento treze e dezasseis.
Alguns conseguem ainda entrar,
alguns sair.

O terrorista passou já para o outro lado da rua.
A que distância ficará livre de perigo
e, quanto à vista, é como no cinema:

Uma mulher de casaco amarelo… entra.
Um homem de óculos… sai.
Rapazes de jeans… conversam.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
Aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,
mais um tipo alto que entra.

Treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
Passa uma moça de fita verde nos cabelos.
Só que o autocarro oculta-a.

Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Se foi bastante estúpida para entrar ou não,
isso se saberá pelas notícias.

Treze e dezanove.
Parece que ninguém entra.
Há porém um careca gordo que sai.
Mas olha, parece que procura algo nos bolsos,
faltam treze segundos para as as treze e vinte,
e ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.

São treze e vinte.
Como o tempo voa.
Deve ser agora.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba… explode

*

Terrorysta, on patrzy

Bomba wybuchnie w barze trzynasta dwadzieścia.
Teraz mamy dopiero trzynastą szesnaście.
Niektórzy zdążą jeszcze wejść.
Niektórzy wyjść.

Terrorysta już przeszedł na drugą stronę ulicy.
Ta odległość go chroni od wszelkiego złego
no i widok jak w kinie:

Kobieta w żółtej kurtce, ona wchodzi.
Mężczyzna w ciemnych okularach, on wychodzi.
Chłopaki w dżinsach, oni rozmawiają.
Trzynasta siedemnaście i cztery sekundy.
Ten niższy to ma szczęście i wsiada na skuter,
a ten wyższy to wchodzi.

Trzynasta siedemnaście i czterdzieści sekund.
Dziewczyna, ona idzie z zieloną wstążką we włosach.
Tylko że ten autobus nagle ją zasłania.

Trzynasta osiemnaście.
Już nie ma dziewczyny.
Czy była taka głupia i weszła, czy nie,
to sie zobaczy, jak będą wynosić.

Trzynasta dziewiętnaście.
Nikt jakoś nie wchodzi.
Za to jeszcze wychodzi jeden gruby łysy.
Ale tak, jakby szukał czegoś po kieszeniach i
o trzynastej dwadzieścia bez dziesięciu sekund
on wraca po te swoje marne rękawiczki.

Jest trzynasta dwadzieścia.
Czas, jak on się wlecze.
Już chyba teraz.
Jeszcze nie teraz.
Tak, teraz.
Bomba, ona wybucha.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Allegro ma non troppo

Tu és bela — digo à vida —
mais esplêndida não podias,
de rouxinóis e de rãs,
de formigas e sementes.

E tento ser-lhe agradável,
bajulá-la, olhá-la nos olhos.
Sou sempre a primeira a saudá-la,
de humilde expressão na fronte.

Vou-lhe saltando ao caminho,
da esquerda, da direita,
e fascinada me elevo,
e de enlevo me estatelo.

Que marinho este cavalo!
que silvestre é esta amora! —
nunca em tal houvera crido
se não tivesse nascido.

— Não encontro — digo à vida —
nada a que possa igualar-te.
Ninguém fará outra pinha,
nem melhor nem menos bem.

Louvo-te a generosidade, a criatividade,
a decisão e o rigor —
e mais ainda – e mais além —
a magia — a negra e a branca.

Só para não te ofender,
te irritar, descontrolar.
Eu saltito sorridente
há uns bons cem mil anos.

Arranho a vida pela bainha de uma folhita:
Terá parado? Ouviria?
Só uma vez, por um momento,
esqueceu-se de para onde ia?

*

Allegro ma non troppo

Jesteś piękne — mówię życiu —
bujniej już nie można było,
bardziej żabio i słowiczo,
bardziej mrówczo i nasiennie.

Staram mu się przypodobać,
przypochlebić, patrzeć w oczy.
Zawsze pierwsza mu się kłaniam
z pokornym wyrazem twarzy.

Zabiegam mu drogę z lewej,
zabiegam mu drogę z prawej,
i unoszę się w zachwycie,
i upadam od podziwu.

Jaki polny jest ten konik,
jaka leśna ta jagoda —
nigdy bym nie uwierzyła,
gdybym się nie urodziła!

Nie znajduję — mówię życiu —
z czym mogłabym cię porównać.
Nikt nie zrobi drugiej szyszki
ani lepszej, ani gorzej.

Chwalę hojność, pomysłowość,
zamaszystość i dokładność,
i co jeszcze — i co dalej —
czarodziejstwo, czarnoksięstwo.

Byle tylko nie urazić,
nie rozgniewać, nie rozpętać.
Od dobrych stu tysiącleci
nadskakuję uśmiechnięta.

Szarpię życie za brzeg listka:
przystanęło? dosłyszało?
Czy na chwilę, choć raz jeden,
dokąd idzie — zapomniało?
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Gente na ponte

Estranho planeta e nele estranha gente.
Cedem ao tempo e não o querem reconhecer.
Têm maneiras de mostrar como se opõem.
Fazem desenhos como o que se segue:

Nada de especial à primeira vista.
Vê-se a água.
Vê-se uma de suas margens.
Uma canoa que com dificuldade avança na corrente.
Sobre a água uma ponte e gente nessa ponte.
Gente que nitidamente acelera o passo
porque de uma nuvem negra
a chuva desatou forte a fustigar.

O que há nisto de especial é que isto é tudo.
A nuvem não muda de forma nem de cor.
A chuva não cai mais forte nem se interrompe.
A canoa navega imobilizada.
Essa gente na ponte vai correndo
noexacto lugar de há um bocado.

É difícil deixar de comentar:
Não é de modo algum um desenho inocente.
Aqui o tempo foi suspenso.
Deixaram de contar com os seus direitos.
Privaram-no de influência sobre os acontecimentos.
Menosprezam-no e insultaram-no.

Por conta de um rebelde,
um tal de HiroshigeUtagawy
(ser este que de resto
já há muito e como devia ser se foi)
o tempo tropeçou e caiu.

Talvez se trate só de uma partida insignificante,
um cisco apenas à escala das galáxias,
pelo sim, contudo, e pelo não
acrescentemos o que segue:

Revela-se aqui ser de bom-tom
apreciar devidamente este desenho,
fascinar-se a gente com ele e comover-se há gerações.

Há aqueles para os quais nem isto basta.
Chegam até a ouvir a chuva murmurar,
sentem-lhe o frio nas costas e pescoços,
olham a gente e a ponte
como se também se vissem nela,
no mesmo correr para o que nunca é mais que isso,
uma estrada sem fim, a vencer pelos séculos,
ecrêem na sua desfaçatez
que é isso na realidade o que acontece.

*

Ludziena moście

Dziwna planeta i dziwni na niej ludzie.
Ulegają czasowi, ale nie chcą go uznać.
Mają sposoby, żeby swój sprzeciw wyrazić.
Robią obrazki jak na przykład ten:

Nic szczególnego na pierwszy rzut oka.
Widać wodę.
Widać jeden z jej brzegów.
Widać czółno mozolnie płynące pod prąd.
Widać nad wodą most i widać ludzi na moście.
Ludzie wyraźnie przyśpieszają kroku,
bo właśnie z ciemnej chmury
zaczął deszcz ostro zacinać.

Cała rzecz w tym, że nic nie dzieje się dalej.
Chmura nie zmienia barwy ani kształtu.
Deszcz ani się nie wzmaga, ani nie ustaje.
Czółno płynie bez ruchu.
Ludzie na moście biegną
ściśle tam, co przed chwilą.

Trudno tu obejść się bez komentarza:
To nie jest wcale obrazek niewinny.
Zatrzymano tu czas.
Przestano liczyć się z prawami jego.
Pozbawiono go wpływu na rozwój wypadków.
Zlekceważono go i znieważono.

Za sprawą buntownika
jakiegoś Hiroshige Utagawy,
(istoty, która zresztą
dawno i jak należy minęła),
czas potknął się i upadł.

Może to tylko psota bez znaczenia,
wybryk na skalę paru zaledwie galaktyk,
na wszelki jednak wypadek
dodajmy, co następuje:

Bywa tu w dobrym tonie
wysoko sobie cenić ten obrazek,
zachwycać się nim i wzruszać od pokoleń.

Są tacy, którym i to nie wystarcza.
Słyszą nawet szum deszczu,
czują chłód kropel na karkach i plecach,
patrzą na most i ludzi,
jakby widzieli tam siebie,
w tym samym biegu nigdy nie dobiegającym
drogą bez końca, wiecznie do odbycia
i wierzą w swoim zuchwalstwie,
że tak jest rzeczywiście.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Alguns gostam de poesia

Alguns —
quer dizer que nem todos.
Nem sequer a maior parte mas sim uma minoria.
Não contando as escolas onde se tem que,
e quanto a poetas,
dessas pessoas, em mil, haverá duas.

Gostam —
mas gosta-se também de sopa de espaguete,
dos galanteios e da cor azul,
do velho cachecol,
brindar à nossa gente,
fazer festas ao cão.

De poesia —
mas que é isso a poesia?
Muitas e vacilantes respostas
já foram dadas à questão.
Por mim não sei e insisto que não sei
e esta insistência é corrimão que me salva.

*

Niektórzy lubią poezję

Niektórzy —
czyli nie wszyscy.
Nawet nie większość wszystkich ale mniejszość.
Nie licząc szkół, gdzie się musi,
i samych poetów,
będzie tych osób chyba dwie na tysiąc.

Lubią —
ale lubi się także rosół z makaronem,
lubi się komplementy i kolor niebieski,
lubi się stary szalik,
lubi się stawiać na swoim,
lubi się głaskać psa.

Poezję —
tylko co to takiego poezja.
Niejedna chwiejna odpowiedź
na to pytanie już padła.
A ja nie wiem i nie wiem i trzymam się tego
jak zbawiennej poręczy.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Amor à primeira vista

Ambos estão convencidos
que os uniu uma paixão súbita.
É bela esta certeza,
mas a incerteza é mais bela ainda.

Julgam que por não se terem encontrado antes,
nada entre eles nunca ainda se passara.
E que diriam as ruas, as escadas, os corredores
onde se podem há muito ter cruzado?

Gostaria de lhes perguntar
se não se lembram —
talvez nas portas giratórias,
um dia, face a face?
algum “desculpe” num grande aperto de gente?
uma voz de que “é engano” ao telefone?
— mas sei o que respondem.
Não, não se lembram.

Muito os admiraria
saber que desde há muito
se divertia com eles o acaso.

Ainda não completamente preparado
para se transformar em destino para eles,
aproximou-os e afastou-os,
barrou-lhes o caminho
e, abafando as gargalhadas,
lá seguiu saltando ao lado deles.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.

Haverá talvez três anos
ou terça-feira passada,
certa folhinha esvoaçante
de um braço a outro braço.
Algo que se perdeu e encontrou?
Quem sabe se já uma bola
nos silvados da infância?

Punhos de poeta e campainhas
onde a seu tempo o toque
de uma mão tocou o outro toque.
As malas lado a lado no depósito.
Talvez acaso até um mesmo sonho
que logo o acordar desvaneceu.

Porque cada início
é só continuação,
e o livro das ocorrências
está sempre aberto ao meio.

*

Miłość od pierwszego wejrzenia

Oboje są przekonani,
że połączyło ich uczucie nagłe.
Piękna jest taka pewność,
ale niepewność piękniejsza.

Sądzą, że skoro nie znali się wcześniej,
nic między nimi nigdy się nie działo.
A co na to ulice, schody, korytarze,
na których mogli się od dawna mijać?

Chciałabym ich zapytać,
czy nie pamietają —
może w drzwiach obrotowych
kiedyś twarzą w twarz?
jakieś „przepraszam” w ścisku?
głos „pomyłka” w słuchawce?
— ale znam ich odpowiedź.
Nie, nie pamietają.

Bardzo by ich zdziwiło,
że od dłuższego już czasu
bawił się nimi przypadek.

Jeszcze nie całkiem gotów
zamienić się dla nich w los,
zbliżał ich i oddalał,
zabiegał im drogę
i tłumiąc chichot
odskakiwał w bok.

Były znaki, sygnały,
cóż z tego, że nieczytelne.
Może trzy lata temu
albo w zeszły wtorek
pewien listek przefrunął
z ramienia na ramię?
Było coś zgubionego i podniesionego.
Kto wie, czy już nie piłka
w zaroślach dzieciństwa?

Były klamki i dzwonki,
na których zawczasu
dotyk kładł się na dotyk.
Walizki obok siebie w przechowalni.
Był może pewnej nocy jednakowy sen,
natychmiast po zbudzeniu zamazany.

Każdy przecież początek
to tylko ciąg dalszy,
a księga zdarzeń
zawsze otwarta w połowie.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Grande sorte é

Grande sorte é
não se saber exactamente
em que mundo se vive.

Seria necessária
uma existência longuíssima,
decididamente mais longa
que a do próprio mundo.

Ao menos para comparar,
conhecermos outros mundos.

Erguermo-nos para lá do corpo
que nada sabe fazer tão bem
como limitar
e criar obstáculos.

A bem das pesquisas,
da clareza da imagem
e das conclusões finais,
elevarmo-nos para lá do tempo,
no qual tudo em turbilhão se precipita.

Nesta perspectiva,
desistam para sempre
de detalhes e episódios.

Contar os dias da semana
deveria parecer
um acto sem sentido,
pôr uma carta no correio,
capricho da louca mocidade,

a tabuleta «não pisar a relva»,
uma tabuleta estúpida.

*

Wielkie to szczęście

Wielkie to szczęście
nie wiedzieć dokładnie,
na jakim świecie się żyje.

Trzeba by było
istnieć bardzo długo,
stanowczo dłużej
niż istnieje on.

Choćby dla porównania
poznać inne światy.

Unieść się ponad ciało
które niczego tak dobrze nie umie,
jak ograniczać
i stwarzać trudności.

Dla dobra badań,
jasności obrazu
i ostatecznych wniosków
wzbić się ponad czas,
w którym to wszystko pędzi i wiruje.

Z tej perspektywy
żegnajcie na zawsze
szczegóły i epizody.

Liczenie dni tygodnia
musiałoby się wydać
czynnością bez sensu,
wrzucenie listu do skrzynki
wybrykiem głupiej młodości,

napis „Nie deptać trawy”
napisem szalonym.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

Estação

Foi com pontualidade
que não cheguei à cidade de N.

Uma carta por enviar
te avisara.

Conseguiste não chegar
à hora prevista.

O comboio parou na linha n. 3.
Saiu imensa gente.

Seguiu na multidão para a saída
a minha ausência.

Tomou apressadamente o meu lugar
um grupo de mulheres
em toda aquela pressa.

Correu para uma delas
alguém que desconheço,
mas que ela reconheceu
de imediato.

Trocaram então ambos
um beijo que não nosso
durante o qual levou sumiço
a mala que não minha.

A estação da cidade de N.
passou sem problemas o exame
de existência objetiva.

Permaneceu no seu lugar o todo,
moveram-se os detalhes
pelos carris previstos.

Chegou mesmo a efectuar-se
o combinado encontro.

Fora do alcance
da nossa presença.

No paraíso perdido
da verossimilhança.

Noutro lugar.
Noutro lugar.

Como elas vibram, estas palavritas.

*

Dworzec

Nieprzyjazd mój do miasta N.
odbył się punktualnie.

Zostałeś uprzedzony
niewysłanym listem.

Zdążyłeś nie przyjść
w przewidzianej porze.

Pociąg wjechał na peron trzeci.
Wysiadło dużo ludzi.

Uchodził w tłumie do wyjścia
brak mojej osoby.

Kilka kobiet zastąpiło mnie
pośpiesznie
w tym pośpiechu.

Do jednej podbiegł
ktoś nie znany mi,
ale ona rozpoznała go
natychmiast.

Oboje wymienili
nie nasz pocałunek,
podczas czego zginęła
nie moja walizka.

Dworzec w mieście N.
dobrze zdał egzamin
z istnienia obiektywnego.

Całość stała na swoim miejscu.
Szczegóły poruszały się
po wyznaczonych torach.

Odbyło się nawet
umówione spotkanie.

Poza zasięgiem
naszej obecności.

W raju utraconym
prawdopodobieństwa.

Gdzie indziej.
Gdzie indziej.

Jak te słówka dźwięczą.
– Wisława Szymborska, em "Paisagem com Grão de Areia – Wisława Szymborska".[tradução Júlio Sousa Gomes]. Lisboa: Relógio d’água, 1996.

§§

OUTROS POEMAS DA POETA WISLAVA SZYMBORSKA
* Leia POEMAS I. AQUI!
* Leia POEMAS II. AQUI!

Wislawa Szymborska - poeta polonesa

FORTUNA CRÍTICA DE WISLAVA SZYMBORSKA

A POESIA de Wislawa Szymborska está mais viva que nunca. in Letras In.Verso e Re.Verso, 10 de outubro de 2011. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).
BARBOSA, Luiz Guilherme. Os poemas da polonesa Wislawa Szymborska são o lugar de afirmação da sobrevivência do sujeito. in jornal Rascunho, nº 143, março de 2012. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).
COSTA, Nathalia Carias Gonçalves da... O poder de preservar: uma reflexão da história na poesia de Wislawa Szymborska. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, 2014. Disponível no link. (acessado em 15.3.2019)
BUDANT, Luiz Henrique. Em um poema aparentemente singelo, a autora polonesa Wislawa Szymborska revela muito de sua arte poética. in A Escotilha, 30 de julho de 2018. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).
DESPEDIDA. A poeta e a pedra - Eucanaã Ferraz e Wislawa Szymborska. in Piauí/ Folha de S. Paulo, ed., 66, 2012. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).

DICK, André. A palavra inconcebível de Wislawa Szymborska. in Dado Acaso, 2 de fevereiro de 2012. Disponível no link. (acessado em 23.3.2019)
GOMES, Igor. Sobre traduzir Wislawa Szymborska. [entrevista com Regina Przybycien]. Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco, 20 de setembro de 2016. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).

LIGEZA, Wojciech. A vida inconcebível. Sobre os poemas de Wisława Szymborska. [tradução de Piotr Kilanowski]. Qorpus, UFSC, edição nº 13, junho de 2014. Disponível no link. (acessado em 15.3.2019).
MELLO, Bronislawa Altman. Entrevista com Regina Przybycien: Debruçando-se sobre o mistério. Cadernos de Literatura em Tradução • n. 17 • , São Paulo, 2017, p. 157-169.
NYCZEK, Tadeusz. 22 x Szymborska. Gdańsk: Tower Press, 2002.
KILANOWSKI, Piotr. Poesia, ironia e resistência. Wisława Szymborska olha para o totalitarismo. Qorpus, UFSC, edição nº 22, 2016. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).
KILANOWSKI, Piotr. Inéditos de Wislawa Szymborska no Brasil. in Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco, 5 de março de 2018. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).

PIROLLI, Rosália Rita Evald. Trauma, lembrança e esquecimento nos poemas "Fim e começo" e "Campo da fome em jaslo", de Wislawa Szynborska. in Scripta Uniandrade, v. 15, n. 3, 2017. Disponível no link. (acessado em 15.3.2019).
POESIA. O poeta e o mundo. Nove poemas da polonesa que, em 1996, ganhou o Prêmio Nobel da Literatura: Wislawa Szymborska [tradução de Henryk Siewierski]. in Piauí/ Folha de S. Paulo, edição 8, maio de 2007. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).

PZYBYCIEN, Regina. O declínio do século e a poesia de Wislawa Szymborska. in: PZYBYCIEN, Regina (org.). Poetas Mulheres que pensaram o século XX. Curitiba: Editora UFPR, 2007, p. 95-113.
PZYBYCIEN, Regina. O mundo e o palco de Wisława Szymborska. in Cândido - jornal da Biblioteca Pública do Paraná 11.7.2016. Disponível no link. (acessado em 15.3.2019)
PZYBYCIEN, Regina. Traduzindo Wisława Szymborska: Questões de língua e cultura. in revista Philia & Filia vol. 4, n. 1, 2013. Disponível no link. (acessado em 15.3.2019).
SANTOS, Luana Nunes dos. O encontro possível na tradução poética : Ana Cristina Cesar e Wislawa Szymborska (Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em Letras). Universidade de Brasília, UnB, Brasília, 2019. Disponível no link. (acessado em 6.2.2024)
WISLAWA Szymborska (1923 - 2012). in Revista Modo de Usar & CO, fevereiro de 2012. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).
WISLAWA Szyborska (1923-2012) - poeta polonesa. in PortVitoria, UK, v.10, Jan-Jun, 2015. Disponível no link. (acessado em 21.3.2019).



© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração (seleção e organização de poemas) José Alexandre da Silva


© Direitos reservados aos herdeiros de Wisława Szymborska
© Traduções: direito dos tradutores

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Como citar:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da.. (pesquisa, seleção, edição e organização). Wisława Szymborska e os alumbramentos poéticos. Templo Cultural Delfos, março /2024. Disponível no link. (acessado em .../.../...).
____
Página atualizada em 23.3.2024.
Página original MARÇO 2019


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